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Curso de Arquitetura e Urbanismo I UFOP

A R Q 1 1 4 - To p o g r a f i a e D e s e n h o To p o g r á f i c o

Interpretação do Espaço Urbano

Profa. Ma. Giselle O. Mascarenhas


I I N T E R P R E TAÇ ÃO D O ES PAÇO U R B A N O I

Paisagem e espaço não são sinônimos.

A paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que
representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza.

O espaço são essas formas mais a vida que as anima.


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A paisagem é, pois, um sistema material e, nessa condição, relativamente imutável: o espaço é


um sistema de valores, que se transforma permanentemente.

Paisagem e sociedade são variáveis complementares cuja síntese, sempre por refazer, é dada
pelo espaço humano.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção - 4. ed. 2. reimpr. -
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006
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Como construir uma crítica da paisagem e do espaço


contemporâneos?
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Pode-se construir essa crítica a partir da paisagem como artefato e como


sistema, já que a paisagem é, evidentemente, uma produção humana,
caracterizando-se como um conjunto de elementos/objetos interligados.

Serpa, Angelo- Paisagem ambiente : ensaios- n. 27 – São Paulo-P. 131 - 138 - 2010
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É necessário revelar, por trás dos sistemas de objetos, os sistemas de


valores que embasam as ações dos diferentes agentes e grupos que
produzem espaço. Trata-se de intervir no todo estrutural (o espaço),
introduzindo novos objetos em arranjos urbano-regionais, cuja lógica deve
ser compreendida, analisada e criticada, ao invés de relegada ao plano dos
“desvios” ou do “indesejável”.

Serpa, Angelo- Paisagem ambiente : ensaios- n. 27 – São Paulo-P. 131 - 138 - 2010
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Devemos, portanto, como pesquisadores e profissionais da paisagem


e do espaço, debruçar-nos de forma crítica e ativa, sobre as novas
possibilidades de arranjos territoriais, nas quais os lugares sirvam
realmente de “pontos de apoio” para a construção de paisagens e espaços
mais cidadãos.

Serpa, Angelo- Paisagem ambiente : ensaios- n. 27 – São Paulo-P. 131 - 138 - 2010
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DIAGRAMA ESTRUTURAL DA
CIDADE

Superestrutura

Mesoestrutura

Infraestrutura
(Plataforma Geológica)

Diagrama Estrutural da Cidade – Fonte: Carvalho, 2001, p.19.


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superestrutura

• A superestrutura refere-se ao agrupamento dos elementos edificados pelo


homem, ou seja, as estruturas como moradias, edifícios comerciais,
institucionais etc.
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infraestrutura

• A infraestrutura é constituída pelo conjunto das condições de suporte para a


meso e a superestrutura, desempenhando papel determinante sobre os
fatores de sustentabilidade. Inclui, dentre outros elementos, os sistemas
geológico, hídrico e atmosférico. Promove as condições de absorção e
atenuação dos impactos ambientais decorrentes da interação antrópica com
o meio físico-ambiental.
Ilustrãções de David Macaulay
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mesoestrutura

• Entende-se por mesoestrutura o conjunto de sistemas, obras e intervenções


que cumprem a função de intermediar a relação entre a base físico-natural
e os assentamentos urbanos, adaptando a infraestrutura à superestrutura e
vice-versa. Abrangendo os sistemas de suprimento e de esgotamento, o
sistema de circulação e acessos, escoamento pluvial, e os demais elementos
que dão condições de funcionamento à superestrutura
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mesoestrutura

Para cumprimento de suas funções, a mesoestrutura deve adaptar-se às


necessidades e ao porte das superestruturas e também às condições de
suporte determinadas pela infraestrutura. O resultado dessa interação
(harmônico ou não) determinará o desempenho dos assentamentos humanos.
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Uma mesma cidade conta com diferentes organizações


espaciais
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cidade formal Super e mesoestrutura formais. Infraestrutura relegada


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Balneário Camboriú, Santa Catarina


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Serra do Curral, Belo Horizonte


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cidade ‘informal’ Super e mesoestrutura informais. Infraestrutura relegada


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c i d a d e ( a i n d a ) n ã o - e d i f i c a d a Apenas com mesoestrutura
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E OURO PRETO?
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cidade espontânea Áreas ditas informais com ocupações em encostas


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cidade histórica Centro consolidado e tombado


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Tipologias e ocupações regulares “estranhas” ao restante
c i d a d e r e g u l a r da cidade
uma outra Ouro Preto

Trabalho desenvolvido por alunos da


UFOP
“São 313, sendo que pelo menos
97% delas estão no patamar de risco
geológico alto e 2,8%, muito alto.
Ao todo, 6.486 pessoas são afetadas
pelo problema” (Estado de Minas a
partir do levantamento do Serviço
Geológico do Brasil, 2023).

Principais fatores que contribuem


para a fragilidade da Serra de OP:
formação geológica, exploração
mineral e a ocupação informal
(SOBREIRA, 2014)
Gráfico com os Bairros de Ouro Preto e registros de deslizamentos.
Bairros da Serra de Ouro Preto destacados.
Fonte: NUGEO e Defesa Civil., 2018.
Registro dos Movimentos Gravitacionais de Massa por Bairro de Ouro Preto.
Fonte: NUGEO, 2018.
Elementos de mesoestrutura
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Densidade, dispersão e forma urbana


Dimensões e limites da sustentabilidade habitacional
Geovany Jessé Alexandre da Silva, Samira Elias Silva e Carlos Alejandro Nome
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Rede viária

Conjunto de vias, incluem-se os indutores urbanos (vias expressas, rodoanéis,


transportes públicos etc.)

Leito carroçável-destinado ao trânsito de veículos e


escoamento das águas pluviais
VIA URBANA

Passeios- destinados ao trânsito de pedestres


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REDE VIÁRIA- Pavimentação

ASFALTO CALÇADA ECOLÓGICA


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REDE VIÁRIA- PASSEIOS

Fonte: Mascaró, Juan Luis. Loteamentos Urbanos, 2003.


Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Ouro Preto

ANEXO II: QUADRO DIMENSÕES DOS COMPONENTES DAS VIAS URBANAS

I - a largura mínima das calçadas para os novos loteamentos é de 2,40metros;


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rede de drenagem

sistema para drenagem de águas pluviais

Rua pavimentadas- com guias e sarjetas


REDE DE
DRENAGEM
Rede de Tubulações- com sistemas de captação
CONVENCIONAL
Áreas deliberadamente alagáveis
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BOCA-DE-LOBO ESCADA DE DRENAGEM


x
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REDE DE DRENAGEM- locação das sarjetas

LATERAIS CENTRAIS
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REDE DE DRENAGEM- jardins de chuva (áreas alagáveis)


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rede de abastecimento de água

Captação- montado junto ao manancial para captar água ao


sistema de abastecimento
Adução- conjunto de peças que realizam as ligações entre
mananciais, redes de tratamentos e reservatórios de
distribuição
ABASTECIMENTO
Recalque- sistemas de elevação de água de um ponto ao
CONVENCIONAL
outro
Reservatório- assegura a reserva de água e melhora a
pressão da água na rede de distribuição
Tratamento- adequação da água para consumo
Distribuição- conjunto de condutos das vias públicas , junto
aos edifícios, com função de conduzir água para consumo
público
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Os diferentes traçados
influenciam diretamente nos
custos da rede de
distribuição
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Rede de esgotamento sanitário

Rede de tubulações- para transporte de esgoto

REDE DE ESGOTOS Elementos acessórios- como os poços de visitas


URBANOS
Estações de tratamento
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rede de energia elétrica

Geração
SISTEMAS
ELÉTRICOS DE Transmissão
POTÊNCIA
Distribuição
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CABEAMENTO PADRÃO CEMIG CABEAMENTO SUBTERRÂNEO


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Meso + infraestrutura= arranjos


topográficos
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Rua reta em terreno acidentado:

• Evitar cruzar linha de drenagem;


• Sempre que possível, acompanhar a curva de nível;
• Realizar galeria ou ponte;
• Drenar o ponto baixo da via.
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Uso da linha de drenagem:

a)Preservar (áreas verdes): para linhas profundas , com declividade elevada ou com vegetação
importante;

b) Via: para linhas rasas com declividade baixa.


TRAÇADOS URBANOS

Fonte: Mascaró, Juan Luis. Loteamentos Urbanos, 2003.


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traçados urbanos

-O traçado Urbano começa com a definição de avenidas, ruas e caminhos para


pedestres necessários para tornar acessíveis as diferentes partes do espaço.

-Essas avenidas e ruas assumem traçados e desenhos muito diferentes, conforme a


topografia do local, as características do usuário e o motivo pelo qual transita nessas
vias.

-Em geral, todos os traçados não ortogonais tem custos mais elevados que os
ortogonais e apresentam taxas de aproveitamento menores, porque formam glebas
irregulares.
Malhas urbanas fechadas

Do ponto de vista econômico, e em


princípio, todos os traçados não-ortogonais
(exemplos b e c), têm custos maiores que os
ortogonais e apresentam taxas de
aproveitamento menores porque forma
glebas irregulares.
Seus custos são ainda superiores porque os
quilômetros de vias necessárias para servir
uma mesma área urbana são maiores, e o
perímetro dos quarteirões aumenta na
medida em que nos afastamos do quadrado.
Os cruzamentos, por serem atípicos,
também terão maior superfície a ser
pavimentada.
Em resumo, quando abandonamos o modelo
da quadrícula ortogonal, podemos dizer que,
pela quantidade de metros de vias e redes
em geral, por lote servido, teremos um custo
de 20%-50% maior do que com malhas
ortogonais.

Fonte: Mascaró, Juan Luis. Loteamentos Urbanos, 2003.


Malhas urbanas abertas e semi-abertas

Nessas malhas, para áreas urbanas iguais são


necessários menos quilômetros de vias e mais
lotes servidos, se usadas criteriosamente. Em
geral, a quantidade média de lotes por hectare
tem um crescimento de 17% em relação às
malhas fechadas; simultaneamente, a
quantidade de área ocupada pelo sistema
viário se reduz algo em torno de 11%. No
conjunto, o custo de implantação de cada lote
diminui entre 20%-25%, só por se adotar o
critério de rede de malha aberta em lugar da
malha fechada convencional.
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traçados urbanos
-A figura abaixo demonstra um exemplo de como ficam os lotes quando o traçado
urbano não é ortogonal.
-Os lotes irregulares terão importantes perdas de área útil.
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traçado x topografia
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traçado x topografia

• Terrenos planos ou de baixa e uniforme declividade- Traçados geométricos

• Terrenos acidentados- traçados devem acompanhar as curvas de nível.


Garantir que todas as ruas tenham declividade apropriada.
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E OURO PRETO?
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topografia

-Terreno muito acidentado


- Relevo:
•Plano= 5%;
•Ondulado= 40%;
•Montanhoso = 55%
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Malha urbana

- Traçado urbano irregular que acompanha a sinuosidade do sítio;


- Grandes quadras, no geral, irregulares;
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Malha urbana
- Composta, no geral, por lotes compridos de dimensões variadas sem recuos
frontais ou laterais;

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