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CEARÁ
IFCE CAMPUS SOBRAL
TECNOLOGIA EM SANEAMENTO AMBIENTAL
SOBRAL
2022
JOSÉ CAIO CAJAZEIRA
SOBRAL – CE
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Instituto Federal do Ceará – IFCE
Sistema de Bibliotecas – SIBI
Ficha catalográfica elaborada pelo SIBI/IFCE, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
BANCA EXAMINADORA
Aos meus queridos pais, Maria Lindalva e João Bosco, que sempre apostaram em meus esforços
mesmo sem saber exatamente do que eu estava fazendo.
Aos meus irmãos, Francisco Tiago, que me auxiliou em muita atividades corriqueiras, e também
ao João Paulo.
Ao meu grande professor e orientador, Amílcar Moreira Jr., pela compreensão nos momentos
difíceis e por todo o apoio prestado durante a caminhada de pesquisa, que não foi fácil, com
altos e baixos, mas que sempre depositou confiança em meu potencial, tendo muita paciência .
À Evângela Ellen, companheira de pesquisa, de estágio e de toda a vida acadêmica. Meu muito
obrigado!
Aos motoristas dos ônibus do transporte escolar, pelo bom humor e pela paciência em
momentos de atraso.
Aos técnicos dos laboratórios do curso, Stérfeson e Letícia , pela orientação de equipamentos,
soluções preparadas e principalmente por sanar muitas dúvidas pertinentes às normas de
segurança de reagentes químicos.
A Célula em Vigilância em Saúde Ambiental pelo local de estágio em nome da Suely, e também
ao Bruno e também John Lennon e Adriana pelo convívio.
Ao IFCE campus Sobral, em especial ao Eliano, ex-diretor-geral, pela excelente plataforma que
é o campus.
Os estudos de caracterização dos resíduos sólidos no Brasil demonstram que grande parte dos
resíduos domésticos é constituído de matéria orgânica. Uma tecnologia de tratamento via
digestão anaeróbia é uma ótima opção, pois além de ocupar menos espaço do que a
compostagem, ainda a construção de biodigestores pode ser feito de maneira relativamente
simples e barata, conforme este estudo buscou demonstrar por meio da utilização de materiais
inservíveis. Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de dois biodigestores
sustentáveis por meio dos subprodutos gerados, o Biodigestor 01 constituído de 50% de esterco
caprino e 50% de restos e sobras alimentares vindos do restaurante acadêmico do Instituto
Federal do Ceará, Campus Sobral. O B1 foi preenchido com 39,3 kg de alimentos 8,7 kg de
esterco caprino e acrescido com 27,5 L de água de torneira até o encharcamento, no caso do B2
recebeu apenas resíduos alimentares (61,7 kg) e 38,0 L de água. O período de pesquisa abrangeu
um tempo de 210 dias, começando em junho/2018 e concluído em janeiro/2019. Foram
realizadas análise tanto físico-químicas como microbiológicas, a fim de caracterizar tanto a
biomassa como para os efluentes gerados, que é o biofertilizante. Também foi acompanhado as
medidas de recalque por meio de uma trena, e era medido a cada coleta para fins de verificar a
celeridade do processo de digestão. Os resultados de pH do efluente se demonstraram todos de
caráter ácido, indicando que estava em fase de acidogênse e/ou acetogênse com uma média de
5,10 para B1 indicava havia ainda muita matéria ainda a degradar, o que levaria mais tempo, e
B2 com pH médio de 4,26, pois havia uma grande massa de resíduo. Com relação ao parâmetro
DQO, foram observados níveis elevados, com média de 30436,98 mgO2 /L e 40.445,93 mgO2
/L, respectivamente para B1 e B2, com valores indicando que o processo de degradação estava
ativo. Constando-se da série nitrogenada os valores analisados para amônia se demostraram
elevados, e principalmente para o B2 que teve um pico de 235,76 mg/L em agosto/2018. Os
Coliformes Totais se apresentou em alguns meses indicativos de que possivelmente houve
alguma contaminação. Para biomassa, a umidade ficou dentro das faixa de 60-85%. A
conversão de amônia em nitrato se demonstrou bastante variável. Para temperatura o pico
ocorreu em novembro/2018. O B1 apresentou resultados mais eficientes pois os dados
demostraram melhor eficiência da biodigestão anaeróbia.
The characterization of solid waste in Brazil is largely made up of organic matter. A treatment
technology via anaerobic digestion is a great option, because in addition to taking up less space
than composting, the construction of biodigesters can be done relatively simply and cheaply, as
this study demonstrated through the use of waste materials. This study aimed to evaluate the
behavior of two sustainable digesters through the by-products generated, Biodigestor 01
consisting of 50% goat manure and 50% food scraps from the academic restaurant of the
Instituto Federal do Ceará, Campus Sobral. B1 was filled with 39.3 kg of food, 8.7 kg of goat
manure and added with 27.5 L of tap water until waterlogging, in the case of B2, it received
only food residues (61.7 kg) and 38, 0 L of water. The research period covered a time of 210
days, starting in June/2018 and ending in January/2019. Both physical-chemical and
microbiological analyzes were carried out in order to characterize both the biomass and the
generated effluents, which is the biofertilizer. The settlement measures were also monitored
using a measuring tape, and it was measured at each collection in order to verify the speed of
the digestion process. The effluent pH results were all acidic, indicating that it was in the
acidogenic and/or acetogenic phase with an average of 5.10 for B1, indicating that there was
still a lot of matter to degrade, which would take longer, and B2 with an average pH of 4.26, as
there was a large mass of residue. For COD they were high, with an average of 30436.98 mgO2
/L and 40445.93 mgO2 /L, respectively for B1 and B2, with values indicating that the
degradation process was active. Consisting of the nitrogen series, the analyzed values for
ammonia proved to be high, and especially for B2, which had a peak of 235.76 mg/L in
August/2018. Total Coliforms appeared in a few months, indicating that there was possibly
some contamination. For biomass, the moisture was within the range of 60-85% moisture. The
conversion of ammonia to nitrate was shown to be quite variable. For temperature, the peak
occurred in November/2018. The B1 presented more efficient results because the data showed
better efficiency of anaerobic biodigestion.
Figura 14 – Biomassa do B1 e B2
B1 Biodigestor 01
B2 Biodigestor 02
C/N Carbono/Nitrogênio
CT Coliforme Total
cm Centímetro
L Litro
mg Miligrama
MO Matéria Orgânica
pH Potencial Hidrogeniônico
RS Resíduo Sólido
ST Sólido Total
SV Sólido Volátil
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17
2 OBJETIVOS............................................................................................................ 18
3 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................... 19
4 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................. 33
4.3 Caracterização.................................................................................................... 37
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 42
5.1.1 pH........................................................................................................................ 44
5.1.3 DQO..................................................................................................................... 47
5.2.1 Umidade.............................................................................................................. 50
5.2.3.1 Amônia................................................................................................................ 53
5.2.3.2 Nitrato.................................................................................................................. 54
5.3 Temperatura........................................................................................................ 55
5.4 Recalque.............................................................................................................. 56
6 CONCLUSÃO......................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 61
18
1. INTRODUÇÃO
Por conta da grande geração de resíduos a busca é incessante por mais áreas de
disposição, o que é praticamente considerada como característica fiel da chamada “Pegada
Ecológica” haja vista que exigirá desmatar para dar espaço à destinação (MARTÍNEZ-ALIER,
2007).
Para resíduos com alto teor de matéria orgânica os tratamentos mais indicados são a
compostagem e a digestão anaeróbia . A primeira envolve o emprego de disposição do material
orgânico em contato com oxigênio atmosférico. Já no segundo caso se faz uso de mecanismo
que isole o contato com ar, permitindo que microrganismos degradem a MO – Matéria
Orgânico, constituindo-se num ambiente redutor (BRASIL, 2005).
O processo de digestão anaeróbia é uma técnica natural que objetiva quebrar compostos
complexos os transformando em produtos de cadeias químicas mais simples. Esse processo tem
como principal mecanismo o uso de biodigestores, estes geram como subprodutos a biomassa,
o material líquido (chorume) e também a geração de gases, principalmente metano e dióxido
de carbono.
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A biomassa que é estabilizada por ser utilizada como adubo na agricultura. O efluente
gerado, rico em materiais orgânicos, que facilmente as plantas podem absorver, pode ser
apropriadamente utilizado como biofertilizante (GOMES, 2019).
O processo de digestão anaeróbia por gerar gases com poder calorímetro considerável,
o uso do metano, principalmente, pode ser reaproveitado como alternativa para a geração de
energia. Seu emprego em grande escala, industrial, por exemplo, até como combustível para o
cozimento de alimentos que sustente uma família são exemplos como a geração de gases
permite seu amplo aproveitamento (SOARES; FEIDEN; TAVARES, 2018).
2. OBJETIVOS
3. REFERENCIAL TEÓRICO
Especificamente sobre a PNRS, grande era a necessidade de estruturar o país para torna-
lo um território um território que erradicasse os grandes lixões a céu aberto Brasil a fora.
Segundo a PNRS (Brasil, 2010), alguns conceitos importantes, estes abordados no artigo
3o que se pode destacar são:
Traçando uma comparação de intervalo de uma década , a ABRELPE (2021) traz dados
importantes no Gráfico 01, referente ao ano que a PNRS entrou em vigor até o ano de 2020,
com aumento de 29,4% em comparação à década de 2010.
Sobre os resíduos orgânicos a PNRS unicamente traz em seu artigo 36, inciso V, que a
implantação de compostagem deve ser articulada junto aos agentes públicos e sociais para as
formas que aproveitarão o composto produzido (BRASIL, 2010).
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Ainda segundo a Secretaria das Cidades, após muitas discussões no âmbito cearense, os
novos termos foram devidamente atualizados e a PERS foi finalmente traçada, com a
culminação da publicação oficial se dando no ano de 2016, sob a Lei Estadual n° 16.032 daquele
ano.
A lei ainda no artigo 17, inciso XII, parágrafo 1° diz que o “ Plano Estadual de Resíduos
Sólidos será elaborado mediante processo de mobilização e participação social, incluindo a
realização de audiências e consultas públicas...”.
(Continua)
24
No artigo 18, parágrafo 1°, inciso I, a PNRS, é salientado que os municípios que já estão
consorciados estarão aptos para receber recursos da União de forma mais rápida e eficiente. E
ainda no inciso II de mesmo artigo quando implantado a coleta seletiva com a participação das
cooperativas de catadores terão um peso a mais para ser considerado prioridade no
recebimentos dos recursos federais.
Barros (2012) salientou que os municípios também devem ter seu próprio Plano
Municipal de Gestão Integrada, e estes quando possuem uma política municipal voltado para
os resíduos se torna mais fácil para a esfera local trabalhar melhor, haja vista que mais
investimentos vem para incrementar a aplicação da legislação ali sancionada.
Diante dos milhares de municípios que o Brasil possui, é “impossível fazer a gestão de
resíduos sólidos de forma isolada”. A legislação local deve seguir a política a nível nacional e
fortalecer cada especificidade regional, tornando a frente como referencial local para a gestão
dos resíduos, que aplique tanto na esfera pública como privada (NASCIMENTO,2017).
Com o cenário ainda com muitas lacunas a serem preenchidas , cabe o arcabouço inicial
da legislação combater os principais desafios que ainda vigoram no Brasil, que para a ISWA –
The International Solid Waste Association (2021) são: i – baixa cobertura de coleta; ii – falta
de destinação correta para todos os RS – Resíduos Sólidos; iii – poluição por práticas
impróprias; iv – pouca demanda por matérias-primas secundárias; v – substâncias nocivas na
composição dos produtos; e vi – carência de recursos necessários para a gestão de resíduos
sólidos.
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Para Anda (2015) parcerias entre cooperativas de catadores dos municípios, a indústria
de alimentos e o produtor rural de produtos sustentáveis pode-se ter um enorme potencial na
produção de alimentos orgânicos, haja vista que o agronegócio convencional demanda grandes
quantidades de fertilizantes para a agricultura.
Conforme dados consolidados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2019), 60%
da massa de resíduos no país são compostos por matéria orgânica. São restos de podas de
árvores, sobras e restos de alimentos estragados, carcaças de animais, resíduos descartados da
agricultura e até mesmo da indústria, como abatedouros e frigoríficos.
A ABRELPE (2016) enfatiza que os resíduos orgânicos se todos eles destinados aos
aterros sanitários a taxa de emissão de gás metano teria as seguintes proporções:
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As taxas citadas pela ABRELPE (2016) indicam que a coleta de gás em aterros
sanitários é importante para minimizar os efeitos da produção de gás metano. Entretanto o fato
é que as frações orgânicas não devem ser destinadas ao aterro sanitário, pois devem ser tratadas
em processo de tratamento como a compostagem.
Para Noguera (2011), na condição de compostagem fechada e estática ocorre três fases:
decomposição, bioestabilização e humidificação. Neste caso, grande é o desprendimento de
calor, por conta da quebra de moléculas de glicose, chegando em temperaturas de 70° C, e
que por conta desse calor a água no sistema é evaporado, reduzindo a umidade e reduzindo
a massa total. Há a geração tanto de monóxido como dióxido de carbono.
Além disso tudo, o pH do composto é um outro fator preponderante, haja vista que é
indicador de estado de compostagem dos resíduos orgânicos. Já nas primeiras horas do
processo, o pH decresce para valores em torno de 5,0, e vai aumentando gradativamente
conforme vai se estabilizando, ficando numa faixa entre 7,0 e 8,0 (JIMÉNEZ, E. I.;
GARCÍA, V. P., 1989).
Outra tecnologia bastante importante e a digestão anaeróbia, que conforme o autor Kin
(2006) ressaltou como uma opção comercial e ambiental importante para o tratamento de
frações orgânicas. Quando feito em condições controladas, a operação consome baixo nível
de energia e reduz consideravelmente a poluição do meio ambiente.
Por ser tratar de um processo anaeróbio, a ação fermentativa realizada pelas bactérias
multiplicadas dentro do ambiente, isento de gás oxigênio, é propício para que o efeito
metabolizador ocorra, com geração de metano. É importante ressaltar que as bactérias que são
responsáveis pela atividade biológica estão dispostas na natureza, como sedimentos de
ambientes lênticos, nos aterros sanitários e no trato intestinal de animais e consequente
expelidos no esterco. Por ser um processo sensível, quatro fases do processo ocorrem em forma
de cadeia ( FERNANDEZ, 2008; KUNZ et al, 2004).
Conforme Chernicharo (1997), o processo da digestão anaeróbia poderia ser muito bem
simplificado considerando apenas duas fases, mas para entender de forma concisa deve se levar
em consideração com algumas das subdivisões. Portanto, são descritas abaixo quatro fases
desse processo:
Conforme Nogueira (1986), os estudos mais robustos pioneiros sobre digestão anaeróbia
foi justamente na península indo-aiática, tendo como biodigestor desenvolvido e difundido foi
o Kampur, na Índia, pelo Institute de Gás de Esterco. Tinha como objetivo tratar dejetos
animais, além de produzir biogás e utilizar o biofertilizante. Seguindo o exemplo, a China
implantou em 1958 essa tecnologia, que depois em 1972 já contava com 7,2 milhões deles, fato
que com a Crise do Petróleo na década de 70 os países desenvolvidos também resolveram
implantar em maior escala os biodigestores (DEUBLEINB & STEINHAUSER, 2008).
o gás é gerado, a pressão na câmara vai aumentando, fazendo com que ocorra um deslocamento
de efluente do interior (câmera de fermentação) para a saída. Semelhante ao modelo Indiano,
este também necessita de um substrato com ST de 8%. A alimentação também é contínua
(DEGANUTTI et al, 2002).
Outro modelo comumente chamado de canadense. É uma tecnologia mais moderna, pois
tem a grande vantagem de receber uma quantidade bem maior de resíduos do que o indiano,
por exemplo. Esse modelo é do tipo horizontal, e o biogás produzido inflando a cúpula plástica
maleável vai subindo. Abaixo, Figura 05 está esquematizado este tipo de equipamento.
Entretanto tem a desvantagem de exigir manutenção constante, em contrapartida aos anteriores
citados (OLIVEIRA, 2006).
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Por se tratar de uma pesquisa que tem o intuito de empregar materiais recicláveis ou
sem uso, foram utilizados pneus inservíveis, peças plásticas, material de vedação e argamassa.
Tratou-se de construir um equipamento inovador e de baixo custo.
que a matéria orgânica presente não tevesse contato com o meio externo (Figura 07). Foi
montado uma lona para proteger do sol e da chuva para evitar interferência nos estudos.
Os biodigestores em estudo foram preenchidos uma única vez, sendo classificado por
batelada. Todo o ambiente do local de pesquisa foi sinalizado para evitar o acesso de pessoas
não autorizadas, pois foi devidamente identificado.
O biodigestor 01 (B1) foi alimentado com uma proporção 50/50 (50% restos de
alimentos e 50% de esterco caprino), sendo que a capacidade volumétrica total foi respeitada
dentro do sistema.
Para o biodigestor 02 (B2) foi preenchido com 100% de resíduos alimentares, assim
sendo com um único tipo de resíduo se possível estudar o comportamento dos restos alimentares
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dentro de um biodigestor. Cada biodigestor após o fim da alimentação foi acrescido água até o
encharcamento total, pois o intuito era facilitar o processo de digestão anaeróbia, com água no
meio do sistema, fechando o biodigestor o contato com ar difundido era reduzido.
Para objetivos da pesquisa uma delas era a degradação de restos alimentares, haja vista
que não havia ali um inoculador dentro do B2, enquanto que para o B1 já havia um inoculante,
o esterco caprino.
Para melhor avaliar de forma indireta o comportamento dos biodigestores, foi medido o
recalque, de forma a ser possível acompanhar o processo de digestão e a proporcionalidade com
a formação dos subprodutos como líquidos e gases. Entende-se o recalque como um fator
importante para avaliar a degradação dentro de um biodigestor em batelada. Abaixo na Tabela
02, pode-se observar as informações do preenchimento dos biodigestores.
uma separação manual para escolha de um resíduo mais homogêneo possível, conforme Figura
08.
Com restos orgânicos devidamente coletados e catados, foi realizada a pesagem de tudo
que entrava no biodigestores (Figura 09). Depois os biodigestores foram fechados e
devidamente lacrados com silicone para evitar contato com o ar atmosférico ou mesmo sofrer
interferência de águas pluviais.
4.3 Caracterização
Após cerca de 60 dias desde o dia da alimentação, começou-se o início das coletas de
biomassa e efluente até seguir pelo início do ano de 2019. As respectivas coletas foram em
13/Agosto de 2018, 17/Setembro de 2018, 15/Outubro de 2018, 20/Novembro de 2018,
10/Dezembro de 2018 e 21/Janeiro de 2019. Tem-se como prioridade dar um intervalor de
tempo o mais próximos possível próximo de 30 dias, sendo esse período algo como razoável
para a constatação das variações a nível de digestão dos componentes orgânicos. Assim o
intervalo desde o início até as respectivas dias de coletas foram: 60, 90, 120, 150, 180 e 210
dias, um prazo considerável, haja vista que na literatura de encontram pesquisas em médias de
120 dias (04 meses).
Para a coleta do efluente havia uma torneira de saída no fundo do biodigestor. Antes da
amostragem o espaço era devidamente higienizada com álcool 70% e com isso, em evitar a
possível presença de contaminantes externos. Após aberto a torneira e o efluente disposto em
frasco âmbar de volume de 1,0 L. Cia-se que os frascos eram autoclavados, também para se
evitar o surgimento de contaminantes, assim como, o uso de âmbar para evitar-se reações
catalíticas pela interferência da radiação ultravioleta (Figura 10).
Para a coleta de biomassa foi-se empregado um tubo de cano PVC de “¾” de polegadas
e fincado diretamente de forma perpendicular ao fundo do biodigestor, imaginando-se que no
fundo ocorreria maior atividade de biodigestão anaeróbia por ter-se menor contato com o
oxigênio livre (Figura 11). Após, as amostras de biomassa foram condicionadas em frascos
beckeres e envoltos por plástico filme, para posteriormente, serem levados ao laboratório
LAAE/LAMAE (Figura 12).
É importante mencionar que os recalques da biomassa foram medidos por meio de trena
métrica, pois era necessário acompanhar o processo de evolução da degradação, bem como a
formação de subprodutos (Figura 13). A alimentação do biodigestor inicialmente foi feita de
tal forma a deixar 15,0 cm de altura entre a base dos resíduos até a boca da tampa de entrada,
de tal forma que tal espaço vazio servisse de segurança frente a pressão dos gases a serem
produzidos da digestão.
Como biodigestor 01 (B1) apenas produziu efluente até o segundo mês de coleta, não
possível obter dados do efluente dele após esse período, restando apenas ao biodigestor 02 a
maior representatividade de dados analíticos. Houve tentativas de desobstrução do sistema de
coleta inferior, entretanto sem o devido sucesso, conforme a Figura 16.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 05 traz os resultados das análises no período amostrado com os dados tanto
do B1 como do B2 com os parâmetros analisados como metodologia da pesquisa.
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5.1.1 pH
Para o B1, que apesar de sido possível realizado as coletas em apenas em dois meses,
no 60° e 90° dia, nota-se que a elevação do pH de 4,97 para 5,23 mostrou que o processo de
biodigestão anaeróbia estava ocorrendo, e nessa faixa de pH, conforme Araújo (2017) é possível
que esteja na faixa de acidogênse. Este biodigestor por ter grande quantidade e variabilidade
de resíduos orgânicos, pode ser que a carga orgânica de cadeias carbônicas mais extensas
estejam se degradando em ácidos diversos.
O nitrogênio pode ser encontrado nas formas de nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito
e nitrato. As duas primeiras são quimicamente encontrada na forma reduzida e o restante de
formas oxidadas. A idade da degradação pode ser relacionada entre as formas de nitrogênio
encontrado. Sendo as formas reduzidas com início de degradação, nitrito como intermediário
do processo e nitrato como final de tratamento (METCALF & EDDY, 2016).
Em B2 para mesmo período houve um aumento de 0,17 mg/L em agosto para 0,37 mg/L
no mês seguinte, indicando a mesma tendência, no entanto houve uma redução para 0,16 mg/L
no mês seguinte, e depois se elevou para 0,35 mg/L, estabilizando-se até janeiro/2019. Essa
queda sugere a relação entre a atividade de redução da amônia para gerar nitrito, o que sugere-
se que os microrganismos possam ter possivelmente sofrido com a conversão de amônia, e
talvez tenham reduzido a população no reator.
No entanto nos meses que se seguiram tudo leva a tendência de diminuição de nitrato,
o que pode indicar não seria mais preciso mais tempo para prolongar a pesquisa com o B2.
5.1.3 DQO
de 230 – 76.536 mg/L. Para El-Fadel et al (2002) encontrou valores muito altos chegando até
120.000 mg/L em aterro sanitários de Belo Horizonte. Quando em altas concentrações, tudo
indica que há ainda uma grande quantidade de matéria orgânica ainda a se degradar.
97,94% até 100,00%, mesmo em temperaturas de 20° C. O mesmo ressalta que a eficiência
estar associada a temperatura e ao TRH – Tempo de Redenção Hidráulica.
O valor de NMP em setembro leva a crer que pode existido alguma forma de
contaminação no momento da coleta do efluente, pois como esse biodigestor já apresentava
redução da geração e efluente, foi necessário desentupi-lo para sair o chorume. É importante
salientar que foram tomadas as devidas cautelas, como higienização do bocal de saída, uso de
luvas e o frasco autoclavado. Pode ver isto na Figura 19.
5.2.1 Umidade
Abaixo o Gráfico 03 de colunas dos dados obtidos entre setembro/2018 até janeiro/2019,
para ST e SV em valores percentuais.
Nota: Os teores de STs é em relação ao teor de massa úmida (ST + Peso da água); já para SV é em relação ao
ST.
54
Conforme o gráfico 02, nota-se que os teores para Sólidos Totais, em sua maioria são
constituídos de sólidos voláteis, ou seja, apresentam em sua constituição total na maioria de
matéria orgânica. Isto é de esperar haja vista que a alimentação dos biodigestores foi de fato de
resíduo orgânico.
Também possível interpretar que os teores de SV são mais predominantes em B1. Muito
provavelmente a falta de trituração dos alimentos tenha dificultado a quebra de nutrientes pelos
microrganismos, tornando o B2 levemente baixo de sólidos voláteis.
5.2.3.1 Amônia
É possível observar conforme a Tabela 06 que os resultados para amônia variou al longo
dos meses para ambos os biodigestores. Tal variância pode indicar que os microrganismos estão
adaptando ao sistema e buscando uma biodegradação dos nutrientes.
Ademais pode-se aferir pelos dados que em ambos os biodigestores houve uma queda
nas concentrações de outubro para novembro. Correlacionando com os teores de umidade, é
possível que com a queda da umidade pode ter afetado a conversão da amônia.
5.2.3.2 Nitrato
5.4 Temperatura
5.4 Recalque
A medição é feita de maneira muito simples, com uma trena ou fita métrica basta sempre
medir na mesma cota superior, marcada como a boca do biodigestor até se encontrar com o
nível dos resíduos, sempre de forma perpendicular, pois o rebaixamento da massa ocorre por
conta da força gravitacional.
Após essa fase de recalque “instantâneo” os próximos rebaixamentos são por conta da
própria degradação, gerando gases e efluentes.
O B2 apresenta valores menos variáveis, pois indica que a metabolização está sendo
mais difícil para os microrganismos e, possivelmente uma biomassa muito aquosa e gordurosa
(Figura 21). Tal fator, pode ter reduzido a atividade das bactérias fermentativas, tornado mais
custoso o processo, algo que foi diferente do B1, que já apresentou um comportamento mais
próximo da estabilização.
59
6. CONCLUSÃO
Em termos de Coliformes Totais não se mostrou tão relevante para aferir a eficiência,
pelo fato de que possivelmente houve contaminações no momento da coleta, mesmo todos os
cuidados de limpeza terem sido tomados.
Assim sendo, é correto afirmar que o B1 apresentou melhor eficiência, e que o B2 talvez
ainda necessitasse de muito mais tempo para ter resultados que indicassem estabilidade.
REFERÊNCIAS
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ABRELPE. Roteiro para aproveitamento dos resíduos orgânicos. 2016. Disponível em:
https://abrelpe.org.br/roteiro-para-aproveitamento-dos-residuos-organicos/. Acesso em 20 set.
2022.
ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil – 2018/2019. Disponível em:
http://abrelpe.org.br/panorama/ . Acesso em 03 de abril de 2020.
ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil – 2021. Disponível em:
http://abrelpe.org.br/panorama/ . Acesso em 28 de setembro de 2022.
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