Você está na página 1de 55

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Escola de Engenharia – Depto. de Engenharia Civil


20 semestre de 2017

Aula 5

Características do tráfego (cont.)


5. Características do tráfego

Demanda
(Aula 3)

Serviço
5.7

2o semestre de 2017
Oferta
5.1
2o semestre de 2017
5.1. Planejamento da oferta

• a oferta à circulação de veículos é


fornecida pelo sistema viário de uma
cidade ou região

• o sistema viário é resultado da aplicação


de medidas urbanísticas de uma cidade
ou região, resultantes do planejamento

2o semestre de 2017
urbano, determinado por seu plano
diretor
5.1. Planejamento da oferta (cont.)
• o sistema viário deve ser um dos
instrumentos para permitir a mobilidade da
população com conforto, rapidez e
segurança

• o plano diretor de uma cidade deve ser


pensado em conjunto com o planejamento
de transportes – portanto, ambos devem ser
associados

2o semestre de 2017
• não é racional tentar acompanhar o
crescimento da frota expandindo o sistema
viário
5.1. Planejamento da oferta (cont.)

2o semestre de 2017
Quatro Rodas, jan.62
5.1. Planejamento da oferta (cont.)

Plano de
avenidas do

2o semestre de 2017
prefeito de
São Paulo,
Prestes
Maia, 1935
5.1. Planejamento da oferta (cont.)

2o semestre de 2017
Plano de vias expressas para a cidade de São Paulo, 1972
5.1. Planejamento da oferta (cont.)

• entre outros elementos, o


plano diretor da uma
cidade deve conter as
regras de uso e ocupação
do solo

• o município deve ter um


tratamento legal para a

2o semestre de 2017
permissão da construção
de Polos Geradores de
Tráfego - PGTs
fonte: Denatran
5.1. Planejamento da oferta (cont.)

Exemplo de conflito de
interesses envolvendo o
planejamento urbano, a
Engenharia de Tráfego e os
moradores (comunidade),

2o semestre de 2017
empreendedores (grupos
econômicos) e prefeitura
(poder público)

fonte: O Estado de S. Paulo


5.1. Planejamento da oferta (cont.)

fonte: Folha de S. Paulo, 1.jul.13

2o semestre de 2017
A aplicação intensiva de tecnologia (incluindo o ITS)
permitirá o planejamento de cidades que minimizem
a necessidade de deslocamento por transporte
individual (são as chamadas “smart cities”)
5.2. O princípio da hierarquização funcional
das vias
Em um sistema viário, as vias recebem diferentes
tipos de classificação e possibilidade de
intervenção. As principais funções das vias em um
ambiente urbano são:
• deslocamentos de longa distância

• ligação entre os bairros

2o semestre de 2017
• circulação nos bairros

• acesso às moradias
5.2.1. Classificação das vias

• As vias são classificadas a partir de suas


características funcionais e físicas

• São 4 tipos, segundo o CTB (art. 60):


- expressas (ou de trânsito rápido)

2o semestre de 2017
- arteriais
- coletoras
- locais
5.2.1. Classificação das vias (cont.)

Segundo o CTB (Anexo I e art. 61):

• expressas (ou de trânsito rápido) – aquela


caracterizada por acessos especiais com
trânsito livre, sem intersecções em nível, sem
acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem
travessia de pedestres em nível (velocidade

2o semestre de 2017
máxima = 80 km/h)
80
Km/h
5.2.1. Classificação das vias (cont.)

• arteriais - aquela caracterizada por intersecções


em nível, geralmente controlada por semáforo,
com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias
secundárias e locais, possibilitando o trânsito
entre as regiões da cidade (velocidade máxima
= 60 km/h)
60

2o semestre de 2017
Km/h
5.2.1. Classificação das vias (cont.)

• coletoras – aquela destinada a coletar e


distribuir o trânsito que tenha necessidade de
entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou
arteriais, possibilitando o trânsito dentro das
regiões da cidade (velocidade máxima = 40
km/h) 40
Km/h

• locais – aquela caracterizada por intersecções

2o semestre de 2017
em nível não semaforizadas, destinada apenas
ao acesso local ou a áreas restritas (velocidade
máxima = 30 km/h) 30
Km/h
5.2.1. Classificação das vias (cont.)
CTB, art. 61

foto antiga da
Av. Rebouças
(São Paulo),
uma via arterial,
que na época

2o semestre de 2017
estava com
regulamentação
de velocidade
máxima de 70
km/h
5.2.1. Classificação das vias (cont.)
A hierarquia das vias e a classificação viária
correspondente
Classificação Principal Característica
pelo CTB
Funcional Operacional

expressas
deslocamentos de 80
ou de trânsito longa distância Km/h
rápido

ligação entre os 60
arteriais
bairros

2o semestre de 2017
Km/h

circulação nos 40
coletoras
bairros Km/h

locais acesso às moradias 30


Km/h
5.2.1. Classificação das vias (cont.)

Dados da cidade de São Paulo:

• dos 17 mil km que formam o sistema viário


principal da cidade de São Paulo, 83% são de
vias locais (14.000 km)

• as coletoras representam 11% (1.985 km)

2o semestre de 2017
• o restante (6%) pode ser considerado como
de vias arteriais, uma vez que o sistema
expresso não chega a 100 km
5.2.2.
Representação
esquemática
da hierarquia
das vias

2o semestre de 2017
fonte: Cepam
5.2.3. Hierarquia das vias - exemplo

Coletora Local

Arterial

2o semestre de 2017
Expressa
Analogia: sistema circulatório humano
viário e sistema viário

2o semestre de 2017
5.3. Princípios da hierarquização funcional

O sistema viário deve ser balanceado em


termos de capacidade, com transição
gradativa entre suas vias e contínuo em
sua função

2o semestre de 2017
5.3. Princípios da hierarquização funcional (cont.)

• balanceado – capacidade compatível com a


demanda
• os desbalanceamentos entre oferta e
demanda provocam os congestionamentos,
que fazem com que os motoristas busquem
rotas alternativas, utilizando-se para isso,

2o semestre de 2017
eventualmente, de vias com funções
inadequadas para isso
5.3. Princípios da
hierarquização
funcional (cont.)
Exemplo de
desobediência aos
princípios da
hierarquização
funcional
(balanceamento):
no Elevado Costa

2o semestre de 2017
e Silva (SP), existe
um acesso antes
de uma saída
(sentido
Bairro/Centro)
5.3. Princípios da hierarquização funcional (cont.)

• transição gradativa – os deslocamentos


devem ser efetuados em vias que atendam
a organização funcional
• por exemplo, a saída de um sistema
expresso deve se dar por vias arteriais.
Antes de se chegar ao sistema viário local,

2o semestre de 2017
o tráfego dessas arteriais deve ser
distribuído por vias coletoras
5.3. Princípios da hierarquização funcional (cont.)
Outro exemplo de desobediência aos princípios de
hierarquização (transição gradativa): a ligação
viária entre 2 sistemas expressos (Túnel Ayrton
Senna/23 de Maio/Marginal Pinheiros) é feita por
uma via arterial (JK), com semáforos

2o semestre de 2017
5.3. Princípios da hierarquização funcional (cont.)
Exemplo de desobediência aos princípios de
hierarquização (transição gradativa): a ligação
viária Túnel Ayrton Senna/Sena Madureira/Ricardo
Jafet (vias expressa/arteriais, todas com 3 faixas) é
interrompida pelo trecho das vias Mons. Manuel
Vicente e Maurício Klabin, coletoras, esta última
com 2 faixas

2o semestre de 2017
5.3. Princípios da hierarquização funcional (cont.)

Proposta de projeto viário para resolver o


problema citado no slide anterior (fonte: PMSP)

2o semestre de 2017
5.3. Princípios da hierarquização funcional (cont.)

• contínuo – transição suave entre as


funções (sem gargalos)
• ao sair de uma via e adentrar em uma
outra, de função distinta, esta última deve
atender ao fluxo que a ela se destina,
sem gerar perturbações na corrente de

2o semestre de 2017
tráfego ou apresentar gargalos
5.3. Princípios da hierarquização funcional (cont.)
Gargalo é a seção crítica de uma via ou trecho de
via onde ocorre a restrição de capacidade
(descontinuidade). Interfere na medida da
demanda das seções posteriores
Exemplo: acesso
da Radial Leste
para a Ligação
Leste-Oeste, em
S. Paulo: a

2o semestre de 2017
descontinuidade
no número de
faixas formava
um gargalo
5.3. Princípios da hierarquização funcional (cont.)
Vista da correção do gargalo da Radial Leste: o
princípio da continuidade foi aplicado,
regularizando-se a seção da via com barreiras de
concreto

2o semestre de 2017
5.4. Variável de oferta veicular
• Variável de oferta – Capacidade (C)

• Capacidade de tráfego = máximo fluxo que


pode normalmente atravessar uma seção ou
trecho de via, nas condições existentes de
tráfego, geometria e controle, em um
determinado período (unidade de C = veíc/h)

2o semestre de 2017
C = Fluxo máximo = Fmáx
5.5. Alguns fatores que podem afetar a oferta
viária

• geometria da via – número de faixas, largura,


rampa, curvatura, valetas
• tipo de pavimento – aderência, composição

2o semestre de 2017
5.5. Alguns fatores que podem afetar a oferta viária
(cont.)

• controle do tráfego – sinalização (semáforo;


parada obrigatória)

• aleatoriedade – chuva, acidentes

• movimentos do tráfego – entrelaçamentos

2o semestre de 2017
5.5.1. Exemplos de entrelaçamento

Eixo Av. Dr.


Arnaldo, São
Paulo/Consola
ção: o
movimento
dos ônibus em
diagonal
restringe a

2o semestre de 2017
capacidade da
via (nesta foto
e na seguinte)
5.5.1. Exemplos
de entrelaçamento
(cont.)

2o semestre de 2017
5.5.1. Exemplos de entrelaçamento (cont.)

foto: Autoban

2o semestre de 2017
Em interligações viárias em forma de trevo,
caso os volumes de tráfego sejam altos, pode
ocorrer interferência na fluidez devido ao
entrelaçamento dos movimentos das alças
5.5.1. Exemplos de entrelaçamento (cont.)

foto: Autoban

2o semestre de 2017
Exemplo de interligação de rodovias cujo
traçado elimina os efeitos do entrelaçamento
5.5.1. Exemplos de entrelaçamento (cont.)

foto: Autoban

2o semestre de 2017
Exemplo de interligação de rodovias usada no
Rodoanel (São Paulo) que elimina os efeitos do
entrelaçamento através de um arranjo
geométrico complexo
5.6. Ações de Engenharia que podem
interferir na capacidade de uma via

• alteração de circulação

• regulamentação de estacionamento

• melhorias nas condições do controle


semafórico

2o semestre de 2017
• melhoria do pavimento

• faixas reversíveis
5.6. Ações de Engenharia que podem
interferir na capacidade de uma via (cont.)
Faixa reversível: medida operacional para
aumento no número de faixas (maior oferta)

2o semestre de 2017
fonte: CET
5.6. Ações de Engenharia que podem interferir
na capacidade de uma via (cont.)

A largura das faixas e a capacidade

• valor de referência de capacidade para via


semaforizada = 1.800 veíc/h, por faixa, de 3,5
m de largura, plana, bem pavimentada, com
tempo bom
• esse valor é decorrente de vários fatores,

2o semestre de 2017
incluindo as condições de dirigibilidade
(espaçamento do veículo à frente, poder de
frenagem etc)
5.6. Ações de Engenharia que podem interferir
na capacidade de uma via (cont.)

A largura das faixas e a capacidade

• em vias de fluxo ininterrupto os valores da


capacidade são maiores
Fonte HCM, 2010

2o semestre de 2017
Condições: via sem veículos pesados e
motoristas usuários frequentes
5.6. Ações de Engenharia que podem interferir
na capacidade de uma via (cont.)
outra possibilidade
em teste, usando
ITS: comboios de
veículos, no qual o
líder assume o
controle de todos
os integrantes,
interconectados

2o semestre de 2017
por rede sem fio,
gerando economia
fonte: 4 Rodas, mar.11
e reduzindo o
desgaste dos
motoristas
5.6. Ações de Engenharia que podem interferir na
capacidade de uma via (cont.)
Redução na largura das faixas (no exemplo, reduzindo-
-se de 3,5 para 2,5 m, há um acréscimo de uma faixa)
10,5 m

3,5 m

2o semestre de 2017
2,5 m
10,5 m
5.6. Ações de Engenharia que podem interferir na
capacidade de uma via (cont.)
• a largura de 2,5 m é a mínima para uma faixa,
conforme Resolução 236/07 do Contran

2o semestre de 2017
fonte: Resolução 236/07 do Contran – Manual
Brasileiro de Sinalização – Volume IV – Sinalização
Horizontal, Cap. 5
5.6. Ações de Engenharia que podem interferir na
capacidade de uma via (cont.)

• a providência de se reduzir a largura das


faixas deve ser reservada para casos
críticos de falta de capacidade, pois traz
desconfortos aos motoristas
• outra recomendação importante é utilizar
a redução na largura somente nas
aproximações semafóricas, pois em

2o semestre de 2017
trechos longos existe dificuldade por parte
dos motoristas em manter os veículos em
faixas estreitas
5.6. Ações de Engenharia que podem interferir
na capacidade de uma via (cont.)
Redução na largura das faixas

2 3
1 4
2 3
1

2o semestre de 2017
O rebalizamento elevou de 3 para 4 o número de
faixas, aumentando a capacidade da via
5.6. Ações de Engenharia que podem interferir na
capacidade de uma via (cont.)
Exemplo de outra medida operacional para
aumentar a oferta: liberação do uso do
acostamento em congestionamento, mediante
informação via Painel de Mensagens Variáveis -
PMV (outra aplicação do ITS)

2o semestre de 2017
Fonte: Traffic
Technology
5.7. Nível de Serviço

• o nível de serviço é
a representação da
operação do tráfego
e reflete a sua
qualidade

2o semestre de 2017
• variáveis do nível de
serviço (em regime
descontínuo):
velocidade e atraso
5.7.1. Velocidade

• Global = distância total O/D


tempo de viagem total

avaliação da qualidade de serviço do Sistema


Viário

• Percurso = distância total do trecho de medição

2o semestre de 2017
tempo de viagem no trecho
avaliação da operação de uma ou mais vias do
Sistema Viário
5.7.1. Velocidade (cont.)
Exemplo de medida de velocidade global,
pesquisada pela CET em rotas pré-determinadas
ao longo dos anos

2o semestre de 2017
5.7.2. Atraso

• Atraso = tempo real de viagem – tempo


ideal de viagem

• causas do atraso:

- sobredemanda

- má gestão do trânsito

2o semestre de 2017
- acidentes e outras aleatoriedades, como
por exemplo intempéries, greves etc
Características do tráfego - resumo

Característica Variável (is) Unidade

Demanda Volume veíc/h

Oferta Capacidade veíc/h

2o semestre de 2017
Velocidade km/h
Nível de Serviço
Atraso minutos

Você também pode gostar