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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO-UEMA, CAMPUS BALSAS

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA

FERNANDA DE LURDES MOREIRA MOREIRA

FINGIR NÃO VER É SER CUMPLICE!


A URGÊNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL NO COTIDIANO EDUCATIVO

BALSAS-MA
2022

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FERNANDA DE LURDES MOREIRA MOREIRA

FINGIR NÃO VER É SER CUMPLICE!


A URGÊNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL NO COTIDIANO EDUCATIVO

Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da


Universidade Estadual do Maranhão – Campus Balsas,
para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.
Orientador: Prof. Dr. Leonardo Mendes Bezerra

BALSAS-MA
2022
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FINGIR NÃO VER É SER CUMPLICE!
A URGÊNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL NO COTIDIANO EDUCATIVO

Monografia defendida por Fernanda de Lurdes Moreira Moreira como requisito


fundamental para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia pela Universidade
Estadual do Maranhão – UEMA, Campus Balsas.

Banca Examinadora:

______________________________________
Prof. Dr. Leonardo Mendes Bezerra
Universidade Estadual do Maranhão
Presidente da Banca

______________________________________
Profa. M.a Ana Maria Marques de Carvalho
Universidade Estadual do Maranhão
Avaliadora Interna

______________________________________
Profa. Esp. Laélia Leite Pinto Bertoldo
Universidade Estadual do Maranhão
Avaliadora Interna

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Dedico a pesquisa à todas as vítimas de abuso sexual,
meninos, meninas, crianças e adolescentes. Minha
solidariedade a todos que tiveram que passar por algumas
dessas experiências traumáticas, as quais desejo que um dia
possa chegar ao fim.

Que através da Educação Sexual, possa ser possível


frearmos esses acontecimentos, e que por meio da identificação
precoce os causadores desses sofrimentos possam ser punidos
de forma rigorosa perante a justiça.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a minha família, que sempre foram


pilares em minha vida. Me deram apoio, incentivo e motivação do início até o fim. A
meu esposo Ronaldo, que além de esposo é um amigo e um pai maravilhoso para
nossa filha Maria Alice, que nunca mediu esforços para me ajudar e dar apoio sempre
quando necessário.
Gostaria de agradecer também a banca examinadora do projeto proposto para
pesquisa, as professoras Geruza Borge e Antônia Borges, que disponibilizaram seu
tempo para avaliar e contribuir com a pesquisa.
Quero agradecer também, em especial o meu orientador Dr. Leonardo Mendes
Bezerra por ter me dado todo o suporte, mais do que necessário, quando mais
precisei; que além de um excelente profissional é um ser humano incrível o qual o
universo me deu o privilégio de conhecer.
Agradeço também a banca examinadora da monografia, que encarecidamente
se dispuseram a fazer as avaliações e correções necessárias.
E não poderia deixar de agradecer aos meus colegas e amigos de curso,
Carliane, Rayne, Ronaldo e Victtorya, que foram extremamente importantes nessa
caminhada, sempre dando incentivo e suporte um ao outro, quando um pensava em
desistir o outro aparecia e lhe dava razões para que persistisse.

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RESUMO

A Educação Sexual é importante a medida que nos últimos anos grande parte das
pessoas e dos políticos conservadores veem as temáticas sexuais no âmbito escolar
como uma desinformação que corrompe a moral, os bons costumes sociais e culturais
dos estudantes, além de ser vista como ações de libertinagem que estimulam a
pornografia e aos péssimos costumes, comportamentos e ações. Por acreditar que a
Educação Sexual é importante em suas múltiplas vertentes, ela está muito além de
falar sobre sexo, e sim como elemento conscientizador, libertador, esclarecedor e que
ensina às pessoas os direitos humanos e a dignidade pessoal e coletiva. A partir disso,
esta monografia tem o objetivo de apontar a urgência no cotidiano educativo da
Educação Sexual como ferramenta que potencializa a defesa da dignidade humana.
Metodologicamente adotou-se a pesquisa bibliográfica, a pesquisa de campo com
estudantes dos cursos de licenciatura em Pedagogia, Matemática e Letras de uma
universidade pública com a aplicação de questionário virtual em que os dados foram
analisados de forma quantitativa por meio da estatística descritiva; além disso,
também utilizou-se na pesquisa qualitativa a elaboração de micronarrativas ficcionais
com dados lidos, ouvidos e vistos na mídia, essa proposta foi analisada de forma ética
e várias histórias foram embaralhadas para depois serem remontadas com a criação
de personagens fictícios. Os resultados apontaram a necessidade urgente em
trabalhar com educação sexual nas escolas e principalmente nos cursos de formação
de professores.

Palavras-chave: Educação Sexual; Dignidade Humana. Proteção a vida. Cotidiano


Escolar.

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ABSTRACT

Sex Education is important as, in recent years, most people and conservative
politicians see the themes in the school environment as disinformation that corrupts
the morals, good social and cultural customs of students, in addition to being seen as
actions of debauchery that encourage pornography and bad dress, behavior and
actions. Believing that Sexual Education is important in its multiple aspects, it goes far
beyond talking about sex, but as an awareness-raising, liberating, enlightening
element that teaches people human rights and personal and collective empowerment.
From this, this monograph aims to meet the urgency in the educational routine of
Sexual Education as a tool that enhances the defense of human nature.
Methodologically, bibliographical research was adopted, field research with students
of the degree courses in Pedagogy, Mathematics and Letters of a public university with
the application of a virtual class in which the data were analyzed quantitatively through
descriptive statistics ; in addition, the elaboration of fictional micronarratives with data
read, heard and seen in the media was also used in the qualitative research, this
proposal was ethically preserved and several stories were shuffled to later be
reassembled with the creation of fictional characters. The results pointed to an urgent
need to work with sex education in schools and especially in teacher training courses.

Keywords: Sex Education; Human dignity. Life protection. School daily.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................... 10
1.1 Motivos para a escolha do tema Educação Sexual...................... 10
1.2 Questões que direcionaram o estudo............................................ 11
1.3 Objetivos........................................................................................... 12
1.3.1 Objetivo Geral................................................................................... 12
1.3.2 Objetivos Específicos...................................................................... 12
1.4 Percurso metodológico................................................................... 12
1.5 Apresentação do texto monográfico.............................................. 16
2 VIOLÊNCIA FÍSICA E PSICOLÓGICA DE CUNHO SEXUAL COM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES...................................................... 18
2.1 Formas de violência sexual............................................................. 21
2.1.1 Violência sexual com contato físico............................................... 22
2.1.2 Violência sexual sem contato físico............................................... 28
3 A EDUCAÇÃO SEXUAL E PROTEÇÃO DOS JOVENS ................... 36
4 URGENTE, EDUCAÇÃO SEXUAL PODE SALVAR VIDAS............. 39
5 A URGENCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL NA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES................................................................................ 51
5.1 Opiniões reveladas dos professores em formação na UEMA...... 51
5.2 Educação sexual de qualidade nas escolas.................................. 61
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................... 61
REFERÊNCIAS................................................................................. 70
APÊNDICE.......................................................................................... 76
Apêndice 1 – Roteiro de perguntas do formulário......................... 77

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivos para a escolha do tema Educação Sexual

O interesse em pesquisar essa temática surgiu devido a relevância do


assunto, pois como futura profissional da educação sinto a necessidade de saber
como abordar tais assuntos com os alunos, quais as medidas a serem tomadas e
melhores métodos, embora até o momento eu não tenha filhos que iniciaram a sua
fase escolar, me coloco no lugar dos pais e me preocupo com essas questões do
modo como serão trabalhados, visto que é de extrema necessidade a conscientização
de nossas crianças.
Embora haja documentos oficiais que orientam a inserção da Educação
Sexual (ESex) nas escolas, não há no Brasil nenhuma legislação que regulamenta
essa prática pedagógica. Empiricamente ainda há uma forte resistência quanto a
implementação desses documentos nas escolas, por grande parte dos
conservadores, que trazem consigo resquícios de um processo histórico ao qual será
exemplificado no decorrer na pesquisa, que veem a ESex não como parte
de informação e principalmente saúde, mas como algo que corrompe a moral e bons
costumes sociais e culturais dos estudantes.
O Pedagogo deve estar atento a tudo que envolve o comportamento infantil,
em casos de abuso é possível notar uma mudança repentina do comportamento da
criança que acarreta em uma série de obstáculos para a aprendizagem infantil, pois
as sequelas deixadas pelo trauma causam problemas que devem ser muito bem
analisados e trabalhados por profissionais que tenham um conhecimento na área para
que essa criança consiga ser reabilitada para viver sua vida escolar novamente.
Trabalhar sobre educação sexual nas escolas está muito além de falar sobre
sexo, somos seres que nascemos com sexualidade, e desde a infância nos
questionamentos sobre o funcionamento de tudo que existe no mundo, isso faz parte
do nosso desenvolvimento, desde a formação gestacional quando estamos em
formação e levamos os dedinhos até a boca para treinar a coordenação motora fina e
desenvolver o hábito de sucção que depois servirá para nossa sobrevivência ao
nascer, da mesma forma a criança tem curiosidades em relação ao desenvolvimento
do seu corpo, para que serve e como ele funciona.

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Em um processo de Estágio na Educação Infantil com uma turma de 3° ano
ouço a seguinte pergunta de uma aluna de apenas 9 anos, “professora, depois que a
gente menstrua a gente pode ficar grávida?”. Em seguida ela corre para um grupo de
colegas para levar a informação sobre o assunto. Em outra ocasião uma outra aluna
me questiona, “professora, qual o tipo de fruta que se tira a semente para ter um
neném?”
São perguntas como estas que nos fazem pensar a importância de se saber
como argumentar sobre assuntos que para muitos pode parecer inadequados para a
idade da criança, mas que apenas fazem parte do desenvolvimento e a curiosidade
em saber o seu funcionamento. Falar sobre ESex é alertar sobre quais
partes do corpinho da criança podem ou não ser tocados, a forma como é tocado, e
os limites, para que ela entenda que situações de abuso não é algo natural como o
abusador as vezes diz ser para convencer a criança de que está tudo bem e não
despertar o interesse da mesma em comunicar a alguém o ocorrido.
Uma qualificação dos profissionais educadores sobre como trabalhar
ESex com crianças serve para alertar a criança quando o fato ocorrer, trazendo a
concepção da criança de que aquilo é errado, não só o contato físico, mas
gestos obscenos que o abusador possa fazer para aliciar a criança, essa formação
deve ocorrer não só para o pedagogo, mas, para todo profissional docente, pois os
demais professores passam a maior parte do tempo em sala de aula em contato direto
com as crianças.

1.2 Questões que direcionaram o estudo

Quando falamos em ESex, estamos falando sobre formação qualitativa, sobre


conhecimento acessível, sobre esclarecimento sobre várias dúvidas que a criança
pode ter, e que por conta disso por muitas vezes resulta em casos de
violência sem que nem mesmo a criança entende o que está se passando.
Uma formação continuada para os profissionais seria de total valia para a
conscientização saudável dessas crianças, não como forma de falar sobre sexo para
crianças e tirar sua inocência, visto que para isso há a formação adequada de como
e de quando falar, sendo possível esclarecer dúvidas trazidas por ela mesma.

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A criança vítima por muitas vezes não entende o que está acontecendo, e traz
então consigo muitas dúvidas que através do amparo escolar pode ser possível a
identificação de uma possível violência.
Diante disso questionamos: O que as referências teóricas tem a
informar sobre abuso sexual infantil? Qual é o papel da escola frente a prevenção de
abusos sexuais as crianças? Os temas relacionados a educação sexual trabalhados
na escola podem conscientizar as crianças sobre as ações e atitudes relacionadas ao
abuso sexual?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral


 Apresentar que o ensino da Educação Sexual é urgente no cotidiano educativo
quanto a prevenção e defesa da dignidade humana.

1.3.2 Objetivos específicos


 Levantar e analisar a existência de casos de violência psicológica e física no
tocante a sexualidade com crianças;
 Analisar a existência de fatores para que haja aversões às questões sexuais nas
escolas;
 Apresentar que a disciplina de Educação Sexual vai além dos conhecimentos
biológicos;
 Identificar temáticas importantes que podem ser trabalhadas de modo
transdisciplinar.

1.4 Percurso metodológico

O presente trabalho partiu de uma pesquisa bibliográfica a partir de livros,


sites, revistas cientificas, e reportagens divulgadas na mídia. Esses levantamentos
bibliográficos de materiais já publicados servirá para o aprofundamento da temática.
Contará com pesquisa do processo histórico da Educação Sexual, quais os entraves
encontrados na tentativa de sua implementação e os obstáculos ainda encontrados
na nossa atualidade.
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A pesquisa de caráter exploratório, pois para sua elaboração será necessário
um aprofundamento sobre a temática em que serão realizados levantamentos de
dados, através de entrevistas com profissionais atuantes na causa, como agentes de
saúde, psicólogos, professores, assistentes sociais e também agentes do conselho
tutelar.
Segundo Gil (2002) através das entrevistas foi possível fazer um
levantamento de dados sobre fatos reais trazendo maior familiaridade com o problema
da pesquisa. Pois as entrevistas realizadas serão com pessoas que tiveram
experiências práticas com o tema, trazendo assim uma maior compreensão e
hipóteses sobre o assunto.
A partir desses levantamentos foram solicitados documentos que atenderão
dados estatísticos e qualitativos sobre os casos de violência física e psicológica com
o público infantil. Essa pesquisa documental utilizou de fontes primárias, isto é, dados
e informações coletadas que ainda não foram tratados cientificamente ou
analiticamente com dados estatísticos de diversas fontes bibliográficas, assim como
conversas com psicólogos, assistentes sociais e com profissionais no Fórum, no
Conselho Tutelar e em outros órgãos que puderem gentilmente cederem essas
informações, além de dados jornalísticos e divulgados nas diversas fontes midiáticas.
Na pesquisa documental há de um lado os documentos “de primeira mão, que
não receberam nenhum tratamento analítico. [...] documentos como cartas pessoais,
diários, fotografias, gravações, memorandos, regulamentos, ofícios, boletins etc.”
(GIL, 2002, p.45-46). De outro lado, há os documentos de segunda mão, que de
alguma forma já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatório de
empresas, tabelas estatísticas etc.
Esses dados documentais e relatos obtidos através de redes sociais, sites, e
relatos ouvidos pessoalmente, além dos relatos biográficos lidos que foram analisados
com base nas micronarrativas ficcionais (BEZERRA, 2022a) que foi fundamentada
nas narrativas ficcionais (REIGOTA, 1999), nestas produções narrativas ficcionais, em
alguns momentos utiliza-se palavras de uso corriqueiro, algumas vezes uma
linguagem vulgar que estará expressa entre aspas, que por vezes, são expressões
com pouca ética linguística para preservar a linguagem lida e ouvida. Em que, de
modo ético e com intuito de garantir o anonimato dos sujeitos informantes, e foram

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criados nomes fictícios, e das diversas informações divulgadas na mídia para poder
elaborar pequenas narrativas que reúnem as ideias principais e secundárias.
As ideias principais representam o núcleo do texto, em torno do qual se
fundamentam as demais conjecturas e premissas que são manifestadas para dar
sentido a esse núcleo. É a parte essencial da mensagem que se deseja transmitir. Já
as ideias secundárias são amplificadoras da ideia central, ou seja, elas representam
no discurso um conjunto de recursos ao se unir por marcas conectivas e discursivas
que atribuem densidade e personalidade ao discurso.
A partir dessas ideias, foram embaralhadas e remontadas com base nos
preceitos da micronarrativa ficcional (BEZERRA, 2022a), conforme apresenta-se na
figura 1.

Figura 1 – Nuvens de palavras das ideias embaralhadas

Fonte: Pesquisa de campo


Organização: Fernanda de Lurdes Moreira Moreira
Elaborado com o aplicativo Canva
14
Entretanto, após a organização das micronarrativas ficcionais, coletaram-se
dados por meio de formulário virtual, com o auxílio do aplicativo Responde.App, para
a coleta das informações com professores em formação na Universidade Estadual do
Maranhão (UEMA) no cursos presenciais.
Gil (1999, p. 128) define o formulário “como a técnica de investigação composta
por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às
pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos,
interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”
Nesse sentido, na pesquisa de campo, o formulário foi aplicado aos estudantes
dos curso de Letras, Matemática e Pedagogia, e com a amostragem aleatória simples
com um público de 30% do universo estudado. O formulário contou com perguntas
objetivas sobre a temática da pesquisa com o intuito que propiciar maior conhecimento
para o pesquisador, onde serão analisados a frequência e de que maneira ocorre
situações de identificação por parte dos docentes dentro do âmbito escolar.
O gráfico 1 apresenta o quantitativo de estudantes que participaram
voluntariamente da pesquisa.

Grafico 1 – Curso de graduação dos sujeitos participantes da pesquisa


Fonte: pesquisa de campo

Fonte: Pesquisa de Campo

Assim sendo, a população pesquisada compreendeu 71 estudantes no curso


de Matemática, 108 no curso de Letras e 117 estudantes matriculados nos curso
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Pedagogia, o que corresponde a um total de 296 equivalendo a uma população de
100%. Os participantes da pesquisa, os sujeitos que responderam o formulário virtual,
foram 91, o que corresponde a uma amostra de 30,74%. Deste quantitativo amostral
de professores, destaca-se que 68% que responderam ao formulário são estudantes
do curso de Pedagogia, 12% do curso de Letras e 20% do curso de matemática.
Os dados coletados com os estudantes em formação nas licenciaturas da
UEMA foram analisados quantitativamente/qualitativamente e discutidos com os
autores de maior relevância sobre o tema, a princípio Figueiró (1998), Pinheiro (1997),
Rosemberg (1985), dentre outros autores que também colaboraram para o estudo da
Educação Sexual no Brasil, que depois de sistematizado contribuíram para novos
conhecimentos.

1.5 Apresentação do texto monográfico

A produção textual, ora apresentada, integra o grupo de pesquisas


desenvolvidas pelo DEVIR – Núcleo de Investigação em Cotidiano, Educação e
Inventividade, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico e a Universidade Estadual do Maranhão (CNPq/UEMA), sob a liderança
do Prof. Dr. Leonardo Mendes Bezerra. O DEVIR tem como objetivo, conforme
declarado pelo Líder no Diretório dos Grupos de Pesquisa de Pesquisa no Brasil;

O Núcleo tem o objetivo de desenvolver investigações (trans)disciplinares


sobre a vida cotidiana e as suas múltiplas dimensões na educação que
sugerem uma epistemologia diferenciada, expressões de
sentimentos/pensamentos em diversos espaços educativos. Mais do que um
núcleo investigativo, o DEVIR é um modo de sentir, olhar, presenciar e
conceber o cotidiano e a inventividade nos processos formativos em suas
diferentes expressividades. Adota contribuições metodológicas como a
etnografia, as narrativas (ficcionais), a bio:grafia, a cartografia, a
historiografia, a antropofagia e a (de)colonialidade para a (re)construção de
conceitos e processos políticos-pedagógicos com o escopo de fomentar a
(trans)formação humana, os movimentos inventivos, a cultura, a
solidariedade, o respeito às diferenças e a afetuosidade sob a perspectiva
(trans)disciplinar dos modos compreensivos, de situações-limites e de outras
possibilidades axiológicas (BEZERRA, 2022b).

A proposta desta monografia teve inspiração no estilo e na estética lindamente


da tese de doutorado do Prof. Leonardo Bezerra (2022) em que trabalhou com uma
forma leve, criativa e científica de escrita e com uma estética de abrilhantar os olhos
daquelas pessoas que a leram, além de que na sua produção segue uma forma um
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pouco desconstruída de produzir ciência, fugindo assim das armadilhas mecanicista-
cartesiana por excelência, mesmo que em alguns momentos utilizou-se a forma
estrutural cartesiana para organizar os dados quantitativos e discutidos sob a luz das
teorias da referida temática deste estudo.
Inicialmente apresenta-se neste primeiro capítulo a introdução, na sequência o
segundo capítulo que trata sobre a violência física e psicológica de cunho sexual com
crianças e adolescentes, as formas de violência sexual com e sem contato físico. No
capítulo três apresenta-se a importância da Educação Sexual e a proteção dos jovens
e no quarto capítulo expõe-se a urgência da ESex como ferramenta que pode salvar
vidas. O capítulo cinco divulga a urgência da Educação Sexual na formação de
professores que foi subdivido em dois subcapítulos, respectivamente com os
seguintes títulos “Opiniões reveladas dos professores em formação da UEMA” e
“Educação Sexual de qualidade nas escolas”. O sexto e último capítulo expõe-se as
considerações finais de toda a pesquisa e no item referencias apresenta-se as obras
e materiais que foram consultados.
Ademais, no percurso dos capítulos ilustra-se com as micronarrativas ficcionais
como resultado de dados organizados e elaborados em relatos para melhor expor as
questões trabalhadas nos capítulos desta monografia na modalidade qualitativa e
também gráficos com dados oriundos da pesquisa de campo e analisados de forma
quantitativa com base na estatística descritiva.
A todos e a todas deseja-se uma boa leitura.

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2 VIOLÊNCIA FÍSICA E PSICOLÓGICA DE CUNHO SEXUAL COM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES

Os danos causados por uma violência acarretam em uma série de problemas,


as sequelas deixadas podem interferir em vários aspectos do desenvolvimento da
criança, independente da forma como ocorre essa violência, se de forma física
havendo o contato, ou expondo a criança a conteúdos inadequados, ambas causam
traumas psicológicos quase que irreversíveis. O que pode ser confirmado através dos
relatos de vítimas que confessam terem sido ameaçadas, agredidas fisicamente
durante os abusos, por vezes são manipuladas a pensar que não há algo errado no
que está acontecendo devido a sua ingenuidade e ignorância sobre o assunto.
O Ministério da Educação (MEC) publicou em 2008 um material que aborda
as diferentes formas de exposição da sexualidade, intitulado Escola que protege:
enfrentando a violência contra crianças e adolescentes, sob a organização de Vicente
Faleiros e Eva Faleiros (2008)

A violência, de qualquer tipo, contra crianças e adolescentes é uma relação de


poder na qual estão presentes e se confrontam atores/forças com
pesos/poderes desiguais, de conhecimento, força, autoridade, experiência,
maturidade, estratégias e recursos. (FALEIROS; FALEIROS, 2008, p. 31).

Entende-se, portanto, que a violência é a vilã dos direitos da vítima, ou seja,


a vítima não concordou com o ato, e foi forçada a cometer o ato sem seu
consentimento, por vezes sob ameaças e chantagens. “A violência física é
caracterizada por ”[...] marcas que ficam principalmente no corpo, machucando-o,
causando-lhe lesões, ferimentos, fraturas, [...] arranhões, mordidas” (FALEIROS;
FALEIROS, 2008, p. 35).
O abuso sexual é caracterizado como violência física. Em casos de violência
sexual o autor do crime apresenta uma desigualdade sem igual para com a criança,
onde a mesma, nessa situação encontra-se totalmente indefesa devido a total
diferença entre suas estaturas corporais.
Por tanto violência sexual é caracterizada como violência física e ambas
também são caracterizadas por violência psicológica devido aos traumas mentais que
desencadeiam. Faleiros e Faleiros (2008, p. 35) afirmam que “a violência sexual é
também violência física e psicológica; a violência física sempre é também psicológica”.

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A violência física e psicológica vivida pela vítima deixam marcas permanentes,
as marcas físicas podem desaparecer com o passar do tempo, porém as marcas
psicológicas podem permear por uma vida toda, resultando em grandes bloqueios
pessoais, por vezes havendo a necessidade de acompanhamento psicológico e uso
de medicamentos, se assim o profissional indicar.
Além de traumas psicológicos gerados por esses crimes, as vítimas podem
desenvolver uma série de transtornos mentais, que acabam por dificultar ainda mais
a reabilitação da vítima para o meio social, devido a isso é que faz necessário um
acompanhamento profissional especializado em casos de violência sexual.
De acordo com a psicóloga Fabíola Luciano (2022), que relata suas
experiências profissionais em seu site, afirma que a violência sexual gera traumas,
pois:

A violência sexual pode gerar sequelas e traumas para toda vida tanto nas
questões físicas quanto nas questões psicológicas e emocionais. A vítima
tem seu corpo e mente violados, e por isso, após o abuso, pode passar a ter
sintomas físicos e psicológicos e desenvolver Transtornos como Ansiedade
e Depressão (LUCIANO, 2022, p. 5).

A psicóloga ainda aponta que entre os casos de violência sexual, o maior


número de ocorrência é cometido contra crianças “as crianças são as principais
vítimas de violência sexual. E o que torna o fato ainda mais alarmante é que, na
maioria dos casos, o agressor é da família, ou alguém, como um vizinho ou amigo dos
pais” (LUCIANO, 2022, p. 7). A psicóloga afirma que crianças vítimas podem também
apresentar sinais comportamentais físicos e psicológicos, ou uma regressão no seu
desenvolvimento, como por exemplo, chupar os dedos, entre outros.

Diferentemente da violência física, a violência psicológica não deixa traços


imediatamente visíveis no corpo, mas destrói a autoimagem do violentado e
se manifesta no comportamento da criança ou do adolescente. Essa violência
provoca traumas psicológicos que afetam o psiquismo, as atitudes e as
emoções, traduzindo se até mesmo na incapacidade da criança em interagir
socialmente dentro das condições consideradas próprias de sua idade,
podendo tornar-se passiva ou agressiva. (FALEIROS; FALEIROS 2008, p.
36)

Em uma análise realizada pelo Centro de Referência de Assistência Social


(CRAS) unidade geral, o atendimento para crianças segue a seguinte ordem “violência
psicológica ficou em primeiro lugar (38%), seguida de violência sexual (26%),
negligência (19%) e violência física (17%)” (CHILDHOOD BRASIL, 2017, p. 145)
19
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) violência sexual é definida
como:

[...] qualquer ato sexual, tentativa de obter um ato sexual ou outro ato dirigido
contra a sexualidade de uma pessoa usando coerção, por qualquer pessoa,
independentemente de seu relacionamento com a vítima, em qualquer
ambiente. Inclui estupro, definido como a penetração fisicamente forçada ou
coagida da vulva ou ânus com um pênis, outra parte do corpo ou objeto
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2022, p. 30).

O abuso sexual é cometido contra crianças de ambos os sexos, meninos e


meninas, entretanto o maior número de casos é cometido contra meninas.
A seguir dados estatísticos de análise feita pelo IBGE, onde aponta que as
meninas entre 10 a 13 anos de idade são as maiores vítimas de violência sexual,
conforme apresenta-se no gráfico 2.

Gráfico 2 - Faixa etária das crianças e adolescentes vítimas de estupro de


vulnerável (até 13 anos), por sexo, no Brasil em 2021

Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social: Observatório de Análises
Criminais – COINE/RN; Intituto de Segurança Pública/RJ (ISP); Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE); Fórum Brasileiro de Segurança Pública apud (TEMER, 2022, s/p).

Além de dados que comprovam que as meninas são as principais vítimas, os


profissionais que lidam com esse tipo de violência reafirmam esses dados.

20
[...] profissionais apontam que as meninas são as maiores vítimas da
violência sexual. Este tipo de violência tem número de atendimento alto,
sobretudo nos serviços de Família Acolhedora (é uma violência de grande
ocorrência intrafamiliar, motivando, muitas vezes, a retirada da criança e/ou
adolescente do lar) e naqueles voltados para atendimento na zona rural.
(CHILDHOOD BRASIL, 2017, p. 145).

Outra análise de dados coletados dos processos jurídicos do Ministério Público


Estadual sobre os casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, revelou
que:

[...] as meninas são vítimas de abuso sexual em maior frequência quando


comparadas com meninos. Além disso, a maior incidência desta forma de
violência ocorreu quando as vítimas eram crianças (5 a 10 anos) e a
revelação ocorreu, na maioria dos casos, apenas na adolescência. Dessa
forma, a violência sexual foi mantida em segredo por anos, até que as vítimas
conseguiram revelar os abusos ou algum adulto não-abusivo suspeitou e
denunciou aos órgãos públicos. Os perpetradores da violência sexual foram,
na maioria dos casos, homens que conviviam no ambiente doméstico da
criança e possuíam uma relação de confiança e cuidado com esta.
(HABIGZANG, 2005, p. 347)

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2022, p. 5) as


características dos criminosos seguem a seguinte porcentagem “homem (95,4%) e
conhecido da vítima (82,5%), sendo que 40,8% eram pais ou padrastos; 37,2%
irmãos, primos ou outro parente e 8,7% avós”.

2.1 Formas de Violência Sexual

Ao contrário do que muitas pessoas pensam a violência sexual pode ocorrer com
ou sem o contato físico. Contatos físicos “forçados”, como beijos e toques em qualquer
parte do corpo, podem ser considerados violência ou abuso sexual.

A violência sexual pode acontecer de várias formas: através do contato físico,


ou seja, por meio de carícias não desejadas, penetração oral, anal ou vaginal,
com o pênis ou objetos, masturbação forçada, dentre outros; e sem contato
físico, por exposição obrigatória a material pornográfico, exibicionismo, uso
de linguagem erotizada em situação inadequada. (FALEIROS; FALEIROS
2008, p. 39).

Portanto, apresenta-se as formas violência sexual com ou sem contato físico.

21
2.1.1 Violência sexual com contato físico

A primeira micronarrativa ficcional apresenta uma forma de violência sexual


com contato físico que é a masturbação forçada.
A masturbação é uma das formas de abuso sem penetração utilizadas muitas
vezes pelos agressores com a tentativa de não deixar marcas físicas, na masturbação
forçada o agressor obriga a criança a manipular seus órgãos genitais, com intuito de
chegar ao orgasmo, ou o agressor estimula o órgão genital da criança acariciando ou
esfregando.

[...] os poucos casos que chegam à denúncia e aos meios legais, que
deveriam ser de proteAbuso sexual na infância e adolescência acabam por
ter laudo pericial inconclusivo ou de atos libidinosos, que não deixam marcas
físicas, nem a comprovação pelos critérios atuais implícitos no Código Penal
(PFEIFER; SALVAGNI, 2005, p. 16).

A masturbação praticada pelos abusadores geram uma ciclo, no qual o


abusador, com o passar o tempo, passa a não satisfazer-se apenas com o estímulo
do toque, partindo para o abuso sexual com penetração para obter maior excitação.

No abuso sexual da criança e adolescente, o ato libidinoso é o mais frequente.


Inicialmente, através de manobras de sedução e intimidação, seguidas de
ameaças à própria criança ou a algum membro de sua família, comumente à
mãe, o agressor obriga essa criança a praticar atos sexuais que não incluam
a penetração vaginal para não caracterizar o estupro, mas sim uma série das
mais variadas formas de contato sexual, constantemente incluindo sexo oral
e penetração anal. (PFEIFER; SALVAGNI, 2005, p. 20).

A respeito da violência sexual, a primeira micronarrativa ficcional apresenta o


caso do avô que toca sexualmente no neto e estabelece a masturbação com o neto.

Primeira micronarrativa
A masturbação forçada pelo avô com o neto

Eu tinha por volta de 4 aninhos de idade, lembro-me de que quando minha


mãe me pegava na escola ao sair do trabalho, passávamos na casa dos meus avós
maternos, para somente após o jantar irmos para nossa casa.
Meus avós sempre foram típicos avós tradicionais que me enchiam de
mimos, faziam as minhas vontades e me deixavam brincar onde eu quisesse e

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comer o que quisesse também. Afinal de contas, eu era o seu primeiro e único neto
até então.
Lembro-me, também, que o tratamento de carinho que tinham comigo,
também tinham a minha mãe. Minha mãe sempre dizia que tinha um paizão, desde
a infância à sua fase adulta. Apoiava suas escolhas e era muito participativo, sempre
se fazendo presente, mal sabia ela, que aquele Super-pai um dia poderia fazer
tamanha maldade com alguém tão indefeso, frágil e que ela amava mais que tudo
na vida, ainda mais por se tratar de seu único e tão amado filho.
Em uma de nossas vindas para casa, passamos pela casa da vovó e do
vovó como fazíamos frequentemente. Eu como de costume, assim que
chegávamos, procurava minha caixinha de brinquedos que já tinha na casa da vovó
e ficava brincando no chão da sala com alguns carrinhos, mamãe e vovó
conversavam na cozinha enquanto vovó fazia o jantar. Em um certo dia, avô sentou-
se no chão para brincar comigo e após alguns minutos, me convidou para olhar a
lua, ele me pegou no colo e saímos em direção ao quintal da casa que ficava bem
nos fundos.
Lá, meu avó se mostrava meio desconfiado, olhando sempre para a porta
da casa para ver se não havia alguém olhando. Sentamos em uma cadeira ele me
colocou em seu colo e começou a pôr as mãos dentro das minhas calças. Lembro-
me que me assustei naquele momento, achei estranho a atitude, mas por não saber
o que estava se passando, não tive a iniciativa de sair correndo, mas me lembro de
sentir que aquela situação era incomum, meu avô nunca havia tocado em qualquer
parte do meu corpo antes. Sempre que eu tomava banho na casa da vovó, era ela
quem me dava banho.
Enquanto vovô colocava suas mãos dentro das minhas calças, me
mandava ficar olhando para lua, e não me mexer enquanto estimulava o meu “pipiu”
e parecia se excitar bastante com isso. Pois no meu ouvido conseguia ouvir alguns
sons estranhos que ele fazia enquanto me tocava, suspirava e à medida que
aumentava a frequência ele parecia mais ofegante.
Quando ele achava que o tempo que tivemos lá fora já iria parecer suspeito,
ele parava e antes que voltássemos para dentro de casa ele conversava comigo,
dizia que aquela brincadeira que o vovô estava fazendo era algo normal, e que era

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divertido, que não havia necessidade de contar para a mamãe, pois ela ficaria
chateada e nunca mais me levaria de novo para a casa da vovó.
Após o jantar fomos para casa, e no dia seguinte novamente se repetiu. Eu
já estava ficando incomodado, pois não estava gostando dessa brincadeira. Mas
por medo de que a mamãe não quisesse mais me levar para ver a vovó, eu não
comentava.
Após longas semanas passando pela casa da vovó, enquanto estávamos
no quintal vovó tentou algo diferente. Tentou “meter” um dedo em mim, e nesse
momento dei um grito ao sentir muita dor, logo mamãe saiu correndo para fora e
perguntou o que estava havendo. Vovô muito desconfiado logo disse que eu havia
tropeçado e saído, mas que não havia com o que se preocupar, pois já estava tudo
bem. Eu, muito assustado e com medo de que se repetisse o que ele havia feito,
corri para os braços da mamãe e pedir para que ela me levasse para casa. Comecei
a chorar bastante, então mamãe decidiu que não esperaríamos para o jantar
naquele dia.
Em casa ela me perguntou o que havia realmente acontecido, não que ela
suspeitasse do meu avô, mas meu choro estava muito sentido, carregado de medo,
não parecia ser apenas um tropeço.
No dia seguinte, passamos por lá novamente, e lembro-me de recusar ir
“olhar a lua” no quintal com o vovô. Então continuei a brincar no chão da sala. No
outro dia, novamente vovô me chamou, e eu ainda assustado, pela última vez, disse
não, mamãe insistiu para que eu fosse, porque senão o vovô ficaria triste.
Então, por mamãe ter pedido para que eu fosse, aceitei o convite e fui, de
novo ele tentou pôr o dedo no meu “cu”, mas falando para não gritar e fazer silêncio,
ele desconfiado com medo de que minha mãe pudesse vir novamente. Parou com
a tentativa e ficou estimulando apenas meu “pinto”.
Dessa vez mamãe me achou estranho, na volta para casa eu estava calado,
em casa foi da mesma forma. Antes eu era uma criança ativa, sorridente e cheia de
energia. A alegria e entusiasmos não faziam mais parte da minha personalidade, no
outro dia quando passamos por lá, minha mãe começou a observar melhor viu que
eu mudava minha expressão ao chegar perto do meu avô. Dessa vez, ao me chamar
para ir “olhar a lua” minha mãe decidiu observar sem que ele notasse. Ela deu a
volta, ficou a espreita e olhou por cima do muro, ela não conseguiu acreditar na

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cena que presenciou ao olhar, seu pai, aquele que tanto cuidou-a e deu-lhe tanto
carinho, estava naquele momento abusando de seu filho.
Sem pode crer no que havia acabado de ver, correu para chamar a vovó
para olhar, na expectativa de que seus olhos a tivessem enganado, mas
infelizmente era real.
Então as duas correram para o quintal e me tomaram dos braços de meu
avô, ele dizia a todo momento que não era aquilo que estavam pensando, que
estavam enganadas, mas não houve justificativa. Mamãe saiu da casa dos meus
avós e no dia seguinte procurou a delegacia para efetuar a denúncia. Minha avó
separou-se de meu avô, a após alguns anos recebemos a notícia de que ele havia
falecido devido a um infarto.
Fonte: elaborado com base em Andrighuetto (2017); Agência Senado (2019); A Gazeta (2022);
Carvalho (2020); Calazenço (2022); Capital News (2022); Correio Brasiliense (2022); Diário do Litoral
(2022); Fernandes (2019); Folha de São Paulo (2022); G1 Bahia (2022); G1 Brasil (2022); G1
Maranhão (2019); G1 Maranhão (2022); G1 Mato Grosso do Sul (2022); GIFE (2020); G1 Rio de Janeiro
(2022); Internet Matterns.org (s/d); Pinho (2022); TribunaHj.com (2018); Top Midia News (2022); Veja
Folha (2022); O Dia (2022); Oeste Goiano (2018); Souza et al (2019); Queiroz (2019); Teixeira (2011);
UolConfere (2022); Zulata (s/d) e também nos relatos ouvidos.

A segunda micronarrativa trata o caso de um padrasto que estupra a enteada.


Assim, cabe focar que, como já mencionado anteriormente o abuso sexual pode
ocorrer de diversas formas, havendo ou não contato físico.
O abuso sexual com contato físico pode ocorrer com penetrações, que seriam
o abusador introduzir o pênis na vagina, ânus ou boca da criança. No caso do
abusador ser do sexo feminino, pode ocorrer que ela force a criança a introduzir o
pênis ou os dedos em sua vagina.

Segunda micronarrativa
O padrasto estupra a enteada

Quando criança sempre fui muito retraída, na escola tinha poucas


amiguinhas com quem mais tinha afinidade. Amizades que preservei até a minha
fase adulta. Apesar de considera-las muito e me sentir à vontade na presença delas,
por ser tímida não conseguia me abrir com elas e falar sobre coisas que eu sentia.
Minha infância foi normal, até por volta dos meus 8 anos de idade, a partir
daí começaria o meu maior pesadelo e minha infância seria roubada de mim.
No começo éramos eu, minha mãe e meu pai. Eles discutiam frequentemente,
muitas vezes na minha frente ou, as vezes, trancados dentro do quarto, onde eu
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conseguia ouvir os gritos das discussões. Meu pai, apesar de também ser muito
retraído, conseguia demonstrar afeto por mim e tinha muito carinho, minha mãe eu
já sentia mais a sua ausência, pois o seu trabalho demandava muito do seu tempo.
Então, não tínhamos muitos momentos juntas.
Certo dia, cansados do relacionamento desgastado que estavam tentando
levar a frente, decidiram separar-se. Meu pai insistiu em ter a minha guarda judicial,
eu tinha por volta de 6 anos de idade na época.
Mas minha mãe com medo de que ele voltasse a morar em sua cidade natal
que ficava muito longe, decidiu que não iria ceder a guarda a meu pai, o combinado
seria que eu iria durante as férias da escola ficar com ele. E assim foi feito.
Um ano depois minha mãe conheceu um rapaz com quem começou a ter um
relacionamento, não demorou muito para que ela o convidasse para morar com a
gente. No começo foi tudo perfeito, ele era muito brincalhão, tinha tempo para
brincar comigo, me ensinava o dever de casa, e minha mãe ainda ausente pelo
trabalho, mas o “tio” (assim que eu chamava meu padrasto) me buscava na escola
e cuidava bem de mim.
Eu saia da escola ao meio dia, e o meu padrasto, o tio Luiz, saia do serviço
também nesse horário, e durante a tarde ele não trabalhava, minha mãe tinha
apenas 2 horas de almoço e tinha que retornar.
Quando completei 8 anos de idade o tratamento comigo começou a mudar,
comecei a perceber olhares estranhos dele sobre mim. Quando eu estava me
trocando no quarto, ele fazia questão de entrar no quarto para poder me ver sem
roupa, me sentia muito incomodada com isso, pois desde bem pequena eu presava
pela minha privacidade, ainda mais por ser bem tímida.
Às vezes ele me fazia elogios voltados para o meu corpo, do tipo “nossa, como
você está mocinha”, “você está cada dia mais linda”, “seu corpo está ficando
diferente, suas pernas estão ficando mais grossas”. Eu nem ao menos respondia,
apenas sorria constrangida.
Algumas semanas depois, após dias fazendo esses comentários, aconteceu
o que eu jamais imaginei que poderia acontecer comigo. Me lembro de sentir-me
culpada por tudo.
Estava eu na sala assistindo TV, o dia estava muito quente, eu usava um short
rosa de malha fina, e uma blusinha de que não me lembro a cor. Meu padrasto

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passou por mim encarando, mas continuei a prender a minha atenção na TV. Em
seguida ouvi o barulho do chuveiro ligado, logo ele chama pelo meu nome e me
pede para que eu alcance a toalha pois havia esquecido de levar para o banho.
Quando estendi o braço para lhe alcançar a toalha, ele agarrou em meu punho e
me puxou para dentro do banheiro, tentei me soltar, tentei bater nele, mas ele tinha
uma força enorme, que qualquer tentativa de golpe era em vão. Lembro que tentei
gritar e pedir por socorro, mas ele tapou a minha boca e me disse que se eu tentasse
fazer algo ele me mataria e depois mataria a minha mãe. Ele me levou para debaixo
do chuveiro passou sabonete por todo o meu corpo para ficar escorregadio e
começou a passar o “pinta” por todo meu corpo. Passava por cima da minha
“pepeca” esfregava até sair um líquido do pinto dele, que na época não sabia o que
era, hoje sei que foi uma ejaculação.
No dia em questão minha mãe chegou a noite e me lembro de olhar para ela
e sentir muito medo, pois pensei em contá-la mas o medo de que ele fizesse algo
com a gente era maior.
No dia seguinte, lembro que fiquei com medo de sair de dentro do quarto,
achava que saindo de lá, seria um motivo para ele ver o meu corpo e sentir desejo.
Achava que o episódio do dia anterior havia sido culpa minha. Mas minha tentativa
de evitar que se repetisse foi em vão, não demorou para que ele entrasse dentro do
meu quarto apenas de cueca e já me amedrontando e pedindo por silêncio.
Dessa vez ele estava sedento rasgou minhas roupas, shorts e a calcinha e
sem pensar duas vezes introduziu seu “pinto” em mim de uma forma tão violenta
que no mesmo instante começou a sangrar bastante, no primeiro momento ele subiu
por cima de mim e abusou até que conseguisse colocar em mim um líquido fedido
e branco que se misturava com meu sangue.
Não satisfeito, me colocou de costas na cama e introduziu o pinto no meu
“cu”, não me recordo com nitidez dos fatos, na minha cabeça são pequenas
memórias daquele momento de grande tortura que vivi.
Quando ele novamente se satisfez... saiu do meu quarto direto para o
banheiro, e me pediu para que desse jeito na “bagunça”. Quando ele se retirou, eu
só conseguia chorar, fiquei em total estado de choque, para mim era difícil acreditar
que aquilo realmente tinha acontecido comigo, eu me sentia dentro de um pesadelo.
Fiquei imóvel deitada na cama durante horas, quando me veio na cabeça que já

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estava perto do horário da minha mãe chegar. Como não havia mais tempo para
que eu pudesse lavar os lençóis manchados com sangue, apenas os tirei-os do
colchão, enrolei-os e escondi debaixo da cama.
Então, logo minha mãe chegou do trabalho, eu já estava deitada, ela entra em
meu quarto e me pergunta se estava tudo bem, digo que sim, que só estava muito
cansada, pois havia me exercitado muito durante a manhã na aula de educação
física.
Momentos depois, acordo com muitos gritos, minha mãe entra no quarto e me
manda ir para fora e entrar no carro. Ela havia entrado em meu quarto enquanto eu
estava adormecida, encontrou os lençóis com sangue e minha roupa que ele havia
rasgado. Fomos direto para a delegacia, minha mãe não falou comigo durante o
percurso, só me lembro dela chorar sem parar. Mas registramos a queixa e ele foi
preso.
Até hoje faço acompanhamento psicológico duas vezes por semana, e mesmo
agora, após anos do acontecido tenho pesadelos vívidos com aqueles momentos
de pura aflição. Devido aos pesadelos e as crises que ansiedade tenho que fazer
tratamento com ansiolíticos para me ajudar a não entrara em crise.
Fonte: elaborado com base em Andrighuetto (2017); Agência Senado (2019); A Gazeta (2022);
Carvalho (2020); Calazenço (2022); Capital News (2022); Correio Brasiliense (2022); Diário do Litoral
(2022); Fernandes (2019); Folha de São Paulo (2022); G1 Bahia (2022); G1 Brasil (2022); G1
Maranhão (2019); G1 Maranhão (2022); G1 Mato Grosso do Sul (2022); GIFE (2020); G1 Rio de Janeiro
(2022); Internet Matterns.org (s/d); Pinho (2022); TribunaHj.com (2018); Top Midia News (2022); Veja
Folha (2022); O Dia (2022); Oeste Goiano (2018); Souza et al (2019); Queiroz (2019); Teixeira (2011);
UolConfere (2022); Zulata (s/d) e também nos relatos ouvidos.

2.1.2. Violência sexual – sem contato físico

A violência sexual em crianças e adolescentes podem ser cometida de


diversas formas, e os resultados dessa violência deixam marcas para uma vida toda.
A violência sexual sem contato físico está relacionada com o assédio sexual, e acordo
com o Estatuto Childhood Brasil (2019) é, qualquer tipo de comportamento indesejado
de caráter sexual, que pode ser expresso de forma verbalizada ou não verbalizada ou
física. Para Faleiros e Faleiros (2008, p. 40) “O abuso sexual contra crianças e
adolescentes é um relacionamento interpessoal sexualizado, privado, de dominação
perversa, geralmente mantido em silêncio e segredo.”

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O Estatuto Childhood Brasil (2019) descreve algumas formas de violência
sexual sem que haja contato físico: Abuso sexual verbal; Exibicionismo; Exibição de
material pornográfico, conforme apresentado no quadro 1.

Quadro 1 – Formas de violência sexual


Tipos Características
Sexual verbal O abuso sexual verbal pode ser definido por conversas abertas
sobre atividades sexuais – falas erotizadas - destinadas a despertar
o interesse da criança ou do adolescente ou a chocá-los. O abuso
sexual verbal pode ocorrer não apenas por ligações telefônicas, o
abusador pode dirigir falas erotizadas havendo chance de estar
sozinho frente à vítima.
Exibicionismo O exibicionismo é o ato de mostrar os órgãos genitais ou se
masturbar em frente a crianças ou adolescentes ou dentro do
campo de visão deles.
Exibição de Quando o agressor exibe materiais pornográficos a meninas
material e meninos e os obriga a assistir, é uma forma de abuso sexual sem
pornográfico contato físico.
Fonte: Childhood Brasil (2019)
Elaboração: Fernanda de Lurdes Moreira Moreira

A figura 2 apresenta uma das formas de violência sexual contra crianças e


adolescente. Na imagem é ilustrado uma das formas de abuso sexual verbal com troca
de mensagens por algum aplicativo de relacionamento ou por alguma rede social.

Figura 2 – Uma das formas de abuso sexual

Fonte: Vade News (2018)


Disponível em: https://vadenews.com.br/ator-integrante-de-rede-internacional-de-pedofilia-e-
condenado-mais-de-95-anos/
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Na sequência apresenta-se a terceira micronarrativa ficcional em que em seu
conteúdo expõe uma conversa de uma menina com uma pessoa mais velha e com
troca de fotos intimas, ou seja, de nudes.

Terceira micronarrativa
Conversas de um pedófilo com uma garotinha de 10 anos de idade com troca
de nudes

Sou mãe e a poucos meses passei por uma experiência que infelizmente
acontece comumente, porém nunca imaginamos que aconteceria com alguém na
nossa família, no meu caso, com a minha filha de apenas 10 anos.
O que irei relatar espero que sirva de lição para os pais, para que tomem mais
cuidado com seus filhos e aos tipos de conteúdo que eles estão tendo acesso. Pois
o que vejo é que as crianças estão tendo acesso a aparelhos celulares cada dia
mais cedo, e sem a supervisão dos pais, o que acaba por ser um grande perigo,
pois acabam sendo presas fáceis para mal feitores a procura de inocentes na
internet, como ocorreu com a minha filha.
Quando minha filha completou 10 aninhos, resolvi comprar um aparelho
celular à ela, pois como sou mãe solteira moramos apenas nós duas e achei que
comprando um aparelho facilitaria o nosso contato para que eu pudesse saber como
ela estava, e ela me comunicar caso houvesse algum problema.
Nas primeiras semanas ela estava bem empolgada, afinal, toda criança fica
bem envolvida quando ganha algo novo. Passa muito tempo baixando joguinhos e
assistindo a vídeos no YouTube.
Uma vez acordei tarde da noite, abri a porta de seu quarto e vi que ela ainda
não havia dormido, estava de baixo do cobertor com o celular nas mãos, acendi a
luz do quarto e perguntei por qual motivo ela ainda estava acordada, me respondeu
que havia perdido a hora por estar jogando. Peguei o aparelho dela como castigo e
lhe disse que só lhe entregaria no dia seguinte. Mas jamais me passou pela cabeça
de que uma criança pudesse estar conversando com alguém até aquele horário.
No dia seguinte quando fui lhe devolver o aparelho percebi que ela estava
um pouco apreensiva, mas imaginei que fosse por medo de que eu voltasse a brigar
com ela.
Na noite desse mesmo dia, resolvi aguardar por um mais um momento para
conferir se ela já dormia. Fui até seu quarto por volta de 2 horas da manhã, e para

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minha surpresa ela havia trancado a porta, mas como eu tinha uma cópia da chave
guardada consegui abrir. Quando entrei no quarto ela já havia adormecido, mas
escutei barulhos de notificações vindo do seu celular, quando pego para olhar,
quase não consigo crer. Era uma mídia que havia sido enviada para ela, uma
imagem de um pênis ereto. Comecei a tremer, sai de dentro do quarto para que ela
não acordasse, abri a notificação que havia chegado através de um aplicativo de
conversas, que na descrição seria para conhecer novos amigos.
Comecei a chorar quando vi que eles já haviam trocados várias mensagens,
todos os dias eles se falavam, era repugnante ver a forma como ele falava com ela,
sempre fazendo elogios, a chamando de “pequena flor”, “minha docinho”, “minha
princesinha”.
No seu perfil não havia foto real, era a imagem de uma série infantil, creio
que era para chamar a atenção das crianças. A forma como ele falava com ela, era
nitidamente para conquistar sua confiança, em mensagem de texto ele havia dito
para ela ter 29 anos de idade, e pergunta se para ela não havia problemas, pois
apenas estava à procura de amizades.
Mas conforme os dois trocavam mensagens ele a conquista, dizia estar
apaixonado por ela, que nunca havia conhecido uma pessoa tão legal, que iria
esperar até ela completar 17 anos para que eles pudessem namorar, dizia que iria
conhecer a família, tudo na intenção de persuadi-la. Ela então, enganada por esse
monstro, ela sede as suas tentativas. Ele pedia para que ela enviasse fotos de
calcinha, fotos de suas pernas, ou então fotos durante o banho, dava pra ver que
ela parecia meio relutante, falando que em outro momento enviaria, mas ele insistia
até que ela enviava.
Me senti culpada por tudo aquilo, por ter entregado o aparelho a ela, por não
ter lhe supervisionado direito. Registrei todas as informações, levei as conversas
impressas até a delegacia, e entreguei também o aparelho, para que a polícia
conseguisse fazer a busca. Pois por se tratar de um crime virtual, o processo de
busca se torna mais demorado.
Fonte: elaborado com base em Andrighuetto (2017); Agência Senado (2019); A Gazeta (2022);
Carvalho (2020); Calazenço (2022); Capital News (2022); Correio Brasiliense (2022); Diário do Litoral
(2022); Fernandes (2019); Folha de São Paulo (2022); G1 Bahia (2022); G1 Brasil (2022); G1
Maranhão (2019); G1 Maranhão (2022); G1 Mato Grosso do Sul (2022); GIFE (2020); G1 Rio de Janeiro
(2022); Internet Matterns.org (s/d); Pinho (2022); TribunaHj.com (2018); Top Midia News (2022); Veja
Folha (2022); O Dia (2022); Oeste Goiano (2018); Souza et al (2019); Queiroz (2019); Teixeira (2011);
UolConfere (2022); Zulata (s/d) e também nos relatos ouvidos.

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A respeito do nudes, a música de Thiago Brava deixa claro uma narrativa sobre
a troca de fotos intimas com pessoas nuas. A letra da música não deixa claro quem é
a Amanda e nem mesmo a idade que ela tem. Mas indica uma mensagem da atual
cultura, de amores líquidos, de sensações liquidas e do cotidiano vivenciado por
algumas pessoas. Não se quer aqui, apontar que a letra da referida canção seja uma
apelação sobre pedofilia, e sim apresenta uma narrativa, de cunho sexual, que
envolve duas pessoas.

Manda Nudes

Tava de boa no snapchat de bobeira


E me bateu uma vontade de fazer besteira
Tranquei a porta do meu quarto pra ninguém perceber
Já me cansei dos x videos não aguento mais vê

Amor em tempo real, entrei no whatsapp


Olha que sorte agora Amanda ta online
Eu vou bater a real do que eu vou querer
Amanda manda nudes que eu quero ver

Amanda manda nudes, Amanda manda nudes


Pode mandar pra mim, que eu não mando pra ninguém
Amanda manda nudes, Amanda manda nudes
Pode ficar de boa que eu vou te mandar também

Amanda manda nudes, Amanda manda nudes


Pode ficar de boa, que eu não mando pra ninguém
Amanda manda nudes, Amanda manda nudes
Pode mandar pra mim, que eu vou te mandar também

A troca de fotos intimas com pessoas de menor idade é imoral e criminoso. E,


a Lei nº 13.718/18 alterou o Código Penal e categorizou uma nova modalidade de
crime e segundo o Artigo 218-C expõe que:

Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir,


publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação
de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro
registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: Pena -
reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave."

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Outra modalidade de violência sexual é forçar crianças e adolescentes a verem
imagens e/ou vídeos pornográficos e/ou com muita sensualidade.
A pornografia é entendida como qualquer material que é fabricado ou produzido
com objetivos recreativos sexuais, ou seja, estão relacionados a representação de
atividades sexuais e eróticas explicitas e que no presente momento tem caráter
comercial (MORAES; LAPEIZ, 1993).
A quarta micronarrativa apresenta uma história em que a curiosidade de um
rapaz por assuntos sexuais por pouco não o fez perder a integridade sexual por meio
de um estupro.

Quarta micronarrativa
A curiosidade pode matar: por pouco não fui estuprado

Sou Emerson, e atualmente tenho 45 anos de idade, casado, pai de família,


psicólogo, estive assistindo a um tipo de documentário que falava sobre as formas
de abuso sexual, e me veio à mente de quando era mais jovem, por volta dos meus
13 anos de idade. Passei por uma situação parecida, na época não sabia que era
algo errado, eu até gostava. Mas hoje, sabendo que é algo ilegal e por se tratar de
um tipo de abuso que pode levar a pena de detenção, penso que talvez na época
se soubesse eu teria feito algo, contado a alguém mais velho, ou procurado ajuda.
Eu tinha um amigo na escola que sempre me dava carona na hora de ir
embora para casa, o pai dele o buscava e como minha casa ficava na mesma
direção que a dele, me fornecia gentilmente carona. Nós éramos muito próximos,
todo final de semana ele me chamava pra ir até a sua casa pra gente jogar vídeo-
game e assistir a filmes.
O pai dele as vezes ia me buscar em casa, e as vezes eu ia na minha bicicleta
até a casa deles. Toda vez que estava indo embora, o pai dele estava me levando
me fazia perguntas com tendências sexuais sobre garotas, dizia que era conversa
normal de homem, e também dizia que se eu pudesse poderia ajudar o seu filho
nessas questões, pois o mesmo era bastante tímido e acanhado.
Me perguntava se eu já havia tido relações sexuais, o que eu tinha desejo de
fazer, quais as coisas que eu mais gostava, me perguntava se eu já beijei na boca,
se eu teria coragem de fazer sexo anal, se eu sentia curiosidade, se eu já chupei
uma xoxota. Na época eu achava legal, pois me sentia adulto conversando sobre
sexo com outro adulto que tinha mais experiência do que eu com isso.
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Aos finais de semana quando estava na casa dele, sempre pedia para que o
meu amigo fosse até ao mercado comprar algo, e nesse intervalo de tempo ele
colocava alguns filmes pornôs pra gente assistir, e sempre me perguntado se eu
estava gostando e o que eu estava sentindo, se estava com vontade de fazer sexo
naquele momento.
Algumas vezes em que eu não estava afim de assistir, mas ele insistia tanto,
dizia que tinha um filme novo, e eu acabava aceitando apenas para não contrariá-
lo. Ele até então não chegou a tentar forçar algo físico comigo, mas ele falava muitas
sacanagens, como por exemplo: “o que você acha do pênis do ator?”, “teria coragem
de fazer sexo oral ou anal algum dia?”, “você é gostosinho e ainda tem que viver
aventuras sexuais com um cara mais velho” e quando meu amigo estava perto de
chegar ele retirava a fita e salientemente me dava, piscava e dizia que podia levar
para terminar de assistir em casa.
Um outro dia fiquei amedrontado, cheguei na casa do meu amigo e ele não
estava, o pai havia me dito para esperá-lo, pois não demoraria voltar. Confiante,
sentei e esperei enquanto o pai foi na cozinha.
De repente escuto a sua voz ecoar pela sala, falando: “liga a TV e o vídeo
cassete, tem um novo filme esperando por nós dois”. Mesmo com medo, fui movido
pela curiosidade, liguei os aparelhos e vi que o filme havia cenas de sexo com
animais. Eu fiquei horrorizado, e falei: “tio que coisa nojenta”, ouvi do outro lado da
sala a sua ríspida voz: “você tem que assistir para a aprender sobre a vida sexual,
mas caso não queira, podemos fazer nosso próprio filme, o que você acha?”
Minha vontade foi de sair daquela casa, mas quando me virei, o encontrei
completamente nu, com cara de safado e totalmente excitado. Minhas pernas
tremeram, não sabia o que fazer...
Quanto mais eu me afastava, mais ele se aproximava, falando obscenidades e
me desejando. Meu coração estava para saltar pela boca, o medo me corroía por
dentro, tive receio de gritar, de certa forma, até vergonha, mas ele se aproximava
cada vez mais e mais... senti o calor do seu copo peludo, da sua barba próxima ao
meu rosto, do seu suor escorrendo pela face, por dentro eu estava sem forças para
reagir, ele estava sedento por mim e eu bobo e com vergonha me sentia uma presa
indefesa e sem coragem para gritar.

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Não consegui nem rezar, nem pedir ajuda, tive muito medo. Quando ele foi para
me pegar, escutamos o barulho do portão abrindo e de motor do carro, era sua
esposa que estava chegando. Ele logo correu para o quarto para se recompor e eu
assustado corri para a garagem. Não sei se consegui esconder a minha aflição, mas
senti um pouco mais confiante com a presença da mãe do meu amigo. Em seguida
meu amigo também chega e fomos conversar, mas não tive coragem de confessar
a ele o que aconteceu na sala da sua casa, achei melhor não me expor, pois tive
medo que o seu pai revertesse toda a história e a culpa caísse sobre mim.
Aquele foi o último final de semana que passei lá, sempre era convidado, mas
acabava inventando alguma desculpa para não ir e o laço de contato com aquela
família se desfez completamente quando nos mudamos de cidade.
Fonte: elaborado com base em Andrighuetto (2017); Agência Senado (2019); A Gazeta (2022);
Carvalho (2020); Calazenço (2022); Capital News (2022); Correio Brasiliense (2022); Diário do Litoral
(2022); Fernandes (2019); Folha de São Paulo (2022); G1 Bahia (2022); G1 Brasil (2022); G1
Maranhão (2019); G1 Maranhão (2022); G1 Mato Grosso do Sul (2022); GIFE (2020); G1 Rio de Janeiro
(2022); Internet Matterns.org (s/d); Pinho (2022); TribunaHj.com (2018); Top Midia News (2022); Veja
Folha (2022); O Dia (2022); Oeste Goiano (2018); Souza et al (2019); Queiroz (2019); Teixeira (2011);
UolConfere (2022); Zulata (s/d) e também nos relatos ouvidos.

Não deveria ser, mas é corriqueiro, hora ou outra, casos de pedofilia surgirem
na mídia. Isso faz-se lembrar do filme Efeito Borboleta, em que uma das personagens
tem um irmão violento e antissocial e um pai pedófilo que abusa sexualmente seus
filhos. A passagem destacada pela Bruna Guiuliano Claro da Silva (2011, p. 20),
aponta que lembrar de assuntos delicados como abuso sexual pode desestruturar
psicologicamente qualquer pessoa.

Lenny havia ficado traumatizado desde a infância pelas cruéis brincadeiras


de Tommy, e Keyleigh havia sofrido bastante com os abusos do pai, e quando
Evan volta para buscar saber do passado, isso acaba reabrindo feridas em
Keyleigh e logo depois do encontro com o amigo de infância ela acaba
cometendo suicídio (SILVA, 2011, p. 20).

A partir daí vê-se a importância da ESex como forma de identificar os limites


daquilo que é ou não assedio, abuso sexual. Assim a proposta de uma Educação
Sexual não biologizada se faz necessária para educar os jovens a saberem identificar
ações, gestos e comportamentos suspeitos que podem gerar violência sexual física
ou psicológica. Aliada a essa proposta de Educação Sexual faz-se interessante o
estudo sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

35
3 A EDUCAÇÃO SEXUAL E PROTEÇÃO DOS JOVENS

Com o surgimento do Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) (Lei n.º


8.069) os direitos das crianças e adolescentes passaram a ser assegurados através
de normas jurídicas, que garantem que toda criança e adolescente tem direito a saúde
e proteção a vida. “Os direitos de crianças e adolescentes são assegurados pela
Constituição Brasileira e especificados no Estatuto da Criança e do Adolescente. O
Estatuto assegura a toda criança e adolescente os direitos básicos de viver [...]”
(FALEIROS; FALEIROS, 2008, p.71).

O Brasil aderiu a um novo paradigma de tratamento das questões


relacionadas à proteção dos direitos de crianças e adolescentes, a saber, a
doutrina da proteção integral, que considera crianças e adolescentes sujeitos
de direitos e garantias fundamentais, em situação de absoluta prioridade, e
anuncia a responsabilidade compartilhada entre Estado, sociedade e família,
na garantia de uma infância e adolescência dignas, saudáveis e protegidas.
(CHILDHOOD BRASIL, 2016, p. 58)

Apesar de termos leis que assegurem a proteção à criança como sendo um


dever do Estado conforme cita a lei, os números notificados de casos de violência
ainda são alarmantes.
De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (TEMER,
2022), houve um aumento considerável nos casos de violência sexual, segundo a
análise:

Desde 2019, quando pela primeira vez o Fórum Brasileiro de Segurança


Pública conseguiu separar os dados do crime de estupro do crime de estupro
de vulnerável, pudemos enxergar que 53,8% desta violência era contra
meninas com menos de 13 anos. Esse número sobe para 57,9% em 2020 e
58,8% em 2021 (TEMER, 2022, s/p).

Com base nos dados divulgados podemos perceber um crescente aumento


nos casos de violência, o que nos leva a concluir que apenas as configurações de
leis de proteção ainda não são o suficiente para que crimes como esses não sejam
cometidos.
As escolas por sua vez possuem um papel extremamente importante pois
devem auxiliar no informe sobre as leis e direitos da criança e do adolescente, alertar
e conscientizar para que consigam distinguir que de fato está sendo violentada sendo

36
possível até mesmo uma prevenção do crime. “Muitas vezes o abusador se aproveita
da ignorância da criança e, se ela tiver consciência, dependendo da situação, pode
mesmo evitar que o abuso ocorra” (TEMER, 2022, p.5).
A quinta micronarrativa expõe a relevância da conscientização de jovens com
base nos ensinamentos do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Quinta micronarrativa
A importância da conscientização das crianças com base no ECA

Um trágico caso ocorrido a alguns anos, fez com que uma instituição de ensino
passasse a dar conhecimento sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
infelizmente algo terrível teve que acontecer para que a instituição trouxesse para
pauta um assunto de total relevância para os alunos.
Uma garota de 15 anos de idade, após ser vítima de abuso sexual e bullying
atentou contra sua própria vida.
A mesma conversava com um homem diariamente através de uma rede
social, que após conseguir conquistar a sua confiança durante muitos dias de
conversa, a convence de enviar fotos de seus seios. O que a garota não imaginava
era que o homem iria expor a sua imagem em uma dada rede social a fim de
constrange-la e ridiculariza-la.
Infelizmente o objetivo foi alcançado, não tardou para que após a exposição
de suas imagens a menina começasse a receber várias mensagens com discurso
de ódio, muitos ridicularizando a garota, humilhando, e até mesmo ameaçando-a.
As mensagens recebidas pela garota partiam tanto de meninos como de meninas.
Na escola sua vida mudou totalmente, recebia constantemente bilhetes de
ameaças e xingamentos, e começou a ser ignorada pela turma, sempre ouvia
cochichos e fofocas a seu respeito.
A mãe da garota deu total suporte para a filha, a levou para delegacia para
prestar queixa, a fim de que o abusador fosse detido.
Embora sua família tenha lhe dado o suporte necessário, lhe amparando e
sem fazer quaisquer julgamentos sobre a sua atitude, a garota já cansada de ser
maltratada diariamente e ridicularizada constantemente suicidou-se.
Antes de executar o seu ato de desespero, a garota registrou em uma
plataforma um vídeo explicando o motivo de ter tomado tal decisão. No vídeo a

37
garota diz não aguentar mais as humilhações e perseguições sofridas não só pelos
colegas, mas assédios em sua rede social vindo de homens bem mais velhos.
Ao final do vídeo a garota relata já ter tentado tirar sua vida em um outro
momento, tentativa essa que não havia dado certo, ela diz ter bebido uma alta
quantidade de medicamentos, porém a dose administrada não havia sido o
suficiente para levar a óbito, ao finalizar o vídeo a garota coloca algumas imagens
de seus braços onde haviam cicatrizes de possíveis cortes feitos com laminas, mas
já cicatrizados.
Com uma legenda pedindo desculpas aos familiares por tomar tão atitude, mas
que entendessem que a dor que sentia já não estava mais suportável, o que levou
ao fim trágico, fim de uma vida que tinha tanto pela frente, após gravar o vídeo a
garota teria se enforcado dentro do seu quarto.
A escola se comoveu com a situação, disseram estar cientes do problema, e
que um suporte psicológico estava sendo ofertado para a garota. Algo que não foi
o suficiente para que pudesse ter sido evitado o triste acontecido. A fim de evitar
que a história se repetisse, a escola passou a conscientizar os alunos
corriqueiramente, vários projetos desenvolvidos que frisavam o Estatuto da Criança
e do Adolescente, sobre os direitos das crianças, sobre as violências que podem
acorrer, e alertá-los quanto ao suporte que lhes são ofertados e garantidos com
base em várias leis sancionadas pelo programa.

Fonte: elaborado com base em Andrighuetto (2017); Agência Senado (2019); A Gazeta (2022);
Carvalho (2020); Calazenço (2022); Capital News (2022); Correio Brasiliense (2022); Diário do Litoral
(2022); Fernandes (2019); Folha de São Paulo (2022); G1 Bahia (2022); G1 Brasil (2022); G1
Maranhão (2019); G1 Maranhão (2022); G1 Mato Grosso do Sul (2022); GIFE (2020); G1 Rio de Janeiro
(2022); Internet Matterns.org (s/d); Pinho (2022); TribunaHj.com (2018); Top Midia News (2022); Veja
Folha (2022); O Dia (2022); Oeste Goiano (2018); Souza et al (2019); Queiroz (2019); Teixeira (2011);
UolConfere (2022); Zulata (s/d) e também nos relatos ouvidos.

38
4 URGENTE, EDUCAÇÃO SEXUAL PODE SALVAR VIDAS

Falar sobre sexo ainda continua sendo um tabu por provocar determinados
constrangimentos para algumas pessoas, mas o tema é importante, pois, a educação
sexual “se constitui em um espaço para se debater questões de sexualidade a partir
de um viés didático, científico, acadêmico” (RIBEIRO, 2013, s/p).
Além disso, os conteúdos da educação sexual visa o esclarecimento das
questões relacionados a sexualidade, ao sexo, a violência sexual, Infecções
sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência, contraceptivos e outros que
se fizerem necessários.
No aspecto histórico, Rosemberg (1985) aponta que a igreja católica atrapalhou
o desenvolvimento da Educação sexual formal e informal pela sua ideologia
repressiva.

A Igreja Católica constituiu um dos freios mais poderosos, até a década de


60, para que a Educação Sexual formal penetrasse no sistema escolar
brasileiro. Em primeiro lugar, por sua posição claramente repressiva em
matéria de sexo; em segundo lugar, pela posição de destaque que ocupou
na educação nacional, através da manutenção e da ferrenha defesa de sua
rede de ensino. (ROSEMBERG, 1985, p. 12).

Na contracorrente, Ribeiro (2017) aponta a contribuição que a comunidade de


Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT) trouxe uma importância no processo
de conscientização sobre o sexo e a sexualidade em um contexto informação de
educação.

A partir dos anos 2000, a inserção mais acentuada e ampla do movimento


LGBT na sociedade trouxe um alargamento conceitual. A orientação sexual
também era compreendida como a direção ou inclinação do desejo afetivo-
sexual, um sentido diferente, portanto, daquele que se assemelhava à
educação sexual. Assim, até para se evitar confusões, houve um
encaminhamento natural para a substituição da Orientação Sexual por
Educação Sexual (RIBEIRO, 2017, p. 11).

Nesse sentido, Araújo et al (2018) aponta que o movimento LGBT tem um papel
fundamental ao realizar ações de combate ao preconceito e estimulando a empatia, a
solidariedade e amistosidade para combater o preconceito sexual, de gênero, e as
pessoas imunamente suprimidadas.
Dado a esse contexto, adoto os questionamentos de Britzman (2003, p. 85)
como fonte geradora de reflexão para pensar nesta produção cientifica.

39
O que acontece com a sexualidade quando professoras e professores que
trabalham no currículo da escola começam a discutir seus significados? Será
que a sexualidade muda a maneira como a professora e o professor devem
ensinar? Ou será que a sexualidade deveria ser ensinada exatamente da
mesma forma que qualquer outra matéria? [...]

Para atender essas questões é necessário destacar que a ESex em nosso


país é algo que vem sendo fonte de pesquisas recentemente, por tratar-se de uma
temática bastante hostilizada ainda nos dias de hoje, não há muitos estudos
realizados sobre ela, visto que a Educação Sexual passou a ser um assunto colocado
em pauta nos Estudos sobre a Educação Escolar correntemente.
Houveram tentativas de implementar a ESex no país, porém devido a
influência da igreja católica que era altamente conservadora, as ações foram
censuradas.

Uma primeira iniciativa de incluir a Educação sexual num currículo escolar


data de 1930, no Colégio Batista do Rio de Janeiro, cuja experiência
prosseguiu por vários anos, até que em 1954, o professor responsável foi
processado e demitido do cargo. (FIGUEIRÓ, 1998, p. 124).

Apesar do conservadorismo da Igreja, observou-se que haviam grupos que


se opunham aos seus pensamentos. Devido a isso após o Concílio Vaticano II voltou-
se a falar sobre ESex nas escolas.

A partir do Concílio Vaticano II percebe-se, então, a coexistência de facções


distintas da igreja Católica no Brasil e que assumem posições diversas no
debate de problemas nacionais, inclusive sobre a Educação Sexual. Assim é
que já nos anos 60 alguns colégios desenvolviam programa de orientação
sexual. (ROSEMBERG, 1985, p. 13).

O Concílio Vaticano II trouxe muitas novidades, entre elas a reabertura dos


debates sobre ESex. “A renovação pós-conciliar (Concílio Vaticano II) introduzida por
certas ordens religiosas altera profundamente, para certos setores da Igreja, o valor
atribuído à sexualidade humana no plano de criação divina.” (ROSEMBERG, 1985, p.
13).
A pesquisadora também aponta que apesar de termos alguns dados sobre o
princípio da ESex “os estudos sobre Educação Sexual no âmbito da escola brasileira,
são muito poucos e extremamente recentes, e as monografias voltadas para essa
temática são praticamente inexistentes” (ROSEMBERG, 1985, p.12).

40
A ausência de materiais de pesquisa que expliquem esse processo histórico
da ESex se deve ao fato não somente do processo histórico do senário político do
país, onde enfrentou-se uma ditadura altamente rigorosa que qualquer forma de
manifesto expressivo era totalmente proibida, mas também a religião católica que era
contra assuntos relacionados a sexualidade, e tinham grande influência na época,
segundo a pesquisadora, “[...] esta ausência de material de apoio é em parte
explicável pela fase de arbítrio políticos pela qual passamos, com o consequente
erijecimento da censura que levou ao desaparecimento de relatórios e experiências
em cursos” (ROSEMBERG, 1985, p.12).
De acordo com Pinheiro (1997), o início da década de 1960 foi marcado pela
instabilidade política e forte presença das forças armadas nas decisões do governo.
No entanto, às vésperas do Golpe de Estado de 1964, havia ainda um clima de
liberdade de imprensa e forte representatividade do movimento estudantil e outros 10
movimentos sociais.
Ainda na década de 60, onde as organizações políticas passavam por
mudanças e manifestações e movimentos sociais ainda eram permitidos, houveram
várias experiências voltadas para a Esex nas escolas.

Durante esse período da década de 60, onde o período encontrava-se


favorável, as práticas e experiências que obtiveram grandes sucessos
estavam todas inseridas numa prática de renovação pedagógica. Todos os
profissionais envolvidos participavam de um seminário semanal de estudos,
no qual foi incluída também a análise das principais obras de Carl Rogers,
sobre a orientação não-diretiva e estágios de dinâmica de grupo. (FIGUEIRÓ,
1998, p. 120)

Figueiró (1998, p. 124) também destaca que “[...] nessa época, alguns
colégios católicos passaram a desenvolver programas de Educação Sexual, em
consequência de algumas mudanças (não homogêneas) na igreja Católica, após o
Concílio Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965.”
Portanto, aos passos que vinha sendo tentado implementar e modernizar a
ESex nas escolas por seus apoiadores, devido aos grandes movimentos políticos na
década de 1960 houve uma estagnação nessa prática, como será explicitado a seguir.
Segundo Ribeiro (2004), o golpe militar de 1964 no regime militar causou uma
redução nas manifestações de liberdade, incluindo as manifestações de liberdade
sexualidade. Falar sobre esse tema era algo totalmente restrito, que levou o

41
fechamento de várias escolas e denúncias de professores que insistiam em continuar
aplicando projetos voltados para ESex.

Muitos educadores, além de médicos, participaram nessa época, da defesa


da Educação Sexual na escola, porém motivados pelo interesse de aumentar
o conhecimento das mulheres e melhorar sua saúde. Os objetivos eram os
mesmos que fundamentavam o aumento das oportunidades educacionais
para mulher e, em nenhum desses casos, estava havendo a preocupação
com a reestruturação dos papéis sexuais. (FIGUEIRÓ, 1998, p. 124).

Em 1968, foi apresentado a Câmara de Deputados um projeto de lei regido


por Júlia Steinbruck (MDB-RJ) o qual propunha que a inclusão da Educação Sexual
nos currículos de 1° e 2° graus fossem obrigatório. (FIGUEIRÓ, 1998). O projeto foi
vetado por alguns conselheiros, por dizer se tratar de um risco à “pureza” e à
“inocência”.
Durante esse período houveram vários acontecimentos no processo político
que influenciaram bastante para que a ESex nas Escolas fosse novamente barrada.
Alguns desses acontecimentos políticos foram:

- em 1968, foi rejeitado o projeto da deputada Júlia Steinbruch (PMDB – RJ)


(...)
- em maio de 1970, o Congresso Brasileiro Oficializou a censura prévia de
livros e jornais.
- em 1976, a conselheira Edilia Coelho Garcia, ao apresentar a posição oficial
brasileira no Primeiro Seminário Latino-Americano de Educação Sexual,
afirmou entre outras coisas, que: “... entendemos no Brasil que
primordialmente é a família que compete uma educação nos problemas de
educação sexual (...). Realmente no Brasil, em regra geral, somos contrários
às chamadas aulas de educação sexual... “(ROSEMBERG 1985. p.15)

A história da ESex vem marcada por censuras desde o seu surgimento,


enfrentou mudanças quanto a organização da igreja Católica e uma ditadura militar
rigorosa que barravam os seus avanços, por ventura houveram sempre protestantes
que lutavam contra essas censuras. Os estudos sobre ESex nas escolas surgiram por
volta de 1978, devido a uma modificação do processo político que acabava por gerar
uma reformulação das censuras dando ao povo mais autonomia.
As experiências até então realizadas nas redes públicas alcançaram bons
resultados, devido ao emprenho e capacitação dos professores, porém apesar dos
resultados satisfatórios essa experiências deixaram de acontecer em 1970.

Essas experiências da rede pública deixaram de existir em 1970, após um


pronunciamento da Comissão Nacional e Moral e Civismo dando parecer

42
contrário ao projeto de lei da deputada Júlia Steinbuch (MDB-RJ) que, em
1968, propunha a inclusão obrigatória de Educação Sexual nos currículos de
1° e 2° graus. (ROSEMBERG, 1985, p. 13).

Durante muito tempo a ESex foi alvo de recriminação e visto como algo
inapropriado para debates. Apenas por volta dos anos de 1978 é que a tema
começava a ganhar força novamente e passou a ser assunto permitido nas escolas,
devido a reestruturações na política. “Apenas no ano de 1978 com a abertura da
política é que retomou-se a Educação Sexual nas escolas. Nesse momento órgãos
públicos passam a assumir os projetos nas escolas, e não mais os professores, como
ocorria na década de 1960” (ROSEMBERG, 1985).
Apesar da volta do tema nas instituições, ainda haviam represálias sobre sua
retomada, porém aos poucos conseguia-se uma maior autonomia para os debates.

Felizmente em 1978 o espaço para a Educação Sexual é reconquistado;


porém, a abertura não se deu de maneira homogênea. Um conjunto de
acontecimentos repressivos ainda continuaram acontecendo (inclusive na
década de 80), apesar do abrandamento geral da censura oficial e oficiosa
no final dos anos 70. (FIGUEIRÓ, 1998, p. 126).

“Em 1977, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo elaborara um


projeto experimental de Educação Sexual, o qual foi aplicado a partir de 1978...”
(ROSEMBERG, 1985). Entretanto, no final de 1997, o MEC oficializou os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) que, consoantes com a LDB n.9.394/96, consideram
que a orientação sexual é um tema social e urgente, que precisa ser contemplado no
currículo do ensino fundamental. (ROSEMBERG, 1985)
A sexta micronarrativa ficcional apresenta a exposição das vivencias entre
mãe e filha sobre a importância do projeto de Educação Sexual que fortaleceu a
relação pessoal entre ambas.

Sexta micronarrativa
O projeto de Educação Sexual fortaleceu a relação entre mãe e filha

Confesso que por muitos anos fui contra ensinar Educação Sexual nas
escolas, sempre achei que assuntos relacionados a sexo e sexualidade
despertariam uma maior curiosidade nas crianças, o que a levaria a ter vontade de
praticar.

43
Tenho uma filha de 12 anos, e esses assuntos para mim sempre pareceram
muito delicados, não me sentia confortável para falar com ela sobre isso. Minha
menina sempre foi uma criança muito curiosa, me enchia de perguntas, e, as vezes,
custava a acreditar que as perguntas tinham vindo de uma criança.
Certa vez, quando tinha por volta de 9 anos de idade, ela me pergunta como
são feitos os bebes, e ela me pareceu tão séria ao fazer essa pergunta, disse a ela
que era um remédio que a mulher tomava que ajudava a ter um bebe, ela olha
fixamente nos meus olhos e me diz – mãe, eu quero que a senhora me diga a
verdade, sei que não existe remédio para criar bebes, pois eu nunca ouvi falar disso.
Na hora fiquei sem reação, disse que quando ela tivesse mais idade iria conversar
com ela sobre isso.
O tempo passou e ela não me questionou mais sobre esse mesmo assunto,
os assuntos já eram outros, tipo quando ela iria menstruar, com qual a idade é
normal a menstruação chegar, o que iria acontecer após ela ter a primeira
menstruação.
Ela sempre foi uma criança muito curiosa com anseio de descobrir como
funciona o mundo, como funcionam as pessoas, e devido a sua tamanha
curiosidade é que temia em falar com ela sobre educação sexual, pois, acreditava
que educação sexual seria um incentivo para que ela quisesse ter a primeira
experiência sexual.
Hoje minha filha tem 12 anos, e graças ao desenvolvimento de um projeto teve
em sua escola, ela pode esclarecer várias dúvidas, assuntos que eu não sabia como
abordar foram pautas na programação. Pude perceber que toda a preocupação que
eu tinha vinha de um preconceito, pois ouvia muitos pais falando sobre isso, e
comecei a concordar com eles sem nem ao menos pesquisar sobre o assunto antes.
Após ela participar daquele projeto, minha filha passou a ter mais consciência,
saber diferenciar qualquer tipo de abuso ou violência, e pude perceber que ela se
sente mais confiante, ela começou a contar para mim sobre os novos assuntos que
havia aprendido, e com isso percebi também que ela agora estava mais aberta, eu
conseguia dialogar melhor com ela sobre assuntos relacionados a sexualidade.
E conforme fomos criando esse vínculo de confiança ela passou a me enxergar
mais como uma amiga, e nisso compartilhar comigo vários momentos e
experiências. Coisa fundamental entre uma relação de mãe e filho, ter a confiança

44
de que seu filho nada esconderia de você, pois a vê como um abrigo, um porto
seguro onde a qualquer obstáculo pode procurar apoio em você.
Hoje minha concepção mudou, vejo que a Educação Sexual serve também
como um apoio aos pais, pois o preparo dos profissionais para falar sobre os temas
relacionados a sexualidade ajudam nos pais que não sabemos como tratar desses
assuntos com nossos filhos, ajuda a esclarecer muitas dúvidas, sem falar na
conscientização, por isso hoje sou a favor da Educação Sexual nas escolas, pois
através da experiência que tive, vi que ao contrário do que eu temia, só encontrei
benefícios.
Fonte: elaborado com base em Andrighuetto (2017); Agência Senado (2019); A Gazeta (2022);
Carvalho (2020); Calazenço (2022); Capital News (2022); Correio Brasiliense (2022); Diário do Litoral
(2022); Fernandes (2019); Folha de São Paulo (2022); G1 Bahia (2022); G1 Brasil (2022); G1
Maranhão (2019); G1 Maranhão (2022); G1 Mato Grosso do Sul (2022); GIFE (2020); G1 Rio de Janeiro
(2022); Internet Matterns.org (s/d); Pinho (2022); TribunaHj.com (2018); Top Midia News (2022); Veja
Folha (2022); O Dia (2022); Oeste Goiano (2018); Souza et al (2019); Queiroz (2019); Teixeira (2011);
UolConfere (2022); Zulata (s/d) e também nos relatos ouvidos.

A ESex não deve se restringir apenas aos aspectos biológicos do corpo


humano, e segundo os estudos de Cavalcanti (1993) essa proposta educativa deve
estar atrelada aos serviço da dignidade e da felicidade da pessoa humana, com o
intuito de melhor prepara-las para o uso responsável da liberdade.
E, também, conforme Leão (2009) essa modalidade educativa pode edificar a
reflexão sobre sexo, sexualidade, corpo, corporeidade e, portanto, colaborar para o
envolvimento da família nas ações educativas sexuais. Assim sendo, trabalhar com
educação sexual em sala de aula pode contribuir para “instigar a reflexão desta para
o modo como vem lidando com o tema da sexualidade, auxiliando na ruptura da
perpetuação dos estigmas, tabus e intolerâncias sexuais” (LEAO, 2009, p.77).
Atrelado a isso, a ESex nas escolas é uma das formas de quebrar tabus, de
conscientizar sobre as ações cotidianas dos jovens, suas dúvidas, seus
questionamentos, também questões éticas, sociais, culturais e também mediáticas,
por poder filtrar informações e diminuir e até mesmo evitar a propagação de boatos,
ou seja, de fake news, de notícias falsas.
A sétima e a oitava micronarrativas ficcionais apresentam fake news que foram
amplamente difundida na mídia e sem filtros que envolvem questões inexistentes no
cotidiano escolar brasileiro.

45
Sétima micronarrativa
O Kit gay nunca existiu, é fake news

Sou Salviano, e meu filho atualmente tem 19 anos de idade, lembro que
durante sua fase escolar sempre fui um pai bem presente, fazia questão de
acompanhar seu desenvolvimento na escola, fazia visitas semanais sempre estava
em contato com seus professores.
Na época em que meu filho estava no ensino fundamental me lembro de ter
surgido um tema bem polêmico, que seria a implementação de um “kit gay” na grade
curricular das escolas municipais, eu como tantos outros pais fiquei revoltado, pois
seria absurdo querer ensinar a crianças o que é ser gay, o que é ser lésbica, sempre
fui muito conservador, e via que estavam tentando inverter os valores e confundir a
cabeça das crianças.
Eu e outros pais nos reunimos informalmente e debatemos sobre o assunto,
e os apontamentos eram os mesmos, todos que acordo de que a implementação do
Kit séria uma verdadeira catástrofe.
Meu filho atualmente é professor, se formou em sociologia e graças a ele
pude abrir os olhos para muitas coisas que na época em não conseguia enxergar.
Certa vez, chegamos a tocar no assunto “kit gay” ele me falou sobre um termo
popularmente utilizado agora, que seriam as “fake news” que servem para
disseminar mentiras a fim de atingir uma quantidade de pessoas em massa, me
explicou que se tratava de uma história falsa que passou a ser compartilhada e
passou a gerar revolta em grande parte da população, o que colaborou para
disseminação da mentira.
Meu filho me enche de orgulho, adoro aprender novos assuntos com ele, pois
eu não tive muito conhecimento na minha época, nem cheguei a finalizar o ensino
médio. Mas vejo o quanto ele se esforça, sempre foi muito estudioso. Lamento que
muitos pais ainda conservem um pensamento bem ultrapassado em relação a
Educação e não tenham quem os ensine, isso faz com que eles continuem a
compactuar com a proliferação das mentiras.
Meu amado filho sempre me fala sobre movimentos sociais, me explica como
funcionam, e para que eles servem. Eu fui privilegiado em ter quem me ensinasse
sobre essas coisas, quem me ajudasse a ver as coisas de uma outra forma e que a

46
Educação Sexual é muito importante dada a necessidade social da atualidade. Ah,
e também falou que kit gay nunca existiu, assim como mamadeira de piroca.
Fonte: elaborado com base em Andrighuetto (2017); Agência Senado (2019); A Gazeta (2022);
Carvalho (2020); Calazenço (2022); Capital News (2022); Correio Brasiliense (2022); Diário do Litoral
(2022); Fernandes (2019); Folha de São Paulo (2022); G1 Bahia (2022); G1 Brasil (2022); G1
Maranhão (2019); G1 Maranhão (2022); G1 Mato Grosso do Sul (2022); GIFE (2020); G1 Rio de Janeiro
(2022); Internet Matterns.org (s/d); Pinho (2022); TribunaHj.com (2018); Top Midia News (2022); Veja
Folha (2022); O Dia (2022); Oeste Goiano (2018); Souza et al (2019); Queiroz (2019); Teixeira (2011);
UolConfere (2022); Zulata (s/d) e também nos relatos ouvidos.

A respeito do Kit Gay, a música composta por: Renato Rocha, Tico Santa Cruz,
Fábio Brasil, Phill e Macca – e interpretada pela banda Detonautas – expressa o
posicionamento crítico sobre a falácia acerca do referido kit e também da mamadeira
de piroca. De modo cômico, expressaram com nitidez o descontentamento da
ideologia política difundida nas redes sociais e reproduzida por muitas pessoas como
verdade absoluta, mas não passa de fake news.

Kit Gay

Roubaram o meu kit gay e eu não pude estudar


Por isso que eu nunca dei motivos para me julgar
Com um bilhão da Rouanet, comprei BM e mansão
Minha mamadeira de piroca que tinha ponta toda torta

Minha bandeira jamais será vermelha no grito


Sou preparado e treinado pra ser soldado do mito
Tenho espingarda, bazuca, fuzil, granada e oitão
Sou um seguidor do Olavão, sou o guardião do Capitão

Minto acima de tudo


Minto acima de todos
Minto acima de tudo
Todos juntos nessa saudação

Roubaram o meu kit gay e eu não pude estudar


Por isso que eu nunca dei motivos para me julgar
Na Terra plana me criei, não precisei me vacinar
Minha mamadeira de piroca que tinha ponta toda torta

Minha bandeira jamais será vermelha no grito


Sou preparado e treinado pra ser soldado do mito
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Tenho espingarda, bazuca, fuzil, granada e oitão
Sou um seguidor do Olavão, sou o guardião do Capitão

Minto acima de tudo


Minto acima de todos
Minto acima de tudo

Todos juntos nessa saudação


Roubaram o meu kit gay
La-la-la-la, la-la-la-la
Minha mamadeira de piroca
La-la-la-la, la-la-la-la-la
Roubaram o meu kit gay

Para melhor expressar, de modo imagético, a figura 3 apresenta o mito da


modelo da mamadeira de piroca.
Figura 3 – Mito da Mamadeira de Piroca

Fonte: https://df.cut.org.br/images/cache/systemuploadsckdfnoticiasmamadeira-
650x350xfit-9335a.jpg

A oitava micronarrativa apresenta que a ideologia agressiva e mentirosa sobre


as práticas docentes nas salas de aulas das escolas brasileiras nunca existiram, e
que na verdade a mamadeira de piroca é fruto de uma ideologia pensada pelas
mentes doentias.

48
Oitava micronarrativa
“Mamadeira de piroca” nunca existiu, é um ataque a educação

Sou professora a 15 anos, e posso afirmar que nessa profissão existem


vários e grandes desafios, todos os dias temos contatos multiculturais e de múltiplos
comportamentos e ações que proporcionam aprendizagens peculiares.
Durante todos esses anos já tive várias experiências, muitas me deixavam
perplexa, porque nós professores nos reinventamos todos os dias, lutamos pela
Educação, lutamos pelo conhecimento, pela aprendizagem efetiva e afetiva.
Recordo-me que a algum tempo atrás, durante um conselho de classe surgiu
um assunto que havia nos deixado muito preocupados, era um assunto absurdo e
o quanto estavam, de certa forma, rebaixando a nossa identidade e imagem
profissional.
Uma determinada professora, colega de profissão, trouxe o assunto para
pauta na reunião, disse ter ouvido a conversa entre uma mãe de uma aluna e uma
avó de outro aluno, após deixarem as crianças dentro do prédio, na saída ficaram
conversando, e a professora como estava por perto observou a conversa entre as
duas que se sintetiza no seguinte diálogo:
Uma delas diz:
- Faço questão de vir deixar o Otavinho dentro da sala de aula, por que aproveito
para observar a sala, analiso tudo, nada passa despercebido pelo meu olhar de
águia. Por que não quero nem imaginar que eles estejam trazendo aquelas
mamadeiras aqui para escola, por que se um dia eu chegar e encontrar algo do tipo
por aqui, sou capaz de armar um barraco e tirar o Otávio da escola imediatamente.
A outra responde:
- Eles estão fazendo de tudo para inverter os valores da família, essa galerinha da
esquerda acham que se ensinarem as crianças desde cedo vão conseguir
influencia-las para que comecem a achar que as aberrações humanas, que gênero,
“mamadeira de piroca”, “kit gay”, entre outras que ferem a família tradicional
brasileira, são ações normais e corriqueiras. Diante disso, nós sabemos que essas
questões são particulares e não precisam ser expostas para o mundo,
principalmente para as crianças, só vai servir para confundir a cabeças delas. Eu
recebi um vídeo no meu celular que uma escola já está usando as mamadeiras com

49
um bico de “pinto”, dizendo que era pra ensinar as crianças a serem “bichas”,
“sapatonas”.
- Eu também recebi esse vídeo e achei um absurdo. Espero que não chegue aqui
na nossa essa escola. Temos que ficar sempre atentos e não deixar que eles
ensinem o que quiserem para nossos filhos. É uma afronta, é uma decadência, é
uma pouca vergonha, é uma indecência, um desrespeito!
Enquanto professora fiquei muito abismada com esses relatos, como podem
conseguir acreditar que uma instituição de ensino, principalmente infantil, que tem
exclusivamente a finalidade de ensinar as crianças sobre cidadania, sobre
igualdade, respeito à pátria e valorização da cultura seria capaz de expor as
crianças de uma forma tão brusca e traumática a esse tipo de material?!
Senti-me ofendida com essa situação, pois nos professores sempre nos
preparamos antes de apresentar qualquer assunto aos alunos, analisamos
cuidadosamente como vamos trabalhar, pensamos na maturidade da criança, a fim
de preservar a ingenuidade das crianças, mas esclarecendo as suas dúvidas,
formado para a vida.
Trabalhar na Educação Infantil é uma tarefa desafiadora que exige muita
cautela, e esses cuidados devem ser pensados não só em relação as crianças, mas
com os pais dos alunos que por inúmeras vezes tem ideias controvérsias.
Esse episódio ocorrido entre essas duas mulheres foi um exemplo de como
as “fake news” criadas por essas pessoas de extrema-direita afetam diretamente a
educação, e devido a tanto receio que parte dos pais dificilmente conseguiremos
um dia trabalhar Educação Sexual, sem que haja falácias sobre o tema, pois as
escolas sem trabalhar esses temas de forma inter/multi e trans disciplinar já são
acusadas de forma absurda, como por exemplo subversivos, imorais, devassos.
Mas a Educação Sexual é uma urgência e emergência nas escolas e na sociedade,
pois as ações educativas proporcionarão liberdade, conhecimento sobre o corpo,
sobre a dignidade dos seres humanos entre outras questões que carecem ser
desenvolvidas com as crianças e com os jovens.
Fonte: elaborado com base em Andrighuetto (2017); Agência Senado (2019); A Gazeta (2022);
Carvalho (2020); Calazenço (2022); Capital News (2022); Correio Brasiliense (2022); Diário do Litoral
(2022); Fernandes (2019); Folha de São Paulo (2022); G1 Bahia (2022); G1 Brasil (2022); G1
Maranhão (2019); G1 Maranhão (2022); G1 Mato Grosso do Sul (2022); GIFE (2020); G1 Rio de Janeiro
(2022); Internet Matterns.org (s/d); Pinho (2022); TribunaHj.com (2018); Top Midia News (2022); Veja
Folha (2022); O Dia (2022); Oeste Goiano (2018); Souza et al (2019); Queiroz (2019); Teixeira (2011);
UolConfere (2022); Zulata (s/d) e também nos relatos ouvidos.

50
5 A URGÊNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

5.1 Opiniões reveladas dos professores em formação na UEMA

Assim como explicitado nos dados adquiridos no decorrer da pesquisa, a cada


dia que passa o número de vítimas aumentam, é uma criança ou um adolescente a
mais para as estatísticas, a cada dia a “inocência” como dizem, é arrancada de uma
criança da pior forma, com traços de violência, traumas, sequelas físicas e mentais.
O gráfico 3 apresentam os dados referentes a opinião dos estudantes sobre a
relevância da Educação Sexual ser trabalhada em sala de aula.

Gráfico 3 - Você acha importante que temáticas sobre Educação Sexual sejam
trabalhadas em sala de aula?

Fonte: Pesquisa de Campo

Segundo os dados do gráfico, 94,50 % dos estudantes acreditam que a ESex


deve ser trabalhada em sala de aula.
Assim, é possível perceber a relevância sobre a temática entre os futuros
profissionais docentes, visto que grande parte deles acreditam ser importante a ESex
nas escolas, pois pensando não somente na em suas formação quanto profissinais,
pensam também nos benefícios que a temática propõe principalmente para as
crianças, que aprendem sobre o funcionamento geral do corpo, não somente

51
relacionado a sexualidade, aprender sobre presar por certas regioes do copor, onde
pode ou não ser tocado, oritações como essas auxiliam na idenficicação de possíveis
casos de abuso.
De acordo com Helmer J et al. (2015), a Holanda e Finlândia são países que
adotaram a Educação em Sexualidade no currículo das escolas, que por
consequencia, tiveram baixas nas taxas de ISTs e gravidez na adolescência. A
Argentina e Uruguai também optaram por investir nas questões relacionadas a
sexualidade nas escolas através que documentos oficiais que apontam a orietação
sexual, prevenção da violência de gênero, igualdade de tratamento e à não
discriminação por qualquer condição ou circunstância sexual, pessoal ou social
(BENEDET L; GÓMEZ LA, 2015).
Os estudantes dos cursos de licenciatura apontam no gráfico 4 que é
necessário existir a disciplina ESex nos currículos escolares em todas as fases da
educação básica.

Gráfico 4 – Necessidade da disciplina Educação Sexual

Fonte: Pesquisa de campo

Os dados indicam que 28,8% dos questionados apontam que a ESex deve
ser trabalhada em todos os níveis escolares, na educação básica e superior. Isso

52
indica a necessidade em trabalhar com a temáticas nos cursos de formação de
professores.
A nova geração de docentes veêm a ESex como Inerente a sua formação,
pois através das estimativas, o ambiente escolar é um dos meios de identificação de
casos de abuso sexual, os futuros profissionais veêm então a necessidade de uma
preparação adequada para sua formação, vista a orientar quais medidas devem ser
tomadas diante de uma situação, qual a primeira atitude a ser tomada e quais
questionamentos devem ou não ser feitos hà criança. Pois, diante de um caso real
faz-se totalmente necessário um preparo profissional adequado, a fim de não causar
nenhum tipo de constrangime à vítima.
Os dados analisados apontaram que, segundo os docentes em formação
inicial de professores, a ESex precisa ser trabalhada em todos os niveis escolares da
educação básica, conforme apresenta-se no gráfico 5.

Gráfico 5 – Nível em que a Educação Sexual deve ser trabalhada nas escolas

Fonte: Pesquisa de Campo

A ESex deve ser trabalhada em todos os níveis de ensino escolar. O objetivo


dessa temática é para conscientizar as pessoas sobre o corpo, corporeidade, regras
de convívio social, socialização, direitos humanos, sexualidade, além das questões
53
biológicas, como por exemplo, fisiologia e anatomia do corpo humano e dos aparelhos
reprodutivos, doenças sexualmente transmissíveis, métodos contraceptivos entre
outros.
Também é importante que a ESex sensibilize e conscientize os jovens para
proteção contra os maus e criminosos comportamentos dos pedófilos e das pessoas
que provoquem abuso sexual. Assim, as proposta da ESex na escola colaborará para
evitar episódios que afetam a dignidade da pessoa humana.
A respeito de como deve ser trabalhada a ESex nas escolas, os professores
em formação da UEMA, Campus Balsas, apresentaram os seguintes dados, conforme
o gráfico 6.

Grafico 6 – Como deve ser trabalhada a Educação Sexual nas escolas?

Fonte: Pesquisa de Campo

Os dados apantaram que 29,7% dos estudantes acreditam que a Educação


Sexual deve ser trabalhada de modo disciplinar. A respeito da visão disciplinar das
temáticas que podem ser abordadas na Educação Sexual.
Na visão disciplinar os pensamentos são mais materialistas, acredita que a as
circustâncias são o pricnipal meio de explicação da realidade e dos fenomenos
sociais, e os motivos dos acontecimentos não sãos levados em conta, nem mesmo os
resultados. Já na visão dialógica da disciplinaridade considera a visão disciplinar como
54
fundamental para o conhecimento da realidade, sendo necessário também
reconhecer a relação entre o observador, o objeto observado e o ambiente a qual
ambos pertencem. O surgimento de diversas disciplinas premeditou-se da crença que
seria necessária uma especialização para cada domínio da realidade, onde os
estudos eram ofertados de forma totalmente separadas em cada disciplina. Dessa
forma, esperava-se que essa dvisão racional proporcionasse resultados positivos, de
froma eficaz e produtiva.
Na organização disciplinar, de acordo com Morin (2003), pode gerar um risco
de hiperespecialização do professor, ou o sujeito acaba por desintegrar-se entre o
sujeito e o objeto, não contemplando os problemas relacionados as disciplinas.
Na estrutura disciplinar dos currículos escolares, segundo Santos (2006), são
considerados apenas a monocultura do saber, ou seja, é considerada apenas uma
forma de transmitir o conhecimento, sem considerar os conhecimentos subjetivos,
forma a colaborar com a desvalorização dos conhecimentos não científicos.
A respeito do profissional melhor habilitado para trabalhar com as diversas
temáticas da Educação Sexual nas escolas, os professores em formação apontaram
que o Pedagogo é o profissional polivalente e melhor preparado para a execução das
atividades, conforme se apresenta no gráfico 7

Grafico 7 – Profissional melhor habilitado para trabalhar com Educação Sexual

Fonte: Pesquisa de Campo

55
Acredita-se que o Pedagogo tem a capacitação necessária para fornecer
orientações que contribuem para a construção dos novos conhecimentos, levando em
consideração as carateristicas dos grupos sociais, sendo eles, crianças, adolecenste
ou adultos.
Em sua formação, o profissinal da pedagogia prepara-se para acompanhar os
processos de aprendizagem, ajudando no desenvolvimento do conhecimento e
adequando-se as particularidades e as fases de cada grupo ou indivíduo. Sendo
possível auxilar no processo de aprendizado intelectual, de forma qualitativa e
eficiente.
Por tanto, incluir ESex na grade curricular dos cursos de Licenciatura em
Pedagogia seria de grande valia não somente para a formação dos profissionais, mas
em especial, para o processo de apredizagem das crianças e adolecentes que
acabam por ser os maiores benefiados com essa qualificação.
Quando questionados sobre a capacitação na formação de licenciatura a
respeito da Educação Sexual, os dados oriundos dos estudantes apontam que não
tiveram essa formação, segundo o gráfico 8.

Gráfico 8 – Houve capacitação na graduação para trabalhar com Educação Sexual

Fonte: Pesquisa de Campo

56
Considera-se aqui a necessidade de preparar os estudantes das licenciaturas
com atividades de ensino, pesquisa e extensão sobre Educação Sexual. Mas ela
precisa ser trabalhada com projetos acadêmicos em diálogo com o ambiente escolar,
pois, é preciso adotar medidas qualitativas quanto a formação dos profissionais a
ministrar sobre essa temática. Pois a forma como será abordado é que conduzirá a
conscientização e possíveis denúncias de casos já existentes.
Quanto a capacidade de trabalhar com ESex nas escolas os estudantes dos
cursos de licenciatura apresentaram os seguintes dados, conforme explicitado no
gráfico 9.

Gráfico 9 – Capacidade de trabalhar Educação Sexual nas escolas

Fonte: Pesquisa de Campo

Apesar da Educação Sexual ser necessária na escola, reconhecem não ser


uma tarefa fácil para os educadores. Além da falta de preparo dos profissinais e os
tabus que ainda se tem sobre a temática. Dentre os desafios encontrados ressurgem
o embate político e ideológico sob outra perspectiva em relação a ESex, com viés que
responsabiliza o Estado na construção dos valores sociais.
Segundo Jardim e Brêtas (2006), é por meio do incentivo e da ação direta que
a escola tem em relação aos alunos é que ela se torna um dos principais campos para
se trabalhar educação sexual, pois o ambiente é propício ao desenvolvimento de

57
projetos e programas que podem ser relacionados ao tema, e acabam alcançado
indiretamente as famílias e acabam por incentivá-las a desempenhar o seu papel.
Para tanto, é necessário que haja um educador profissional qualificado, sendo então
o professor o principal agente na orientação sexual na escola. Apesar da educação
sexual ser um dos agentes que auxiliam em problemas que acompanham a
sexualidade na adolescência, a escola ainda encontrasse despreparada para cumprir
o seu papel devido falta de capacitação de seus colaboradores (JARDIM, BRÊTAS,
2006, p.158).
Quanto a receptividade da família no tocante a implantação da disciplina
Educação Sexual e/ou trabalhar com as temáticas sexuais no ambiente escolar, o
gráfico 10 apresentam os seguintes dados:

Gráfico 10 – Formas de intervensão da familia com o advento da disciplina


Educação Sexual

Fonte: Pesquisa de Campo

Trabalhar Educação Sexual nas escolas nunca foi tarefa fácil, além da falta
de orietação aos profissonais, surgem inúmeros impasses para a sua implementação
efetiva dentro do ambiente escolar. Das dificuldades encontradas, a aceitação da
família sobre a temática é uma delas, pois crêem fielmente que os assuntos
relacionados a ela, impuncionariam os alunos a banalizar a prática, como sendo algo

58
tão comum, que as relações sexuais passariam a ser frequentes em suas vidas. Pois
despertaria maior interesse nos alunos, aguçando suas curiosidades e os levando a
iniciar a prática.
Muitos pais por não falarem sobre sexualidade com os filhos em casa, acabam
por imaginar que os mesmos nada sabem sobre o assunto, pensamento esse
totalmente distorcido, pois a sexualidade se faz presente desde a infância, e é
principalemente nesta fase onde a curiosidade e o anceio por novas descobertas
torna-se maior. Abster-se de tratar de assuntos relacionados a sexualida com os
filhos, os levam a buscar por respotas por outros meios, que muitas vezes podem vim
de forma errada, mas acabam por crer que é a forma correta por não ter quem os
gruie a tire suas dúvidas para que se esclareça.
Segundo Suplicy (1983), trabalhar educação sexual perpassa os conceitos de
que serve apenas para entender sobre a antomia do corpo humano e suas
funcionalisades, e levantar discussões a cerca dos perigos que trazem a
sexualidade.Muitos pais acreditam tratar-se apenas disso, porém, essa visão
distorcida sobre a educação sexual que os pais tem, resulta do achismo e
conhecimento impírico que os mesmo tem com base em suas experiência. A
Educação sexual faz-se presente desde o nascimento da criança, onde através das
observações vai adquirindo-se e absolvendo informações. As percepções sobre a
sexualidade são construidas através de suas vivências e transferidas aos filhos de
forma indireta. Os conhecimentos transferidos para os filho através do meio familiar
muitas vezes veem carregados de discursos patriarcais tradicionais, ou seja carregam
consigo uma cultura de exclusão e violência, principalmente contra as mulheres, com
uma visão altamente estereotipada sobre os papéis que homens e mulheres devem
ter.
A escola tem função de destorcer as imagens baseadas em senso comum em
relação à sexualidade, para que se possa ter, uma visão positiva sobre a sexualidade,
como fonte de prazer e realizações, e aumento a consciência das responsabilidades.
A medida que a Educação consegue alguns avanços, também enfrenta retrocessos
que acabam por interferir na sua implementação, a falta de parceria entre os familiares
e a escola são um dos empecilhos encontrados, juntamente com o despreparo dos
profissionais docentes em sala de aula para abordar sobre temáticas relacionadas a
sexualidade (SUPLICY, 1997).

59
5.2 Educação sexual de qualidade nas escolas

A história da Educação Sexual no Brasil é centenária e sua origem demarca


o ano de 1920 (BUENO; RIBEIRO, 2018). Nesse percurso, ela foi demarcada por
vários episódios, avanços e retrocessos, principalmente na gestão presidencial de
2019 a 2022.
Os estudos de Figueiró (1998) apresenta que no currículo escolar, a ESex
teve sua tentativa em 1930, em um Colégio Batista do rio de Janeiro, mas o professor
responsável foi demitido e processado por comportamento indecoroso no decorrer das
aulas. Naquela época o país ainda tinha traços tradicionais, e na atualidade também
tem apresentado fortes traços de tradicionalidade familiar, político e pedagógico. No
entanto, em São Paulo, no Colégio de Aplicação da Universidade de São Paulo, foi
um dos palcos de maior repercussão sobre a ESex para a educação básica.
Empiricamente, tem-se percebido, desde minha vivencia como egressa da
educação básica e também das vivencias das atividades desenvolvidas nas práticas
curriculares e nos estágios supervisionados realizados no curso de Pedagogia que a
Educação Sexual carrega em si um estigma muito pesado e negativo, por uma
quantidade significativa de pessoas, pais e até mesmo professores.
É necessário compreender que ensinar ESex para crianças e adolescentes
está além do pressuposto de que se ensina a como fazer sexo. Sexualidade não é o
ato sexual, muitos associam ambos a um só ato, porém a sexualidade de crianças e
de adultos são diferentes.
Defender a Educação Sexual nas escolas além de ser informativo é um ato
de proteção a crianças, pois a desinformação sobre o seu corpo e a sua sexualidade
passa a ser um passe para a vulnerabilidade dessas crianças. Mas apesar da
relevância em si falar sobre sexualidade com crianças, essa tarefa ainda encontra-se
cheia de impasses que colaboram para a ausência dessa temática em sala de aula.
Para exercício de tal função é necessário que haja formação para os
professores que os direcionem, não há a necessidade de um profissional especialista
na área, mas alguma capacitação para os professores para que estejam por dentro
da temática, uma orientação de como proceder seria de total valia, pois, diariamente
professores deparam-se com manifestações de sexualidade, tais como a descoberta
dos órgãos genitais, passam a observar, brincar, etc.

60
Todas essas manifestações são objetos de trabalho do tema Orientação
Sexual. Embora não sejam passíveis de serem programadas, elas acontecem
inevitavelmente e, para isso, o professor deverá estar preparado: deverá se
planejar para trabalhar essas situações no momento em que elas
acontecerem. A atitude do professor de acolhimento a essas expressões e
de disponibilidade para ouvir e responder a questões é fundamental para o
trabalho que aqui se propõe (BRASIL, 1997, p. 27)

Embora a Educação Sexual nas escolas traga inúmeros benefícios para os


alunos, como explicitado anteriormente, o tema surge de forma transversal, ou seja,
não há disciplina específica para tratar do assunto.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais; “os Temas
Transversais têm natureza diferente das áreas convencionais. Sua complexidade faz
com que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente para abordá-los” (BRASIL,
1997, p.27).

Para isso, optou-se por integrar a Orientação Sexual nos Parâmetros


Curriculares Nacionais, por meio da transversalidade, o que significa que
tanto a concepção quanto os objetivos e conteúdos propostos por Orientação
Sexual encontram-se contemplados pelas diversas áreas do conhecimento.
Dessa forma, o posicionamento proposto pelo tema de Orientação Sexual,
assim como acontece com todos os Temas Transversais, estará
impregnando toda a prática educativa. Cada uma das áreas tratará da
temática da sexualidade por meio da sua própria proposta de trabalho. Ao se
apresentarem os conteúdos de Orientação Sexual, serão explicitadas as
articulações mais evidentes de cada bloco de conteúdo com as diversas
áreas (BRASIL, 1997, p. 87).

Mas a realidade que vivenciamos está longe das teorias propostas nos
Parâmetros, pois mesmo que aponte a Educação Sexual como um tema a ser
trabalhado em todas as áreas, não há essa implementação e adequação para ser
trabalhado. E classificar Educação Sexual como Tema Transversal é não
responsabilizar o tema com a sua real relevância, pois ao Direciona-lo como disciplina
de uma área de conhecimento trará mais visibilidade e atenção para o tema
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), entender
sobre o funcionamento do corpo promove ações sobre a saúde e de prevenções,
entretanto tais informações são transpassadas apenas a uma parcela dos alunos que
estão findando o ensino fundamental.

Nos anos finais, são abordados também temas relacionados à reprodução e


à sexualidade humana, assuntos de grande interesse e relevância social
nessa faixa etária, assim como são relevantes, também, o conhecimento das
condições de saúde, do saneamento básico, da qualidade do ar e das
condições nutricionais da população brasileira (BRASIL, 1996, p. 17).

61
Conscientizar sobre os abusos e a forma como podem acontecer é um direito
de todos, desde a infância à adolescência. É através da Educação Sexual nas escolas
que se pode conscientizar melhor, a escola nesse âmbito tem um papel fundamental;

O trabalho de Orientação Sexual também contribui para a prevenção de


problemas graves como o abuso sexual e a gravidez indesejada. As
informações corretas aliadas ao trabalho de autoconhecimento e de reflexão
sobre a própria sexualidade ampliam a consciência sobre os cuidados
necessários para a prevenção desses problemas. Finalmente pode-se
afirmar que a implantação de Orientação Sexual nas escolas contribui para o
bem-estar das crianças e dos jovens na vivência de sua sexualidade atual e
futura (BRASIL, 1997, p. 79).

Por tanto, a escola deve atuar de forma integrada com os serviços públicos
de sua região, fornecer as informações necessárias para que se entenda o
funcionamento do corpo propicia uma maior conscientização, trazendo a importância
da saúde, promovendo ações curativas e preventivas.
A ESex no âmbito do ensino formal deve abarcar temáticas de reprodução
humanas e também de “temáticas preventivas como saúde sexual e reprodutiva,
discussões que incluam os relacionamentos sociais, a cidadania e os direitos
humanos, incluindo o respeito à diversidade sexual” (MAIA; RIBEIRO, 2011, p. 81).
Agregado a isso, é importante conhecer as características e mudanças no
corpo humano e também:

• Respeitar as diferenças na relação com as pessoas de ambos os sexos;


• Relacionar as diferentes formas de inserção social de homens e mulheres
nas sociedades e grupos sociais estudados e nas diferentes épocas e
situações históricas;
• Saber o que são doenças sexualmente transmissíveis/AIDS e suas formas
de prevenção (BRASIL, 1997, p 102).

Mas é preciso pensar que na dimensão pluralista da Educação Sexual, não


se deve resumir aos aspectos anatômicos e fisiológicos, pois, é uma ação/prática
pedagógica relevante dado ao contexto atual de sexualização precoce de crianças,
gravidez na adolescência, conhecimento sobre o corpo, corporeidade, ações,
comportamentos, ações, direitos como cidadãos, saberes sobre gênero, sexualidade,
violência sexual entre outras. Assim, a Educação Sexual no ambiente formação será
uma grande aliada na:

[...] construção de um caminho para erradicar preconceitos e discriminações,


diminuir a violência sexual e de gênero, reconhecer positivamente a
62
diversidade e, enquanto campo de produção de conhecimento sexual,
fornecer informações científicas que esclareçam crianças e jovens na escola
e as pessoas em geral na sociedade, diminuindo a intensidade de
angústias e ansiedade geradas a partir do desconhecimento e da
desinformação que confundem e induzem ao erro (RIBEIRO, 2017, p. 8).

Nesse percurso, é esperado que as ações pedagógicas sejam trabalhadas de


forma inter, multi e/ou transdisciplinares e com projetos integradores das
universidades com os cursos de formação de professores, ou seja, as licenciaturas.
Contudo, espera-se que ao final do ensino fundamental os estudantes estejam aptos
a:

• respeitar a diversidade de valores, crenças e comportamentos existentes e


relativos à sexualidade, desde que seja garantida a dignidade do ser humano;
• compreender a busca de prazer como uma dimensão saudável da
sexualidade humana;
• conhecer seu corpo, valorizar e cuidar de sua saúde como condição
necessária para usufruir de prazer sexual;
• reconhecer como determinações culturais as características socialmente
atribuídas ao masculino e ao feminino, posicionando-se contra
discriminações a eles associadas;
• identificar e expressar seus sentimentos e desejos, respeitando os
sentimentos e desejos do outro;
• proteger-se de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores;
• reconhecer o consentimento mútuo como necessário para usufruir de prazer
numa relação a dois;
• agir de modo solidário em relação aos portadores do HIV e de modo
propositivo na implementação de políticas públicas voltadas para prevenção
e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis/AIDS;
• conhecer e adotar práticas de sexo protegido, ao iniciar relacionamento
sexual;
• evitar contrair ou transmitir doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o
vírus da AIDS;
• desenvolver consciência crítica e tomar decisões responsáveis a respeito
de sua sexualidade;
• procurar orientação para a adoção de métodos contraceptivos
(BRASIL, 1997, p. 91).

Para trabalhar todas essas aptidões é necessário pensar e agir com uma
proposta curricular libertária, que considere o cotidiano dos professores, dos
estudantes, as informações difundidas sobre as várias temáticas relacionadas a
Educação Sexual.
A Unesco (2019) aponta a necessidade de uma ESex integradora em
sexualidade que deve ser convertida em ações criativas do processo de ensino-
aprendizagem embasada em um currículo sobre os aspectos emocionais, físicos,
sociais e cognitivos sobre temas que se dialogam com a sexualidade, corpo,
corporeidade, respeito e justiça.

63
Assim, tem-se o objetivo de:

[...] transmitir conhecimentos, habilidades, atitudes e valores a crianças,


adolescentes e jovens de forma a fornecer-lhes autonomia para: garantir a
própria saúde, bem-estar e dignidade; desenvolver relacionamentos sociais
e sexuais de respeito; considerar como suas escolhas afetam o bem-estar
próprio e o de outras pessoas; entender e garantir a proteção de seus
direitos ao longo de toda a vida (UNESCO, 2019, p. 16).

Para que essa proposta educativa sexual traga resultados positivos é


necessário que tenham espaços escolares e também acadêmicos, na formação de
professores para que os mesmos possam destravar os olhares, os falares e também
se reconheçam como sujeitos em construção.
Assim, “carece-se abrir mão das idealizações defensivas, autorizando-se a
não ter respostas imediatas e à ousadia de desejar compreender o outro e a si”,
(BRANCALEONI, 2019, p. 66), em um processo pedagógico democrático, afetivo e
construtivo.
No entanto, na atualidade o que tem-se percebido é que, no curso de
formação de professores não se tem trabalho com questões sobre Educação Sexual.
E, também, que a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) não apresenta
de forma explicita orientações necessárias para se trabalhar com Educação Sexual e
que a mesma não tem abrangido todas as fases escolares.
O não acréscimo da Educação Sexual na BNCC de modo explícito e objetivo
configurou-se como um retrocesso na esfera educacional. Isso, Segundo Groff et al
(2015) evidencia a força e o poder de um movimento fundamentalista brasileiro que é
representado na banca evangélica e por deputados altamente conservadores do
catolicismo que negam as diversas possibilidades expressivas da sexualidade
humana e dos direitos humanos.
No mesmo documento é expresso de forma simplista uma visão biologista da
reprodução e das transformações humanas, conforme explícito nos seguintes
códigos: “(EF08CI08) Analisar e explicar as transformações que ocorrem na
puberdade considerando a atuação dos hormônios sexuais e do sistema nervoso” e
também “(EF08CI11) Selecionar argumentos que evidenciem as múltiplas dimensões
da sexualidade humana (biológica, sociocultural, afetiva e ética)” (BRASIL, 2018, p.
349).

64
As aulas de Educação Sexual, nessa proposta não consegue propor uma
superação da bipolarização machista de homem e mulher e não tem a possibilidade
de abranger temas como liberdade sexual, homoafetividade etc. Assim, Educação
Sexual demandaria o entendimento sobre o funcionamento dos aparelhos
reprodutivos e aos professores uma descrição explicativa cartesiana de base biológica
sobre os modos e funcionamento dos mecanismos reprodutivos humanos (NUNES,
1996).
Trazer a Educação Sexual para a sala de aula é também de certa forma uma
ajuda para os familiares de não sabem tratar desses assuntos, a sexualidade esta
presente desde a infância, quando uma professora gestante é questionada por uma
criança sobre como que ela engravidou, ou como que nascem os bebes. Falar sobre
Educação Sexual, sexualidade para crianças não é ensiná-las sobre como praticar
sexo, é ajudar a tirar dúvidas sobre suas curiosidades, que muitas vezes são trazidas
de casa. Onde o filho questiona a mãe e a mesma não sabe como responder devido
receio de como abordar sobre o assunto, para tanto é necessário que levemos em
conta o grau de maturação da criança.
É necessário que a Educação Sexual se afaste dos preconceitos, e que
oriente as crianças e jovens sobre sexualidade, gênero, violência sexual, estupro,
pois, no dia a dia e com a ampla divulgação midiática pela internet os temas sexuais,
as pornografias imagéticas, literárias e filmográficas são amplamente divulgadas.
Cabe a escola então, tratar com temáticas relevantes e com uma linguagem jovem na
tentativa de evitar a violência, as doenças sexualmente transmissíveis, o respeito e se
afastar de ideologias ultrapassadas que acreditam que a diversidade sexual são tidas
como anomalias ou perversões estabelecidas pelo modelo social patriarcal.

65
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As marcas de uma violência trazem consigo marcas profundas, carregadas


de sentimento de dor e sofrimento. Quando causada por traumas físicos, podem
acabar ou não sumindo com o passar do tempo, isso depende do grau das lesões.
Mas os danos mentais que essa violência desencadeia, acabam pode deixar marcas
por uma vida toda. Que podem ser motivos de grandes bloqueios pessoas que
acabam por prejudicar a vida cotidiana da vítima.
A violência está em cada ato forçado, onde a vítima se vê coagida a praticar
atos sexuais sem a sua vontade, vale destacar que para ser classificado abuso sexual
não há necessidade de que haja penetração. Obrigar a vítima a se tonar, ou tocar no
corpo do abusador é uma forma de abuso. Muitas vezes o abusador recorre a
masturbações forçadas com sentido de que dessa maneira não estará cometendo o
abuso, estimulasse apenas com o toque das mãos.
A violência sexual é uma das formas de agressão física mais danosas,
embora todos as agressões sejam traumáticas. O abuso sexual acabar por deixar em
sua vítima um sentimento de incapacidade, de vulnerabilidade e de violação. No
estupro não somente o corpo físico é violado, mas toda a forma humana. O estupro
destrói a autoestima, a confiança, a integridade humana.
A pedofilia é uma das formas de caracterizar criminosos com transtornos
mentais severos, que possuem a insanidade de sentir desejos sexuais por crianças e
adolescentes. Para um pedófilo a liberdade deve ser restrita, pois a medida que seus
desejos afloram, estando em liberdade pode fazem vítimas. Pois em busca de saciar
seus desejos doentios arrancam a liberdade e a vida de alguém, pensando
unicamente em saciar-se.
As redes sociais é uma porta de entrada para predadores doentes mentais,
que apropriam-se desse meio para atrair vítimas, pois através das redes, conquistam
a confiança com intuito de persuadi-las a fazer o que deseja. Resultando em trocas
de fotos intimas, podendo levar até mesmo a encontros armados, onde o fim acaba
por ser a morte.
Obrigar com base ameaças, forçando uma criança ou adolescente a praticar
ações relacionadas a sexualidade, é considerado uma forma de abuso, onde no caso
não há o contato físico, mas há ameaças emocionais.

66
O Estatuto Da Criança e do Adolescente pode ajudar na identificação de
casos reais, onde a vítima está passando pelo abuso, mas não sabe onde e como
procurar por ajuda. Por tanto, falar sobre o ECA frequentemente podem possibilitar
nessas identificações, pois a vítima se sentira mais segura, ao tomar conhecimento
de como proceder, e quais são os direitos garantidos.
A Educação Sexual, além de conscientizar quanto aos abusos, ajudando na
identificação dos casos, que por muitas vezes podem desencadear em resultados
fatais. Promove o autoconhecimento sobre o próprio corpo, esclarece dúvidas, muitas
trazidas de casa, pois as famílias ainda encontram dificuldades em conversar
abertamente sobre assuntos relacionados a sexualidade. Ajudar a esclarecer sobre
esses assuntos é um passo para maior interação dos filhos com os pais, pois trazer-
lhes a consciência do que é, e do que se trata gera mais confiança e familiaridade
para debater sobre o assunto.
A Educação Sexual tem enfrentado diversos empecilhos desde os seus
primeiros rumores quanto a sua implementação, grupos conservadores lutam para
que sua implementação não seja efetivada, pois de acordo com seus princípios, a
Educação Sexual veem para arrancar os valores da família tradicional e destorcer a
imagem correta, e para que consigam convencer (enganar) um grande número de
pessoas, para que também se posicionem contra, é que criam as Fake News, que
seriam as notícias falsas, geralmente são histórias absurdas para que consigam
impactar e conversar as pessoas a acreditarem que a notícia é real. Cito agora dois
exemplos que Fake News criadas com intuito de atacar de forma depreciativa a
Educação Sexual nas escolas, que seria Ideia de que a escola estaria planejando usar
de um recurso didático denominado “Kit Gay”, que serviria para ensinar as crianças
sobre como ser gay. O segundo exemplo seria que as escolas estariam adotando um
novo método que serviria para ensinar as crianças sobre a homossexualidade,
adotando mamadeiras com bicos em formato de pênis, que as crianças utilizariam
para mamar.
Trabalhar Educação Sexual nas escolas auxiliam para que crianças e
adolescentes entendam melhor sobre o seu próprio corpo, sobre como funciona a
sexualidade, e consequentemente para que tenham melhores experiências
futuramente, e não há lugar melhor para se tratar sobre esses assuntos do que na
escola, pois é no ambiente escolar que os alunos procuram por ajuda quanto as

67
questões que lhes geram dúvidas, na escola consegue-se alcançar maior número de
crianças e adolescentes, a escola é o lugar exato para se aprender sobre assuntos
novos e cessar dúvidas que podem ser tiradas até mesmo através de rodas de
conversas.
A Escola tem um papel muito importante na vida de todos os alunos desde
a fase inicial, pois é nesse ambiente que se aprende e faz novas descobertas, ter uma
disciplina voltada para sexualidade é de estrema importância, pois há a necessidade
de se ensinar sobre diversos temas que o assunto abrange, e essas explicações
podem ser de forma cientifica. Além de ajudar a prevenir abusos, diversos aspectos
podem ser abordados, como o respeito com o próprio corpo, as mudanças devido a
puberdade, as diferenças entre um e outro.
Trabalhar Educação Sexual deve ser uma tarefa iniciada desde as primeiras
séries, e um dos principais motivos é o número de vítimas que por vezes estão
iniciando a sua fase escolar, pode acontecer que os episódios tenham dado início
muito antes, porém o abusador pode ter apropriando-se da inocência da criança para
cometer o abuso, e uma vez que essa criança que está iniciando suas atividades
escolares, tenha consciência sobre o que de fato está acontecendo, é que pode ser
possível resultar em uma identificação e denúncia.
Trabalhar Educação Sexual é um desafio, pois as dificuldades encontradas
relacionadas a temática não são apenas sobre a aceitação da implementação do
tema. Conseguir trazer a Educação Sexual para pautas escolares não deixa se ter
seus aspectos positivos, porém as discussões se estendem quando questionamos
sobre como trabalhar o tema. Tornar a Educação Sexual como disciplina curricular
agregaria a vários conhecimentos, de maneira mais objetiva e centralizada,
entretanto, se trabalhada de maneira transdisciplinar passaria a ser pauta em várias
disciplinas, podendo cada professor trabalhar temas relacionados a sexualidade
desenvolvendo atividades e projetos com essa proposta.
A profissional pedagogo em sua formação capacita-se para orientar quais os
melhores métodos e processos para facilitar a aprendizagem. O pedagogo concentra-
se em atender as necessidades de cada grupo, levando em consideração seu grau
de maturidade, dificuldades, acompanhando cada etapa do seu desenvolvimento, por
tanto, a pedagogo acabar por ser o profissional mais habilitado para mediar a inserção
da Educação Sexual nas escolas.

68
Investir em formação qualificada voltada para orientação dos docentes sobre
como proceder com as questões relacionadas a sexualidade seria benéfico não
somente para os docentes que estariam se capacitando, mas para os alunos que
diante de alguma dúvida não ficariam sem respostas, pois acontece que por vezes o
professor depara-se com situações inusitadas relacionadas a sexualidade onde não
sabem o que dizer ou fazer.
Estudos sobre a Educação Sexual apontam o quanto trabalhar sobre a
temática sexual traz vantagens, visto que conscientiza sobre diversos aspectos. A
participação da família na vida escolar do filho proporciona melhores resultados, pois
o mesmo sente-se amparado tanto pela escola como pela família, todas as atividades
escolares que são acompanhas pelos familiares alcanças resultados positivos, com a
Educação Sexual, ter essa assistência não seria diferente. Pois o mesmo se sentiria
mais confiante tendo ambos os apoios.

69
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75
APÊNDICE

76
Apêndice 1 – Modelo do formulário aplicado aos professores em formação na
Universidade Estadual do Maranhão

Olá, tudo bem?


Sou Fernanda de Lurdes Moreira, acadêmica do curso de Pedagogia na UEMA,
Balsas, e estou fazendo uma pesquisa acadêmica para levantar dados para a
elaboração do meu Trabalho de Conclusão de Curso. A Temática é relacionada à
"EDUCAÇÃO SEXUAL" cujo objetivo geral é apontar que a Educação Sexual nas
escolas é relevante no concernente a conscientização sobre o corpo, corporeidade e
defesa da dignidade humana. Caso tenha interesse em participar voluntariamente da
pesquisa, avance para a próxima página. Ao avançar para a próxima página está
automaticamente concedendo a autorização como sujeito participante deste estudo.
Mas não se preocupe, a sua identidade será mantida em sigilo, tanto que não será
necessário se identificar com nomes, sobrenomes e/ou algum documento que possa
lhe reconhece-lo.
Desde já agradeço pela atenção e colaboração.

Questões:

1-Você acha importante que temáticas sobre educação sexual sejam trabalhadas em
sala de aula
( ) Sim
( ) Não

2-Como deve ser trabalho educação sexual nas escolas


( ) Disciplinar
( ) Interdisciplinar
( ) Transdisciplinar
( ) Multidisciplinar
( ) Não sei

3-Qual é o profissional da educação mais habilitado a trabalhar com educação sexual


( ) Biólogos
( ) Sociólogos
( ) Geógrafos
( ) Historiadores
( ) Físicos
( ) Pedagogos
( ) Químicos
( ) Letrólogo
( ) Filósofo
( ) Outros. Quais: ________________________________________

4-Na sua formação houve capacitação para trabalhar com as temáticas sobre
educação sexual
( ) Sim.
( ) Não
77
5-Você enquanto futuro professor se sente capaz de trabalhar com educação sexual
na escola
( ) Sim
( ) Não

6-Havendo necessidade em trabalhar com educação sexual na escola como você


trabalharia (pode escolher mais de 1 opção)
( ) com temáticas sobre sexualidade e gênero
( ) com temáticas sobre corpo e corporeidade
( ) com temáticas sobre DSTs/ISTs
( ) com as temáticas que se originassem da curiosidade dos estudantes
( ) com temáticas sobre privacidade corporal das partes íntimas
( ) com temáticas sobre abuso sexual
( ) com temáticas sobre situações sociais de risco
( ) temáticas que envolvam gravidez e contraceptivos

7- É necessário haver uma disciplina específica de Educação Sexual?


( ) Sim
( ) Não

8- Se a resposta da questão anterior foi SIM, responda; Em qual nível da Educação


Básica deve ser trabalhado?
( ) Educação Infantil
( ) Fundamental I
( ) Fundamenta II
( ) Ensino Médio
( ) Todos os Níveis

9- Havendo o surgimento da Educação Sexual como disciplina você acredita que a


Família irá interferir de que forma?
( ) Positivamente
( ) Negativamente
( ) Neutro

10- Qual a sua formação?


( ) Pedagogia
( ) Letras
( ) Matemática

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