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Autores-Colaboradores
Abel Augusto Neto
do Rego Costa Amir Zeide
Neto Charruf
Adriana Santos
de Oliveira Ana Júlia
Machado Talma
Adriano Tito André Bouzas
Souza Vieira de Andrade
Alberto
Machado da Ponte
André Felix Felipe Saraiva
Gentil Bernardes
André Gusmão Francisco
Cunha Tustumi
André Luiz Gioia Giulia Godoy
Morrell Takahashi
Angélica Saiuri Giulia Poli
de Aurelio Oliveira Bento
Penteado Guilherme de
Antonio Afonso Freitas Paganoti
de Miranda Neto
Guilherme
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Bruno Vinicius Felga
H. de Mattos Gustavo Gomes
Ribeiro Monteiro
Camila Maria
Arruda Vilanova Gustavo
Carlos Augusto Heluani Antunes
Metidieri de Mesquita
Menegozzo Harue Santiago
Kumakura
Caroline do
Valle Rotter Henrique
Christian Simonsen
Barbosa Lamha Lunardelli
Hugo Octaviano
Cintia Mayumi Duarte Santos
Sakurai Kimura
Daniel Abreu Iago Miranda
Rocha Oliveira Dórea
Igor Lepski Calil
Danilo Pinheiro
Nunes Jeammy Andrea
Debora Faria Perez Parra
Nogueira Jefferson Matos
de Menezes
Eduardo
Guimarães João Guilherme
Hourneaux de Brunca
Moura João Henrique
Eduardo Leite Fonseca do
Fonseca Nascimento
Emanuela Zippo John Anibal
Epifânio Silvino Tapia
do Monte Junior José Donizeti de
Meira Júnior
Eric Shigueo
Boninsenha José Francisco
Kunizaki de Mattos Farah
Eric Wagner da Letícia Nobre
Silva Lopes
Estevão Moreira Lucas Cata
David Preta Stolzemburg
Lucas Ernani Rafael
Magalhães Jeuken
Lucas Takemura
Luis Gustavo Rafael Rojas
Gusberti Claros
Rafael Vaz
Marcelo Lima Pandini
Portocarrero
Marco Antônio Rebeca Ferreira
Santos Oliveira de Souza
Renan
Mariana Novaes Rodrigues
Mariane Gouvêa
Monteiro de Rodrigo Cezar
Camargo Mileo
Rodrigo Pereira
Marina Carla Peixoto
Gimenez
Matheus Shuaib El
Pascotto de Salles Boustani
Sofia Machado
Mikhael Talma
Belkovsky
Miller Barreto Sumaya Abdul
de Brito e Silva Ghaffar
Talita da Silva
Milton Steinman Pinto
Monique
Mendes Thaisa Soares
Crespo
Nicole Inforsato Vagner Birk
Oliver Rojas Jeismann
Claros
Vanessa Silveira
Paolla Dorneles Aguiar Cruz
Ferraz Sousa Vergilius José
Pedro Filipe Furtado de Araujo
Medeiros Gomes Neto
Pedro Henrique Vinícius Lacerda
Peixoto Costa Ribeiro
Pedro Moraes Vitória Ramos
Jayme
Prof. Dr. Marcelo
Augusto Fontenelle Willian Miguel
Ribeiro Júnior Yuri Souza
Rafael Antonio Botelho
Arruda Pecora
Prefácio
O livro Cirurgia: 50 Casos Clínicos foi pensado para ser
um instrumento de fácil acesso, conciso e de rápida
leitura para estudantes de medicina, residentes das mais
diversas áreas cirúrgicas e também profissionais já
formados.
Objetivos de aprendizado/competências:
pontos que possam ser estudados com base no caso
clínico e/ou aprofundados com base na literatura.
Aqui deve-se observar quais competências ou
habilidades podem ser treinadas e aprendidas com
o caso em questão dando-se ênfase a questões
práticas e incentivando o estudo e a prática para o
desenvolvimento desses temas propostos.
Caso 27 | Apendicite
Caso 41 | Tireoide
História Clínica
R. O. L. G., 30 anos, sexo masculino, natural e
procedente de São Paulo, procurou a unidade de
atendimento básica, queixando-se de boca amarga,
quase que diário, com piora à noite, com episódios de
regurgitação associados algumas vezes. Refere, também,
uma sensação de queimação retroesternal e
epigastralgia, estas com pronta melhora com o uso de
leite de magnésia que decidiu tomar por conta própria.
Nega melhora ou piora com a alimentação, nega perda
ponderal, disfagia ou odinofagia. Nega uso de medicação
para quaisquer comorbidades.
Evolução Do Caso
O paciente perdeu seguimento com a equipe e não
retornou após as 8 semanas, porém 5 anos depois
retornou ao atendimento, queixando-se agora de disfagia
há 2 meses e que os sintomas prévios até melhoraram
com o tratamento proposto, entretanto, eventualmente
voltavam. Refere também uma perda ponderal de 3
quilos nesse período.
2ª Hipótese Diagnóstica
Esofagite de Refluxo com Estenose Péptica ou Esôfago
de Barrett. Devido aos sinais de alarme, diferindo da
situação anterior, foi solicitada endoscopia digestiva alta
com o seguinte achado: esôfago distal afilado com áreas
de epitélio vermelho-salmão até 3cm da junção esôfago-
gástrica, sendo realizada biópsia.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Anomalias anatômicas
Diagnóstico
Esofagite de refluxo
Úlcera esofágica
Tratamento
Não farmacológico
Farmacológico
Os IBPS são considerados a terapia medicamentosa
mais efetiva para DRGE, devido à profunda e consistente
supressão ácida (Tabela 3). O primeiro composto nesta
classe de drogas, o omeprazol, foi introduzido no final
dos anos 1980. Globalmente, os IBPs são seguros e
demonstram diferentes níveis de resposta que variam
entre 56 a 100% em comparação a outros medicamentos
antirrefluxo.
Dose,
IBP Nome comercial
mg
10, 20,
1 Omeprazol Prilosec, Prilosec OTC
40
Prevacid, Prevacid 24
3 Lansoprazol 15, 30
hs
Tratamento cirúrgico
Quando indicar?
E a estenose esofágica?
Pontos Importantes
Para se comprovar a DRGE é necessária a presença
de retorno do conteúdo alimentar gástrico para o
esôfago ou estruturas adjacentes associado à
sintomas ou achados endoscópicos.
A ocorrência de refluxo gastroesofágico de curta
duração, principalmente após as refeições é comum
e não configura a DRGE.
O diagnóstico é realizado clinicamente e não há
necessidade de exames adicionais em um primeiro
momento em pacientes jovens com sintomas típicos
sem presença de sinais de alarme.
A EDA é um exame bastante específico para o
diagnóstico de DRGE, porém é pouco sensível, haja
vista que complicações como esofagite e estenose
são vistas em menos de 30 e 10% dos casos,
respectivamente.
O pilar do tratamento se baseia em mudanças
comportamentais, tratamento farmacológico e
cirúrgico.
Dentre as complicações mais importantes estão a
estenose péptica e o esôfago de Barrett, este último
é considerado lesão precursora de adenorcarcinoma
e deve ser devidamente acompanhado.
Com o surgimento do esôfago de Barrett, os
sintomas de pirose normalmente tendem a se
atenuar, pois houve a modificação do epitélio
estratificado pelo colunar, este adaptado a receber
conteúdo ácido.
A escolha terapêutica baseia-se na individualização
do caso, da gravidade dos sintomas, na influência
na qualidade de vida e perspectiva do paciente
O diagnóstico correto é inequívoco da relação dos
sintomas com a DRGE é a chave do sucesso na
indicação cirúrgica.
A técnica adequada e a experiência da equipe
cirúrgica são fatores ligados ao sucesso e baixo
índice de complicações e efeitos colaterais do
procedimento.
A recidiva dos sintomas pode acontecer em
porcentagem de 10-30% e deve ser discutida e
alertada ao paciente já no pré-operatório.
Referências
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Diagnosis and Management of Gastroesophageal
Reflux Disease. Am J Gastroenterol. 2013;108:308–
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Without Division of Short Gastric Vessels: a Short-
Term Clinical Evaluation. Acta Cir
Bras.2007;22(6):422-9.
Caso 02 | Acalasia
Autores: Estevão Moreira David, Debora Faria Nogueira, Rodrigo
Pereira Peixoto,
Ana Júlia Machado Talma, Sofia Machado Talma
Orientador: Frederico Cantarino Cordeiro de Araújo
História Clínica
V. F. D. S., 39 anos, sexo feminino, solteira, branca,
natural da zona rural de Santos Dummont – MG,
residente em Juiz de Fora/MG. Foi encaminhada ao centro
de Cirurgia do Aparelho Digestivo queixando-se de
disfagia progressiva. Quadro inicialmente para sólidos,
progredindo lentamente para disfagia intensa, mesmo
para líquidos, acompanhada de regurgitação de
alimentos não digeridos, dor retrosternal em queimação
e tosse frequente. Houve perda ponderal de 50 kg nesse
período de 4 anos (peso inicial de 120 kg).
Exame Físico
Bom estado geral, corada, hidratada, afebril,
anictérica, lúcida, orientada no tempo e espaço.
Avaliação nutricional subjetiva global: desnutrição
leve.
Exames Complementares
Esôfago:
Duodeno:
Conclusões:
Acalasia da cárdia?
Esofagograma contrastado:
Figura 1 –Esofagograma contrastado. Observe os achados de dilatação do
corpo do esôfago e afilamento distal em “ponta de lápis”.
Manometria
Laboratório:
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Etiologia
Patogênese
Diagnóstico
até 4 cm;
entre 4 e 7 cm;
7 e 10 cm;
Manometria Esofágica
Tratamento
Esofagectomia
Outros Tratamentos
Farmacoterapia
Toxina botulínica
Cardioplastias
Ambas as cirurgias.
Pontos Importantes
Embora não sejam necessariamente sinônimos,
referem-se à doença tanto como acalasia quanto
como megaesôfago na literatura.
Suspeita-se de acalasia nos casos de disfagia de
condução, baixa, associada à regurgitação e perda
ponderal em um caso de evolução crônica.
Toda disfagia deve ser inicialmente investigada com
Endoscopia Digestiva Alta, no intuito de afastar
diagnósticos malignos, dada a gravidade.
Afastada a suspeita de câncer esofágico, a
investigação é realizada por Esofagograma e
confirmada pela Manometria Esofágica.
Não raro, a manometria é incompleta pela
incapacidade de se transpor o esfíncter esofagiano
inferior. Essa situação não deve impedir o médico de
se firmar em um diagnóstico de trabalho e conduta
adequados.
Futuramente, a Manometria Esofágica de Alta
Resolução, ao se tornar mais acessível, auxiliará o
médico-assistente a ponderar entre os métodos
terapêuticos com maior eficácia.
A Cardiomiotomia com Fundoplicatura a Heller
Pinotti por via videolaparoscópica é o tratamento de
escolha para a acalasia, embora pouco disponível.
A dilatação pneumática endoscópica seriada da
cárdia é um ótimo método terapêutico, mais
amplamente disponível, podendo ser utilizada como
forma definitiva em casos iniciais, ou como ponte
em casos muito desnutridos.
A esofagectomia é evitada por alta mortalidade, e a
farmacoterapia por baixa eficácia. Outros métodos
ainda não têm um lugar bem definido na literatura,
no que tange o tratamento da acalasia, mas
compõem o arsenal terapêutico.
Referências
1. Bianchi ET; Sallum RAA; Szachnowicz S; Seguro
FCBC; Duarte AF; Rocha JRM; Cecconello I. Heller-
Pinotti, a Modified Partial Fundoplication Associated
with Myotomy to Treat Achalasia: Technical and Final
Results from 445 Patients. Mini-invasive Surg, v. 1,
p. 153-9, 2017.
História Clínica
Paciente de 68 anos, masculino, com quadro de
disfagia há 4 meses, com piora progressiva, associada a
dor retrosternal, regurgitação e perda de peso (6 kg).
Antecedentes pessoais: DPOC.
Exame Físico
IMC 19 kg/m².
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Discussão
O câncer de esôfago é mais comum em homens, com
idade mediana de 68 anos. Representa 1% dos novos
casos de câncer no mundo. Para 2019, no mundo, o
número estimado de novos casos é de 17.650¹. A
sobrevida média global em 5 anos, no Brasil e no mundo,
gira em torno de 20%, tanto para adenocarcinoma
quanto para carcinoma espinocelular². Os fatores de risco
mais comuns são tabagismo e etilismo para carcinoma
espinocelular, e obesidade e doença do refluxo para
adenocarcinoma. A acalasia da cárdia, embora doença
incomum no mundo, aumenta significativamente o risco
para câncer, principalmente para carcinoma
espinocelular3,4.
Pontos Importantes
A disfagia rapidamente progressiva é o sintoma
mais comum;
Referências
1. Ferlay J, Shin HR, Bray F et al (2010) Estimates of
worldwide burden of cancer in 2008: GLOBOCAN
2008. Int J Cancer. 127: 2893-2917.
2. Tustumi F, Kimura CM, Takeda FR, Uema RH, Salum
RA, Ribeiro-Junior U, Cecconello I. Prognostic factors
and survival analysis in esophageal carcinoma. Arq
Bras Cir Dig. 2016 Jul-Sep; 29(3): 138-141.
História Clínica
T.M.R, 75 anos, sexo feminino, queixa-se de
epigastralgia, náuseas e vômitos pós-prandiais há um
ano. Paciente com antecedente de HAS, DM,
apendicectomia há 30 anos, histerectomia e anexectomia
esquerda há 26 anos por miomatose uterina. Nega
antecedente familiar de neoplasias. Nega tabagismo e
etilismo.
Exame Físico
Sinais Vitais: PA: 120x70, FC: 90bpm, FR: 18, SatO₂%:
97%, IMC: 21,3
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Anatomopatológico
Discussão
Conceito
Epidemiologia
4.
Patogênese
Diagnóstico
Achados laboratoriais
T – Tumor primário
N – Linfonodos
M – Metástases
M1 Metástases à distância
0 pTispN0M0
IA pT1pN0M0
IB pT2N0M0
IV qqpTqqNM1
Tratamento
Após o diagnóstico e estadiamento do Câncer
Gástrico, as opções de tratamentos serão divididas em
curativos e paliativos⁹.
Tratamento Curativo
Tratamento paliativo
Prognóstico
Pontos Importantes
Adenocarcinoma gástrico é responsável por 95%
dos tumores de estômago.
Referências
1. Lauren et al, Gastric cancer review J Carcinog. 2014;
13: 14. Published online 2014 Dec 19. doi:
10.4103/1477-3163.146506.
História Clínica
R.C.C., 56 anos, sexo feminino, casada, 2 filhos,
trabalhadora do lar, negra, natural e residente de São
Paulo, foi encaminhada pela Endocrinologia ao Serviço de
Cirurgia do Aparelho Digestivo para avaliação quanto à
possível indicação de cirurgia bariátrica. Paciente conta
história de obesidade há 30 anos. Refere que sempre
esteve acima do peso, mas que teve piora importante do
quadro após a sua primeira gestação, e nova piora após
a segunda gestação. Refere ter tido várias tentativas de
emagrecimento ao longo dos anos, porém sem sucesso.
Refere ter feito tratamento por 3 anos com equipe de
endocrinologia, com uso de topiramato e orlistat, com
perda de 12 kg de peso, porém evoluiu com reganho do
peso perdido após interrupção do tratamento.
Apresenta história de hipertensão arterial sistêmica,
diabetes melito tipo 2, dislipidemia, além de artropatia
em joelho direito, com limitação da locomoção.
Exame Físico
Sinais vitais: PA 138 x 86 mmHG, FC 76 bpm, FR 16,
SatO₂% 98%.
Exames Laboratoriais
Hb 13,6 g/dl (12,0 a 15,5)
Exames De Imagem
USG de abdome superior: Esteatose hepática grau
2 (moderada), com aumento difuso da ecogenicidade
hepática, com borramento na visualização dos vasos
intra-hepáticos e do diafragma. Não apresenta sinais de
colelitíase.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta a
obesidade como um dos maiores problemas de saúde
pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de
2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de
700 milhões, obesos. O número de crianças com
sobrepeso e obesidade no mundo pode chegar a 75
milhões, caso não sejam implantadas medidas globais de
reeducação alimentar e prevenção da obesidade infantil4,
5, 6.
Patogênese
Diagnóstico e classificação
Normal ou
18,5-24,9 0 Normal
eutrófico
Sobrepeso ou pré-
25-29,9 0 Pouco elevado
obeso
Muitíssimo
>40,0 Obesidade grave III
elevado
Tratamento cirúrgico
Idade de 18 a 65 anos;
Pontos Importantes
Atualmente, observamos na população uma
verdadeira epidemia de obesidade, causada,
principalmente, pela alta oferta de alimentos
altamente calóricos e pelo estilo de vida sedentário.
Referências
1. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e
da Síndrome Metabólica (ABESO). Diretrizes
brasileiras de obesidade 2016. 4. ed. São Paulo.
2. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e
da Síndrome Metabólica [homepage na internet].
Mapa da Obesidade [acesso em 08 de abril de
2019]. Disponível em: http://www. abeso. org.br/
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3. Kanter R, Caballero B. Global gender disparities in
obesity: a review. Adv Nutr. 2012 Jul 1; 3(4): 491-8.
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nacional-de-saude.
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Switzerland), World Health Organization. Division of
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Reproductive Health. (1998). Obesity: preventing
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Geneva: World Health Organization.
7. Gagner M, Hutchinson C, Rosenthal R. Fifth
International Consensus Conference: current status
of sleeve gastrectomy. Surg Obes Relat Dis. 2016
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8. Iannelli A, Treacy P, Sebastianelli L, Schiavo L,
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gastrectomy: review of the literature. J Min Access
Surg. 2019 Jan-Mar; 15(1): 1-7.
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gastric bypass in 1573 consecutive patients: are
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10. Lager CJ, Esfandiari NH, Subauste AR, Kraftson AT,
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bypass vs. sleeve gastrectomy: balancing the risks
of surgery with the benefits of weight loss. Obes
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11. American Society for Metabolic and Bariatric
Surgery [homepage na internet]. Estimate of
bariatric surgery numbers, 2011-2017 [acesso em 8
de abril de 2019]. Disponível em: https://asmbs.org/
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12. American Society for Metabolic and Bariatric
Surgery [homepage na internet]. Bariatric surgery
procedures [acesso em 8 de abril de 2019].
Disponível em: https://asmbs.org/ patients/bariatric-
surgery-procedures
Caso 06 | Complicações
Precoces Após Cirurgia
Bariátrica
Autora: Anna Carolina Batista Dantas
História Clínica
Paciente feminina, 45 anos, portadora de obesidade
mórbida (IMC 42 kg/m²) associada a HAS e esteatose
hepática, foi submetida há 5 dias a By-pass gástrico em
Y-de-Roux por laparoscopia, sem intercorrências. Recebeu
alta hospitalar no 2º dia após a cirurgia e voltou hoje ao
pronto atendimento com dor abdominal, febre e mal-
estar.
Sinais vitais
PA 130x80
FC = 120 bpm
SpO₂ 95%
Temp = 38,5°
Peso = 112 kg
Alt = 1,65
IMC = 41,1
Atendimento Inicial
Como paciente estava estável, foi mantida em sala de
observação até investigação diagnóstica. Baseado no
quadro clínico, tempo de pós-operatório e aspecto do
dreno, feita suspeita clínica inicial de fístula do pouch
gástrico. A paciente foi mantida em jejum via oral, com
hidratação venosa com SF 0,9% 500 mL, inicialmente, e
prescrito antibiótico terapia com Ceftriaxona 1 g e
Metronidazol 500 mg endovenoso. Solicitados exames
laboratoriais gerais e Tomografia de Abdome com
contraste oral (1 copo) e venoso.
Exames Complementares
Hb 12,8 g/dL (12,0 a 15,5)
Tratamento Definitivo
Como paciente estável, sem sinais de sepse e coleção
bem delimitada pela TC, foi optado por tratamento com
drenagem percutânea guiada por ultrassonografia.
Realizado procedimento no setor de radiologia sob
anestesia local e sedação, com saída de cerca de 100 mL
de líquido purulento, enviado para cultura, e mantido
dreno no local.
Discussão
Com a epidemia de obesidade nas últimas décadas, a
cirurgia bariátrica tem crescido no Brasil e no mundo. Um
levantamento recente mostrou que em 2018 foram
realizadas cerca de 60.000 cirurgias bariátricas no Brasil,
mas esse número representa somente 0,47% da
população obesa elegível ao procedimento (isto é, com
Índice de Massa Corpórea maior que 35 kg/m²).
Fístula
Sangramento
Pontos Importantes
Atentar para sinais e sintomas inespecíficos, como
mal-estar, dor abdominal difusa e taquicardia.
Entender as diferenças anatômicas entre as
principais técnicas cirúrgicas (Gastrectomia Vertical
e By-pass gástrico) para diferenciar as complicações
especificas.
Se suspeita de complicação, realizar Tomografia de
Abdome Total com contraste oral e venoso para
excluir as principais complicações.
Em caso de reoperação de urgência, priorizar acesso
por laparoscopia se houver condição clínica.
Considerar que o paciente obeso mórbido tem
múltiplas comorbidades e elas podem
descompensar na vigência de uma complicação
cirúrgica.
Referências
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Laparoscopic Bariatric Procedures: Update for the
General Surgeon. Langenbecks Arch Surg. 2013
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Bariatric Surgery Readmissions: Findings From
130,007 Admissions in the Metabolic and Bariatric
Surgery Accreditation and Quality Improvement
Program. Ann Surg. 2018 Jan;267(1):122-131.
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Laparoscopic Gastric Bypass: a Multicentre,
Randomised, Parallel, Open-Label Trial. Lancet. 2016
Apr 2;387(10026):1397-1404.
4. Khokari J; et al. Early Small Bowel Obstruction After
Laparoscopic Gastric Bypass: a Surgical Emergency.
Surg Obes Relat Dis. (2018) 1-8.
5. Goitein D; Matter I; Raziel A; et al. Portomesenteric
Thrombosis Following Laparoscopic Bariatric
Surgery: Incidence, Patterns of Clinical Presentation,
and Etiology in a Bariatric Patient Population. JAMA
Surg 2013;148(4):340-6.
Caso 07 | Metástase
Hepática De Câncer
Colorretal
Autores: Rodrigo Cezar Mileo, Giulia Poli Oliveira Bento, Letícia
Nobre Lopes
Orientador: Vagner Birk Jeismann
História Clínica
J.P.S., 51 anos, sexo masculino, casado, administrador,
pardo, natural e residente da cidade de São Paulo-SP,
encaminhado pelo médico oncologista assistente para
avaliação cirúrgica.
Exame Físico
Bom estado geral, corado, hidratado, anictérico e
afebril.
HbA1c: 6%
Figura 1B
Figura 1C
Figura 1 – Ressonância magnética com gadolínio. Sequência portal
evidenciando 3 lesões pequenas em segmento 5 (A e B) e 2 lesões
pequenas em segmento 7 (C), sugestivas de metástases. O volume
estimado dos segmentos 1, 2, 3 e 4 correspondia a cerca de 25% do volume
total do fígado.
Hipótese Diagnóstica
Metástases hepáticas (5) ressecáveis de câncer
colorretal ressecado previamente (pT3N1b).
Conduta
Devido a elementos que sugeriam agressividade da
doença oncológica (metástases ao diagnóstico,
linfonodos pericólicos comprometidos, metástases
múltiplas, CEA elevado), foi optado pela realização de
quimioterapia nesse momento com 5-fluoracil, leucovorin
e oxaliplatina (esquema FOLFOX) por cerca de 2-3 meses
(2 ciclos), seguido de reestadiamento.
O paciente apresentou boa tolerância aos 2 ciclos de
FOLFOX. Na reavaliação, houve queda do CEA de 210
para 18 ng/mL. Um novo exame de RM evidenciou
diminuição discreta de 4 das 5 lesões e o
desaparecimento de 1 das lesões no segmento 5.
Figura 2A
Figura 2B
Figura 2C
Figura 2 – Aspecto final da cirurgia realizada. A: ressecção anatômica do
segmento 5. B: ressecção não anatômica de nódulo em segmento 8. C:
ressecção não anatômica de nódulo em segmento 2.
Seguimento
O tratamento sistêmico com quimioterapia (esquema
FOLFOX) foi completado por mais cerca de 4 meses. No
momento, com 1 ano de seguimento após a cirurgia, o
paciente apresenta-se sem evidência de doença
oncológica.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Benefício da cirurgia
Critérios de ressecabilidade
Técnica cirúrgica
Pontos Importantes
MHCCR podem ser tratadas através de cirurgia.
A RM tem ganhado muito espaço no diagnóstico e
estadiamento de MHCCR, porém o US
intraoperatório é o melhor exame para
estadiamento e deve ser realizado em todos os
pacientes submetidos a hepatectomia por MHCCR.
Referências
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mortality and prevalence worldwide in 2012.
International Agency for Research on Cancer, Lyon,
France.
http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_population.
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2. Ghiringhelli F, Hennequin A, Drouillard A, Lepage C,
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metastases: A French population-based study. Dig
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colorectal cancer is associated with adotion of
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Indications and results. Dis Colon Rectum
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5. Soyer P, Poccard M, Boudiaf M, Abitbol M, Hamzi L,
Panis Y, et al. Detection of hypovascular hepatic
metastases at triple-phase helical CT: sensitivity of
phases and comparison with surgical and
histopathologic findings. Radiology
2004;231(2):413–20.
História Clínica
APGC, 42 anos, sexo feminino, casada, secretária,
branca, G2P2A0, natural e residente da cidade de São
Paulo-SP, procurou médico especialista após exames de
imagem alterados.
Exame Físico
Bom estado geral, corada, hidratada, anictérica e
afebril.
R: 1,05
TGO: 27 U/L (até 32)
Conduta E Evolução
Devido à ausência de sintomas e benignidade do
diagnóstico, optado pela conduta conservadora com
seguimento clínico apenas. O anticoncepcional hormonal
oral não foi interrompido e a paciente permaneceu sem
intercorrências.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Investigação
Hemangioma hepático
Adenoma hepatocelular
HNF1alfa
Inflamatório Mutação da B-
inativado
(40-55%) catenina (10-15%)
(35-50%)
Quase
exclusivo em
Obesidade,
mulheres
Epidemiologia Sínd. Homens Androgênios
Adenomatose
metabólica
hepática
familiar
Menor risco
Complicações Sangramento de Malignização
complicações
Pontos Importantes
A maior parte dos nódulos hepáticos identificados
em pacientes assintomáticos e sem antecedentes
de câncer ou hepatopatia é benigno e não
necessitará de cirurgia.
Referências
1. Herman P, Costa ML, Machado MA, Pugliese V,
D’Albuquerque LA, Machado MC, Gama-Rodrigues JJ,
Saad WA. Management of Hepatic Hemangiomas: A
14-Year Experience. J Gastrointest Surg. 2005 Jul-
Aug;9(6):853-9.
História Clínica
Paciente masculino, 66 anos, natural e procedente de
São Paulo, vem encaminhado para a triagem do
transplante hepático. No momento está assintomático e
diz que há um ano recebeu o diagnóstico incidental de
Hepatite C crônica (VHC). Desde então faz seguimento
em UBS para hepatopatia, porém não realizou
tratamento do VHC. No último ultrassom foi identificado
nódulo hepático e, por isso, veio encaminhado para o
serviço de transplante de fígado.
Antecedentes pessoais:
Nega vícios.
Politraumatismo há 30 anos com necessidade de
transfusão sanguínea.
Antecedentes familiares:
Exames laboratoriais
Cr 0,8 mg/dL.
Hemograma
Hb 11,5 g/dL
Discussão
O carcinoma hepatocelular (HCC) é o principal câncer
primário do fígado. Tem uma incidência mundial ajustada
por idade de 10,1 casos por 100 000 pessoas-ano, e é
classificada como a sexta neoplasia mais comum e a
terceira principal causa de morte por câncer. O HCC foi
reconhecido como uma das principais causas de morte
entre pacientes com cirrose, e estima-se que sua
incidência aumentará no futuro1.
Diagnóstico
Tratamento
Discussão do caso
Pontos Importantes
Tanto a infecção crônica por vírus C como a cirrose
hepática em uma apresentação clínica inicial frustra
o que demanda busca ativa pela doença.
Referências
1. IARC. Fact sheets by Population-Globocan-IARC.
http://globocan.iarc.fr/ Pages/ fact_sheets_
population. aspx (accessed Dec 18, 2016).
História Clínica
Paciente A.P., 84 anos, sexo feminino, cozinheira
aposentada, hipertensa e diabética foi diagnosticada com
anemia crônica assintomática. Realizou pesquisa de
sangue oculto nas fezes com resultado positivo. A
paciente referia hábito intestinal regular, negava
hematoquezia, queixava de perda de 6 Kg no último ano.
Antecedente pessoal de pan-histerectomia total
abdominal e linfadenectomia por neoplasia de
endométrio estádio IB seguida de terapia adjuvante com
braquiterapia, há 10 anos, atualmente sem evidência de
doença. História familiar: pai com antecedente de câncer
de próstata. Paciente negava hábitos de tabagismo e
etilismo.
Exame Físico
Sinais Vitais: PA 120x70, FC 75 BPM, FR 19, SatO₂
98%, Peso: 60Kg, IMC=24
Paciente consciente, orientada em tempo e espaço,
bom estado geral, descorada (2+/4+), hidratada,
acianótica, anictérica, afebril. Karnofsky 90. ECOG
01;
Exames Laboratoriais
Tabela 01: Exames laboratoriais de admissão.
4890
Hb 8,9 g/dl (13,0 a 15,5) Leucócitos mil/mm3(3.500 a
10.500)
3000 mil/mm3
Ht 32,2% (35% a 45%) Neutrófilos
(1.700 a 7000)
20 mil/mm3 (0 a
VCM 71,6 fl (82,0 a 98,0) Basófilos
300)
1200 mil/mm3
RDW 20,8 % (11.9 – 15,5) Linfócitos
(900 a 2900)
0,72mg/dL (0,60 –
CEA 2,73 ng/mL (até 5,0) Creatinina
1,10)
144 mEq/L(135 –
Potássio 3,9 mEq/L(3,5 a 4,5) Sódio
145)
Discussão
Epidemiologia, Patogênese e
Rastreamento.
-.Colonoscopia a
cada 10 anos. - FIT anual.
- Colonografia /TC a - gPSOF com teste de alta
Exames e
cada 5 anos sensibilidade, anual.
periodicidade
-.Retossimoidoscopia - Multi-targeted DNA a cada 3
flexível a cada 5 anos.
anos.
- Colonoscopia a
cada 10 anos se
primeira negativa.
- FIT a cada 03 anos.
Exames e - Colonografia /TC a
- gPSOF com teste de alta
periodicidade cada 5 anos.
sensibilidade, anual.
- Retossimoidoscopia
flexível a cada 5
anos.
- Colonoscopia a
cada 10 anos se
-FIT a cada 03 anos.
Exames e primeira negativa.
-gPSOF com teste de alta
periodicidade - Retossimoidoscopia
sensibilidade, anual.
flexível a cada 10
anos.
Estadiamento
Qualquer Qualquer
T N
IVA M1a
Qualquer Qualquer
IVB M1b
T N
IVC M1c
Qualquer Qualquer
T N
Quimioterapia Adjuvante
Seguimento pós-operatório
CEA sérico A cada 3-6 m até 2º ano e depois a cada 6 m até 5º ano.
Síndromes associadas
Pontos Importantes
O CCR é o terceiro mais frequente nos homens e o
segundo mais frequente entre as mulheres
excetuando-se o câncer de pele não melanoma.
Referências
1. INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar
Gomes da Silva, Coordenação de Prevenção e
Vigilância. Estimativa 2018: Incidência de Câncer no
Brasil Rio de Janeiro: INCA, 2018. 34p.
Caso 1
História clínica
Antecedentes pessoais
Obesidade grau I.
Exame Físico
Sinais Vitais: 130x70 FC | 90 BPM | FR 19.
Geral: Paciente consciente, orientado em tempo e
espaço, bom estado geral, descorado 2+/4+,
hidratado, acianótico, afebril, anictérico eupneico.
Cabeça e Pescoço: Cadeias linfonodais cervicais e
supraclaviculares sem alterações
Cardíaco: Bulhas rítmicas normofonéticas em dois
tempos, sem sopros.
Pulmonar: Murmúrios vesiculares presentes
bilateralmente, sem ruídos adventícios.
Neoplasia de reto.
Conduta
Exames Laboratoriais
Hb 8,8 g/dl (13,0 a 15,5); Ht 27,2% (35% a 45%);
HCM 24,1 pg (26 a 34); VCM 70,0 fl (82,0 a 98,0)
Leucócitos 9.500 (3.500 a 10.500)
Neutrófilos 80,0% ; 7.600 (1.700 a 7.000)
Linfócitos 16,4% ; 1.558 (900 a 2.900)
Monócitos 10,8% ; 1.026 (300 a 9.000)
Plaquetas 216.000 (150.000 a 450.000)
Ureia 40 (10 a 50); Creatinina 0,8 (0,60 – 1,10)
Potássio 3,9 (3,5 a 4,5); Sódio 141 (135 – 145)
Realizadas biópsias.
Figura 1
Tomografia computadorizada de tórax,
abdome e pelve
Conduta e seguimento
Exames Laboratoriais
CEA 4,0
Hemoglobina 12,2 g/dL, Hematócrito 35,6%, VCM
88,1fL, 30,2 pg
Retossigmoidoscopia flexível
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Conduta
Diante dos exames de reestadiamento, foi indicado
tratamento cirúrgico com intenção curativa:
retossigmoidectomia com excisão total do mesorreto e
anastomose primária, com ileostomia de proteção.
Figura 7 – Peça cirúrgica: produto de retossigmoidectomia com excisão total
do mesorreto. Pode-se observar as ligaduras vasculares próximo à origem,
proporcionando uma adequada linfadenectomia.
Figura 8 – Peça cirúrgica aberta, evidenciando a lesão, com satisfatória
margem distal.
Caso 2
História clínica
Antecedentes pessoais
Hipertensão.
Dislipidemia.
Glaucoma.
Sem cirurgias prévias.
Nega etilismo ou tabagismo.
Exame Físico
Sinais Vitais:
110x70 FC
68 BPM
FR 17
Geral: Paciente consciente, orientada em tempo e
espaço, bom estado geral, corada, hidratada,
acianótica, afebril, anictérica, eupneica.
Cabeça e pescoço: cadeias linfonodais cervicais e
supraclaviculares sem alterações.
Hipótese diagnóstica
Conduta
Foram solicitados exames laboratoriais, colonoscopia
completa, tomografia computadorizada de tórax, abdome
e ressonância de pelve.
Exames Complementares
hemoglobina 13,0 g/dl (12,0 a 15,5); Hematócrito
35,2% (35% a 45%)
HCM 28,0 pg (26 a 34); VCM 90,0 fl (82,0 a 98,0)
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Conduta E Seguimento
A biópsia mostrou tratar-se de um adenocarcinoma
mucinoso de reto.
Retossigmoidoscopia Flexível
Introdução do aparelho via anal, sendo observada
lesão ulcerada e friável, circunferencial, recoberta por
camadas de fibrina, com bordas de aspecto infiltrativo e
mal delimitado, desde a linha pectínea até cerca de 6 cm
(Figura 12).
Ressonância Magnética
A lesão tratada mostra predomínio de sinal de tumor
residual, com mínimo sinal de fibrose – TRG 4 (Figura 13).
Conclusão:
TRG 4
Conduta
Foi indicada abordagem cirúrgica para amputação
abdominoperineal de reto com fechamento primário de
períneo (Figuras 14, 15 e 16).
Figuras 14, 15 e 16
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Rastreamento
População Rastreio
Achados Laboratoriais
Os achados laboratoriais são em geral inespecíficos,
apontando para anemia, possível desnutrição, elevação
discreta de provas inflamatórias (proteína C-reativa,
velocidade de hemossedimentação) e alteração em
marcadores tumorais. Pode haver alterações de
hemograma com sinais de anemia microcítica
hipocrômica, ou normocítica normocrômica
principalmente em casos de doença crônica. Entre os
marcadores tumorais, é importante destacar o antígeno
carcinoembrionário (CEA)9, um marcador específico
para câncer colorretal que, embora nem sempre
elevado na presença dessa patologia, é utilizado
como seguimento pós-operatório, podendo
predizer recidiva ou progressão da doença.
Estadiamento pré-tratamento
M1 Metástase à distância
Estádio 0 Tis N0 M0
Estádio I T1, T2 N0 M0
Estádio II T3, T4 N0 M0
Estádio IIA T3 N0 M0
T1, T2 N1 M0
Estádio IIIA
T1 N2a M0
T1, T2 N2b M0
T3, T4a N1 M0
T4b N1, N2 M0
Tratamento
A quimiorradioterapia neoadjuvante é,
geralmente, administrada durante 5,5 semanas
(1,8 Gy por dia, cinco fracções por semana), com
administração infusional concomitante de
fluorouracil ou capecitabina oral diariamente.
Abordagens cirúrgicas: A cirurgia é o único
tratamento curativo para o câncer de reto. Os principais
princípios para uma ressecção curativa incluem a
realização de uma ressecção ampla do câncer, obtendo
margens histologicamente negativas e realizando uma
excisão total do mesorreto (TME), a qual inclui a
ressecção de linfonodos locais23.
Vigilância pós-operatória
TC de tórax, abdome
Anual Anual Anual Anual
e pelve
A cada 6
Retossigmoidoscopia meses por
5 anos
Referências
1. Moore KL, Agur AMR, Dalley AF. Clinically oriented
anatomy. 2018.
2. Haggar FA, Boushey RP. Colorectal cancer
epidemiology: incidence, mortality, survival, and risk
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3. Grady WM, Markowitz SD. The molecular
pathogenesis of colorectal cancer and its potential
application to colorectal cancer screening. Digestive
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how do we measure success? Is it the test, the
number of tests, the stage, or the percentage of
screen-detected patients? The Permanente journal.
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5. Colorectal Cancer Screening for Average-Risk Adults:
2018 Guideline Update from the American Cancer
Society. Published May 30, 2018. In: CA: A Cancer
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MD. University of Virginia School of Medicine,
Charlottesville, Va.
6. Smith RA, Andrews KS, Brooks D, Fedewa SA,
Manassaram-Baptiste D, Saslow D, Brawley OW,
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2018: a review of current American Cancer Society
guidelines and current issues in cancer
screening. CA: Cancer J Clin. 2018
7. Winawer SJ, Fletcher RH, Miller L, Godlee F, Stolar
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screening: Clinical guidelines and rationale.
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8. Hamilton W, Round A, Sharp D, Peters TJ. Clinical
features of colorectal cancer before diagnosis: a
population-based case-control study. British journal
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11. Libutti SK, Willett CG, Salz LB, Levine RA. Chapter
60: Cancer of the rectum. In: DeVita VT, Lawrence
TS, Rosenberg SA, eds. DeVita, Hellman, and
Rosenberg’s cancer: principles and practice of
oncology. 10th ed. Philadelphia: Lippincott Williams
& Wilkins; 2015.
13. Jessup JM, Goldberg RM, Aware EA, et al. Colon and
rectum. In: AJCC Cancer Staging Manual, 8th, Amin
MB (Ed), AJCC, Chicago 2017. p. 251.
História Clínica
Queixa principal: Sangue nas fezes há 2 meses
Exame Físico
Exame proctológico: Inspeção estática: Sem
alterações
Exames complementares:
Imagem da lesão
Figura 1
Hipótese diagnóstica
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Pontos Importantes
Hemorroidas são coxins venosos localizados na
região do ânus, responsáveis principalmente no
auxílio da continência das fezes em conjunto com a
musculatura esfincteriana.
Referências
1. Jacobs D. Clinical practice. Hemorrhoids. N Engl J
Med. 2014; 371:944.
2. Lohsiriwat V. Treatment of hemorrhoids: a
coloproctologist’s view. World J Gastroenterol. 2015;
21:9245.
História Clínica
Queixa principal: Dor anal há 10 dias.
Exame Físico
Exame proctológico: Inspeção estática: presença de
ulceração em borda anal inferior (às 6 horas).
Exames laboratoriais:
VDRL: 1:1
Imagem da lesão
Figura 1
Hipótese Diagnóstica
Fissura anal
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Estadiamento/gravidade
Pontos Importantes
Principais queixas: dor anal e hematoquezia.
Exame físico: úlcera em borda anal, pode vir
acompanhada de plicoma sentinela.
História Clínica
Identificação: N. A. R., 55 anos, feminina, branca,
auxiliar de enfermagem, natural e procedente de São
Paulo, capital, 4 filhos, casada.
Exame Físico
Sinais vitais:
Glicemia 65 mg/dL
Discussão
A retocolite ulcerativa (RCU) é classificada como uma
doença inflamatória intestinal (DII) que cursa com
inflamação da mucosa do cólon de maneira recorrente.
Geralmente, envolve o reto e pode se estender para o
cólon de forma contínua (não salteada) e proximal.
Epidemiologia
Manifestações clínicas
Complicações
Investigação diagnóstica
Diagnósticos diferenciais
Tratamento clínico
Tratamento cirúrgico
Conclusão
Referências
1. GASPARINI RG. Incidência e prevalência de doenças
inflamatórias intestinais no Estado de São Paulo e
no Brasil. 2018. 91 f. [Doutorado em Bases Gerais
da Cirurgia] – Universidade Estadual de São Paulo;
2018.
2. SILVERBERG MS, et al. Toward an integrated clinical,
molecular and serological classification of
inflammatory bowel disease: report of a Working
Party of the 2005 Montreal World Congress of
Gastroenterology. Canadian Journal of
Gastroenterology, Toronto. 2005; 19: 5-36.
3. STEELE SR, et al. The ASCRS textbook of colon and
rectal surgery. 3 ed. Arlington Heights: Springer;
2016.
4. MONSÉN U, et al. Extracolonic diagnosis in
ulcerative colitis: an epidemiological study.
American Journal of Gastroenterology. 1990; 85(3):
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5. GREENSTEIN AJ, et al. Outcome of toxic dilatation in
ulcerative and Crohn’s colitis. Journal of Clinical
Gastroenterology. 1985; 7(2): 137-143.
6. SHEN B, et al. Efficacy of safety of endoscopic
treatment of ileal pouch strictures. Inflammatory
Bowel Disease. 2011; 17(12): 2527-35.
7. HUETING, W.E. et al. Results and complications after
ileal pouch anal anastomosis: a meta-analysis of 43
observational studies comprising 9.317 patients.
Digestive Surgery. 2005; 22(1-2): 69-79.
8. GOLDMAN, H. Puch dysplasia: a new challenge.
Inflammatory Bowel Disease. 1998; 4(3): 259-60.
9. CORNISH JA, et al. The effect of restorative
proctocolectomy on sexual function, urinary
function, fertility, pregnancy and delivery: a
systematic review. Diseases of the colon & rectum.
2007; 50(8): 1128-38.
10. JOHNSON P, et al. Female infertility after ileal pouch-
anal anastomosis for ulcerative colitis. Diseases of
the colon & rectum. 2004; 47(7): 1119-26.
Caso 15 | Doença De
Crohn
Autora: Angélica Saiuri de Aurelio Penteado
Orientadora: Mariane Gouvêa Monteiro de Camargo
História Clínica
Identificação: D.M.D., 51 anos, sexo feminino,
divorciada, nulípara, assistente administrativa, parda,
natural e residente da cidade de São Paulo.
Exame Físico
Sinais vitais:
Seguimento
Após avaliação pré-operatória, a paciente foi
encaminhada para procedimento cirúrgico durante a
mesma internação. A cirurgia realizada foi a
ileotiflectomia laparoscópica com anastomose íleo-cólica
látero-lateral mecânica. O espécimen cirúrgico foi
enviado para análise anatomopatológica, que concluiu:
Discussão
A doença de Crohn é um tipo de doença inflamatória
crônica do trato gastrointestinal que pode afetar
qualquer parte do aparelho digestivo, desde a boca até o
ânus; pode também apresentar manifestações
extraintestinais, como do trato urinário, dermatológicas e
hepatobiliares. Caracteriza-se por episódios de
exacerbação e remissão, sem fatores desencadeantes
discerníveis, e com quadro clínico variável de acordo com
a localização e extensão da doença1, 2.
Epidemiologia
Etiologia
Quadro clínico
Manifestações extraintestinais
Diagnóstico
Classificação de Montreal
Classificação
Idade de diagnóstico
de Montreal
Idade de diagnóstico
< 16 anos A1
17 - 40 anos A2
> 40 anos A3
Localização
Íleo L1
Cólon L2
Ileocólon L3
Comportamento
Estenosante B2
Penetrante B3
Anatomia patológica
Tratamento clínico
O objetivo do tratamento clínico é alcançar remissão
clínica e endoscópica sustentada (cicatrização da
mucosa) e interromper o curso progressivo destrutivo
natural da doença que leva a falência intestinal e suas
complicações. Apesar da abundância de instrumentos
para classificação da doença, técnicas e definições que
podem objetivamente determinar a evolução da doença
e o dano intestinal ainda estão em evolução. Idade
precoce, necessidade imediata de corticoides, doença
perianal, colectomia, enterectomias repetidas, fenótipo
estenosante, perda de peso expressiva e lesões
endoscópicas específicas podem predizer um curso de
doença incapacitante¹⁰.
Tratamento cirúrgico
Fertilidade e gravidez
Pontos Importantes
A doença de Crohn é uma doença inflamatória
intestinal crônica incurável, de causa desconhecida,
que afeta principalmente o íleo terminal e o cólon;
no entanto, pode envolver todas as porções do trato
gastrointestinal. Estima-se que o envolvimento
anorretal ocorra em 25 a 35% dos casos.
A doença de Crohn é classificada por idade no
momento do diagnóstico, localização da doença e
comportamento da doença.
Referências
1. Strong S. Medical Management of Crohn’s Disease.
In: Steele SR, Hull TL, Read TE, Saclarides TJ,
Senagore AJ, Whitlow CB, eds. The ASCRS Textbook
of Colon and Rectal Surgery, Third Edit. Springer
International Publishing; 2016: 807–17.
História Clínica
R. F. P., 53 anos, sexo masculino, casado, pedreiro,
branco, natural e residente em São Paulo, deu entrada
em unidade de pronto-socorro por desconforto abdominal
e abaulamento em região da virilha esquerda há 9 horas.
O mesmo refere já ter apresentado quadros de dor
semelhantes no local, principalmente associado às
atividades de trabalho, no entanto, na maioria das vezes,
com cessação da dor espontaneamente. Agora mantém
quadro de dor desde o início da manhã, com um
abaulamento no lugar, que não teve melhora e não
desapareceu. Nega náusea ou vômitos ou calafrios.
Desde ontem nega ter evacuado ou eliminado flatos. Fez
uso de medicação para alívio da dor em casa ao acordar,
sem sucesso, por esse motivo veio procurar auxílio
médico ao fim do expediente do trabalho. Alega
antecedentes pessoais de hipertensão arterial sistêmica,
com controle medicamentoso regular, nega DM.
Tabagista, com volume de 1 maço de cigarro por dia,
desde os 23 anos. Desconhece alergias. Submetido a
cirurgia de correção de fratura em perna D por acidente
de moto aos 19 anos. Pai faleceu por infarto fulminante
aos 76 anos, desconhece histórico de saúde da mãe.
Exames complementares
Exames laboratoriais
Hipótese Diagnóstica
Discussão
Introdução
pele;
fáscia de camper;
fáscia de scarpa;
músculo oblíquo externo;
fáscia transversalis;
tecido gorduroso pré-peritoneal;
peritôneo.
Anatomia inguinal
Embriologia
Epidemiologia
A prevalência de hérnias inguinais é estimada entre 5-
10% na população americana. São mais comuns em
homens comparando-se às mulheres, sendo eles oito
vezes mais propensos a desenvolver uma hérnia e com
20 vezes mais probabilidade de precisar de um reparo de
hérnia em comparação ao sexo feminino¹. A idade de
maior relevância na apresentação é na 6ª década de vida
entre mulheres, em comparação à 5ª década de vida nos
homens. Estima-se, ainda, que mais de 90% das hérnias
na topografia da virilha sejam inguinais, sendo menos de
10% ditas femorais¹.
Fisiopatologia
Figura 3
idade avançada;
sexo masculino;
caucasiano;
tosse crônica;
constipação crônica;
hiperplasia prostática benigna;
tabagismo.
Quadro clínico
Diagnóstico
hérnia femoral;
torção testicular;
epididimite;
hidrocele;
testículo ectópico;
tumor testicular.
Exames complementares
Tratamento
O tratamento definitivo das hérnias inguinais é
cirúrgico, podendo ocorrer de forma eletiva ou na
urgência em ambiente de pronto-socorro.
Hérnias inguinoescrotais.
Hérnias encarceradas.
Possíveis contraindicações:
Figura 8
Figura 9
Pontos Importantes
As hérnias inguinais e femorais são comuns e
muitas vezes responsáveis por quadros de
desconforto e dor, com prejuízo e limitação das
atividades laborativas.
O diagnóstico é eminentemente clínico durante o
exame físico minucioso.
Referências
1. Hernia Surge Group. International Guidelines for
Groin Hernia Management. Hernia. 2018
Feb;22(1):1-165.
2. Miller HJ1; Inguinal Hernia: Mastering the Anatomy;
Surg Clin North Am. 2018 Jun;98(3):607-621.
História Clínica
M.A.B.G., 63 anos, sexo feminino, casada, multípara,
faxineira, natural e residente de São Paulo, procurou o
pronto-socorro com queixa de dor abdominal e vômitos
há 2 dias. Refere dor intensa em região epigástrica,
intensidade 8 em 10, que piora com manobras de
Valsalva. Refere dois episódios de vômitos de conteúdo
alimentar associados à parada de eliminação de fezes e
flatos, além de hiperemia, calor e rubor em região
epigástrica.
Exames Complementares
Laboratoriais: Hemoglobina 14,8; Hematócrito 43;
Leucócitos 12.508; Plaquetas 158; Ureia 50 Creatinina
1,5; TGO 33; TGP 23; Lipase 33; Amilase 90; Glicose 95.
Sonda nasogástrica.
Hipótese Diagnóstica
Discussão
Conceitos
Hérnia é definida como uma protrusão anormal de um
órgão ou tecido por um defeito em suas paredes
circundantes. Mais comuns em regiões da parede
abdominal, principalmente em locais de fraqueza, podem
ser congênitas ou adquiridas. As hérnias incisionais
ocorrem por tensão excessiva e cicatrização inadequada
de uma incisão prévia. Problema importante de saúde, o
qual acarreta morbidade, perda de qualidade de vida e
abstenção ocupacional, seu tratamento é cirúrgico para
reconstrução do defeito, geralmente utilizando-se de
uma tela.14,15
Epidemiologia
Fatores de Risco
Diagnóstico
Achados laboratoriais
Exames de Imagem
Estadiamento/Gravidade
Subxiphoidal M1
Epigastric M2
Midline Umbilical M3
Infraumbilical M4
Suprapubic M5
Subcostal L1
Flank L2
Lateral
Iliac L3
Lumbar L4
Length: cm Width: cm
Tratamento clínico
O tratamento definitivo das hérnias é cirúrgico.
Contudo, devem ser adotadas algumas medidas clínicas
antes do procedimento, visando evitar aumento do anel
herniário e o risco de encarceramento, além de diminuir
o risco de recidiva no pós-operatório. Trata-se do controle
dos fatores que aumentam a pressão abdominal e
enfraquecem a parede abdominal. Dessa forma, antes do
procedimento cirúrgico, recomenda-se:13,14
Cessação de tabagismo.
Controle de DPOC/asma.
Controle de apneia do sono.
Perda de peso.
Tratamento de constipação.
Tratamento cirúrgico
Pontos Importantes
1. Os fatores de risco para hérnias incisionais são
divididos em dois grupos:
Fatores que causam fraqueza da parede
abdominal e fatores que aumentam a pressão
intra-abdominal.
Referências
1. Malangoni MA, Rosen MJ. Hérnias. In: Townsend CM
Jr, Beauchamp RD, Evers BM, Mattox KL. Tratado de
cirurgia [tradução Cardona AL, Ota AS, Silva AC,
Midão AM, Futuro DO]. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
20 p. 1114-11
2. Birolini, CAV. O uso de próteses sintéticas na
reconstrução da parede abdominal. In: Rodrigues
JJG, Machado, MCC, Rasslan S (Ed). Clínica cirúrgica.
Barueri: Manole; 20 p. 508-5
3. Muysons FE, Miserez M, Berrevoet F, Campanelli G,
Champault GG, Chelala E, et al. Classification of
primary and incisional abdominal wall hernias.
Hernia. 2009; 13:407-4
4. Fischer JP, Harris HW, López-Cano M, Hope WW.
Hernia prevention: practice patterns and surgeon’s
atitudes about abdominal wall closure and use of
prophylatic mesh. Hernia. 2019; 23(2): 329-3
5. Chevrel JP. Treatment of incisional hernias by an
overlapping herniorraphy and onlay prosthetic
implant. In: Bendavid R, Abrahamson J, Arregui ME,
Flament JB, Phillips EH (Ed). Abdominal Wall Hernias.
New York: Springer; 20 p. 500-503
6. Jairam AP, et al. Prevention of incisional hernia with
prophylactic onlay and sublay mesh reinforcement
versus primary suture only in midline laparotomies
(PRIMA): 2-year follow-up of a multicentre, double-
blind, randomised controlled trial. Lancet. 2017;
390: 567-76
7. Askar OM. Surgical anatomy of the aponeurotic
expansions of the anterior abdominal wall. Annals of
the Royal College of Surgeons of England. 1977; 59:
313-321
8. Davis BS, Dunn DP, Hostetler VC. Beyond hernias: a
multimodality review of abdominal wall pathology.
Br J Radiol. 2017; 90: 201607
História Clínica
H.M.B.M, masculino, 28 anos, vítima de acidente
automobilístico moto x ônibus com colisão lateral após
atravessar o sinal vermelho há 1 hora. O paciente foi
ejetado da moto cerca de 15 metros e estava sem
capacete. O passageiro da garupa faleceu no local. A
população rapidamente acionou o SAMU que prestou o
atendimento pré-hospitalar e encaminhou o paciente
sem acompanhante ao hospital secundário mais próximo.
Exame Físico
Ao chegar no hospital, o paciente foi recepcionado na
Sala de Emergência pelo cirurgião de plantão e
apresentava-se da seguinte maneira:
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Tratamento
Todo paciente vítima de trauma grave deve receber
oxigênio suplementar, preferencialmente a uma
concentração de 100% com dispositivo não reinalante,
em alto fluxo (12-15 L/min). Entretanto, para alguns
pacientes, a simples suplementação de oxigênio com
máscara não reinalante, por exemplo, não é suficiente3, 4,
5.
Pontos Importantes
Conceito de via aérea definitiva (VAD): tubo locado
na traqueia com cuff insuflado abaixo das pregas
vocais, fixado e conectado a alguma forma de
ventilação assistida, enriquecida com oxigênio.
A morte por causas externas representa a principal
causa de morte de criança e adultos jovens.
O comprometimento da via aérea no trauma é o que
mata o paciente mais rapidamente.
Referências
1. Departamento de Informática do Sistema Único de
Saúde (DATASUS), Mortalidade Proporcional (%) por
Faixa Etária Segundo Grupo de Causas - CID10.
Disponível em:
http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/
2. Departamento de Informática do Sistema Único de
Saúde (DATASUS), Mortalidade Proporcional (%) por
Faixa Etária Segundo Grupo de Causas - CID10.
Disponível em:
http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/
3. Advanced Trauma Life Support® Student Course
Manual. Tenth Edition. Estados Unidos; 2018. ISBN:
78-0-9968262-3-5
4. Mills TJ, MD, MPH DeBlieux P, MD. Emergency airway
management in the adult with direct airway trauma.
Uptodate Literature review current through: Jan
2019. This topic last updated: May 02, 2017.
História Clínica
J.B.R., 22 anos, masculino, solteiro, motoboy, pardo,
natural e residente da cidade de São Paulo, chega ao
serviço de emergência trazido pelo COBOM após colisão
entre motocicleta e anteparo fixo em uma via pública a
cerca de 50km/h. Na ocasião, o paciente era motorista da
motocicleta, foi ejetado do veículo e estava com
capacete, o qual permaneceu intacto.
Exame Físico
Achados Intraoperatórios
Realizada toracotomia anterolateral
bilateral(“Clamshell”): achada pequena lesão em aurícula
direita, a qual foi suturada. Passagem de drenos
tubulares nº 36 bilateralmente.
Exames Complementares
Hb 14,3
Ht 41,2
Leucócitos 9090 sem desvio
Plaquetas 204000
PCR 140
Ureia 23
Creatinina 1,14
Sódio 140
Potássio 3,3
CPK 6622
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Tipo de
Grau Descrição da lesão
lesão
Pneumotórax aberto
Pneumotórax hipertensivo
Hemotórax
Veia ázigos
Veia jugular interna
II
Veia subclávia
Veia inominada
Artéria carótida
III Artéria inominada
Artéria subclávia
Tórax instável
Contusão pulmonar
Hemotórax maciço
Tratamento:
Tamponamento cardíaco
Tratamento:
Contusão miocárdica
Mediastino alargado
Obliteração do botão aórtico
I Contusão
II Laceração < 2 cm
Ruptura esofágica
I Contusão, hematoma
Pontos Importantes
Os traumas de vias aéreas devem ser identificados
através de sinais de obstrução de vias aéreas ou de
lesões da árvore traqueobrônquica ainda duante o
atendimento inicial. O diagnóstico é clínico-
radiológico e o tratamento dos traumas de via aérea
consiste na desobstrução da via aérea, quando
possível, e garantir via aérea definitiva.
Referências
1. American College of Surgeons Committee on
Trauma. Avanced Trauma Life Support (ATLS)
Student Course Manual, 10th edition, American
College of Surgeons, Chicago 2018.
12. Dyer DS, Moore EE, Ilke DN, et al. Thoracic aortic
injury: how predictive is mechanism and is chest
computed tomography a reliable screening tool? A
prospective study of 1,561 patients. J Trauma
2000;48(4):673–82; discussion 682–683.
13. Ekeh AP, Peterson W, Woods RJ, et al. Is chest x-ray
an adequate screening tool for the diagnosis of
blunt thoracic aortic injury? J Trauma 2008;65:1088–
1092.
14. Flagel B, Luchette FA, Reed RL, et al. Half a dozen
ribs: the breakpoint for mortality. Surgery
2005;138:717–725.
15. Harcke HT, Pearse LA, Levy AD, et al. Chest wall
thickness in military personnel: implications for
needle thoracentesis in tension pneumothorax. Mil
Med 2007;172(120):1260–1263.
16. Heniford BT, Carrillo EG, Spain DA, et al. The role of
thoracoscopy in the management of retained
thoracic collections after trauma. Ann Thorac Surg
1997;63(4):940–943.
23. Karalis DG, Victor MF, Davis GA, et al. The role of
echocardiography in blunt chest trauma: a
transthoracic and transesophageal
echocardiography study. J Trauma 1994;36(1):53–58.
História Clínica
Paciente de 25 anos, sexo masculino, trazido pela
unidade de suporte avançado do serviço de emergências,
via transporte terrestre, com história de acidente auto x
auto em via expressa a 80 km/h, com colisão frontal. O
paciente era o passageiro e utilizava cinto de segurança
de 3 pontos. Motorista ejetado do veículo, sendo
constatado óbito na cena.
FR: 18 irpm
PA 160 x 110 mmHg
Avaliação primária
A: Vias aéreas pérvias com colar cervical e prancha
rígida. Traqueia centrada, sem estase jugular.
Avaliação secundária
A: Nega alergias.
Evolução
Paciente manteve-se estável hemodinamicamente
durante a tomografia. Apresentou melhora do padrão
respiratório e da saturação de oxigênio após a drenagem
torácica. Refere melhora parcial da dor em antebraço
após analgesia. Levado à sala de trauma após a
tomografia para monitorização contínua.
Exames laboratoriais
Discussão
O trauma abdominal contuso (ou fechado)
corresponde a 80% dos traumatismos neste segmento
corporal¹. O principal mecanismo são os acidentes
envolvendo veículos automotores (75%)². Outros
mecanismos menos importantes incluem agressões
interpessoais, traumatismos diretos ao abdome e
quedas³. A população mais acometida são os homens
jovens (2ª e 3ª décadas de vida).
Avaliação
Exames laboratoriais
Exames de imagem
Pericárdica.
Espaço hepatorrenal (espaço de Morison).
Espaço esplenorrenal.
Fundo de saco posterior (retrovesical).
Ápices e bases do tórax (E-FAST).
Tipo de
Grau Descrição
lesão
Grau Descrição
V Desvascularização segmentar.
Grau Descrição
V Desvascularização segmentar.
Conclusão
Pontos Importantes
Deve-se sempre suspeitar de lesão abdominal em
traumas de alta energia, especialmente na presença
de peritonite e/ou instabilidade hemodinâmica.
Os preditores de gravidade na história do trauma
são avaliados por scores específicos como o Injury
Severity Score (ISS) e o Revised Trauma Score (RTS).
A suspeita de trauma abdominal contuso durante o
atendimento inicial do paciente inicia na avaliação
hemodinâmica, em que se identifica instabilidade
hemodinâmica. A primeira causa de instabilidade no
trauma é hemorrágica, que pode ser torácica (já
avaliado no início do atendimento), abdominal ou
pélvica. Peritonismo, instabilidade pélvica,
sangramentos uretrais, hematúria e sangramento
retal também indicam trauma abdominal, além de
equimoses na inspeção do abdome, por exemplo.
A avaliação abdominal do paciente politraumatizado
é complexa: o paciente nem sempre está em GCS
15 e orientado para responder a respeito de dor
abdominal; pode ter outras lesões (fraturas,
amputações e queimaduras, por exemplo), que
distraiam o paciente e pode, ainda, haver fatores de
confusão como uso de drogas ou álcool.
As indicações de TC de corpo inteiro estão
relacionadas com traumas de alta energia: colisões
a mais de 50km/h, capotamentos, ejeção de veículo,
óbitos na cena, quedas de mais de 3m de altura; e
variam conforme o serviço. A TC de corpo inteiro é
importante ao determinar lesões graves que
passariam despercebidas no exame físico, como
lesões retroperitoneais.
A presença de líquido livre vista na tomografia, sem
lesão de víscera parenquimatosa, chama a atenção
para possíveis lesões de alças intestinais, de
mesentério ou de bexiga. A conduta, nesses casos,
é a investigação da cavidade, seja por laparoscopia
ou laparotomia diagnóstica, conforme a diretriz do
serviço.
As classificações de lesões viscerais são divididas
conforme o órgão afetado – lesões hepáticas, renais
e esplênicas têm, na maioria dos casos, conduta
conservadora, bem como lesões extraperitoneais de
bexiga. Lesões de alça e lesões intraperitoneais de
bexiga requerem abordagem cirúrgica.
Referências
1. Nishijima DK, Simel DL, Wisner DH, Holmes JF. Does
this adult patient have a blunt intra-abdominal
injury? JAMA 2012;307:1517.
História Clínica
S.J.L., 35 anos, pedestre vítima de atropelamento por
ônibus em via de alta velocidade, atendido pelo resgate
e levada ao hospital em 40 minutos. Relatos informam
que o veículo passou por cima da vítima, poupando a
região superior do corpo, sem traumas na cabeça. Dados
da cena mostraram PA 100 x 60 mmhg, FC 125 bpm, FR
24 irpm, SpO₂ 96%. Durante transporte foi intubada e
recebeu 1L de solução cristalóide por acesso venoso
periférico em MSD. Foi iniciado também infusão de
midazolam e fentanil para manutenção da sedação.
Atendimento Inicial
Na chegada ao hospital recebe atendimento da Equipe
de Trauma:
Exames Laboratoriais
Gasometria arterial: pH: 7,354; pO₂: 120,6; pCO₂:
35,3; HCO₃: 20; BE: -5,4; SO₂: 99,1;
Exames De Imagem
Rx de pelve:
Figura 1
Rx de tórax:
Figura 2
Diagnóstico
Politrauma grave (Figuras 1 e 2).
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
O trauma pélvico está intimamente ligado a um
mecanismo de impacto de alta energia, normalmente
pedestres atropelados, colisões de veículos em alta
velocidade ou quedas de grandes alturas.
Frequentemente está associado a lesões graves em
estruturas adjacentes, por exemplo, grandes vasos, que
podem levar o paciente rapidamente a choque
hemorrágico, e lesões de vísceras ocas, como reto e
bexiga. Outras lesões de vísceras abdominais como baço,
fígado e intestino podem incidir em cerca de 16,5% dos
casos.¹¹ Lesões de bexiga e uretra podem estar
presentes em 1% e 3,4% dos casos, respectivamente. As
lesões neurológicas podem estar presentes em 10-15%
dos casos, no entanto, em lesões sacrais que acometem
o canal vertebral, este número pode passar dos 50%.²⁶
Com menor frequência, as dissecções de aorta torácica
possuem incidência de 1,5%. Ressalta-se que,
especialmente em idosos, em decorrência da fragilidade
óssea, as fraturas de pelve podem resultar de traumas
de baixa energia.¹⁷
Figura 3
A3 Sacrococcígea transversa.
A3.1 — Luxação sacrococcígea.
B2-2 Contralateral.
B3 Bilateral.
B3.1—Livro aberto bilateral.
C1 Unilateral.
C1-1 Ilíaco.
Figura 4
Diagnóstico
Suspeita-se de trauma pélvico logo no início do
atendimento do paciente vítima de trauma, com história
e dados da cena. Mecanismos de trauma como
atropelamentos, quedas de grandes alturas, colisões de
veículos em alta velocidade entre outros, sempre devem
levantar tal suspeita. Ao exame físico, o médico deve
atentar-se a sinais e sintomas baseados na condição
clínica do paciente, na identificação de alterações
ventilatórias e alterações perfusionais. O diagnóstico de
fratura pélvica fica muito mais provável diante de um
paciente hemodinamicamente instável, sem evidência de
traumas torácicos e com FAST ou LPD negativos.23,24
Tratamento
Na suspeita de trauma pélvico, o primeiro passo
sempre é confirmar a estabilidade ou não do anel
pélvico. Caso este se apresente instável, torna-se
necessário estabilizar a pelve para diminuir o volume
pélvico e favorecer o tamponamento sanguíneo. Para
alcançar tais objetivos existem dois principais métodos: o
uso de equipamentos específicos que comprimem e
estabilizam a pelve como compressores pneumáticos
disponíveis em alguns centros, ou, o mais comum e mais
usado, a estabilização com uso de lençol.²⁴
Referências
1. Sabiston Tratado de cirurgia Towsend et al. – 19th
Rio de Janeiro: Elsevier; 2018.
15. Sathy AK, Starr AJ, Smith WR, et al. The effect of
pelvic fracture on mortality after trauma: an analysis
of 63,000 trauma patients. J Bone Joint Surg Am;
2009; 91:2803.
17. Kelsey JL, Prill MM, Keegan TH, et al. Risk factors for
pelvis fracture in older persons. Am J Epidemiol;
2005; 162:879.
História Clínica
Paciente masculino, 32 anos, pintor de prédios, vítima
de queda de aproximadamente 15 metros após
rompimento de corda de sustentação, foi trazido pelo
serviço de Bombeiros após 40 minutos do ocorrido, dando
entrada pela sala de trauma.
Atendimento Sistematizado
A - Via aérea pérvia, trazido com colar cervical e
prancha rígida.
Exames Laboratoriais
Parâmetro Valor Referência Parâmetro Valor Referência
150.000-
Plaq 197.000 RNI 1,90 0,80-1,20
450.000
Gasometria Arterial
pH 7,18 7,35-7,45
BE -8,5 -3-+3
Lactato 50 4,5-14,4
Exames De Imagem
(2)
(3)
(1)
Figura 1 – E-FAST evidenciando o sinal do “código de barras” com o Modo M
no hemitórax esquerdo (1) e líquido livre nos espaços esplenorrenal (2) e
hepatorrenal (3).
Figura 2 – Fratura cominutiva em tíbia e fíbula distais
Prosseguimento Do Caso
Diante dos achados, o paciente foi submetido a
laparotomia exploradora que identificou moderada
quantidade de sangue na cavidade abdominal (cerca de
1000ml), além de hematoma retroperitoneal em zona 2
próximo ao rim esquerdo. Visualizada laceração do baço
(>25%) com acometimento de hilo esplênico. Realizada
esplenectomia. Identificado rim esquerdo, sem lesões
hilares ou parenquimatosas aparentes. Durante o ato
operatório, o paciente continuou a receber a transfusão
de hemocomponentes e completou a dose de
manutenção do ácido tranexâmico.
Discussão
Conceito
Fisiopatologia
Quadro clínico
Diagnóstico
Cavidade torácica.
Cavidade peritoneal.
Espaço retroperitoneal (considerar fratura pélvica).
Frequência
- -/↑ ↑ ↑/↑↑
cardíaca
Pressão de pulso - ↓ ↓ ↓
Frequência
- - -/↑ ↑
respiratória
Débito urinário - - ↓ ↓↓
Escala de Coma de
- - ↓ ↓
Glasgow
Base Excess
0 a -2 -2 a -6 -6 a -10 < -10
(mEq/L)
Necessidade de Transfusão
Monitorar Possível Sim
sangue maciça
Melhora
Retornam ao transitória,recorrência Permanecem
Sinais vitais
normal de hipotensão e alterados
taquicardia
Necessidade de
Pequena Moderada a alta Imediata
hemocomponentes
Necessidade de
Muito
intervenção Possivelmente Provavelmente
provavelmente
cirúrgica
Presença precoce
Sim Sim Sim
do cirurgião
Pontos Importantes
Choque é um estado de hipoperfusão tecidual.
História Clínica
M.B.S., 15 anos, masculino, bate a cabeça durante
disputa de bola aérea em jogo de futebol e desmaia em
campo. Recobra a consciência logo após e é levado por
colegas ao hospital. Durante o trajeto comunica-se bem,
mas não se recorda dos momentos que antecederam ao
impacto.
Exame Físico
Escoriação e leve edema em região temporal
esquerda.
Sem sinais de fratura ou outros sinais de alerta.
Exames Complementares
Solicitada TC de crânio em caráter de urgência.
Hipótese Diagnóstica
Traumatismo Cranioencefálico (TCE) leve com
concussão.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
A concussão é consequência de alterações
neuropatológicas causadas pela rápida aceleração e
desaceleração do cérebro durante o trauma, gerando um
déficit (“mismatch”) entre a demanda metabólica e o
fluxo sanguíneo cerebral¹.
Exames de Imagem
Gravidade
Pontos Importantes
Importância de realizar o diagnóstico de concussão
e orientar os pacientes de modo adequado, em
especial quanto ao risco da síndrome do segundo
impacto.
Caso 2
História clínica
Exame Físico
GCG=14, nauseado, vomitou 1x após a chegada.
Hematoma subgaleal temporal direito, suspeita de
fratura na região do ptérion direito à palpação. Pupilas
levemente anisocóricas, direita maior que esquerda, com
reflexo fotomotor presente. Sem déficits apendiculares.
Sem sinais de fístula.
Exames Complementares
Solicitada TC de crânio em caráter de urgência:
Figura 2
Hipótese Diagnóstica
Hematoma extradural com herniação uncal direita.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Exames de Imagem
Gravidade
HED volumosos, cursando com sintomas clínicos,
correspondem a uma emergência
neurológica/neurocirúrgica que tem alta morbidade e
mortalidade se não forem tratados adequadamente.
Algumas condições estão associadas a pior prognóstico,
a seguir: baixas pontuações na ECG à admissão, idade
avançada, presença de alterações pupilares, lesões
intracranianas concomitantes, maior tempo entre a
deterioração neurológica e o tratamento cirúrgico e PIC
elevada no pós-operatório⁸.
Tratamento
Caso 3
História clínica
Exame Físico
eCG=15.
Bom contato com examinador.
Sem alterações de linguagem.
Pupilas isocóricas.
Nega náuseas, mas refere cefaleia em peso,
holocraniana, leve.
Hemiparesia grau IV em hemicorpo esquerdo e
hemi-hipoestesia esquerda.
Exames Complementares
Solicitada TC de crânio em caráter de urgência:
Hipótese Diagnóstica
Hematoma subdural crônico.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Com o envelhecimento, o volume cerebral diminui,
aumentando o espaço entre o parênquima e os ossos do
crânio em aproximadamente 10%¹⁴. O alargamento
desse espaço contribui para a reticulação das veias em
ponte, que se tornam mais susceptíveis à lesão e
precipitam a formação de HSDCs. Esse aumento também
favorece a formação de higromas, coleções de líquido
cefalorraquidiano no espaço subdural, que podem surgir
pela ruptura da aracnoide¹⁵.
Diagnóstico
Exames de Imagem
Gravidade
Tratamento
O primeiro passo para o manejo da coleção subdural
crônica é a reversão da anticoagulação e antiagregação
em pacientes em uso dessas medicações. A aplicação de
antídotos deve ser feita em casos selecionados. É
fundamental ressaltar que a decisão sobre reverter a
anticoagulação deve ser feita de acordo com as
características do paciente e após ponderação
multidisciplinar sobre os riscos e benefícios dessa
conduta, pois, em alguns casos, os riscos de
complicações trombóticas superam os benefícios do uso
de antídotos3,17.
Pontos Importantes
Importância da suspeita clínica e do diagnóstico de
pacientes com hematoma subdural crônico.
Suspeitar em pacientes idosos, sem histórico de
trauma com alterações neurológicas progressivas.
Caso 4
História Clínica
Paciente AMM, 26 anos, masculino, vítima de acidente
com moto em estrada, segundo testemunhas estava em
alta velocidade e colidiu com guard-rail após a queda.
Utilizava capacete. Atendido pelo resgate, inconsciente
no local, submetido à intubação orotraqueal e
imobilização de provável fratura de membro inferior
esquerdo. Transportado em prancha rígida com
imobilização cervical para a Unidade de Pronto
Atendimento.
Exame Físico
sedado sob ventilação mecânica.
Pupila direita midriática, pupila esquerda miótica.
Hemodinamicamente estável.
Exames Complementares
O achado da TC de crânio evidencia extenso
hematoma subdural agudo direito, com sinais de inchaço
cerebral hemisférico direito e desvio das estruturas da
linha mediana para esquerda (Figura 4).
Figura 4
Hipótese Diagnóstica
TCE grave, com hematoma subdural agudo (HSDA)
direito, com inchaço cerebral hemisférico grave.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Exames de Imagem
Gravidade
O HSDA é uma emergência neurológica/neurocirúrgica
e um tipo de TCE grave. A mortalidade pode chegar a
79%, e, dentre os que sobrevivem, a morbidade é
elevada, com apenas 14-40% dos pacientes evoluindo
tardiamente com resultados muito favoráveis¹⁵.
Tratamento
Pontos Importantes
O hematoma subdural agudo é uma emergência
neurológica com alta morbidade e mortalidade.
Referências
1. Stillman A, Alexander M, Mannix R, Madigan N,
Alvaro PL, Meehan III WP. Concussion: evaluation
and management. Cleve Clin J Med. 2017; 84: 623–
30.
História Clínica
Paciente J.P.S., 20 anos, masculino, branco, trazido
pelo SAMU, deu entrada no Pronto-Socorro vítima de
ferimento por arma de fogo (FAF) cerca de 30 minutos
antes da admissão. Não sofreu outros tipos de trauma.
Exame Físico
A: Via aérea pérvia sem colar cervical.
Prosseguimento Do Caso
Paciente vítima de FAF abdominal com choque
hemorrágico classe III (tabela 1) e ABC Score≥ 2 pontos.
Foi ativado o protocolo de hemotransfusão da instituição.
Iniciada reposição volêmica com 2 unidades de
concentrado de hemácias, 2 unidades de plasma fresco
congelado e 2 unidades de plaquetas, sem uso de
cristaloide, e indicada laparotomia exploradora pelo
ferimento abdominal penetrante com choque associado.
Exames Complementares
Exames Laboratoriais
Classe Classe
Parâmetro Classe I Classe IV
II III
Perda sanguínea
<15% 15-30% 31-40% >40%
estimada
Frequência cardíaca ↔ ↔/ ↓ ↑ ↑/ ↑ ↑
Pressão de pulso ↔ ↓ ↓ ↓
Diurese ↔ ↔ ↓ ↓↓
Escore de ECG ↔ ↔ ↓ ↓
Necessidade de
Monitorar Possível Sim PHM
hemotransfusão
Sim Não
Hipóteses Diagnósticas
Trauma abdominal por ferimento por arma de fogo
com choque hipovolêmico e trauma torácico associado.
Discussão
Conceitos
Referências
1. Advanced Trauma Life Support® Student Course
Manual 10th edition
2. Edelmuth RCL, Buscariolli YS, Ribeiro Júnior MAF.
Cirurgia para controle de danos: estado atual. Rev
Col Bras Cir.; 2013;40(2):142-151.
3. Ribeiro Júnior MAF, Fraga GP, Von Bahten LC,
Breigeron R, Cunha AG, Reis TJCC et al. Manejo do
abdome aberto no trauma e urgências não
traumáticas. Consenso 6. Consensos do XXXI
Congresso Brasileiro de Cirurgia; 2017.
4. King DR. Initial care of the severely injured patient.
N Engl J Med; 2019;380:763-70
5. Khoshmohabat H, Paydar S, Mohammad HK, Dalfardi
B. Overview of Agents Used for Emergency
Hemostasis. Trauma Mon.; 2016; 21(1): e26023
6. Cannon JW. Hemorrhagic shock. N Engl J Med 2018;
378:370-379
7. Ribeiro Júnior MAF, Barros EA, Carvalho SM,
Nascimento VP, Cruvinel Neto J, Fonseca AZ. Estudo
comparativo de técnicas de fechamento temporário
da cavidade abdominal durante o controle de danos.
Rev. Col. Bras. Cir.; 2016; 43(5): 368-373
Caso 25 | Queimadura
Elétrica Grave
Autores: João Henrique Fonseca do Nascimento, Adriano Tito Souza
Vieira, Iago Miranda Oliveira Dórea, Selton Cavalcante Tomaz,
Rebeca Ferreira de Souza,
Orientadores: André Bouzas de Andrade e Danilo Pinheiro Nunes
História Clínica
J.A.S., 32 anos, casado, masculino, pardo, eletricista,
natural e residente de cidade pequeno porte, foi
encaminhado por colegas de trabalho à emergência do
hospital municipal, por acidente laboral, sendo a queixa
principal “queimadura elétrica há 4 horas”.
Exame Físico
Geral: Regular estado geral; alerta, verbalizando,
colaborativo e orientado no tempo e espaço; sem
agitação psicomotora; anictérico, perfusão distal
reduzida.
Exames Complementares
Laboratório Valores obtidos Valores referência
HEMOGRAMA
Laboratório Valores obtidos Valores referência
Basófilos 0% 0 - 1%
Eosinófilos 2% 1 – 5%
Hipótese Diagnóstica
Queimadura elétrica grave.
Conduta
Calculou-se a extensão da queimadura através da
Regra dos 9 e do diagrama de Lund-Browder (Figura 1),
determinando 16% de SCQ. Foi preenchida ficha
hospitalar do paciente. A partir disso foi iniciada
ressuscitação com solução Ringer-Lactato, com volume
total de 4480 mL calculado pela Fórmula de Parkland. Em
seguida, foi administrada morfina IV, 7 mg, juntamente
com Dipirona 500 mg, ambas para controle da dor. Com
o tempo da sondagem vesical, revelou-se urina “cor de
chá” na bolsa coletora após 1 hora (figura 3);
Eletrocardiograma (ECG), que revelou taquicardia sinusal
(figura 4) e testes rápidos Anti-HIV e Anti-HTLV (não
reagentes).
Eletrocardiograma
Pontos De Discussão
Discussão
Conceito e Classificação
Primeiro
Lesões apenas da epiderme, apresentando sinais como
Grau (1º
eritema
Grau)
Epidemiologia e Etiologia
A maioria dos inquéritos epidemiológicos brasileiros
indica o perfil das vítimas de queimaduras elétricas
semelhantes ao do paciente do caso: sexo masculino,
idade entre 14 e 55 anos, ocorrência vinculada ao
trabalho – setor de eletricidade, falta de equipamento de
proteção e/ou descuido durante o processo de
trabalho.1,8,10 Por volta de 15% dos pacientes queimados
por eletricidade apresentam também traumas mecânicos
associados, valor consideravelmente superior às demais
etiologias das queimaduras.³
Patogênese e Clínica
Criança (até 9
Área Adulto
anos)
18% - idade em
Cabeça e Pescoço 9%
anos
MMSS (Direito) 9% 9%
MMSS (Esquerdo) 9% 9%
7% + ¼ idade em
Coxa Direita 9%
anos
7% + ¼ idade em
Coxa Esquerda 9%
anos
7% + ¼ idade em
MMII + (Pé Direito) 9%
anos
7% + ¼ idade em
MMII + (Pé Esquerdo) 9%
anos
Genitália 1%
PaO₂ <60
PaCO₂ >55
Saturação < 90
ADULTOS CRIANÇAS
Dipirona - 15 mg a 25 mg/kg
Dipirona - 500 mg a 01 grama EV
EV
b) Tratamentos cirúrgicos
Pontos Importantes
As queimaduras elétricas são particularmente
especiais pelos seus efeitos potencialmente
devastadores, não só à pele, mas como a nervos,
tendões e vasos, além de representarem 20% de
todos os tipos de queimaduras;
Referências
1. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Queimaduras: Diagnóstico e Tratamento Inicial.
Projeto Diretrizes; 2008.
História Clínica
Paciente A. H. J. G. B., 18 anos, sexo masculino,
solteiro, pardo, natural e residente da cidade de Montes
Claros – MG. Admitido no pronto-socorro da Santa Casa
de Montes Claros no 14º DPO de esplenectomia via
laparotomia devido trauma abdominal após colisão
motocicleta com carro. Comparece no hospital
apresentando dor abdominal difusa há 3 dias associada a
náuseas e vômitos. Nega febre, diarreia e outras queixas.
Diurese e evacuações presentes. Dieta não tolerada. Não
fez uso de medicações. Nega alergias ou comorbidades.
Sinais vitais
ACV: RCR 2T
Exames Complementares
Exames laboratoriais
neutrófilos 81,6%;
bastões 6%;
eosinófilos 0%;
basófilos 0%;
linfócitos 7%;
monócitos 6%;
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Hipótese Diagnóstica
Abdome agudo obstrutivo por bridas/aderências.
Discussão
Conduta
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Conceito
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Exames de imagem
Tratamento
Tratamento clínico
Tratamento cirúrgico
Pontos Importantes
Abdome agudo obstrutivo é multifatorial, além de
apresentar-se nas formas parcial ou completa.
A obstrução intestinal por aderências é a principal
causa de abdome agudo obstrutivo, responsável por
aproximadamente 75% dos casos.
Referências
1. Zinner MJ, Ashley SW. Maingot’s abdominal
operations, 12. Edition. New York: MacGrawHill;
2013.
História Clínica
Paciente feminina, 18 anos, veio ao pronto
atendimento com queixa de dor periumbilical e náuseas
há 12 horas. Negava febre, diarreia ou sintomas
urinários. Mãe estava preocupada porque no café e no
almoço a paciente não quis se alimentar, pois estava
sem fome.
90 bpmT
36,5°
SpO₂ = 98%
Atendimento Inicial
Teve melhora dos sintomas após medicação com
dipirona e ondansetron. Deu entrada pela clínica médica,
onde pensaram em dispepsia ou um quadro de inicial de
gastroenterite aguda. Por esse motivo, optaram realizar
exames laboratoriais e USG de abdome total.
Exames Complementares
Hb 13,5 g/dL (12,0 a 15,5)
Tratamento Definitivo
Após retornar do setor de radiologia, paciente teve
retorno da dor, agora em maior intensidade. Por piora da
dor, o médico plantonista da clínica médica optou por
pedir avaliação do cirurgião de plantão. Ao reexaminar a
paciente, a dor agora estava mais intensa e localizada
em fossa ilíaca direita, porém sem sinais de peritonite.
Discussão
A apendicite aguda é a principal causa de abdome
agudo e uma das indicações mais frequentes de cirurgia
abdominal de urgência. Apesar de estudos recentes
sobre tratamento clínico com antibioticoterapia, o
tratamento padrão-ouro continua sendo através da
apendicectomia.
Quadro clínico
Diagnóstico
Exames laboratoriais
Exames de imagem
Tratamento
Pontos Importantes
Atentar para os sinais e sintomas da apendicite
aguda, mesmo com apresentação precoce.
Conhecer os testes e manobras do exame físico.
Referências
1. Gorter RR; Eker HH; Gorter-Stam MA; et al.
Diagnosis and Management of Acute Appendicitis.
EAES Consensus Development Conference 2015.
Surg Endosc 2016; 30:4668.
História Clínica
E. S. S. R., 53 anos, sexo masculino, casado, negro,
natural e residente da cidade de Montes Claros-MG,
procurou atendimento em unidade de pronto
atendimento queixando-se de dor abdominal intensa,
tipo em cólica, em região infraumbilical e mediana,
iniciado há 2 horas. Relata que tem episódios recorrentes
há 5 anos, com mudança do hábito intestinal, náuseas e
vômitos, além de alteração do hábito intestinal com
fezes amolecidas e muco. Nega queixas urinárias ou
sangramento baixo. Informa ser portador de HAS em uso
de Hidroclorotiazida 25 mg, nega demais comorbidades.
Nega alergias. Apresenta filha portadora de retocolite
ulcerativa.
Exame Físico
Sinais vitais: FC: 120 bpm; FR: 24 irpm; SatO₂: 94%
em uso de cateter nasal a 3 L/min.
Paciente encontra-se em regular estado geral,
longilíneo, lúcido, orientado no tempo e espaço,
agitado. Mucosas hipocaradas +2/4, desidratado
+2/4, anictérico, afebril.
RDW 14.
eosinófilos: 0%
monócitos: 2% (355,4)
Plaquetas: 189.000
Urina rotina
piócitos: 1 p/campo
hemácias: ausentes
cilindros: ausentes
cristais: ausentes
flora microbiana: aparentemente normal
Gasometria arterial:
pH: 7,18
pCO₂: 37 mmHg
Figura 1
Figura 2
Hipótese Diagnóstica
Discussão
Conceito
Epidemiologia
Patogênese
Achados laboratoriais
Exames de imagem
Achados tomográficos
Pneumatose intestinal
Ascite. Pneumoperitôneo.
Tratamento
Pontos Importantes
A isquemia mesentérica aguda pode ser definida
como uma interrupção súbita do fluxo sanguíneo
para um segmento do intestino delgado.
Mais frequente em mulheres (aproximadamente
70%), com idade média de 70 anos.
Referências
1. Patel A, Kaleya RN, Sammartano RJ. Pathophysiology
of mesenteric ischemia. The Surgical clinics of North
America. 1992 Feb;72(1):31-41.
9. Choi KS, Kim JD, Kim HC, Min SI, Min SK, Jae HJ,
Chung JW. Percutaneous aspiration embolectomy
using guiding catheter for the superior mesenteric
artery embolism. Korean journal of radiology. 2015
Aug 1;16(4):736-43.
História Clínica
Paciente A. P. M., 82 anos, sexo feminino, viúva,
faioderma, natural e residente da cidade de Montes
Claros – MG. Paciente encaminhada de outra instituição,
com relato de constipação intestinal há 10 dias,
evoluindo com parada da eliminação de fezes e flatos há
4 dias. Também refere dor abdominal tipo cólica, vômitos
e febre hoje (38°C). Dieta não tolerada.
Exames Complementares
Exames laboratoriais:
Neutrófilos: 66%.
Bastonetes: 2%.
Eosinófilos 1%.
Basófilos 0%.
Linfócitos 24%.
Monócitos 7%.
Hipótese Diagnóstica
Abdome agudo obstrutivo por hérnia inguinal
estrangulada.
Conduta
Realizada inguinotomia esquerda, diérese por
planos, identificado saco herniário em canal femoral
esquerdo, abertura de saco herniário com alça do
intestino delgado isquêmicas, e com áreas de
necrose. Realizada a redução de alça e tratamento
saco herniário, fechamento de canal femural com
plug de tela de prolipropileno fixada com prolene
2.0, rafia por planos.
Figura 2
Discussão
Conceito
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Exames de imagem
Pontos Importantes
A obstrução intestinal por herniação é a segunda
causa de abdome agudo obstrutivo, atrás apenas
das aderências e bridas.
Quadro clínico característico: dor em região inguinal
que pode estar acompanhado de náuseas, vômitos,
mal-estar, parada de eliminação de flatos e fezes.
No exame físico pode ser encontrado abaulamento
em região inguinal, hipertimpanismo com ruídos
hidroaéreos aumentados com timbre metálico.
Diagnóstico é eminentemente clínico, mas em casos
de dúvida diagnóstica ou melhor seguimento do
caso, a ultrassonografia e a tomografia de pelve
estão indicadas.
O quadro de hérnia estrangulada é considerado uma
emergência médica, sendo indicado o tratamento
cirúrgico o mais precoce possível. No entanto, em
casos de encarceramento, a cirurgia pode ser
programada quando é possível realizar a redução de
hérnia sem sinais de isquemia intestinal.
Referências
1. Gama JR, Machado MC, Rasslan S. Clínica cirúrgica.
USP. Barueri-SP: Manole; 2008.
2. Zinner MJ, Ashley SW. Maingot’s Abdominal
Operations, 12ª Edition. New York: MacGrawHill,
2013.
3. Nyhus LM, Baker RJ, Fischer JE. Mastery of Surgery,
6ª Edition. London: Little, Brown & Company, 2012.
História Clínica
I.F.B., 65 anos, sexo masculino, casado, branco,
natural e residente de São Paulo. Compareceu ao serviço
com queixa de dor abdominal há 3 horas. Paciente refere
dor localizada na região epigástrica com irradiação para
dorso, do tipo cólica, de início súbito e com piora
progressiva desde então, intensidade 8/10, associado a
náuseas e vômitos. Informa piora da dor após
alimentação.
Antecedentes Pessoais
Hernioplastia inguinal bilateral há 20 anos. Nega
outras comorbidades.
Tabagista 50 maço/ano; ex-etilista (1 dose de
destilado por dia dos 25 anos aos 30 anos),
atualmente etilista social.
Exame físico
AR: MV + S/RA.
Exames Laboratoriais
Hb 18 g/dl (12,0 a 15,5)
Exame De Imagem
Figuras 1 e 2
Discussão
Definição
Epidemiologia
Alcoólica.
Triglicérides.
Hipercalcemia.
Etiologia da pancreatite aguda2,3
Tumores.
Pós-CPRE Infecções.
(HIV, caxumba).
Fisiopatologia
Fase inicial:
Fase tardia:
Quadro clínico
Diagnóstico
Diagnóstico laboratorial
Métodos de imagem
Classificação de Gravidade da PA
Pancreatite
Presença de falência orgânica persistente (> 48h).
aguda grave
Score
Sistema
0 1 2 3 4
101
Respiratório > ≤
Respiratório 301 - 400 201 - 300 -
(PaO₂/FiO₂) 400 101
200
3,6
Creatinina < >
1,4 - 1,8 1,9 - 3,6 -
sérica (mg/dL) 1,4 4,9
4,9
< <
< 90, 90 90
Cardiovascular > < 90, não
Cardiovascular responsivo pH pH
(PAS mmHg) 90 responsivo
ao fluido < <
7,3 7,2
Normal A 0
Inflamação peripancreática C 2
Coleção em 1 espaço D 3
Necrose
Nenhuma 0
Achado tomográfico Pontos
33 - 50% 4
> 50 % 6
Total (0 - 10)
3. Pseudocisto pancreático⁴
Uma coleção encapsulada de fluido com uma
parede inflamatória bem definida geralmente fora
do pâncreas com mínima ou nenhuma necrose. Esta
entidade geralmente ocorre mais de 4 semanas
após o início da pancreatite edematosa intersticial.
Critérios da TC com contraste:
Bem circunscrito, geralmente redondo ou oval.
Localização intrapancreática e / ou
extrapancreática.
Coleção bem
>4
Pseudocisto pancreático delimitada e
semanas
homogênea.
Tipo de complicação Tempo Cápsula/delimitação
Coleção bem
WON: walled-off necrosis (necrose >4
delimitada e
“murada”) semanas
heterogênea.
Pontos Importantes
A pancreatite aguda é uma importante causa de dor
abdominal no pronto socorro. O quadro clínico
clássico consiste de dor abdominal em andar
superior, em faixa com irradiação para o dorso,
associado a náuseas e vômitos.
História Clínica
R.C.S.T., 62 anos, sexo feminino, casada, nulípara,
aposentada, branca, natural e residente de cidade de
São Paulo, procurou atendimento em unidade de pronto-
atendimento por dor abdominal com início há 2 dias.
Paciente refere dor hipogástrica leve, com início há 48 h.
Há 8 h houve aumento da dor, que evoluiu para dor
intensa e contínua em fossa ilíaca esquerda. Refere
calafrios, não aferiu a temperatura axilar. Nega uso de
medicação para alívio da dor. Refere três internações
anteriores em outro serviço, há 12, 7 e 3 meses, por
quadro de dor abdominal semelhante, sendo o primeiro
acompanhado por enterorragia. Relata ter sido tratada
clinicamente. Deveria retornar para segmento, mas não
o fez. Histórico de gastrite e DRGE em uso esporádico de
antiácidos. Nega HAS e DM. Nega alergias. Mãe faleceu
por complicações de diabetes tipo 2, não sabe informar
sobre o pai.
Exame Físico
Sinais vitais: PA 110x70, FC 110 bpm, FR 17, SatO₂%
96%.
Exames laboratoriais
Hipótese Diagnóstica
Diverticulite aguda não complicada: Hinchey I.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Achados laboratoriais
Exames de Imagem
Presença de divertículos.
Estadiamento/Gravidade
Tratamento
Esquema Dosagem
Imunodeficientes
Comorbidades significativas
Idade avançada
Tratamento cirúrgico
Com o advento da radiologia intervencionista e
melhores condições em terapia intensiva, o número de
cirurgias de urgência diminuiu ao longo das últimas
décadas. Apesar disso, a cirurgia ainda é o tratamento
definitivo para diverticulite.
Cirurgia eletiva
Indicação Racional
Drenagem de abscesso no
evento agudo (diverticulite Maior risco de complicações no futuro
complicada prévia)
Comorbidades
São fatores de risco para novos episódios
(imunodeprimidos, doenças
complicados, com perfuração. O limiar
do colágeno, usuários
cirúrgico eletivo deve ser menor nesses
crônicos de corticoide e
casos.
desnutrição)
Referências
1. Jacobs D, et al. Diverticulitis. N Engl J Med. 2007;
357:2057-2066.
2. Pemberton Jh, et al. Acute colonic diverticulitis:
medical management. UpToDate, Waltham, MA.
(Acessado em 25 de Novembro, 2018).
3. Morris AM, et al. Sigmoid diverticulitis. JAMA.
2014;311(3):287-297.
História Clínica
G. A. M. C., sexo feminino, 34 anos, grávida, G3P2
(cesárias) A0, sem alergias medicamentosas, vinha com
quadro de 2 meses de dor no hipocôndrio direito (pós-
prandial), associado a náuseas e vômitos, sem febre ou
sintomas colestáticos, quando apresentou agudização e
intensificação da dor no hipocôndrio direito, febre e Sinal
de Murphy.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Do ponto de vista clínico, dor abdominal, náuseas,
vômitos e febre são os sintomas tipicamente vistos nos
pacientes com colecistite aguda. Tipicamente, a dor
localiza-se no hipocôndrio direito, e tem duração superior
a 6 horas. Ao exame físico, pode ser encontrado o sinal
de Murphy (inspiração profunda interrompida por dor à
palpação profunda no quadrante superior direito
abdominal). Todavia, como dito anteriormente, alterações
anatomofisiológicas apresentadas pela gestante podem
contribuir para apresentações clínicas atípicas, tanto na
qualidade da dor, como em sua localização.
Tratamento
Referências
1. Ansaloni L; Pisano M; Coccolini F; Peitzmann AB;
Fingerhut A; Catena F; et al. 2016 WSES guidelines
on acute calculous cholecystitis. World Journal of
Emergency Surgery [Internet]. Springer Nature;
2016 Jun 14;11(1). Available from:
http://dx.doi.org/10.1186/s13017-016-0082-5.
2. Gomes CA; Junior CS; Di Saveiro S; Sartelli M; Kelly
MD; Gomes CC; et al. Acute calculous cholecystitis:
Review of current best practices. World Journal of
Gastrointestinal Surgery [Internet]. Baishideng
Publishing Group Inc.; 2017;9(5):118. Available from:
http://dx.doi.org/10.4240/wjgs.v9.i5.118.
3. Sachs A; Guglielminotti J; Miller R; Landau R; Smiley
R; Li G. (2017). Risk Factors and Risk Stratification
for Adverse Obstetrical Outcomes After
Appendectomy or Cholecystectomy During
Pregnancy. JAMA Surgery, 152(5), 436.
doi:10.1001/jamasurg.2016.5045.
História Clínica
F. J. S., 70 anos, natural e residente em Juiz de Fora-
MG, tabagista grave, etilista grave, desempregado,
procura atendimento médico em unidade secundária de
saúde devido à dor abdominal difusa, de forte
intensidade, associada à colúria e icterícia, de início
espontâneo, acompanhada de náuseas, vômitos, febre e
hiporexia. O quadro foi progressivo em intensidade e
gravidade. A dor, inicialmente epigástrica e moderada,
tornou-se mais intensa e difusa. Devido às limitações do
serviço público de saúde, só foi transferido para o
hospital após três semanas de evolução do quadro clínico
inicial.
HPP:
DM2.
Bilirrubina total: 6,17 mg/dL (normal até 1,2 mg/dL) – direta: 4,45 mg/dL e
indireta 1,7 mg/dL.
TGP: 17 U/L (normal até 39 U/L).
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
A litíase biliar é uma doença de alta prevalência
mundial, podendo chegar a até 20% da população geral.
Dentre os pacientes com colecistolitíase,
aproximadamente 15-20% podem apresentar
coledocolitíase, sintomática ou não. A ocorrência de
coledocolitíase primária é associada à existência de uma
via biliar doente, com cisto, dilatação senil ou fibrose
cística e tem sua incidência pouco documentada.
Etiologia
Patogênese
Diagnóstico
Ultrassonografia de abdome
Ressonância magnética
Tomografia computadorizada
Colangiografia intraoperatória
Ecoendoscopia
Tratamento
CPRE
Derivação biliodigestiva
Pancreatite biliar.
Pontos Importantes
A coledocolitíase é uma complicação da
colecistolitíase, com potencial de gravidade
importante, na forma de colestase e colangite.
Referências
1. Gilsdorf D; Henrichsen J; Liljestrand K; Staheli A;
Olsen G; Narayanan P; Ott M; Morris DS; Price R.
Laparoscopic Common Bile Duct Exploration for
Choledocholithiasis: Analysis of Practice Patterns of
Intermountain Health Care.J Am Coll Surg. 2018
Jun;226(6):1160-1165. doi:
10.1016/j.jamcollsurg.2018.02.008. Epub 2018 Mar
5.
História Clínica
B.L.M., 53 anos, sexo feminino, advogada, branca,
natural de Adamantina-SP e procedente de São Paulo-SP,
procurou atendimento em pronto atendimento devido a
quadro de dor em hipocôndrio direito com início há 05
dias. Paciente refere dor tipo cólica, de moderada
intensidade, intermitente, sem irradiação, associado a
episódios de náuseas sem vômitos, além de piora da dor
após ingesta alimentar. Refere uso de analgésicos
comuns com melhora parcial do quadro neste período.
Refere ainda que há 02 dias houve piora da dor,
tornando-se contínua, além de início de quadro de
icterícia e 01 episódio de febre aferida (38°) associada a
calafrios. Nega alterações do hábito intestinal ou
urinários. Refere já ter apresentado há 03 meses
episódios de dores semelhantes, com resolução após uso
de analgésicos comuns. Histórico de hipertensão e
dislipidemia em acompanhamento regular em unidade
básica de saúde. Nega cirurgias prévias. Mãe diabética,
submetida a colecistectomia com 30 anos por colelitíase,
pai hipertenso, sem outros antecedentes.
Exame Físico
Sinais vitais: PA: 128 X 74 mmHg, FC:78 bpm,
Temperatura: 37,9°C, SatO₂: 98% em ar ambiente
Exames Complementares
EXAME VALOR REFERÊNCIA
135 – 145
Sódio 142 mEq/L
mEq/L
Conclusão:
2. Coledocolitíase.
Hipótese Diagnóstica
Colangite Aguda Leve (Grau 01).
Paciente evoluiu bem após a remoção do cálculo da
via biliar, com melhora clínica e laboratorial gradativa,
em vigência de antibióticoterapia, mantendo boa
aceitação alimentar, em programação de colecistectomia
após estabilização clínica durante a mesma internação.
Discussão
Conceitos
Colangite aguda é uma síndrome caracterizada por
dor abdominal, febre e icterícia, resultante de
estase/obstrução e consequente infecção da via biliar¹.
Tal condição pode levar a uma rápida deterioração clínica
do paciente em decorrência do quadro séptico
estabelecido, mostrando a necessidade de um
diagnóstico precoce e preciso, além de um tratamento
efetivo².
Fístulas biliares;
Pancreatite aguda;
Abscesso hepático.
A: Inflamação sistêmica:
B: Colestase:
B1: Icterícia
- Bilirrubina total (BT ≥ 2mg/dl)
C: Imagem:
Métodos Diagnóstico
Estadiamento
Tratamento
Pontos Importantes
A colangite aguda ocorre em virtude da combinação
entre obstrução da via biliar associado a infecção
bacteriana.
A obstrução biliar predispõe ao aumento da pressão
interna da árvore biliar, resultando em translocação
bacteriana e infecção sistêmica.
A principal causa da colangite aguda é a
coledocolitíase. Dentre outras causas, podemos
destacar neoplasias de vias biliares/pâncreas,
estenoses benignas, obstrução por stents biliares,
além de infecções parasitárias.
Os principais microorganismos envolvidos são as
bactérias gram negativas. Dentre elas, podemos
destacar a Escherichia coli.
O quadro clínico clássico compõe a Tríade de
Charcot (dor abdominal mais prevalente em
hipocôndrio direito, febre e icterícia).
A associação de hipotensão e alteração do nível de
consciência, compõe a Pêntade de Reynalds (esta
última mais rara e descrita em casos de maior
gravidade).
O diagnóstico é estabelecido pelo quadro clínico do
paciente. Exames laboratoriais e de imagem (USG
de abdome superior, Colangio-RNM) são
importantes para definir gravidade e prognóstico,
bem como a etiologia do quadro, e nunca devem
atrasar o início do tratamento do paciente.
A colangite aguda pode ser classificada como leve,
moderada ou grave. A colangite grave envolve
disfunção orgânica ao quadro clínico de base do
paciente.
O tratamento baseia-se em suporte clinico
associado a descompressão da via biliar.
Suporte clínico: hidratação, analgesia e
antibioticoterapia. Dentro da antibioticoterapia,
devemos necessariamente cobrir bactérias gram
negativas e anaeróbias (p.ex: Ceftriaxone ou
Ciprofloxacino + Metronidazol). A antibioticoterapia
vai permanecer no mínimo por 5 a 7 dias após a
resolução da etiologia do quadro.
A drenagem da via biliar deve ocorrer dentre das
primeiras 24 a 48h do quadro.
A CPRE é o procedimento de escolha na maioria dos
casos, devido a principal etiologia ser a
coledocolitíase. A colocação de próteses biliares
dependerá do nível de obstrução biliar, bem como
do quadro clínico do paciente, dando preferência as
próteses plásticas.
Drenagem transparietohepática é uma alternativa a
drenagem da via biliar, quando a CPRE não é
factível.
Procedimentos cirúrgicos (p.ex: derivação bilio
digestiva) são reservados quando há falha dos
métodos anteriores, ou quando os mesmos não
estão disponíveis.
Referências
1. WAH, David Lan Cheong; CHRISTOPHI, Christopher;
MURALIDHARAN, Vijayaragavan. Acute cholangitis:
current concepts. Anz Journal Of Surgery, [s.l.], v.
87, n. 7-8, p.554-559, 24 mar. 2017.
2. MOURA, Eduardo Guimarães Hourneaux de et al.
Manual do Residente em Endoscopia Digestiva:
Colangite Aguda. Barueri: Manole Ltda, 2014. 421-
429 p.
3. MIURA, Fumihiko et al. Tokyo Guidelines 2018: initial
management of acute biliary infection and flowchart
for acute cholangitis. Journal Of Hepato-biliary-
pancreatic Sciences, [s.l.], v. 25, n. 1, p.31-40, jan.
2018.
4. MAPLE, John T. et al. The role of endoscopy in the
management of choledocholithiasis. Gastrointestinal
Endoscopy, [s.l.], v. 74, n. 4, p.731-744, out. 2011.
5. MUKAI, Shuntaro et al. Indications and techniques of
biliary drainage for acute cholangitis in updated
Tokyo Guidelines 2018. Journal Of Hepato-biliary-
pancreatic Sciences, [s.l.], v. 24, n. 10, p.537-549,
out. 2017.
6. ISAYAMA, Hiroyuki; YASUDA, Ichiro; TAN, Damien.
Current strategies for endoscopic management of
acute cholangitis. Digestive Endoscopy, [s.l.], v. 29,
p.70-77, abr. 2017.
7. WADA, Keita et al. Diagnostic criteria and severity
assessment of acute cholangitis: Tokyo Guidelines.
Journal Of Hepato-biliary-pancreatic Surgery, [s.l.], v.
14, n. 1, p.52-58, jan. 2007.
8. TOMISHIGUE T, Matuguma SE. Aspectos
endoscópicos da colangite aguda supurativa. In:
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endoscopia diagnóstica e terapêutica. São Paulo:
Atheneu; 2005. p.103-6.
9. SHIOMI, Hideyuki; MATSUMOTO, Kazuya; ISAYAMA,
Hiroyuki. Management of acute cholangitis as a
result of occlusion from a self-expandable metallic
stent in patients with malignant distal and hilar
biliary obstructions. Digestive Endoscopy, [s.l.], v.
29, p.88-93, abr. 2017.
10. TOHDA, Gen; DOCHIN, Masaki. Management of
endoscopic biliary stenting for choledocholithiasis:
Evaluation of stent-exchange intervals. World
Journal Of Gastrointestinal Endoscopy, [s.l.], v. 10, n.
1, p.45-50, 16 jan. 2018. Baishideng Publishing
Group Inc.
Caso 35 | Hemorragia
Digestiva Alta
Autores: João Henrique Fonseca do Nascimento, Adriano Tito Souza
Vieira, Iago Miranda Oliveira Dórea, Willian Miguel, André Bouzas
de Andrade e André Gusmão Cunha
História Clínica
J. A. C. L., 50 anos, masculino, branco, casado,
pedreiro desempregado, natural e procedente de região
metropolitana da capital do estado da Bahia, é levado
pela esposa para emergência do Hospital Universitário da
capital com história de melena, seguido de hematêmese
volumosa, há cerca de 24 horas. Refere vômito borráceo,
odor de ferro, sem presença de restos alimentares ou
outros elementos. A melena foi caracterizada pelo
paciente, como pastosa, escura, de caráter em borra de
café e odor consideravelmente fétido. Nega febre,
dispneia, tonturas, desmaios, cefaleia ou outras queixas
álgicas no momento. Diz ter diagnóstico, há 2 anos, de
doença parenquimatosa crônica do fígado e hipertensão
portal, sendo atualmente acompanhado no ambulatório
de centro de referência de seu município. Ademais, conta
seguir as orientações médicas, não apresentando, desde
o início do diagnóstico, outros problemas advindos dessa
doença (sic).
Ainda a respeito de seus antecedentes médicos e
patológicos, nega transfusões ou traumas. Nega HAS, DM
e epidemiologia para Doença de Chagas e
Esquistossomose. Nega uso de antiplaquetários, anti-
inflamatórios ou anticoagulantes. Refere ambos pais
falecidos em idade longeva, acreditando ter causa
associada à senilidade. Tem dois irmãos, de 37 e 45 anos,
vivos e aparentemente hígidos. Refere desconhecimento
sobre doenças de caráter hereditário ou congênito na
família. Em hábitos de vida e psicossociais, descreve
sedentarismo, alimentação hiperlipídica sem consumo
regular de frutas e leguminosas, além de abstenção de
álcool há 10 meses, quando perdeu o emprego. Conta,
também, história passada de hábito etílico desde os 20
anos aos finais de semana, fazendo uso até o momento
da embriaguez, com eventuais perdas da consciência,
consumindo aguardente (cachaça a base de cana-de-
açúcar) e cervejas. Nega tabagismo, uso de drogas
ilícitas ou injetáveis, múltiplos parceiros ou parceiras
sexuais, relação sexual desprotegida ou história de
infecção sexualmente transmissível.
Exames Laboratoriais
Laboratório Valores obtidos Valores referência
HEMOGRAMA
VCM 90 fL 80 – 100 fL
HCM 30 pg 27 – 33 pg
Basófilos 0% 0 – 1%
Laboratório Valores obtidos Valores referência
Eosinófilos 1% 1 – 5%
Monócitos 9% 3 – 14%
FUNÇÃO HEPÁTICA
TP 15 s 10 – 14 s
Preparo:
Esôfago:
Estômago:
Duodeno:
Impressão diagnóstica:
Hipótese Diagnóstica
Hemorragia Digestiva Alta secundária a Varizes
Esofagianas.
Condutas
Foi realizada a ligadura endoscópica elástica das
varizes esofagianas (Figura 2), colocando 4 bandas, sem
intercorrência. Após os procedimentos, foi introduzido no
tratamento norfloxacino oral, 400 mg, 2 vezes/dia por 7
dias.
Figura 2 – Ligadura elástica endoscópica das varizes esofagianas (Cortesia
de Dr. Iury Jorge Melo).
Discussão
Conceito e classificação
Epidemiologia e etiologia
Patogênese e clínica
hemorragia varicosa;
ascite;
encefalopatia;
icterícia;
carcinoma hepatocelular.
Diagnóstico
Achados laboratoriais
1 3
PONTUAÇÃO 2 PONTOS
PONTO PONTOS
Grau 3
Encefalopatia Ausência Grau 1 ou 2
ou 4
Pequena ou
Ascite Ausência Grande
média
Pressão
Frequência Perda Perda Gravidade
arterial
cardíaca sanguínea volêmica HDA
sistólica
Cirurgia de emergência
Pontos Importantes
Por definição, a hemorragia digestiva (HD) é
qualquer sangramento que ocorra no trajeto que vai
da boca ao ânus.
O ligamento de Treitz permite a classificação em HD
altas (HDA), que ocorrem proximal/superior a este
ligamento, e HD baixas (HDB), que ocorrem
distal/inferior ao mesmo.
Referências
1. DiGregorio AM, Alvey H. Gastrointestinal Bleeding
[Internet]. StatPearls. 2018 [cited 2019 Feb 8].
Available from:
www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30725976.
2. Dennis L. Kasper , Stephen L. Hauser , J. Larry
Jameson , Anthony S. Fauci , Dan L. Longo JL.
Medicina interna de Harrison. 18th ed. Porto Alegre;
2013. 3048 p.
História Clínica
J. J. M., 30 anos, sexo feminino, casada, um filho,
procura o pronto atendimento por dor em flanco
esquerdo há 2 dias, tipo cólica, de forte intensidade, com
irradiação para região inguinal do mesmo lado. Refere
ainda náuseas, vômitos, febre aferida em domicílio (T:
38°C) e disúria. Nega alteração de hábito intestinal. Nega
corrimento vaginal ou atraso menstrual. Relata episódios
frequentes de infecção do trato urinário nos últimos
anos, tratadas ambulatorialmente.
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Epidemiologia
Anatomia e patogênese
Fatores de risco
Diagnóstico
Ureterolitotripsia
Prevenção
Referências
1. Stamatelou KK; Francis ME; Jones CA; Nyberg LM;
Curhan GC. Time trends in reported prevalence of
kidney stones in the United States: 1976-1994.
Kidney Int. 2003;63(5):1817-23.
2. Lieske JC; Pena de la Vega LS; Slezak JM; Bergstralh
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epidemiology in Rochester, Minnesota: an update.
Kidney Int. 2006;69(4):760-4.
3. Pearle MS; Calhoun EA; Curhan GC; Urologic
Diseases of America P. Urologic Diseases in America
Project: Urolithiasis. J Urol. 2005;173(3):848-57.
4. Soucie JM; Thun MJ; Coates RJ; McClellan W; Austin
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Kidney Stones in the United States. Kidney Int.
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Formation. Clin Rev Bone Miner Metab. 2011;9(3-
4):187-97.
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Nephrolithotomy: What the Future Holds? Asian J
Urol. 2018;5(4):287-94.
17. Sakhaee K. Medical Measures for Secondary
Prevention of Urolithiasis. Eur Urol Focus.
2017;3(1):10-2.
18. Tiselius HG; Daudon M; Thomas K; Seitz C. Metabolic
Work-up of Patients with Urolithiasis: Indications and
Diagnostic Algorithm. Eur Urol Focus. 2017;3(1):62-
71.
Caso 37 | Neoplasia De
Próstata
Autores: Lucas Takemura, Hugo Octaviano Duarte Santos, Rafael
Rojas Claros
Orientador: Oliver Rojas Claros
História Clínica
A.C.F., 51 anos, sexo masculino, conta antecedente de
sintomas do trato urinário inferior que caracterizou como
jato urinário médio, sensação de esvaziamento vesical
incompleto e noctúria três vezes há dois anos. Refere
que evoluiu com retenção urinária aguda há dois meses
após episódio de prostatite aguda e que esta com sonda
vesical de demora desde então. Fez tratamento
adequado com antibioticoterapia orientada por
urocultura. Dosagem de PSA da ocasião da retenção
urinária aguda foi de 62 e PSA controle atual de 14,9.
PSA de dois anos atrás era de 2,6. Conta que pai teve
diagnóstico de câncer de próstata. Foi submetido à
biópsia transretal de próstata e traz resultado que mostra
adenocarcinoma de próstata Gleason 5+4 em todos os
fragmentos.
Exame Físico
Encontrava-se em bom estado geral. Abdome globoso,
flácido e indolor.
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Discussão
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Rastreamento de Cap
Estadiamento
Tratamento
Pontos Importantes
Indivíduos com expectativa de vida inferior a 10
anos não devem ser submetidos ao rastreamento
para CaP.
Vigilância ativa é uma modalidade terapêutica que
pode ser recomendada para pacientes portadores
de CaP de baixo risco.
Referências
1. Siegel RL, Miller KD, Jemal A. CA Cancer J Clin 2015.
Jan-Feb;65:5-29.
2. Instituto Nacional de câncer José Alencar Gomes da
Silva. Estimativas 2016: incidência de câncer no
Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2015. Disponível em:
http://www.inca.gov.br/ estimativa/2016/ estimativa-
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3. Shariat SF, Semjonow A, Lilja H, Savage C, Vickers
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blood-based markers. Acta Oncol. 2011; 50:61-75.
4. Bjartell A, Montironi R, Berney DM, Egevad L.
Tumour markers in prostate cancer II: diagnostic and
prognostic cellular biomnarkers. Acta Oncol. 2011;
50:76-84.
5. https://uroweb.org/wp-content/uploads/EAU-
Guidelines-Prostate- -Cancer-2015-v2.pdf
8. http://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/
prostate_detection.pdf
9. Epstein JI, Allsbrook WC Jr, Amin MB, et al. The 2005
International Society of Urological Pathology (ISUP)
consensus conference on Gleason grading of
prostatic carcinoma. Am J Surg Pathol.
2005;29:1228-42
10. http://www.auanet.org/education/guidelines/prostate
-cancer-detection.cfm
11. Schröder FH, et al. Screening and prostate cancer
mortality: results of the European Randomised Study
of Screening for Prostate Cancer (ERSPC) at 13
years of follow-up. Lancet Oncology. 2014
Dec;384(9959)2027-2035.
12. http://www.portaldaurologia.org.br/
medicos/noticias/ nota-oficial-rastreamento-do-
cancer-de-prostata/
13. D’Amico AV, Whittington R, Malkowicz SB, et al.
Biochemical outcome after radical prostatectomy,
external beam radiation therapy or interstitial
radiation therapy for clinically localized prostate
cancer. JAMA. 1998;280:969-74.
História Clínica
E.P.V., 72 anos, sexo masculino, solteiro, residente de
Taboão da Serra, SP. Referenciado para atendimento
ambulatorial após achado em TC de abdome e pelve,
exame motivado por dor lombar bilateral inespecífica há
1 mês, com resolução espontânea e completa.
Atualmente assintomático, nega hematúria ou sintomas
urinários.
Exame Físico
Sinais vitais: PA 140x90mmhg; FC 90bpm; FR 16;
SatO₂ 97%aa.
Paciente em bom estado geral, consciente,
orientado em tempo e espaço.
Exames Complementares
Laboratoriais
Outros Achados Na TC
Presença de cistos renais simples bilaterais, o maior
no terço superior do rim direito medindo 7,5cm (Bosniak
I). Cistos com fina septação no terço inferior do rim
esquerdo, medindo 3,4cm (Bosniak II).
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Exames de Imagem
Características Abordagem
Cirurgia.
Bosniak Conteúdo claramente maligno com realce dos
Maioria é
IV componentes de tecido mole.
maligno.
Biópsia Renal
Estágio T N M
I T1 N0 M0
II T2 N0 M0
III T1 ou T2 N1 M0
T3 N0 ou N1 M0
IV T4 Qualquer N M0
Qualquer T Qualquer N M1
Tratamento
Devemos levar em conta o tamanho da lesão, sua
localização, a condição clínica global do paciente, além
da presença de metástases, para definir o melhor
tratamento. O objetivo é obter controle oncológico com
mínima perda de função renal e baixa morbidade.
Não Cirúrgico:
Pontos Importantes
A maioria dos pacientes com neoplasia renal se
apresentam com imagens incidentais do rim e
assintomáticos.
Os 3 principais tipos de carcinoma de células renais
são: carcinoma de células claras (CCC), papilífero e
cromófobo. CCC é mais prevalente e de pior
prognóstico.
A Tomografia computadorizada é o padrão ouro para
diagnóstico e estadiamento de carcinomas renais.
Todo cisto renal deve ser avaliado pela Classificação
de Bosniak para definição de conduta. Tratar cistos
Bosniak III/IV como lesões sólidas.
O diagnóstico de carcinoma renal se baseia em
exames de imagem, não sendo necessário biópsia
exceto em casos de doença metastática, dúvida
diagnóstica, rim único, ou quando se considera
terapia de ablação renal.
Nefrectomia parcial é modalidade de tratamento de
escolha para a maioria dos tumores até
estadiamento T2. Realiza-se a cirurgia radical em
casos de estadiamento mais avançado, com
proximidade de estruturas do hilo renal ou na
presença de trombos tumorais extensos.
Massas renais < 4cm, considerar terapias
alternativas como ablação ou vigilância ativa, em
pacientes mais idosos e com múltiplas
comorbidades ou fragilidade.
Carcinoma de células renais não responde a QT
convencional.
O Tratamento de doença metastática envolve
drogas alvo ou imunoterapia, e deve ser realizado
em ambiente multidisciplinar com oncologia clínica,
baseando-se no tipo histológico e risco
individualizado, podendo ser associado a
nefrectomia citorredutora.
Referências
1. Gill IS et al. Clinical practice. Small renal mass. N
Engl J Med 2010; 362:624-634
História Clínica
Paciente D.V.M.N., 43 anos, sexo masculino.
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Exame Resultado Valor de referência (VR)
Usg doppler
Figura 1
Figura 2
Discussão
Conceitos
Epidemiologia e Patogênese
Diagnóstico
Tratamento
Pontos Importantes
A epididimite pode ser causada por infecção
bacteriana ou não. Em se tratando de infecção
bacteriana, a idade do paciente pode indicar o
agente causador, auxiliando na escolha
antimicrobiana. Nos pacientes sexualmente ativos,
deve-se considerar Nesseria gonorrhoeae e
Chlamydia trachomatis como prováveis agentes
causadores.
A intensidade da dor que o paciente apresenta não
tem relação com o diagnóstico da causa da dor
testicular. A dor da epididimite pode ser de leve a
intensa. O alívio da dor ao se elevar os testículos
(manobra de Prehn) fala a favor do diagnóstico de
epididimite.
Referências
1. Trojian TH, Lishnak TS, Heiman D. Epididymitis and
orchitis: an overview. Am Fam Physician. 2009;
79:583.
História Clínica
Paciente M.H.M., 20 anos, sexo masculino.
Exame Físico
Sinais vitais: PA 125x90; FC 92bpm; Temperatura
axilar = 35,6°C
Nota-se testículo direito horizontalizado e elevado
na bolsa testicular, com hiperemia e espessamento
da pele adjacente. Testículo esquerdo tópico, sem
alterações.
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Usg doppler
Figura 1
Figura 2
Discussão
Conceitos
Epidemiologia e Patogênese
Diagnóstico
O paciente com torção do testículo geralmente se
apresenta no serviço de emergência hospitalar com
história de dor de início abrupto de moderada a forte
intensidade, especialmente doloroso ao toque e com
edema. Pode haver apresentação subaguda do quadro,
com história de dor testicular intermitente,
especialmente em crianças1. Alguns pacientes podem
relatar náuseas e vômitos associados.
Tratamento
Pontos Importantes
Frente a um paciente com dor testicular que procura
o pronto-socorro, o principal objetivo deve ser
descartar a presença de torção testicular com
brevidade, pois quanto mais tempo de sintomas,
pior o prognóstico para a viabilidade do testículo
acometido.
Sinais no exame físico que apontam para presença
de torção testicular são a horizontalização do
testículo e ausência de reflexo cremastérico. A
presença de edema, aumento do volume do
testículo e dor podem ocorrer em outras causas de
dor testicular, como orquiepididimites, sendo estes
achados de pouco valor diagnóstico.
O testículo já pode sofrer dano irreversível após 12 h
do início do quadro de torção, mesmo período em
que se inicia o aparecimento de hiperemia da pele
da bolsa testicular, sendo este um sinal de pior
prognóstico.
O exame de escolha para diagnóstico é o Ultrassom
Doppler, porém não se deve postergar uma
indicação cirúrgica na suspeita do diagnóstico de
torção, caso o exame não esteja prontamente
disponível.
Durante a cirurgia para correção da torção
testicular, o testículo contralateral deve ser
explorado e fixado (orquidopexia), independente do
estado de viabilidade do testículo acometido.
Mesmo que o paciente submetido à orquiectomia
por necrose do testículo tenha seu testículo
contralateral de bom aspecto e bem fixado após
abordagem cirúrgica, há o risco de desenvolver
déficit na produção de espermatozoides por
mecanismos imunológicos.
Referências
1. Eyre, RC. Evaluation of acute scrotal pain in adults.
In: UpToDate, Post, TW (Ed), UpToDate, Waltham,
MA, 2019.
2. Dunne PJ, O’Loughlin BS. Testicular torsion: time is
the enemy. Aust N Z J Surg. 2000; 70:441.
História Clínica
Paciente do sexo feminino, de 87 anos, com
antecedente de hipotireoidismo, hipertensão arterial
sistêmica e bócio multinodular volumoso, classificação
Bethesda II. Relatava aumento do volume cervical há 7
anos, com sintomas compressivos em progressão e piora
recente. Em janeiro de 2016 apresentou episódio de
hemoptise, com necessidade de procurar atendimento de
emergência.
Exame Físico
Ao exame físico apresentava tireoide volumosa com
componente mergulhante à esquerda, pouco móvel à
deglutição, sem distensão veias jugulares externas.
Condução Do Caso
A paciente evolui sem mais episódios de hemoptise.
Recusou a cirurgia em novembro de 2016. Com piora dos
demais sintomas compressivos e aumento do volume do
bócio, foi submetida a tireoidectomia total em 11 de
maio de 2017. (Imagem 04). A Intubação orotraqueal
pela equipe anestésica ocorreu sem episódios de
sangramento. Procedimento cirúrgico totalmente por via
cervical anterior, sem intercorrências.
Discussão
A tireoide é uma glândula endócrina, localizada na
região cervical anterior, responsável pela regulação da
atividade metabólica de todo o corpo. Trata-se de um
órgão ricamente vascularizado e anatomicamente
relacionado com diversas outras estruturas nobres do
pescoço, como grandes vasos, as paratireoides, a
traqueia, a laringe e os nervos laríngeos 1,2,3,4,5,6,7.
Bócio
Diagnóstico
Margens irregulares.
Microcalcificação.
RISCO DE
CATEGORIA
MALIGNIDADE MANEJO CLÍNICO
DIAGNÓSTICA
(%)
(III)Atipias de Significado
5-15 Repetir PAAF
Indeterminado
(IV)Suspeito de
15-30 Cirurgia: lobectomia
Neoplasia Folicular
Carcinoma da Tireoide
Indicações
Sintomas compressivos.
Componente da glândula mergulhante para o
mediastino.
Queixa estética.
Tipos
Complicações Específicas
Apresentação Clínica
O carcinoma anaplásico da tireoide se apresenta na
6a e 7a décadas de vida, 55 a 77% dos casos em
mulheres. Pode ser precedido por bócio de longa duração
ou carcinomas bem diferenciados da tireoide. O quadro
clínico mais comum é de aumento rápido e acentuado do
volume do pescoço, acompanhado de dificuldade de
respirar, deglutir, piora do estado geral, perda ponderal e
disfonia. Ao exame físico, identifica-se paciente em mau
estado geral com tumor endurecido, fixo à traqueia e
laringe, com dispneia obstrutiva. Pode ser encontrada
metástase para linfonodo cervical. O principal
diagnóstico diferencial é a hemorragia dentro de um
nódulo de bócio, que também pode causar aumento
rápido. Do volume da tireoide e os outros sintomas
mencionados4,5,6,7.
Exames complementares
Tratamento
Pontos Importantes
Podemos dividir as doenças benignas da tireoide em
duas categorias principais: alterações da sua
morfologia (bócios) ou alterações da sua função
(hipertireoidismo ou hipotireoidismo
Bócio é definido como qualquer alteração
morfológica da tireoide (seja por nódulos ou
aumento de seu volume) que não seja provocado
por doença maligna ou por infecção
A apresentação clínica do bócio é dependente de
duas principais variáveis: volume e função
tireoidiana
Referências
1. Manual do residente de cirurgia de cabeça e
pescoço / editores Vergilius J. F. Araújo Filho, Claudio
Roberto Cernea, Lenine Garcia Brandão – 2 th –
Barueri, SP; Manole; 2013. Capítulo 19 – Bócios
simples (Vergilius José Furtado de Araujo Filho)
2. Manual do residente de cirurgia de cabeça e
pescoço / editores Vergilius J. F. Araujo Filho, Claudio
Roberto Cernea, Lenine Garcia Brandão – 2 th –
Barueri, SP; Manole; 2013. Capítulo 20 – Bócios
tóxicos (Lenine Garcia Brandão, Vergilius José
Furtado de Araujo Filho).
3. Manual do residente de cirurgia de cabeça e
pescoço / editores Vergilius J. F. Araujo Filho, Claudio
Roberto Cernea, Lenine Garcia Brandão – 2 ed –
Barueri, SP; Manole; 2013. Capítulo 22 – Carcinoma
bem diferenciado da Tireoide (Lenine Garcia
Brandão, Vergilius José Furtado de Araujo Filho).
4. Manual do residente de cirurgia de cabeça e
pescoço / editores Vergilius J. F. Araujo Filho, Claudio
Roberto Cernea, Lenine Garcia Brandão – 2 th –
Barueri, SP; Manole, 2013. Capítulo 23 – Carcinoma
Medular da Tireoide (Marcos Roberto Tavares)
5. Manual do residente de cirurgia de cabeça e
pescoço / editores Vergilius J. F. Araujo Filho, Claudio
Roberto Cernea, Lenine Garcia Brandão – 2 th –
Barueri, SP; Manole; 2013. Capítulo 25 – Carcinoma
Indiferenciado da Tireoide (Marcos Roberto Tavares).
6. Chiachio S, Lorenzoni A, Boni G, Rubello D, Elisei R,
Mariani G. Anaplastic Thyroid câncer: prevalence,
diagnose and treatment. Minerva Endocrinol. 2008;
33 (4): 341-57
7. Araujo Neto VJF. Aula on-line “A tireoide e suas
doenças” portal EduMedica. www.edumedica.com.br
Caso 42 | Carcinoma
Espinocelular De Cabeça
E Pescoço
Autores: Daniel Abreu Rocha e Vergilius José Furtado de Araujo
Neto
História Clínica
Identificação: S.S.S., 61 anos, sexo masculino,
pardo, casado, comerciante.
Exame Físico
Bom estado geral, corado, hidratado, anictérico,
acianótico, afebril, eupneico
Pescoço negativo
Nasofibrolaringoscopia:
Evolução
Paciente submetido ao procedimento cirúrgico com
sucesso e sem intercorrências. À laringoscopia de
suspensão, foi constatado lesão vegetante e infiltrativa
na totalidade da PVD, com os seguintes limites: anterior –
até a comissura anterior sem ultrapassa-la; posterior –
até o processo vocal da aritenoide direita; superior – até
ventrículo direito; inferior – limitada a glote, sem
aparente extensão para subglote. Por motivos
anatômicos, a exposição da glote foi limitada, o que não
tornava o paciente apto a uma eventual ressecção
endoscópica de toda a lesão.
Laudo TC pescoço
Laudo TC tórax
Ausência de linfonodomegalias.
Figura 2 – Corte tomográfico à altura da cartilagem tireoide evidenciando
lesão cometendo prega vocal
Discussão
A maioria dos carcinomas espinocelulares (CEC) da
cabeça e pescoço começam na superfície das mucosas
do trato aerodigestório. Ele pode aparecer na cavidade
oral, faringe, laringe, cavidade nasal ou seios paranasais,
principalmente.1
Apresentação clínica
A apresentação clínica do CEC de cabeça e pescoço
varia dependendo do sítio da lesão primária. Uma vez
que o diagnóstico precoce é determinante para o
prognóstico do doente, o médico generalista deve estar
atento, em um paciente com fatores de risco, ao
aparecimento das seguintes queixas:
Perda ponderal.
Dispneia.
Disfagia.
Otalgia.
Diagnóstico
Estadiamento (1)
Supraglote
Glote
Subglote
Pontos Importantes
Reconhecer os fatores de risco para o CEC de
cabeça e pescoço, especialmente o tabagismo e o
consumo de álcool.
Identificar precocemente as lesões suspeitas,
especialmente em pacientes com disfonia, feridas
na boca, emagrecimento, massas cervicais ou
dispneia.
Conduzir o caso inicialmente de forma adequada,
com avaliação completa e biópsia.
Entender o contexto da doença, do doente, e do
serviço em que o paciente está inserido para melhor
definir a estratégia de tratamento.
Referências:
1. Head and Neck. In: AJCC Cancer Staging Manual, 8th
ed, Amid MB (Ed), Springer, New York 2017. p.53.,
corrected at 4th printing, 2018.
2. UpToDate Overview of the diagnosis and staging of
head and neck câncer. Authors: Colin S Poon, MD,
PhD, FRCPC Kerstin M Stenson, MD, FACS Section
Editors: Bruce E Brockstein, MD Marvin P Fried, MD,
FACS Depuy Editor: Sonali Shah, MD. Literature
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História Clínica
Paciente de 31 anos, do sexo masculino, engenheiro,
vem ao ambulatório com queixa de abaulamento cervical
discretamente doloroso em região lateral do pescoço, à
esquerda, há 6 meses. A massa é única e tem
crescimento lento e progressivo. Paciente nega história
de emagrecimento, febre ou sudorese noturna. Não há
fatores de risco para doenças sexualmente
transmissíveis, nega tabagismo, etilismo ou uso de
drogas. Não teve contato com pacientes com
tuberculose. Nega comorbidades ou cirurgias prévias.
Sem antecedentes familiares relevantes.
Exame Físico
Bom estado geral. Corado, hidratado, anictérico,
acianótico, afebril e eupneico. Frequência cardíaca
de 80 batimentos por minuto. Pressão arterial de
120 x 80 mmHg
Sem alterações relevantes na semiologia cardíaca,
abdominal, torácica e de membros.
Sorologias negativas.
Hipótese Diagnóstica
Paraganglioma de corpo carotídeo
Discussão
A avaliação inicial de qualquer paciente com queixa
relacionada à região cervical deve começar com história
clínica e exame físico cervical. A formulação de hipóteses
diagnósticas e adequada condução da investigação
dependem fundamentalmente desses dois passos.
Anatomia.
Etiologia.
Figura 8
Músculos de referência
Figura 9
Figura 10
Doenças inflamatórias/infecciosas.
Neoplásicos
- benignos
- linfomas
- tireoide
- trato
Inflamatórias ou aerodigestivo alto
Inflamatórias
infecciosas, incluindo - glândulas
1º ou
aquelas em glândulas salivares
infecciosas
salivares - tumores
mesenquimais
- metástases de
tumores
originados em
tórax ou abdome
Congênitos
Congênitos
- cistos Inflamatórios/
2º - cistos
- lesões infecciosos
- lesões vasculares
vasculares
Neoplásicos
- linfoma Neoplásicos
- câncer de - linfomas
tireoide - tireoide
Congênitos
3º - sarcomas - glândulas salivares
- cistos
- metástases - trato aerodigestivo
de tumores alto
de - neurogênicos
nasofaringe
E quanto à neoplasia?
Como prosseguir?
E quanto à biópsia?
Paraganglioma (2)
Paraganglioma Carotídeo
Pontos Importantes
Conhecer os níveis cervicais e as principais
estruturas de cada nível.
Conhecer as possíveis etiologias das massas
cervicais e seus principais fatores de risco.
Saber coletar uma boa história clínica, tendo em
mente os principais diagnósticos de cada faixa
etária.
Saber realizar um exame físico adequado da região
cervical.
Conhecer os principais recursos de exames
complementares, laboratoriais e de imagem,
pertinentes em cada caso.
Referências
1. Araujo Filho VJF, Cernea CR, Brandão LG. Manual do
residente de cirurgia de cabeça e pescoço. 2. ed.
Barueri: Manole; 2013. Capítulo 32 – Diagnóstico e
tratamento dos tumores laterais do pescoço (Caio
Tosato Caliseo, Raquel Ajub Moysés).
História Clínica
Paciente 27 anos, sexo masculino, trazido pelo
resgate, vítima de acidente de trabalho com explosivo
em local fechado. Apresenta queimaduras de segundo e
terceiro grau acometendo face, membro superior
esquerdo e membro inferior esquerdo.
Exame Físico
Sinais vitais: PA 160x90, FC 114 bpm, FR 19, SatO₂%
93% Peso estimado: 70kg
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Hb 14,8 g/dl (12,0 a 15,5)
Tratamento Definitivo
Após estabilidade clínica e expansão volêmica
baseada inicialmente pelo volume calculado pela fórmula
de Parkland e, na sequência, conforme volume de
diurese e função renal, optou-se por debridamento
abordagem cirúrgica das áreas queimadas.
Discussão
Conceitos
As queimaduras são divididas em: queimaduras
térmicas, elétricas, de radiação e químicas.
Epidemiologia
Fatores de risco
Alcoolismo
Transtornos psiquiátricos
Fisiopatologia
Resposta Sistêmica
1- Lesões térmicas
Escaldaduras:
Queimaduras de Contato:
Piche:
3 - Lesões elétricas
Diagnóstico
Classificar a queimadura e estimar a área
queimada
Tratamento Clínico
Conceitos
Tratamento Cirúrgico
Conceitos
Qual é a cirurgia?
ATENÇÃO!
Queimaduras de 3º grau circunferenciais em
extremidades e no tórax podem restringir a circulação e
a ventilação. Atentar para indicação de escarotomia na
admissão, para evitar síndrome compartimental.1,2
Origem
Autoenxertos ou isoenxertos: próprio receptor ou
gêmeo univitelino.
Homoenxertos ou aloenxertos: indivíduos da mesma
espécie.
Formato
Espessura
Retração do enxerto
Primária: Ocorre imediatamente após a retirada do
enxerto do leito, sendo diretamente proporcional à
espessura do enxerto. Depende da quantidade de
fibras elásticas na derme do enxerto.
Secundária: Ocorre após a integração do enxerto
no leito receptor, sendo inversamente proporcional
à espessura do enxerto. Depende da retração do
próprio leito receptor. Quanto mais fino o enxerto,
mais vulnerável à retração do leito ele será.2
Pós-operatório:
Abertura do curativo
Área doadora
Hematoma/Seroma
Cisalhamento
Infecção2,3
Pontos Importantes
1. Quanto à história/mecanismo da
queimadura:
Mecanismo exato
Horários exatos
Se escaldaduras
Tempo de contato
Lesões químicas
B Respiração (Breathing)
D Deficiência neurológica
Proporcionar analgesia
Cateterizar o paciente ou estabelecer
monitoramento de débito urinário
Gasometria arterial
Curativos1,2
Atendimento inicial
Escarotomia
Debridamento cirúrgico e enxertia precoces,
visando:
Reconstrução da superfície (p. ex., epitélio
instável).
Restauração da função (p. ex., contraturas
articulares)
Referências
1. Subcommittee ATLS, Tchorz KM, International ATLS
Working Group. Advanced trauma life support
(ATLS®): the ninth edition. The journal of trauma
and acute care surgery. 2013; 4(5): 1363.
História Clínica
Paciente do sexo masculino, 44 anos, branco,
engenheiro. Internação prolongada em leito de UTI por
descompensação grave de insuficiência cardíaca
congestiva perfil B, com fração de ejeção do ventrículo
esquerdo de 35%. Evoluiu com úlcera de pressão de
grandes dimensões em região sacral, com exposição de
estruturas profundas, tratada inicialmente com curativos
diários com papaína 10%. Antecedentes de obesidade
grau III, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus,
dislipidemia e tabagismo.
Exame Físico
Sinais vitais: PA 140x90, FC 72bpm, FR16, Sat O₂%
94%.
Discussão
Conceitos
O uso de retalhos
2. Suprimento sanguíneo:
4. Método de transferência:
Retalhos microcirúrgicos
Pontos Importantes
Uma ferida é considerada crônica quando não
cicatriza dentro de quatro semanas. As úlceras de
pressão são um exemplo desse tipo de ferida e
estão associadas a grande morbidade e custo.
Referências
1. Neligan, P. C.; Gurtner. G. C. Plastic Surgery, 3rd th,
Elsevier, 2015, vol 1
2. Dinsdale, S. M. Decubitus ulcers: role of pressure
and friction in causation. Arch Phys Med Rehabil.
1974; 55:147–152.”
3. Neligan, P. C.; Gurtner. G. C. Plastic Surgery, 3rd th,
Elsevier, 2015, vol 3
4. Mathes, S. J.; Nahai, F.; Reconstructive Surgery:
Principles, Anatomy & Technique. Churchill
Livingstone; 1997.
5. Gottlieb LJ, Krieger LM.From the reconstructive
ladder to the reconstructive elevator.Plast Reconstr
Surg. 1994 Jun;93(7):1503-4.
6. Champaneria MC1, Workman AD, Gupta
SC.Sushruta: father of plastic surgery.Ann Plast Surg.
2014 Jul;73(1):2-7.
7. Brown, D. L; Borschel, G. H.; Levi. B; Michigan
Manual of Plastic Surgery, 2th, Philadelphia,
Lippincott / Wolters Kluwer Health; 2014.
8. Mélega, J. M; Cirurgia Plástica Fundamentos e Arte,
Princípios gerais, 1th, Guanabara Koogan; 2002.
9. Bijos, P. Microcirurgia Reconstrutiva. 1 th, Atheneu;
2005
Caso 46 | Trombose
Venosa Profunda
Autores: Harue Santiago Kumakura e Nicole Inforsato
História Clínica
J. M. D., 41 anos, solteira, nulípara, apresenta dor e
edema em membro inferior esquerdo há 3 dias e
procurou o pronto-socorro para investigação diagnóstica.
A dor teve início espontâneo há 72 horas, sendo de
moderada intensidade em coxa e perna esquerda,
associada à edema progressivo difuso nesse membro,
ambos sem fator desencadeante ou melhora. Obesa,
sedentária, está na primeira semana de pós-operatório
de colecistectomia. Nega HAS e DM. Faz uso apenas de
anticoncepcional oral hormonal.
Sem cianose.
Figura 1 – Membros inferiores, com edema assimétrico à esquerda.
Prosseguimento Do Caso Após
Avaliação Clínica
A paciente foi acomodada em uma maca em
trendelenburg e encaminhada para a realização de
exame de imagem e para coleta de exames laboratoriais.
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Sódio 139 mEq/L (135 – 145) Potássio 4,0 mEq/L (3,5 a 4,5)
Hipótese Diagnóstica
Trombose venosa profunda (TVP) do membro inferior
esquerdo.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
idade;
imobilização ou hospitalização prolongada;
viagens prolongadas;
tromboembolismo prévios;
cirurgia;
trauma;
gravidez;
obesidade;
tipo sanguíneo: o grupo sanguíneo A tem risco de
TVP 1,4 x maior que os demais grupos;
Patogênese
Diagnóstico clínico
Câncer em atividade. 1
Exames laboratoriais
Complicações
Diagnóstico diferencial
Profilaxia da TVP
Tratamento
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico consiste em trombólise por
cateter ou trombectomia. Eles são geralmente
reservados para os casos de Phlegmasia cerulean dolens
ou TVP ilíaco-femoral extensa, na qual a terapia
anticoagulante falhou. Os pacientes candidatos ao
tratamento devem ter sintomas com menos de 14 dias,
bom status funcional e baixo risco de sangramento.
Pontos Importantes
A TVP tem alta incidência e morbimortalidade
associada.
O quadro clínico de TVP consiste em edema, dor,
calor e eritema.
Referências
1. Hinchliffe D, Amess D, Austin J. House of Commons.
Health Committee The Prevention of Venous
Thromboembolism in Hospitalized Patients. Second
Report of Session 2004-05. Report, together with
formal minutes, oral and written evidence. London:
The Stationery Office Limited; 2005.
2. Kleinbart J, Williams MV, Rask K. Prevention of
venous thromboembolism. In: Shojania KG, Duncan
BW, McDonald KM. Making health care safer: a
critical analysis of patient safety practices: evidence
report/technology assessment number 43. A61334.
AHRQ Publication n. 01-E058. [cited 2009 dec 9].
Rockville: Agency for Healthcare Research and
Quality, U.S. Department of Health and Human
Services; 2001.
3. Scottish Intercollegiate Guideline Network. Guideline
62. Prophylaxis of venous thromboembolism. A
national clinical guideline. [cited 2010 jan 10].
4. Blann AD, Lip GYH. Venous thromboembolism. BMJ
2006;332(7535):215-9.
5. Prandoni P, Lensing AW, Cogo A, Cuppini S, Villalta
S, Carta M, et al. The long-term clinical course of
acute deep venous thrombosis. Ann Intern Med.
1996;125(1):1-7.
6. Spyropoulos AC, Lin J. Direct medical costs of venous
thromboembolism and subsequent hospital
readmission rates: an administrative claims analysis
from 30 managed care organizations. J Manag Care
Pharm. 2007;13(6):475-86.
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epidemiology and risk factors. A focus on venous
thrombosis. Thromb Haemost 1997:78(1);1-6.
8. Geerts WH, Bergqvist D, Pineo GF, Heit JA, Samama
CM, Lassen MA, et al. Prevention of venous
thromboembolism. American College of Chest
Physicians evidence-based clinical practice
guidelines (8th edition). Chest 2008;133(6
Suppl):381S-453S.
9. Wells PS, Anderson DR, Bormanis J, et al. Value of
assessment of pretest probability of deep-vein
thrombosis in clinical management. Lancet 1997;
350:1795.
10. May R, Thurner J. The cause of the predominantly
sinistral ocurrence of thrombosis of the pelvic veins.
Angiology 1957; 8:419-428.
11. Bastos M, Bastos MRD, Pessoa PCH, Bogutchi T,
Carneiro-Proiett AB, Rezende SM. Managing
suspected venous thromboembolism in a mixed
primary and secondary care setting using standard
clinical assessment and D-dimer in a noninvasive
diagnostic strategy. Blood Coagul Fibrinolysis 2008;
19(1):48-54.
12. Uflacker R. Interventional therapy for pulmonar
embolism. J Vasc Interv Radiol; 12(2):147-64,2001
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13. Baron RM, Goldhaber SZ. Deep venous thrombosis:
outpatient management is now FDA approved. J
Thromb Thrombolysis 1999;7:113-122.
14. Vedantham S, Goldhaber SZ, Julian JA.
Pharmacomechanical catheter-directed thrombolysis
for deep-vein thrombosis. N Engl J Med.
2017;377(23):2240-2252.
15. Kearon C, Akl EA, Comerota AJ, et al. Antithrombotic
therapy for VTE disease: antithrombotic therapy and
prevention of thombosis, 9th ed: American College
of Chest Physicians Evidence- Based Clinical Practice
Guidelines. Chest 2012;141:e419S.
Caso 47 | Obstrução
Arterial Aguda
Autores: Caroline do Valle Rotter
Orientador: Harue Santiago Kumakura e Nicole Inforsato
História Clínica
C.V.R.T., 35 anos, sexo feminino, católica, casada, 2
filhos, branca, natural e procedente de São Paulo.
Procurou atendimento médico por queixa de dor no
membro inferior esquerdo. Paciente refere dor súbita há
10 horas seguida de parestesia, que evoluiu há alguns
minutos com dificuldade de mobilização do pé.
Exame Físico
Sinais vitais: PA: 120 x 80 mmHg, FC: 110 bpm; FR:
15 ipm; SatO₂: 98% em ar ambiente.
Tibial Tibial
Pulsos Femoral Poplíteo Pedioso
Anterior posterior
MID + + + + +
MIE + - - - -
Figura 1 – Exame físico em paciente com cianose plantar não fixa em
membro inferior esquerdo.
Exames Complementares
Tabela 2 – Exames laboratoriais no PS
Exames Laboratoriais
Sódio 141 mEq/L (135 – 145) Potássio 4,0 mEq/L (3,5 a 4,5)
Hipótese Diagnóstica
Oclusão arterial aguda de membro inferior esquerdo
de origem cardioembólica.
Evolução
Paciente encaminhada para o centro cirúrgico,
realizada fasciotomia da perna esquerda e embolectomia
por acesso inguinal esquerdo. Saída de coágulos em
moderada quantidade da bifurcação da artéria femoral.
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Etiologia
Quadro clínico
Diagnóstico
O diagnóstico da OAA pode ser estabelicido
basicamente com uma história clínica e exame físico
minucioso. A suspeita da provável etiologia e a
severidade da isquemia determinam se algum exame
dianóstico deve ser realizado ou não.
Aguda e subaguda,
Início Aguda
gradual
Antecedentes
Ausentes ou raros Presentes
de claudicação
Característica Embolia Trombose
Doença
Frequente Ocasional
cardíaca
Déficit de pulso
no membro Pouco frequente Frequente
contralateral
Presença de
sopros no
Pouco frequente Frequente
membro
contralateral
Fonte
Frequente (FA) Menos comum
emboligênica
Métodos complementares
Diagnóstico diferencial
Elevação do
Piora Melhora
membro
Tratamento
Tratamento cirúrgico
Complicações
Pontos Importantes
A oclusão arterial aguda deve ser identificada
rapidamente e deve-se instituir o tratamento
indicado imediatamente, sob risco de amputação do
membro caso não sejam iniciadas as medidas de
prontidão.
Referências
1. Norgren L, Hiatt WR, Dormandy JA, et al. Inter-
Society Consensus for the Management of
Peripheral Arterial Disease (TASC II). J Vasc Surg.
2007; 45 (Suppl S):S5.
2. Rutherford RB, Baker JD, Ernst C, et al.
Recommended standards for reports dealing with
lower extremity ischemia: revised version. J Vasc
Surg. 1997; 26:517.
3. Gerhard-Herman MD, Gornik HL, Barrett C, et al.
AHA/ACC Guideline on the management of patients
with lower extremity peripheral artery disease: a
report of the American College of
Cardiology/American Heart Association Task Force
on Clinical Practice Guidelines. Circulation. 2017;
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4. Creager MA, Kaufman JA, ConteMS. Clinical practice.
Acute limb ischemia. N Engl J Med. 2012; 366:2198.
5. Duda NT, et al. Tratamento Percutâneo das oclusões
arteriais agudas periféricas. Rev Bras Cardiol Invas.
2005; 13(4): 301-306.
6. Haimovici H. Metabolic complications of acute
arterial oclusions and related conditions
(myonephopatic- metabolic syndrome). New York:
Futura Publishing Co.; 1988
7. Elliott Jr J, Hageman J, Szilagyi E, et al. Arterial
embolization: problems of source, multiplicity,
recurrence, and delayed treatment. Surgery. 1980;
88:83345.
8. Maffei FHA. Doenças vasculares periféricas. 5. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara; 2016
História Clínica
Paciente de 64 anos, masculino, caminhoneiro, procurou o
pronto-socorro com queixa de escurecimento do segundo
dedo do pé direito de forma progressiva, iniciado há um mês,
após trauma local em cadeira. Refere importante dor local,
mas nega febre ou saída de secreção da ferida. Antes da
lesão aparecer, apresentava dor na panturrilha direita após
caminhar pequenas distâncias (meia quadra ou 50 metros),
em ardência e limitante, obrigando-o a interromper a
marcha. Após alguns minutos, a dor desaparecia
completamente. Como trabalha dirigindo, não procurou
atendimento médico antes, apesar de a dor já estar
atrapalhando seu sono há alguns meses, obrigando-o a
dormir com o pé para fora da cama, pendente. Paciente
magro, com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica
(HAS), diabetes melito (DM) e dislipidemia (DLP) com
controle inadequado. Tabagista desde os 20 anos, dois maços
por dia. De antecedente pessoal, refere ter tido um “princípio
de infarto” aos 59 anos, sem seguimento adequado após o
quadro.
TIBIAL TIBIAL
FEMORAL POPLÍTEO PEDIOSO
POSTERIOR ANTERIOR
MIE +++ ++ + - -
PULSOS EM MEMBROS INFERIORES
MID ++ - - - -
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Fatores de risco
Tabela 1 – Fatores de risco para Doença Arterial Obstrutiva periférica
Hipertensão
Arterial Induz alterações do endotélio e processos inflamatórios
Sistêmica (HAS)
Diabetes melito
Frequência de 2-6 vezes maior em pacientes com DM (8)
(DM)
Hiper-
Presente em 28-30% dos pacientes com DAOP precoce (9)
homocisteinemia
FATORES DE RISCO PARA DAOP
Diagnóstico
Fontaine Rutherford
I Assintomático 0 0 Assintomático
II 4 Dor em Repouso
III Dor em repouso
III 5 Perda tecidual pequena
Pulsos Palpáveis
Supraclavicular Femoral
Axilar Poplíteo
Ulnar Pedioso
Exames Complementares
Diagnósticos diferenciais
Diagnósticos Diferenciais
Doenças Não
Doenças Vasculares
Vasculares
Síndrome da Cauda
Doença de Takayasu ou Arteríte Primária da Aorta
Equína
Compressão do Nervo
Síndrome do Aprisionamento da Artéria Poplítea
Ciático
Estenose de Canal
Doença Cística da Artéria Poplítea
Medular
Acrocianose Gota
cessar tabagismo;
exercícios físicos;
antiagregantes plaquetários, como o ácido
acetilsalicílico (AAS);
correção da hiperlipidemia – com medidas dietéticas e
medicamentosas como estatinas;
controle de comorbidades, como HAS, DM e obesidade.
aquecimento do membro;
analgesia com analgésicos simples, AAS, anti-
inflamatórios não estereoides (AINEs), opioides etc.;
bloqueios neurológicos;
proclive;
vasodilatadores – uso controverso;
prostaglandinas;
anticoagulantes e Fibrinolíticos – para as isquemias
agudas.
Tratamento cirúrgico
Pontos Importantes
Diagnosticar isquemia crítica e sua gravidade – dor em
repouso e presença de lesões teciduais isquêmicas
(lesões tróficas).
Fatores de risco para Doença Arterial Obstrutiva
Periférica: sexo masculino, raça negra, idade avançada,
hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito,
tabagismo.
A importância da anamnese e da queixa de claudicação
intermitente.
A importância do exame físico completo, com inspeção,
palpação, ausculta, aferição de pressão arterial nos
membros.
Referências
1. Kannel WB, McGee DL. Update on some epidemiologic
features of intermittent claudication: the Framingham
Study. J Am Geriatr Soc. 1985; 33:13-8.
2. Criqui MH, Fronek A, Barrett Connar E. The prevalence of
peripheral arterial disease in a defined population.
circulation. 1985; 71:5105.
3. Hirsch AT, Criqui MH, Treat Jacobson D, et al. Peripheral
arterial disease detection, awareness, and treatment in
primary care. JAMA. 2001;286:1317-24.
4. Fowkes FGR. Epidemiology of atherosclerotic arterial
disease in the lower limbs. Eur J Vasc Surg. 1988;2:283‐
7.
5. Kroese AJ, Stranden E. How critical is chronical critical
leg ischaemia? Ann Chir Gynaecol. 1998;87:141-4.
História Clínica
Paciente masculino, de 72 anos, hipertenso, tabagista
há 40 anos, dislipidêmico, dá entrada no pronto-socorro
com queixa de dor abdominal de forte intensidade há 5
horas, progressiva, sem fatores de melhora ou piora, não
relacionada com a alimentação e de localização em
mesogastro irradiando para dorso, à esquerda. Nega
febre, alterações urinárias ou gastrointestinais. Uso
irregular de medicações para hipertensão. Refere que pai
morreu no interior de mal súbito, sem diagnóstico
preciso.
Exame Físico
Sinais vitais: PA 80x50 mmHg, FC 112 bpm, FR 18
ipm, SatO₂ 94%
Exames Complementares
Exames laboratoriais
Hipótese Diagnóstica
Aneurisma da Aorta Abdominal Infrarrenal
(AAAIR) roto
Discussão
Conceitos
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
A maior parte dos AAA são assintomáticos e tem seu
diagnóstico realizado através da suspeita clínica no
exame físico ou em achado incidental de exames de
imagem. No exame físico, principalmente em pacientes
magros, podemos observar ou palpar uma tumoração
pulsátil indolor na região periumbilical. Esse achado,
porém, não é tão frequente, principalmente em
aneurismas menores ou em pacientes obesos8.
Achados laboratoriais
Exames de Imagem
Indicação Cirúrgica
Tratamento
Tratamento cirúrgico
Jovens Idosos
Pontos Importantes
As dilatações dos vasos são consideradas
aneurismáticas quando ultrapassam em 50% o
diâmetro esperado para aquele seguimento. Abaixo
disso, chamamos as artérias de ectasiadas.
Referências
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História Clínica
L.G.F.S, masculino, atualmente com 2 meses e 18 dias
de vida, apresenta histórico de icterícia iniciada em torno
do 21º dia de vida com piora importante nas últimas 2
semanas, havia sido orientado banho de sol, mas sem
melhora do quadro. A mãe refere que, em conjunto com
a piora da icterícia, houve escurecimento da urina e, há
03 dias, notou que as fezes começaram a ficar brancas.
LGFS é o terceiro filho de pais não consanguíneos, e seus
irmãos mais velhos são saudáveis. Não há histórico
familiar para doenças hepáticas ou metabólicas. Nasceu
de parto normal, com 39 semanas gestacionais, APGAR
9/10, peso ao nascimento de 3,5kg, recebeu alta da
maternidade com a mãe, anictérico e mamando leite
materno livre demanda.
Exame Físico
Ativo e Reativo aos estímulos.
Peso: 5,100kg, comprimento 50cm.
Faces: corada, hidratada, ictérica 3+/4+, sem
esboço de dor ao exame, calmo.
TGO: 356.
TGP: 251.
GGT: 890.
FA: 670.
Albumina: 3,9.
INR: 1,09.
R: 1,01.
Fator V: 70%.
HB: 10,9.
Amônia: 20.
Discussão
Conceito
A atresia de vias biliares, embora seja rara, é uma das
principais doenças hepáticas cirúrgicas do recém-nascido
e a maior causa de transplante de fígado na população
pediátrica1,2.
Epidemiologia
Patogênese
Diagnóstico
Tratamento
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