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PAPAI EU

QUERO CASAR
Três saias de lá, três calças de cá e uma cinta pra Personagens:
atrapalhar. Maria – Mafalda – Madeleine – Oscar – Osmar Osnir -
Seu Sebastião – Craúdia - Martinha Prefeito Dodô -
Maria de Lourdes - Fátima Selma - Padre Ernesto

Cenário

Do lado direito uma sala, do lado esquerdo uma praça.


De Leandro Vieira A praça tem que ter um espaço maior.

Tudo se passa na época do Faroeste

CENA 1 (SALA)
(Na sala está Maria, Mafalda e Madeleine) Madeleine: Mas Mafalda, nosso papai nunca vai deixar.

As três cantam: “O papai não quer deixar, uma aliança nós botar. Os homens vêm Maria: E quem disse que ele precisa deixar o criatura? Para de ser boba
com a esperança e o meu papai com a ignorância. Nosso coração pula feito boi, e Madeleine. Eu também vou! Onde está o vestido Mafalda?
os homens não podem nem “oi”, estamos perdidas e mal resolvidas e nossa irmã
cuidando das nossas vidas”. Mafalda: No meu quarto, vamos lá ver. (as três saem e entra Martinha)

Mafalda: Eu não agüento viver de baixo das asas do papai, a gente não pode fazer Martinha: Essas três sirigaitas estão planejando alguma coisa. Mas o que será?
nada. Já vieram oito rapazes tentar alguma coisa comigo, todos saíram daqui com Preciso descobrir o mais rápido possível. (entra Craúdia).
o olho roxo. Gente isso é cumulo do casamento, não achar um noivo. Nenhum é
valente para peitar realmente nosso papai. Craúdia: Oi Martinha, você por acaso não viu a vassoura? Eu deixei ali na
cozinha, mas agora não está mais.
Maria: Isso é verdade. Mas não podemos nos esquecer que nosso pai só descobre
nossos namoros por causa da Martinha, aquela fofoqueira. Martinha: A vassoura é sua?

Mafalda: Se a Santa das Esperanças aparecesse, eu ia pedir que a Martinha fosse Craúdia: Sim, é!
afogada no fundo do poço do quinto dos infernos.
Martinha: Então ela deve estar voando por aí. Preste atenção no que eu vou te
Madeleine: Não fale assim Mafalda, por mais que a Martinha já tenha estragado falar, você é a empregada, você deveria saber não eu que sou filha do dono da
todos os nossos namoros, ela continua sendo nossa irmã mais nova. casa. Eu tenho muitas coisas pra me preocupar.

Maria: Ela deve ter algum ponto fraco, e a gente precisa descobrir para contra Craúdia: Como a vida das suas irmãs?
atacá-la.
Martinha: Não, como qual empregada eu posso por no seu lugar. (sai)
Madeleine: O que adianta nós impedirmos que ela conte, sendo que uma hora os
rapazes vão ter que pedir nossas mãos em casamento e o papai vai dizer não e
Craúdia: Mais uma hora eu meto a mão na boca dessa esquelética. Oh menininha
ainda bater neles? O problema não é ela.
dos infernos, filha de uma... (entra seu Sebastião)
Maria: Mas pense Madeleine, se ela não contar, mais tempo nossos namoros vão
Sebastião: Craúdia, eu quero que amanhã você tranque minhas filhas no quarto.
durar, e mais coragem os rapazes terão em pedir nossas mãos em casamento de
Amanhã é a quermesse eu vou lá dar umas voltas, ver se eu arranjo uma
forma firme e valente e assim intimando nosso pai que vai acabar cedendo.
namorada. E por hipótese alguma minhas filhas podem ir. Lá vai estar cheio de
marmanjos de olho em rabo de saia, e minhas filhas do jeito que anda vão acabar
Mafalda: Eu concordo plenamente com a Maria, nada de piedade com aquela se enrabichando com algum. A Martinha você pode deixá-la livre, ela é novinha
“língua preta”... Mas meninas, eu tenho que mostrar um vestido que eu comprei não pensa nessas coisas.
pra ir à quermesse de amanhã à noite.
Craúdia: Mas o seu Sebastião, você não acha que já está na hora das suas filhas Oscar: Vai ver que algum furacão deu uma passadinha aqui e levou tudo embora.
namorarem, casar, ter suas casas. Seu burro!

Sebastião: Cala a boca Craúdia, cala a boca, fica quieta, minhas filhas vão Osmar: Não precisa falar assim. Eu apenas me confundi, esse foi o endereço que o
namorar na hora que eu achar que elas estão prontas, na hora em que eu achar um meu tio me deu.
noivo pra elas. E você vai cuidar das roupas, da comida, da faxina da casa e não
se intrometa do que não é da sua conta dona Craúdia. Oscar: Ou o seu tio é uma anta em fase de crescimento, ou você não consegue
acompanhar um mapa.
Craúdia: Só estava comentando.
Osnir: Vai com calma Oscar, o Osmar é assim mesmo. Com certeza ele viu algum
Sebastião: Pois não comenta, vai fazer minha polenta sua jumenta. (sai) rabo de saia e se perdeu todo.

Craúdia: Esse é outro que ta merecendo uns boxes. (começa a limpar a sala) Oscar: Não da Osnir, esse cara é muito burro, até a minha avó com mal
Ninguém me valoriza nessa casa, esse povo ta achando que a gente ainda está na de Alzheimer raciocina melhor que ele. Poxa, já era pra estarmos em Nova York,
época da escravidão. (senta no sofá e fica pensando) Ai meu Deus a polenta do mas esse xucro disse: “Vamos passar primeiro na cidade do meu tio, lá tem
homem! (sai correndo e entra Mafalda e logo em seguida Martinha) mulheres bonitas, bebidas, jogos, tudo de diversão”. A única diversão que eu
estou vendo é aquele urubu defecando.
Martinha: oi Mafalda. E aí estão planejando alguma coisa pra amanhã? Porque
que eu saiba amanhã tem quermesse e eu duvido que vocês não querem ir. Osnir: Vamos pedir ajuda e aí saímos daqui. (Entra as fofoqueiras Maria de
Lourdes, Fátima e Selma)
Mafalda: A gente quer ir sim, mas se o nosso papai não quer que a gente vá, a
gente não irá. Só um conselho queridinha, vai caça quem te quer. (sai) M. Lourdes: Olhem ali meninas, três forasteiros, o que será que eles querem aqui
na cidade de Buraco Nulo hein?
Martinha: Vou ficar de olho nelas. (sai)
Selma: Eu não faço a mínima idéia Maria de Lourdes, mas com certeza são
CENA 2 (NA PRAÇA) ladrões. Vou esconder todas as minhas jóias, meus dinheiros, porque nunca se
sabe.
(Chegam três forasteiros a cidade de “Buraco Nulo”)
M. Lourdes: Eles fazem um bom caldo hein. Oh coração que pula feito mula.
Oscar: (Lê a placa) Bem vindos à cidade de Buraco Nulo. E então meu querido
Osmar, me explica que raio de cidade é essa? Fátima: Não é nada disso Selma, tenho certeza que eles são mendigos e estão
morrendo de fome. O que a gente podia dar pra eles comerem?
Osmar: Eu não sei, era pra essa cidade estar cheia de prédios, luzes, cheio de
lojas. M. Lourdes: Podia ser eu... Ser eu a arranjar alguma coisa pra eles devorarem,
comerem, degolarem.
Selma: Com tanto que ninguém me assalte. Oh rapazes o que vocês querem por Osmar: Opa! To dentro.
aqui?
Osnir: Por mim a gente ia embora, e tentava achar logo...
Oscar: Olá moças.
Oscar: Ótimo! Já que todos estão de acordo. Então moças a gente aceita o convite
M. Lourdes: Ele chamou-me de moça Fátima. Ai que vergonha. de vocês.

Oscar: Muito prazer. Eu sou Oscar, esse é Osmar, e esse é o Osnir. Somos de Selma: O convite dela, porque eu não convidei ninguém.
Alabama, a cidade do Bang- Bang
M. Lourdes: Que maravilha rapazes. Então me acompanhem, vamos arranjar
Fátima: (pulando e batendo palma) Bang-Bang! Bang-Bang! Bang-Bang! Que algum lugar pra vocês dormirem lá em casa, na minha cama, debaixo da coberta.
legal! Aih!

Selma: E porque vieram pra cá? A cidade de Buraco Nulo é bem privada, tudo Selma: Deixa-me ir à frente. O meu cofre está aberto. (sai)
muito simples, e as pessoas são do bem. Aqui ninguém rouba ninguém viu.
Fátima: Vocês sabem onde a gente mora?
Osnir: Na verdade aqui não era nosso objetivo. Viemos parar aqui por engano.
Oscar: É claro que não.
M. Lourdes: Então a minha reza deu certo. Eu sou Maria de Lourdes, essa é a
Selma, e essa daqui a Fátima. Fátima: Que burros, a gente mora na nossa casa. (sai)

Oscar: Vocês não sabem como a gente chega à Nova York? M. Lourdes: É por aqui. (saem e entra o padre e o prefeito)

Fátima: Eu adoro nhoque. Mas eu não sei como chega à Nova York! (ela dá Prefeito: Essa quermesse de amanhã tem que estar uma maravilha. Com muitas
risada) Entenderam? Eu adoro nhoque, mas não sei como chega à Nova York! bexigas, rojões. Eu pensei tudo em uma cor bem animada, que tal cor de rosa.

Selma: Que menina Biruta. Padre: Senhor Prefeito Dodô. Não é querendo te desacatar, mas cor de rosa não é
uma cor adequada.
M. Lourdes: Porque vocês não ficam até amanhã à noite? Haverá uma quermesse
aqui, todos da cidade virão. É um evento anual que a gente faz. Prefeito: Como você é antigo Padre Ernesto, cor de rosa está na moda.

Oscar: Espera só um momento. (Ele puxa seus amigos em um canto) Que tal a Padre: Sim, mas para as moças. E na quermesse haverá homens.
gente ficar aqui até amanhã? Não temos nada a perder, até porque o Osmar já fez
isso por nós. Teremos comida de graça, lugar pra dormir na casa dessas velhas, e Prefeito: Adoro homens... Eles são prestativos.
podemos encontrar umas gatinhas amanhã nessa quermesse.
Padre: Sim, mas vamos acabar logo nosso assunto, que eu estou começando a Mafalda: Mas em fim, dona Craúdia, por favor, deixa a gente ir nessa quermesse,
ficar com medo. Em fim, no começo eu pretendo dizer algumas palavrinhas, e ai eu juro que a gente volta antes do meu pai e não comentamos nada com ninguém.
em seguida as danças, os bingos, as comidas.
Craúdia: Mas e o capeta da sua irmã?... Quer dizer e a sua irmã capeta... Quer
Prefeito: Adorei, e eu pensei como eu sou o prefeito, eu ficar numa cadeira tipo de dizer a sua irmã?
rei olhando vocês do alto de uma rocha. O que achas?
Maria: Isso a gente resolve muito fácil. (gritando) Martinha vem aqui na sala.
Padre: Acho uma idiotice. Senhor Prefeito, você está mais preocupado com o que (Quando Martinha entra Maria pega uma barata de mentira e mostra pra Martinha
você quer do que com a festa. que grita e desmaia.) Pronto resolvido. Coloca essa menina no quarto, se ela
acorda, fala que já está todo mundo dormindo pra ela ir dormir também. Meu pai
Prefeito: Que isso, estou preocupado com tudo. Que roupa você acha que eu sempre vem depois da meia-noite, e antes disso a gente ta aqui. Eu trago um
ponho? algodão doce pra você. (elas saem)

Padre: Amanhã a gente termina de acertar esses detalhes. Até mais ver. (sai) Craúdia: Eu gosto de algodão doce. (Ela pega Martinha e a leva para coxia, as
luzes da sala se apagam e ficam acesas só as da praça e Craúdia volta e dormi no
Prefeito: Esse padre é tão pouco fashion. Que dó dele. (sai) sofá, e as meninas vão chegando à quermesse.)

Madeleine: Vão entrando vocês. Vou ficar aqui pra descansar um pouco.

Mafalda: Tudo bem fica aí, porque eu não perco essa festa por nada. (saem ela e
Maria, e entra Osnir)

Osnir: Olá moça. Posso me sentar aqui?


CENA 3
Madeleine: Claro que sim. (Ele senta, e por um tempo fica em silencio).
(pela praça vão passando as pessoas que estão indo para a quermesse que fica
dentro da coxia, e de lá se ouve musicas e pessoas dançando e conversando) Osnir: Prazer, meu nome é Osnir, encantado por tamanha beleza.
(enquanto isso, do lado da sala entra Craúdia, e logo em seguida Maria, Mafalda e
Madeleine) Madeleine: Prazer, meu nome é Madeleine.

Craúdia: Ai meu Deus! Como vocês saíram do quarto? Osnir: Que lindo nome, tão lindo quanto você.

Maria: Você colocou a gente lá. Mas não trancou a porta. Madeleine: Muito obrigado pela gentileza. Mas você é novo por aqui?

Osnir: Sim, eu moro em outra cidade, e meu destino também era outra cidade,
mas por sorte eu vim parar aqui. Você tem namorado?
Madeleine: Eu já vou entrando minhas irmãs estão me esperando. (sai) Sebastião: Não entendi o que está dizendo.

Osnir: Nossa que moça linda, vou entrar na festa também. (sai e entra Mafalda Prefeito: O amor é feito de desejos, de sedução e eu estou sendo seduzido por essa
seguida de Osmar segurando um lenço) forte e expressiva palavra que me possui e me deixa louco.

Osmar: Senhorita, você deixou cair este lenço. Sebastião: Eu ainda não estou entendendo prefeito.

Mafalda: Ai como eu sou burra, deixei o lenço cair. Minhas mãos estão tão Prefeito: Amor! Amor seu Sebastião, é disso que estamos tratando.
cansadinhas, você não quer colocar esse lenço aqui no meu decote?
Sebastião: Você está apaixonado! Compreendo agora, mas por quem? (Dodô sai
Osmar: Com maior prazer. (ele coloca o lenço no decote dela) chorando) Que gazela doida. (sai e entra Maria)

Mafalda: Como suas mãos são grossas. Mostra-me o que fazer com elas. Maria: por pouco meu pai não me vê. Se ele souber que estamos aqui, nos arranca
um figado. (entra Oscar)
Osmar: Com maior prazer (Osmar joga Mafalda no banco e os dois começam a se
beijar, até que Mafalda se da conta do tempo, e empurra-o) Oscar: O que uma bela boneca faz nesse banco sozinha?

Mafalda: Eu tenho que ir me encontrar com as minhas irmãs, outro dia a gente se Maria: Esperando um lindo rapaz aparecer.
beija. (Vai saindo)
Oscar: Será que ele não já chegou? Prazer donzela, meu nome é Oscar.
Osmar: Só me fala seu nome.
Maria: Muito prazer meu nome é Maria. Só quero te informar que sou moça de
Mafalda: Mafalda e o seu? família, então me respeite.

Osmar: Osmar minha querida. (Mafalda sai seguida por ele, e entra o prefeito Oscar: Mas é claro que lhe respeitarei, sou um verdadeiro cavalheiro.
Dodô e seu Sebastião)
Maria: Mas espera aí tem alguma coisa na sua boca. (Ela se aproxima e o beija
Prefeito: E então seu Sebastião, o que está achando da festa? Afinal foi do seu fogosamente).
bolso grosso que saiu boa parte do patrocínio.
Oscar: Ual! Animal bicho. Nenhuma potranca nunca me beijou assim na vida. (ele
Sebastião: Está boa a festa senhor Prefeito Dodô. Pena que não encontrei avança nela, mas ela o empurra)
nenhuma namorada ainda.
Maria: Que isso? Respeita-me, sou moça de família. (se levantando) Já estou
Prefeito: Às vezes o amor da gente está mais perto do que se possa imaginar. indo, até uma próxima. (sai)
Oscar: Com certeza. (entra M. de Lourdes) Lá vem a tarada homicida. Osmar: Apaixonado por peixe Oscar? Desde quando isso?

M. Lourdes: Olá jovem rapaz. O que fazes aqui nesse banco duro e gelado? Oscar: Cala a boca seu idiota. Desculpa Osnir, mas eu sinto que essa é a mulher
que eu sempre quis pra mim.
Oscar: Esfriando meu bumbum. Mas e aí Maria de Lourdes, porque saiu da festa?
Osnir: Cara, por acaso essa mulher é a Maria de Lourdes?
M. Lourdes: Alguma coisa me disse que a minha metade da jabuticaba estava a
minha espera. Oscar: Vira essa boca pra lá satanás. Ela se chama Maria, cara, ela é bonita,
esperta e atirada.
Oscar: Então pode ir procurá-lo, eu não me importo de ficar aqui sozinho, até por
que... Osmar: Eu também conheci uma que me deixou de pelo branco. Ela se chama
Mafalda, que mulher é aquela? Linda, safada, é tudo que eu quero pra mim. Mas e
M. Lourdes: Você é a minha metade da jabuticaba. Gruda em mim, que eu te faço você Osnir? Não conheceu nenhuma?
rei.
Osnir: Conheci, ela é sensível, meiga, mas vergonhosa. Estou afim dela também.
Oscar: Olha Maria de Lourdes...
Oscar: Então está fechado, vamos ficar aqui dormindo na casa daquelas velhas e
M. Lourdes: Não, não, e não, pra você é Lourdinha. Assim o nome fica mais aí a gente dá um trato nessas belezuras. (saem e entra Maria, Mafalda e
correspondido a minha idade. (Ela o agarra e o beija a força, depois de um tempo Madeleine)
ela joga ele) Não, porque fez isso Oscar? Sou moça de família, não deveria ter me
agarrado dessa forma. Maria: Vamos embora logo, antes que o nosso pai pegue a gente aqui, eu o vi,
está enchendo a cara em um bar. Pena que eu não estou vendo o Oscar, ele é tão
Oscar: Eu te agarrado? Mas como... lindo.

M. Lourdes: Pode deixar que eu não vou contar a ninguém. Mas da próxima vez Mafalda: Então você também encontrou um rapaz? Queridas, eu encontrei um
vai com calma, eu ainda não perdi minha virgindade, essas coisas pra mim são homem, que ui, é de tirar o fôlego. Ele se chama Osmar, o nome é feio, mas em
novas e... (sai chorando) compensação ele. E você Madeleine não encontrou ninguém?

Oscar: Que isso? Essa mulher além de tarada tem o intestino na cabeça. (entra Madeleine: Não, eu não me interessei por ninguém. Eu fiquei mesmo é me
Osmar e Osnir) divertindo. Mas vamos logo, antes que o papai chegue em casa. (Os meninos
voltam)
Osnir: Já curtimos, já conhecemos umas gatas, só que agora vamos dar no pé.
Osmar: Eu esqueci minha carteira aqui em algum lugar...
Oscar: Só se eu tivesse doido, conheci um peixão que me deixou apaixonado.
(Osmar começa a rir) Oscar: Se não é a Maria.
Maria: Se não é o Oscar. Padre: E pode deixar que eu faço com questão o casamento delas.

Osmar: Se não é a Mafalda. Sebastião: Você é o único padre mesmo da cidade. (Começa a rir e o padre fica
sem graça) Mas me deixa te pergunta, aquele prefeito é meio desmunhecado não
Mafalda: Se não é o Osmar. é?

Madeleine: Oi Osnir. Padre: Seu Sebastião, eu não posso ficar falando da vida alheia. E se for, é uma
opção dele.
Osnir: Oi Madeleine.
Sebastião: Que seja. Estou indo, passar bem. (sai)
Oscar: Deixa-me ver se entendi, nós três que somos amigões, praticamente
irmãos, se encantamos pela irmã de cada uma. Que engraçado. Padre: Passar bem seu vigarista, pançudo de uma figa, eu só te trato bem porque é
você quem banca a maior parte das festas. (ele dá gargalhadas) Seu jumento, gasta
Mafalda: Pois não é que é. Ironia do destino. seu dinheiro pra gente se diverti. (solta mais gargalhada e entra o prefeito)

Oscar: Aceitam sair com a gente? Prefeito: O senhor está passando bem padre Ernesto?

Madeleine: Temos que ir embora. Padre: Claro que estou. (solta mais gargalhada, o prefeito se assusta e sai, e pela
praça passam as fofoqueiras que param e ficam olhando para o padre) O que foi
telefones sem fio? Perdeu o marido aqui? (solta mais gargalhada) Ah esqueci
Osmar: Então acompanhamos vocês até certa parte do caminho pode ser?
vocês não tem, porque ninguém quer. (solta mais gargalhada e vai ficando doido
pulando e gritando, elas se assustam e saem) Oh meu Deus! O que eu fiz? Vou
Maria: Eu vou adorar. rezar cem pais óculos, e cinqüenta chaves Maria. Ou é cem pais óvulos e
cinqüenta neves Maria? Eu não sei. (sai chorando).
Mafalda: Seis jovens super descompromissados em uma rua escura e deserta, isso
não vai prestar. E eu adoro coisas que não prestam. (Os seis saem e entra (a luz da praça se apaga e acende a da sala, seu Sebastião entra com tudo na sala)
Sebastião e o Padre)
Sebastião: Craúdia! Cadê as minhas filhas? (Craúdia da um pulo do sofá)
Padre: Mas já vai tão cedo seu Sebastião? A maior parte do patrocínio é o seu!
Você como ninguém deve aproveitar a festa.
Craúdia: (falando pra ela) Jesus, aquelas meninas não devem ter chegado. Então
seu Sebastião como foi à festa?
Sebastião: Muito obrigado seu Padre Ernesto, mas prefiro ir descansar, amanhã
tenho que trabalhar e também vou conhecer uns pretendentes para as minhas
Sebastião: Cala essa boca sua maldita (gritando) e me fala onde estão as minhas
filhas. Todos eles homens sérios, ricos, mais de trinta anos, com certeza homens
filhas?
maduros, é disso que elas precisam.
Craúdia: As suas ervilhas?
Sebastião: AS MINHAS FILHAS! minhas forças malignas. MUHAHAHA (solta gargalhadas e as meninas saem
correndo) Bando de imbecis, elas acham mesmo que uma garotinha de sete anos
Craúdia: Ah sim, as suas ilhas. como eu reuniria forças do inferno? É, talvez. (sai e as meninas voltam)

Sebastião: Dona Craúdia, a senhora não brinca comigo que eu não estou para Mafalda: Meninas que tal a gente ir dar umas voltar na praça?
brincadeiras. Você não é surda e eu não sou bobo, e agora me responde: ONDE
ESTAO AS MINHAS FILHAS? (Entra Maria, Mafalda e Madeleine vestidas com Madeleine: Você está louca? Nosso pai nos mata.
pijamas)
Maria: Quem nos mata? Aquele homem que ronca feito um porco? Para de temer
Maria: Algum problema papai? Acordamos com tantas gritarias. Madeleine, ele está dormindo feitou um... um... um porco, olha que bonitinho. (As
três vão para a praça)
Sebastião: Mas eu fui ao quarto e vocês não estavam lá.
Madeleine: Meu deus! Estamos de pijamas. Ai que vergonha, eu quero ir embora.
Mafalda: Ah papai, a idade já está afetando suas vistas, ela já afetou seu senso de (Entra os rapazes)
humor.
Oscar: Como o combinado hein? Nossa estão lindas de pijamas.
Sebastião: É pode ser. Eu ando meio confuso ultimamente. (entra Martinha
gritando) Madeleine: Como assim “como o combinado”?

Martinha: Papai! Um poste caiu na minha cabeça, eu voei em um tapete vermelho Mafalda: Eu combinei com o Osmar de nos encontrarmos aqui hoje a noitão.
pra minha cama e lembro estar sendo carregada por algo muito fedido, e tinha três (Mafalda pega Osmar e os dois se sentam no banco, Maria pega Oscar e também
cabras me olhando enquanto eu estava adormecendo. o leva para o banco. Osnir e Madeleine ficam em pé, Madeleine sem graça, e
Osnir a olhando, enquanto os outros casais se beijam)
Sebastião: Pare de contar historias a ela Craúdia, a menina está ficando biruta. E
meninas lembrem-se da minha ordem, não podem namorar, e muito menos casar Madeleine: Eu acho que eu vou para a casa.
sem a minha permissão. (dá risadas) Como se vocês fossem loucas de fazer isso.
Espero que não. (sai) Osnir: Fique aqui, por favor. (Os dois ficam se olhando e entra Sebastião
sonâmbulo)
Martinha: Não! Espera aí, estou me lembrando, na verdade foi a Maria que me
deu uma paulada, e foi a Craúdia que me levou pra cama e... Mafalda: Ai Jesus cristo! Papai não é o que você está pensando, a gente só estava
conversando com eles.
Maria: Como você conta mentiras hein Martinha. (Maria, Mafalda, Madeleine e
Craúdia dão risada). Maria: Papai não bate neles, e nem na gente principalmente.

Martinha: Vocês me aguardem, eu vou reunir forças do inferno e vou acabar uma
por uma. (As meninas ficam assustadas) Não me conhecem, não sabem das
Oscar: Olha meu senhor eu amo sua filha e não me importo com sua opinião. Oscar: Minha Maria, Maria dos meus pecados, te amo tanto, vem com o papai
Nem que a gente tenha que entrar em um delo contra o senhor. (Sebastião levanta vem!
as mãos e solta um grito, todos ficam assustados)
Maria de Lourdes: Ai, ele está falando de mim. O que eu faço?
Mafalda: Papai, a culpa toda é da Maria, foi ela que nos trouxe para cá.
Oscar: Minha Maria, sem ser a de Lourdes, como te amo.
Maria: Mentira! Foi você sua arroz de festa!
M. Lourdes: Cachorro, eu dou duro o dia inteiro e você colchão e fronha, falando
Oscar: Eu vou sair correndo daqui. o nome de outra! (Maria de Lourdes sai, os contra regras tiram a cama)

Osnir: Mas você não disse que iria enfrentá-lo? (A luz da praça se acende, entra as fofoqueiras)

Oscar: Olha bem o tamanho do homem, e me faz essa pergunta de novo. M. Lourdes: Hoje o Oscar estava dormindo falando no nome da Maria, não gostei
nada disso. Mal a gente se casa e ele já me põe um chifre. (chorando) O coração
Sebastião: Eu quero vocês! Eu quero! (solta um grito e todos se abraçam e ficam que pula feito mula.
encolhidos, entra Craúdia)
Selma: Mas você não se casou com ele sua desmiolada. E que Maria é essa?
Craúdia: Larga a mão de serem tontos, o pai de vocês só está tendo um ataque se
sonambulismo. Seu Sebastião vem por aqui. (Ela o leva embora) M. Lourdes: Acho que é a filha do seu Sebastião.

Madeleine: Por hoje acho que chega não é meninas? Selma: Raciocina comigo querida. Você gosta do Oscar, o Oscar gosta da Maria,
ela é filha do Sebastião, o Sebastião nunca vai permitir que os dois namorem,
Maria: A gente já vai indo meninos, até mais ver. (saem) agora imagine se um passarinho conta pro Sebastião que a filha dele está de
romance com um forasteiro. O que será que podia acontecer?
Osmar: Vamos embora logo antes que o homem volte, mas é acordadinho da silva
e nos mate de tanto bater. (saem dando risadas) Fátima: Ai Selma que dó de você, passarinhos não falam. E que eu saiba o
Sebastião odeia passarinho, e penso se esse bicho caga na cabeça do homem, aí o
CENA 4 bichinho vira comida pro almoço.

(Uma cama surge no canto do palco, e nela está Oscar dormindo, quando entra M. Lourdes: Fica quieta Fátima. Então você acha que eu devo contar! Ótima idéia
Maria de Lourdes) Selma, o Oscarzinho é meu e de mais ninguém.

M. Lourdes: Olha só, dorme como um anjo. Selma: É assim que se fala mulher. (entra Martinha)

Fátima: E o Oscar vai para Maria de Lourdes.


M. Lourdes: Martinha minha querida, seu pai está na sua casa? Fátima: Falando em Maria, me deu uma vontade de comer nhoque. Ah! Eu gosto
de nhoque, mas não sei onde fica Nova York, essa foi à melhor piada que eu
Martinha: Vocês querem falar com ele? contei na minha vida.

M. Lourdes: Sim! Selma: Alguém faz essa cérebro de massinha calar a boca ou eu vou...

Martinha: Então ele não está. Meu pai tem muita coisa pra fazer, porque ele ao M. Lourdes: Vamos então meninas, precisamos de um plano pra provar para seu
contrario de certas pessoas não fica fuxicando da vida dos outros. Agora me deixe Sebastião que a filha dele está enrabichada com o meu homem. (saem e entram o
ir, tenho que comprar pães pra minha adorada família. (vai saindo) Padre e os forasteiros)

Selma: Desse jeito o seu Sebastião não vai descobrir o romance da filhinha dele. Padre: É logo ali em frente à casa delas, mas tomem cuidado com Sebastião o
(Martinha volta) homem não é mole não. (entra Fátima)

Martinha: Eu sem querer escutei o que você disse e... O que você disse? Fátima: Rimou. “Tomem cuidado com Sebastião o homem não é mole não”.
Engraçado não é? Só que eu fiquei sabendo que o homem é duro viu, de mole não
Selma: Precisamos contar sobre o romance da Maria com um forasteiro que tem nada mesmo. (sai)
chegou à cidade acompanhado de seus dois irmãos.
Padre: Essa mulher precisa de um exorcismo.
Martinha: Três forasteiros mais três sirigaitas é igual a três casais que é igual a um
romance que é igual meu pai ficar sabendo que são iguais a seis bundas ardendo Oscar: Muito obrigado seu padre Ernesto, a gente vai lá.
em febre de tanto apanhar. MUHAHAHA! Mas espera ai línguas de trapo, o meu
pai é uma pessoa que exige provas, e por acaso vocês tem provas? Porque se não Padre: Sejam rápidos, seu Sebastião disse que hoje iria visitar alguns
tiverem provas, o meu pai vai ver que vocês podem estar mentindo, então vocês pretendentes. E vocês não têm muitas chances com o velho, afinal, são viajantes
precisam de provas, para provar ao meu pai que é verdade. não param em uma cidade só, se vestem mal, não são tão bonitos, são pobres, não
tem empre...
M. Lourdes: Prova a gente não tem. É que o Oscar estava dormindo falando o
nome da Maria. Oscar: A gente já entendeu padre, muito obrigado e pode ir embora. (padre sai)

Martinha: Bom, eu queria muito que essa Maria fosse a minha irmã. (gritando e Osmar: É hoje que o trem desenferruja.
falando brava) Mas existe trocentas Marias, pode ser qualquer Maria, só na cidade
deve haver umas 15 Marias, e esse daí não é daqui, ele é um forasteiro, ou seja um Osnir: Vamos apenas dar um oi e cair fora, vamos ser rapidinhos.
pessoa que deve viajar muito, resultando em que ele pode ter conhecido uma
tonelada de Marias. Quando vocês tiverem provas vocês me avisam e antes de Osmar: Eu não te garanto que o meu rale e rola vai ser rapidinho.
falar com o meu pai. (sai)
Osnir: Você só pensa nisso hein.
Osmar: E você só não pense nisso hein. Osnir: Fique aqui, vamos conversar um pouco. (Os dois ficam um tempo em
silencio, quando os dois ao mesmo tempo resolvem se beijar aparece Craúdia)
Oscar: Vamos logo pessoal. (saem e entram as meninas que se sentam no sofá)
Craúdia: Oh dona Madeleine! Você acha que eu devo costurar aquele seu vestido
Mafalda: Que saudade do meu Osmar, como eu queria que ele estivesse aqui com linha branca ou preta?
comigo.
Madeleine: Que cor é o vestido?
Maria: Eu também queria muito que Oscar estivesse aqui.
Craúdia: Preto.
Madeleine: Vocês só pensam nisso.
Madeleine: Então com linha preta dona Craúdia. Mas alguma coisa?
Mafalda: E você dona Madeleine só não pensa nisso. (Entra Craúdia)
Craúdia: Acho que não. (sai)
Craúdia: Meninas! Visitas pra vocês. (Entra os forasteiros) Fiquem sossegadas
que o pai de vocês saiu e volta bem tarde, e a Martinha foi na casa de umas Madeleine: Eu vou ajudá-la, mas fique a vontade Osnir. (sai)
amiguinhas, e eu acho que vou lavar as louças, por que...
Osnir: Que droga, agora que ia. (entra os dois casais com as roupas desarrumadas)
Maria: Obrigado Craúdia! Pode sair. (Craúdia sai)
Oscar: Você pode ter certeza Maria, daqui dois dias eu volto pra pedir sua mão
Mafalda: Eu não acredito que você veio! Ai que felicidade, vamos pro meu em casamento ao seu pai. Ele pode ser bravo, ter cara feia, ser forte, pode querer
quarto. (Ela pega Osmar e o leva) me matar, ou mandar me matar, mas isso não me importa.

Maria: Que bom que veio, estava aqui hoje e por acaso lembrei-me de você. Quer Osmar: Eu também minha Mafalda, a gente vai ser muito felizes.
tomar um café? Porque eu não vou fazer nada mais que isso e...
Mafalda: E vamos ser muito cansados também, porque agora, ui, nem sei o que
Oscar: Larga a mão de frescura e vem monta no meu cavalinho. (Ele a pega e a dizer. (Entra Madeleine)
leva para o quarto)
Osnir: Madeleine, eu não agüento mais. Eu estou apaixonado por você, aceite
ficar comigo, e eu junto aos meus irmãos virei te pedir em casamento. Olhar-te e
não poder de tocar, te querer e não poder te ter, eu não vou agüentar ficar assim.
Osnir: É sobrou a gente.
Madeleine: Eu também estou apaixonada por você, mas eu não sei se casar vai ser
Madeleine: Pois é, mas eu acho que vou lá ajudar a Craúdia na cozinha. (Ela vai bom, eu não sei se é isso que eu quero.
saindo e ela pega em seus braços)
Osnir: Farei-te a mulher mais feliz do mundo, e com você ao meu lado completará Martinha: Eu tenho uma vantagem sobre você e minhas irmãs.
a parte que estava vazia dentro de mim.
Craúdia: E qual é dona Martinha?
Madeleine: Tudo bem pode vir pedir minha mão em casamento ao meu pai.
(Todos comemoram) Martinha: Simplesmente a sua língua maior que a boca. Você não consegue
guardar um segredo, e quando menos esperar terá contado tudo pra mim.
Oscar: Até daqui dois dias moças. (saem)
Craúdia: Nunca! Eu estou firme e forte, e a minha língua vai ficar bem no lugar
As três cantam: “O papai vai se ferrar e uma aliança nós iremos botar. Achamos dela.
os homens das nossas vidas e não seremos mais foragidas. Nem a Martinha vai
nos intimar aquela garota que vai se lascar vai ser amor todo dia com os homens Martinha: Tudo bem dona Craúdia. (um tempo em silencio) Craúdia, veio alguém
das nossas vidas”. (entra Craúdia) aqui em casa uns minutos atrás? E quem era?

Craúdia: Parabéns meninas! Eu ouvi tudo, até que em fim vocês vão desencalhar, Craúdia: Veio sim, eram os forasteiros.
já estava na hora de algum homem gostar de vocês de verdade e vim enfrentar o
pai de vocês, achei que ficariam o resto da vida de vocês... Martinha: Ah, e o que eles queriam?

Maria: Obrigado Craúdia, pode ficar quieta agora. Meninas vamos pro quarto pra Craúdia: Vão pedir a mão das suas irmãs em casamento daqui dois dias pro seu
combinar a data, decidir os convidados... pai.

Martinha: Brigada idiota! (sai)

Mafalda: Vamos sim! (As três pulam de alegria) Craúdia: De nada... Ai meu Deus! O que eu fiz? Aquela demônia me enganou. Ah
mas eu quero contar mesmo. (sai).
Craúdia: Só tomar cuidado pra não acontecer nada de ruim com eles não é? Como
um acidente, uma prisão repentina, um seqüestro relâmpago, um estupro... CENA 5

Maria: Craúdia dá pra você calar essa boca? (As meninas saem e entra Martinha) (Na praça estão o Padre e o Prefeito)

Craúdia: Nossa você já chegou? Sorte que não chegou alguns minutos antes se Padre: Arrecadamos muito dinheiro nessa quermesse, foi a mais lucrativa de todos
não pegaria no fraga os... Ai então Martinha como foi lá? os tempos.

Martinha: Como é? Quem eu pegaria no fraga? Responde! Prefeito: É verdade padre Ernesto, com esse dinheiro a gente vai poder reformar a
igreja, abrir uma escola...
Craúdia: Você pegaria no fraga os cachorros querendo atacar os bolos que eu
preparei.
Padre: Que abrir escola uma ova, essas sarnas dessas crianças que vão estudar Fátima: Mas eles já têm mãos? Pra que vão querer outras...
com o capeta.
M. Lourdes: Raios que me arrombam. Isso não pode acontecer, eu os vi primeiro.
Prefeito: PADRE! Mas o que é isso? A escola mais próxima daqui é na outra
cidade que está a cinco quilômetros. Precisamos de uma escola aqui, é muito Fátima: E o Oscar não vai mais para Maria de Lourdes e sim...
longe para as crianças irem andando, coitadinho dos pezinhos delas.
M. Lourdes: Cala essa boca sua retardada.
Padre: Elas que agradecem por poder andar, essas crianças da cidade são uns
demônios, abrir escola pra que? Para elas baterem no professor? Pra destruírem os Prefeito: Meninas fiquem ai, tenho que endurecer algumas coisas no meu
bancos? Pra urinar fora da privada? Não! Vamos gastar esse dinheiro em infra- escritório. (sai)
instrutora para a cidade, vamos modernizar esta cidade.
Selma: Maria de Lourdes imagina se acontece alguma coisa com os forasteiros, e
Prefeito: Mas não é isso o que as pessoas querem isso não vai ajudar, a gente amanhã não der para eles irem pedir a mão das três em casamento. Isso seria bom
precisa primeiro resolver os asfaltos, as escolas, e depois modernizar a cidade. não é? Além disso, elas ficariam muito chateadas com eles, cortaria o coração das
pobrezinhas.
Padre: Como você é pouco fashion hein prefeito. Pra que asfalto? A rua da igreja
já é asfaltada, e o resto da cidade que se contente por ter um chão pra elas M. Lourdes: Por isso que eu te adoro Selma, você é tão malvada.
pisarem.
Selma: E imagine também se um passarinho contar pra elas, que ele os viu em um
Prefeito: Eu não conhecia esse seu lado selvagem. Adoro homens selvagens, são bar cheio de mulheres ao seu redor.
tão bons no que fazem.
Fátima: Nossa, mas que passarinho fofoqueiro, porque ele não cuida da vida dele?
Padre: Eu acho que eu preciso ir me purificar. Com licença seu prefeito Dodô. Deixa as meninas em paz.

Prefeito: Pode passar. (Prefeito sai) Um dia esse peixe cai na minha rede. (Entra Selma: Fátima eu só não te dou um tiro no seu cérebro porque você não tem.
as fofoqueiras)
Fátima: Ele vazou tudo pelo nariz, esquisito não é?
M. Lourdes: Seu prefeito Dodô o que o senhor acha dos forasteiros?
Selma: Ai que nojo!
Prefeito: Daqueles pedaços de mau caminho? Ah fazem um bom caldo... Quer
dizer, devem trabalhar muito não é? Mas porque a pergunta?
M. Lourdes: Muito bem Selma, eu tenho um plano para os rapazes não irem
amanhã pedir as mãos delas em casamento. Vamos lá pra pensão. (Vão saindo e
Selma: Porque a Maria de Lourdes está apaixonada por um deles. Fátima fica parada)

Prefeito: Quem não ficaria? Mas em fim, ouvi dizer que eles vão pedir a mão das Selma: Vamos logo Fátima, o que está fazendo?
filhas de seu Sebastião amanhã.
Fátima: Eu vou ver se acho esse passarinho, vou tentar convencê-lo a parar de Selma: E aí entra você na segunda parte do plano. Você dirá a suas irmãs que os
estragar a vida dos outros. (Selma a pega e lhe puxa pra coxia, entra Sebastião que viu em um bar rodeados de mulheres, só que de uma forma que elas acreditem no
senta no banco da praça e em seguida Martinha) que está dizendo. E assim elas ficaram magoadas pelo resto da vida com eles.

Martinha: Papai que bom que te encontrei, tenho que te contar uma bomba. (Entra Fátima: E daí entra as bombas para explodir tudo. Eu sou malvada também.
Fátima)
Martinha: Até que é um bom plano. Vou ajudá-las a exercê-lo. Até mais. (sai)
Fátima: Bomba? Aonde? Socorro! (Sai gritando pelo palco e vai embora)
M. Lourdes: Meninas! Vamos ao trabalho. (saem)
Sebastião: Que bomba é essa? (Entra Fátima)
CENA 6
Fátima: Bomba? De novo? Aonde? (Sai gritando pelo palco e vai embora)
(Na sala estão as três meninas)
Martinha: Em fim, chegaram à cidade três forasteiros, e as minhas irmãs estão
enrabichadas com eles, e amanha irão pedir a mão delas em casamento para o Mafalda: Eles estão demorando muito, já está escurecendo.
senhor, então eu já estou te avisando pra você se preparar...
Madeleine: Eu não deveria ter acreditado nele.
Sebastião: Ah Martinha, como você é inocente, ninguém teria coragem de me
enfrentar, todos amam suas vidas. Como é boa a infância, a inocência nos deixa Maria: Calma meninas, logo eles estão ai. Não vamos ficar desesperadas. (Entra
tão mais divertidos. Vai brincar com suas bonecas meu amorzinho. Craúdia)

Martinha: Mas papai, é verdade! E eu não sou mais criança eu entendo muito bem Craúdia: Meninas! Deixa-me contar tudo pra vocês. Eu e a capeta da irmã de
as coisas. vocês... Quer dizer o anjo da irmã de vocês estávamos na cozinha, e ela acabou
escapando que viu os forasteiros da cidade em um bar rodeado de mulheres, e eles
Sebastião: Era isso que suas irmãs diziam quando tinham quatro anos, tempos que eram os seus namoradinhos.
não voltam mais. Vou te comprar uma boneca, até mais tarde em casa. (sai)
Madeleine: Não podia esperar nada menos deles. (sai chorando)
Martinha: Velho dos infernos! Terei que alertá-lo de outra forma. Mas como?
(Entra as fofoqueiras) Maria: Você tem certeza no que ouviu? A Martinha pode estar mentindo.

Selma: Precisamos da sua ajuda querida. Craúdia: Eu ouvi por esses ouvidos que a terra a de encher de terra. E ela não
estava mentindo, deu pra perceber que realmente ela os viu, tanto é que ela
M. Lourdes: Não vou permitir que os meus homens se casem com suas irmãs e acabou de chegar da cidade.
pra isso colocarei na refeição deles um tranqüilizante, que farão eles dormir
durante um dia inteiro, e então eles não iram pedir a mão delas em casamento.
Maria: Deixa! Eu não queria casa com ele mesmo. Eu não preciso dele... (começa vergonha de ficar no mesmo teto que moças sem um pingo de vergonha, porque
a chorar e sai correndo) ela disse que moças de verdade não podem namorar.

Mafalda: Ah que saco, era tão grande, tão macio. Que ódio dele. (sai) Sebastião: Mas ela sempre me encheu o saco dizendo que as meninas tinham que
namorar.
Craúdia: Coitadinha delas. (entra Martinha)
Martinha: Ela disse que era um teste, pra ver se você realmente era um bom pai.
Martinha: MUHAHAHA! Que coisa feia Craúdia, contou tudo para elas sabendo Acho que pra ela voltar papai, você precisa colocar essas meninas na ordem.
que as deixaria profundamente tristes. Você não é amiga de verdade, eu não ia
querer uma como você. Desde que chegou aqui, só faz minhas irmãs sofrerem, e Sebastião: A Craúdia era muito boa, e se isso fará com que ela volte. Eu
fora o seu trabalho que é de quinta, o meu pai nunca ficou satisfeito com seus respeitarei a vontade dela. (sai)
serviços, eu não que sei o que ainda faz aqui.
Martinha: É irmãzinhas, encalhadas para sempre parte dois. MUHAHAHA. (A
Craúdia: Eu não sabia que eu era tão pouca amiga, e tão incompetente assim. luz da sala se apaga, e na praça aparece o padre seguido das fofoqueiras)
Sempre achei que os meus serviços agradavam. Mas o que eu devo fazer?
Padre: Eu não estou acreditando no que vocês fizeram.
Martinha: Ir embora daqui. Assim meu pai pode achar uma empregada que
realmente seja companheira e competente. M. Lourdes: Ai padre, eu estava desesperada.

Craúdia: Diz pro seu pai, que eu estou indo embora então. Que eu nunca mais Padre: É tão malvado, tão maligno, que acaba sendo tão engenhoso, tão
volto. (sai chorando) inteligente, mas muito maligno, mas tão brilhante, que fica tão cruel, mas que é
tão eficaz que acaba se resultando em algo tão do mal, mas tão legal.
Martinha: Não volte mesmo. Com essa idiota fora daqui, vai ser muito mais fácil
fazer da vida das minhas irmãs um inferno. Eu sou de mais, é cada um com as Selma: Oh padre foi ou não foi bom o que a gente fez?
suas coisas. Como no teatro tudo acontece bem rápido, uma hora dessa ela está
bem longe daqui. (Entra Sebastião) Padre: Claro que não! Será que não prestou atenção no que eu disse? Maria de
Lourdes, você precisa se contentar com o que tem. Mesmo que seja nada. (ele da
Sebastião: Minha filha você viu a Craúdia, eu to procurando ela já faz um tempão. risada, mas fica sem graça porque elas não acham graça) Em fim, eles têm que
(Martinha simula um choro) ficar com quem eles querem ficar, que no caso não é você.

Martinha: Papai, você não sabe. A Craúdia foi embora, e disse que não voltaria M. Lourdes: Então o que eu faço?
nunca mais. Falou-me horrores, me xingou, e disse que o salário não chegava nem
perto do que ela merecia, ela desejou morte a todos nós e contou-me que nunca Padre: Conte toda a verdade sua cretina! E nunca, mas pense em fazer algo tão
viu um homem tão ignorante como você. E o principal, ela disse que não ficaria cruel, mas tão intrigante, só que tão horrível, mas tão invencível. (gritando)
em uma casa onde três moças como minhas irmãs sejam tão sirigaitas, que ela tem Lembre-se disso! Querer não é poder! Poder não é querer! Principalmente pra
uma pessoa tão feia que nem você. Pessoas feias não têm vez nesse mundo Selma: E quem vai nos impedir? (Martinha pega uma faca)
(risadas malignas)
Martinha: Eu vou impedir, contam e vão ver o que essa faca vai fazer. (As
Selma: Esse padre precisa de um exorcismo. (saem e entra o prefeito) fofoqueiras saem correndo) Que idiotas, elas acham mesmo que uma garotinha de
sete anos ingênua e boazinha como eu seria capaz de esfaquear alguém. É, talvez!
Padre: Mas de novo esse cara? Porque você não chupa prego pra ver se vira MUHAHAHA (sai)
parafuso?
CENA 7
Prefeito: Padre devido aos seus exageros, seus gritos, seus ataques de loucura, eu
vou renunciar o seu cargo, e acharei outro para esta cidade. (Padre jogo o prefeito (Entra os forasteiros)
no chão e o pega de chave de pescoço)
Oscar: Meu Deus, mas o que será que aconteceu? Parece que a gente dormiu um
Padre: Faz isso que eu acabo com a sua vida. Ninguém me tira daqui, entendeu dia inteiro.
bambi? Entendeu? Entendeu? Entendeu? Entendeu?
Osnir: (assustado) Cara a gente dormiu um dia inteiro. Lembram que na sexta as
Prefeito: (gritando de dor) Eu entendi, mas me solta, por favor. (Padre o solta) senhoras prepararam aquela sopa deliciosa pra gente, fomos dormir, e hoje a gente
acorda com a feira semanal da cidade, que acontece todos os domingos, ou seja,
Padre: Melhor assim, meu pai era bandido, minha mãe era traficante, e meus dormimos o sábado inteiro, e sábado era o dia em que íamos pedir a mão das
irmãos eram judeus. Cara eu cresci doidão, e sei que minha função na terra é meninas em casamento.
ajudar as pessoas, e você não vai estragar isso. (sai)
Osmar: Mas como isso foi acontecer meu camarada?
Prefeito: Que ótimo, o padre da cidade tem sérios problemas psicológicos. Mas
até que ele fica bonito bravinho daquele jeito. (sai, a luz da praça se apaga e se Osnir: Eu não faço a mínima idéia. (Entra as meninas)
acende a da sala, entra as fofoqueiras)
Mafalda: Olhem meninas quem a gente vê, essa cidade está ficando cada vez
M. Lourdes: Oh de casa! (entra Martinha) pior.

Martinha: Alguém deixou vocês entrar? Por acaso a casa é de vocês pra entrarem? Maria: Concordo plenamente irmã.
Quem pensam que é para entrar? Mas em fim, o que querem?
Osmar: Meninas a gente não sabe o que aconteceu ontem. Íamos lá sim, mas
M. Lourdes: Vamos contar tudo pra suas irmãs, depois de uma conversa com o dormimos o dia inteiro.
padre, ele abriu os meus olhos, e eu vi que não foi bonito o que eu fiz.
Oscar: Eu juro por tudo que é verdade, estamos loucamente apaixonados, não
Martinha: Nada do que você faz é bonito, nem você é bonita. Mas não vão contar sabemos o que aconteceu.
nada!
Osnir: Madeleine acredite, por favor.
Madeleine: Você acha mesmo que eu vou acreditar em uma coisa tão estúpida Maria: Foi errado o que fez Maria de Lourdes, mas obrigada por contar a
como essa? (Entra as fofoqueiras) verdade.

M. Lourdes: Acreditem meninas! A culpada de tudo fomos nós. Fátima: Então você era o passarinho o tempo todo? Que coisa feia Maria de
Lourdes, colocar o nome do passarinho em uma roubada dessas, o animal que
Selma: Foi você, eu não tenho nada a ver com essa historia, quem quer eles é você representa essa situação é uma cobra viu?
e não eu.
M. Lourdes: Ai Fátima eu só não te arrebento porque o meu coração está abeira
Madeleine: Não adianta encobrir a mentira deles. de um precipício.

Fátima: Calma! Deixa o passarinho te explica, ele vai contar tudo, afinal a culpa é Fátima: Quer que eu o empurre?
dele. Espera aí, você disse que a culpa é sua Maria de Lourdes?
Selma: Vamos pra casa meninas! (saem e entra Martinha)
M. Lourdes: Desde que os rapazes chegaram à cidade eu me apaixonei por eles, e
quando fiquei sabendo que iriam pedir suas mãos em casamento fiquei doida. Martinha: Eu peguei com a mão na massa. Vou contar tudo pro papai. (Entra
Sexta eu preparei um sopa muito gostosa, e nela eu coloquei um tranqüilizante Sebastião)
que faria os meninos ficarem um dia inteiro desacordados, eu fiz isso, pois não
queria que eles pedissem a suas mãos em casamentos, e queria também que Sebastião: Não precisa Martinha, eu estou vendo tudo.
ficassem com raiva deles. Os perdoem. (falando pra si mesmo) O coração que
pula feito uma mula. 1 Martinha: Está vendo papai, estes daí são os homens que querem roubar as suas
filhas de você. E lembre-se da vontade da Craúdia, disse que iria respeitar.
Maria: Eu sabia que você seria incapaz de deixar uma mulher como eu passar
reto. (beija Oscar) Sebastião: (gritando) Eu estou vendo e não estou gostando nada do que estou
vendo.
Mafalda: Eu nunca acreditei em nada do que tinham me falado, eu sempre amei
você meu amorzinho. (beija Osmar) Martinha: Quer uma cinta papai?

Osnir: E você Madeleine? Acredita agora? Sebastião: Quero sim, mas quero pra mete nas suas pernas Martinha. Você me
enganou, enganou a pobre da Craúdia, eu a encontrei em um bar a gente
Madeleine: Claro que sim, eu te amo muito. (Ele vai a beijar e ela não deixa) Só conversou e ela me disse tudo, não é Craúdia? (Entra Craúdia)
depois do casamento. 2
Craúdia: O se é! Acabou pra você Martinha.
Osnir: Eu espero. (Todos comemoram)
Martinha: Mas papai, isso é o de menos, depois eu explico o porquê eu fiz isso.
1 Mas olhe ali, não deixe papai, elas não podem se casar.
2
Sebastião: Delas eu cuido depois. (senta no banco) Se sente aqui e vire à bunda! Mafalda: Eu não estou acreditando que o papai deixou me belisca que isso deve
ser um sonho. (entra Fátima, que lhe dá um beliscão fortíssimo)
Martinha: Mas papai...
Fátima: Está vendo não é um sonho, acredita agora? Precisar da minha ajuda
Sebastião: SE SENTE AQUI E VIRE A BUNDA! (Martinha se senta e vira à estou aí pro que der e vier. (sai). (Todos comemoram)
bunda, seu Sebastião arranca a cinta e começa a lhe bater) Isso é pra você aprende
a não me fazer de otário Martinha. E vocês meninas já pra casa, serão as próximas Madeleine: Eu só queria saber, porque a Martinha faz de tudo pra gente não casar!
a levar uma boa surra. Por acaso ela tem ciúmes das irmãzinhas, e quer que a gente fique com ela pro
resto da vida todas juntas? (Todos dão risadas menos Martinha)
Oscar: Isso só depois que você passar por cima de mim. Eu quero ver relar um
dedo nela. Martinha: Não é porque eu quero ver vocês infeliz, arruinadas e destruídas
mesmo. Me sinto bem dessa forma.
Osmar: Eu to dentro, não vou deixar relar na minha Mafaldinha.
Maria: A gente também te ama viu. Vamos cuidar dos preparativos pra festa? (Os
Sebastião: ENTAO APANHA TODO MUNDO! (Osnir coloca o dedo na cara de casais saem)
Sebastião)
Sebastião: Nunca pensei que aceitaria umas coisas dessas.
Osnir: Experimenta relar em mim, nos meus irmãos e principalmente nas nossas
namoradas. Eu te juro que você é um homem morto. Toma vergonha nessa cara, Craúdia: Sabe que eu queria muito casar? E fico tão louca quando estou perto da
olha a idade das suas filhas pra você ficar proibindo elas do que fazerem, da pessoa que amo, como agora.
Martinha sim tem que cuidar porque ela nem saiu das fraudas, mas essas já passou
da hora de deixá-las fazerem o que bem entender de suas vidas. Sebastião: Louca você é qualquer momento. (Dá risadas)

Sebastião: (chorando) Mas eu amo minhas filhas, eu não quero que ninguém faça Craúdia: Eu estou olhando pra pessoa que amo.
nada de ruim com elas.
Sebastião: Não! Você está olhando pra mim. (Craúdia sai chorando) Espera aí por
Osnir: E quem disse que a gente vai fazer? Amamos elas, nunca faríamos nada acaso...
pra prejudicá-las. De um voto de confiança pra esses pobres moços sofrendo de
amor. Martinha: Exatamente, ela estava se referindo a você, a empregada te ama. Que
comedia.
Sebastião: Tudo bem, eu deixou casarem com elas.
Sebastião: Volte aqui Craúdia! Eu também amo você. (sai correndo)
Martinha: NÃO...
Martinha: Aff! Eu não estou acreditando nisso. Mas a peça ainda não acabou, e
Sebastião: E você cale essa boca! Mas a primeira gracinha está tudo acabado. ainda a tempo deu arruinar com todo o espetáculo. (sai)
CENA 8 Martinha: Vocês acham que eu tenho tempo pra fica sabendo de pessoas tão
insignificantes como sua irmã? Poupe-me. (sai)
(o prefeito e o padre entram com alguns enfeites e vão colocando na praça)
M. Lourdes: Onde será que ela foi parar hein? Ai Selma, eu queria tanto casar, eu
Prefeito: Enfim haverá um casamento pra animar está cidade, e ainda são quatro já tenho os meus, tantos poucos anos e ainda não encontrei o amor da minha vida.
casamentos. O de Maria e Oscar, o de Madeleine e Osnir, o de Mafalda e Osmar, Seria sexo selvagem todo dia.
e o do Sebastião e da Craúdia. Pena que o Sebastião não olhou direito o
verdadeiro amor. Selma: Oh Maria de Lourdes dá pra parar com esse assanhamento? Você já está
bem velhinha pra pensar nessas coisas.
Padre: Estou muito animado com os casamentos, depois de 10 anos, voltarei a
juntar casais. E os enfeites estão dando outro clima para a praça. M. Lourdes: Você que pensa Selma, não sabe como que eu sou dentro de quatro
paredes.
Prefeito: Eu vou pra casa para me arrumar. Até logo padre, e coloque os restos
dos enfeites direitinho hein. (sai) Selma: Cala a boca Maria de Lourdes, uma mulher rica, fina, educada, bonita
como eu não posso ficar ouvindo essas coisas. Vamos logo procurar a asna da
Prefeito: (imitando-o) “Coloque os restos dos enfeites direitinho hein”. Vai pro Fátima, precisamos nos aprontar para o casamento. (saem, as luzes se apagam e
capeta que te carregue seu Bambi dos infernos. Nem minha mãe me dava ordens. uma musica de tempo toca e depois de alguns segundos as luzes se acendem
(Entra Martinha com um pau, que chega por trás do padre e lhe manda uma entram todos)
paulada nas costas que desmaia rapidamente).
(Maria, Mafalda, Madeleine e Craúdia entram com vestido de noiva, os seus
Martinha: Sem padre não há casamento, bom, pelo menos nesse teatro. futuros maridos de terno)
MUHAHAHA! Mas como eu o levo daqui? Deve ser muito pesado, já sei!
FATIMA! FATIMA! (Entra Fátima) o padre anda muito cansadinho, você não me Sebastião: Cadê o padre seu prefeito? O senhor disse que ele estaria aqui a nossa
ajuda a levá-lo até ali atrás das arvores para ele poder descansar? espera. Precisamos dele pra casar.

Fátima: Claro! (As duas o pegam e o leva para trás das arvores, enquanto Fátima Prefeito: Ele disse que estaria aqui. Eu não sei, mas enquanto ele não chega pense
está de costas, Martinha pega o pau e lhe manda na cabeça que desmaia bastante se é com essa baranga que o senhor quer casar.
rapidamente).
M. Lourdes: A Fátima também sumiu, será que os dois... Bom vocês sabem,
Martinha: Sem Fátima, a noticia não se espalha! (Ela pega uma corda e os amarra, estão...
e também tampa as bocas dele com um esparadrapo) Pronto, amarrados, calados,
e bem escondidos, e muito inconscientes. Vamos ver quem é quem vai casar aqui. Todos: Uuuuh que nojo!
MUHAHAHA! (Entra M. Lourdes e Selma)
Selma: Claro que não Maria de Lourdes, não é porque você é obcecada por essas
Selma: Martinha por acaso você não viu a Fátima? Ela estava assando um bolo e coisas, que a Fátima também é. (Todos começam a discutir)
saiu correndo dizendo que alguém estava precisando da ajuda dela.
Oscar: OH GALERA VAMOS FICAR EM SILENCIO! Calma, a gente não sabe Fátima: Esperando alguém ir até ali atrás da arvore cagar e salvar a gente.
que pode estar acontecendo, vamos ficar aqui e esperar. (Todos se sentam, ficam Digamos que era uma alternativa que eu pensava, mas ela era uma em vinte mil.
esperando, as luzes clareiam e abaixam respectivamente, dando a impressão que o
tempo está passando) Padre: Eu não sei, lembro de uma paulada que me deram por trás.

Madeleine: Pelo visto alguém não quer que a gente se case. Eu vou embora. Prefeito: Droga, porque não foi comigo. Vou chamar todos. (gritando pra coxia)
Gente volte para cá, encontrei o padre. (Todos entram)
Maria: Eu também vou, só podem estar de brincadeira com a minha cara.
Selma: Onde vocês estavam?
Mafalda: Agora que o papai tinha deixado. (saem e os noivos correm atrás delas)
Fátima: Não queira saber Selma.
M. Lourdes: Estou ficando preocupada com a Fátima, vamos procurá-la mais um
pouco Selma. (saem) Selma: E como o prefeito achou vocês?

Prefeito: Craúdia, porque você não vai ajudar a procurar a Fátima, pode deixar Fátima: (Apavorada) Não queira saber Selma.
que eu cuido do Seba, vai lá.
Padre: Então vamos começar a celebração. E eu os declaro maridos e mulheres, e
Sebastião: Eu vou ir procurar esse padre, vamos também Craúdia? E vem também os noivos podem beijar as noivas. (Eles se beijam)
Martinha.
M. Lourdes: Pessoal, eu queria dizer que, eu, Fátima e Selma, vamos entrar para
Craúdia: Vamos sim. (saem) um convento, pra gente relaxar nossas idéias.

Prefeito: Ai que saco viu, nossa me deu uma vontade de fazer coco, acho que vou Selma: Precisamos muito relaxar nossas idéias.
fazer ali atrás daquela arvore, aproveita que não tem ninguém. (O prefeito vai,
arranca as calças e vê o padre e Fátima amarrados que tenta gritar, ele os Fátima: Que mentira, a Maria de Lourdes vai entra para um convento porque sabe
desamarra) que não arranjar marido,e pra fugir das pistolas que estão armadas pra ela, mas
que não atiram, e a Selma pra ver se para de falar mal da vida dos outros.
Padre: Muito obrigado prefeito Dodô, se não fosse a sua ajuda ficaríamos ali por
um bom tempo. M. Lourdes: Até mais meus amigos.

Fátima: Mesmo que o senhor quase distribuiu bolinhos em cima da gente. Isso Prefeito: Bom, e eu já aproveito a ocasião, e lhes digo que estou indo embora pra
sim que é ser salvo pela bunda. outra cidade, não suportarei ver o amor da minha vida, nos braços de outra
sirigaita. (Saem)
Prefeito: Você é estranha Fátima. Mas em fim, o que estavam fazendo ali?
Sebastião: E você Martinha! Arrume suas malas, você sabe demais pra ter apenas
sete anos, vou te mandar para um internato, e assim eu posso fazer as minhas
coisas sossegados com a Craúdia! (Da risada)

As três meninas cantam: “A gente se casou, e o meu papai aqui desencalhou. A


Martinha se deu mal, e a festa vai ser legal. O padre desengatou e quatro casais
ele formou, Lourdes, Selma e Fátima vão pra convento e lá vão ficar por um bom
tempo, o prefeito foi embora, e agora tudo vai ser da hora, estamos aqui pro que
der e vier. Papai eu quero casar!”

FIIIIM ♥

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