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MARGÔT: Eu já te falei! Não vou mais virar. Vou dormir com ela
para um lado e de manhã escovo para o outro.
MARGÔT SAI.
ALTINO: Bueno.
MARINÊS: O quê?
PASSAGEM DE TEMPO.
MARINÊS: Obrigada.
MARINÊS: Normal.
SILÊNCIO.
MARGÔT: Ai, tá bom, Marinês! Não sei nem porque fui tocar
neste assunto com você.
MARINÊS: É sábado.
MARGÔT: Quem?
ALTINO: Margôt.
MARGÔT. Tem um filme, não tem? Eu acho que vi. Com aquela
atriz linda ...Marlene Dietrich.
ALTINO: Sim.
MARGÔT SE LEVANTA.
OS DOIS SE SENTAM.
ALTINO RI.
ENTRA MARGÔT.
MARINÊS: Ué, todo mundo sabe disso no Banco, achei que você
soubesse.
SILÊNCIO.
ALTINO: Fechado.
MARGÔT: Sabe que esse ano a festa não foi muito boa?
Também, é o mesmo repertório há vinte anos. E o Zeca
Sanfoneiro também não é nenhum Luiz Gonzaga, mal consegue
segurar a sanfona.
MARGÔT: De gato.
ALTINO: O quê?
MARGÔT RI.
ALTINO: É mesmo?
MARGÔT: Ai, Altino! Estou tão feliz que você veio comer de
novo com a gente.
PASSAGEM DE TEMPO.
ALTINO: Calma, gente. Ela deve ter jogado sem querer. Devolve
a carta para ela, Margôt.
MARGÔT: Altino? Tá virando a casaca? Gente, jogo é jogo, ela
jogou o coringa e eu peguei. Olha só o que eu vou baixar!
MARINÊS DESCARTA.
CARLOS ALBERTO: Claro, claro! Se não for para ganhar não faz
sentido. Estamos todos fazendo papel de bobos aqui!
CARLOS ALBERTO: Não adianta, Altino. Ela sabe. Para mim não
quer jogar, taí.
SILÊNCIO.
MARGÔT: Maniçoba!
ALTINO BEBE.
CARLOS ALBERTO: Ela sabe, mas a gente não fala sobre isso.
ALTINO RI.
ALTINO: Olhei.
ALTINO: É a cara da Marinês. Mas ela sabe que você vem aqui?
ALTINO: A Marinês!
CARLOS ALBERTO: Ela sabe, Altino. Mas nós não falamos sobre
isso. Entende?
MARINÊS: Terminamos.
CARLOS ALBERTO: Mas foi ela que terminou. Disse que eu não
tenho ciúme.
ALTINO: Finge.
ALTINO: Oi Marinês?
MARINÊS: Oi.
ALTINO: O que foi? Por que você está com essa cara?
ALTINO: Intimidades?
MARINÊS: Entendeu?
MARGÔT: Você está indo tão bem. Tem futuro aqui na agência.
Talvez lá no Rio de Janeiro seja mais difícil crescer.
MARGÔT: O que você vai fazer no Rio? Você já não tem mais
família lá. Aqui você tem amigos…
MARGÔT: O Altino foi até a minha sala hoje. Ele comentou com
você?
SILÊNCIO.
MARINÊS: Eu?
ALTINO: É verdade.
ALTINO: Você não acha que vai ser bom para mim? Voltar para
o Rio, retomar a minha vida, conhecer alguém, me casar?
SILÊNCIO.
ALTINO PENSA.
MARINÊS: Nada.
ATENDEM CLIENTES.
ALTINO: Desde o dia em que fui comprar flores para você, antes
da festa do Banco.
ALTINO: Próximo!
ALTINO: Claro!
TODOS: Saúde!
ALTINO: Marinês, por favor, você tem que comer alguma coisa.
MARINÊS: Como é que vai ser? Como é que vai ser sem ele,
Altino? Eu não vou aguentar.
MARINÊS: Oi, Dona Cotinha. Que bom que a senhora veio hoje.
Dona Cotinha, a senhora já perdeu algum noivo em acidente de
automóvel? Não? E marido? Olha a minha aliança! A senhora já
tinha visto? Ela não é linda? O Carlos Alberto sempre teve
muito bom gosto. Me deu aliança no dia seguinte de uma briga.
Ele morreu, Dona Cotinha. Ele morreu. Eu vou convidar a
senhora para ir na minha casa um dia, ver as fotos do meu
casamento. Mas também… que besteira a minha! Para quê ver
as fotos? Para que viver?
MARINÊS: Claro. Está tudo bem. Estou muito feliz com a visita
da Donha Cotinha. Ela conheceu o Carlos Alberto. Sabe que eu
comprei uma camisola linda para usar na minha noite de
núpcias? É, toda rendanda. Mas nem deu tempo de usar. Ela
ainda está embrulhada.
AS DUAS SAEM.
MARGÔT: Lendo?
MARINÊS: A minha vida não continua. Ela parou no dia que ele
morreu.
LUZ CAI.
FIM.
AMOR DE SERVIDÃO
ALTINO: Obrigado.
MARGÔT SAI.
ALTINO: Bueno.
MARINÊS: O quê?
PASSAGEM DE TEMPO.
MARINÊS: Obrigada.
MARINÊS: Normal.
SILÊNCIO.
MARINÊS: É sábado.
MARGÔT: Quem?
ALTINO: Margôt.
MARGÔT. Tem um filme, não tem? Eu acho que vi. Com aquela
atriz linda ...Marlene Dietrich.
ALTINO: Sim.
MARGÔT SE LEVANTA.
OS DOIS SE SENTAM.
ALTINO RI.
ENTRA MARGÔT.
MARINÊS: Ué, todo mundo sabe disso no Banco, achei que você
soubesse.
SILÊNCIO.
ALTINO: Fechado.
MARGÔT: Sabe que esse ano a festa não foi muito boa?
Também, é o mesmo repertório há vinte anos. E o Zeca
Sanfoneiro também não é nenhum Luiz Gonzaga, mal consegue
segurar a sanfona.
MARGÔT: De gato.
ALTINO: O quê?
MARGÔT RI.
ALTINO: É mesmo?
MARGÔT: Ai, Altino! Estou tão feliz que você veio comer de
novo com a gente.
PASSAGEM DE TEMPO.
ALTINO: Calma, gente. Ela deve ter jogado sem querer. Devolve
a carta para ela, Margôt.
MARINÊS DESCARTA.
CARLOS ALBERTO: Claro, claro! Se não for para ganhar não faz
sentido. Estamos todos fazendo papel de bobos aqui!
CARLOS ALBERTO: Não adianta, Altino. Ela sabe. Para mim não
quer jogar, taí.
SILÊNCIO.
ALTINO SE LEVANTA.
MARGÔT: Maniçoba!
ALTINO BEBE.
ALTINO: Legal esse lugar. Mas a Marinês sabe que você vem
aqui?
CARLOS ALBERTO: Ela sabe, mas a gente não fala sobre isso.
ALTINO RI.
ALTINO: Olhei.
ALTINO: É a cara da Marinês. Mas ela sabe que você vem aqui?
CARLOS ALBERTO: Ela sabe, Altino. Mas nós não falamos sobre
isso. Entende?
MARINÊS: Terminamos.
ALTINO: Não, eu acho que foi uma briguinha a toa. Vocês vão
voltar. O Carlos Alberto é louco por você. Vocês se gostam.
CARLOS ALBERTO: Mas foi ela que terminou. Disse que eu não
tenho ciúme.
ALTINO: Finge.
ALTINO: Oi Marinês?
MARINÊS: Oi.
ALTINO: O que foi? Por que você está com essa cara?
MARINÊS: Entendeu?
MARGÔT: Você está indo tão bem. Tem futuro aqui na agência.
Talvez lá no Rio de Janeiro seja mais difícil crescer.
MARGÔT: O que você vai fazer no Rio? Você já não tem mais
família lá. Aqui você tem amigos…
MARGÔT: O Altino foi até a minha sala hoje. Ele comentou com
você?
SILÊNCIO.
MARINÊS: Eu?
ALTINO: É verdade.
ALTINO: Você não acha que vai ser bom para mim? Voltar para
o Rio, retomar a minha vida, conhecer alguém, me casar?
SILÊNCIO.
ALTINO PENSA.
MARINÊS: Nada.
ATENDEM CLIENTES.
ALTINO: Desde o dia em que fui comprar flores para você, antes
da festa do Banco.
ALTINO: Próximo!
ALTINO: Claro!
TODOS: Saúde!
ALTINO: Marinês, por favor, você tem que comer alguma coisa.
MARINÊS: Como é que vai ser? Como é que vai ser sem ele,
Altino? Eu não vou aguentar.
MARINÊS: Oi, Dona Cotinha. Que bom que a senhora veio hoje.
Dona Cotinha, a senhora já perdeu algum noivo em acidente de
automóvel? Não? E marido? Olha a minha aliança! A senhora já
tinha visto? Ela não é linda? O Carlos Alberto sempre teve
muito bom gosto. Me deu aliança no dia seguinte de uma briga.
Ele morreu, Dona Cotinha. Ele morreu. Eu vou convidar a
senhora para ir na minha casa um dia, ver as fotos do meu
casamento. Mas também… que besteira a minha! Para quê ver
as fotos? Para que viver?
MARINÊS: Claro. Está tudo bem. Estou muito feliz com a visita
da Donha Cotinha. Ela conheceu o Carlos Alberto. Sabe que eu
comprei uma camisola linda para usar na minha noite de
núpcias? É, toda rendanda. Mas nem deu tempo de usar. Ela
ainda está embrulhada.
AS DUAS SAEM.
MARGÔT: Lendo?
MARGÔT: Como é que você pode falar uma coisa dessas? Tão
jovem, tão bonita.
MARINÊS: A minha vida não continua. Ela parou no dia que ele
morreu.
LUZ CAI.
FIM.