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Todo o conteúdo desta página foi carregado por Ricardo Rodrigues Dos Santos em 04 de janeiro de 2023.
An Ecological Review 8 Ricardo Rodrigues dos Santos and LeAndra Luecke Bridgeman
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Tabela 8.1 Detalhes sobre as quatro espécies de primatas mesoamericanos relatadas em florestas de mangue. As categorias Hábito e Dieta são gerais para cada espécie.
Espécies Nome comum IUCN Vermelho Hábito Dieta Referências de alcance geográfico
Status da lista
Cebola Capuchinha Garganta Branca Menor preocupação Arbóreo/ Onívoro H, N, CR, P 1, 4, 6, 10, 11
capuchinho terrestre
A distribuição geográfica mesoamericana dada aqui é derivada de Rylands et al. (2006): M = México, B = Belize, G = Guatemala, H = Honduras, ES = El Salvador, N = Nicarágua, CR =
Costa Rica, P = Panamá. Google Scholar Crossref, CAS 1. Milton e Mittermeier (1977), 2. Reid (1997), 3. Luecke e Estrada (2005), 4. Snarr (2006), 5. Cuarón et al . (2008), 6. Bridgeman (2012), 7.
World Wildlife Fund (2013), 8. Marsh (2003), 9. Serio-Silva et al. (2006), 10. Rosa (1998), 11. Causado et al. (2008).
Tabela 8.2 Detalhes das 13 espécies de primatas sul-americanas relatadas em florestas de mangue. As categorias Hábito e Dieta são gerais para cada espécie.
capuchinho terrestre
B = Brasil, C = Colômbia, P = Peru. 1. Fernandes (1993), 2. Fernandes (2000), 3. Crocket (1998), 4. Linares e Rivas (2004), 5. Hernandez-Camacho e Defler (1985), 6. Scott et al . (1976), 7.
Pinto, ver Nowak e Coles, Capítulo 7, neste volume, 8. Santos, pess. comm., 9. Silva Jr e Fernandes (1999), 10. Fernandes (1991), 11. Santos et al. (2016), 12. Canale, ver Nowak e Coles, neste
volume, 13. Beltrão-Mendes e Ferrari, Capítulo 11, neste volume, 14. Bastos et al., Capítulo 10, neste volume.
Maranhão red- handed howlers and bearded capuchins are áreas em toda a área de distribuição da espécie ao longo da costa
found in two protected areas:ÿ Rio Preguiças (Área de Proteção norte do Brasil, desde o leste do rio Amazonas, no Pará, até a
Ambiental do Rio Preguiças e Pequenos Lençóis, with mangroves costa amazônica do estado do Maranhão (Santos et al. 2016).
surrounded by sand dunes) and Rio Parnaíba (Área de Proteção Até o momento, apenas quatro estudos foram realizados sobre
Ambiental Delta do Parnaíba, formed by approxi-mately 80 as duas espécies de bugios que habitam os manguezais da
islands) in Maranhão state, Brazil (R.R. Santos, pers. obs.). Tuted Mesoamérica e duas espécies de macacos-prego que habitam os
capuchins have been observed to use mangrove manguezais da América do Sul. Os resultados desses estudos são detalhados ab
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A pesquisa de Bridgeman foi realizada em manguezais ribeirinhos no Figura 8.1 Bugios-pretos comendo flores de Lonchocarpus hondurensis.
PCBR, uma reserva de zonas úmidas que cobre grande parte do estado de Foto: Aubrey Tischer.
Tabasco. O PCBR fica na margem sul do Golfo do México, no istmo de
6,5 indivíduos, com proporção homem/mulher de aproximadamente manguezais (Rhizophora mangle, R. racemosa e R. harrissoni),
1:1; na extremidade inferior da faixa para esta espécie em ambos os aspectos.
manguezais pretos (Avicennia germinans e A. shaueriana,
A densidade populacional de primatas foi estimada em 78 indivíduos/ Acanthaceae) e manguezais brancos (L. racemosa) (Menezes et al.
km2 , e estava dentro da faixa estabelecida para dados específicos 2008; Santos 2010).
de outros locais (Snarr 2006). Santos e cols. (2016) relataram macacos-prego vivendo em áreas
Os grupos de estudo de Snarr passaram a maior parte do tempo contínuas e naturalmente fragmentadas de manguezais costeiros,
descansando (41-44%) e comendo (36-40%), seguido de movimento bem como manguezais em pequenas ilhas. Capuchinhos-prego
(10-17%) e 4-8% do tempo envolvidos em outros comportamentos. foram registrados vivendo em grupos de 1,3 ha e 2,0 ha em Rio Novo
Observou-se que estes grupos utilizavam 18 espécies diferentes de e 13,0 ha e 37,0 ha em Rio Preguiças, estado do Maranhão, Brasil
árvores e cipós/lianas, com a maior percentagem consumida de (Santos 2010). Essas áreas de vida são menores do que normalmente
Pterocarpus oicianalis. As folhas (maduras, novas e novas) registradas para os macacos-prego (Fragaszy et al. 2004).
constituíam a maior proporção de sua dieta, seguidas pelas folhas e sementesOs
durante
macacos-prego
as estações
podem
chuvosa
ser os
e seca.
únicos primatas neotropicais
Estudos com primatas de manguezais sul-americanos focaram que comem caranguejos e moluscos nos manguezais. Até o
em macacos-prego do litoral norte brasileiro. momento, nenhuma outra espécie de primata nas Américas foi
Santos (2010) estudou o comportamento de uso de ferramentas em registrada procurando tais moluscos na lama. A maioria desses
macacos-prego S. libidinosus (para detalhes sobre o uso de ferramentas, recursos alimentares é protegida por carapaças ou conchas e exige
ver Capítulo 9) e a distribuição geográfica de manguezais de S. apella e que o forrageador tenha habilidade para quebrá-los (Capítulo 9). O
S. libidinosus (Santos et al. 2016) para verificar se os manguezais formam sucesso que as espécies de primatas têm na colonização dos
áreas periféricas. ou áreas centrais para macacos-prego (Figura 8.2). mangais pode depender mais da sua capacidade de explorar esses
Cutrim (2013) concentrou sua pesquisa em um grupo de macacos-prego recursos animais do que dos recursos de qualidade relativamente
barbudos em um estudo sobre orçamento de atividades e comportamento baixa oferecidos por frutos, vegetais ou sementes. Isso é mostrado
de uso de ferramentas. As espécies não são simpátricas em áreas de mangue.pelo bugio-prego do Maranhão que foi registrado na mesma área
Os manguezais do litoral norte brasileiro estão presentes em ribeirinha (Rio Preguiças) que os macacos-prego, mas ocorre apenas em uma área d
grande parte como uma floresta contínua. sua paisagem, formada floresta inundada onde está disponível uma mistura de alimentos
por canais de maré, rios e ilhas de diversos tamanhos, é uma das vegetais de mangue e não-mangue (RR Santos, obs. pessoal). Além
maiores formações contínuas de manguezal do mundo (Souza-Filho do consumo de caranguejos (Ucides cordatus), caracóis (Neritina
2005). O inluxo de maré varia de 4 m a 7,5 m (Souza-Filho 2005) e zebra) e vermes (não identificados), os macacos-prego comem frutos
proporciona um ambiente de alta produtividade biológica (Menezes do mangue preto (A. germinans), partes inferiores do mangue branco
et al. 2008). O clima é caracterizado como tropical sazonal, com duas (L. racemosa) e propágulos e baixas de mangue vermelho (R. mangle)
estações marcadas: uma estação chuvosa (janeiro a junho) e uma nesta área (Cutrim 2013; Santos 2010).
estação seca (julho a dezembro). A temperatura é estável durante O orçamento de atividades para macacos-prego foi estudado em
todo o ano com uma média de 26°C. Seis espécies verdadeiras de um pequeno fragmento natural de 37 ha (Cutrim 2013) no sítio Rio
mangue estão presentes na área: vermelho Preguiças. Atividades (descansar, viajar, procurar alimentos, comer e
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socialização) realizadas em manguezais foram distribuídas de forma Pesquisas futuras em manguezais e paisagens inundadas devem
semelhante às populações de terras altas, mas com uma proporção envolver pesquisas e censos de populações de primatas ao longo das
maior de tempo gasto em forrageamento. No entanto, a alta densidade, costas e deltas de rios em áreas de manguezais neotropicais,
31 indivíduos/37 ha em 2011-2013, combinada com a pequena área especialmente no México e no Brasil, onde a cobertura de manguezais
disponível pode ter contribuído para aumentar o tempo de é mais abundante. Embora as zonas costeiras do Panamá, Colômbia
forrageamento e diminuir o tempo de viagem (Cutrim 2013). Muitos e Equador não devam ser negligenciadas. Localizar mais populações
em devido
fragmentos de manguezais na área de estudo estão encolhendo naturalmente mangais
aoemovimento
realizar estudos ecológicos
das dunas e comportamentais
de areia.
Atualmente, o tamanho do grupo da população de estudo é de detalhados sobre essas populações, incluindo a ingestão nutricional
aproximadamente 60 animais (RR Santos, obs. pess.), porém é e a fitoquímica (uma parte importante, mas muitas vezes negligenciada,
possível que a formação de subgrupos tenha afetado as contagens da investigação sobre conservação) seria informativo. Adicionar
dados sobre todos os aspectos da ecologia comportamental dos
de Santos (2010) e Cutrim (2013), portanto, esse número pode ser impreciso.
primatas, tais como características populacionais, variação do
Resumo e direções futuras para pesquisa tamanho do grupo, padrões de atividade, comportamento de
forrageamento e alimentação e preferências de habitat dos primatas
A soma total do nosso conhecimento sobre a ecologia dos primatas
neste habitat incomum nos permitirá compreender melhor a
nos manguezais vem de uma série de breves observações e quatro
adaptabilidade e a lexibilidade demonstradas pelos primatas. e outros
estudos detalhados. Estudos de táxons e áreas geográficas adicionais
animais em habitats de baixa diversidade, como manguezais.
são urgentemente necessários.
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