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Testes de Bombeamento (continuação)

AULA – Métodos e Aplicações


Jorge Luiz Rabelo

8 Métodos de Bombeamento para determinação de


Características de Aqüífero (Continuação)

8.1 Método de Bombeamento em Aqüífero Confinado com Drenança em


Regime Transiente- (Continuação)

8.1.1 Método de Ponto-de-Inflexão de Hantush (1956)

O método de bombeamento apresentado aqui para a determinação dos


parâmetros de um aqüífero confinado, com drenança, em regime transiente, é
conhecido como Método de ponto-de-inflexão de Hantush (1956). Análogo ao
método anterior, Método Gráfico de Walton (1962), (Lição 7), o primeiro se
diferencia do segundo pelo fato de não utilizar as curvas tipo. O método de
Hantush é portanto, um método alternativo ao de Walton para a determinação dos
parâmetros de transmissividade (T), coeficiente de armazenamento (S), e
condutividade da camada semipermeável (K’). Os parâmetros geométricos e
hidráulicos envolvidos neste método estão dispostos na Figura 8.1
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Figura 8.1- Poço em aqüífero confinado drenante (Feitosa, 1997)

A curva de rebaixamento do nível dinâmico no poço de observação versus


o logaritmo do tempo (s x log(t)) tem a forma de um ‘S’ e portanto, possui um
ponto de inflexão (Figura 8.2). Hantush desenvolveu seu método de análise
baseado na equação válida para o método de bombeamento de Walton,
Q r
s= W (u , ) , (Aula –7), em função deste ponto de inflexão.(FEITOSA, 1997) .
4πT B

Figura 8.2 – Rebaixamento em função do tempo em um aqüífero confinado usado


no método de ponto de inflexão de Hantush (Fetter, 1994)
Testes de bombeamento 3

Este método utiliza as mesmas hipóteses do modelo conceitual de Walton e


aplica a referida equação à esta curva e identificando as seguintes propriedades:
a) a inclinação em qualquer ponto desta curva é dada por:
2,3 r2
m= exp(− u 2 ) ; (8.1)
4πT 4B u
r 2S
onde, u = [-] e
4Tt
1/ 2
 T 
B= ' ' (fator de drenança) [L]; (8.1.1)
K /B 
b) Para o ponto de inflexão (i) da curva vale a expressão:

r 2S r
ui = = ; (8.2)
4Tt i 2B
c) das equações 8.1 e 8.2 tem-se a inclinação do ponto de inflexão dada
por:
2,3 Q r
mi = exp(− ) (8.3)
4πT B

d) o rebaixamento no ponto de inflexão si é igual à metade do


rebaixamento máximo dado por:
1 Q
si = s max = K o (r / B) (8.4)
2 4πT
onde, K o (r / B) é conhecida como Função modificada de Bessel de

segunda espécie e ordem zero.


Das equações 8.3 e 8.4 obtém-se:
si
2,3 = exp(r / B) ⋅ K o (r / B) = f (r / B) (8.5)
mi

Os valores da Função de Bessel K o (r / B) e de f (r / B) encontram-se

tabelados (Tabela 8.1)


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Tabela 8.1 – Valores tabelados para r / B, ⋅ K o (r / B) e f (r / B) (Fetter, 1994)

Com base nestas propriedades sobre a curva de rebaixamento é possível se


determinar os parâmetros do aqüífero seguindo o procedimento abaixo:

a) plota-se o rebaixamento s do nível dinâmico no poço de observação em


escala aritmética versus o tempo em escala logarítmica utilizando-se
um papel mono-log;.
b) com o valor do rebaixamento máximo determina-se o rebaixamento no
ponto de inflexão si e o correspondente tempo ti , determinando-se a
inclinação mi da curva neste ponto (Figura 8.2). É conveniente
determinar-se a equação desta reta em um ciclo logarítmico, assim
m i = ∆s i ;
c) com os valores de si e mi na equação 8.5, determinam-se os valores
respectivos de r/B e K o (r / B) através dos valores de f(r/B) na Tabela

8.1. Substituídos estes valores na equação 8.4 obtém-se:


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Q
T= K o (r / B)
2 π s max
logo, como r é conhecido, B é determinado, assim, com as
equações 8.2 e 8.1.1 obtém-se respectivamente
4 t iT
S= e
2rB

T b'
K = 2
'

Como exemplo, a Figura 8.2 contém os dados de um teste de


bombeamento em um aqüífero confinado com drenança através de camada
semipermeável de espessura b’= 14 ft; vazão constante, Q = 4800 ft3/dia, e
medições de rebaixamento em um poço de observação distante r = 96 ft do poço
de bombeamento. Pela Figura 8.2 tem-se que:
smax = 6,42 ft
si = 3,21 ft e ti = 32 min = 0,022 dias
mi = 3,1 ft
logo, f(r/B) = (2,3 x 3,21 ft) / 3,1 ft = 2,38,
interpolando este valor na Tabela 8.1 obtém-se r/B = 0,147 e K o (r / B) = 2,055,

como r = 96 ft, logo, B = 653 ft


Q 4800
portanto, T= K o (r / B) = x 2,055 = 240 ft2/dia,
2 π s max 2 x π x 6,42

4 t iT 4 x 0,022 x 240
S= = = 0,00017 e
2rB 2 x 96 x 653

T b ' 240 x 14
K' = = = 0,0079 ft/dia
B2 653 2

Segundo FEITOSA, 1997, existem mais duas variações do Método de ponto de


inflexão de Hantush, entretanto, ambas apresentam limitações em relação ao
método convencional. Na primeira variação uma simplificação da equação 8.5 é
 2B s
feita tornando-a, simplesmente, log  = 0,251 + i , entretanto essa
 r  mi
r
aproximação é restrita a situações nas quais ≤ 0,01 . Na segunda variação são
b
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necessários dados de, pelo menos, dois poços de observação, o que constitui
uma desvantagem clara em relação ao método convencional.

8.2 Método de Bombeamento em Aqüífero Livre em Regime Transiente


(Boulton, 1951 e Neuman, 1972)

A drenagem gravitacional dos poros é a responsável pela maior parte do


aporte de água para o poço durante o bombeamento num aqüífero livre.
Entretanto, ela não é instantânea, ocorrendo de forma lenta, principalmente nos
aqüíferos estratificados ou de granulação fina.
Em aqüíferos livres na presença de drenagem retardada as curvas de
rebaixamento vs. tempo mostram claramente três trechos conforme é ilustrado na
Figura 8.3.

Figura 8.3 – Curvas s vs. t para aqüífero livre com drenagem retardada (Feitosa,
1997)

No primeiro trecho o aqüífero reage como se fosse confinado, com a


predominância do escoamento devido à compressibilidade da água e elasticidade
da matriz sólida em relação à drenagem gravitacional. Portanto, caracteriza-se
por um rebaixamento rápido, típico dos aqüíferos confinados e a curva de
rebaixamento coincide coma curva de Theis. Este trecho dura apenas alguns
minutos ou menos. No segundo trecho o aporte da drenagem gravitacional passa
a ser a maior contribuição à explotação de água, diminuindo a taxa de
rebaixamento. Neste trecho a curva de rebaixamento não coincide mais com a
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curva de Theis, caracterizando o efeito aparente de aumento do coeficiente de


armazenamento S com o tempo. No terceiro trecho ocorre um equilíbrio entre as
duas formas de drenagem e o rebaixamento torna a evoluir de acordo com a
curva de Theis. Este trecho pode ter início desde alguns minutos até alguns dias
após iniciado o bombeamento, dependendo da litologia e estratificação do
aqüífero (FEITOSA, 1997).

Boulton (1956) definiu a equação que governa o fluxo para o poço neste
aqüífero como:
∂ 2 s 1 ∂ s S ∂ s αS ef t
∂s
+ =
∂ s2 r ∂ t T ∂ t
+
T ∫ ∂ t exp(− α(t − r) )∂τ
0

1
onde ,índice de retardo de Boulton [T] , é uma constante empírica para o
α
aqüífero;
τ é o incremento de tempo que satisfaz a condição ( τ < t ) [T] e
Sef = S + η ef (armazenamento específico + porosidade efetiva) [-]
A solução para esta equação foi apresentada por Pricket correspondente a cada
um dos trechos três trechos da curva na Figura 8.3:

Q r r2 S
s= W (u , ) com u= (par o 1o trecho);
4πT D 4T t

Q r r 2 S ef
s= W (u ' , ) com u' = (par o 2o trecho);
4πT D 4T t

Q r
s= Ko ( ) (par o 3o trecho)
4πT D

sendo, Sef = S + η ef (coef. de rendimento + porosidade efetiva);

1 T r r
D= o fator de drenagem [T], W (u , ) e W (u ' , ) funções tabeladas e
α S ef D D

r
K o ( ) a Função modificada de Bessel de segunda espécie e ordem zero.
D
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A solução da equação semiempírica de Boulton, embora útil na prática, é


baseada no índice de retardo de Boulton considerado por ele uma constante para
1
o aqüífero. Neuman (1975) entretanto, mostrou que não é uma constante e
α
que α diminui linearmente com o log (r) (MARIÑO & LUTHIN, 1982)

A solução apresentada por Neuman é também definida para trechos da


Figura 8.3 :

Q
T= W (u A , u B , Γ ) (8.6)
4πs

sendo W (u A , u B , Γ ) é a função de poço para aqüífero livre e

4T uA t
S= (par os primeiros pontos da curva) (8.7)
r2

4T uB t
Sy = (par os últimos pontos da curva) (8.8)
r2

r2 Kv
Γ= (8.9)
b2 K h

onde, Sy é o rendimento especifico [-], Kv e Kh as condutividades hidráulicas


vertical e horizontal do aqüífero, respectivamente [L/T] e b é a sua espessura
saturada inicial.

Plotando-se os valores tabelados da função de poço W (u A , Γ ) e W (u B , Γ )


obtém-se dois conjuntos de curvas tipo como mostrados na Figura 8.4 (poço
completamente penetrante). As curvas ‘tipo – A’ são usadas para ajustar os
primeiros valores de rebaixamento obtidos em campo, quando a drenagem passa
da situação caracteristicamente confinada para não-confinada. As curvas ‘tipo –
B’ são usadas para os últimos valores de rebaixamento, quando já é pequena a
drenagem por contribuição gravitacional e o rebaixamento tem característica de
aqüífero confinado.
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Figura 8.4 – Curvas tipo para dados de rebaixamento em aqüífero livre bomeado
por poço totalmente penetrante (Water R.R, 1975, 11 apud Fetter, 1994)

Os seguintes procedimentos práticos podem ser utilizados para se


determinar os parâmetros do aqüífero a partir dos dados de rebaixamento s x t t
obtidos em campo e traçados em papel bi-log , curva de rebaixamento ,(Figura
8.5):

Figura 8.5 – Dados de campo para análise de teste de aqüífero não confinado
(Fetter, 1994)

a) superpor os primeiros dados de rebaixamento com uma das curvas tipo-


A que indicar melhor coincidência, mantendo paralelos os eixos das
duas folhas. Para qualquer ponto coincidente ente as duas folhas
identificar os respectivos valores de W (u A , Γ ) , 1/uA , s, t e Γ.
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Determinar a transmissividade T (eq.8.6) e o coef. de armazenamento S


(eq.8.7);
b) Superpor os últimos dados de rebaixamento com uma das curvas tipo-B
que indicar melhor coincidência e tomar um ponto de superposição
entre as folha,s desde que com o mesmo valor anterior Γ .Identificar o
novo conjunto de variáveis associado a este novo ponto e determinar,
como em (a), o valor da transmissividade T. Este valor deve se próximo
a determinado anteriormente. Determinar o rendimento específico Sy
(eq. 8.8 )
c) Determinar os valores das condutividades:
horizontal Kh = T/b e vertical (eq. 8.9)

8.3 Slug Test e Bail-Down Test – Uma alternativa aos Testes de


Bombeamento

Como desvantagens dos testes de bombeamento estão os gastos com


construção e ou funcionamento de poços de bombeamento e observação
envolvendo recursos financeiros, tempo e pessoal. Além disso situações
específicas como bombeamento em aqüíferos contaminados ou com
características hidrogeológicas desfavoráveis podem representar dificuldades
adicionais. Como exemplo, o bombeamento de águas contaminadas deve ser
sucedido do tratamento da água bombeada antes de lançar a mesma ao
ambiente.
Como uma alternativa aos testes de bombeamento o Slug Test e o Bail-
Down Test podem ser realizados em poços de monitoramento de pequeno
diâmetro. Estes testes podem ser realizados para determinar os parâmetros
hidráulicos da formação nas vizinhanças do poço de monitoramento. Consistem
em elevar ou rebaixar rapidamente um volume de água no poço (testes Slug e
Bail-Down, respectivamente), procedendo-se em seguida a medição e analise da
taxa com que este volume é drenado através do aqüífero.

8.3.1 Método Cooper-Bredehoeft-Papadopulus

Válido para aqüíferos confinados, este método introduz uma elevação Ho no


nível inicial de um poço inteiramente penetrante. A Figura 8.6 mostra os
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parâmetros hidráulicos e geométricos, em relação ao poço, envolvidos neste


método

Figura 8.6 Parâmetros relacionados ao poço aplicando-se o slug test em aqüífero


confinado

Este método é descrito pela relação:


H / H o = f (η, µ) (8.10)

Tt
sendo η = (8.11)
rc2

rS2 S
µ= 2 (8.12)
rc

Os valores de f (η, µ) são tabelados e quando plotados dão origem a um conjunto


de curvas tipo como mostra a Figura 8.7
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Figura 8.7 – Curvas tipo para slug test em um poço de diâmetro finito, (Fetter,
1994)

Para aplicar este método é necessário traçar em papel mono-log os dados de


campo H/Ho vs. tempo (Figura 8.8)r

Figura 8.8 – Dados de campo de H/Ho vs.t para análise slug test (Fetter, 1994)

Procedimento para determinação dos parâmetros hidráulicos:


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a) ajustar os eixos horizontais superiores das Figuras 8.7 e 8.8 e ajustar os


pontos do gráfico de campo a uma das curvas tipo que resultar em
melhor coincidência;
b) para η =1 encontrar o correspondente tempo t1 no gráfico de campo e, a
1,0 rc2
partir da equação 8.11 determinar T = e K = T/ b;
t1

c) com a curva tipo (log10 µ) de melhor ajuste e a equação 8.12 determinar


( )
S = r 2 µ / rS2

8.3.2 Método Hvorslev

Aplicado a aqüíferos livres utiliza poços ou piezômetros podendo ser não


penetrantes. Determina a condutividade hidráulica K em sua vizinhança a partir de
parâmetros do poço (Figura 8.9) e da curva com dados de campo de log10h/ho vs.
t (Figura 8.10). ho é carga inicial introduzida no poço e h são as cargas
posteriores decorrentes da drenagem através do aqüífero.

Figura 8.9 – Geometria do


piezômetro para o método de
Hvorslev em solos de alta Figura 8.10 – Gráfico de h/ho vs. t
(esquerda) e baixa (direita) para o método de Hvorslev (Fetter,
condutividade (Fetter, 1994). 1994)
r 2 ln(L e / R )
Por este método a condutividade é dada por: K = , válida quando
2 L e To

L e / R > 8, nde To é o tempo que a carga da água no poço leva para elevar-se ou

cair a 37% do seu valor inicial (Figura 8.10). Os demais parâmetros estão
identificados na Figura 8.9.

8.3.3 Método Bouwre e Rice

Método utilizado em aqüíferos livres, podendo também ser usado em


aqüíferos confinados, desde que a base da camada confinante fique a alguma
distância a cima da área de filtro do poço (FETTER, 1994). Pode ser utilizado em
poços parcialmente penetrantes.
rc2 ln(R e / R ) 1 H t
A condutividade é dada por: K = ln , (8.13)
2L e t Ho
onde
H o é o rebaixamento no instante inicial t=0,

H t é o rebaixamento nos instantes seguintes t=t e

Re é o raio de alcance efetivo do poço para efeito de determinação de K.


Os demais parâmetros encontram-se identificados na Figura 8.11

Para se determinar a o valor de Re o método apresenta as seguintes


soluções:

A + B ln[(h − L w ) / R ]
−1
 1,1
ln(R e / R ) =  +  para Lw < h
 ln(L w / R ) L e / re 
ou
−1
 1,1 C 
ln(R e / R ) =  +  para Lw = h
 ln(L w / R ) L e / R 

onde as constantes A,B e C são encontradas graficamente (Figura 8.12)


Figura 8.12 – Gráfico para
Figura 8.11 Geometria do
determinação dos parâmetros
poço parcialmente penetrante
adimensionais A, B e C (Fetter, 1994)
em aqüífero livre – método
Bouwer e Rice (Fetter, 1994)

A Figura 8.13 mostra o gráfico típico de recuperação do poço por este método.
Para situações iniciais em que a camada de pré-filtro drena rapidamente água
para o poço, o gráfico de log H vs. t pode apresentar inicialmente um trecho linear
AB, indicativo de transição turbulenta antes que a carga hidráulica nesta camada
se iguale a do poço. Em seguida, é iniciando um segundo trecho linear BC. Na
equação e 8.13 os valores de H o e H t podem ser tomados como dois pontos

quaisquer sobre este trecho.


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Figura 8.13 – Comportamento da carga como tempo durante o rebaixamento da


água no poço. A descontinuidade dos segmentos AB e CD representam a
heterogeneidade entre o pré-filtro e a formação em seu contorno (Fetter, 1994)

8.4 Efeitos Normalmente Não Considerados nos Modelos

8.4.1 Penetração Parcial

O bombeamento através de um poço parcialmente penetrante num aqüífero


induz em suas proximidades a presença de uma componente vertical de fluxo
(Figura 8.14).

Figura 8.14 – Direção de linhas defluxo em um poço parcialmente penetrante num


aqüífero confinado (Fetter, 1994)
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O fluxo tratado comumente como horizontal nos modelos, neste caso, seria
tridimensional, e se o aqüífero for anisotrópico a condutividade vertical Kv passará
exercer importante papel na drenagem da água. Entretanto, para poços de
bombeamento não penetrantes observados de poços mais distantes que
1,5 b K h / K v pode-se desprezar os efeitos da penetração parcial (HANTUSH,

1964 apud FETTER, 1994).


Considerando-se a situação de penetração parcial é possível se observar
como exemplos alguns efeitos correspondentes a situações não verdadeiras:
a) se um poço de bombeamento estiver eqüidistante a dois poços de
observação com diferentes posições relativas de seus filtros, estes
poderão registrar diferentes curvas de rebaixamento;
b) dependendo do comprimento e posição relativa dos filtros dos poços de
observação, é possível que o poço mais distante do poço de
bombeamento registre um rebaixamento maior que o poço mais
próximo;
c) é possível que a curva de rebaixamento apresente o comportamento
similar à de um aqüífero drenante (semiconfinado)

8.4.2 Interferências de Cones de Depressão

Freqüentemente em um aqüífero mais de um poço encontra-se interagindo


entre si – interferência mutua dos cones de depressão.
Em um ponto qualquer de um aqüífero nesta situação, o rebaixamento é igual
à soma dos rebaixamentos individuais de cada poço (Figura 8.15). Esta idéia
baseia-se na condição de linearidade da equação de fluxo de Laplace. Entretanto,
sua abrangência é teoricamente válida apenas para aqüíferos confinados, uma
vez que para os aqüíferos livres a transmissividade varia com o rebaixamento.
Apesar da limitação da condição de linearidade ela é em geral
desconsiderada, mesmo para aqüíferos livres, uma vez que na maioria dos casos
o rebaixamento observado é muito menor que a espessura saturada do aqüífero.
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Figura 8.15 – Composição dos cones de bombeamento para três poços em um


mesmo aqüífero (Fetter, 1994)

A superposição dos efeitos individuais de rebaixamento é um fato a ser


considerado nos projetos de campos de poços de bombeamento por influenciar
na definição de fatores fundamentais, como a quantidade e dimensão dos poços,
comprimento de tubulações e potência das bombas.

8.4.3 Fronteiras Hidráulicas e Método de Imagens

Um poço bombeando água num aqüífero expande seu cone de depressão até
que este seja suprido por uma recarga vertical ou atinja um contorno
hidrogeológico. Estes contornos podem ser de recarga ou barreira. Os contornos
de recarga são regiões onde o manancial do aqüífero é reposto (Figura 8.16(a)),
enquanto os contornos de barreira são os limites físicos do aqüífero ou formações
de baixa permeabilidade (Figura 8.16(b)). Ambos os tipos de contornos naturais
podem ser simulados pela presença de poços imagem.
(b)
(a)

Figura 8.16 – Situações verdadeiras e idealizadas (método de imagem) para


contornos de carga (a) e contornos de barreira (b) (Fetter, 1994)

Os contornos de recarga são simulados por poços imagem de recarga


localizados a uma distância igual à distância entre o poço verdadeiro e o
contorno, porém localizado em sentido oposto ao primeiro (Figura 8.16 (a)). Os
contornos de barreira, de forma equivalente, são representados por poços
imagem de descarga (Figura 8.16(b)).
Os contornos exercem um grande efeito sobre o rebaixamento de aqüíferos
durante o processo de bombeamento, representando uma forma de fonte não
vertical aos mesmos.
O rebaixamento é uma função que varia linearmente com o logaritmo do
tempo em se considerando que o armazenamento S se mantém constante. A
Figura 8.18 mostra o comportamento do trecho linear do rebaixamento com o
tempo em papel semi-log. A diminuição na taxa de rebaixamento pode tender a
zero se o poço de bombeamento vier a ser totalmente recarregado por uma fonte
de água ( S → ∞ ) , ou taxa de rebaixamento pode ser acelerada se o cone de
rebaixamento atingir um contorno de barreira ( S → 0 ),(Heath, 1982), (Figura 8.18).
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Figura 8.18 – Influencia dos contornos de recarga e de barreira na curva de


rebaixamento vs.tempo (Fetter, 1994)

9 Referências:

Feitosa, F.A.C. and Manoel F.J., 1997. “Hidrogeologia – Conceitos e


Aplicações” , CPRM, Fortaleza, 391p.

Fetter, C.W., 1994. “ Applied Hydrogeology” ,Prentice-Hall Inc., New Jersey, 3 rd


ed., 691p

Heath, R.C., 1982, “Hidrologia Básica de Água Subterrânea”. United States


Geological Survey Water Supply Paper 2220

Mariño, M.A. and Luthin, J.N. 1982. “Seepage and Groundwater”. Amsterdam:
Elsevier Scientific Publishing Company. p. 183-184

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