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Cap.

7 Escoamentos em Superfície Livre 233

O mesmo não acontece, por exemplo, com o escoamento no trecho


retilíneo, e de grande declividade, de um vertedor de uma barragem, como na
Figura 7.2.
Portanto, no escoamento em canais, a superfície livre coincide com a
linha piezométrica, desde que a distribuição de pressão seja hidrostática, isto
é, se a curvatura vertical das linhas de corrente e acelerações forem desprezí-
veis e o canal for de baixa declividade.
No escoamento permanente gradualmente variado, levando em conta
que a alteração da altura d'água de seção a seção é suave e a curvatura das
linhas de corrente, pequena, para efeito prático, o escoamento será assumido
paralelo e a distribuição de pressão, hidrostática.
Desta forma, na grande maioria dos casos a serem
················•-....•....._
estudados em canais de fraca declividade, abertos ou fecha-
dos, existirá a distribuição hidrostática de pressão e a linha
piezométrica coincidirá com a linha d'água. Para estas con-
dições, a carga piezométrica (p/y + z) é constante na seção e
I,
a energia total, por unidade de peso, em relação a um certo
plano horizontal de referência, assumindo que a distribuição
de velocidade seja uniforme (a = l) e a distribuição de pres- _ _ _ _ _
z
..L__ _ __ __
I
._º .r·
P.1-1 .R.

são, hidrostática (p = y y), é dada por:


Figura 7.10 Carga total e m uma seção , distribuição hi-
drostática.
p y2 y2
H =z+- +- = z + y +- (m) (7.17)
y 2g 2g

7.6 PROBLEMAS

7.1 Classifique, quanto à variabilidade no espaço e no tempo, os seguintes


escoamentos:
a) Escoamento em uma sarjeta de um~ rua durante uma chuva.
b) Escoamento em um longo canal prismático, de dimensões fixas, com
declividade e rugosidade constantes.
c) Escoamento em um vale após o rompimento de uma barragem.
d) E scoamento com vazão constante no tempo em uma tubulação na
qual a seção reta aumenta na direção do fluxo.
Por que não se deve aplicar a Equação
7.17 a um escoamento do tipo da
7.2 Em um canal regular de seção trapezoidal de declividade constante, com Figura 7.6?

largura de fundo igual a 1,0 m, inclinação dos taludes 1H: 1V (Z = l ), a altu-


ra d'água é igual a 0,80 me a velocidade média, 0,85 m/s. Verifique a influên-
Cap. 7

eia das forças viscosa e da gravidade avaliando os regimes do escoamento atra-


vés da determinação dos números de Reynolds e Froude. Viscosidade da água
v = 10-6 m2/s.
[Rey = 3,75-105; Fr = 0,365; Regime turbulento e fluvial]

7.3 As velocidades medidas em várias alturas do escoamento em um canal


trapezoidal de largura de fundo igual a 4,0 m e inclinação dos taludes I V:2H
(Z = 2) e altura d'água de 1,20 m são listadas na tabela seguinte. Utilizando
o programa COEF.EXE, determine a velocidade média e os coeficientes a e
~ da seção.
Repita o cálculo assumindo escoamento bidimensional (canal ~etangu-
lar largo).

y (m) o.o 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20


V (m/s) o.o 1,11 1,22 1,29 1,35 1,39 1,37

[Trapezoidal • V= 1,23 m/s; a= 1,13; ~ = 1,06]


[Bidimensional• V = 1, 17 m/s; a= 1,21; ~ = 1, 1O]

7.4 A distribuição de velocidade em um rio muito largo de 3,0 m de profun- .


didade pode ser aproximada pela equação v = 0,5 + (y/3)º·5 com v(m/s) e y(m),
em que y é a ordenada medida a partir do fundo. Determine os coeficientes a
e ~ analiticamente através das Equações 7.5, 7.8 e 7.9 e usando o programa
COEF.EXE, adotando os valores de y a cada 0,20 m e calculando os corres-
pondentes valores de v.
[Analítico • a= 1,12; ~ = 1,04; Numérico• a= 1,13; ~ = 1,04]

7.5 Considere o escoamento em um canal retangular de grande declividade,


como na Figura 7.9, no qual a declividade de fundo é 0 e a altura d'água
medida verticalmente é y. Mostre que a força devido à distribuição de pressão
sobre as paredes verticais do canal e o momento desta força em relação à base
da parede valem, respectivamente:

1 2 3 1 3 4
F = -y y cos 0 e M = -y y cos 0
2 6

7.6 Considere um escoamento bidimensional em um canal com profundidade


h. Assumindo um perfil de velocidade logarítmico dado pela equação:
_________________________ _;__
Cap. 7 _ ____
Escoamentos em_ ___
Superfície -----, 235
Livre

- V = 5,75log ( -3Üz) (ver Problema 2.5)


u. f,

na qual z é uma ordenada medida a partir do fundo do canal e v é a velocida-


de pontual, demonstre que:
a) Vmédia =vo,411, isto é, a velocidade média é aproximadamente a velo-
cidade a 40% da profundidade da seção, medida a partir do fundo.
b) Vmédia =
1/2 (vo,211 + vo,s11), isto é, a velocidade média é aproximada-
mente a média aritmética entre as velocidades medidas a 20% e 80%
da profundidade.
Repita a aplicação adotando um perfil de velocidade parabólico com as
seguintes condições:
a) Se z = O • v =O
b) Se z =h • V = Vmáx

dv
c) Se z = h • - =O
dz

Considere duas seções de canais, uma circular de 1 m de diâmetro es-


coando a meia seção e outra retangular com altura d'água igual à da seção cir-
cular. Se os números de Fraude dos escoamentos nas duas seções forem iguais,

-
mostre que entre a velocidade média na seção circular, V e, e a velocidade
média na seção retangular, Vr, existe a seguinte relação:

~: =J¾
/ Estude a distribuição de pressão, segundo a vertical de um escoamento
uniforme, circulando em um canal inclinado de 30° com a horizontal. Calcule a
pressão em um ponto do líquido distante verticalmente 2 m da superfície livre.
[p = 14,70 kN/m2]
/

~ ,7.9 Considere o escoamento permanente, livre, no pé do vertedor de uma


barragem como sendo aproximado por um modelo em que as linhas de corren-
te são arcos de círculos, e que a distribuição de velocidade ao longo da linha
AO obedece ao padrão de vórtice livre ou irrotacional, isto é, dada por: V =
C/R, em que C é uma constante e R, o raio de curvatura de uma linha de cor-
rente qualquer, conforme Figura 7.11. Sendo R1 e R0 os raios de curvatura das
linhas de corrente limites, superfície livre e fundo, e conhecendo a velocidade V,
da linha de conente de raio R,, mostre que a pressão devido ao efeito centrífu-
go na base do vertedor, segundo a Figura 7.7, é dada por:

7 .10 Em um experimento de laboratório instalou-se, na parede vertical de um


canal de 0,25 m de profundidade, 5 tomadas de pressão igualmente espaçadas na
Figura 7.11 Problema7.9. vertical, de 5 cm, a partir da superfície livre. Os valores das cargas de pressão
medidas estão na tabela abaixo, em mmH20. Detennine:
a) a força sobre a parede do canal por unidade de comprimento;
b) a relação entre a força determinada experimentalmente e aquela que se
obte1ia adotando-se uma distribuição de pressão hidrostática.

o o
5 51
10 105
15 160
20 215
25 275

O canal parabólico cuja seção reta é a) [F = 327,56 N/m]; b) [1,069]


mostrada na figura transporta em regime
permanente e uniforme, uma vazão de 2,0
m3 /s com altura d'água y0 = 1,0 m. O
escoamento é fluvial ou torrencial?
di Água escoa ocupando toda a seção de um canal semi-hexagonal re-
vestido de concreto, com largura de fundo b. A vazão é 12 m 3/s. Determi-
ne o valor de b se o número de Fraude do escoamento for 0,65.
[b =2,0 m]
7.12 A distribuição bidimensional de velocidade em uma seção de um canal
largo pode ser aproximada pela equação V= V (y/yJn , na qual V é a veloci-
0

dade do fluxo para a altura d'água y; V 0 a velocidade do fluxo para a altura y0


e n uma constante. Determine a relação entre os coeficientes a de Coriolis e ~
de Boussinesq.
[a/ ~ = (2n" + 3n + 1)/(311 +I)]

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