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INVENTÁRIO DE SINTOMAS PSICOPATOLÓGICOS (BSI):

UMA REVISÃO CRÍTICA DOS ESTUDOS REALIZADOS EM PORTUGAL

Maria Cristina Canavarro

Canavarro, M.C. (no prelo). Inventário de Sintomas Psicopatológicos: Uma Revisão crítica dos estudos
realizados em Portugal. In L. Almeida, M. Simões, C. Macahado e M. Gonçalves (Eds.) Avaliação
psicológica. Instrumentos validados para a população Portuguesa, vol. III. Coimbra: Quarteto Editora.

Introdução
O presente texto retoma, descrevendo e actualizando, os principais estudos psicométricos
realizados em Portugal com o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (Canavarro, 1999) que
constituem a adaptação portuguesa do Brief Symptom Inventory (BSI) de L. Derogatis (1982).
Através da referência a estudos recentes realizados em grupos particulares (clínicos e outros)
é também objectivo deste texto revelar as possíveis utilizações deste instrumento de avaliação.

1. Indicações

1.1. Dimensões avaliadas


Este inventário avalia sintomas psicopatológicos em termos de nove dimensões de
sintomatologia e três Índices Globais, sendo, estes últimos, avaliações sumárias de perturbação
emocional.
As nove dimensões primárias foram descritas por Derogatis (1993, pp. 7-10) da seguinte
forma:
Somatização: Dimensão que reflecte o mal-estar resultante da percepção do funcionamento
somático, isto é, queixas centradas nos sistemas cardiovascular, gastrointestinal, respiratório
ou outro qualquer sistema com clara mediação autonómica. Dores localizadas na
musculatura e outros equivalentes somáticos da ansiedade são igualmente componentes da
somatização (inclui os itens 2, 7, 23, 29, 30, 33 e 37).
Obsessões-Compulsões: Inclui sintomas identificados com o síndroma clínico do mesmo
nome. Esta dimensão inclui as cognições, impulsos e comportamentos que são
percepcionados como persistentes e aos quais o indivíduo não consegue resistir, embora
sejam ego-distónicos e de natureza indesejada. Estão também incluídos nesta dimensão
comportamentos que indicam uma dificuldade cognitiva mais geral (inclui os itens 5, 15, 26,
27, 32 e 36).
Sensibilidade Interpessoal: Esta dimensão centra-se nos sentimentos de inadequação
pessoal, inferioridade, particularmente na comparação com outras pessoas. A auto-
depreciação, a hesitação, o desconforto e a timidez, durante as interacções sociais são as
manifestações características desta dimensão (inclui os itens 20, 21, 22 e 42).

1
Depressão: Os itens que compõem esta dimensão reflectem o grande número de indicadores
de depressão clínica. Estão representados os sintomas de afecto e humor disfórico, perda de
energia vital, falta de motivação e de interesse pela vida (inclui os itens 9, 16, 17, 18, 35 e
50).
Ansiedade: Indicadores gerais tais como nervosismo e tensão foram incluídos nesta
dimensão. São igualmente contemplados sintomas de ansiedade generalizada e de ataques de
pânico. Componentes cognitivas que envolvem apreensão e alguns correIatos somáticos da
ansiedade também foram considerados (inclui os itens 1, 12, 19, 38, 45 e 49).
Hostilidade: A dimensão hostilidade inclui pensamentos, emoções e comportamentos
característicos do estado afectivo negativo da cólera (inclui os itens 6, 13, 40, 41 e 46).
Ansiedade Fóbica: A ansiedade fóbica é definida como a resposta de medo persistente (em
relação a uma pessoa, local ou situação específica) que sendo irracional e desproporcionado
em relação ao estímulo, conduz ao comportamento de evitamento. Os itens desta dimensão
centram-se nas manifestações do comportamento fóbico mais patognomónicas e disruptivas
(inclui os itens 8, 28, 31, 43 e 47).
Ideação Paranóide: Esta dimensão representa o comportamento paranóide
fundamentalmente como um modo perturbado de funcionamento cognitivo. O pensamento
projectivo, hostilidade, suspeição, grandiosidade, egocentrismo, medo da perda de
autonomia e delírios são vistos primariamente como os reflexos desta perturbação. A
selecção dos itens foi orientada de acordo com esta conceptualização (inclui os itens 4, 10,
24, 48 e 51).
Psicoticismo: Esta escala foi desenvolvida de modo a representar este constructo como uma
dimensão contínua da experiência humana. Abrange itens indicadores de isolamento e de
estilo de vida esquizóide, assim como sintomas primários de esquizofrenia como alucinações
e controlo de pensamento. A escala fornece um contínuo graduado desde o isolamento
interpessoal ligeiro à evidência dramática de psicose (inclui os itens 3, 14, 34, 44 e 53).
Quatro dos itens do BSI (itens 11, 25, 39 e 52) embora contribuam com algum peso para as
dimensões descritas não pertencem univocamente a nenhuma delas. Assim, por critérios estatísticos
não deveriam ser incluídos no inventário mas, dada a sua relevância clínica são apenas
considerados nas pontuações dos três Índices Globais.
Estas três pontuações gerais foram recentemente descritas por Derogatis (1993) do seguinte
modo:
Índice Geral de Sintomas (IGS): Este índice representa uma pontuação combinada que
pondera a intensidade do mal-estar experienciado com o número de sintomas assinalados.
Índice de Sintomas Positivos (ISP): O ISP oferece-nos a média da intensidade de todos os
sintomas que foram assinalados.
Total de Sintomas Positivos (TSP): Enquanto que o ISP é uma medida de intensidade dos
sintomas, o TSP representa o número de queixas sintomáticas apresentadas. Teoricamente,
um indivíduo pode apresentar um ISP baixo, indicando que os sintomas que tem não são
particularmente intensos e perturbadores mas possuir um TSP elevado, apontando para uma
constelação complexa de sintomatologia.

1.2. Populações-alvo

2
O BSI pode ser administrado a doentes do foro psiquiátrico, indivíduos perturbados
emocionalmente, a quaisquer outros doentes e a pessoas da população em geral.
Pode ser utilizado com adolescentes (a idade mínima recomendada é de 13 anos), com a
condição de um técnico se encontrar disponível para esclarecer possíveis dúvidas em relação a
alguns itens.

2. História
Diversas tentativas de quantificação das dimensões da psicopatologia têm sido feitas (Crown
& Crisp, 1966; Derogatis, 1977, Goldberg & Williams, 1981; Kellner & Sheffield, 1973;
Woodworth, 1918), seguindo a ideia de Woodworth (1918) de "cada homem se poder entrevistar a
si próprio".
Um dos questionários de auto-resposta mais utilizados foi elaborado por L. Derogatis (1977)
e é conhecido na literatura por SCL-90 (Symptom Check-List). O SCL-90-R, como a designação
sugere, é composto por 90 descrições de sintomas psicopatológicos, correspondentes aos 90 itens.
A construção deste questionário, teve por base o Hopkins Symptom Checklist (HSCH, Derogatis,
Lipman, Rickels, Uhlenhuth & Covi, 1974) que, de acordo com os autores, por sua vez encontra as
suas raízes no Disconfort Scale (Parloff, 1954) e no Cornell Medical Index (Wider, 1948).
O SCL-90-R, em relação a outros construídos com a mesma finalidade, possui a vantagem de
avaliar um maior número de dimensões psicopatológicas. No entanto, o facto de ser constituído por
90 itens, implica a necessidade de um tempo de preenchimento de 12 a 20 minutos o que em
determinados contextos, constitui uma limitação à sua utilização.
O Brief Symptom Inventory (BSI; Derogatis, 1982) foi desenvolvido numa tentativa de
resposta a esta desvantagem apontada ao SCL-90-R. A análise das correlações dos itens com as
escalas a que pertencem, no SCL-90-R (Derogatis & Cleary, 1977), sugeriu que cinco ou seis itens
de cada escala teriam suficiente peso, para suportar sozinhos a definição operacional de cada
dimensão psicopatológica (Derogatis, 1993). Os itens com maior peso em cada dimensão foram
seleccionados para formar o BSI. As correlações encontradas para as nove dimensões
psicopatológicas entre o BSI e o SCL-90-R, variam entre .31 e .72, permitindo concluir que “para a
população clínica, estes dois instrumentos medem o mesmo constructo (Derogatis, 1993, p. 19).

3. Fundamentação teórica
Os itens que formam as nove dimensões de psicossintomatologia avaliadas pelo instrumento
constituem, no seu conjunto, importantes elementos da psicopatologia. São considerados pelos
Manuais de Classificação Diagnóstica mais utilizados, CID-10 e DSM-IV, como aspectos
importantes para a elaboração de diagnósticos das primeiras cinco categorias (F00 a F49) segundo
o CID-l0 e para as perturbações do Eixo I, segundo o DSM-IV.
Também os níveis de consistência interna para as nove escalas, com valores de alfa entre .71
(Psicoticismo) e .85 (Depressão) e a sua estrutura factorial, avaliada na população em geral e em
população clínica (que confirmaram a estrutura dimensional subjacente à versão longa do SCL-90-
R) são indicadores da unidade e consistência subjacentes, do ponto de vista conceptual.

4. Estudos realizados em Portugal

4.1. Data e Objectivos

3
Os primeiros estudos de adaptação do BSI à população portuguesa (Canavarro, 1999) tiveram
o objectivo de permitir o estudo científico de variáveis psicopatológicas, medidas através de um
questionário adequado a contextos em que a brevidade de tempo de preenchimento fosse um
requisito importante. Na época apenas conhecíamos o trabalho efectuado por Baptista (1993),
relativo aos estudos de fiabilidade e validade do SCL-90-R. Como referimos anteriormente, este
instrumento que comporta algumas limitações devido ao tempo necessário para o seu
preenchimento.
Posteriormente, outros estudos realizados por diversos autores com o BSI, aos quais nos
referiremos mais adiante no presente texto, têm oferecido importantes contributos para o estudo da
validade deste instrumento.

4.2. Amostra e metodologia


Tendo em conta a especificidade das variáveis avaliadas, os estudos preliminares do BSI
realizaram-se na população em geral e em população clínica.
Numa primeira fase, passámos a tradução do inventário1 a pessoas que contactámos
individualmente, a quem era pedida a colaboração voluntária.
Posteriormente, a recolha da amostra processou-se de forma individual (para a amostra 2 e em
alguns casos para a amostra 1) ou em pequenos grupos (para a maioria dos casos da amostra 1) e
obedecendo sempre às mesmas normas2.
Na aplicação deste inventário à população portuguesa foram utilizadas duas amostras
distintas. A amostra 1, constituída por elementos da população em geral que, subjectivamente,
responderam que "não sofriam dos nervos"3 e a amostra 2, constituída por indivíduos perturbados
emocionalmente.
A amostra 1 ficou constituída por 404 indivíduos (114 homens e 290 mulheres), sendo na sua
maioria pessoas casadas, com um grau de instrução correspondente ao ensino secundário ou a um
curso médio e pertencentes às categorias sócio-económicas 5 e 94.
Na amostra 1 os grupos de homens e mulheres revelaram-se equivalentes na sua distribuição
em relação à Idade (t=-0.064, gl =188.4, p= 0.949), Estado Civil (χ2=1.406, gl=3, p=.704) e Grau
de Instrução (χ2=7.613, gl=4, p=.107). Apresentaram diferenças significativas em relação à
distribuição por Categoria Sócio-Económica (χ2=12.518, gl = 4, P = .014) existindo uma maior
prevalência de mulheres pertencentes às categorias socio-económicas 7 e 9.
A amostra 2 ficou constituída por algumas das pessoas que recorreram aos serviços da Clínica
Psiquiátrica dos Hospitais da Universidade de Coimbra entre Janeiro de 1995 e Maio de 1996.

1
A tradução do inventário foi feita de acordo com o sugerido por De Figueiredo e Lemkau (1980) nomeadamente, foi
feita a tradução, seguida de retroversão e administração prévia a pequenos grupos com o objectivo de verificar a
acessibilidade do vocabulário e a compreensão unívoca dos itens.
2
As normas referem-se aos seguintes procedimentos: explicação sobre a natureza do estudo e do tipo de tratamento
dos dados; informação sobre a confidencialidade das respostas; fornecimento de instruções gerais e apoio da autora do
estudo ou de duas psicólogas que connosco colaboraram na colheita dos dados, para o esclarecimento de dúvidas,
sempre que necessário.
3
Perguntámos aos indivíduos se "sofriam, ou tinham sofrido, dos nervos", expressão do senso comum que traduz a
presença de emoções negativas fortes e persistentes que perturbam o indivíduo, aspecto cuja existência pretendíamos
avaliar.
4
Utilizámos a classificação, em nove categorias distintas, da Organização das Nações Unidas (1989), também utilizada
pelo Instituto Nacional de Estatística (1991), definida a partir da profissão e situação na profissão, condição perante o
trabalho, ramo de actividade e principal meio de vida do representante do agregado: 1- Empresários Agrícolas, 2-
Trabalhadores por conta de outrem na agricultura, 3- Trabalhadores de profissões liberais e similares e trabalhadores
familiares não remunerados, 4- Empresários não agrícolas, 5- Quadros de direcção, técnicos e científicos, artísticos e
similares, 6- Outros trabalhadores por conta de outrem na indústria, 7- Outros trabalhadores por conta de outrem no
comércio, nos serviços e na administração pública, 8- Outros activos, 9- Não activos.

4
Formada por 56 homens e 91 mulheres, num total de 147 indivíduos, nesta amostra a maioria
das pessoas era solteira ou casada, tinha escolaridade obrigatória e pertencia às categorias sócio-
económicas 7 e 9 (de acordo com a classificação referida anteriormente).
É de referir que a classificação diagnostica utilizada na caracterização da amostra 2 se baseou
no diagnóstico definido em contexto hospitalar (Quadro 1).

Quadro 1 - Características diagnósticas do Grupo Clínico

Diagnóstico5 (sg DSM-IV)6 n (= 147) %


Perturbações Depressivas 55 37.41
Perturbação Obsessivo-Compulsiva 15 10.20
Fobia Social 11 7.48
Fobias Específicas 7 4.76
Perturbação de Pânico 18 12.24
Outras Perturbações da Ansiedade 11 7.48
Perturbações Alimentares 3 2.04
Perturbações da Personalidade 7 4.76
Perturbações Psicóticas 16 10.88
Perturbações Bipolares I 4 2.72

4.3. Resultados no âmbito da precisão


Os estudos da fiabilidade do instrumento foram feitos através da análise de aspectos da
consistência interna do BSI, nomeadamente do comportamento dos itens na escala (dimensão) a
que pertencem e dos índices globais de fiabilidade das escalas (Quadro 2).
É de referir que dadas as características do instrumento, optámos por calcular os índices
mencionados em relação à escala a que pertenciam e não à totalidade do inventário.
Ao examinarmos as correlações obtidas entre cada item e a nota global da escala, quando esta
contém o próprio item e quando este é excluído, verificamos que estas variam entre .293 e .785. O
valor mais baixo encontrado para a correlação quando esta não contém o item (índice de fiabilidade
mais fidedigno, já que a nota não é inflacionada) é de .293, para o item 43. De acordo com os
critérios apontados por diversos autores (Nunally, 1978; Streiner & Norman, 1989) estas
correlações devem ser superiores a .20, o que, no presente caso, nos permite referir a
homogeneidade dos itens constituintes das diversas escalas.
Stevens (1996) considera que os valores de alfa, que mede a variância devido à
heterogeneidade, devem situar-se entre .7 e .8. No caso do BSI, os valores de alfa (quer dos
diversos itens do inventário, quer os valores globais das escalas) encontram-se dentro do intervalo
referido, à excepção dos valores observados para as escalas de Ansiedade Fóbica e de Psicoticismo,
que apresentam valores ligeiramente inferiores. O mesmo acontece individualmente, com alguns

5
O diagnóstico utilizado na classificação dos doentes é o diagnóstico hospitalar, elaborado pelo psiquiatra ou pelo
psicólogo que acompanhou o doente, e confirmado no final do tratamento isto é, na altura em que foi dada alta ao
indivíduo.
6
Os códigos do DSM-IV incluídos para os diagnósticos considerados são, respectivamente: Depressão: 296.3, 300.4 e
311.0; Perturbação Obsessivo-Compulsiva: 300.3; Fobia Social: 300.23; Fobias Específicas: 300.29; Perturbação de
Pânico: 300.21 e 300.01; Outros distúrbios mediados pela ansiedade: 300.02, 300.00 e 309.81; perturbações
alimentares: 307.1, 307.51 e 309.81; Perturbações de Personalidade: 301.83, 301.50, 301.4, 301.6, 301.86 e 301.9;
Distúrbios Psicóticos: 295.3, 295.9, 297.10 e 298.9; Perturbações Bipolares I: 296.4, 296.6 e 296.5.

5
itens que fazem parte destas escalas, como é o caso do item 47, da escala de Ansiedade Fóbica e de
todos os itens que constituem a escala de Psicoticismo.
As correlações split-half e os coeficientes de Spearman-Brown (Quadro 2) surgem igualmente
como dados abonatórios da boa consistência interna da escala, embora também eles corroborem a
menor consistência interna das escalas de Ansiedade Fóbica e Psicoticismo, quando comparadas
com as restantes.

Quadro 2 - Consistência Interna: Valores globais para as nove escalas

Escala R Coeficiente α
split-half Spearman-
Brown
Somatização .682 .811 .797
Obsessões-Compulsões .584 .737 .773
Sensibilidade .689 .816 .760
Interpessoal
Depressão .630 .773 .728
Ansiedade .651 .789 .766
Hostilidade .599 .749 .759
Ansiedade Fóbica .403 .574 .624
Ideação Paranóide .598 .749 .718
Psicoticismo .413 .585 .621

Num sub-grupo de 108 indivíduos avaliámos a estabilidade temporal do inventário. O tempo


entre as duas aplicações corresponde a um intervalo mínimo de três semanas e máximo de seis.
As correlações de Pearson entre os valores obtidos em cada escala (.626 - .808), nas duas
aplicações do inventário (Quadro 3), são indicativos de que o BSI possui uma boa estabilidade
temporal.

Quadro 3 - Estabilidade temporal

r p
Somatização .760 .000
Obsessões-Compulsões .709 .000
Sensibilidade Interpessoal .675 .000
Depressão .808 .000
Ansiedade .735 .000
Hostilidade .649 .000
Ansiedade Fóbica .788 .000
Ideação Paranóide .626 .000
Psicoticismo .783 .000

IGS .787 .000


TSP .836 .000
ISP .448 .000

6
4.5. Resultados relativos à validade
A validade de constructo procura avaliar em que medida os resultados do teste são indicativos
de constructos teóricos subjacentes isto é, das dimensões que o instrumento procura medir. É por
alguns autores (Jaeger, 1983, cit por Vaz-Serra, 1994; Nunally, 1978, Stevens, 1996) considerado
que este tipo de validação subordina todos os outros.
Os contributos dos nossos estudos de validade de constructo incluíram a análise de
consistência interna, nomeadamente na análise das correlações entre os itens e a nota global
(índices já mencionados a propósito dos estudos de fiabilidade, mas cujo objectivo nos estudos de
validade é avaliar a existência de uma dimensão global subjacente).
Seguindo o caminho percorrido por investigações na aferição do SCL-90R às populações
Holandesa e Alemã (Arrindell e Ettma, 1989; Franke, 1995, respectivamente) procurámos dar uma
outra contribuição para o estudo da validade do instrumento, a partir da matriz de correlações de
Spearman entre as notas das nove dimensões de sintomatologia e das três notas globais.
As correlações apresentadas no Quadro 4 são todas estatisticamente significativas (p < .001),
embora se deva ter em conta o elevado número de indivíduos que compõem a amostra (N = 404) o
que certamente inflaciona as correlações encontradas.
A variação das correlações indica que o aumento numa das dimensões da psicopatologia se
encontra associada a aumentos em todas as outras dimensões.
Como é óbvio, todas as escalas apresentam correlações mais elevadas com as três notas
globais de psicopatologia do que entre si.

Quadro 4 - Matriz de correlações entre as pontuações do BSI

SOM OC SI DEP ANS HOS AF IP PSI IGS ISP


1 Somatização
2 Obsessões-Compulsões .46
3 Sensibilidade Interpessoal .40 .58
4 Depressão .38 .55 .64
5 Ansiedade .54 .61 .61 .58
6 Hostilidade .46 .57 .61 .54 .61
7 Ansiedade Fóbica .46 .42 .44 .40 .54 .47
8 Ideação Paranóide .49 .45 .61 .48 .53 .57 .42
9 Psicoticismo .46 .58 .68 .73 .62 .61 .48 .55
10 IGS .69 .77 .80 .78 .82 .78 .66 .73 .82
11 ISP .47 .61 .57 .70 .64 .57 .52 .54 .62 .76
12 TSP .65 .70 .74 .66 .72 .72 .58 .68 .74 .91 .47

Se analisarmos as correlações mais elevadas de cada escala com as outras dimensões,


constatamos que a Somatização se encontra preponderantemente ligada à Ansiedade (r=.54); as
Obsessões-Compulsões ao Psicoticismo (r=.58) e à Ansiedade (r=.61); a Sensibilidade Interpessoal
correlaciona-se de modo elevado com o Psicoticismo (r=.68) e com a Depressão (r=.64); a
Hostilidade encontra-se mais ligada à Sensibilidade Interpessoal (r=.61), ao Psicoticismo (r=.61) e
à Ansiedade (r=.61); a Ansiedade Fóbica correlaciona-se com a Ansiedade (r=.54); a Ideação
Paranóide com a Sensibilidade Interpessoal (r=.61) e o Psicoticismo liga-se sobretudo, à Depressão
(r=.73).
Avaliámos igualmente a validade discriminativa do BSI, isto é, a sua capacidade para
distinguir os indivíduos perturbados emocionalmente daqueles que não apresentam perturbações
emocionais.

7
No sentido de avaliar a forma como as variáveis discriminadoras (pontuações obtidas nas
escalas do BSI e os três Índices Gerais) se relacionam com a variável dependente (Saúde mental)
utilizámos o teste estatístico Análise Discriminante (Quadro 5).
Esta, para além do poder explicativo referido, tem ainda poder preditivo, permitindo
determinar as probabilidades de pertença a um dado grupo, comparando-as posteriormente com a
classificação prévia, dado abonatório em relação à validade preditiva do instrumento.

Quadro 5- Análise de função discriminante: indivíduos perturbados emocionalmente versus


indivíduos da população em geral
Variável F p
Somatização 615.910 .000
Obsessões-Compulsões 1283.151 .000
Sensibilidade Interpessoal 644.575 .000
Depressão 1020.631 .000
Ansiedade 1104.643 .000
Hostilidade 687.032 .000
Ansiedade Fóbica 384.383 .000
Ideação Paranóide 885.578 .000
Psicoticismo 899.136 .000

IGS 125.829 .000


TSP 81.592 .000
ISP 160.376 .000
Lambda de Wilks=.171 F=216.654
G.L.=12.537 p=.000

Verificámos que a função de forma global é estatisticamente significativa, dado que existem
diferenças multivariadas significativas entre os dois grupos, o que é igualmente corroborado pelo
valor do Lambda de Wilks (.17), que nos revela que as variáveis individuais em causa diferenciam
os indivíduos perturbados emocionalmente dos indivíduos da população em geral, contribuindo
para a explicação de 83% da variância relacionada com a pertença ao grupo.
Julgamos curioso o facto de, embora sendo todos os F altamente significativos, aqueles que
apresentam valores mais elevados (Obsessões-Compulsões, Depressão e Ansiedade) se
relacionarem com sintomatologia característica dos quadros clínicos com maior incidência na nossa
amostra (Quadro 1), o que parece ser mais um dado abonatório em favor da capacidade
discriminativa do BSI.
A análise da função discriminante permite que sejam correctamente classificados no seu
grupo de pertença 92.51% dos indivíduos perturbados emocionalmente e 99.75% dos indivíduos da
população em geral.
O coeficiente de concordância de Kappa Cohen (.943) revela que se obtém uma concordância
que corresponde a 94% da máxima que se poderia alcançar, independentemente do acaso.
Combinando-a com o erro padrão (.016), podemos afirmar que a eficiência destas variáveis na
classificação dos indivíduos nos dois grupos referidos varia entre 92% a 95%, em relação ao
método clínico. A função discriminante revelou assim uma boa capacidade para classificar os
indivíduos nos grupos.
Após constatar que todas as variáveis eram importantes para a diferenciação dos grupos
(Quadro 5), fomos confirmar, através das médias das variáveis discriminadoras, se o sentido da
diferença era o esperado (Quadro 6).

8
Como seria de prever, podemos constatar que, para todas as escalas do BSI e para os três
índices gerais, os indivíduos perturbados emocionalmente revelam valores mais elevados de
sintomas psicopatológicos, do que os indivíduos da população em geral, tal como esta é avaliada
pelo BSI.

Quadro 6 - Estatística descritiva para as pontuações do BSI

Variáveis Ind. pop. geral Ind. pert. emoc.


Média DP Média DP
Somatização 0.573 0.916 1.355 1.004
Obsessões-Compulsões 1.290 0.878 1.924 0.925
Sensibilidade Interpessoal 0.958 0.727 1.597 1.033
Depressão 0.893 0.722 1.828 1.051
Ansiedade 0.942 0.766 1.753 0.940
Hostilidade 0.894 0.784 1.411 0.904
Ansiedade Fóbica 0.418 0.663 1.020 0.929
Ideação Paranóide 1.063 0.789 1.532 0.850
Psicoticismo 0.668 0.614 1.403 0.825

IGS 0.835 0.480 1.430 0.705


TSP 26.993 11.724 37.349 12.166
ISP 1.561 0.385 2.111 0.595

Verificado que todas as pontuações obtidas no BSI (nas nove escalas e nos três índices gerais)
permitem discriminar entre indivíduos perturbados emocionalmente e indivíduos pertencentes à
população em geral, tentámos estabelecer pontos de corte entre estes dois grupos.
Neste procedimento ponderámos a utilização do IGS e do ISP. Apesar do IGS, pela sua
fórmula de cálculo, surgir como o melhor indicador único de sintomas psicopatológicos, das três
pontuações globais, o ISP é aquele que, de acordo com o valor de F apresentado, melhor discrimina
os dois grupos nos estudos que realizámos (cf. Quadro 5). Por este motivo optámos por utilizar o
valor do ISP para determinar o ponto de corte entre os dois grupos considerados. Este ponto de
corte foi obtido a partir das médias e desvios-padrão (Quadro 6) obedecendo à fórmula de Fisher
para o ponto de corte (Angoff, 1971)7. Com base neste resultado pode referir-se que, com uma nota
no ISP do BSI ≥ 1.7, é provável encontrar pessoas perturbadas emocionalmente; e abaixo desse
valor, indivíduos da população em geral.

Dado que a validade é um conceito de natureza cumulativa, os resultados dos estudos de


validade são um processo permanentemente em aberto. Assim, algumas investigações em que o
BSI foi posteriormente utilizado tornam-se particularmente relevantes para os estudos de validade
deste instrumento de avaliação. De acordo com este critério, destacámos alguns estudos que
passamos a referir.

Correlação com outros instrumentos


7
Ponto de corte = (M1+DP1)+ (M2-DP2)/2. Na utilização desta fórmula deve-se ter em conta que M1<M2; assim no
caso vertente M1= média dos indivíduos perturbados emocionalmente e M2= média dos indivíduos da população em
geral.
Assim, para o caso vertente, ponto de corte = (1.561+0.385) + (2.111-0.595)/2; obtendo-se deste modo o valor
1.731 que, por arredondamento por defeito, passa a 1.7.

9
Um importante contributo para a validade concorrente do BSI, foi encontrada por Moura-
Ramos, Oliveira, Monteiro, Pedrosa e Canavarro (2004) ao procurar estabelecer associações entre o
inventário e a Escala de Avaliação de Emoções (EAS; Carlson, Collins, Stewart, Porzelius, Nitz &
Lind, 1989; versão portuguesa de Moura-Ramos; Canavarro & Pedrosa, 2004), no contexto de uma
investigação sobre adaptação à parentalidade. Todas as emoções de cariz mais negativo avaliadas
pela EAS (medo, ansiedade, culpa, cólera e tristeza) se correlacionam positivamente de forma
muito significativa com as pontuações totais do BSI e com as suas nove dimensões; por sua vez, a
emoção felicidade apresenta correlações negativas com as três pontuações gerais do inventário,
assim como com as dimensões Somatização, Obsessões-compulsões, Sensibilidade inter-pessoal,
Depressão, Ansiedade, Hostilidade e Psicoticismo. Finalmente, a emoção surpresa, apenas se
correlaciona positivamente de forma muito significativa com a dimensão Ansiedade e de forma
significativa com a dimensão Psicoticismo.
No âmbito do estudo referido anteriormente, foram igualmente altamente significativas as
associações encontradas entre o BSI e o total da Perceived Stress Scale (PSS; Cohen, 1983, 1997;
Versão Portuguesa de Mota-Cardoso, Araújo, Ramos, Gonçalves & Ramos, 2001), variando entre
.265 e .396.
Ao construir a 23QVS, uma escala para avaliar a vulnerabilidade ao stress, Vaz Serra (2000)
procurou relacioná-la com níveis de psicopatologia, avaliados examinados através do BSI. Todos
os factores da escala se correlacionam positivamente com pelo menos um, ou mais do que um
agrupamento psicossintomatológico. Por uma questão de relevância passamos apenas a referir as
que se revelaram estatisticamente muito significativas (p≤.001). Nomeadamente, o Factor 1
(Perfeccionismo e intolerância à frustração) apresenta correlações positivas e significativas com as
nove dimensões do BSI; o Factor 2 (Inibição e dependência funcional) apresenta correlações
positivas com as dimensões Obsessões-Compulsões, Sensibilidade interpessoal, Depressão,
Ansiedade fóbica e Psicoticismo; o Factor 3 (Carência de apoio social) apresenta correlações com a
Sensibilidade interpessoal e a Ideacção paranóide; o Factor 4 (Condições de vida adversas)
apresenta correlações positivas com a Ideacção paranóide; O Factor 5 (Dramatização da existência)
apresenta correlações positivas com a Somatização e a Depressão; O Factor 6 (Subjugação)
apresenta correlações positivas com as dimensões Obsessões/Compulsões e com a Ideação
paranóide ; e, por fim, o Factor 7 (Deprivação de afecto e rejeição) apresenta correlações positivas
com a Hostilidade.
Num estudo recente que teve como objectivo a validação, para a população portuguesa, do
instrumento de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL), nas suas versões
longa (WHOQOL-100) (Vaz Serra, Canavarro, Simões, Pereira, Gameiro, Quartilho, Rijo, Carona,
C. & Paredes, no prelo a) e breve (WHOQOL-Bref) (Vaz Serra, Canavarro, Simões, Pereira,
Gameiro, Quartilho, Rijo, Carona, C. & Paredes, no prelo b; Canavarro, Simões, Vaz Serra, Pereira,
Rijo, Quartilho, Gameiro, Paredes & Carona, no prelo), os autores procuraram conhecer as
associações entre qualidade de vida e sintomatologia psicopatológica, avaliada através do BSI. Foi
possível verificar que, em ambas as versões do instrumento, todos os domínios de qualidade de
vida apresentam coeficientes de correlação significativos com todas as dimensões do BSI, assim
como com as suas pontuações globais. Como seria esperado, todas as correlações são inversas, isto
é, uma melhor pontuação nas medidas da qualidade de vida associa-se a resultados mais baixos nos
indicadores psicopatológicos. Mais especificamente, as correlações entre os seis domínios do
WHOQOL-100 e as nove dimensões do BSI foram maiores para o domínio Psicológico, (variando
entre -4.52, para a Ideação Paranóide, e -7.40 para a Depressão) e menores para o domínio
Espiritualidade e Crenças (variando entre -.082, para a Somatização, e -1.70 para a Ansiedade
Fóbica). Os quatro domínios do WHOQOL-Bref apresentam um padrão de associação com as
dimensões do BSI semelhante ao observado na versão longa. As correlações mais elevadas
reportam-se igualmente às encontradas para o domínio Psicológico (variando entre -4.62, para a

10
Ideação Paranóide, e -7.41 para a Depressão) e as menores dizem respeito ao domínio Ambiente
(variando entre -.3.00, para a Hostilidade, e -4.50 para a Depressão).
Os resultados das associações encontradas entre as pontuações do BSI e as que são fornecidas
pelo EAS, PSS, 23QVS e WHOQOL são consistentes do ponto de vista conceptual e reforçadores
da validade do instrumento.

Estudos com grupos especiais


Diversos estudos têm sido conduzidos em grupos especiais da população.
Numa amostra de doentes com fibromialgia (Quartilho, 1999) encontrou que os índices
globais do BSI relativos ao número e intensidade dos sintomas revelaram diferenças
significativamente mais elevadas nos doentes com fibromialgia do que nos indivíduos da população
em geral. Resultado idêntico foi encontrado para todas as dimensões do instrumento, confirmando
uma maior incidência de psicopatologia em geral nos doentes com Fibromialgia. A este propósito,
o autor faz notar que estes resultados devem ser lidos como “um reflexo de um mal-estar
individual, não específico, que se expressa simultaneamente através de sintomas físicos e
psicológicos “ (Quartilho, 1999, p. 261). No contexto desta investigação, e dado o tipo de doença
que caracteriza o grupo clínico, faz sentido realçar que a dimensão Somatização apresenta as
diferenças mais substanciais entre doentes com fibromialgia, indivíduos da população em geral e
indivíduos perturbados emocionalmente (respectivamente com as médias e desvio padrão de
2.120±0.71; 0.573±0.916; 1.355±1.004).
Num estudo sobre toxicodependência e cormobilidade psiquiátrica, Almeida, Vieira,
Almeida, Rijo e Felisberto (2005), numa amostra de 60 sujeitos dependentes de substâncias
psicoactivas, com idades compreendidas entre os 17 e os 45 anos, verificaram que os valores
médios da amostra deste estudo para os indicadores gerais e dimensões psicopatológicas do BSI,
são inferiores aos valores médios obtidos na validação portuguesa para o grupo de indivíduos com
perturbação emocional, de acordo com os nossos primeiros estudos de validação do BSI
(Canavarro, 1999). No entanto, ao comparar os resultados dos indivíduos toxicodependentes com
os dados da população sem perturbação emocional dos referidos estudos (Canavarro, 1999),
observa-se que os valores dos sujeitos da amostra se situam geralmente acima dos valores dos
índices da população não-clínica, “algures entre os indivíduos sem indícios de perturbação
emocional, e os indivíduos com manifestações clínicas de psicopatologia do Eixo I do DSM-IV”
(Almeida et al., 2005).
Um outro estudo, foi conduzido por Monteiro, Matos e Coelho (2004), num grupo de
mulheres com filhos com paralisia cerebral. Esta investigação tinha como objectivo conhecer
factores de influência da adaptação destas mulheres. Numa amostra constituída por 101 mães de
crianças com paralisia cerebral, de idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos de idade, os
autores encontraram que, comparativamente com população em geral, os índices gerais de
psicossintomatologia são significativamente mais altos no grupo em estudo. As diferenças são
também estatisticamente significativas para as dimensões de Somatização, Ansiedade, Depressão e
Hostilidade. Foi ainda possível verificar que variáveis associadas ao apoio social, coping e
gravidade da deficiência explicam respectivamente 30.6%, 17.3% e 22.8% dos sintomas
psicopatológicos encontrados neste grupo de mulheres, avaliada através do IGS.
O BSI tem também vindo a ser utilizado em diversas investigações em grupos de grávidas e
jovens mães, habitualmente como medida de adaptação ou de bem-estar. Num estudo longitudinal
realizado numa amostra de 210 famílias de utentes da Maternidade Doutor Daniel de Matos dos
Hospitais da Universidade de Coimbra (Canavarro, Pedrosa, Oliveira, Moura-Ramos, Pereira &
Monteiro, 2004), o BSI foi utilizado como medida de adaptação psicopatológica do pai e da mãe ao
nascimento de um filho. Foi possível verificar que, dois a cinco dias após o nascimento do bebé, os
valores apresentados pelo pai e pela mãe são significativamente mais baixos do que as pontuações
encontradas para a população em geral (Canavarro, 1999), com a excepção das pontuações

11
maternas para a Somatização, que aumenta significativamente, (t=-3.780, gl=209); Hostilidade,
Psicoticismo e TSP que não apresentam diferenças significativas. Estes resultados indicam que, de
forma geral, o nascimento de um filho é um factor associado a um aumento de bem-estar para
ambos os pais. Ainda nesta investigação, os autores compararam os valores apresentados pelos pais
e pelas mães na mesma ocasião. É interessante notar que, para todas as dimensões do BSI as
diferenças encontradas são muito significativas, à excepção da dimensão Ideação paranóide para a
qual não há diferenças entre os pais e as mães. Após o nascimento de uma criança a mãe apresenta
valores mais elevados do que o pai em todas as dimensões e também nas três pontuações globais,
embora como referimos esses valores são significativamente mais baixos do que os apresentados
pela população em geral.
Por sua vez, Pedrosa, Canavarro, Oliveira Moura-Ramos e Pereira (2004) utilizaram o BSI
para comparar os padrões de sintomatologia psicopatológica das mães e dos pais de 48 bebés
nascidos prematuramente, em dois momentos distintos: dois a cinco dias após o nascimento e três
meses após o nascimento. Os resultados revelaram que as mães, comparativamente com os pais,
apresentam pontuações mais elevadas em todas as dimensões do BSI, assim como nos três índices
gerais em ambos os momentos assinalados. No entanto, no primeiro momento as diferenças apenas
são estatisticamente significativas para as dimensões Somatização, Depressão, Ansiedade e TSP;
no segundo momento, todas as pontuações de sintomatologia psicopatológica diminuem e as
diferenças entre os pais e as mães só são relevantes para a dimensão Hostilidade, onde os pais
apresentam valores significativamente mais elevados.
Num outro estudo realizado por Rocha (2004), foram comparados em relação à
sintomatologia psicopatológica dois grupos de mães, umas seropositivas e outras sem qualquer
doença crónica. As mães seropositivas, apesar de apresentarem pontuações ligeiramente mais
elevadas nas diversas dimensões do BSI e nos três índices gerais, só para a dimensão Depressão
esse valor representa uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos (t=2.398, p=.02).
Num estudo sobre factores promotores de ajustamento emocional em adolescentes durante a
gravidez (Pereira, Canavarro, Mendonça & Cardoso, 2003), o BSI foi utilizado como uma das
medidas de avaliação do ajustamento emocional das jovens. Os resultados revelaram que a
sobreprotecção materna é a variável que maior valor preditivo tem em relação ao índice geral de
sintomas (IGS) do BSI.
Por sua vez, Mendonça (2003), numa amostra de 309 mulheres grávidas, entre as 22 e as 25
semanas de gestação verificou que a adaptação das grávidas, avaliada através do BSI, é
influenciada pelas condições sociais e demográficas, pelos hábitos de vida e pelo estado de saúde.
As condições sócio-demográficas parecem encontrar-se associadas às dimensões Depressão,
Hostilidade (F=4.574, p=0.011) e Ansiedade Fóbica (F=5.077, p=.007); os hábitos de vida,
nomeadamente o consumo de tabaco, encontra-se associado às dimensões Sensibilidade
Interpesssoal (F=4.735, p=0.03), Depressão (F=12.435, p=.000) e Hostilidade (F= 10.680, p= .01);
por último, o estado de saúde, encontra-se associado à Somatização (F= 7.674, p= .006) e
Obsessões Compulsões (F= 4.126, p=.006).

Outros estudos
Numa investigação com pais da comunidade em geral e pais alegadamente maltratantes,
Figueiredo, Ribeiro, Clemente, Maia, Fernandes, Matos e Paiva (2002), referem, para os pais da
comunidade em geral valores do BSI semelhantes aos que nós próprios encontrámos nos estudos
realizados em 1999 com indivíduos da população em geral. Verificaram ainda que 71.4% das mães
e 37.5% dos pais alegadamente maltratantes, apresentam valores do ISP superiores ao ponto de
corte referido, o que alerta para a possibilidade destes indivíduos poderem sofrer de perturbação
psicopatológica. Ao comparar os valores globais do BSI obtidos pelos pais alegadamente
maltratantes, com os por nós próprios encontrados, em 1999, para os indivíduos da população em
geral e para os indivíduos perturbados emocionalmente, Figueiredo et al. (2002) referem que estes

12
são significativamente superiores aos apresentados pelos indivíduos da população em geral (e
também pelos pais da comunidade em geral), sendo no entanto inferiores aos característicos dos
indivíduos perturbados. Recordamos que situação idêntica havia sido referida por Almeida, Vieira,
Almeida, Rijo e Felisberto (2005) a propósito de um grupo de indivíduos toxicodependentes.
A influência de experiências de adversidade ocorridas durante a infância (como doenças
graves, violência familiar, negligência, abuso físico, psicológico e sexual) na psicopatologia e
comportamentos de saúde apresentados na idade adulta foi estudada por Maia e Seabra (2005)
utilizando uma amostra de estudantes do ensino superior. Os resultados revelam uma associação
positiva entre adversidade na infância e sintomatologia psicopatológica, nomeadamente
Somatização e os índices gerais do BSI.
Por sua vez, Costa, Pacheco e Figueiredo (2002) ao explorar a influência de diversos factores
na qualidade da aliança terapêutica estabelecida em contexto psicoterapêutico, procuraram
conhecer especificamente a influência da psicopatologia. Na avaliação da qualidade da aliança
terapêutica, foram contempladas medidas que traduzem a percepção do paciente e do
psicoterapeuta. Utilizaram o ponto de corte por nós referido e constataram a existência de
diferenças significativas entre os pacientes que apresentam valores do ISP superiores e inferiores a
1.7. Mais especificamente, os pacientes que apresentam valores no ISP superiores a 1.7, possuindo
assim uma maior probabilidade de apresentarem perturbação emocional, têm significativamente
uma percepção mais desfavorável da relevância das tarefas terapêuticas. Uma tendência no mesmo
sentido, embora sem relevância estatística, é observada quando é utilizada a percepção do
psicoterapeuta sobre a qualidade da aliança psicoterapêutica estabelecida.
Num outro estudo, Rebelo e Lopes (2001), ao procurarem conhecer os efeitos de alguns
factores relacionados com a integração académica dos alunos do 1ª ano da Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, encontraram valores para as diferentes dimensões e índices
gerais do BSI que não diferem de forma significativa dos dados referentes aos estudos
psicométricos do BSI por nós realizados em 1999 na população em geral.

5.4. Procedimentos de aplicação e correcção


O BSI pode ser aplicado individual ou colectivamente. Apesar de ser um inventário de auto-
resposta, quando da sua passagem, inicialmente deverá ser reservado um breve período de tempo
para o técnico fornecer as instruções gerais. Deve ser colocada especial atenção no esclarecimento
de que a escolha feita para cada item, deverá corresponder aquilo que melhor descreve a forma
como aquele problema o afectou nos passados sete dias.
Em circunstâncias normais, para preencher o BSI são necessários 8 a 10 minutos.
Para obter as pontuações para as nove dimensões psicopatológicas deverá somar-se os valores
(0-4) obtidos em cada item, pertencentes a cada dimensão. A soma obtida deverá, seguidamente,
ser dividida pelo número de itens a que o indivíduo respondeu, para essa dimensão.

O cálculo dos três índices globais deverá obedecer às seguintes fórmulas:

Índice Geral de Sintomas (lGS) – Deverá somar-se as pontuações de todos os itens e


seguidamente, dividir-se pelo número total de respostas (isto é, 53, se não existirem respostas
em branco).
Total de Sintomas Positivos (TSP) – Pode obter-se contando o número de itens assinalados
com uma resposta positiva (isto é, maior do que zero).
Índice de Sintomas Positivos – Calcula-se dividindo o somatório de todos os itens pelo TSP.

13
5. Interpretação dos resultados
De forma geral, a interpretação das pontuações do BSI é linear, dada a natureza descritiva da
informação que este instrumento de avaliação permite obter (Groth-Marnat, 2003). No entanto, a
forma de leitura dos resultados dependerá do objectivo de utilização do inventário.
Do ponto de vista clínico a análise das pontuações obtidas nas nove dimensões fornece
informação sobre o tipo de sintomatologia que preponderantemente perturba mais o indivíduo. A
simples leitura dos índices globais permite avaliar, de forma geral, o nível de sintomas
psicopatológicos apresentado. A título de exemplo, a intensidade da sensibilidade ao criticismo dos
outros pode ser avaliada com base na pontuação obtida na dimensão Sensibilidade interpessoal.
No entanto, os clínicos, com base nos seus conhecimentos específicos, podem desejar ir além
da interpretação descritiva. No caso exemplificado, podem considerar que um indivíduo com
pontuações elevadas na dimensão Sensibilidade interpessoal, poderá amplificar as situações de
criticismo, ruminar sobre esses acontecimentos, possuir baixa auto-estima e capacidade de auto-
afirmação. Nesse caso, os aspectos referidos deverão ser analisados através de outros
procedimentos de avaliação, sendo os resultados do BSI utilizados como “ponto de partida” para a
exploração de outros dados.
O que acabámos de referir é igualmente válido em relação à informação adicional que pode
ser obtida através de uma análise qualitativa, referente ao conteúdo específico dos itens assinalados
pelo indivíduo. Por exemplo, itens pertencentes à dimensão Depressão, podem fornecer informação
particular sobre ideação suicida, aspecto que deverá ser posteriormente avaliado através de outros
instrumentos e/ou métodos de avaliação.
Para fins de investigação os mesmos parâmetros poderão ser tidos em conta e ainda, se o
inventário for utilizado com o objectivo de formação de grupos (indivíduos perturbados
emocionalmente versus indivíduos não perturbados emocionalmente) poderá utilizar-se o ponto de
corte como critério de probabilidade de pertença ao grupo.

6. Avaliação crítica

6.1. Vantagens e potencialidades


Como já referimos, o BSI permite avaliar uma vasta gama de dimensões de sintomas
psicopatológicos num curto espaço de tempo. As características psicométricas apresentadas
oferecem segurança para a sua utilização, funcionando assim como um bom indicador de sintomas
do foro psicopatológico. Como ficou demonstrado é igualmente um bom discriminador de saúde
mental, permitindo distinguir os indivíduos que apresentam perturbações emocionais daqueles que
não as apresentam. No entanto, a utilização exclusiva do inventário não permite a formulação de
um diagnóstico.
Vantagens adicionais acerca da utilização do BSI prendem-se com a internacionalização do
instrumento, isto é, com a robustez psicométrica que a sua utilização em diferentes países e culturas
tem revelado (e.g. Al Krenawi, A., Graham, J.R., & Slonim-Nevo, V., 2002; Francis, V.M., Rajan,
P. & Turner, N., 1990; Neville, H. A., 2000; Ruiperez, M. A., 2001) bem como com a sua
utilização num grande número de estudos internacionais em diversas áreas da saúde. A este
propósito é de realçar a sua aplicação na avaliação de grupos com doença oncológica (e.g. Ben Zur,
H., Gilbar, O. & Lev, S., 2001; Gagnon, P., Massie, M.J. & Kash, K., 1996; Gilbar; O., 1998; Plass,
A. & Koch, U., 2001); comportamentos aditivos (e.g. Blume, A.W., Schmaling, K.B. & Marlat,
G.A., 2001; Robinson, E.A., Brower, K.J. & Gomberg, E.S., 2001); infecção por VIH/SIDA (e.g.
Kennedy, C.A., Skurnick, J.H., Foley, M. & Louria, D.B., 1995), perturbações psiquiátricas (e.g.

14
Bowen, R.C. & D'Arcy, C., 2003; Davis, R., McVey, G., Heinmaa, M., Rockert, W. & Kennedy,
S., 1999; Erickson, D.J., Wolfe, J., King, D.W., King, L.A. & Sharkansky, E.J., 2001) e outras
áreas clínicas. De forma global, estes estudos têm corroborado a sensibilidade do instrumento a
manifestações de mal-estar psíquico, contribuindo para a sua validade.

6.2. Limitações
No sentido do exposto, parece-nos que o maior inconveniente da utilização do BSI, não se
prende com o inventário em si, mas com eventuais interpretações abusivas dos seus resultados. Um
clínico menos esclarecido poderá sentir-se tentado a considerar os resultados não como indicadores
de sintomatologia, mas como fundamentos únicos para a definição de um critério diagnóstico.
Especificamente sobre os estudos psicométricos realizados na população portuguesa, dadas as
limitações do estudo preliminar de validação do instrumento em relação à estratificação da amostra,
não realizámos os estudos de normalização dos resultados, considerados como a etapa final de um
processo de aferição (Simões, 1994). No entanto, com vista a uma futura estandardização do
inventário, avaliámos a sensibilidade do BSI em relação às diferenças de sexo, idade e grau de
instrução, já que os valores T padronizados são habitualmente calculados em função do sexo e do
grupo etário (Derogatis, 1993) e algumas investigações (cf. Franke, 1995) mostraram a
interferência da escolaridade nas notas do SCL-90-R. Os resultados obtidos8 levam-nos a ponderar
a futura elaboração de valores normativos para a população portuguesa de forma separada para
cada sexo, grupo etário e grau de instrução.

6.3. Desenvolvimentos e estudos futuros


Para além da necessidade de realização de estudos normativos para o BSI, será também
interessante o prosseguimento da condução de estudos em grupos específicos.

7. Bibliografia fundamental

Al Krenawi, A., Graham, J.R., & Slonim-Nevo, V. (2002). Mental health aspects of Arab-
Israeli adolescents from polygamous versus monogamous families. Journal of Social
Psychology, 142(4), 446-460.
Almeida, D., Vieira, C., Almeida, Rijo, D. & Felisberto, A. (no prelo.). Toxicodependência e
cormobilidade psiquiátrica: Sintomatologia do Eixo 1 e perturbações de Personalidade.
Psiquiatria Clínica.

8
Na comparação dos resultados por sexos, usámos testes t de student para amostras independentes e verificámos
que existiam diferenças estatísticas significativas para as escalas Somatização (t=-2.511, gl=230, p=.013) e Obsessões-
Compulsões (t=-2.806, gl=206, p=.005) apresentando as mulheres, em ambas as dimensões, um maior índice de
sintomatologia.
A realização de correlações entre as notas do BSI e a idade mostrou que apenas as dimensões de Somatização e
Depressão são sensíveis à idade dos indivíduos (r=0.143, p=0.04, para a Somatização e r=-0.114, p= 0.022, para
Depressão).
No que toca ao efeito do grau de instrução, efectuámos análises de variância utilizando o teste de Tukey para
comparar, emparelhando, as médias das notas do BSI para os grupos de indivíduos com diferentes graus de instrução.
Os resultados mostram diferenças estatisticamente significativas para as dimensões de Somatização (f=10.447, p=.001,
r2= 0.095), apresentando os indivíduos com um grau de escolaridade primária ou obrigatória resultados mais elevados
do que os indivíduos pertencentes a todos os outros grupos e diferenciando-se inclusivamente entre si no sentido de
uma maior escolaridade estar ligada a um maior índice de somatização. A Paranóia é igualmente sensível à influência
do grau de instrução (f=3.456, p=0.009 e r2=0.033). Apenas os indivíduos com escolaridade obrigatória apresentam
maior índice de sintomatologia quando comparados com os indivíduos com grau de instrução superior.

15
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8. Material
Folha de administração do instrumento.

9. Edição e distribuição
Com objectivos de investigação, a versão portuguesa do BSI pode ser disponibilizado
mediante pedido formal à autora.

10. Contacto com o(s) autor(es)


Maria Cristina Canavarro
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Rua do Colégio Novo, Apartado 6153
3001-802 Coimbra
mccanavarro@fpce.uc.pt

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