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As Cinzas Remanescentes do

Holocausto
A Segunda Guerra Mundial foi um marco na história da humanidade. É de
extrema importância que nós, seres humanos, saibamos o que ocorreu naquela
época para que não repitamos os mesmos erros que foram cometidos. Um dos
meios para compreender o que ocorreu durante este período é através de filmes
que o retratam. Como é o caso das películas A Vida é Bela, O Pianista e A Lista de
Schindler. Apesar de cada uma delas abordar de diferentes maneiras a Segunda
Guerra Mundial é possível relacioná-las, apontando suas diferenças e semelhanças.

Ambos os filmes, A Lista de Schindler e O Pianista, são histórias verídicas e


os fatos são retratados de maneira mais realista e violenta. Já em A Vida é Bela que
conta uma história fictícia, ocorre o oposto, pois se trata de um filme mais leve,
menos realista e com toques de humor, apesar da situação caótica da Segunda
Guerra Mundial.
Ao contrário do filme dirigido por Steven Spielberg, os filmes O Pianista e A
Vida é Bela tem como protagonistas judeus, porém em O Pianista, o personagem
principal está fora dos campos de concentração e em A Vida é Bela o protagonista,
Guido, vai para um campo de concentração.
Em A Lista de Schindler o personagem principal é um empresário alemão
chamado Oskar Schindler que é membro do Partido Nazista e está interessado em
abrir uma fábrica. Com o começo da Segunda Guerra Mundial, ele vê uma ótima
oportunidade de conseguir adquirir um estabelecimento industrial e lucrar, pois
começaram a ser impostas restrições aos judeus, incluindo a proibição de fazer
negócios, a ter salário e o confisco a propriedade privada. Por isso, ter judeus como
funcionários era mais vantajoso, visto que não recebiam salário. Na longa metragem
com direção de Roman Polanski também são mostradas algumas restrições aos
judeus, como poder ter apenas dois mil slots em suas casas, não poder sentar em
bancos públicos, ter que ir para a rua quando encontrassem um Alemão na calçada,
todos os judeus deveriam usar estrelas de Davi no braço e aqueles que não as
usassem seriam severamente punidos; além disso, eles não podiam entrar no
parque e na maioria dos estabelecimentos comerciais. Depois, um decreto foi feito:
judeus tinham que ir morar nos Guetos. O filme dirigido por Roberto Benigni
apresenta uma cena parecida em que Giosué está andando com seu pai na rua e
eles passam por um café que contém um aviso de proibido a entrada de judeus e
cães na vitrine. O menino se interessa pelo bolo que a vitrine expõe. Logo em
seguida, Giosué pergunta para o pai porque os judeus não podem entrar no café e o
pai responde que é porque a loja é deles e cada um faz como bem entende, mas,
na realidade, essa proibição foi feita por conta do preconceito cada vez maior contra
os judeus. Guido mentiu a seu filho para poupá-lo de saber sobre os preconceitos
raciais que cresciam com o fortalecimento do regime fascista.
Schindler teve a ideia de contratar judeus para serem funcionários de sua
futura empresa, mas não por bondade, e sim porque ele se beneficiaria. Ele
possuiria seus bens (já que haviam muitos judeus com várias posses de grande
valor) , e em troca pagaria os funcionários apenas com produtos, panelas ou algo
que pudessem usar. Com os bens dos judeus, Oskar teria dinheiro suficiente para
comprar uma indústria. Como eram tempos de guerra, judeus precisavam trabalhar,
visto que isso os livrava de ir para o campo de concentração. Assim como Schindler,
vários nazistas se aproveitaram da situação dos judeus na Segunda Guerra Mundial
para lucrar, utilizando a mão de obra judia que era praticamente escrava ou
pegando seus pertences a força.
Para obter a empresa, o personagem de ​Liam Neeson​ faz um acordo com
Itzhak Stern, um contador judeu, que aceita administrar a fábrica e ajudá-lo.
Apesar da opressão nazista aos judeus, ainda haviam meios de lucrar. No
mercado negro alguns judeus faziam negócios e trocas ilegalmente como é
apresentado em uma cena de A Lista de Schindler em que um indivíduo com uma
estrela em seu braço entra em uma igreja e tira sua estrela. Ele vai em direção a um
assento, onde há dois homens sentados. Os dois homens começam a falar com ele
aos sussurros sobre a venda e troca de produtos. Enquanto isso, Schindler se
encontra em um assento na frente deles, ouvindo tudo e vira-se para os homens
dizendo que está interessado na camisa de um deles. Oskar consegue convencê-lo
a vender algumas camisas e a fazer negócios com ele. Esses homens faziam parte
do mercado negro.
É possível perceber que mesmo em meio ao desespero dos judeus ainda
existiam grupos que resistiam ao regime nazista como é mostrado no filme O
Pianista, em que Wladyslaw Szpilman ajuda a contrabandear armamento para seus
companheiros do gueto com o objetivo de combater a força opressora nazista.
Apesar da tentativa, o movimento de resistência contra os nazistas falha o que
resulta na morte dos judeus envolvidos. Mesmo assim, esse movimento foi um
exemplo de que alguns judeus resistiram e nem todos “aceitaram de bom grado” o
sistema nazista.
No começo da obra cinematográfica dirigida por ​Steven Spielberg,​ Oskar fica
feliz com a situação cada vez pior dos judeus. Quando Itzhak leva dois homens
judeus para negociar com Schindler, o empresário diz a eles que a cada mil que
investirem em sua fábrica ele os pagará duzentos quilos de esmaltados por mês. Os
dois homens falam que essa proposta não é boa e Schindler diz que eles não estão
em posição de fazer exigências. O salário dos judeus era pago diretamente a SS
(serviço secreto), mas, mesmo assim Oskar teria que pagar mais a um polonês, o
que não seria tão lucrativo. Seguindo as ordens de seu empregador, Itzhak Stern vai
falar com um grupo de judeus para ver se estão interessados em trabalhar na
fábrica de esmaltados de Schindler. Explica a proposta a eles, dizendo que os
funcionários podem fazer trocas de mercadoria com os produtos que receberem
como pagamento.
O cenário fica cada vez mais tenso e a perseguição aos judeus se inicia.
Oficiais nazistas começam a fazer a inspeção para verificar quais judeus eram
"trabalhadores essenciais", os que não eram úteis eram enviados para os campos
de concentração ou eram mortos. Durante a inspeção para a averiguação de quem
eram trabalhadores essenciais, o contador de Oskar falsifica algumas carteiras de
trabalhadores judeus para que nelas estivesse escrito que eles eram necessários
para trabalhar. Fazendo isso, ele os salva.
A indústria de Schindler produzia louças esmaltadas especialmente
desenhadas para uso militar, o que favorecia os soldados nazistas.
Em um momento, um maquinista judeu vai até Schindler para agradecer por
tê-lo contratado, dizendo que ele era um bom homem e que estava muito
agradecido por ele ter salvo sua vida. Depois que o maquinista vai embora, o
industrial discute com seu contador, falando que aquele trabalhador tinha apenas
um braço e que ele não seria útil para trabalhar. Na cena seguinte, os judeus retiram
a neve da rua e entre eles está o maquinista maneta que fora contrato por
Schindler. Assim que oficiais nazistas vêem o senhor, matam-o por ele ser inútil
para eles. Deficientes eram considerados imprestáveis, pois não conseguiam
trabalhar tanto quanto os outros ou, em alguns casos, não podiam nem mesmo
trabalhar. Na longa metragem com direção de Roman Polanski, os guardas adeptos
ao nazismo jogam um cadeirante da janela na frente de sua família.
As posses dos judeus são retiradas e separadas deles em A Lista Schindler.
Em O Pianista a mesma situação aparece. Antes dos judeus irem para o campo de
concentração eles eram separados de todos os seus bens. Isso fazia com que a
Alemanha enriquecesse.
O Tenente Amon Goeth da SS vai para Cracóvia supervisionar a construção
do campo de concentração de Plaszow.
Após isso, Goeth dá o comando para os guardas nazistas limparem o gueto.
Muitos são mortos de maneira violenta. Todos os doentes são assassinados. A
situação é desordenada e sangrenta. Schindler, assistindo toda a carnificina de um
morro fica abalado quando vê uma menininha usando um vestido vermelho no meio
do caos.
É relevante destacar um momento do filme A Vida é Bela, em que Guido
consegue uma oportunidade de se passar pelo inspetor nazista da escola onde
Dora trabalha, com a intenção de vê-la novamente. Quando entra na escola começa
a divertir as crianças dizendo que seu umbigo e orelha são puramente arianos por
isso são tão bonitos. Os meninos e meninas riem e se divertem. O real inspetor
chega e Guido foge pela janela da escola. Dessa maneira, Guido passa a
mensagem de que mesmo nem sendo um italiano "puro" ele não apresenta
características físicas diferentes daqueles que são italianos completamente
autênticos. Ou seja, o regime fascista não faz nenhum sentido lógico, pois as
pessoas não são feitas apenas por sua religião, raça, orientação sexual ou lado
político, mas sim principalmente por seu caráter. Nessa passagem da obra
cinematográfica é importante observar que os princípios fascistas eram ensinados
até mesmo nas escolas para as crianças, já que são facilmente manipuladas. Isso
espalhou ainda mais o fascismo, a ideia era eternizá-lo e passá-lo adiante. O
fascismo era praticamente uma religião para aqueles que defendiam e concordavam
com esse sistema. A cena da escola pode ser relacionada com um fato que ocorre
em A Lista de Schindler onde uma menina aparece gritando “adeus judeus”
enquanto eles iam para o gueto. Essa menina foi ensinada que sua raça era a
melhor e que judeus não passavam de vermes.
Os rumores de que a empresa de Schindler é um refúgio para os judeus se
espalham e vários pensam que ele é um benfeitor e o procuram para pedir trabalho.
Schindler se irrita com esses rumores e diz a uma mulher que implora a ele para dar
emprego aos seus pais que sua empresa não é um refúgio. Mas após um tempo,
ele muda de ideia e contrata os pais da moça para salvá-los.
Amon Goeth mata um de seus empregados judeus só porque ele não
conseguiu tirar as manchas de uma banheira. Ele também agrediu sua empregada,
Helen. Podemos ver que a violência contra os judeus era algo comum e que eles
eram exterminados por razões ilógicas.
Em uma passagem do filme foi mostrada uma seleção que era feita com a
finalidade de averiguar quais judeus estavam em boas condições para trabalhar.
Algumas mulheres,para não serem mortas, furam o dedo com uma agulha e
passam um pouco de sangue no rosto para ficar com um aspecto mais saudável.
Enquanto isso, as crianças estão sendo caçadas dentro do campo de concentração
para serem levadas e mortas. Algumas conseguem se esconder, há crianças que se
escondem embaixo do piso e dentro de instalações de latrinas. Quando as pessoas
percebem que seus filhos estão sendo levados começam a correr para tentar
salvá-los, porém não conseguem, pois os soldados as impedem. Isso é muito
semelhante ao que acontece em O Pianista e A Vida é Bela em que as crianças e
os idosos eram os primeiros a serem mortos, pois em sua maioria não tinham
condições de trabalhar. Em A Vida é Bela isso é ressaltado, visto que Dora, esposa
de Guido, é avisada por uma mulher que quando as crianças fossem chamadas
para tomar banho, na verdade, elas seriam levadas para a câmara de gás. Já em O
Pianista, há uma cena em que é mostrado ao público a crueldade em que os
nazistas tratavam as crianças. Nessa cena, Wladyslaw aparece andando e avista
um garoto que está preso em um buraco. Metade do corpo do menino estava dentro
do gueto e a outra se encontrava na parte de fora. Oficiais agrediram a criança até
levá-la a óbito, apesar dos esforços de Wladyslaw para tirá-la do buraco, quando ele
finalmente consegue puxá-la de lá, ela já está morta.
Na película dirigida por Steven Spielberg, vários judeus desenterram corpos
de outros judeus para que os cadáveres sejam queimados. Enquanto isso, alguns
indivíduos estão passando com corpos em carroças. Em meio a tudo isso, Schindler
avista a garotinha judia que havia visto brincando no campo de concentração em
outro momento e agora a mesma estava morta em uma pilha de corpos. Isso faz
com que o empresário se sensibilize e mude sua forma de pensar em relação aos
judeus. A garotinha que é a única que está com uma roupa colorido na cor vermelha
representa a mudança de pensamento de Schindler. A partir daí, ele começa a se
importar com a situação dos judeus e a ter compaixão, percebendo que eles eram
pessoas como todas as outras e também tinham uma vida. Então ele vai falar com
Stern e pede para ele ajudá-lo a escrever uma lista com nomes de judeus que ele
iria empregar em sua fábrica. Oskar fez isso com o objetivo de salvar o maior
número de vidas possível.
Bem como Schindler, também haviam pessoas que não concordavam com os
regimes fascista e nazifascista. Isso é apresentado na obra cinematográfica O
Pianista, quando Wladyslaw é ajudado por um guarda nazista chamado Capitão
Wilm Hosenfeld. Wilm lhe cede abrigo, comida e um casaco no final do filme. Assim
como Guido recebe ajuda de um médico a quem serviu no restaurante. Durante a
inspeção para ver quem estava em condições de trabalhar o médico não fala o
nome de Guido, dessa maneira o salva.
Para conseguir salvar os judeus, Oskar Schindler conversa com Goeth para
liberá-los, só que para isso ele teve que pagar ao Tenente por cada operário judeu.
Em seguida, os judeus que estão na lista são divididos em homens e
mulheres para irem para a fábrica. Após serem reunidos, Schindler fala que ele
daria comida a eles e que eles não precisariam se preocupar. Depois de um tempo,
o empresário conta que a guerra estava chegando ao fim e que a meia-noite eles já
seriam pessoas livres. Ele disse que ficaria cinco minutos depois da meia-noite com
eles e depois iria fugir, pois ele fazia parte do Partido Nazista. Logo depois,
Schindler aparece se despedindo, e então os judeus dão uma carta a ele explicando
que ele os salvou e que não compactuava com os nazistas para o caso de ele ser
pego e todos a assinam. Os operários fizeram um anel de ouro no qual estava
escrito em hebraico "aquele que salva uma vida salva o mundo inteiro" (‫הוא המציל‬
‫ )חיים מציל את כל העולם‬para presentear e homenagear Oskar. ​Schindler fica bastante
emocionado, porém um sentimento de vergonha o toma por completo, pois ele
acredita que poderia ter feito algo mais para salvar outros judeus como vender seu
carro e seu broche nazista. Durante a noite, ele deixa aos prantos a fábrica com sua
esposa.
No desfecho da película, todos os judeus e os atores que os interpretaram
vão até o túmulo de Oskar Schindler e colocam pedras em cima dele. Segundo a
crença judaica as pedras eternizam a memória da pessoa, pois as pedras
representam a eternidade.
Nos três filmes, os personagens principais lutam como podem contra aqueles
que estão em seu caminho. Todos eles são exemplos de que é possível lutar
mesmo nas situações mais desesperadoras. Wladyslaw lutou para sobreviver
mesmo que estivesse sem sua família e na completa solidão, ele só tinha sua
música que foi o único bem que não pôde ser tirado dele. Guido lutou para que seu
filho não sofresse e se sacrificou por ele dando sua vida. Um dos meios utilizados
para preservar a inocência de seu filho foi fazer com que Giosué acreditasse que
aquilo tudo era apenas um jogo no qual se acumulam pontos e aquele que
obtivesse mil pontos primeiro seria o grande vencedor. Como prêmio, o ganhador
receberia um tanque de verdade. Este pai protegeu seu filho de todo o horror e
tristeza da dura realidade que os cercavam, fazendo com que Giosué visse tudo de
uma maneira positiva e divertida. E Schindler, apesar de ser membro do Partido
Nazista, foi contra os ideais nazifascistas para salvar judeus e gastou grande parte
de sua fortuna abrigando pessoas judias em sua fábrica. Salvou cerca de mil e cem
judeus e a maioria deles foi retirada de um campo de concentração de Plaszow, na
cidade de Cracóvia, na Polônia.
Como foi apontado, os regimes totalitários se caracterizam por ser
extremamente autoritários. Eles podem estar presentes em sociedades capitalistas
ou até mesmo em regimes socialistas. Esses regimes tinham como característica a
destruição de qualquer segmento social que pudesse ameaçar sua liderança.
A Segunda Guerra Mundial foi banhada em sangue de principalmente judeus
e comunistas.Tendo como principal vilão Hitler que na época era líder da Alemanha.

Gabriela Sofia e Bianca Noronha, 9​º ano.

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