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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

CEARÁ
IFCE CAMPUS SOBRAL
TECNOLOGIA EM SANEAMENTO AMBIENTAL

JOSÉ CAIO CAJAZEIRA

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DOS RESÍDUOS


SÓLIDOS ORGÂNICOS DE ESTERCO CAPRINO E SOBRAS DE ALIMENTOS

SOBRAL
2022
JOSÉ CAIO CAJAZEIRA

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DOS RESÍDUOS


SÓLIDOS ORGÂNICOS DE ESTERCO CAPRINO E SOBRAS DE ALIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Tecnologia
em Saneamento Ambiental do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Ceará (IFCE) – Campus Sobral, como
requisito parcial para obtenção do Título de
Tecnólogo em Saneamento Ambiental.
Orientador: Prof. MSc. Francisco Amílcar
Moreira Júnior

SOBRAL – CE
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Instituto Federal do Ceará – IFCE
Sistema de Bibliotecas – SIBI
Ficha catalográfica elaborada pelo SIBI/IFCE, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

C139a Cajazeira, José Caio.


Avaliação do Processo de Biodigestão Anaeróbia dos Resíduos Sólidos Orgânicos de Esterco Caprino e
Sobras de Alimentos / José Caio Cajazeira. - 2022.
67 f. : il. color.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Instituto Federal do Ceará, Tecnologia em Saneamento
Ambiental, Campus Sobral, 2022.
Orientação: Prof. Me. Francisco Amílcar Moreira Júnior. 1. Biodigestor. 2. Biodigestão anaeróbia. 3.
Subprodutos. I. Titulo.
CDD 628
JOSÉ CAIO CAJAZEIRA

AVALIAÇÃO DE BIODIGESTÃO EM REATORES ANAERÓBIOS SUSTENTÁVEIS


COM RESTOS DE ESTERCO CAPRINO E SOBRAS DE ALIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Tecnologia em
Saneamento Ambiental do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Ceará (IFCE) – Campus Sobral, como
requisito parcial para obtenção do Título de
Tecnólogo em Saneamento Ambiental.

Aprovado em: ____ / ____ / ______.

BANCA EXAMINADORA

Prof. MSc. Francisco Amílcar Moreira Júnior (Orientador)


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) – Campus Sobral

Profa. Dra. Mayara Carantino Costa


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) - Campus Sobral

Prof. Dr. Pablo Gordiano Alexandre Barbosa


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) - Campus Sobral
A minha querida esposa, Soraya.
Aos meus pais, João Bosco e Lindalva.
Aos meus irmãos, Tiago e João Paulo.
Ao meu orientador Amílcar, pelas extrema
paciência e compreensão.
AGRADECIMENTOS

A Deus, como Dador da vida e da inteligência.

Aos meus queridos pais, Maria Lindalva e João Bosco, que sempre apostaram em meus esforços
mesmo sem saber exatamente do que eu estava fazendo.

Aos meus irmãos, Francisco Tiago, que me auxiliou em muita atividades corriqueiras, e também
ao João Paulo.

A minha esposa Soraya, pelo incentivo e apoio em concluir a graduação.

Aos professores na graduação em Saneamento, base forte dos conhecimentos repassados,


Rafael (agradecimentos sinceros por chamar para a pesquisa em laboratório já no primeiro
semestre do curso) , Henrique Blanco, André, Josenir, José Neto (grandes momentos de
descontração), Daniel , Antônio José, Márcio, Sarah, Nayana , João Paulo, Alcides , Chagas
Jr. (grande Chagas), Ana Lúcia, Mayara (uma professora conselheira), Elenilton (por dar
grandes lições de vida), Laíse, Simone, Marta, Cícero e também ao Pablo.

Ao meu grande professor e orientador, Amílcar Moreira Jr., pela compreensão nos momentos
difíceis e por todo o apoio prestado durante a caminhada de pesquisa, que não foi fácil, com
altos e baixos, mas que sempre depositou confiança em meu potencial, tendo muita paciência .

Ao professor Marcus Vinícius, pelos ensinamentos acadêmicos e lições de vida.

À Evângela Ellen, companheira de pesquisa, de estágio e de toda a vida acadêmica. Meu muito
obrigado!

Ao Gustavo e a Eleny, pelo trabalho em equipe no laboratório.

Ao apoio da Prefeitura Municipal de Massapê, em especial em nome da Secretaria de Educação,


por disponibilizar transporte escolar nos três turnos em todos os dias úteis.

Aos motoristas dos ônibus do transporte escolar, pelo bom humor e pela paciência em
momentos de atraso.

Aos técnicos dos laboratórios do curso, Stérfeson e Letícia , pela orientação de equipamentos,
soluções preparadas e principalmente por sanar muitas dúvidas pertinentes às normas de
segurança de reagentes químicos.

Aos ex-estagiários do laboratório.


Aos ex-colegas de curso e amigos Neto Souza, William, Lael , Thelyne, Fábio, Jamille, Karina,
Glaucilene, Machado, Kaius, Nágila, Maria das Dores, Mirian, Ronailson, Marcelo, Daniel,
Keline, Fabiana, Marcelo Silva Tamily, Laryce, e Mágela.

A Prefeitura Municipal de Sobral, em especial a Secretaria de Saúde, pela concessão do estágio


curricular obrigatório.

A Célula em Vigilância em Saúde Ambiental pelo local de estágio em nome da Suely, e também
ao Bruno e também John Lennon e Adriana pelo convívio.

A coordenação do curso de Saneamento Ambiental pela agilidade em promover informações


úteis ao nosso curso, em nomes do sucessivos professores coordenadores: Sarah, Rafael e agora
Mayara.

A EMBRAPA – Caprinos e Ovinos, unidade Sobral, pela parceria.

Ao Restaurante Acadêmico, equipamento que deste o início foi imprescindível para a


permanência durante o dia inteiro com boas refeições, e cooperação na própria pesquisa.

Ao IFCE campus Sobral, em especial ao Eliano, ex-diretor-geral, pela excelente plataforma que
é o campus.

A coordenação-pedagógica pelas orientações quando estive três vezes como aluno-monitor de


diferentes disciplinas.

A todos os envolvidos, diretamente e indiretamente, a minha mais sincera gratidão. Obrigado!


"Você não é refém das injustiças. Você compensa,
e tem o dever de compensar, sendo o cara mais
determinado de todos, mesmo pelas circunstâncias
que você vive."
FLÁVIO AUGUSTO DA SILVA
RESUMO

Os estudos de caracterização dos resíduos sólidos no Brasil demonstram que grande parte dos
resíduos domésticos é constituído de matéria orgânica. Uma tecnologia de tratamento via
digestão anaeróbia é uma ótima opção, pois além de ocupar menos espaço do que a
compostagem, ainda a construção de biodigestores pode ser feito de maneira relativamente
simples e barata, conforme este estudo buscou demonstrar por meio da utilização de materiais
inservíveis. Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de dois biodigestores
sustentáveis por meio dos subprodutos gerados, o Biodigestor 01 constituído de 50% de esterco
caprino e 50% de restos e sobras alimentares vindos do restaurante acadêmico do Instituto
Federal do Ceará, Campus Sobral. O B1 foi preenchido com 39,3 kg de alimentos 8,7 kg de
esterco caprino e acrescido com 27,5 L de água de torneira até o encharcamento, no caso do B2
recebeu apenas resíduos alimentares (61,7 kg) e 38,0 L de água. O período de pesquisa abrangeu
um tempo de 210 dias, começando em junho/2018 e concluído em janeiro/2019. Foram
realizadas análise tanto físico-químicas como microbiológicas, a fim de caracterizar tanto a
biomassa como para os efluentes gerados, que é o biofertilizante. Também foi acompanhado as
medidas de recalque por meio de uma trena, e era medido a cada coleta para fins de verificar a
celeridade do processo de digestão. Os resultados de pH do efluente se demonstraram todos de
caráter ácido, indicando que estava em fase de acidogênse e/ou acetogênse com uma média de
5,10 para B1 indicava havia ainda muita matéria ainda a degradar, o que levaria mais tempo, e
B2 com pH médio de 4,26, pois havia uma grande massa de resíduo. Com relação ao parâmetro
DQO, foram observados níveis elevados, com média de 30436,98 mgO2 /L e 40.445,93 mgO2
/L, respectivamente para B1 e B2, com valores indicando que o processo de degradação estava
ativo. Constando-se da série nitrogenada os valores analisados para amônia se demostraram
elevados, e principalmente para o B2 que teve um pico de 235,76 mg/L em agosto/2018. Os
Coliformes Totais se apresentou em alguns meses indicativos de que possivelmente houve
alguma contaminação. Para biomassa, a umidade ficou dentro das faixa de 60-85%. A
conversão de amônia em nitrato se demonstrou bastante variável. Para temperatura o pico
ocorreu em novembro/2018. O B1 apresentou resultados mais eficientes pois os dados
demostraram melhor eficiência da biodigestão anaeróbia.

Palavras-chave: Biodigestor. Biodigestão anaeróbia. Subprodutos.


ABSTRACT

The characterization of solid waste in Brazil is largely made up of organic matter. A treatment
technology via anaerobic digestion is a great option, because in addition to taking up less space
than composting, the construction of biodigesters can be done relatively simply and cheaply, as
this study demonstrated through the use of waste materials. This study aimed to evaluate the
behavior of two sustainable digesters through the by-products generated, Biodigestor 01
consisting of 50% goat manure and 50% food scraps from the academic restaurant of the
Instituto Federal do Ceará, Campus Sobral. B1 was filled with 39.3 kg of food, 8.7 kg of goat
manure and added with 27.5 L of tap water until waterlogging, in the case of B2, it received
only food residues (61.7 kg) and 38, 0 L of water. The research period covered a time of 210
days, starting in June/2018 and ending in January/2019. Both physical-chemical and
microbiological analyzes were carried out in order to characterize both the biomass and the
generated effluents, which is the biofertilizer. The settlement measures were also monitored
using a measuring tape, and it was measured at each collection in order to verify the speed of
the digestion process. The effluent pH results were all acidic, indicating that it was in the
acidogenic and/or acetogenic phase with an average of 5.10 for B1, indicating that there was
still a lot of matter to degrade, which would take longer, and B2 with an average pH of 4.26, as
there was a large mass of residue. For COD they were high, with an average of 30436.98 mgO2
/L and 40445.93 mgO2 /L, respectively for B1 and B2, with values indicating that the
degradation process was active. Consisting of the nitrogen series, the analyzed values for
ammonia proved to be high, and especially for B2, which had a peak of 235.76 mg/L in
August/2018. Total Coliforms appeared in a few months, indicating that there was possibly
some contamination. For biomass, the moisture was within the range of 60-85% moisture. The
conversion of ammonia to nitrate was shown to be quite variable. For temperature, the peak
occurred in November/2018. The B1 presented more efficient results because the data showed
better efficiency of anaerobic biodigestion.

Keywords: Biodigester. Anaerobic biodigestion. By-products.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 – Tecnologias alternativas para reaproveitamento de resíduos orgânicos.

Figura 02 – Fundamentos da digestão anaeróbia.

Figura 03 – Representação de biodigestor de modelo Indiano.

Figura 04 – Representação de biodigestor de modelo Chinês.

Figura 05 – Representação de biodigestor de modelo Canadense.

Figura 06 – Localização da Pesquisa.

Figura 07 – Construção dos Biodigestores.

Figura 08 - Triagem dos resíduos alimentares por meio de catação manual.

Figura 09 - Pesagem e alimentação.

Figura 10 – Coleta de efluente no fundo do biodigestor.

Figura 11 – Coleta de biomassa em cano de PVC.


Figura 12 – Acondicionamento da biomassa.
Figura 13 – Medição do recalque com trena métrica.

Figura 14 – Biomassa do B1 e B2

Figura 15 – Pesagem da amostra da biomassa em 10,0 g.

Figura 16 – Tentativa de obstrução do dispositivo inferior do B1 para coleta de efluente

Figura 17 – Desenvolvimento de fungos no B1 durante outubro/2018

Figura 18 – Meio muito aquoso no B2 durante outubro/2018.

Figura 19 – Processo de limpeza e higienização pré-coleta.

Figura 20 – Saída do efluente no B2.

Figura 21 – Aspecto da biomassa no B2 em outubro/2018.


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Coleta total de RSU no Brasil nos anos de 2010 e 2020.................................. 20

Gráfico 02 – Teor de umidade expresso em umidade na biomassa dos biodigestores.......... 51

Gráfico 03 – Concentrações de ST e SV nos biodigestores................................................... 52

Gráfico 04 – Temperaturas nos biodigestores 01 e 02........................................................... 55

Gráfico 05 – Evolução temporal do recalque para o B1 e B2................................................ 56


LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Metas do Plano de Resíduos Sólidos do Ceará

Tabela 02 – Informações de preenchimento dos biodigestores

Tabela 03 – Parâmetros analisados e respectivas metodologias

Tabela 04 – Parâmetros e suas respectivas metodologias empregadas para análise de efluente

Tabela 05 – Resultados de análises dos efluentes conforme os parâmetros para B1 e B2

Tabela 06 – Concentrações obtidas nas análises de Amônia para B1 e B2

Tabela 07 – Resultados para nitrato na biomassa para B1 e B2

Tabela 08 – Variações dos recalque em unidade centimétrica e percentual


LISTA DE SIGLAS

A3P Ações da Agenda Ambiental na Administração Pública

APHA American Public Health Association

ABRELPE Associação de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

B1 Biodigestor 01

B2 Biodigestor 02

C/N Carbono/Nitrogênio

CED Centro de Educação a Distância do Ceará

CGIRS Consórcio de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

CT Coliforme Total

cm Centímetro

COEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente

DQO Demanda Química de Oxigênio

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

IFCE Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

L Litro

LAAE Laboratório de Análises de Águas e Efluentes

LAMAE Laboratório de Análises Microbiológicas de Águas e Efluentes

ISWA Internation Solid Waste Association

mg Miligrama

MMA Ministério do Meio Ambiente

MO Matéria Orgânica

NMP Número Mais Provável


PEACE Programa de Educação Ambiental do Ceará

PERS Política Estadual de Resíduos Sólidos

pH Potencial Hidrogeniônico

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PVC Polyvinyl chloride (policloreto de vinilo)

RMS Região Metropolitana de Sobral

RS Resíduo Sólido

RSU Resíduo Sólido Urbano

ST Sólido Total

SV Sólido Volátil

UVA Universidade Estadual Vale do Acaraú


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

2 OBJETIVOS............................................................................................................ 18

2.1 Objetivo geral...................................................................................................... 18

2.2 Objetivos específicos........................................................................................... 18

3 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................... 19

3.1 Legislação pertinente.......................................................................................... 19

3.1.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos................................................................ 19

3.1.2 Política Estadual de Resíduos Sólidos.................................................................. 21

3.1.3 Política Municipal de Resíduos Sólidos............................................................... 24

3.2 Alternativas de reaproveitamento dos Resíduos Sólidos................................. 25

33 Biodigestão de Resíduos Sólidos......................................................................... 27

3.3.1 Fases da digestão anaeróbia............................................................................... 28

3.3.2 Modelos de biodigestores sustentáveis................................................................ 30

4 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................. 33

4.1 Área de estudo..................................................................................................... 33

4.2 Construção e preenchimento dos biodigestores................................................ 33

4.3 Caracterização.................................................................................................... 37

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 42

5.1 Da análise do efluente.......................................................................................... 42

5.1.1 pH........................................................................................................................ 44

5.1.2 Frações nitrogenadas.......................................................................................... 46

5.1.3 DQO..................................................................................................................... 47

5.1.4 Coliformes totais................................................................................................. 48


5.2 Caracterização da biomassa................................................................................ 50

5.2.1 Umidade.............................................................................................................. 50

5.2.2 Teor de sólidos.................................................................................................... 52

5.2.3 Frações nitrogenadas......................................................................................... 53

5.2.3.1 Amônia................................................................................................................ 53

5.2.3.2 Nitrato.................................................................................................................. 54

5.3 Temperatura........................................................................................................ 55

5.4 Recalque.............................................................................................................. 56

6 CONCLUSÃO......................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 61
18

1. INTRODUÇÃO

A questão do imenso volume de resíduos sólidos gerados é um problema mundial.


Nações mais desenvolvidas têm um descarte per capita bastante acentuado, pois quanto mais
expressivo o poder econômico de uma nação maior será a geração de resíduos.

Por conta da grande geração de resíduos a busca é incessante por mais áreas de
disposição, o que é praticamente considerada como característica fiel da chamada “Pegada
Ecológica” haja vista que exigirá desmatar para dar espaço à destinação (MARTÍNEZ-ALIER,
2007).

Segundo Barros (2012) todo o conjunto de etapas que compreende o gerenciamento de


resíduos sólidos e compreende desde a coleta até o destino ambientalmente correto, deve-se
haver planejamento levando-se em consideração a interligação e possível influência na etapa
anterior do projeto em termos de desempenho, o que pode ocorrer nas mais variadas dimensões,
tal como é preconizado nas devidas premissas do desenvolvimento sustentável.

Os aterros sanitários são ótimas formas de disposição do rejeito, imprescindíveis para


atender grandes centros urbanos, pois nesse ambiente o volume descartado de resíduos é
elevado e torna-se bastante primordial a atenção e manutenção de todo o sistema de
gerenciamento de resíduos sólidos e do lixo. É uma ferramenta relativamente acessível e sendo
bastante alavancada por políticas públicas que objetivem melhorar a qualidade de vida e
também a qualidade ambiental (PORTELLA, M. O.; RIBEIRO, J. C. J., 2014).

Para resíduos com alto teor de matéria orgânica os tratamentos mais indicados são a
compostagem e a digestão anaeróbia . A primeira envolve o emprego de disposição do material
orgânico em contato com oxigênio atmosférico. Já no segundo caso se faz uso de mecanismo
que isole o contato com ar, permitindo que microrganismos degradem a MO – Matéria
Orgânico, constituindo-se num ambiente redutor (BRASIL, 2005).

O processo de digestão anaeróbia é uma técnica natural que objetiva quebrar compostos
complexos os transformando em produtos de cadeias químicas mais simples. Esse processo tem
como principal mecanismo o uso de biodigestores, estes geram como subprodutos a biomassa,
o material líquido (chorume) e também a geração de gases, principalmente metano e dióxido
de carbono.
19

A biomassa que é estabilizada por ser utilizada como adubo na agricultura. O efluente
gerado, rico em materiais orgânicos, que facilmente as plantas podem absorver, pode ser
apropriadamente utilizado como biofertilizante (GOMES, 2019).

O processo de digestão anaeróbia por gerar gases com poder calorímetro considerável,
o uso do metano, principalmente, pode ser reaproveitado como alternativa para a geração de
energia. Seu emprego em grande escala, industrial, por exemplo, até como combustível para o
cozimento de alimentos que sustente uma família são exemplos como a geração de gases
permite seu amplo aproveitamento (SOARES; FEIDEN; TAVARES, 2018).

Uma destinação correta de resíduos orgânicos, como restos de alimentos e esterco


animal sobmetidos ao processo de digestão anaeróbia é uma ótima opção economicamente
viável, cujo benefício econômico, social e ambiental são inestimáveis.

Diante da problemática, torna-se importante o emprego de pesquisas que apontem


alternativas viáveis e eficientes que norteiem o emprego de tecnologias relativamente baratas,
como no caso do emprego de biodigestores, como ferramentas alternativas que levem o ser
humano em ter uma vida aliada ao desenvolvimento sustentável num mundo de constante
evolução tecnológica.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar o desempenho de dois biodigestores quanto à digestão anaeróbia dos compostos


orgânicos quanto as diferentes tipos de frações orgânicas.

2.2 Objetivos específicos

• Estudar o comportamento da digestão de diferentes origens de materiais orgânicos,


frente a um composto como possível inoculador;
• Verificar a interferência da aquosidade do material a ser digerido;
• Caracterizar pelos parâmetros físico-químicos e microbiológicos a estabilização da
biomassa, haja vista que estes parâmetros são indicativos da biodegradação;
• Avaliar o tempo necessário para que os compostos estabilizem.
20

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Legislação pertinente

3.1.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos


A atual Constituição Federal da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988,
traz no capítulo 6, artigo 225, que cita que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”, e nesse mesmo
artigo sendo instituído ao Poder Público, e também aos cidadãos, o papel de preservar e
defender o meio ambiente.

Na PNSB - Política Nacional de Saneamento Básico (2007), que é a Lei 11.445/2007,


traz diretrizes específicas e fundamentais para a promoção de saúde pública para o país. Ainda
sobre a mesma política de Saneamento Básico, é conceituado em seu artigo 2, como um
conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de operações de: (1) abastecimento de água
potável; (2) esgotamento sanitário; (3) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e (4)
drenagem e manejo de águas pluviais.

O arcabouço legislativo referente à temática dos resíduos estava suficientemente bem


fundamentado. Porém, ainda havia a necessidade de uma legislação específica para temática de
resíduos sólidos no país. Com isso, foi aprovada a lei n°12.305/2010, a PNRS – Política
Nacional de Resíduos Sólidos, que tem a seguinte disposição:

Dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as


diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,
incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público
e aos instrumentos econômicos aplicáveis (Brasil, 2010).

Especificamente sobre a PNRS, grande era a necessidade de estruturar o país para torna-
lo um território um território que erradicasse os grandes lixões a céu aberto Brasil a fora.

A legislação brasileira sobre resíduos sólidos apresentou uma evolução significativa, a


exemplo da conceituação, como a diferenciação entre “rejeito” – em vez da palavra “lixo” e
“resíduo sólido”. Veja-se que a diferença marcante está principalmente na forma de tratamento.
21

Segundo a PNRS (Brasil, 2010), alguns conceitos importantes, estes abordados no artigo
3o que se pode destacar são:

➢ Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as


possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos
disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade
que não a disposição final ambientalmente adequada;
➢ Resíduos sólidos: “material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido
ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
➢ (PNRS, 2010)

Traçando uma comparação de intervalo de uma década , a ABRELPE (2021) traz dados
importantes no Gráfico 01, referente ao ano que a PNRS entrou em vigor até o ano de 2020,
com aumento de 29,4% em comparação à década de 2010.

Gráfico 01 – Coleta total de RSU no Brasil nos anos de 2010 e 2020

Fonte: Adaptado de ABRELPE (2020) e ABRELPE (2021).

Sobre os resíduos orgânicos a PNRS unicamente traz em seu artigo 36, inciso V, que a
implantação de compostagem deve ser articulada junto aos agentes públicos e sociais para as
formas que aproveitarão o composto produzido (BRASIL, 2010).
22

3.1.2 Política Estadual de Resíduos Sólidos

Além da PNRS, a Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) é uma legislação


fundamental e aliada para as unidades da federação para o cumprimento da própria política a
nível estadual. Cada unidade da federação possui peculiaridades que devem ser respeitadas,
conforme a própria Constituição Federal delega poderes a União, aos Estados e também para
os municípios, afirmando que “centraliza no necessário e descentraliza no que diz respeito às
peculiaridades regionais e locais” (MACHADO, 2012).

No estado do Ceará, conforme a Secretaria das Cidades (CEARÁ, 2022) , a Política


Estadual de Resíduos Sólidos – Lei Estadual de n° 13.103/2001 – foi promulgada nove anos
antes da lei federal 12.305/2010. E que por conta da lei federal houve uma revisão em 2011
pelo Grupo de Trabalho Intersetorial de Resíduos Sólidos visando atualizar a principal lei
estadual no que diz respeito aos novos conceitos de resíduos sólidos.

Ainda segundo a Secretaria das Cidades, após muitas discussões no âmbito cearense, os
novos termos foram devidamente atualizados e a PERS foi finalmente traçada, com a
culminação da publicação oficial se dando no ano de 2016, sob a Lei Estadual n° 16.032 daquele
ano.

O Plano de Resíduos Sólidos do Estado do Ceará é ditado na própria PERS de 2016 no


artigo 17, que reza que “o Estado do Ceará elaborará, sob a coordenação da Secretaria do Meio
Ambiente - SEMA, o Plano Estadual de Resíduos Sólidos, com vigência por prazo
indeterminado e horizonte de 20 anos, a ser atualizado, no mínimo, a cada 4 anos” .

A lei ainda no artigo 17, inciso XII, parágrafo 1° diz que o “ Plano Estadual de Resíduos
Sólidos será elaborado mediante processo de mobilização e participação social, incluindo a
realização de audiências e consultas públicas...”.

Nota-se que no plano estadual de RS do Ceará, em Metas Gerais. Quanto a


Sustentabilidade da Gestão de Resíduos Sólidos, no item 10 há a meta para implantar o
tratamento de frações orgânicas em pelo menos 40% dos municípios entre 5 e 12 anos para
médio prazo; e 100% dos municípios entre 13 a 20 anos para longo prazo.

Na Tabela 1 são apresentadas de Metas do Plano Estadual de Resíduos Sólidos,


contendo as 36 metas definidas para um horizonte de 20 anos:
23

Tabela 1 – Metas do Plano de Resíduos Sólidos do Ceará

(Continua)
24

Fonte: Ceará (2016).


25

3.1.3 Política Municipal de Resíduos Sólidos


Na Política Nacional de Resíduos Sólidos que regulamenta a condição para que os
Estados tenham acesso aos recursos provindos da União ou por ela geridos, seja por meio de
concessão de crédito ou fomento estatal, a elaboração do plano de resíduos sólidos é
imprescindível para o recebimento de tais recursos.

No artigo 18, parágrafo 1°, inciso I, a PNRS, é salientado que os municípios que já estão
consorciados estarão aptos para receber recursos da União de forma mais rápida e eficiente. E
ainda no inciso II de mesmo artigo quando implantado a coleta seletiva com a participação das
cooperativas de catadores terão um peso a mais para ser considerado prioridade no
recebimentos dos recursos federais.

Barros (2012) salientou que os municípios também devem ter seu próprio Plano
Municipal de Gestão Integrada, e estes quando possuem uma política municipal voltado para
os resíduos se torna mais fácil para a esfera local trabalhar melhor, haja vista que mais
investimentos vem para incrementar a aplicação da legislação ali sancionada.

Diante dos milhares de municípios que o Brasil possui, é “impossível fazer a gestão de
resíduos sólidos de forma isolada”. A legislação local deve seguir a política a nível nacional e
fortalecer cada especificidade regional, tornando a frente como referencial local para a gestão
dos resíduos, que aplique tanto na esfera pública como privada (NASCIMENTO,2017).

O alinhamento das legislações estaduais e municipais com o que é regulamentado a nível


nacional ainda não é uniforme. Segundo estudos levantados por Oliveira et. al (2018) em
algumas cidades do Brasil percebeu-se que mesmos as legislações posteriores a PNRS (2010)
ainda são pouco alinhadas com a política federal. Portanto tanto as leis municipais como até
estaduais é sugerido uma revisão para alinhar os conceitos, princípios e instrumentos ambientais
referentes aos resíduos sólidos da forma mais moderna e ambientalmente sustentável..

Com o cenário ainda com muitas lacunas a serem preenchidas , cabe o arcabouço inicial
da legislação combater os principais desafios que ainda vigoram no Brasil, que para a ISWA –
The International Solid Waste Association (2021) são: i – baixa cobertura de coleta; ii – falta
de destinação correta para todos os RS – Resíduos Sólidos; iii – poluição por práticas
impróprias; iv – pouca demanda por matérias-primas secundárias; v – substâncias nocivas na
composição dos produtos; e vi – carência de recursos necessários para a gestão de resíduos
sólidos.
26

Em despeito de como nos municípios trata-se as frações orgânicas, diversos são os


municípios que têm articulado soluções para recicláveis, separando resíduo seco e molhado e
posteriormente criando mais etapas de separação dos resíduos. No entanto as soluções de
tratamento orgânico não são adotadas em larga escala (PEREIRA et al.,2014).

Para Anda (2015) parcerias entre cooperativas de catadores dos municípios, a indústria
de alimentos e o produtor rural de produtos sustentáveis pode-se ter um enorme potencial na
produção de alimentos orgânicos, haja vista que o agronegócio convencional demanda grandes
quantidades de fertilizantes para a agricultura.

Segundo a Ellen Macarthur Foundation (2013) sistemas circulares, com fontes


alternativas como resíduos alimentares e animais, além de nutrientes de esgoto, seriam
suficientes para atender as necessidades de fertilizantes em sistemas produtivos do setor de
alimento.

Alguns municípios são exemplos no Brasil em termos de tratamento de resíduos


orgânicos a exemplo de Sobral-CE que no aterro sanitário consorciado os restos orgânicos já
separados e devidamente destinados para células de compostagem na central de tratamento de
resíduos (CGIRS-RMS, 2020).

3.2 Alternativas de reaproveitamento dos Resíduos Sólidos Orgânicos

Conforme dados consolidados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2019), 60%
da massa de resíduos no país são compostos por matéria orgânica. São restos de podas de
árvores, sobras e restos de alimentos estragados, carcaças de animais, resíduos descartados da
agricultura e até mesmo da indústria, como abatedouros e frigoríficos.

O manuseio das frações orgânicas nos RSUs constitui um problema de


acondicionamento, transporte e tratamento. Destiná-los para um aterro sanitário é tecnicamente
inapropriado, pois além de reduzir drasticamente a vida útil do aterro, há que se levar em
consideração a instabilidade que causa nos taludes do aterro, além da alteração na densidade da
massa dos rejeitos dispostos. Se tudo que for resíduo orgânico porventura ter unicamente sua
destinação para aterros, haverá um dispendioso tratamento de efluentes, além da maior geração
de gases . Assim, é bem mais prático separar o que é degradável e trata-los a parte (BARROS,
2012).

A ABRELPE (2016) enfatiza que os resíduos orgânicos se todos eles destinados aos
aterros sanitários a taxa de emissão de gás metano teria as seguintes proporções:
27

• Aterro sanitário sem coleta de gás → 47 kg CH4/Ton;


• Aterro sanitário com coleta de gás → 33 kg CH4/Ton.

As taxas citadas pela ABRELPE (2016) indicam que a coleta de gás em aterros
sanitários é importante para minimizar os efeitos da produção de gás metano. Entretanto o fato
é que as frações orgânicas não devem ser destinadas ao aterro sanitário, pois devem ser tratadas
em processo de tratamento como a compostagem.

Na Figura 01 as seguintes tecnologias são descritas como alternativas para o


aproveitamento dos resíduos orgânicos e as devidas emissões dispensadas ao meio ambiente:

Figura 01 – Tecnologias alternativas para reaproveitamento de resíduos orgânicos

Fonte: ABRELPE (2016).

Diante do potencial do emprego dessas tecnologias de tratamento de resíduos orgânicos,


a compostagem é um método bastante prático e simples, cujo os custos de implantação não
são elevados. Lacerda et al (2020) citam-as as vantagens desse sistema de reciclagem
orgânica o fato de ocorrer apenas a liberação de CO2, H2O e a geração da biomassa, que é
o chamado húmus, propriamente dito.

Conforme Silia (2015) ressalta que o processo de decomposição pela compostagem é


realizado em condições de aerobiose controlada, e que todo o processo se resume em duas
fases, a bioestabilização e a maturação. No entanto, nesse processo também ocorre a
anaerobiose em pequenas partes, e que esta condição quando é bastante elevada ocorre a
produção de metano localizado, ocasionando maus cheiros, juntamente com gás sulfídrico.
28

Para Noguera (2011), na condição de compostagem fechada e estática ocorre três fases:
decomposição, bioestabilização e humidificação. Neste caso, grande é o desprendimento de
calor, por conta da quebra de moléculas de glicose, chegando em temperaturas de 70° C, e
que por conta desse calor a água no sistema é evaporado, reduzindo a umidade e reduzindo
a massa total. Há a geração tanto de monóxido como dióxido de carbono.

A Relação C/N (Carbono/Nitrogênio) é fundamental para indicar os níveis nutricionais


no material orgânico. Conforme Kiehl (1998) apontou que quando esse fator está 18:1 o
composto está bioestável, enquanto que a maturação, quando o produto está acabado ou
humidificado, essa relação fica em 10:1.

Além disso tudo, o pH do composto é um outro fator preponderante, haja vista que é
indicador de estado de compostagem dos resíduos orgânicos. Já nas primeiras horas do
processo, o pH decresce para valores em torno de 5,0, e vai aumentando gradativamente
conforme vai se estabilizando, ficando numa faixa entre 7,0 e 8,0 (JIMÉNEZ, E. I.;
GARCÍA, V. P., 1989).

Outra tecnologia bastante importante e a digestão anaeróbia, que conforme o autor Kin
(2006) ressaltou como uma opção comercial e ambiental importante para o tratamento de
frações orgânicas. Quando feito em condições controladas, a operação consome baixo nível
de energia e reduz consideravelmente a poluição do meio ambiente.

Os subprodutos da digestão anaeróbia, que se deve além da biomassa, que é um adubo


para a agricultura, também o efluente gerado é um ótimo condicionador para o solo. No
entanto Chen et al (2008) ressaltam que a substâncias inibidoras em grandes concentrações
pode ser uma desvantagem.

3.3 Biodigestão de Resíduos Sólidos

Os resíduos orgânicos passam pelo tratamento via digestão anaeróbia, que é um


processo biológico na qual a MO – Matéria Orgânica é convertida essencialmente em uma
mistura de fluidos gasosos de metano e dióxido de carbono. Tudo tem como agente de
degradação uma comunidade de microrganismos (LIU, 2012).
29

Por ser tratar de um processo anaeróbio, a ação fermentativa realizada pelas bactérias
multiplicadas dentro do ambiente, isento de gás oxigênio, é propício para que o efeito
metabolizador ocorra, com geração de metano. É importante ressaltar que as bactérias que são
responsáveis pela atividade biológica estão dispostas na natureza, como sedimentos de
ambientes lênticos, nos aterros sanitários e no trato intestinal de animais e consequente
expelidos no esterco. Por ser um processo sensível, quatro fases do processo ocorrem em forma
de cadeia ( FERNANDEZ, 2008; KUNZ et al, 2004).

3.3.1 Fases da digestão anaeróbia

Conforme Chernicharo (1997), o processo da digestão anaeróbia poderia ser muito bem
simplificado considerando apenas duas fases, mas para entender de forma concisa deve se levar
em consideração com algumas das subdivisões. Portanto, são descritas abaixo quatro fases
desse processo:

▪ Hidrólise. Enzimas hidrolíticas extracelulares quebram moléculas complexas


dos substratos que se hidrolisam em cadeiras mais curtas, que são transportadas
para dentro das células dos microrganismos presentes e posteriormente
metabolizados. Ocorrem as transformações de proteínas para aminoácidos,
moléculas de carboidratos em açúcares solúveis e lipídios na forma de ácidos
graxos e glicerina (OLIVEIRA, 2004; SOUZA, 2005).

▪ Acidogênese. Também chamada de fase da fermentação ácida, nesta etapa os


produtos da hidrólise são transformados para ácidos orgânicos (acético,
propiônico, burítico, etc.) e dióxido de carbono. Nesta fase nem sempre todo o
processo é realizado pelas bactérias anaeróbias fermentativas, pois outros
microrganismos podem atuar, como os facultativos – pois metabolizam a matéria
orgânica pela via oxidativa usando o oxigênio molecular, como aceptor de
elétrons, removendo o O2 dissolvido no sistema o que é vantajoso por permitir
que o ambiente fique de fato isento de oxigênio (OLIVEIRA, 2004; SOARES et
al 2017).
▪ Acetogênese. Bactérias acetogênicas (produtoras de hidrogênio) convertem os
produtos da acidogênese em hidrogênio e dióxido de carbono, também em
30

acetato e ácidos orgânicos de cadeia mais curtas (SOUZA, 2005). As arqueas


metanogênicas utilizarão esses produtos na fase posterior.
▪ Metanogênese. Arqueas metanogênicas convertem ácidos orgânicos, no caso o
acetato – por meio das acetoclásticas, em gás metano e dióxido de carbono. Ao
mesmo tempo em que as arqueas metanogênicas hidrogenotróficas convertem
os gases hidrogênio e dióxido de carbono também em metano. Boa parte do
metano gerado provêm do acetado, e o restante do H2 e CO2 (OLIVEIRA, 2004;
CHERNICHARO, 2007) .

No processo de digestão anaeróbia ainda pode ocorrer o processo de sulfetogênese.


Processo que ocorre por conta da presença de sulfato e outros compostos a base de enxofre ,
estes utilizados como aceptores de elétrons durante a oxidação de compostos constituídos por
material orgânico, transformando em sulfetos (CHERNICHARO, 2017).

Para Chernicharo (2017) as bactérias redutoras de sulfato são as responsáveis pelo


processo de sulfetogênese. Para a geração de metano, essas bactérias podem competir com as
arqueas metanogênicas, decaindo a produção de CH4.

Na Figura 02 está esquematizado todo o processo da fundamentação da digestão


anaeróbia.
31

Figura 02 – Fundamentos da digestão anaeróbia

Fonte: Adaptado de Chernicharo (2017).

3.3.2 Modelos de biodigestores sustentáveis

O biodigestor é um equipamento hermenêutico e impermeável no qual em seu interior


é depositado resíduos orgânicos para a degradação anaeróbia. O gás oxigênio é restrito em seu
interior, por isso ser hermeneticamente fechado, propiciando que microrganismos anaeróbios
se proliferem e o processo é posto em atividade. Os subprodutos gerados são metano, dióxido
de carbono, a biomassa e também o biofertilizante (MAGALHÃES, 1986).

Conforme Araújo (2017), o biodigestor pode ser classificado como contínuo ou


intermitente (batelada). No primeiro o abastecimento com biomassa é realizado de forma diária,
enquanto que o intermitente é preenchido uma única vez até o preenchimento da capacidade
32

máxima de abastecimento, até a completa digestão, depois os subprodutos são retirados e


posteriormente realizado uma recarga de restos orgânicos.

Conforme Nogueira (1986), os estudos mais robustos pioneiros sobre digestão anaeróbia
foi justamente na península indo-aiática, tendo como biodigestor desenvolvido e difundido foi
o Kampur, na Índia, pelo Institute de Gás de Esterco. Tinha como objetivo tratar dejetos
animais, além de produzir biogás e utilizar o biofertilizante. Seguindo o exemplo, a China
implantou em 1958 essa tecnologia, que depois em 1972 já contava com 7,2 milhões deles, fato
que com a Crise do Petróleo na década de 70 os países desenvolvidos também resolveram
implantar em maior escala os biodigestores (DEUBLEINB & STEINHAUSER, 2008).

Como a Índia foi pioneira no desenvolvimento de biodigestores na produção de biogás,


o modelo indiano foi percursor da tecnologia. Ele é construído de forma enterrada, com uma
tampa flutuante numa base de selo d’água. Tem uma parede central, repartindo a câmara interior
em duas (Ver Figura 03). A medida que o gás é produzido, gera-se uma pressão, o gasômetro
vai subindo, fazendo com a operação fique constante, abastecimento contínuo. O substrato que
o alimenta ter um percentual mínimo de até 8% para permitir a circulação e não entupir os canos
da entrada e de saída do aparato (DEGANUTTI et al, 2002).

Figura 03 – Representação de biodigestor de modelo Indiano

Fonte: DEGANUTTI et al (2002).


Outro modelo bastante citado na literatura é o Modelo Chinês (Figura 04), este
construído em alvenaria, com uma câmara de formato cilíndrica e teto abobado. A medida que
33

o gás é gerado, a pressão na câmara vai aumentando, fazendo com que ocorra um deslocamento
de efluente do interior (câmera de fermentação) para a saída. Semelhante ao modelo Indiano,
este também necessita de um substrato com ST de 8%. A alimentação também é contínua
(DEGANUTTI et al, 2002).

Figura 04 – Representação de biodigestor de modelo Chinês

Fonte: DEGANUTTI et al (2002).

Outro modelo comumente chamado de canadense. É uma tecnologia mais moderna, pois
tem a grande vantagem de receber uma quantidade bem maior de resíduos do que o indiano,
por exemplo. Esse modelo é do tipo horizontal, e o biogás produzido inflando a cúpula plástica
maleável vai subindo. Abaixo, Figura 05 está esquematizado este tipo de equipamento.
Entretanto tem a desvantagem de exigir manutenção constante, em contrapartida aos anteriores
citados (OLIVEIRA, 2006).

Figura 05 – Representação de biodigestor de modelo Canadense

Fonte: OLIVEIRA, 2006).


34

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Área de estudo

O local da pesquisa com os biodigestores foi no IFCE – Instituto Federal de Educação,


Ciência e Tecnologia do Ceará, Campus Sobral (Figura 06).

Figura 06 – Localização da Pesquisa

Fonte: Autor (2021).

4.2 Construção e preenchimento dos biodigestores

Por se tratar de uma pesquisa que tem o intuito de empregar materiais recicláveis ou
sem uso, foram utilizados pneus inservíveis, peças plásticas, material de vedação e argamassa.
Tratou-se de construir um equipamento inovador e de baixo custo.

Tratou-se logo após a construção de realizar testes de estanqueidade e de


impermeabilização por meio de enchimento com água, pois o biodigestor deveria ter garantia
35

que a matéria orgânica presente não tevesse contato com o meio externo (Figura 07). Foi
montado uma lona para proteger do sol e da chuva para evitar interferência nos estudos.

Os biodigestores em estudo foram preenchidos uma única vez, sendo classificado por
batelada. Todo o ambiente do local de pesquisa foi sinalizado para evitar o acesso de pessoas
não autorizadas, pois foi devidamente identificado.

Figura 07 – Construção dos Biodigestores

Fonte: AUTOR (2019).

As alimentações ocorreram em 15 de junho de 2018 com diferentes proporções resíduos


orgânicos, sendo as sobras e restos de alimentos coletados do Restaurante Acadêmico e o
esterco caprino vindo a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Unidade
Caprinos e Ovinos de Sobral/CE.

O biodigestor 01 (B1) foi alimentado com uma proporção 50/50 (50% restos de
alimentos e 50% de esterco caprino), sendo que a capacidade volumétrica total foi respeitada
dentro do sistema.

Para o biodigestor 02 (B2) foi preenchido com 100% de resíduos alimentares, assim
sendo com um único tipo de resíduo se possível estudar o comportamento dos restos alimentares
36

dentro de um biodigestor. Cada biodigestor após o fim da alimentação foi acrescido água até o
encharcamento total, pois o intuito era facilitar o processo de digestão anaeróbia, com água no
meio do sistema, fechando o biodigestor o contato com ar difundido era reduzido.

A água no processo de digestão auxilia no processo de degradação por aumentar a


diluição da massa alimentada, além do que um fator importante é o tempo de retenção,
aumentando esse tempo é possível dar um melhor ajuste da concentração de sólidos,
aumentando ou reduzindo conforme o objetivo (REICHERT, 2005).

Para objetivos da pesquisa uma delas era a degradação de restos alimentares, haja vista
que não havia ali um inoculador dentro do B2, enquanto que para o B1 já havia um inoculante,
o esterco caprino.

Por conta da baixa produção e/ou problemas de entupimentos, o B1 apresentou apenas


dois meses de dados de pesquisa a nível de análises laboratoriais dos efluentes. Houveram
tentativas posteriores de desentupimento, mas não foi possível a coleta de resíduos.

Para melhor avaliar de forma indireta o comportamento dos biodigestores, foi medido o
recalque, de forma a ser possível acompanhar o processo de digestão e a proporcionalidade com
a formação dos subprodutos como líquidos e gases. Entende-se o recalque como um fator
importante para avaliar a degradação dentro de um biodigestor em batelada. Abaixo na Tabela
02, pode-se observar as informações do preenchimento dos biodigestores.

Tabela 02 – Informações de preenchimento dos biodigestores

Fonte: AUTOR (2019).

Os resíduos orgânicos de origem do restaurante não foram triturados, por tentar se


utilizar em pesquisa o cenário tal qual o real de sobras alimentares, esse fator de homogeneidade
da matéria pode ser algo importante para a facilitação dos microrganismos. Restos de ossos ou
cascas de frutas foram retirados, pois tais são difíceis de degradação pelos microrganismos,
além de evitar espaços vazios dentro do interior da massa preenchida. Por isso foi realizado
37

uma separação manual para escolha de um resíduo mais homogêneo possível, conforme Figura
08.

Figura 08 - Triagem dos resíduos alimentares por meio de catação manual

Fonte: AUTOR (2019).

Com restos orgânicos devidamente coletados e catados, foi realizada a pesagem de tudo
que entrava no biodigestores (Figura 09). Depois os biodigestores foram fechados e
devidamente lacrados com silicone para evitar contato com o ar atmosférico ou mesmo sofrer
interferência de águas pluviais.

Figura 09 - Pesagem e alimentação

Fonte: AUTOR (2019).


38

4.3 Caracterização

Após cerca de 60 dias desde o dia da alimentação, começou-se o início das coletas de
biomassa e efluente até seguir pelo início do ano de 2019. As respectivas coletas foram em
13/Agosto de 2018, 17/Setembro de 2018, 15/Outubro de 2018, 20/Novembro de 2018,
10/Dezembro de 2018 e 21/Janeiro de 2019. Tem-se como prioridade dar um intervalor de
tempo o mais próximos possível próximo de 30 dias, sendo esse período algo como razoável
para a constatação das variações a nível de digestão dos componentes orgânicos. Assim o
intervalo desde o início até as respectivas dias de coletas foram: 60, 90, 120, 150, 180 e 210
dias, um prazo considerável, haja vista que na literatura de encontram pesquisas em médias de
120 dias (04 meses).

Para a coleta do efluente havia uma torneira de saída no fundo do biodigestor. Antes da
amostragem o espaço era devidamente higienizada com álcool 70% e com isso, em evitar a
possível presença de contaminantes externos. Após aberto a torneira e o efluente disposto em
frasco âmbar de volume de 1,0 L. Cia-se que os frascos eram autoclavados, também para se
evitar o surgimento de contaminantes, assim como, o uso de âmbar para evitar-se reações
catalíticas pela interferência da radiação ultravioleta (Figura 10).

Para a coleta de biomassa foi-se empregado um tubo de cano PVC de “¾” de polegadas
e fincado diretamente de forma perpendicular ao fundo do biodigestor, imaginando-se que no
fundo ocorreria maior atividade de biodigestão anaeróbia por ter-se menor contato com o
oxigênio livre (Figura 11). Após, as amostras de biomassa foram condicionadas em frascos
beckeres e envoltos por plástico filme, para posteriormente, serem levados ao laboratório
LAAE/LAMAE (Figura 12).

Figura 10 – Coleta de efluente no fundo do biodigestor


39

Fonte: AUTOR (2019).

Figura 11 – Coleta de biomassa em cano de PVC

Fonte: AUTOR (2019).

Figura 12 – Acondicionamento da biomassa

Fonte: AUTOR (2019).


40

É importante mencionar que os recalques da biomassa foram medidos por meio de trena
métrica, pois era necessário acompanhar o processo de evolução da degradação, bem como a
formação de subprodutos (Figura 13). A alimentação do biodigestor inicialmente foi feita de
tal forma a deixar 15,0 cm de altura entre a base dos resíduos até a boca da tampa de entrada,
de tal forma que tal espaço vazio servisse de segurança frente a pressão dos gases a serem
produzidos da digestão.

Figura 13 – Medição do recalque com trena métrica

Fonte: AUTOR (2019).

A biomassa é um subproduto do processo de digestão muito rico em material em


nutrientes. Acompanhar e avaliar esse composto ao longo do processo de degradação é
importante se entender as fases de digestão as quais os microrganismos estão comportando
(Figura 14).
Figura 14 – Biomassa do B1 e B2

Fonte: AUTOR (2019).


41

Em relação ao comportamento da biomassa dos biodigestores, os dados obtidos


seguiram as metodologias empregadas pelos estudos de Silva (2013). Na tabela 03 tem-se os
parâmetros de Umidade, Teor de Sólidos e também de Série Nitrogenada (Amônia, Nitrito e
Nitrato).

Tabela 03 – Parâmetros analisados e respectivas metodologias

Fonte: AUTOR (2019).

A metodologia para Teor de Sólidos Totais e da Umidade, foram pesados em capsula


de porcelana 10,0 gramas de amostra in natura para cada parâmetro (Figura 15). Para os
compostos nitrogenados também se pesou 10,0 gramas, e depois diluído em volume de 1,0 L
com água destilada, de forma facilitar o processamento analítico.

Figura 15 – Pesagem da amostra da biomassa em 10,0 g

Fonte: AUTOR (2019).


42

Para a caracterização dos efluentes gerados, os frascos foram devidamente armazenados


em refrigerador no LAAE – Laboratório de Análises de Águas e Efluentes e LAMAE –
Laboratório de Análises Microbiológicas de Águas e Efluentes, do IFCE, campus Sobral.

As metodologias seguidas foram as estabelecidas pela Standard Methods for the


Examination of Water and WasteWATER (APHA, 2005), Rodier (1985) e Abreu (2006). A
Tabela 04 trata das metodologias empregas para cada parâmetro analisado.

Tabela 04 – Parâmetros e suas respectivas metodologias empregadas para análise de efluente

Fonte: Autor (2019).

Como biodigestor 01 (B1) apenas produziu efluente até o segundo mês de coleta, não
possível obter dados do efluente dele após esse período, restando apenas ao biodigestor 02 a
maior representatividade de dados analíticos. Houve tentativas de desobstrução do sistema de
coleta inferior, entretanto sem o devido sucesso, conforme a Figura 16.

Figura 16 – Tentativa de obstrução do dispositivo inferior do B1 para coleta de efluente

Fonte: AUTOR (2019).


43

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Da análise do efluente

Com esses parâmetros pretendeu-se avaliar o comportamento do biodigestor e


principalmente como o biofertilizante como alternativa viável ou não, para o aproveritamento
na agricultura e a adubação.

O biofertilizante é um subproduto orgânico, que de maneira geral, apresenta uma


elevada carga de nutrientes, fornecendo elementos essenciais como fósforo, nitrogênio e
também potássio. Sua aplicação no solo melhora a qualidade da terra nas condições físicas,
químicas e biológicas (UBALUA, 2007).

O B1 não apresentou dados de efluentes nos meses de outubro/2018 até o final da


campanha em janeiro/2019. É provável que os restos alimentares não triturados pode ter
ocasionado a formação de camada gordura densa no fundo do biodigestor e dificultado a saída.

Para evitar interferência no sistema e cumprir os objetivos num sistema de alimentação


não contínuo, foi optado por não acrescentar água no B1, pois ao mesmo a biomassa e o recalque
também estava sendo avaliado.

A Tabela 05 traz os resultados das análises no período amostrado com os dados tanto
do B1 como do B2 com os parâmetros analisados como metodologia da pesquisa.
44

Tabela 05 – Resultados de análise dos efluentes conforme os parâmetros para B1 e B2

Fonte: AUTOR (2022).


45

5.1.1 pH

O pH do meio anaeróbio é um importante parâmetro para indicar o grau de digestão e


ainda indicar quais microrganismos podem possivelmente predominar durante cada fase do
tratamento. A situação ótima para estabilização é um pH em torno da neutralidade, variando
entre 6,5 – 8,0. Por Isso, conforme Schulz (2001) este parâmetro é um dos mais importantes a
serem analisados para avaliar a eficiência do processo.

Chernicharo (1997) enfatiza que a relação alcalinidade e ácidos voláteis se manifestam


de duas formas dentro do sistema: (i) – alterando a atividade enzimática, como nas estruturas
das proteínas; (ii) – de forma indireta influenciando na toxicidade.

Batista (2017) enfatiza que dependendo do ponto de acidez cada grupo de


microrganismos vai predominar. Nas fases de hidrólise e também de acidogênse, o pH fica na
faixa entre 5,2 – 6,3. Já para acetogênese e metanogênese o pH ideal fica em torno de 6,5 –
8,0.

Para o B1, que apesar de sido possível realizado as coletas em apenas em dois meses,
no 60° e 90° dia, nota-se que a elevação do pH de 4,97 para 5,23 mostrou que o processo de
biodigestão anaeróbia estava ocorrendo, e nessa faixa de pH, conforme Araújo (2017) é possível
que esteja na faixa de acidogênse. Este biodigestor por ter grande quantidade e variabilidade
de resíduos orgânicos, pode ser que a carga orgânica de cadeias carbônicas mais extensas
estejam se degradando em ácidos diversos.

Com o excesso de material orgânico, e como os restos de alimentos estavam em cima e


o esterco na fração inferior, pode ser que os compostos de cima podem estar começando a
precipitar lentamente sobre o inóculo, e neste caso facilitando a população de bactérias
fermentativas no sistema. (REICHERT, 2005).

Durante a coleta do mês de outubro o B1 apresentou o aparecimento de fungos


na superfície (Figura 17), pois é tais organismos são toleráveis uma ampla faixa de pH, inclusive
com o meio ácido (GOMES, 2019).

Já o biodigestor 02 apresentou um comportamento de acidogênese durante todo os 210


dias de avaliação, pois a média ficou 4,26 e com desvio padrão de apenas 0,16. No entanto não
foi observado a presença de fungos de forma visível, no entanto o meio estava muito aquoso,
conforme a Figura 18.
46

Figura 17 – Desenvolvimento de fungos no B1 durante outubro/2018

Fonte: AUTOR (2019).

Figura 18 – Meio muito aquoso no B2 durante outubro/2018

Fonte: AUTOR (2019).

O biodigestor 02 apresentou em todo o momento da pesquisa pH ácido, na faixa entre


mínima de 4,00 até o máximo de 4,44.

Desta forma, isolando o parâmetro de pH supõe-se que a inclusão de apenas restos


alimentares não seja o mais apropriado para um biodigestor, no entanto uma caracterização
mais pormenorizada do tipo de resíduo alimentar antes do processo de digestão anaeróbia seria
de grande relevância, além de que os demais parâmetros são fundamentais também.
47

5.1.2 Frações nitrogenadas

O nitrogênio pode ser encontrado nas formas de nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito
e nitrato. As duas primeiras são quimicamente encontrada na forma reduzida e o restante de
formas oxidadas. A idade da degradação pode ser relacionada entre as formas de nitrogênio
encontrado. Sendo as formas reduzidas com início de degradação, nitrito como intermediário
do processo e nitrato como final de tratamento (METCALF & EDDY, 2016).

O biodigestor 01 (B1) apresentou as concentrações de amônia de 858,35 mg/L para


agosto/2018 e 798,84 em setembro/2018. Para o outro biodigestor, que apresentou maior
período analítico de acompanhamento de agosto/2018 até janeiro/2019, os dados respectivos
para cada coleta mensal foram: 267,26 mg/L; 480,09 mg/L; 651,77 mg/L; 602,65 mg/L596,46
mg/L; e 47,79 mg/L.

A média de concentração de nitrogênio amoniacal no B1 foi 828,60 mg/L, sendo que no


mesmo período o B2 apresentou entre agosto e setembro/2018 de 373,68 mg/L e 441,00 mg/L
durante todo o período. Essa diferença positiva para o B1 se dá possivelmente pela boa mistura
da fração em associação entre restos alimentares e esterco caprino o potencial de degradação
da matéria orgânica é mais elevada.

Diversos microrganismos dentro do processo de biodigestão anaeróbia utilizam amônia,


mas conforme Kelleher et al (2002), o excesso de amônia pode inibir o processo, acarretando
numa menor degradação da MO, redução da produção de ácidos voláteis e consequentemente
prejudicando a fase de metanogênese. Ainda há o risco de toxicidade para concentrações muito
elevadas de 1,50 g/L, mas isto ocorre em casos extremos (MATA-ALVAREZ, 2003). Tal valor
não foi verificado nesta pesquisa.

A comparação entre o B1 e B2, relacionando ao parâmetro de pH, mostra-se que o


primeiro apresenta em fase de degradação mais avançada, pois a predominância de acidogênese,
enquanto que no B2 aparenta estar ainda entre hidrólise/acidogênese, ou seja, um cenário mais
lento de digestão.

Para nitrito, que é a fração intermediária de degradação na série nitrogenada, este


parâmetro é um indicador de transição de amônia para nitrato. O aumento da concentração deste
no B1 demonstra a possível celeridade metabólica entre fases de digestão quando se comparado
ao B2. Cenário próximo ao descrito em termos analíticos de pH, no parágrafo acima.
48

Em B2 para mesmo período houve um aumento de 0,17 mg/L em agosto para 0,37 mg/L
no mês seguinte, indicando a mesma tendência, no entanto houve uma redução para 0,16 mg/L
no mês seguinte, e depois se elevou para 0,35 mg/L, estabilizando-se até janeiro/2019. Essa
queda sugere a relação entre a atividade de redução da amônia para gerar nitrito, o que sugere-
se que os microrganismos possam ter possivelmente sofrido com a conversão de amônia, e
talvez tenham reduzido a população no reator.

As concentrações de nitrato no Biodigestor 01 foram em termos médios de 5,74 mg/L


com variação em desvio padrão em 1,45, reduzindo-se em 30,5% entre agosto e setembro.
Imaginou-se que, por conta da variabilidade alimentar, o sistema apresente uma tendência de
estabilidade ao longo do processo, no entanto a falta de dados de outubro/2018 em diante não
facilitou em se confirmar tal anseio.

No B2 as concentrações de nitrato foram muito discrepantes, a começar em agosto/2018


com concentração de 235,76 mg/L e caindo no mês seguinte para 10,33 mg/L. Relacionando-
se ao ocorrido com a queda em termos de amônia, delineando-se assim a rápida ingestão de
fontes nitrogenadas pelos microrganismos. Também, é possível que pela própria constituição
do resíduo alimentar, pela elevada carga de proteínas, essas moléculas tenham se solubilizado
no fundo do biodigestor durante junho/2018 até agosto/2018 e criado uma concentração de
massa protéica, facilitando a redução do nitrito para nitrato, ou pode ser a própria característica
do resíduo em termos nutricionais.

No entanto nos meses que se seguiram tudo leva a tendência de diminuição de nitrato,
o que pode indicar não seria mais preciso mais tempo para prolongar a pesquisa com o B2.

5.1.3 DQO

A DQO – Demanda Química de Oxigênio – é um parâmetro como indicador do


conteúdo orgânico, sendo bastante empregado no monitoramento de águas residuárias e
surperficiais, monitoramento de estações des ETEs – Estações de Tratamento de Esgoto e
também de efluentes anaeróbios (AQUINO; SILVA; CHERNICHARO, 2006).

Segundo Souto & Povinelli (2007), a exemplo de lixiviado de aterros sanitários, a


variável para parâmetro de DQO numa faixa máxima fica entre 190 – 80.000 mg/L. Em aterro
experimental de resíduos sólidos urbanos, Catapreta (2008) encontrou concentrações na faixa
49

de 230 – 76.536 mg/L. Para El-Fadel et al (2002) encontrou valores muito altos chegando até
120.000 mg/L em aterro sanitários de Belo Horizonte. Quando em altas concentrações, tudo
indica que há ainda uma grande quantidade de matéria orgânica ainda a se degradar.

Os valores para o B1 apresentou elevação em 45,73% da demanda química de oxigênio.


Tal aumento tudo leva a indicar que ainda persistiu a grande oferta de matéria orgânica ainda a
degradar, fato este que corroborado pelo fato da massa de resíduos orgânicos ter sido triturada,
e que portanto os microrganismos presentes no sistema estejam aumentando a taxa de
biodigestão. Ainda muitas moléculas carbônicas de cadeia longa ainda estavam disponíveis
para degradação, como muitos carboidratos e lipídios no meio (GOMES, 2019).

No Biodigestor 02 houve um valor mínimo de 19.051,28 mgO2/L em outubro/2018. Em


novembro se elevou para 43.834,44 mgO2/L (aumento de 130,09%), e que a partir deste mesmo
mês houveram elevações até alcançar um valor máximo (dentro do período analisado) de
64.591,96 no último mês de análise, em janeiro/2019.

O aumento em novembro indica que por conta de chuvas da pré-estação e, infelizmente,


falhas de vedação teve-se a entrada de líquido dentro do biodigestor, feito com que o processo
se intensificasse por maior solubilização e, com isso na degradação, elevando as concentrações
de DQO (SILVA, 2013). Tal imprevisibilidade talvez não se reporta o mesmo cenário caso
dentro de situação totalmente estanque.

É importante salientar que em termos de emissão de lançamento de efluentes em corpos


hídricos, para a Resolução COEMA 02/2017 (COEMA, 2017), o limite máximo de DQO é de
200 mg/L e que, sob hipótese alguma deve-se lançar o efluente do biodigestor em tal cenário,
diretamente em corpos hídricos. Desta forma, faz-se necessário a utilização de tratamento a
posteriori.

5.1.4 Coliformes totais

Um parâmetro microbiológico muito importante é de Coliformes Totais. Tal indicador


é avaliativo para poluição ambiental. Os resultados são expressos em NMP – Número Mais
Provável, e esta unidade indica a densidade de um muitos grupos de bactérias.

Os sistemas de biodigestão anaeróbia mostram-se capazes de eliminar coliformes totais


em percentuais bem plausíveis, que segundo Coté et al (2006) já encontrou eficiências de
50

97,94% até 100,00%, mesmo em temperaturas de 20° C. O mesmo ressalta que a eficiência
estar associada a temperatura e ao TRH – Tempo de Redenção Hidráulica.

No Biodigestor 01 o resultados para agosto e setembro/2018 foram respectivamente


0,00 e 110,0 NMP/100mL.

O valor de NMP em setembro leva a crer que pode existido alguma forma de
contaminação no momento da coleta do efluente, pois como esse biodigestor já apresentava
redução da geração e efluente, foi necessário desentupi-lo para sair o chorume. É importante
salientar que foram tomadas as devidas cautelas, como higienização do bocal de saída, uso de
luvas e o frasco autoclavado. Pode ver isto na Figura 19.

Figura 19 – Processo de limpeza e higienização pré-coleta

Fonte: AUTOR (2019).

Não foi realizada análise no laboratório em dezembro/2018 por conta de problemas de


rotinas no LAMAE – Laboratórios de Análises Microbiológicas de Análises e Efluentes.

Para o biodigestor 02 foi apenas detectada a presença de coliformes totais no mês de


setembro/2018 , com 78,00 NMP/100mL. Como só foi indicado presenta de CT nesse mês,
pode também sido também motivos de contaminação, pois no bocal de saída estava com
problemas de vedação, e isto pode influenciado no resultado, mas enfatizando que os protocolos
de limpeza e higiene também foram igualmente como foram para o B1. Na Figura 20 observa-
se o detalhe do bocão de saída inferior.
51

Figura 20 – Saída do efluente no B2

Fonte: AUTOR (2019).

5.2 Caracterização da biomassa

5.2.1 Umidade

Acompanhar a umidade da biomassa é fundamental nos sistemas de biodigestão


anaeróbia, pois dependendo dela o fator de degradação de matéria orgânica é beneficiado ou
até mesmo cessado. Andreoli et al (2003) ressalta que umidade entre 60 e 90% há maior
eficiência de geração de biogás, por exemplo, e consequente melhor degradação dos resíduos.

Maragno; Trombin; Viana (2007) citam que a água é imprescindível para as


necessidades fisiológicas dos microrganismos, os quais não sobrevivem na ausência desta.

A relação de substrato orgânico, microrganismo e a água disponível para a reações


metabólicas é importante para o próprio crescimento microbiano e da síntese de substâncias
(PASTORE; BICAS; JUNIOR, 2013).

No Gráfico 02 estão os valores de umidade pelos dois biodigestores.

Gráfico 02 – Teor de umidade expresso em umidade na biomassa dos biodigestores


52

Fonte: AUTOR (2022).

O acompanhamento da Umidade apenas a partir de setembro/2018 se deu por questões


de problemas da estufa do LAAE – Laboratório de Análises Físico-Químicas de Águas e
Efluentes, por isso foi necessário utilizar a estufa de outro laboratório do Bloco de Recursos
Hídricos.

Durante todo o ano de 2018 a umidade o B2 apresentou concentrações superiores ao do


B1, que variou entre 74,99 a 84,10%, enquanto que para o B1 variou entre 59,60 a 70,48%. É
importante salientar que o primeiro biodigestor recebeu menos água na alimentação em
junho/2018 (27,5 L) do que o B2 (38,0 L).

A partir de dezembro/2018 a umidade no B1 começou a aumentar, de tal forma que


ultrapassou o B2 em janeiro/2019, praticamente se igualando. Isto pode ter ocorrido por conta
melhor degradação em B1, o que pode ter liberado água dos compostos de restos alimentares e
esterco. Possivelmente, também houve aumento dióxido de carbono a ser liberado pelas vias
hidrolíticas de degradação.

Como o B1 apresentou melhores condições de biodegradação, o processo de


anaerobiose avançada aumenta as proporções de umidade no sistema, o que consequente
acrescente uma liberação enzimática mais intensa, além de ser um indicador que a maturação
da MO está mais próxima ( SILVA, 2013; GOMES, 2019).
53

A elevação da taxa de umidade de novembro para dezembro/2018 também pode ter


ocorrido por conta de chuvas de pré-estação chuvosa, de fato houve precipitação na sede do
município de Sobral na época, o que pode ter entrada no sistema por alguma de vedação.

5.2.2 Teor de sólidos

O teor de sólidos tem uma importância crucial na caracterização da biomassa por


permitir quantificar a fração volátil da fração total, permitindo traçar uma relação do progresso
da degradação do que está dentro do reator.

Os dados de ST – Sólidos Totais e SV – Sólidos Voláteis partem de setembro/2018 até


janeiro/2019. Por conta de problemas com a estufa da laboratório não foi realizado o
procedimento deste parâmetro em agosto/2018.

Abaixo o Gráfico 03 de colunas dos dados obtidos entre setembro/2018 até janeiro/2019,
para ST e SV em valores percentuais.

Gráfico 03 – Concentrações de ST e SV nos biodigestores

Fonte: AUTOR (2022).

Nota: Os teores de STs é em relação ao teor de massa úmida (ST + Peso da água); já para SV é em relação ao
ST.
54

Conforme o gráfico 02, nota-se que os teores para Sólidos Totais, em sua maioria são
constituídos de sólidos voláteis, ou seja, apresentam em sua constituição total na maioria de
matéria orgânica. Isto é de esperar haja vista que a alimentação dos biodigestores foi de fato de
resíduo orgânico.

Em novembro/2018 houve um percentual de 49,86% e 44,62% de ST respectivamente


para B1 e B2. Estes foram as concentrações durante todo o período de pesquisa. É possível que
por de infiltrações a biomassa possa ter diluído, influenciando nos valores mínimos.

Também possível interpretar que os teores de SV são mais predominantes em B1. Muito
provavelmente a falta de trituração dos alimentos tenha dificultado a quebra de nutrientes pelos
microrganismos, tornando o B2 levemente baixo de sólidos voláteis.

5.2.3 Frações nitrogenadas


Conforme Sperling (2005), o processo de nitrificação em processos em tratamento a
amônia é oxidada para nitrito e por último é convertida em nitrato. Também o mesmo autor
enfatiza que a amônia em sua forma livre possui toxicidade.

5.2.3.1 Amônia

Segundo Paredes et al (2007), sobre a degradação de amônia, o mesmo cita que o


processo de hidrólise do nitrogênio orgânico, vindos por exemplo dos aminoácidos, é
convertido em nitrogênio amoniacal. Nisto é possível indicar a degradação de proteínas no
resíduo orgânico.

As respectivas concentrações das pesquisa com os dados de amônia se encontram na


Tabela 06.

Tabela 06 – Concentrações obtidas nas análises de Amônia para B1 e B2


55

Fonte: Autor (2022).

É possível observar conforme a Tabela 06 que os resultados para amônia variou al longo
dos meses para ambos os biodigestores. Tal variância pode indicar que os microrganismos estão
adaptando ao sistema e buscando uma biodegradação dos nutrientes.

Ademais pode-se aferir pelos dados que em ambos os biodigestores houve uma queda
nas concentrações de outubro para novembro. Correlacionando com os teores de umidade, é
possível que com a queda da umidade pode ter afetado a conversão da amônia.

Comparando agosto/2018 e janeiro/2019 para o B1, ainda há degradação ocorrendo,


enquanto que o B2 decai, corroborando que a degradação na proporção de 50% de esterco/50%
resíduos alimentares torna-se melhor que no biodigestor alimentado com apenas resíduos
alimentares.

5.2.3.2 Nitrato

Os resultados para este parâmetro se encontram na Tabela 07.

Tabela 07 – Valores obtidos nas análises de nitrato na biomassa

Fonte: AUTOR (2022).


56

Pelos dados da tabela acima, percebe-se que a média é idêntica, no entanto as


concentrações para o B2 variou mais. Para ambos os biodigestores as taxas de amônia foram
mais elevadas do que para nitrato. . Isto leva a conclusão de que a transformação está lenta, e
que, portanto, pode ser que o processo ainda esteja em fazes iniciais de digestão como
acidogênese por exemplo.

5.4 Temperatura

No Gráfico 04 pode-se notar que as faixas de temperaturas para ambos os biodigestores


ficaram dentro da faixa no qual bactérias mesofílicas aturam em temperaturas entre 28°C a
35/C, convertendo assim amônia para nitrato.

Gráfico 04 – Temperaturas nos biodigestores 01 e 02

Fonte: AUTOR (2022).


57

5.4 Recalque

A medida do recalque é importante para acompanhar e avaliar indiretamente o processo


de biodegradação dos resíduos orgânicos, pois a medida que os compostos com de cadeias mais
complexas vão se reduzindo, a tendência é que ocorra o rebaixamento das camadas dentro do
biodigestor.

A medição é feita de maneira muito simples, com uma trena ou fita métrica basta sempre
medir na mesma cota superior, marcada como a boca do biodigestor até se encontrar com o
nível dos resíduos, sempre de forma perpendicular, pois o rebaixamento da massa ocorre por
conta da força gravitacional.

No Gráfico 05 é visto a evolução com os valores de recalque por biodigestor durante os


meses.

Gráfico 05 – Evolução temporal do recalque para o B1 e B2

Fonte: AUTOR (2022).


58

Os recalques do B1 e B2 apresentaram tendências semelhantes ao longo do período.


Nota-se que o B1 a partir de setembro apresentou um rebaixamento superior ao B2,
ultrapassando-o. A própria constituição do resíduo, pelo peso específico da massa do alimento
sob esterco pode ter compactado, gerando assim um recalque mais intenso. Também aliado a
uma degradação mais rápida, devido a mistura no sistema, o que permitiu a aceleração da
conversão de matéria orgânica e, com isso a constatação de sua melhor viabilidade.

Na tabela abaixo apresenta as variações a fim de comparar em termos percentuais essa


evolução no recalque.

Tabela 08 – Variações dos recalque em unidade centimétrica e percentual

Fonte: AUTOR (2022).

O biodigestor 01 apresentou uma variação considerável entre agosto e setembro, em


11,3 cm, o que corresponde a 63,8% de abaixo de um mês a outro. Conforme Eyay (2016), a
compressão inicial em aterros sanitários, por exemplo são observados recalques “instantâneos”,
que tem sua origem em aplicação de cargas externas. Normal é associado a espaços vazios e
também a partículas por contado do próprio peso.

Após essa fase de recalque “instantâneo” os próximos rebaixamentos são por conta da
própria degradação, gerando gases e efluentes.

As variações ao logo do período analisado apresentam queda, que podem estar


relacionada a disponibilização de um substrato cujo a degradação exige mais tempo para a
transformação dos compostos que deverão ser metabolizados.

O B2 apresenta valores menos variáveis, pois indica que a metabolização está sendo
mais difícil para os microrganismos e, possivelmente uma biomassa muito aquosa e gordurosa
(Figura 21). Tal fator, pode ter reduzido a atividade das bactérias fermentativas, tornado mais
custoso o processo, algo que foi diferente do B1, que já apresentou um comportamento mais
próximo da estabilização.
59

Figura 21 – Aspecto da biomassa no B2 em outubro/2018

Fonte: AUTOR (2019).


60

6. CONCLUSÃO

Os resultados das análises dos biodigestores permitiu uma avaliação razoavelmente


completa tanto dos efluentes gerados como da biomassa do interior dos reatores. Os resultados
se mostraram de forma geral positivos e bastante interessante da forma como biodigestores
sustentáveis são bastantes eficientes e práticos de serem aplicados em ambiente operacional
mesmo de que em caráter experimental.

Em termos de Coliformes Totais não se mostrou tão relevante para aferir a eficiência,
pelo fato de que possivelmente houve contaminações no momento da coleta, mesmo todos os
cuidados de limpeza terem sido tomados.

Para o parâmetro de sólidos voláteis, tanto em B1 como B2, se mostraram muito


próximos de sólidos totais, o que comprova que a alimentação de ambos, mesmo em que
proporções de frações diferentes no B1, o teor de matéria orgânica era predominante. Sendo
que foi o B2 que apresentou maior percentual de sólidos voláteis, apesar de serem valores bem
semelhantes.

Em termos de compostos nitrogenados, o B1 demonstrou maiores concentrações de


amônia, o que indica que os resíduos dentro do sistema estavam em melhor eficiência de
degradação.

Para recalque os valores medidos apresentaram tendência de aumento tanto em B1 como


B2, sendo que no primeiro houve maior recalque, o que pode ser explicado pela pressão
exercida nas massas, haja vista que o B1 foi alimentado com frações com massas específicas
diferentes, o que intensificou o aumento entre os dois primeiros meses de coleta, e também
houve maior degradação.

Com isso, o B1 se mostrou mais eficiente em termos de estabilização no período


analisado, pois a fração de esterco com restos alimentares por ter propiciado o desenvolvimento
melhor de degradação pois o esterco possivelmente tem melhor capacidade de estabilização.

Assim sendo, é correto afirmar que o B1 apresentou melhor eficiência, e que o B2 talvez
ainda necessitasse de muito mais tempo para ter resultados que indicassem estabilidade.

Recomendações importantes para projetos com biodigestores:


61

➢ Preencher o fundo do biodigestor com material de granulometria que permita


apenas percolar o efluente para evitar entupimentos;
➢ Melhorar o processo de vedação;
➢ Aplicar dispositivos que mensurem a produção de biogás;
➢ Realizar experimentos com a biomassa gerada e o efluente gerado;
➢ Realizar a continuidade de experimentos com a biomassa gerada e o efluente
gerado;
➢ Recircular o efluente e ainda testar com diferentes tipos, como esgoto doméstico
bruto e tratado.
62

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