Você está na página 1de 8

Exemplos de EDOs lineares não homogêneas

UFABC 2023

IEDO
Como achar uma solução particular de EDO não homogênea
Consideremos um exemplo de EDO de segunda ordem linear não homogênea
d2 y dy
+ a1 + a0 y = epx (An xn + An−1 xn−1 + . . . + A1 x + A0 ), (1)
dx2 dx
aonde todos os coeficientes são constantes. Para achar uma solução aplicamos primeiro troca de
variável y = epx z(x). Temos
d2 y
   2 
dy dz d z dz
= epx + pz , 2
= epx 2
+ 2p + p2 z . (2)
dx dx dx dx dx
Substituindo Eq. (2) em Eq. (1) obtemos
 2 
d z dz
epx + [a1 + 2p] + [a0 + p 2
+ p]z = epx (An xn + An−1 xn−1 + . . . + A1 x + A0 ),
dx2 dx
d2 z dz
+ b1 + b0 z = An xn + An−1 xn−1 + . . . + A1 x + A0 , (3)
dx2 dx
com
b0 = a0 + a1 p + p2 , b1 = a1 + 2p. (4)
Como a derivada de um polinômio de ordem n é polinômio de ordem n − 1, podemos buscar uma
solução particular na forma de
z = cn xn + cn−1 xn−1 + . . . c0 , (5)
aonde c0 , c1 , . . . , cn são constantes. Substituindo Eq. (5) em Eq. (3 obtemos
n(n − 1)cn xn−2 + (n − 1)(n − 2)cn−1 xn−3 + . . . + 2c2 +b1 (ncn xn−1 + (n − 1)cn−1 xn−2 + . . . + c1 )
| {z } | {z }
z 00 z0
n n−1 n n−1
+b0 (cn x + cn−1 x + . . . c0 ) = An x + An−1 x + . . . + A1 x + A0 , (6)
de onde podemos achar os coeficientes c0 , c1 , . . . , cn comparando as potencias de x no lado esquerdo e
direito se b0 6= 0:
b0 cn = An , b0 cn−1 + nb1 cn = An−1 , . . . → cn = An /b0 , cn−1 = An−1 /b0 − nb1 An /b20 . . .

IEDO
Como achar uma solução particular de EDO não homogênea
Lembrando que nosso b0 = a0 + a1 p + p2 obtemos a condição como p não deve ser solução da equação
caracterı́stica da parte homogênea da Eq. (1), i.e., y = epx não deve ser a solução da parte homogênea.
Teorema 1 Para EDO na forma de
d2 y dy
+ a1 + a0 y = epx (An xn + An−1 xn−1 + . . . + A1 x + A0 ), (7)
dx2 dx
aonde y = epx não é uma solução da parte homogênea, i.e., p2 + a1 p + a0 6= 0, existe uma solução
particular na forma de
y = epx (cn xn + cn−1 xn−1 + . . . + c1 x + c0).
Agora vamos ver o que acontece quando a condição em Teorema 1 não é satisfeita. Podemos ter, por
exemplo, p sendo uma raiz simples:
s
a 1 a21 a21
p2 + a1 p + a0 = 0 → p = − ± − a0 , 6= a0 . (8)
2 4 4
Nesse caso podemos buscar uma solução particular na forma de
y = xepx z(x). (9)
Temos:
d2 y
   2 
dy dz d z dz
= epx x + [px + 1]z , = epx x 2 + [2px + 2] + [p2 x + 2p]z . (10)
dx dx dx2 dx dx
Substituindo em Eq. (15) obtemos
d2 z
 
dz dz
x +[2px+2] +[p2 x+2p]z+a1 x + [px + 1]z +a0 xz = An xn +An−1 xn−1 +. . .+A1 x+A0 .
dx2 dx dx
(11)
Vemos que podemos buscar uma solução como um polinômio na mesma ordem que no lado direito:
z = cn xn + cn−1 xn−1 + . . . + c1 x + c0 , assim no no lado esquerdo da Eq. (11) obtemos polinômio de
ordem n no máximo, pois a ordem n + 1 é zero devido Eq. (8)
p2 xz + a1 pxz + a0 xz = (p2 + a1 p + a0 )xz = 0.

IEDO
Como achar uma solução particular de EDO não homogênea
Então, Eq. (11) simplifica em

d2 z
 
dz dz
x + (2p + a1 ) x + z +2 = An xn + An−1 xn−1 + . . . + A1 x + A0 . (12)
dx2 dx dx

Nesse caso, se p não é raiz duplo p 6= a1 /2, comparando os coeficientes em frente de xn no lado
esquerdo e direito, temos para cn :

(n + 1)(2p + a1 )cn = An , (13)

i.e., existe tal cn (dai existe uma solução). Obtemos então


Teorema 2 Para EDO na forma de
d2 y dy
+ a1 + a0 y = epx (An xn + An−1 xn−1 + . . . + A1 x + A0 ), (14)
dx2 dx
aonde y = epx é uma solução da parte homogênea, i.e., a0 + a1 p + p2 = 0, com p sendo raiz simples
(a21 6= 4a0 ) existe uma solução particular na forma de

y = xepx (cn xn + cn−1 xn−1 + . . . + c1 x + c0 ).

De mesmo jeito, podemos verificar que é valida a seguinte


Teorema 3 Para EDO na forma de
d2 y dy
+ a1 + a0 y = epx (An xn + An−1 xn−1 + . . . + A1 x + A0 ), (15)
dx2 dx
aonde y = epx é uma solução da parte homogênea, i.e., a0 + a1 p + p2 = 0, com p sendo raiz duplo
(a21 = 4a0 ) existe uma solução particular na forma de

y = x2 epx (cn xn + cn−1 xn−1 + . . . + c1 x + c0 ).

IEDO
Exemplo

Consideremos a seguinte EDO


d2 y
− y = e2x (x2 − 1). (16)
dx2
Temos p = 2 e equação caracterı́stica da parte homogênea: λ2 − 1 = 0 i.e., λ = ±1. Pela Teorema 1:

y = e2x z(x), z = c 2 x2 + c 1 x + c 0 . (17)

Substituindo na Eq. (16) obtemos

d2 y d2 z
 
dz
e−2x −y = +4 + 3z = 2c2 + 8c2 x + 4c1 +c2 x2 + c1 x + c0 = x2 − 1,
dx2 dx2 dx |{z} | {z }
z 00 4z 0
3
x2 : c2 = 1, x1 : c1 = −8, x0 : c0 = − . (18)
2
Então, a solução particular é  
3
y = e2x x2 − 8x − . (19)
2
Como y = e±x são duas soluções independentes da parte homogênea, obtemos a solução geral na forma
 
3
y = C1 ex + C2 e−x + e2x x2 − 8x − . (20)
2

IEDO
Exemplo

Consideremos a seguinte EDO


d2 y
− 4y = e2x (x2 − 1). (21)
dx2
A equação caracterı́stica da parte homogênea: λ2 − 4 = 0 i.e., λ = ±2. Pela Teorema 2:

y = xe2x z(x), z = c 2 x2 + c 1 x + c 0 . (22)

Para z obtemos
d2 y d2 z
 
dz
e−2x − 4y =x + (4x + 2) + 4z
dx2 dx2 dx
= 2c2 x + 8c2 x2 + [4c1 + 4c2 ]x + 2c1 +4(c2 x2 + c1 x + c0 ) = x2 − 1,
| {z } | {z }
xz 00 (4x+2)z 0
1 1 11
x2 : c 2 = , x1 : c1 = − , x0 : c0 = − . (23)
12 24 48
Então, a solução particular é
x2
 
x 11
y = xe2x − − . (24)
12 24 48
Como y = e±2x são duas soluções independentes da parte homogênea, obtemos a solução geral na
forma
x3 x2
 
11x
y = C1 + − − e2x + C2 e−2x . (25)
12 24 48

IEDO
Generalização do método

O método poder ser aplicado para EDOs lineares não homogêneas de seguintes formas:

d2 y dy
+ a1 + a0 y = epx (An xn + An−1 xn−1 + . . . + A1 x + A0 )
dx2 dx
+eqx (Bn xn + Bn−1 xn−1 + . . . + B1 x + B0 ),
d2 y dy
+ a1 + a0 y = epx cos(ωx)(An xn + An−1 xn−1 + . . . + A1 x + A0 ),
dx2 dx
d2 y dy
+ a1 + a0 y = eqx sin(Ωx)(Bn xn + Bn−1 xn−1 + . . . + B1 x + B0 ), (26)
dx2 dx
etc.
No primeiro caso, devido a linearidade podemos buscar solução particular como uma soma de duas,
cada uma para sua parte direita:

y = epx (cn xn + cn−1 xn−1 + . . . + c1 x + c0 ) + eqx (dn xn + dn−1 xn−1 + . . . + d1 x + d0 ). (27)

No caso de cos ou sin (ou a soma) temos epx cos(ωx) = 21 e(p+iω)x + 21 e(p−iω)x o que reduz esses
casos na situação anterior (Eq. (27)) com p0 = p + iω e q 0 = p − iω, etc. Podemos em vez de
exponenciais imaginarios usar cos e sin. Por exemplo, no caso de cos(Ωx) podemos buscar solução
particular na forma de A cos(Ωx) + B sin(Ωx).

IEDO
Sumario

Consideremos EDOs de segunda ordem lineares não homogêneas e desenvolvemos método para
achar solução particular quando a parte não homogênea é produto de polinômio com exponencial, o
que se aplica para função exponencial, funções cos, sin, polinômios, e produtos dessas.

IEDO

Você também pode gostar