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ESTUDO TEÓRICO

Desafios do enfermeiro diante da dor e do


sofrimento da família de pacientes fora de
possibilidades terapêuticas

NURSES’ CHALLENGES IN VIEW OF THE PAIN AND SUFFERING OF FAMILIES OF


TERMINAL PATIENTS

DESAFÍOS DEL ENFERMERO ANTE EL DOLOR Y EL SUFRIMIENTO DE LA FAMILIA DE


PACIENTES FUERA DE POSIBILIDADES TERAPÉUTICAS
Maria de Fátima Prado Fernandes1, Janete Hatsuko Komessu2

RESUMO ABSTRACT RESUMEN


O presente trabalho trata-se de um estudo This qualitative study was performed Estudio cualita vo que obje vó iden fi-
de abordagem qualita va com o obje vo with the objective to identify the chal- car los desa os de los enfermeros para
de iden ficar os desafios dos enfermeiros lenges faced by nurses who assist fami- atender a las familias de pacientes sin po-
para assis r às famílias de pacientes fora lies of patients with no hope of cure, in sibilidades terapéu cas, ante su dolor y
de possibilidades terapêu cas diante da view of their pain and suffering. Data sufrimiento. Datos recolectados en 2008,
dor e do sofrimento. A coleta de dados collection was performed in 2008 using mediante entrevista semiestructurada,
ocorreu no ano de 2008, mediante entre- semi-structured interviews, including realizada a dieciocho enfermeros que tra-
vista semiestruturada, com dezoito enfer- eighteen nurses who worked in the In- bajaban en Unidades de Terapia Intensiva
meiros que trabalhavam em Unidades de tensive Care Units of a private hospital de un hospital privado del municipio de
Terapia Intensiva de um hospital privado located in São Paulo, after receiving ap- São Paulo, luego de conseguirse la aproba-
localizado no município de São Paulo, após proval from the Research Ethics Com- ción del Comité de É ca en Inves gaciones.
aprovação do Comitê de É ca em Pesqui- mittee. The content analysis of the data Se u lizó análisis de contenido para eva-
sa. U lizou-se a análise de conteúdo para revealed three categories: facing the luar los datos. Los mismos determinaron
a avaliação dos dados. Ob veram-se três challenges of assisting the family, ex- tres categorías: Enfrentando los desa os
categorias: enfrentando os desafios para pected attitude, and guiding yourself by para atender a la familia, Postura esperada
assisƟr a família, posicionamento esperado experience. It was revealed that, in order y Orientarse a par r de la experiencia. Se
e orientar-se a parƟr da experiência. Evi- to assist the families, nurses must reflect demostró que, para atender a las familias,
denciou-se que, para assis r às famílias, há on their personal and ethical values, as existe necesidad de reflexión por parte de
necessidade dos enfermeiros refle rem a well as examine their feelings regarding los enfermeros respecto de los valores per-
respeito dos valores pessoais e é cos, bem the process of dying. It is expected that sonales y é cos, así como sobre el proceso
como sobre o processo do morrer. Espera- experienced nurses will exchange their del morir. Se espera que haya intercambio
-se que haja troca de experiências entre os knowledge with those beginning their de experiencias entre los enfermeros con
enfermeiros já experientes com os que ini- practice in this health care setting. trayectoria y aquellos que inician su prác -
ciam tal prá ca no âmbito do cuidar. ca en este ámbito del cuidado.

DESCRITORES DESCRIPTORS DESCRIPTORES


Cuidados de enfermagem Nursing care Atención de enfermería
Estado terminal Cri cal illness Enfermedad crí ca
Família Family Familia
Dor Pain Dolor

1
Professora Doutora do Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil.
fatima@usp.br 2 Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. janetenakamura@usp.br

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Rev Esc Enferm USP Recebido: 19/04/2012 Desafios do enfermeiro diante da dor e do sofrimento
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2013; 47(1):250-7 Aprovado: 10/09/2012 família de pacientes fora de possibilidades terapêuticas
www.scielo.br/reeusp
www.ee.usp.br/reeusp/ Fernandes MFP, Komessu JH
INTRODUÇÃO Assim como os demais profissionais da saúde, os en-
fermeiros devem buscar estratégias para melhor assis r
O assis r a família de pacientes fora de possibilidades à família, permanecendo a seu lado em momentos de
terapêu cas é percebido como uma a vidade di cil e grande angús a(6). Ter ciência de que a família, dentro do
complexa mesmo para o enfermeiro que tem experiência possível, deve con nuar a manter o trabalho e as funções
com pacientes crí cos em risco iminente de morte e que familiares e sociais. Também deve manter sua iden dade
por vezes se vê com dificuldades para assis r à família que e, aos poucos, começar a reconhecer a iden dade e a es-
se encontra em estado de dor e sofrimento. Mas parece trutura familiar sem o paciente terminal(7).
ser muito mais complicado para o enfermeiro inexperien- Diante dessa situação, o enfermeiro deve estudar sobre
te e recém-formado que se inicia nessa prá ca. aspectos que se reportam à família, uma vez que para elas
ocorre uma perda, uma única perda que a nge muitas vi-
Esse é um desafio constante para o enfermeiro que já
das, ou seja, a da própria família, de amigos, colegas de tra-
tem experiência e muito mais para aquele que ainda não
balho e profissionais de saúde que cuidam dos pacientes(8).
tem. Torna-se fácil compreender que proporção isso toma
para o enfermeiro que inicia sua atuação profissional em Nesse sen do, torna-se imprescindível que o enfermei-
unidades que assistem pacientes fora de possibilidades ro que inicia sua prá ca de assis r à família de pacientes
terapêu cas. Aqueles que já têm alguma experiência pro- fora de possibilidades terapêu cas seja acompanhado pelo
fissional apresentam mais recursos para enfrentar essa si- enfermeiro mais experiente. Pois, embora os enfermeiros
tuação. Por outro lado, os que não têm podem se deparar recém-formados tenham competência técnica e conheci-
com obstáculos, vivenciando problemas que já foram tra- mentos na esfera cien fica, ainda necessitam aprender a
balhados em algum nível pelos enfermeiros experientes. lidar com algumas questões que apontam dilemas é cos
no processo de morte e morrer, vinculados à
O cuidado dos familiares é uma das relação entre o enfermeiro e a família.
partes mais importantes do cuidado global As vivências do
dos pacientes internados nas unidades de enfermeiro em face Os enfermeiros com experiência devem
terapia intensiva. É lamentável que o cuida- ter ciência que prover o cuidado à família exi-
da assistência às
do da família seja tão pouco abordado na famílias de pacientes ge conhecimentos que vão além do saber téc-
nico. Os princípios é cos agregados aos valo-
maioria dos cursos de graduação da área fora de possibilidades
res individuais e cole vos nortearão as ações
da saúde. A literatura recente está repleta terapêuticas devem do enfermeiro, transformando a cada dia o
de evidências de que estratégias voltadas
ser construídas com significado do cuidar, sobretudo aqueles as-
para os familiares, como a melhoria da
amorosidade e ética e sociados ao atendimento à família diante da
comunicação, da prevenção de conflitos e dor e sofrimento. Essas premissas estão mui-
do conforto espiritual, para citar algumas, não apenas sofrimento to presentes para o profissional que começa a
resultam em maior sa sfação e percepção e dor...
cuidar dessas famílias, pois as crenças acerca
da qualidade da assistência prestada ao pa- do processo do morrer ainda são muito fortes
ciente na UTI(1). e acabam afetando o processo de assis r.
É di cil para as escolas trabalhar essa questão, pois os A par r das representações individuais é possível co-
estudantes ainda não se encontram amadurecidos, princi- nhecer os pensamentos, as ações e os sen mentos acerca
palmente no aspecto emocional. Isso é possível acontecer da morte e do morrer no âmbito cole vo, iden ficando os
mediante o desenvolvimento do exercício profissional ou conceitos que determinam o comportamento e o enfrenta-
experiências de vida ante o processo do morrer. mento, os medos e as crenças(5). Esse enfoque torna-se real
perante o processo do morrer e, ao cuidar da família, o en-
Nessa direção, as autoras deste estudo consideram o
fermeiro depara-se com valores e histórias de vida que as-
quanto seria salutar se os enfermeiros pudessem expres- sinalando a possibilidade de diferentes modos de com ela
sar o que têm de mais significa vo ao assis rem famílias interagir. Ao assis r as famílias, os profissionais de enfer-
de pacientes fora de possibilidades terapêu cas, diante magem acabam sendo influenciados por suas concepções,
da dor e do sofrimento, e que pudessem conversar com os valores e experiências em relação à morte e ao morrer e,
enfermeiros pouco experientes a fim de os ajudar a refle- nessa condição, precisam trabalhar suas emoções.
r acerca de como assis -las.
O enfermeiro necessita aprender a se relacionar e tam-
Estudos realizados estabeleceram o modo de olhar para bém colocar em prá ca sua vontade, mediante a fala, os
a pessoa diante do processo da vida e da morte, valorizan- atos e as escolhas(9). As vivências do enfermeiro em face
do as cinco etapas de reações por parte das pessoas sem da assistência às famílias de pacientes fora de possibilida-
esperança de vida(2-4). Dos sen mentos em relação à morte des terapêu cas devem ser construídas com amorosidade
emergem alguns elementos, que são: indiferença, tristeza, e é ca e não apenas sofrimento e dor e essa experiência
impotência e medo de expressar sen mentos e culpa(5). deve ser compar lhada com os pares.

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Os profissionais da saúde apresentam maior proximi- Como critério de inclusão, considerou-se: ter experi-
dade com a morte, exigindo-se deles preparo e aperfei- ência mínima de dois anos como enfermeiro de Terapia
çoamento para atendimento desses pacientes e de seus Intensiva na assistência à família de pacientes fora de pos-
familiares ante a dor e o sofrimento(10). A dor e o sofrimen- sibilidade terapêu cas. Esse critério é importante, pois os
to são sen mentos dis ntos e componentes da existência enfermeiros que têm experiências em assis r às famílias
humana e não é possível ter o direito de não sofrer. de pacientes fora de possibilidades terapêu cas são os
que acompanham aqueles que iniciam sua atuação pro-
Assim, cabe aos profissionais de saúde aliviar a dor, fissional no cuidado à família diante da dor e sofrimento.
seja no aspecto orgânico ou psíquico. A dor é gerada por Desse modo, têm muito a contribuir para o desenvolvi-
alguma situação que desencadeou fortes emoções nega -
mento dos iniciantes, mediante o processo de capacitação
vas e nem sempre é compar lhada, gerando desconforto
em campo da prá ca, frente à realidade da dor e sofri-
e caracterizando-se como um processo desfavorável para
mento da família.
a mudança imediata desse sen mento(11). Por isso, a famí-
lia leva algum tempo para aliviar e transformar esse sen- A indagação norteadora deste estudo foi: Como você
mento. Em geral, a angús a presente distancia a família orientaria o enfermeiro inexperiente ou recém-formado
da possibilidade de ter outra ação mais posi va e o en- para assisƟr às famílias de pacientes fora de possibilida-
fermeiro deve preparar-se para ajudá-la nesse momento. des terapêuƟcas, diante da dor e do sofrimento, conside-
rando os desafios inerentes a essa situação?
Diante da assistência à família, o enfermeiro deve abrir
espaços de reflexão com outros profissionais sobre o pro- A obtenção dos dados somente foi realizada após
cesso do morrer e permi r-se a mudar alguns padrões de aprovação pelo Comitê de É ca e Pesquisa da Ins tuição
conduta. O modo como o enfermeiro processa os meios e (Parecer nº 28/07), os dados foram coletados entre mar-
os recursos para atender à família no momento da dor e ço e maio de 2008, por meio de entrevistas semiestrutu-
do sofrimento irá refle r no cuidado. radas que foram agendadas e gravadas em áudio, após a
assinatura do Termo de Consen mento Livre e Esclarecido
É desejável que o enfermeiro com experiência ajude os
(TCLE), preservando o anonimato e respeitando lingua-
novos enfermeiros a cuidar das famílias de pacientes fora
gem u lizada pelos sujeitos na entrevista.
de possibilidades terapêu cas, mantendo compromisso,
autonomia e postura é ca, correlacionando-os aos limites Para a compreensão dos depoimentos, os dados foram
e às possibilidades de intervenção diante do assis r. Neste analisados conforme a técnica de análise de conteúdo, em
estudo, pretendeu-se inves gar como os enfermeiros que três fases: pré-análise (leitura flutuante e preparação dos
têm experiência com o assis r famílias de pacientes fora dados), exploração do material (considerou a exclusão
de possibilidades terapêu cas podem contribuir para que mútua, homogeneidade, per nência, obje vidade, bem
enfermeiros sem habilidades específicas nesta área do co- como produ vidade) e tratamento dos resultados, infe-
nhecimento possam vir a desenvolver essa prá ca. rência e interpretação(12).
A pesquisa teve como obje vo iden ficar como o en- As estruturas do conteúdo foram feitos recortes em
fermeiro, a par r de sua experiência em assis r a família unidades de contexto e registro, por meio de análise e se-
de paciente fora de possibilidades terapêu cas, diante de leção das frases presentes nos discursos, as quais expres-
sua dor e sofrimento, pode ajudar enfermeiros inexpe- saram sen do e consonância com objeto de estudo. Em
rientes e recém-formados a iniciarem a sua prá ca profis- seguida, houve a agregação dos temas, alcançando a re-
sional neste contexto. presentação do conteúdo. Assim, por meio dos discursos
dos enfermeiros ob veram-se as seguintes categorias: 1)
MÉTODO enfrentando os desafios para assis r à família, 2) posicio-
namento esperado e 3) orientar-se a par r da experiência.
Trata-se de um estudo exploratório e descri vo com
abordagem qualita va, realizado em um Hospital Privado APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
localizado no Município de São Paulo.
Com os discursos subme dos à análise, constatou-se
Foram entrevistados 18 enfermeiros que trabalhavam
em Unidades de Terapia Intensiva. O número de sujeitos foi que houve aproximação quanto às experiências dos en-
determinado pela repe ção das falas, ou seja, saturação. fermeiros no que se refere ao confronto com a morte. Ao
se posicionarem, os enfermeiros fizeram alusão sobre os
A idade média dos 18 enfermeiros foi de 37 anos, com possíveis desafios para assis r à família, apontando postu-
variação entre 27 a 53 anos, sendo apenas um do sexo ras profissionais esperadas. Colocaram o quanto a vivên-
masculino, e o tempo médio de experiência em assis- cia em assis r às famílias com dor e sofrimento é conside-
tência à família do paciente grave era de 11 anos. Todos rada um fator importante para orientar os profissionais,
nham curso de especialização, sendo que quatro eram incluindo os que iniciam sua atuação profissional diante
mestres, dois mestrandos e dois doutorandos. dessa situação, principalmente pelo fato da formação

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acadêmica do enfermeiro, no que tange à assistência às Ela deve enfrentar isso, refletindo a respeito do processo
famílias de pacientes fora de possibilidades terapêu cas, do morrer... e adquirir outras atitudes (E5).
ser considerada insuficiente frente à complexidade do cui- Ainda hoje é muito desconfortável para o enfermeiro
dar, devendo valorizar a experiência dos colegas. sem a vivência da perda e/ou experiência cuidar da famí-
1) Enfrentando os desafios para assisƟr à família lia que apresenta sofrimento. Mais di cil ainda é querer
cuidar e não saber como fazê-lo. A insegurança é origina-
Para assis r as famílias de pacientes fora de possibi- da pela falta de conhecimentos, sejam na esfera acadêmi-
lidades terapêu cas, exige-se do profissional de saúde ca ou no próprio co diano do trabalho assistencial.
que, além de obter conhecimentos sobre o processo do
morrer, também aprenda a enfrentar seus medos. Ainda, Nas escolas de Enfermagem, é muito comum o estu-
que reflita acerca de sua filosofia de vida e seus valores dante demonstrar medo. Autores citam uma fala que re-
pessoais e é cos, bem como conheça as diversas cultu- flete essa angús a
ras religiosas que o ajudarão a entender as reações hu- a aluna demonstra seu desconforto com a morte no coti-
manas frente à situação de perda iminente. É desejável diano de estágio e se recusa a aceitá-la. A negação surge
ainda que estude outras ciências para melhor atender às como uma capa que a protege do seu medo da morte, e,
necessidades apresentadas pelas famílias que apresen- inconscientemente, busca fugir da morte ou de algo a ela
tam dor e sofrimento. relacionado…(15).

Outro desafio é conseguir trabalhar com as necessi- se eu tivesse que dar instruções para a enfermeira, eu es-
dades espirituais das famílias ou prover espaço para que taria falando primeiramente para ela se colocar no lugar
estas sejam atendidas. Para o entendimento da dor espiri- da família que está perdendo um ente querido.... Nós pro-
tual, pode-se considerar que espiritualidade pode ser de- fissionais temos que entender que o processo do morrer
faz parte do ciclo da vida... mas fomos preparadas para
finida como aquilo que traz significado e propósito à vida
fazer a manutenção da vida. Então, é muito difícil você
das pessoas. Transcender é buscar significado e a espiritu-
assistir alguém que está morrendo (E8, E10).
alidade é um dos caminhos vivenciados pelas famílias(13).
A proximidade com a dor e o sofrimento parecem provo-
Diante da dor espiritual é comum as famílias recorre-
car nos enfermeiros uma empa a importante para o vínculo
rem à fé como fonte de ajuda, buscando na religião o sig-
terapêu co, o que proporciona uma melhor assistência de
nificado da vida e da morte. Por isso a assistência espiritu- Enfermagem, mas ao mesmo tempo um desgaste emocional
al de acordo com suas crenças é considerada como gesto ín mo ligado à dificuldade no lidar com a terminalidade(16).
de amor e compreensão por eles(14).
Assis r a família significa que o enfermeiro depara-se
As falas abaixo retratam essas questões: com questões que vão ao encontro de sua própria filosofia
...se a enfermeira tiver uma crença religiosa, espiritual ou de vida e seus valores pessoais. Ao se aproximar das famí-
filosófica, irá ajudar a entender o processo do morrer e a lias, deve compreender que o cuidar envolve competências
assistência que pode dar para os familiares. Isso dá se- ontológicas, essenciais à maturidade e à sobrevivência da
gurança (E5). Enfermagem(17), que advém dos fatos que acontecem no
co diano do cuidar de famílias diante da dor e sofrimento.
... deve-se tentar conhecer essa família... (E15).
...quando você vê uma família que está enfrentando essa
Foi referido que o enfermeiro, ao ter uma crença re- situação, tanto ela como nós sabemos o que vai aconte-
ligiosa, poderá ajudar a família, que também apresenta cer no final do processo. Não tem como escapar disso e
suas crenças e valores espirituais, devendo ser assis das a gente não tem o preparo para dar esse suporte para a
ante sua angús a e temor. Essa postura que nem sempre família (E10).
é manifestada pelas enfermeiras, principalmente aquelas
que não apresentam experiências. A fala acima reflete a presença de consciência do en-
fermeiro que percebe que não se encontra preparado pa-
...na graduação, fala-se somente da parte legal, mas não ra dar apoio à família. Por outro lado, ele tampouco rece-
como é trabalhar com a família. Na especialização, foi fa- be apoio da ins tuição onde trabalha e sente dificuldades
lado um pouco mais, mas não se consegue aplicar. Ora, para oferecer suporte emocional às famílias.
ninguém fala como é, como se deve agir com o familiar e
isso faz falta (E9). ... se a enfermeira tiver medo ou dúvida o cuidado, vai ser
sempre superficial. Ela não estará ao lado do familiar. Vai
É muito preocupante para o enfermeiro com experiên- agir conforme as normas do hospital e não vai realmente
cia saber que o enfermeiro novo quase sempre vem sem atender à família na sua totalidade... (5).
preparo para cuidar da família e muitas vezes se vê sozinho
Essa conduta que pode causar desconforto a família.
nessa situação, sem receber ajuda de outros profissionais.
Os familiares geralmente expressam estresse emocional
... a enfermeira recém-formada tem sua base... ela pode ao se aproximarem da perda, principalmente com a fal-
ter medo da morte. Por ter medo, ela não vai enfrentá-la. ta de informações específicas sobre a evolução provável

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e conhecimento concreto da situação(18). O enfermeiro respeito de quais condutas seriam tomadas... a enfermei-
experiente deve manter a família informada e ainda re- ra se preocupava muito de falar da técnica, dizer o que
pensar em suas posturas para assis r adequadamente as estava sendo feito com o paciente, mas a família não que-
famílias no processo de perda e dor. ria saber se estava com drogas vasoativas e sim se ele
estava confortável (E1).
...ajudar o recém-formado a pensar no cuidar para que pa-
ciente não sofra... mostrar isso para a família da melhor Para o enfermeiro que assiste a família do paciente
maneira possível (E15). fora de possibilidades terapêu cas é muito di cil compre-
ender o que esta quer lhe falar em face da dor que sente.
....eu acho que talvez possa ser dado um enfoque maior Uma postura fundamental é tentar ouvi-la, saber o que
de treinamento, pode ser que isso auxilie um pouco a ela precisa e não julgar suas prioridades no momento(16).
enfermeira (E3).
...a enfermeira recém-formada se sente pressionada com a
Prover treinamento depende de como este será pro- situação, se sente amedrontada e a relação se torna muito
cessado e ainda não será suficiente. O enfermeiro deve- mecânica, prevalece a preocupação somente em dar infor-
rá ajudar na formação do enfermeiro menos experiente mações. Eu diria que se deve estar mais próximo à família
para que este consiga assis r à família. Pois a família do para perceber suas necessidades e tentar supri-las (E1).
paciente que se encontra fora de possibilidades terapêu-
cas, expressa sua dor como uma experiência única que A família necessita receber informações
depende de sua história de vida e dos laços que cons- ... falta de divulgação da informação para os familiares so-
truiu com o ente querido. Nesse momento, o profissio- bre as reais condições do paciente e sobre as estratégias
nal pode ajudá-la melhor se entender a sua história. diagnósticas e terapêuticas utilizadas é queixa freqüente-
mente elaborada por eles. A informação deve ser forne-
O enfermeiro recém-formado tem o desafio de man-
cida aos poucos e repetida várias vezes ao dia, sempre
ter o diálogo com a família e, ao mesmo tempo, manter
com o mesmo enfoque...(22).
a sustentabilidade nos momentos de dar apoio. Também
apresenta necessidades emocionais e de ajuda para reali- Autores explicitam que cuidar do familiar significa
zar a intervenção(19). compreender as suas emoções, os seus gestos e falas,
seus conceitos e limitações(23).
Todas as falas refletem a presença do medo, a dificul-
dade de transpor o saber teórico para a prá ca, sobretudo ...dizer para a enfermeira recém-formada que a enferma-
sem ter do tempo e preparo consolidado para assis r as gem continua com os cuidados ao paciente mesmo que o
famílias no momento de angús a e dor. É desejável que prognóstico seja fechado pela equipe, como, por exemplo,
haja espaço de diálogo entre a equipe de Enfermagem pa- alimentação, mudança de decúbito, higiene... e dar con-
ra que os mais experientes possam contribuir para o cres- forto para a família (E5; E4; E14).
cimento de todos. A fala apresentada acima considera aborda a questão
Posicionamento esperado da necessidade dos familiares em saber que o ente que-
rido encontra-se recebendo conforto, o que pode trazer
Outro desafio para o enfermeiro experiente ou inexpe- alento a família.
riente que se propõe a cuidar do outro é entender que a
família espera que tenha competência no desempenho de As ações de enfermagem, em consonância com a equi-
seu papel(20). Por isso, espera-se que o enfermeiro adqui- pe mul disciplinar, são orientadas a possibilitar e viabili-
ra conhecimentos, habilidades e a tudes aliados a seus zar a morte tranquila ao paciente(21). Essa condição deve
valores pessoais e é cos e apresente um agir profissional ser trabalhada junto aos familiares, respeitando seu tem-
adequado à situação de atendimento à família do pacien- po para trabalhar o processo de luto antecipatório.
te fora de possibilidades terapêu cas. ...em primeiro lugar, ouvir o que a família tem para falar.
Em razão da falta de amadurecimento e possivelmente Perceber o que a família acha da situação e sentir o que
ela está esperando (E7; E18).
pela necessidade de a ngir as expecta vas de seus pares,
algumas enfermeiras que iniciam essa prá ca só se pre- ...oriento para conversar com a família, mas não é o que
ocupam em dar as informações a essas famílias, restrin- acontece no dia-a-dia. Então, penso como poderíamos
gindo seu papel profissional. Espera-se que o profissional melhorar isso (E11).
exerça sua função com equilíbrio e eficiência, passando
...tentar manter um diálogo o mais coerente possível com
por um período de aprendizado, recebendo o apoio da
a família, não criando falsas expectativas em relação à
ins tuição onde atua(21).
situação (E12).
As falas abaixo evidenciam o posicionamento espera-
Evidencia-se a importância do contato direto do enfer-
do das enfermeiras inexperientes.
meiro com o familiar que muitas vezes manifesta a neces-
...eu acompanhei uma enfermeira recém-formada e a fa- sidade da equipe de enfermagem de informar e explicar
mília do paciente tinha uma série de questionamentos a melhor o que está acontecendo com o paciente(24).

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...cada família reage de um jeito diante do diagnóstico do ... orientar a família quanto à possibilidade de abrir mais o
paciente sem possibilidade de tratamento, não tem uma horário de visita se o paciente estiver fora de possibilida-
receita de bolo. Tem enfermeiras que conseguem conver- des terapêuticas (E2).
sar e escutar a família (E13).
A equipe acaba por não perceber a necessidade de
É necessário considerar a discussão mul disciplinar acolhimento ao familiar, que muitas vezes entra e sai da
em relação aos obje vos do cuidado centrado no paciente UTI no horário de visita sem receber a atenção que neces-
e sua família. Ao mesmo tempo em que se busca mini- sita para o enfrentamento da situação crí ca de saúde do
mizar o desconforto do paciente, procura-se maximizar a seu familiar(24).
assistência à dor e ao sofrimento da família(25).
... eu falaria para a enfermeira dar conforto para a família
Ao ter consciência da possibilidade de morte de seu e para o paciente (E4).
parente na UTI, a família sofre e deixa aflorar em sua men- ...eu falaria que é importante poder contar e falar aber-
te as lembranças de morte de outras pessoas, as compa- tamente para as pessoas da sua equipe a respeito das
rações entre sofrimentos vividos, a compreensão sobre a dificuldades na assistência à família... (E10).
temá ca, o estabelecimento de novos obje vos, a revela-
ção de dilemas antes não percebidos, apesar da busca de Ressalta-se que a efe vidade das ações de Enferma-
qualidade de vida e das a tudes do seu familiar crí co no gem com a família na presença da dor e do sofrimento
enfrentamento da morte(26). diante da perda iminente decorre de trabalho interdisci-
plinar, bem como do trabalho da equipe de Enfermagem
No contato com os enfermeiros na UTI, a família tenta que cuida do paciente e de seus familiares ao longo do
expressar sua dor de diversos modos e o profissional ne- processo de morte. Nesse processo, o diálogo é muito im-
cessita desenvolver habilidades de comunicação. Este as- portante para ajudar profissionais e famílias.
pecto é considerado tão importante quanto a habilidade
de avaliação e cuidado especializado ao paciente crí co Há escassez de publicações sobre a atuação do enfer-
nessa unidade(22). meiro junto à família de pacientes adultos fora de possi-
bilidades terapêu cas. Porém, o co diano das UTI revela
Estudos concluíram que, com frequência, os profis- famílias com necessidades de orientações e espaços para
sionais que atuam em UTI não estão preparados para suprir suas necessidades emocionais e espirituais diante
ouvir e responder as questões de familiares, reconhe- da perda iminente, além da presença de profissionais pre-
cer suas emoções e explicitar cuidados como o não ocupados com o cuidado centrado nas famílias.
abandono e respeito ao paciente. Provavelmente isso
ocorra por valorizar somente a tecnologia e o cuidado Neste estudo foi possível iden ficar que os enfermei-
que envolve o paciente, na busca de resultados positi- ros ainda apresentam dificuldades para expressar total-
mente como ajudariam os enfermeiros menos experien-
vos na terapêutica clínica em detrimento ao cuidado da
tes a iniciar sua prá ca, visto que têm muita experiência.
família(27).
É possível que a par cipação neste estudo tenha levado
É importante escutar a família e também é esperado tais enfermeiros a refle r de como vêm trabalhando com
que o enfermeiro saiba quando e como responder suas a dor e o sofrimento das famílias de pacientes fora de pos-
indagações. Para isso este deve conhecê-la e manter-se sibilidades terapêu cas.
próximo a ela numa a tude de respeito.
Os posicionamentos dos enfermeiros do como assis-
Familiares podem apresentar desconfortos decorren- r a essas famílias em face de sua dor e sofrimento ainda
tes da vivência do processo do morrer, como a ansiedade, não se encontram totalmente delineado e há necessida-
depressão e transtorno de estresse pós-traumá co. Nes- de de maior preparo, inclusive dos que já lidam com esta
sa situação, a intervenção deve ter foco na comunicação situação em seu co diano de trabalho. Todos têm como
com as famílias, podendo ter efeitos significa vos no in- desafio aprender a olhar para seus valores e crenças para
tuito de minimizar estas consequências(28). melhor cuidar destas famílias diante da perda iminente.
Avançar a par r daquilo que já foi vivenciado e daquilo
Orientar-se a parƟr da experiência que ainda não foi trabalhado de maneira compar lhada
Existe um grande desafio que é valorizar a própria ex- com seus pares, com a equipe interdisciplinar e principal-
periência e também de outros profissionais que já cuida- mente com os próprios familiares.
ram ou cuidam de famílias de pacientes fora de possibili-
dades terapêu cas. Não se está falando aqui do domínio CONCLUSÃO
da tecnologia no âmbito da saúde, mas da sensibilidade
que o profissional necessita desenvolver para lidar com a Os enfermeiros que têm experiência de assis r às fa-
família a par r de a tudes de acolhimento e atendimento mílias de pacientes fora de possibilidades terapêu cas,
de suas necessidades emocionais, sociais e espirituais. As diante de sua dor e sofrimento, necessitam dialogar com
falas abaixo reportam essa questão: os menos experientes e os recém-formados que estão se

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família de pacientes fora de possibilidades terapêuticas 2013; 47(1):250-7
Fernandes MFP, Komessu JH www.ee.usp.br/reeusp/
iniciando nessa modalidade de cuidar, considerando que enfermeiros, bem como professores da área da Enferma-
todos estão em processo permanente de aprendizagem. gem, em discussões e inves gação sobre como assis r às
famílias de pacientes fora de possibilidades terapêu cas,
A literatura em Enfermagem confirma que há lacunas
diante da sua dor e sofrimento.
na formação acadêmica dos enfermeiros para assis r às
famílias de pacientes fora de possibilidades terapêu cas. Aprender a enfrentar as dificuldades para assistir
Essa é uma tarefa di cil, pois cada família demanda aten- à família um aprendizado contínuo, pois cada família
ção par cularizada no cuidado diante de sua dor e sofri- é única, e, por ouro lado, às vezes, cada profissional
mento, muitas vezes de modo discreto, porém não menos nessa situação também pode ter condutas únicas. Os
premente e importante. desafios do enfermeiro que inicia suas atividades pro-
Este estudo mostrou que é possível iden ficar que os en- fissionais são ainda maiores, pois no início pode ter
fermeiros têm o que ensinar acerca do processo do cuidar de resistências, sejam elas em nível estrutural, ambiental
famílias diante de sua angús a, mas cabe ainda dimensionar ou em relação ao despreparo para lidar com a dor e o
como será feita essa abordagem. Claro que isso não é uma sofrimento da família.
tarefa fácil, pois ainda há muitos desafios a serem trabalha- As orientações dadas por enfermeiros já experientes
dos, como, por exemplo, o medo da morte. Há necessidade
são válidas e necessárias. Neste estudo, os par cipantes
de cons tuir espaços para que haja diálogos constru vos e
enfa zaram a importância de aprender em como assis r
sinceros entre todos os envolvidos no processo.
à família diante da dor e sofrimento e que todos busquem
Os resultados deste estudo apresentam as limitações conhecimentos. É desejável que reflitam sobre suas expe-
de um estudo qualita vo, contextualizado no local e tem- riências e aprendam juntos a enfrentar os desafios ineren-
po da inves gação, mas podem contribuir para orientar os tes à assistência à família em situação de perda.

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Desafi os do enfermeiro
Correspondência: diante
Maria dedaFátima
dor e do sofrimento
Prado da
Fernandes Rev Esc Enferm USP
família
Av. Dr. de pacientes
Enéas fora de possibilidades
de Carvalho terapêuticas
Aguiar, 419 – Cerqueira Cesar 2013; 47(1):250-7
Fernandes MFP, Komessu
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