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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO PARÁ
ÁREA PROFISSIONAL DE MINERAÇÃO
CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO

Professora: Marlis Elena Ramírez Requelme

2021
UNIDADE III: LAVRA ACÉU ABERTO
3.1 Generalidades sobre a Lavra a Céu Aberto

A extração de minerais úteis supera os dez mil milhões de toneladas ao ano e, aumenta
ao ritmo de 4.4 - 5.5% anualmente, aproximadamente um 75% desse volume se extraem pelo
método a céu aberto. A proporção de extração superficial é elevada devida essencialmente a
dois fatores: a dificuldade crescente em descobrir depósitos minerais que possam ser
economicamente lavrados pelo método subterrâneo e a eficiência, também crescente, na
mineração de depósitos pelo método a céu aberto, embora o custo de recuperação para uma
mina de superfície esteja aumentando continuamente.
A lavra a céu aberto compreende todos os serviços executados na superfície em
aberturas (amplas ou limitadas) ou próximo dela em profundidades limitadas, visando a
extração do minério ou substancia mineral útil da jazida. Envolve casos específicos de
aproveitamento de material subterrâneo como petróleo, gases combustíveis e sais solúveis.
O planejamento de mina e desenvolvimento são fases importantes na operação de uma
mina. Para isso, a equipe de planejamento considera as condições locais de geologia,
geoestatística, topografia, hidrogeologia, geotecnia, clima e condições ambientais. Os projetos
de mina devem considerar, além da economicidade do empreendimento, os aspectos relativos
ao desenvolvimento das operações unitárias, à segurança operacional, controle ambiental e a
reabilitação da área.
Hoje em dia, climas severos em altitudes elevadas, raras vezes, impossibilitam o
desenvolvimento de lavra a céu aberto, porém podem ser prejudiciais para a eficiência da
produção e custos de operação. Entre os fatores naturais e geológicos: terreno, profundidade,
características espaciais do depósito e presença de água são variáveis muito importantes.
Preocupações ambientais e os custos na solução de problemas ambientais aparecem entre as
mais importantes considerações no planejamento e desenvolvimento de uma mina a céu
aberto.

CONCEITOS MINEIRO-TÉCNICOS E TERMINOLOGIA

A galeria mineira aberta, que tem seção trapezoidal e grande extensão denomina-se
trincheira. A trincheira inclinada que serve para o decapeamento e comunica a superfície com
as bancadas de trabalho da mina é conhecida como trincheira principal. A trincheira
horizontal, empregada para a criação do frente inicial de trabalho nas bancadas se denomina
trincheira de corte. A escavação de trincheiras principais que possibilitam o tráfego desde a
superfície da jazida ou desde uma parte lavrada da jazida a outra em explotação, denomina-se
decapeamento da jazida.
Os limites do perímetro da mina a céu aberto são as superfícies que passam através do
contorno inferior e superior da mina na sua etapa final (Figura 3.1). Contorno superior
denomina-se à linha de corte das bordas da mina com a superfície. Contorno inferior
denomina-se à linha de corte das bordas da mina com o plano do fundo da mina. Fundo da
mina denomina-se à superfície inferior, geralmente horizontal da mina.
O conjunto de praças e taludes dos bancos desde a superfície até o fundo da mina se
denomina talude da mina. Quando as bancadas chegam a sua face final (posição final na
exaustão da mina) forma-se o talude inativo (i  50º). O talude ativo compreende as
diferentes bancadas donde se estão desenvolvendo trabalhos (localizam-se os diferentes
equipamentos, rede elétrica, tubulação de ar comprimido, mangueira de água, etc), é também
conhecido como talude de trabalho (t  10 - 15º).
O ângulo que se forma entre a linha do talude da mina e sua projeção sobre o plano
horizontal denomina-se ângulo do talude da mina.
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A distancia vertical entre a cota da superfície e o fundo da mina se denomina


profundidade da mina. A profundidade máxima calculada para a mina se denomina
profundidade de desenho.

Talude em Talude em
recesso Limite superior da mina trabalho

5
2

Profundidade
da mina
3
4
β 1

Ângulo de talude
Limite inferior da mina

Figura 3.1 - Elementos da mina a céu aberto. 1 - bancadas, 2 - bermas (praça da bancada),
3 - face ou talude do banco, 4 - fundo da mina, 5 - talude final da mina.

Os trabalhos mineiros que encerram operações de escavação de trincheiras principais e


de corte, assim como a definição dos taludes da mina na posição necessária para o começo da
explotação se denominam trabalhos mineiros fundamentais. Os trabalhos mineiros executados
para pôr ao descoberto o mineral útil da jazida, mediante o arranque e transporte do material
estéril de recobrimento e rochas encaixantes, se denominam trabalhos de decapeamento. Os
trabalhos de extração se denominam trabalhos de arranque do mineral útil.

APLICABILIDADE

A explotação a céu aberto executa a lavra de jazidas de minerais metálicos e não-


metálicos de depósitos próximos à superfície, jazidas aflorantes de reduzido capeamento,
jazidas em encostas, em cava, em camada e por furo de sonda, caracterizadas por uma grande
variedade de formas, características espaciais, condições mineralógicas e hidrogeológicas
diferentes.

Os tipos fundamentais de jazidas minerais lavráveis pelo método a céu aberto


constituem:
a) veios aflorantes - estreitos ou possantes,
b) camadas horizontais – ou pouco inclinadas de pequeno capeamento, estreitas ou potentes,
c) maciços – economicamente lavráveis pela relação estéril/minério,
d) jazidas profundas lavráveis por furos de sonda – decapeamento oneroso,
e) placers – depósitos superficiais de sedimentos não-consolidados.

Os copos minerais podem-se classificar por sua estrutura, em homogêneos,


heterogêneos e dispersos; por sua forma em estratos, bolsões e tubulares; por condições de

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profundidade em superficiais e profundos e, por características geométricas (ângulo de


mergulho) em:

1. Jazidas horizontais - com potência de recobrimento aproximadamente constante e com


superfície plana permitindo o decapeamento das rochas sobrejacentes ao corpo mineral.
(Figura 3.2a).
2. Jazidas de mergulho suave - com mergulho  8-10º, caracterizam-se pela variação no
volume de rochas do decapeamento, que aumenta em sentido do mergulho da jazida (Figura
3.2b,c).
3. Jazidas inclinadas - com mergulho entre 10-25-30º, caracterizam-se porque as rochas que
jazem na base do corpo mineral não são extraídas (Figura 3.2d).
4. Jazidas verticais ou abruptas - com mergulho  30º, afloram em superfície e estão cobertos
com sobrecarga detritica. Este tipo de jazidas permitem a extração das rochas do
recobrimento, da capa e da lapa / costados pendente e jacente (Figura 3.2e).
5. Corpos minerais tipo stoks ou volumosos - geralmente localizam-se em bacias ou em
lugares debilmente montanhosos com sobrecarga de potência variável (Figura 3.2f).

6. Jazidas em forma de anticlinais e sinclinais - jazidas típicas de carvão (Figuras 3.2g e 3.2h,
respectivamente).
7. Jazidas dispostas acima da cota de superfície nas pendentes (Figura 4.1i) e jazidas onde a
sua parte superior encontra-se na parte alta da montanha e sua parte inferior sob o nível da
bacia em forma de “paper” (Figura 3.2j).

VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS

Vantagens
- Aproveitamento de jazidas de baixo teor.
- Elevada escala de produção e de produtividade (flexibilidade de produção).
- Desnecessidade de suporte do céu da mina (emadeiramento, cavilhamento, enchimento,
abatimento controlado, etc).
- Fácil observação e supervisão das atividades.
- Emprego de equipamentos de grande porte (mecanização e automação das diferentes
operações).
- Menores custos de extração.
- Maior segurança do trabalho, melhor higiene e iluminação.
- Menor prazo de construção (tempo de construção).
- Ausência de problemas de ventilação.
- Melhor controle do esgotamento.

Desvantagens

- Custos operacionais diretos mais elevados (exige maior remoção e movimentação de rochas
estéreis)
- Imobilização de grandes áreas superficiais (com lavra e bota-foras, etc)
- Restrições de localização (presença de rios, lagos, pântanos, mar, cidades, construções e
edificações, terrenos demasiado valorizados, reservas ecológicas, etc)
- Certa dependência das condições climáticas (chuva, vento, neve, insolação intensa, etc)
- Lavra se limita até profundidades moderadas
- Restrições de preservação do meio ambiente (preservação e restauração do solo, disposição
de estéreis e rejeitos, preservação de bosques, restauração de urbanizações, etc).
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Figura 3.2 - Tipos fundamentais de jazidas minerais úteis que se lavram a céu aberto.

3.2 Lavra Céu Aberto: Etapas Operacionais

ETAPAS BÁSICAS DE TRABALHO E PROCESSOS MINEIROS DE PRODUÇÃO

A lavra de jazidas minerais pelo método a céu aberto encerra as seguintes etapas
fundamentais de trabalho e processos mineiros de produção:
1. Supressaõ vegetal;
2. Remoção do capeamento;
3. Drenagem da mina;
4. Desmonte;
5. Carregamento;
6. Transporte;
7. Disposição do estéril

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ETAPAS BÁSICAS DE TRABALHO

A preparação da superfície da mina, compreende trabalhos de desmatamento,


decepamento de troncos, desvio de rios ou riachos para fora dos limites do campo da mina,
drenagem das águas de lagos e secado de pântanos, remoção de edificações e construções
existentes no campo da mina, bem como as vias férreas e estradas. O desmatamento efetua-se
com tratores de lâmina.
A drenagem da mina, é executada para permitir ou facilitar a operação de lavra ou
então para estabilização dos taludes, através do controle das águas pluviais, de infiltração e
águas do lençol freático. A drenagem da mina efetua-se previamente ao desenvolvimento das
operações mineiras, antecede ou sucede ao decapeamento, porém durante o processo de
construção e explotação da mina a drenagem efetua-se paralelamente. A proteção da mina
contra as correntes de águas chuva e exteriores define a construção de canais de drenagem em
superfície a uma distancia determinada dos contornos da mina.
Águas pluviais ou de infiltração requerem, comumente, diversas captações e depósitos
de bombeamento. O rebaixamento do lençol freático pode ser executado por meio de poços
profundos, galerias, trincheiras, drenos horizontais profundos, etc. O projeto de rebaixamento
deverá estar condicionado por estudos hidrogeológicos detalhados do terreno, englobando
levantamento estrutural do perfil de intemperismo e litológico, pois estas feições condicionam
a distribuição dos parâmetros hidrodinâmicos do maciço. Estes levantamentos devem ser
executados em conjunto com a instalação de piezômetros e/ou com testes de bombeamento.
Os trabalhos mineiros básicos e fundamentais compreendem a construção de
trincheiras principais que permitem o acesso dos meios de transporte desde a superfície até a
jazida mineral, assim como a preparação do frente inicial para os trabalhos de decapeamento e
extração. Durante o período de construção da mina, ao grupo de trabalhos mineiros básicos
pertencem, também os trabalhos de escavação de trincheiras de corte, as quais criam o frente
inicial para os trabalhos de explotação da jazida.
Os trabalhos de decapeamento consistem na remoção do solo e rocha alterada que
recobrem e/ou encaixam a o corpo mineral em superfície (estéril), para se chegar à rocha sã
(jazida). Muitas vezes, a camada superficial do solo com resíduos vegetais, é estocada a parte,
para posterior recobrimento de escavações e áreas de disposição visando sua reabilitação ou
restauração. Ressalta-se que os trabalhos de decapeamento desenvolvidos durante o período
de construção da mina estão vinculados aos trabalhos mineiros básicos, enquanto que os
trabalhos correntes de decapeamento realizados para a criação do indispensável frente inicial
dos trabalhos de extração, durante o período de extração, denominam-se trabalhos de
preparação. A finalidade dos trabalhos de extração é efetuar em forma sistemática o arranque
do mineral útil com a qualidade exigida e em correspondência com o plano estabelecido.
Todas as etapas básicas de trabalho são executadas em série, na ordem mencionada e
posteriormente são efetuados de forma simultânea (em paralelo), porém defasadas umas com
outras em tempo e espaço. Os trabalhos mineiro básicos estão na frente dos trabalhos de
decapeamento, que por sua vez estão na frente dos trabalhos de extração.

PROCESSOS MINEIROS DE PRODUÇÃO: CICLO DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS

O conjunto de processos básicos na extração (ciclo de produção) constitui a tecnologia


de explotação mineira a céu aberto. A dificuldade no cumprimento dos processos básicos de
produção em minas a céu aberto, é variável, e depende da resistência e estrutura das rochas,
das condições de orientação da jazida, da potência, do tipo de instalações mineiras de
transporte e da organização do trabalho. Compreendem operações mineiras de produção:
preparação, escavação/arranque, transporte e disposição do estéril.
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Preparação da massa mineira para sua extração, geralmente consiste na mudança


prévia do estado natural do maciço de rochas através dos meios selecionados (sejam
mecânicos ou emprego de substâncias explosivas), visando uma extração mais efetiva.
Implica a preparação de todo o volume de rochas que se encontra nos contornos da mina.
A preparação depende fundamentalmente das características físico-mecânicas do
maciço de rochas e pode estar ausente em rochas incoerentes (brandas ou moles) que não
requerem preparação prévia. A preparação das rochas para o arranque alcança do 5 ao 40% do
custo total de extração.
O grau de preparação da frente de trabalho se caracteriza pelas dimensões dos pedaços
das rochas fragmentadas. No carregado de massa rochosa fragmentada em pedaços pequenos,
a escavadeira apresenta alto rendimento, pois, nestas condições diminui o ciclo de escavação e
se eleva o coeficiente de utilização da caçamba. Quando a fragmentação das rochas coerentes
(resistentes) é uniforme e em pedaços pequenos, pode-se utilizar com êxito maquinaria de
ação continua.
Escavação - Carregamento (Arranque - Carregamento), consiste na separação de
grandes (extensas) massas de rochas resistentes do maciço de rochas (preparação da massa de
rochas com escarificadores mecânicos e sustâncias explosivas). Inclui, também, o arranque
direto de rochas incoerentes (brandas ou moles), ou seja, escavação mecânica de material
incoerente e o carregamento aos médios de transporte ou depósitos de estéreis através do
emprego de vários equipamentos mineiros, bem como o carregamento de rochas resistentes
previamente fragmentadas na frente de trabalho.
O arranque das massas minerais coerentes efetua-se mediante fragmentação através do
emprego de substâncias explosivas e o carregamento aos meios de transporte. Os trabalhos de
perfuração e explosão têm por finalidade a fragmentação das rochas resistentes, cuja extração
é impossível diretamente com meios mecânicos (escavadeiras).
Transporte da massa de rochas (minério/estéril), os trabalhos a céu aberto se encerram
com o transporte das rochas estéreis (decapeamento) e o mineral útil aos locais de
amontoamento e recepção. A massa mineral arrancada nas frentes de trabalho é transportada
para a usina de concentração (britagem primária no beneficiamento) ou para o pátio de
estocagem de minério, enquanto as rochas estéreis são transportadas para os bota-foras. O
transporte de minérios arrancados em operações mineiras emprega extensamente uma grande
variedade de equipamentos, prevalecendo escavadeiras de grande porte, transportadores e
caminhões, enquanto as rochas estéreis se transportam com motoscrapers, draglines ou
tratores de esteiras.
Em minas a céu aberto, o transporte das cargas (minério/estéril) a grandes distancias,
desenvolve-se com transporte férreo com locomotivas de tração elétrica ou de vapor e vagões
dumcars (de volteio lateral) com capacidade de carga desde 50 até 180 toneladas; com
transporte automotriz, caminhões fora de estrada com capacidade de carga desde 5 até 360
toneladas. O transporte de rochas incoerentes desde as frentes de arranque com equipamentos
de ação continua, geralmente, se realiza por correias transportadoras. Atualmente correias
transportadoras empregam-se, também, para o transporte de rochas consolidadas (coerentes),
desde as frentes de arranque com equipamentos de ação intermitente (escavadeiras) até os
pátios de estocagem de minério ou britadores primários.
O armazenamento das rochas efetua-se em locais temporários ou permanentes de
trabalho. O minério é descarregado em sítios permanentes devidamente montados (pátio de
estocagem de minério) e as rochas estéreis se descarregam nos bota-foras, em sítios
temporários que mudam de posição e não possuem instalações estacionarias. O despejo e
compactação (empilhamento ou amontoamento) das rochas estéreis se efetuam com
escavadeiras frontais, escavadeiras especiais de caçambas múltiplas, bulldozers ou com
lavado hidráulico (hidrolavado).
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3.3 Deposição de estéril

INTRODUÇÃO

Uma operação de lavra envolve, geralmente, a movimentação de dezenas de milhões


de toneladas de estéril. Quanto às diversas modalidades da lavra convencional, estão muito
condicionadas à forma adotada para o transporte dos estéreis, o que determina não somente a
estrutura e as condições de aplicação de um método de lavra, como também sua economia,
posto que em uma lavra a céu aberto, a quantidade de estéreis removidos supera várias vezes à
de minério extraído. Sob este aspecto, podemos então agrupar tais métodos em métodos com
transporte e métodos sem transporte de estéreis (lavra por tiras).
Os métodos com transporte, que são mais comuns no Brasil, se caracterizam pela
remoção dos estéreis por veículos sobre rodas ou por correias transportadoras. Na maioria dos
casos, esses métodos se aplicam à lavra de camadas inclinadas, corpos de fortes mergulhos ou
corpos potentes. Exemplos típicos seriam as minerações de ferro do Quadrilátero Ferrífero de
Minas Gerais, as minerações de fosfato e pirocloro de Araxá, etc.
Os métodos sem transporte se caracterizam pela deposição dos estéreis diretamente
nos locais já lavrados, em operações coordenadas com a extração da substância útil. Aplica-se
as camadas horizontais ou de pequeno mergulho, como são as jazidas de carvão e folhelho
(xisto) betuminoso, jazidas e bauxita e jazidas de caulim. Normalmente se trabalha em banco
único e, às vezes, em dois bancos. Uma dragline de grande lança faz a remoção e disposição
do estéril capeante e escavadeiras frontais fazem a extração das substancias úteis. Tais
métodos são simples, do ponto de vista da execução, e garantem um baixo custo de produção.
A principal deficiência está na dependência entre os serviços de decapeamento e os de
extração das substâncias úteis. O uso de grandes draglines aumenta o campo de aplicação
desses métodos.
Considera-se estéril de mineração ao material desmontado e removido durante a lavra,
contendo rochas encaixantes e minério de baixo teor, não apresentando valor econômico
associado. Neste caso, ao igual que os conceitos de jazida e de minério, dada sua conotação
econômica, pode variar no tempo, ou seja, o que é considerado estéril hoje pode representar
minério no futuro, e vice-versa. Quando possível, por motivos de ordem econômica, o
material deve ser disposto na própria cava, em local onde a reserva explorável já se tenha
esgotado. Caso não seja possível, o material pode ser disposto em vales ou planícies
próximos, observando sempre os critérios geotécnicos de estabilidade e estudando o impacto
ambiental que irá provocar. Um depósito de estéril deve ser locado o mais próximo, possível
do centro de massa do estéril a ser lavrado, respeitando-se os limites do pit final e procurando
compatibilizar a forma do depósito a ser formada com o relevo do terreno disponível de modo
com que este depósito seja permanentemente estável.
Componentes físicos e econômicos influenciam a operação de deposição de estéril. Os
componentes físicos levam em conta a disponibilidade de áreas apropriadas, geotecnicamente
e ambientalmente, para a disposição. Já os componentes econômicos dizem respeito aos
custos médios de transportes e outros aspectos operacionais. Ambos componentes estão
sujeitos a restrições diversas, podendo levá-los a situações antagônicas (i.e. áreas apropriadas
para disposição com longas distâncias médias de transporte ou áreas de curtas distâncias
médias de transporte, mas impróprias para disposição). Por outro lado, o projeto dos depósitos
de estéril, correspondentes a pilhas de solo ou de blocos de rocha, com alturas de mais de uma
centena de metros e volumes de centenas de milhões de m3, deve considerar as características
dos materiais empilhados e do terreno de fundação, bem como a posição e a oscilação do
nível de água subterrânea (lençol freático) nas áreas dos depósitos.

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Quanto aos materiais, há depósitos em que o estéril é instável quimicamente, como


daqueles que contendo sulfetos, sofrem processo de oxidação, gerando águas ácidas que
contaminam o solo e as águas de superfície e lençóis freáticos. Outros, como o carvão que,
além da geração das águas ácidas, ainda entram em combustão espontânea, devido ao seu alto
conteúdo de pirita (sulfeto de ferro). Há também os estéreis de minas de minerais radioativos
que, sendo lixiviados por águas de chuva ou de superfície, geram igualmente poluição
ambiental.
Já o terreno de fundação desempenha papel de destaque na estabilidade dos depósitos
de estéril, sendo possível afirmar que a maioria das rupturas é condicionada pela presença de
materiais de baixa resistência na fundação ou pela presença de água. A presença de solos
moles na fundação pode exigir um cronograma lento de construção das mesmas, para evitar a
sua ruptura.
A escolha de um local apropriado para construção de um depósito de estéril envolve
considerações de ordem econômica, técnica, ambiental e social. Tais fatores, após análise em
separado devem ser avaliados conjuntamente, a fim de se determinar uma área, onde os
objetivos econômicos e técnicos (estabilidade etc.) sejam maximizados e os impactos
ambientais minimizados. Por outro lado, estes fatores são inter-relacionados, pois o mérito de
um depende fundamentalmente do nível de estudo adotado na avaliação dos demais. Por
exemplo, a escolha de um local em função apenas do fator econômico, distância de transporte,
pode não ser viável do ponto de vista técnico ou ambiental. Desta forma, é necessário adotar
uma série de análises econômicas, investigações geotécnicas e ambientais dos possíveis locais
alternativos.
Da mesma forma, os requerimentos ambientais têm sido tão importantes com respeito
a depósitos de estéreis, que a localização de um adequado depósito tem grande importância na
elaboração de um projeto de lavra e tratamento de minérios. Do ponto de vista ambiental dois
procedimentos precisam ser tomados. O primeiro refere-se a um estudo prévio das áreas
disponíveis. É necessário conhecer se determinado local é designado a parques (nacional,
estadual ou municipal), reserva ecológica, se é um sítio arqueológico ou histórico, se é
nascente de alguma bacia hidrográfica etc. Tais locais precisam ser previamente identificados
e listados, pois necessitam da liberação de órgãos cabíveis. O segundo procedimento refere-se
a listagem e classificação dos possíveis impactos ambientais, causados pelo depósito ou
barragem a serem construídos numa determinada área. O local a ser escolhido deverá ser
aquele onde os impactos ambientais sejam mínimos.
O planejamento de um depósito de estéril não é, geralmente, tão detalhado como um
projeto de lavra. Isto é natural, visto que o objetivo primeiro da mineração é a produção
possível do melhor minério para ser processado. Apesar de sua primeira implicação ser
econômica, a atividade de remoção e posterior deposição do material estéril num dado local,
precisa de planejamento e controle da construção, além das exigências de ordem ambiental,
questões sociais e de segurança. Hoje, é conhecido que construir adequadamente um depósito
de estéril é certamente menos trabalhoso e oneroso, que corrigir um depósito em processo de
ruptura generalizada. Por tanto, promover um gerenciamento do depósito de estéril, pode
significar a diferença entre o lucro e o prejuízo e o planejamento do depósito de estéril deve,
frequentemente, reclamar mais atenção do que o esperado.
A deposição indiscriminada, sem atentar para os problemas geotécnicos envolvidos,
tende a agravar sobremaneira os problemas ambientais, tais como, instabilidade dos depósitos,
erosão de superfície pelas águas pluviais, erosão eólica da superfície com grande formação de
poeira, assoreamento e eventualmente poluição química de cursos de água.
A década de 80 destacou-se pela disposição controlada e planejada dos novos
depósitos de estéril e pela recomposição dos depósitos mal formados, aliada a uma
recuperação ambiental das áreas degradadas pela mineração. No passado, a construção desses
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depósitos era de maneira desordenada em locais chamados de bota-fora. O estéril removido


nos trabalhos de lavra era simplesmente basculado em pontos de aterro, nas encostas ou
terrenos circunjacentes às minas, formando pilhas de baixa estabilidade. Aplicações
indiscriminadas desta prática frequentemente resultaram em dispendiosos remanejamentos,
questionável estabilidade, desastres ecológicos, perda de equipamentos, instalações, e, quando
não, perda de vidas humanas.

ATERROS DE TERRAS DE COBERTURA

Consideram-se terras de cobertura ao material escavado e removido da superfície da


mina durante a lavra a céu aberto. As terras de cobertura devem ser retiradas para uma
distância de segurança suficiente do limite superior da explotação (borda superior), deixando-
se livre uma faixa com a largura mínima de 2 m, a circundar.
O armazenamento do solo de cobertura deve ser garantido, tanto quanto possível,
próximo do seu estado inicial. Por conseguinte a localização do aterro está dependente da
forma final da escavação.
O uso de cobertura de solo é de fundamental importância para a posterior
reconstituição dos terrenos e da flora. Ele exerce várias funções na aplicação apropriada das
técnicas de segurança, e no cumprimento das medidas apropriadas de proteção ambiental e
recuperação paisagística. A existência de cobertura vegetal nos solos dos taludes contribui
para o aumento da sua resistência ao corte e, consequentemente, aos escorrimentos,
melhorando sua estabilização.

ATERROS DE ESTÉREIS (BOTA-FORAS)

A necessidade de deposição de estéreis está condicionada à demanda de matéria prima


para indústria, bem como ao crescente aumento por fontes energéticas, tais como o carvão
mineral e outros combustíveis. Com a exaustão das jazidas de minério de alto teor o homem
se viu obrigado a lavrar depósitos de baixo teor e mais profundos. Estes depósitos quando
economicamente viáveis necessitam, regulamente, de uma grande remoção de material estéril
para que se possa ter acesso ao minério e início das atividades de lavra. Entretanto, a atividade
de remoção e posterior deposição do material estéril num dado local envolvem custos,
planejamento e controle da construção. Apesar de sua primeira implicação ser econômica, o
seu planejamento visa, também, encontrar um meio de manejá-lo de forma responsável,
segura e ambientalmente satisfatório.
Como resultante desta expansão, o estudo de pilhas de estéril tornou-se foco de grande
interesse de grupos de geotecnia envolvidos diretamente nas atividades de mineração, assim
como dos órgãos ambientais, haja vista a exigência de apresentação de projetos conceituais
das pilhas de deposição de estéril nos processos de licenciamento ambiental. Atualmente já
existem projetos de pilhas de estéril com capacidade média para disposição de 200 milhões de
metros cúbicos e altura superior a 400 metros, com redução de custos através da otimização
na ocupação das áreas, em conjunto com a elevação da altura das pilhas de estéril.
As rochas estéreis provenientes da lavra a céu aberto depositam-se, geralmente, em
montes que constituem os bota-foras. De uma forma geral, os materiais estéreis são
constituídos por misturas de solo, rocha sã e alterada, cujas frações relativas dependem da
geologia local. Assim, o estéril é o material escavado da mina durante a lavra e que não
apresenta valor econômico (estéril - todo e qualquer material descartado na operação da lavra,
em caráter definitivo ou temporário, como não sendo minério - NBR 13.029/1993 -).
É responsabilidade do planejamento de longo prazo elaborar os projetos detalhados de
deposição das pilhas de estéril, bem como o sequenciamento. Estimam-se os volumes e tipos
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de estéril a serem empilhados, como também se determina o de cada material para ajuste da
configuração projetada da pilha. O estéril temporário (minério marginal) destinado ao
aproveitamento futuro deve ficar preferencialmente próximo da usina de beneficiamento para
em caso de retomada reduzir a distância de transporte. Após estes procedimentos são
projetadas pilhas que tenham capacidade para atender às necessidades levantadas,
contemplando as drenagens e acessos. Define-se uma trajetória que resulte em menor
distância de transporte, entre o ponto de origem e destino do estéril. Desta maneira, a
construção dos bota-foras leva em conta:

- Escolha do local, fora de área mineralizada ou de expansão da cava;


- Área de conformação topográfica favorável;
- Não comprometimento de cursos de água e vegetação;
- Capacidade compatível com o volume a ser gerado;
- Parâmetros corretos, tais como ângulos de repouso dos taludes, altura das bancadas, largura
das bermas, etc;
- Implantação da drenagem de fundo ou enrocamento;
- Compactação do material em camadas, com disposição do material de baixo para cima;
- Cobertura vegetal adequada ou “argilamento” para impermeabilizar a superfície.

CRITÉRIOS E FATORES INFLUENCIANTES PARA O DIMENSIONAMENTO E


CONSTRUÇÃO DOS DEPÓSITOS DE ESTÉRIL

A escolha de um local para o dimensionamento e construção dos depósitos de estéril


deve-se basear, entre outros, em critérios técnicos, econômicos, ambientais e
socioeconômicos. Desta maneira, o local da mina, e consequentemente o da escavação de
estéril, é condicionado pela ocorrência dos corpos mineralizados. Aspectos de ordem
econômica farão normalmente com que o estéril seja disposto o mais próximo possível da
fonte de escavação e se possível, nos mesmos níveis das bancadas da mina. Os aspectos
puramente ambientais poderão definir a deposição total ou parcial do estéril em trechos já
exauridos da cava. No entanto, devido às dificuldades operacionais e custos envolvidos,
somente em casos excepcionais poderá ser elaborado um plano de lavra compatível com este
fim.
Um aspecto importante a ressaltar na locação de pilhas diz respeito aos materiais
classificados inicialmente como estéreis e constituídos de minérios não lavráveis
economicamente no momento, mas que poderão por uma série de motivos serem futuramente
aproveitáveis. As pilhas destes materiais deverão ser localizadas separadas dos de estéreis
definitivos ou, se colocados numa mesma pilha, ser dispostos em zonas em que não
inviabilize uma futura retomada de escavação do material. É importante é evitar que aspectos
econômicos imediatistas determinem o lançamento de pilhas em áreas com potencial mineral,
podendo inclusive inviabilizar futuramente a explotação deste bem não renovável.
A construção de um depósito de estéril, além dos referidos critérios, precisa levar em
conta vários fatores, tais como os dados sobre o estéril, o local de implantação, a dimensão e
forme, a geologia e capacidade e o método e sistema de construção.

DADOS SOBRE O ESTÉRIL

As informações iniciais para a construção do bota-fora dizem respeito ao estéril a ser


disposto em pilhas.
a) Tipo e características do material definidos em função das pesquisas geológicas e a serem
confirmados posteriormente por ensaios de laboratório. Os ensaios de laboratório do estéril
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fornecerão informações quanto às características de resistência, drenabilidade e erodibilidade


do material, visando às verificações de estabilidade da pilha e avaliação do comportamento
construtivo do material quando lançado, principalmente em condições climáticas adversas.
b) Origem prevista do material estéril, indicando os locais e níveis das bancadas de extração.
c) Produção diária e mensal de estéril e volumes totais a serem dispostos.
d) Meios de transporte, lançamento e espalhamento do estéril, possíveis de serem adotados,
em função dos equipamentos disponíveis na mina.
e) Pesquisas sobre experiências prévias na formação de pilhas com determinado tipo de
estéril.

LOCAL DE IMPLANTAÇÃO

A escolha do local de implantação de um bota-fora obedece a vários objetivos, sendo a


destacar os seguintes:

- Minimizar os custos de remoção;


- Obter a integração e restauração da estrutura, no final da lavra;
- Garantir a drenagem;
- Minimizar a área afetada;
- Evitar a alteração e impacto à população e espécies protegidas.

Diversos fatores como a distância de transporte, estradas de acesso, capacidade de


armazenamento, aspectos hídricos, declividade das encostas, necessidade de desmatamento,
implicações com áreas rurais ou urbanas a jusante etc, devem levar-se em conta na escolha
dos locais para a disposição de estéreis. Também, não pode ser comprometida a continuidade
da lavra, instalações de tratamento de minério ou expansões futuras.
Entre os critérios específicos, mais importantes a considerar para a escolha de locais
mais favoráveis para a disposição de estéreis, encontram-se: os limites da área mineralizada; a
distância de transporte desde a frente de lavra até o bota-fora, que afeta o custo total da
operação; a capacidade de armazenamento necessária, que vem imposta pelo volume total de
estéril a transportar; o sistema de drenagem interna das pilhas e externa contra erosões
superficiais; a cobertura vegetal ou impermeabilizante do depósito; as alterações potenciais
que podem produzir-se sobre o meio natural e as restrições ecológicas existentes na área onde
o bota-fora é construído (instabilidade e erosão (terreno e eólica) das pilhas de estéreis,
provocando assoreamento, poluição química, descaracterização local).
De maneira geral, por motivos econômicos, costuma-se depositar esses materiais em
encostas o mais próximo possível de áreas de lavra, muitas vezes por simples basculamento
em ponta de aterro. Devem-se evitar vales com inclinação >18º, encostas com nascentes e
curso d´água, áreas de preservação, solo fértil, terrenos instáveis, alagados ou sujeitos a
inundação.

DIMENSÃO E FORMA

A dimensão do bota-fora está dependente do volume de estéril que é preciso retirar


para a extração do minério. Na lavra a céu aberto, o volume de material estéril depende não só
da estrutura geológica da jazida e da topografia da área, mais também do valor econômico do
mineral e dos custos de extração do estéril.
Com relação à lavra da jazida, se classificam em dois tipos: a) interiores, quando se
encontram dentro do espaço lavrado; b) exteriores, quando se encontram em terrenos
contíguos à área em explotação.
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Atendendo às formas naturais do terreno e às condições normais de explotação, os


tipos de bota-foras mais frequentes são os exteriores, sendo a destacar os seguintes tipos: em
vale; em flanco de encosta; em altura (Figura 3.1)

Figura 3.1 - Tipos de pilhas de estéril. Tipo 1 - geometria em vale. Tipo 2 - variante da
geometria em vale, a pilha atua como barramento. Tipo 3 - geometria em meia encosta. Tipo 4
- variante da geometria em meia encosta. Tipo 5 - geometria em altura.

A geometria em vale é utilizada para disposição das pilhas de estéril em cabeceiras de


ou drenagens naturais. O aterro da pilha tem taludes expostos somente numa face.
Normalmente exige a colocação de drenos no fundo do vale e, eventualmente, dispositivos
para derivação de fluxos concentrados de águas pluviais provenientes da bacia a montante.
Este tipo de pilha é normalmente o mais econômico e com menor interferência com o meio
ambiente, sendo adotado sempre que possível.

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A pilha implantada a meia encosta, apresenta taludes expostos em três faces. Se o pé


da pilha não se apoiar no fundo do vale, deverá ser verificada a estabilidade dos taludes
naturais, devido a pilha ser, ao contrario do tipo em vale, um elemento instabilizador dos
mesmos. Outras desvantagens deste tipo de pilha é a maior área relativa ocupada pelo aterro e
a maior facilidade de erosão pluvial.
A pilha implantada em altura, de formato tronco-cônico, tem taludes externos em toda
a sua periferia, sendo frequentemente o tipo mais oneroso, embora seja o único possível em
terrenos planos, sendo utilizado somente quando a topografia o permite.

GEOLOGIA E CAPACIDADE

No que respeita ao local a onde o bota-fora será construído, é necessário proceder a


uma investigação de campo que, corrobore, por um lado, a não existência de mineral no
subsolo, que poderia ser potencialmente lavrável no futuro, e por outro, permitir a obtenção de
amostras e informação sobre as características geotécnicas dos materiais que constituem a
base do depósito.
Os fatores geológicos que podem afetar o esboço do e, portanto, devem ser avaliados
incluem, evidências de deslizamentos de terra, evidências de plano de falhas nas rochas,
evidências de falhas, provável permeabilidade das rochas etc. O exame local em combinação
com a interpretação foto aérea, normalmente, propicia uma boa avaliação preliminar da
geologia local.
Para execução de tais estudos, faz-se necessário um mapeamento
geológico/topográfico detalhado, enfatizando os cursos da água, nascentes, áreas pantanosas,
perfil dos talvegues principais etc. A confecção de mapas topográficos em pequena escala
fornecerá dados para estudo da área ao redor da cava e locação dos possíveis locais do
depósito e/ou barragem. São também úteis para fazer, estimativas preliminares dos volumes
dos referidos depósitos, tamanho da área, provável direção de fluxo de águas subterrâneas e
superficiais e possíveis efeitos do depósito nas proximidades da cava, usina ou outras áreas
operacionais.
Faz-se também importante ter um conhecimento da hidrologia e hidrogeologia da
região, regime de chuvas, medição das vazões perenes, características da bacia de
constituição, vazões de pico, fluxo de águas subterrâneas etc. Condições hídricas
desfavoráveis podem inviabilizar um local aparentemente promissor. Os dados sobre o clima
e cursos d'água, quando combinados com dados topográficos, possibilitam uma avaliação
preliminar da drenagem característica dos locais. Isto fornece ao projetista informação sobre o
volume médio dos cursos d'água superficiais provenientes das chuvas.

MÉTODO E SISTEMA DE CONSTRUÇÃO

A construção de depósitos de estéril compreende os seguintes métodos (Figura 3.2):


1. livre (descarga ou basculamento livre);
2. por fases (descarga em tiras ou fases justapostas);
3. alternativamente, pode-se optar pela colocação de um dique de retenção no pé do talude;
4. por fases ascendentes (descarga em tiras ou fases superpostas).
A formação livre só é aconselhável em bota-foras de pequenas dimensões e quando
não existe o perigo de abatimento de blocos. Caracteriza-se por apresentar um talude
coincidente com a inclinação máxima que permita a estabilidade dos taludes, e por apresentar
uma acentuada separação granulométrica do estéril ou acumulação de blocos no sopé. Este
método, embora seja o mais utilizado até a data, apresenta-se como o mais desfavorável do
ponto de vista geotécnico.
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Figura 3.2 - Tipos de bota-foras segundo a sequência de construção

Os bota-foras por fases proporcionam fatores de segurança mais elevados, uma vez
que os taludes finais são mais baixos. A altura total pode estar limitada por fatores associados
ao acesso aos níveis inferiores.
A construção de um dique no pé do talude com o estéril de maior dimensão e
resistência é recomendada quando os estéreis não são homogêneos e apresentam diferentes
litologias e características geotécnicas. Os materiais do dique de retenção no pé do talude
atuam como obstáculo ao escorregamento do restante material depositado.
O tipo de construção por fases ascendentes superpostas confere uma maior
estabilidade, uma vez que se diminuem os taludes finais e se obtém uma maior compactação
dos materiais. Desta maneira, constata-se que a sequência de construção de um bota-fora
incide diretamente sobre a estabilidade das referidas estruturas e sobre a economia da
operação, sendo necessário na maioria dos casos chegar-se a uma solução de compromisso
entre ambos os fatores.

CONFIGURAÇÃO DO DEPÓSITO

A configuração geometria do depósito depende amplamente da topografia da área


onde o depósito será construído. Outro importante fator é a forma como o depósito é
construído.
Se a região é moderadamente plana e a espessura do depósito não é tão grande, os
depósitos espalham-se, deixando uma geometria de um grande leque, usualmente com
algumas curvas. Em geral estes grandes depósitos em leque podem estender, cobrindo grandes
áreas com talvez alguns quilômetros de perímetro.
A limitação na extensão lateral, se não há considerações de limite de propriedades, é
uma função da distância de transporte. Desta forma, a partir de uma determinada extensão é
economicamente preferível elevar o depósito e o transporte para cotas superiores do que
estendê-lo por toda área da mineração. O processo de deposição em sucessivas camadas num
depósito em leque produz o que chamamos de depósito laminado. Estes são caracterizados
por camadas com algum grau de classificação, similares aos depósitos sedimentares criados
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pela natureza. Em qualquer procedimento, se há alguma evidência de civilização abaixo do


depósito, tais como estradas ou construções, medidas especiais como bermas de contenção
podem ser requeridas para limitar os efeitos do rolamento de rochas e deslizamentos de solos.
Se forem construídos com caminhões, as maiores camadas normalmente chegam a
atingir de 6 a 60 metros de espessura. Dentro destas camadas está uma série de camadas
inclinadas causadas pelo fluxo de material abaixo do talude do depósito com o avanço deste.
Desta forma, são formadas camadas cruzadas que podem ser classificadas de finas a grossas,
apresentando diferentes graus permeabilidade de acordo com a direção destas.
Se o depósito é construído com scrapers, as camadas podem variar de dezenas de
centímetros de espessura.
Depósitos em terraços são construídos também pela deposição ao redor de um
depósito mais elevado ou curtas paradas da crista do depósito inferior durante um overlay
(cobertura, camada, revestimento). O efeito de ambos os métodos é produzir um depósito em
escadas ou terraços com desníveis capazes de servir como estradas acesso ou como
plataformas para vegetação. Tais terraços são também valiosos no controle da erosão e fluxos
d'água.
Em regiões montanhosas a configuração comum se dá na forma de cunhas. A altura do
talude à jusante pode atingir de 300 a 600 m com uma área mais larga na base ou pé deste.
Tais depósitos frequentemente apresentam grande capacidade e podem ser bastante estáveis se
as condições do solo ou rocha dentro do depósito são favoráveis. Se existem construções
próximas ao depósito, tais como estradas ou vilas, medidas especiais de segurança, tais como
bermas de contenção, devem ser requeridas para limitar os efeitos do rolamento de rochas e
deslizamentos de solo.
Uma variação usual de depósitos em cunha é o livre basculamento em encostas. Esta
configuração é de limitada aplicação e pode ter sérias consequências ambientais.
Finalmente existem os depósitos em cava ou backfill dump. Este depósito de estéril se
dá pelo enchimento de porções da cava já lavradas, desta forma diminuindo as distâncias de
transporte entre as frentes de remoção e os pontos de descargas de estéreis e também não
necessitando de uma preparação de outro local para o depósito. Ambientalmente também é
favorável, pois alteraria menos a fisiografia do local.
Os backfilling dump tem sido bastante comuns e importantes em muitos segmentos da
indústria mineral, tais como minas de urânio com uma série de pit vizinhos que podem ser
individualmente enchidos, ou em depósitos estratificados (carvão), onde há um progressivo
decapeamento e deposição do material estéril nas porções descobertas que ficou na
retaguarda, ou em minas subterrâneas onde o enchimento pode ser usado como suporte
(sustentação). Em grandes minas metálicas, o enchimento é pouco apropriado, devido à longa
vida útil da mina, onde o alargamento e aprofundamento do pit ocorrem de forma gradual até
atingir a exaustão da jazida.

ESTABILIDADE DE UM DEPÓSITO DE ESTÉRIL

O estéril de mineração, de uma forma geral, é constituído por solo, rocha sã e alterada,
cujas relações recíprocas (minério ou estéril), dependem do estágio da mineração ou de
alterações no planejamento da lavra decorrente de considerações econômicas. O material
apresenta uma distribuição granulométrica ampla, com partículas de dimensões de argila
variando até matacões.

Tipos de ruptura
As rupturas observadas são condicionadas pela ação de um ou mais dos seguintes
fatores:
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- fundações com baixa resistência ao cisalhamento;


- inclinação das superfícies de deposição;
- altura e ângulo de inclinação da pilha;
- pressão da água na fundação e/ou no corpo do depósito;
- características de resistência dos materiais constituintes do depósito.

Basicamente, as rupturas podem ser enquadradas num dos seguintes tipos:

a) Rotacional - são características de materiais coesivos com componentes de atrito. Podem


abranger o corpo do depósito e as fundações.
b) Quase planar - são características de materiais secos, sem coesão, formados pelo
lançamento de material no ângulo de repouso.
c) Planar - é uma modificação do tipo rotacional. Pode ser causada pela presença de material
fraco abaixo da face de avanço. Tais materiais poderiam ser:

- zonas intemperizadas correspondentes ao encobrimento de faces antigas que sofreram


inteperismo;
- estratos de material fino lançado e incluído em pilhas de material mais grosseiro e resistente.

Caracterização das fundações

A estabilidade de um depósito de estéril pela fundação é condicionada por fatores tais


como:

a) inclinação e forma da superfície das encostas. Encostas regulares e côncavas são mais
favoráveis para deposição do que encostas convexas e irregulares. Quanto à inclinação, de
uma forma geral, encostas com 10 graus são consideradas planas, acima de 10 graus são
consideradas íngremes;
b) ocorrência de tálus e movimentos superficiais nas encostas. A sobrecarga decorrente do
lançamento de estéril sobre encostas com depósitos de tálus apresentam movimento de
rastejo, poderiam induzir ou acelerar processos de instabilização da própria pilha de estéril, e
mesmo das encostas de todo o vale;
c) surgências de água e drenagens perenes. Visto que a estabilidade é influenciada pelas
condições das pressões neutras, deve-se evitar a construção de depósitos de estéril
interceptando talvegues perenes e surgências de água significativas. Em caso alternativo, a
ação da água poderá ser minimizada através da adoção de um sistema de interceptação e
desvio dos talvegues naturais, ou através da construção de uma drenagem de base adequada;
d) porte da vegetação. Principalmente em encostas íngremes, a não remoção da vegetação
densa (mata), poderá desenvolver uma superfície mais fraca no contato do depósito de estéril
com o terreno natural. Tal superfície pode ser o condicionante de instabilidade;
e) matéria orgânica e estratos "moles". Mesmo em encostas planas a presença de camadas
fracas poderá induzir movimentações de massa ao longo da base da pilha de estéril.
Recomenda-se a remoção de solos orgânicos fracos quando estes atingem uma espessura
superior a 0,3 m. Muitas vezes, entretanto, a remoção pode representar custos elevados,
podendo ser economicamente inviável. Nesse caso a estabilidade deverá ser analisada e certos
recursos utilizados como:
- suavização de taludes e emprego de bermas de equilíbrio;
- deposição controlada em camadas de pequena espessura, minimizando-se a velocidade de
alteamento;
- deposição de material drenante sobre a fundação para facilitar o adensamento.
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f) permeabilidade. A propriedade de uma rocha, ou qualquer outro material, de permitir a


passagem de água ou outro fluido.
g) compressibilidade. A presença ao longo da encosta de deposição de horizontes de
compressibilidade muito diferentes poderá causar recalques diferenciais significativos no
corpo da pilha com consequente desenvolvimento de trincas de tração. Por ocasião de grandes
precipitações, poderá ocorrer aumento de pressões neutras em tais trincas, suficientes para
levarem à ruptura porções significativas do depósito;
h) resistência ao cisalhamento. No caso da resistência ao cisalhamento da fundação ser menor
do que o material constituinte do depósito de estéril, a geometria do aterro será condicionada
pela fundação. Em caso contrário, as características de resistência dos materiais do depósito
serão os condicionantes de sua geometria.
Em maciços de solos ou fragmentos de rocha admite-se a validade da equação que
define a resistência a cisalhamento:

S = c + (  - u ) tg 

Nessa equação "c" e "" são, respectivamente, a coesão e o ângulo de resistência a


cisalhamento, que dependem principalmente do tipo de material e do seu estado de
compactação. "  " é a pressão total normal à superfície de cisalhamento, e "u" é a pressão
neutra que se desenvolve nos poros do material; essa última pode ser gerada por compressão
do material, durante o seu adensamento, ou lençóis de água no seu interior. O método de
formação do maciço influi nos parâmetros "c" e "" no que tange à sua compactação.
Ao contrário de obras de engenharia civil, onde se especificam o grau de compactação
e o teor de umidade, trabalhando-se com rolos compactadores e camadas de espessura
pequena; em pilhas de estéril costuma-se trabalhar com camadas que podem atingir até vários
metros, sem controle de umidade, e com compactação produzida apenas pelo tráfego de
construção (caminhões e tratores).
De maneira geral, a deposição em camadas mais espessas é mais vantajosa
economicamente. Em contrapartida, isso acarreta uma diminuição dos parâmetros de
resistência "c" e "" afetando também a pressão neutra "u" , de uma forma que pode inclusive
ser mais sensível. Com efeito, camadas mais espessas são mais compressíveis. Dessa maneira,
em casos onde o estéril é pouco permeável, o teor de umidade é relativamente elevado, e as
velocidades de alteamento da pilha são altas, a compressão da água intersticial pode acarretar
pressões neutras muito elevadas. A observação direta deste fenômeno é feita através de
piezômetros instalados em pontos do maciço criteriosamente escolhidos (estes mediriam as
pressões neutras, permitindo adaptações do projeto ou do método construtivo).

ESTABILIZAÇÃO DE PILHAS EXISTENTES

As pilhas antigas, executadas pelo método de ponta de aterro costumam necessitar de


estabilização, que pode ser obtida pelo contrapilhamento, após análise de estabilidade
executada pelo geotécnico.
A solução pode ser o alteamento de um aterro confinante, usando o estéril procedente
das minas (Figura 3.3). Todos as obras previstas anteriormente devem ser executadas e a
formação da pilha de baixo para cima, em pilhas de menor porte poderão ser executado
apenas o retaludamento, suavizando o ângulo geral da pilha.

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Figura 3.3 - Aterro confinante

PROCESSO CONSTRUTIVO

A formação controlada de depósitos de estéreis é evidentemente mais onerosa ao


empreendimento mineiro que o simples basculamento do material nas encostas ou terrenos
adjacentes à mina. Entretanto, como benefícios, podem ser apontados, dentre outros, a
ocupação racional das áreas disponíveis, estabilidade dos taludes, controle da erosão e
drenagem, estética, possibilidade de recomposição da paisagem natural e reaproveitamento
futuro do material.
Com um bom conhecimento geológico/geotécnico, o projeto do depósito pode levar
em conta muitas variáveis aperfeiçoáveis como:
- drenagem de fundação;
- drenagem interna da pilha;
- forma e altura de lançamento das camadas;
- zoneamento de acordo com características geotécnicas dos materiais lançados;
- dimensionamento das bermas de drenagens, de taludes (gerais e entre bermas);
- localização e forma dos acessos de construção e de manutenção;
- acabamento das bermas e taludes / revestimento vegetal;
- drenagem superficial;
- monitoramento de deformações durante e após a formação da pilha.

De um modo geral a formação ordenada de depósitos de estéreis deve compreender


seguintes pontos básicos.

DESMATAMENTO

A área escolhida deve ser objeto de desmatamento, destocamento e remoção de toda


madeira e resíduos florestais. Este procedimento se faz necessário de modo a evitar a
formação de camada orgânica em decomposição por motivos já explicados anteriormente.
Caso haja a remoção também do solo rico em húmus, reaproveitá-lo como suporte da
vegetação na superfície final do depósito.

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DRENAGEM DE FUNDAÇÃO

Para calcular a vazão de infiltração são necessários dados como: permeabilidade


média do solo, gradiente hidráulico do local a se drenar (perda de carga por comprimento do
talvegue), além da área. De posse destes dados a vazão infiltrante é encontrada, utilizando a
lei de Darcy ou ábacos apropriados.

Lei de Darcy
Qi
K=
A

K = coeficiente de permeabilidade em m/s;


Q = vazão infiltrante em m/s;
i = gradiente hidráulico

i = dh / l

Onde:
dh = perda de carga,
l = comprimento talvegue,
A = área em m2.

O dimensionamento dos drenos de profundidade também leva em conta os mesmos


dados, mas com uma preocupação a mais. O dreno deve possuir espaços vazios suficientes
pequenos entre os materiais constituintes deste, para não carrear partículas muito finas de solo
para seu interior e ao mesmo tempo vazios grandes que permitiram o fluxo de água. Torna-se
necessário, então, um filtro de areia (ou material que funcione similarmente; ex. manta
geotêxtil) em torno do dreno, que impeça a entrada de finos e a colmatagem. Sua utilização
exigirá uma análise granulométrica e a observação quanto ao grau de pureza e qualidade de
aplicação.
Os drenos podem assumir a forma de um lençol, cobrindo o terreno natural ou de
trincheiras a certa profundidade, preenchidas por manilhas porosas envoltas em brita e areia
(podem vir a ser recobertas com a manta geotêxtil).
Quanto aos cursos de água que percorrem o local selecionado para a disposição de
estéril, estes devem ser captados na cota e vazão máxima possível e desviados. Isto a meia
encosta, para fora da área a ser ocupada. Pode-se promover o escoamento a céu aberto através
de calhas resistentes a erosão caso a cota final do depósito for superior a cota de desvio.
Como conclusão da drenagem de fundação, constrói-se uma barragem de enrocamento
ao sopé da futura pilha com todos os seus detalhes construtivos. Os drenos da fundação
passam sob a barragem com descarga a jusante, sem risco de terem suas saídas obstruídas.

FORMAÇÃO DAS PILHAS DE ESTÉRIL

- Pilhas alteadas pelo método descendente (ponta de aterro);


- Pilhas alteadas pelo método ascendente;
- Contrapilhamento.

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MÉTODO DESCENDENTE (DE CIMA PARA BAIXO)

A maioria dos depósitos de estéreis são construídos por unidades móveis com o
basculamento direto do material nas encostas (ponta de aterro). O estéril basculado flui pela
encosta assumindo um ângulo de repouso de 37º em média para materiais não-coesivos,
ocorrendo ainda uma segregação do mesmo material, onde os fragmentos grosseiros "escoam"
para a base e os finos ficam na parte superior do talude. Isto gera um ângulo ligeiramente
mais íngreme no topo do que na base do talude.
O material é lançado em ponta de aterro, sem planejamento ordem ou controle. A pilha
(bota-fora) é construída em sua altura máxima. Neste caso o material não sofre compactação e
não há preparação da base para o seu recebimento. (Figura 3.4).
Este processo é aparentemente mais econômico, porém não atende às condições
mínimas de segurança, podendo causar escorregamento e erosão. Causa danos ao meio
ambiente que não são aceitos pelas normas técnicas e padrões legais. Reduz a distância de
transporte, porém o material não adquire compactação, nem apresenta a drenagem adequada.
Nos períodos de chuva pode romper e escorregar pela ação da saturação do maciço.
Neste método não se executa a proteção superficial contra a erosão, ficando o material
da superfície fofo e solto. Portanto, durante o período chuvoso estas pilhas irão contribuir com
um volume grande de finos para os cursos de água localizados a jusante.
Desta maneira recomenda-se estes tipos de pilha, para terrenos de fundação
relativamente competentes (bastante resistente) e que demandam pouco ou quase nenhum
trabalho de preparação e o material fosse bastante granulado e permeável.
A utilização deste processo atualmente só é justificável em casos específicos, como de
pilhas com altura máxima de 10 a 15 m, ou pilhas de estéril de granulometria grosseira
(cascalho, enrocamento), implantado sobre fundação firme, e com área de segurança a jusante
reservada a rolagem de blocos isolados. Neste caso, as distâncias de transporte iniciais são
menores, fator relevante se considerado os altos investimentos iniciais de implantação de uma
mineração.

Figura 3.4 - Pilha executada por via seca pelo método descendente.

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MÉTODO ASCENDENTE (DE BAIXO PARA CIMA)

O lançamento ascendente consiste no alteamento do depósito do fundo do vale para as


cabeceiras, ou seja, de jusante para montante. É o procedimento adotado quando o local de
disposição apresenta topografia muito íngreme, ou o material lançado apresenta propriedades
mecânicas muito baixas, ou ainda, ocorrem materiais incompetentes cuja remoção seja
impraticável.
O material transportado e lançado por caminhões, regularizado por tratores ou lançado
por correias e regularizado por “scrapers” de forma ordenada, controlada da base do maciço
até o topo. Este processo exige uma aplicação imediata de recursos para a construção de
acessos até o fundo do vale e, também, da drenagem da base. Nesta foram de
desenvolvimento, nos estágios iniciais, as distâncias de transportes são maiores. Este método
é o mais recomendado pela norma técnica em vigor, pois contempla todos os procedimentos
para maior segurança e estabilidade (Figuras 3.5, 3.6 e 3.7).

Metodologia do empilhamento ascendente

Os bancos deverão ser formados do fundo do vale em direção às cabeceiras, pelo


basculamento dos caminhões, formando pilhas individuais com altura de 2 e 3 metros. Após
esta operação, o trator de esteiras deverá quebrar as pilhas, formando uma camada de estéril
semi-compactada com a altura de 1 a 1,5m. O tráfego dos equipamentos provoca compactação
no material, suficiente para estabilizar a pilha. As bancadas poderão variar entre 10 e 15
metros de altura. Normalmente as larguras da bermas devem ser superiores a 6 metros, largura
mínima aceita pela norma padrão.

Figura 3.5 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de lançamento).

Figura 3.6 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de empilhamento e
compactação)
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Métodos de Explotação
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Figura 3.7 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente de bancada (fase de
lançamento).

RETALUDAMENTO DE BANCADAS

Entende-se por retaludamento o ato de quebrar o ângulo da face para valores inferiores
ao ângulo de repouso (Figuras 3.8, 3.9 e 3.10).
Após a conclusão de cada bancada, deverá ser executado o retaludamento, motivo pelo
qual se deve formar a pilha com bermas entre 10 e 12 metros, que consiste em quebrar a crista
de cada bancada para suavizar o ângulo de repouso. Esta operação tem por objetivo aumentar
a estabilidade da pilha através da compactação da superfície.
Em alguns casos dependendo do resultado da análise da estabilidade e do material que
está sendo empilhado, pode-se lançar o estéril em ponta de aterro, desde que se resguarde a
altura igual à da bancada e não maior, e se execute o retaludamento para favorecer a
compactação da superfície.

Figura 3.8 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de retadulamento).

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Altura da Ângulo da face


bancada Leira

Berma

Angulo geral dos


taludes

Figura 3.9 - Seção típica de uma pilha de estéril.

Ângulo da face
10 metros
26º

6 metros 21º

Angulo geral dos


taludes

Figura 3.10 - Seção típica de retadulamento

ACABAMENTO

DRENAGEM SUPERFICIAL

A principal razão da existência de uma drenagem de superfície é a erosão. A erosão é


um processo de transporte de massa onde o meio transportador é a água, o ar e o gelo, sendo
que no nosso clima predominam os processos transportados pela água. Os processos erosivos
iniciam-se pelo impacto da massa aquosa com o terreno, desagregando suas partículas. Esta
primeira ação de impacto é complementada pela ação do escoamento superficial, a partir do
acúmulo de água em volume suficiente para propiciar o arraste das partículas liberadas.

Tipos de erosão

As diversas formas de erosão podem ser descritas como:

- Erosão laminar. Ocorre quando o escoamento da água, encosta abaixo, "lava" a superfície do
terreno como um todo, transportando as partículas sem formar canais definidos.
- Erosão em sulcos. Ocorre por concentração do fluxo d'água em caminhos preferenciais,
arrastando as partículas e aprofundando os sulcos, podendo formar ravinas com alguns metros
de profundidade.
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Métodos de Explotação
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- Erosão por voçorocas. Constituem-se no estágio mais avançado da erosão, sendo


caracterizadas pelo avanço em profundidade das ravinas até estas atingirem o lençol freático
ou o nível d'água do terreno.

A intersecção da superfície do terreno com o nível da água propicia a erosão interna


ou "piping", que, além de promover a remoção de material do fundo e das paredes da
voçoroca, pode avançar para o interior do terreno, carreando material em profundidade e
formando vazios no interior do solo. Estes vazios tendem a forma de tubos que, ao atingirem
proporções significativas, dão origem a colapsos ou desabamentos, que alargam ou criam
novos ramos na voçoroca.
O processo de "piping" não é exclusivo das voçorocas, podendo ocorrer também em
situações onde existam surgências d'água na superfície de taludes, naturais ou não, que
propiciem o carreamento de material sólido.

Principais fatores dos processos erosivos

- volume d'água que atinge o terreno: o volume e sua distribuição no espaço e no tempo são
determinantes da velocidade dos processos erosivos;
- cobertura vegetal: o tipo determina maior ou menor proteção contra o impacto e remoção de
partículas de solo pela água;
- tipo solo/rocha: determina a suscetibilidade dos terrenos à erosão, em função de suas
características granulométricas, estruturais, de espessura etc;
- lençol freático: a profundidade do lençol nos solos é fator decisivo para o desenvolvimento
de voçorocas;
- topografia: maiores declividades determinam maiores velocidades de escoamento das águas,
aumentando sua capacidade erosiva; e maior comprimento da encosta implica maior tempo de
escoamento e, consequentemente, maior erosão.

A água também é o principal agente detonador de movimentos gravitacionais de massa


(rastejamento, escorregamentos etc). Pode atuar através da elevação do grau de saturação nos
solos, diminuindo a resistência destes (tensões capilares, ligações por cimentos solúveis);
aumento do peso específico do solo e também pela introdução no maciço de pressões
hidrostáticas (vazios, fissuras, trincas, juntas etc) que podem levar à ruptura do talude.
Construir uma drenagem nada mais é, então, do que proporcionar um caminho
preferência para o escoamento do fluxo d'água. Na ausência de uma drenagem ou no mau
dimensionamento de uma, vários outros problemas podem surgir além da erosão, tais como:
redução da resistência ao cisalhamento do solo, variação do volume do solo, diminuição da
capacidade de suporte, pressões hidrostáticas não aliviadas etc.
Para águas de escoamento superficial são necessários drenos superficiais, onde os
condutos estão a céu aberto e as paredes são impermeáveis. Como medida para se
dimensionar o escoamento superficial, tem-se, a determinação de parâmetros hidrológicos do
local, a caracterização física da bacia (área de contribuição, fator de forma, tempo de
concentração), e dados hidráulicos do dreno (vazão de pico, obtida através de várias fórmulas
empíricas; velocidade do fluxo; dissipação de energia e geometria do canal).

REVEGETAÇÃO

O processo de recuperação envolve algumas etapas a serem seguidas durante o


planejamento e construção de um depósito de estéril. São elas:

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- compromisso empresarial;
- planejamento;
- preparo da área a ser lavrada;
- remoção da camada fértil do solo e estocagem;
- recomposição topográfica e paisagística;
- tratos a superfície final;
- revegetação.

A recomposição da vegetação teria como funções principais também, além da questão


ambiental (impacto visual), o aumento da resistência do solo pela presença das raízes,
proteção contra a erosão superficial e redução da infiltração da água no solo. Inicialmente se
planta gramíneas para posteriormente se utilizar a flora nativa. O plantio destas gramíneas
pode ser feito por semeadura, hidrosemeadura, mudas ou através de grama em placas. A
técnica de plantio e o tipo de gramínea mais adequada dependem de fatores como solo,
inclinação do talude e condições climáticas, sendo, portanto, específicos para cada caso.

CUSTOS
Os custos de disposição de estéril de mina estão concentrados no transporte, na
drenagem/proteção vegetal, na retenção de finos gerados por carreamento durante e após a
formação da pilha e na manutenção de drenagens ao longo dos anos. Destes custos, o mais
significativo em qualquer situação é o transporte do estéril da mina até a pilha e cuja
otimização depende mais dos equipamentos e perfis de transportes e menos do projeto ou do
método executivo da pilha. Porém os outros custos, apesar das pequenas incidências
percentuais, podem significar grandes montantes de desembolso ao longo e após a formação
da pilha. Estes custos podem ser minimizados através de um bom projeto de engenharia e de
métodos executivos apropriados.
A formação controlada de depósitos de estéreis é evidentemente mais onerosa ao
empreendimento mineiro que o simples basculamento do material nas encostas ou terrenos
adjacentes à mina. Entretanto, como benefícios, podem ser apontados, dentre outros, a
ocupação racional das áreas disponíveis, estabilidade dos taludes, controle da erosão e
drenagem, estética, possibilidade de recomposição da paisagem natural e reaproveitamento
futuro do material.

SELEÇÃO PRELIMINAR DO TIPO E GEOMETRIA DA PILHA

O processo de estabelecimento da geometria preliminar da pilha é necessariamente um


processo interativo, em que os parâmetros -volume a dispor, tipo de pilha mais adequado e os
dados geométricos básicos (elevação da crista e inclinação geral do talude) - são balanceados
por tentativas até se obter um arranjo mais adequado.
Inicialmente será pré-estabelecido o tipo de pilha em função dos seguintes
condicionantes principais:

- Topográficos: forma do relevo; existência de drenagens, nascentes e cursos de água; cavas


exauridas e áreas degradadas.
- Ambientais: existência de mata nativa exuberante; benfeitorias ou monumentos a serem
preservados; qualidade e uso da água efluente.
- Geológico-geotécnicos: natureza da fundação; características do estéril.
- Operacionais: plano viário da mina; instalações e outras interferências de campo.

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GEOMETRIA EXTERNA E INTERNA DA PILHA

A definição precisa das características geométricas internas (zoneamento de materiais)


e externas da pilha é estabelecida com base:

a) Altura total da pilha

Embora não haja razões técnicas que limitem a altura total da pilha, não é
aconselhável projetar maciços com altura superior a 200 m, devido às dificuldades e custos
operacionais elevados na execução de pilhas com grandes alturas, por não se tratar de uma
atividade definida e padronizada exigindo, em muitos casos, conhecimentos um pouco além
da mecânica de solos convencional e uma adequada qualificação da equipe envolvida.
Em casos excepcionais onde a magnitude dos volumes a dispor, conjugados com
restrições de espaço e topografia muito acidentada, pressione em favor de uma pilha muito
alta, deverão ser elaborados estudos muito minuciosos do sequenciamento de remoção e
lançamento de estéril, para estabelecer métodos alternativos que possam viabilizar a execução
segura da pilha.

b) Altura máxima dos taludes entre bancos

De forma a facilitar a implantação da proteção e manutenção dos taludes, não se


recomenda estabelecer alturas superiores a 10 m para os taludes entre os bancos. Outro
aspecto importante é a redução do risco de aberturas de trincas e rupturas do talude.

c) Conformação dos taludes

Recomenda-se que a inclinação dos taludes entre bancos seja estabelecido para valores
próximos de 2H:1V (26,6º aproximadamente), de modo a facilitar a implantação da proteção
dos taludes, além de evitar pequenas rupturas que possam assorear as canaletas de drenagem.

d) Largura das bermas

As bermas dos bancos deverão ter uma largura tal que viabilizem trânsito e operação
de equipamentos para implantação e manutenção da proteção dos taludes e drenagem
superficial. Recomenda-se o valor mínimo de 6 m, em função de experiências prévias.
Poderão ser adotadas larguras maiores em uma ou mais bermas da pilha, caso o plano viário
global a ser estabelecido na mina assim o exija, ou para abater o ângulo geral da pilha, a ser
definido pelas verificações de estabilidade.
e) Declividade das bermas

Com o objetivo de conduzir as águas pluviais para fora da pilha, deverá ser previsto
uma declividade longitudinal mínima de 1% na berma, na direção do dispositivo coletor ou
dissipador. De forma a evitar o corrimento de água pelo talude, com a conseqüente erosão
superficial, deverá ser previsto uma declividade transversal mínima de 5% no sentido interno
(crista-pé do talude).

f) Acessos para manutenção

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O acesso às pilhas de estéril depende do sistema de acesso à mina, de tal forma que o
conjunto de rampas ao longo da lavra deve ser estrategicamente definido para que possa dar
rendimento, segurança e funcionalidade.
Deverá ser previsto, na geometria global da pilha, a incorporação e/ou interligação de
acessos, integrados ao plano viário da mina, que viabilizem a manutenção dos taludes. A
malha viária deve ser de tal forma dimensionada a atender as necessidades, procurando não se
abrir rampas sem necessidades para evitar aumento de poeira, ruídos, consumo de águas para
irrigação e processos erosivos.

DRENAGEM DE PILHAS

Para cada pilha é definido um sistema de drenagem (Figura 3.11). As bermas deverão
ter, para efeito de direcionamento do fluxo de água, inclinação de 1% descendente do centro
para as extremidades do depósito, suficiente para evitar erosões e para impedir empoçamento
da água. Para proteger a face do banco evitando que a água desça pela crista, na secção
longitudinal deve-se dotar a berma de um caimento de 3 a 5% descendente da crista do banco
inferior para o pé do banco superior. Poderá ser executada juntamente uma leira junto à crista.
(banqueta).
A inclinação transversal funcionará como uma valeta ao pé de cada bancada, onde se
recomenda que seja depositada uma leira de estéril. Não só levando em conta a questão da
estabilidade dos taludes, mas também considerando o percurso que água irá realizar sobre a
terra até o dreno, carreando assim material e provocando erosão. O estéril agirá como um
filtro e uma barreira para a quebra de energia do fluxo d'água. A água coletada deverá seguir
para drenos laterais ao depósito ou para drenos localizados na própria superfície do talude,
separados por distâncias fixas. Após a conclusão de cada bancada é conveniente cobrir os
taludes com uma fina camada de solo rico em compostos orgânicos, proveniente da limpeza
da fundação, para facilitar seu plantio.
O processo de formação da pilha por via seca pelo método ascendente permite ainda o
zoneamento interno dos materiais a serem dispostos, de forma a aproveitar ao máximo as
características de resistência e permeabilidade de cada material. Canaletas de drenagem com
dissipadores de energia devem ser construídas no entorno da pilha em terreno natural. A água
proveniente das bermas deverá ser conduzida para estas canaletas.

DRENAGEM INTERNA

Também chamada drenagem de fundo. É a drenagem executada com o objetivo de


canalizar curso de água, nascentes. Normalmente é uma obra contratada. Para favorecer a
drenagem em áreas que não possuem cursos d´água, deve-se forrar a base da pilha com
material de granulometria maior para que funcionem como tapete drenante.
Generalizada - consiste no recobrimento total da superfície da fundação com uma
camada de um ou mais materiais drenantes, formando um tapete drenante. É indicada no caso
da surgência de água ser generalizada e quando tratamentos localizados sejam inviáveis. No
casos do próprio estéril ser constituído por materiais granulares francamente permeáveis, será
dispensada a colocação do tapete drenante.
Localizada - no caso do fluxo ser concentrado em pontos bem determinados como
nascentes ou cursos de água em drenagens e talvegues, a solução mais indicada é o dreno de
fundo. O dreno constitui-se normalmente de uma leira de material francamente drenante
(enrocamento), colocada diretamente sobre a leito da drenagem e em volta com transições
granulométricas, de modo a evitar penetração do estéril envolvente por fluxos descendentes.

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Se o material da fundação tenha alta erodibilidade, também será necessário forrar a superfície
de contato.

DRENAGEM SUPERFICIAL

Durante a evolução das pilhas, com o objetivo evitar as erosões, deverá ser dado o
caimento adequado às praças, a partir de pontos determinados, com declividade de 1%. Para
evitar que a água caia pelas faces dos taludes. As bermas deverão ser construídas com
caimento de 5% em direção ao pé da bancada superior.
Após a conclusão das bancadas e implantação do sistema de drenagem, deverão ser
executadas as descidas d’água com enrocamento para redução da velocidade da água que
poderão criar as erosões. A garantia para a eficiência do sistema de drenagem superficial é a
criação de canaletas nas praças que dirijam as águas para os pontos de descida. Em sua fase
final deverá ser providenciado o plantio de gramíneas e de plantas nativas para recobrimento
e maior proteção dos taludes e bermas.

DRENAGEM PERIFÉRICA

A drenagem periférica tem como objetivo receber as águas das descidas d’água e
lança-las na drenagem natural com o menor impacto possível. Prevê-se desta forma que
durante a evolução das pilhas serão preparadas áreas preferenciais para descidas d’água e
enrocamento no pé dos taludes. Será conveniente a construção do enrocamento com materiais
de granulometria mais grosseira e resistente, de maneira que atuem como um muro de
contenção estéril evitando que a ação das águas causem erosões.

PLANEJAMENTO DE DIQUES DE CONTENÇÃO DE FINOS

Controle da erosão e assoreamento

Cabe ao sistema de drenagem prover de condições favoráveis à retenção de finos


dentro da mina, evitando assoreamento de barragens e possíveis transtornos à comunidade,
porém de posse do planejamento da lavra a longo prazo, deve-se levantar através da
localização das pilhas de estéril e do traçado da cava, o sistema de drenagem dos pontos que
deverão ser dotados de sistema de contenção de finos. Estes diques têm a função de promover
o decantamento (retenção das partículas sólidas desprendidas das pilhas) para que a água
transborde limpa dos tanques.
O sistema de contenção de finos será basicamente definido em função do porte da
pilha, das vazões incidentes na mesma e da quantidade / tipo de sólidos em suspensão. Nos
casos mais favoráveis (baixas vazões) poderão ser diques galgáveis se pequena altura,
construídos com material granular, e nos casos mais complexos (altas vazões), poderão
constituir-se barragens. Estes diques e barragens têm a função de promover o decantamento
(retenção das partículas sólidas desprendidas das pilhas) para que a água transborde limpa dos
tanques.

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Drenagem de
fundo

Drenagem
Superficial
1%
1%

Drenagem
Periférica

Figura 3.11 - Tipos de drenagem.

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3.4 Métodos de Lavra a Céu Aberto: Classificação

Os métodos de lavra a céu aberto não se distinguem por uma variedade tão grande
quanto os métodos de lavra subterrânea. Segundo a literatura diversas classificações são
apresentadas para os métodos de lavra a céu aberto (Hartman & Mutmansky, 2002; Bonates,
1988; Thomas, 1985; Cummins e Given, 1973), porém de uma forma geral podem ser
classificados em:

1. Métodos gerais ou convencionais: desmonte de bancadas: em flanco e em cava


2. Métodos especiais (lavra de pláceres, lavra de petróleo e gases combustíveis, lavra de sais
solúveis e suspensóides, lavra de enxofre, lavra submarina, lavra “in situ”)

LAVRA POR BANCADAS

A lavra de mineral útil contido dentro dos contornos da mina, geralmente se executa
em capas horizontais separadas. No processo de explotação estas capas adquirem uma forma
de degraus ou escalões. A parte do maciço de rochas que na mina a céu aberto (na parte em
que se trabalha) adquire a forma de degrau ou escalão e se lavra separadamente com seus
próprios médios de explosão, extração e transporte denomina-se banco ou bancada (Figura
3.12a,b).
Assim BANCO ou BANCADA, define-se como o pacote de rochas compreendido
entre a linha de pé da bancada superior e a linha de pé da bancada imediatamente inferior ou
vice-versa.
Em altura, o banco que se explota com meios próprios de escavação – carregamento,
porém realiza o transporte da massa de rochas para o banco total, denomina-se sub-banco ou
BANCO DUPLO ou "double bench", ou seja, seqüência de duas bancadas onde não é deixada
berma intermediária (Figura 3.12c).

Elementos das bancadas (Figura 3.13a,b)

CRISTA DE BANCADA: é o limite superior do perfil do banco ou bancada.

PÉ DE BANCADA: é o limite inferior do perfil do talude.


BERMA: superfície compreendida entre o pé da bancada superior e a crista da bancada
inferior. Distinguem-se duas bermas de trabalho, a superior e inferior; a berma superior é
conhecida como TOPO, sendo a superfície onde operam os equipamentos de perfuração; a
berma inferior é conhecida como PRAÇA sendo a superfície onde operam os equipamentos
de carga.

FACE ou TALUDE DA BANCADA: é a superfície vertical ou inclinada que une o topo com
a praça.

ÂNGULO DE TALUDE DA BANCADA: é ângulo que forma o talude da bancada com o


plano horizontal ou vertical.

Nível de
transporte
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a) b)
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c)

Nível de
transporte
h1

h2

Figura 3.12 - Bancada. h - altura da bancada, h1 - h2 - altura dos sub-bancos.

a)

Crista

Face Altura da
bancada

Praça ou berma Pé

b)
Crista


Berma

Face

Figura 3.13 - Elementos da bancada. a) bancada em perfil, b) bancada em planta.


a)
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Situação
atual Situação após
avanço de lavra

b)

Crista após avanço

Pé após avanço

Pé antes do
avanço
Crista antes
do avanço

Figura 3.14 - Avanço de uma bancada. a) avanço em perfil, b) avanço em planta.

Aplicação:
- jazidas de grandes dimensões;

Condicionantes:
- resistência do minério/estéril;
- forma do depósito: qualquer, de preferência maciço ou tabular;
- mergulho: qualquer, de preferência horizontal ou baixo mergulho;
- tamanho do depósito: grande espesso ou maciço;
- teor do minério;
- uniformidade do minério;
- profundidade do depósito;
- exigências ambientais.

TIPOS:

a) Em flanco
b) Em cava

Na lavra a céu aberto a dimensão dos degraus deve garantir a execução das manobras
com segurança, obedecendo às seguintes condições:

- A altura dos degraus não deve ultrapassar 15 m, mas na configuração final, antes de se
iniciarem os trabalhos de recuperação paisagística, esta não deve ultrapassar os 10 m;

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- Na base de cada degrau deve existir um patamar, com, pelo menos, 2 m de largura, para
permitir, com segurança, a execução dos trabalhos e a circulação dos trabalhadores, não
podendo na configuração final esta largura ser inferior a 3 m, tendo em vista os trabalhos de
recuperação;
- Os trabalhos de arranque num degrau só devem ser retomados depois de retirados os
escombros provenientes do arranque anterior, de forma a deixar limpos os pisos que os
servem;
- Relação entre o porte da máquina de carregamento e a altura da frente não inferior a 1.

Sendo a explotação a céu aberto, feita na sua grande maioria, por degraus, é necessária a
existência, de acordo com a lei em vigor, de um plano de trabalhos contendo os seguintes
elementos:

- Altura das frentes de desmonte (degraus);


- Largura das bases dos degraus;
- Diagramas de fogo, caso existam;
- Situação das máquinas de desmonte em relação à frente e as condições da sua deslocação;
- Condições de circulação das máquinas de carregamento, perfuração e transporte;
- Condições de circulação dos trabalhadores;
- Configuração da escavação durante os trabalhos e no final dos mesmos, devendo-se ter em
conta a estabilidade das frentes e taludes; e
- Local de deposição de eventuais escombros e terras de cobertura, área e forma a ocupar por
estes.

As explotações convencionais a céu aberto são normalmente desenvolvidas em


bancadas de altura variável, pode ocorrer em jazidas atingidas em encostas (Figura 3.15) ou
por grandes aberturas, abaixo do terreno normal, através do qual se faz o escoamento do
material útil desmontado (Figura 3.16). Para maior facilidade de compreensão, podemos dizer
que, se após desmontado, o minério desce até um determinado nível especial da mina (por
exemplo, o nível do britador primário), a lavra é em flanco e a remoção das águas superficiais
e de infiltração se faz, usualmente por drenagem. Nos casos em que o minério deva subir até
esse nível especial, a lavra é em cava e, usualmente, as águas terão que ser esgotadas.

Figura 3.15 - Típico Desmonte em Flanco de Encosta.

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Figura 3.16 - Típico Desmonte em Cava

Comumente, poucos bancos são lavrados simultaneamente (o que possibilita


concentrações dos equipamentos, disposição de maiores larguras para prévia execução de
furos para explosões, maiores explosões simultâneas, menor número de veículos
transportadores, melhor supervisão, etc), a menos que a variação de valores do corpo mineral,
para fins de blendagem, imponha o trabalho em vários bancos simultâneos ou a premente
necessidade de grandes produções. As cristas dos diversos bancos devem estar em um plano
que faça um ângulo com a horizontal inferior ao de deslizamento natural do terreno. Tal
ângulo recebe o nome de talude geral de lavra ou, simplesmente de talude de lavra.
O talude de lavra é um elemento de extraordinária importância, não só pela sua
influência na sua segurança dos serviços, como por delimitar os limites superficiais de uma
cava, influenciando a economicidade e a profundidade economicamente atingível. Não é um
fator apenas local, condicionado à topografia, natureza do material, seu comportamento ao
intemperismo, profundidade atingida, impregnação de água, etc., mas susceptível de
apreciáveis variações numa mesma mina e numa mesma formação geológica, pela ocorrência
de fraturas, intercalações, planos de debilitamento, dobramentos, efeitos de explosões, etc.
Para se ter uma idéia dos efeitos práticos de variação do talude de lavra, observa-se que um
cone com 150m de profundidade, com talude de 50º, requer desmonte de cerca de 10 milhões
de toneladas de rocha e se diminuirmos de 10º este ângulo, isto é, passa-lo para 40º, o
desmonte requerido será de cerca de 20 milhões de toneladas de rocha.

Vantagens:
- alta produtividade;
- baixo custo operacional;
- produção em grande escala;
- flexibilidade da produção;
- emprego de grandes equipamentos;
- permite melhor controle geotécnico;
- alta recuperação da jazida;
- maior segurança e higiene.

Desvantagens:
- profundidade limitada;
- grande investimento de capital;
- limitado pela relação estéril/minério;
- problemas ambientais;
- adequado para grandes jazidas;
- dependente das condições climáticas

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Impactos ambientais:
- impacto visual; poeiras; vibrações; ruídos; ultralançamentos;
- geração de grandes volumes de estéril => rejeitos;

Mitigação:
- planejamento da lavra; plano de reabilitação;
- recuperação; monitoramento

LAVRA POR TIRAS

A lavra de tira (strippitig mining) é um método utilizado principalmente para


mineração de camadas pouco profundas, sub-horizontais e com grande extensão e volume. A
lavra de tiras é freqüentemente praticada em larga escala, com baixo custo unitário de lavra,
alta produtividade, elevada recuperação e maior segurança. É muito usada no mundo todo na
lavra de carvão. Exemplos brasileiros são o da lavra de folhelho pirobetuminoso - xisto para
produção de óleo, pela Petrobrás, em São Mateus do Sul (PR) e o de bauxita da Mineração
Rio do Norte (PA). (bucket-chain).
Este método caracteriza-se pela ausência de transporte das rochas estéreis do
decapeamento, sendo removido para obter acesso a jazida mineral e imediatamente
depositado na área previamente lavrada. A área lavrada progride em uma série de trincheiras
profundas paralelas entre si, referidas as bancadas ou tiras que podem exceder 1 km de largura
(Figura 3.17). Na lavra por tira, além de dragalines e escavadeiras, é muito comum o uso de
equipamentos de escavação contínua tais como: escavadeira por roda de caçambas (bucket
wheel) e escavadeira por alcatruz ou nora.

Figura 3.17 - Esquema da lavra por tiras

A principal vantagem do método de lavra por tiras é o baixo custo unitário de lavra
devido a que o capeamento é depositado direto para as ares lavradas e emprego de um mesmo
equipamento para as operações de decapeamento e extração de minérios.Outra vantagem é um
ângulo de talude maior considerando que o corte fica exposto por pouco tempo.

Aplicação:
Camadas pouco profundas, sub-horizontais e com grande extensão e volume

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Condicionantes:
Resistência do minério: qualquer;
Resistência da rocha: qualquer;
Forma do depósito: tabular, em camadas;
Mergulho: qualquer, de preferência horizontal;
Tamanho: grande extensão lateral;
Teor: pode ser baixo;
Uniformidade do minério: uniforme ou quase;
Profundidade do depósito: raso;
Exigências ambientais.

Dimensões típicas
- Altura da bancada: 30-60m;
- Largura de cada tira: 23 a 46m;
- Ângulo de talude: 60º - 75º ;
- Ângulo das pilhas: 30º - 45º

Ciclo de operações unitárias:


- Perfuração: trado, rotativa, percussão;
- Detonação;
- Escavação: draglines, escavadeiras, buckets-wheel, carregadeiras, tratores, scrapers,
monitores hidráulicos;
- Transporte: caminhões, correias, scrapers, trilhos
Operações auxiliares:
- Estabilidade de taludes;
- Acessos para caminhões;
- Manutenção: mecânica e elétrica;
- Drenagem e bombeamento;
- Recuperação ambiental;
- Controle de poeira, saúde e segurança

LAVRA DE PLÁCERES

Os métodos de lavra de pláceres estão geralmente associado ao beneficiamento do


material “in loco”, pois envolvendo o manuseio de grandes volumes, com baixo valor
unitário, não possibilitaria, e economicamente, longos transportes e tratamentos elaborados. A
recuperação baixa (sualmente inferir a 50%) é compensada pela quantidade produzida, graças
aos grandes volumes de material tratado.
A lavra de pláceres compreende a lavra de sedimentos inconsolidados nos aluviões,
dunas, praias e outros depósitos sedimentares. No Brasil, os principais bens minerais lavrados
são ouro, cassiterita, ilmenita, rutilo, zircão, monazita e diamante. A escolha do método de
lavra é afetada pelo volume do plácer, teores, distribuição dos valores, profundidades,
granulação do material, disponibilidade de água, localização, clima, disponibilidade de
capital, etc.

Os métodos são classificados em:

1) manuais
2) hidráulicas
3) mecânicas
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Métodos de Explotação
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Métodos manuais

Limitam-se a territórios inexplorados, em depósitos pequenos, porém ricos e pouco


potentes. Um desmonte é manual, quando realizado com ferramentas manuais, e tendo como
fonte de energia a força humana. Ocorre em serviços mineiros de pequeno porte,
principalmente em serviços de pesquisa ou lavra de garimpo.
Existem dois métodos principais, o de paleação do material até aos sluices
concentradores e o desmonte hidráulico.
No primeiro método a água necessária é acumulada numa pequena represa e
conduzida através de canais ou canos à área de lavra (Figura 3.18). Os sluices se mostram
numa trincheira aberta na rocha de base, no ponto mais baixo do plácer; se escava uma faixa
de 3,6 m e 4,5 m de largura ao longo do eixo do aluvião e os sluices vão sendo estendidos à
medida que a escavação progride água acima. O material a ser tratado é jogado com pás no
canal e são desintegrados pela água e arrastados sobre os rifles ou ranhuras do sluice. Os
blocos grandes são removidos a mão e empilhados ao lado.
Para realizar o desmonte hidráulico, se faz a água correr sobre a superfície e se parte
de uma trincheira aberta na rocha de fundo, que se vai estendendo água acima, até alcançar os
limites do plácer. Ao chegar a este ponto se dirige a corrente de água contra o bordo superior
do banco e se arranca assim uma faixa de seis metros de largura, que se avança no sentido da
corrente. A água conduzida ao longo de frente de desmonte por valetas ou calhas de madeira.
A trincheira aberta na rocha de fundo conduz as água e o material desmontado até aos sluices.
Os sluices são limpos de tempos em tempos e o material recolhido é concentrado em batéias.

Rifles.
Figura 3.18 - Explotação manual de um plácer aurífero.

Nos serviços de desmonte manuais, deverá atentar-se para a quantidade e


posicionamento dos homens em cada frente de serviço, distanciamento entre eles, rendimento
do trabalho, altura ou paleamento, segurança, sincronia de operações, manutenção de
ferramentas de ótimas condições de trabalho.

Métodos mecânicos

Os métodos mecânicos são executados por processos de dragagem através do emprego


de raspadores de cabos, escavadeirras de arrasto, dragas de alcatruzes, dragas de conchas ou
dragas de sucção.

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As dragas nas suas diversas modalidades apresentam primazia na lavra de pláceres. Na


sua concepção mais ampla, uma draga é uma máquina escavadeira, lavradora-concentradora e
transportadora dos rejeitos. Acionada eletricamente, trabalha flutuando e escavando sob a
água ou em bancos de moderada altura sobre o nível da água. Vai descartando os rejeitos
atrás, à medida que vai escavando à frente o qual elimina os tradicionais transportes de
minério da mina (run-of-mine) e estéril para os bota-foras, da lavra convencional. Com isso
tem se conseguido lavrar pláceres de baixíssima concentração (0,05g/m3 de ouro, por
exemplo).
A draga é montada em uma escavação preparada para isto, que é inundada antes de
começar a lavra. Uma pesada haste metálica (agulha) na polpa do batelão o mantém fixo num
ponto, podendo a draga ter apenas movimentos de rotação em torno dela. Cabos de aço nas
laterais da proa, adequadamente fixados (na margens ou nos cursos d’ água à frente da draga),
permitem o controle desse ângulo de rotação que, em operação, se limita a uns 120º.
Movimentos da lança, no plano vertical, mais o controle do calado, por admissão ou expulsão
de lastro (a própria água em que flutua), permitem escavar a maior ou menor profundidade.
Existem diversos tipos de draga utilizadas comumente neste tipo de operação, as quais
são classificadas em mecânica, hidráulica e mista (mecânica/hidráulica), sendo que cada uma
destas possui diferentes tipos de mecanismo e operação. As dragas mecânicas são utilizadas
para a remoção de cascalho, areia e sedimentos muito coesivos, como argila, turfa, e silte
altamente consolidado. Estas dragas removem sedimentos de fundo através da aplicação
direta de uma força mecânica para escavar o material, independente de sua densidade.
Os principais tipos de dragas mecânicas são as escavadeiras flutuantes (tais como as
de caçamba e as de garras) e as dragas de alcatruzes (também conhecidas por “bucket ladder”,
estas dragas dispõem de uma corrente sem fim com caçambas que trazem o material de fundo
até uma esteira montada em uma lança que eleva e projeta o material dragado a uma certa
distância, ou o despeja em outra embarcação). Os sedimentos escavados com a utilização de
dragas mecânicas são geralmente transportados em barcas ou barcaças, dependendo do
volume a ser transportado. As dragas mecânicas podem ser vistas na Figura 3.19.
Os tipos de draga de sucção (Figura 3.20a) são as aspiradoras e as cortadoras. Nas
aspiradoras, a sucção é feita por meio de um grande bocal de aspiração, como o dos
aspiradores de pó. Com o auxílio de jatos de água, o material é desagregado e, através de
aberturas no bocal, é aspirado e levado junto com a água aos tubos de sucção. A draga opera
contra a corrente, podendo fazer cortes em bancos de material sedimentado de até 10 metros
de largura. Cortes mais largos podem ser conseguidos por uma série de cortes paralelos. Este
tipo de bocal é utilizado quando se tratar de material fino e de fraca coesão, em cortes rasos,
não cortando material coesivo e não podendo fazer cortes em bancos cujo material pode
desmoronar sobre o bocal e impedir a sucção. As características específicas de uma draga
dependem das bombas e da fonte de energia escolhida. A máxima extensão de corte que uma
draga desse tipo pode realizar é da ordem de 1.100 metros. Como essas dragas se deslocam
corrente acima com bastante rapidez, não é conveniente dispor de tubulação em terra ligada a
elas, e sim ligada a barcas; e para maior eficiência, a tubulação de recalque não deve ter mais
de 300 metros de comprimento, nem se elevar acima de 1,5 metros do nível da água.
As dragas de sucção cortadoras dispõem de um rotor aspirador, equipado com lâminas
que desagregam o material já consolidado para que este possa ser aspirado para o interior do
tubo de sucção que se insere no núcleo do rotor. O funcionamento é idêntico ao da aspiradora,
porém apresentam maior eficiência, e ao invés de atuarem numa linha reta, o movimento da
draga descreve a trajetória de um arco. Uma variação deste tipo de draga são as auto-
transportadoras, as quais são navios, com tanques (cisterna) de fundo móvel, onde o material
dragado é depositado, sendo a seguir transportado para o mar onde é descarregado,
dispensando o uso de barcaças (Figura 3.20b).
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Professora: Marlis Elena Ramírez Requelme

Figura 3.19 - Tipos de dragas mecânicas.

Figura 3.20 - Tipos de dragas. a) hidráulica, b) sucção.


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As dragas hidráulicas, ao aspirar o sedimento, trazem junto uma grande quantidade de


água. Conforme os tanques das barcaças e de dragas auto-transportadoras vão se enchendo, é
necessário eliminar esta água excedente fazendo-a transbordar para fora da embarcação. Este
processo chama-se “overflow”.

Lavra com monitores hidráulicos

A lavra de pláceres com monitores hidráulicos (Figura 3.21) consiste em utilizar a


força hidráulica nas frentes de desmonte para a desagregação do minério, é empregado
fundamentalmente onde os materiais são desagregados por ação de água à pressão (pressões
que variam de 15 a 200 m de coluna d’água), como as aluviões de ouro, cassiterita, diamantes,
ilmenita, rútilo, zircão, formações argilosas, arenosas e outras.

Figura 3.21 - Monitor hidráulico

De todos os sistemas de explotação existentes, o hidráulico é o único que permite


combinar o desmonte de um material, o seu transporte para uma estação de tratamento e sua
recuperação nessa mesma estação, assim como o posterior escoamento dos resíduos com a
energia obtida por um fluxo de água.
Os equipamentos hidráulicos são equipamentos de desmonte, constituídos por uma
lança ou canhão orientável, de largo diâmetro, que projeta um jato de água sobre o maciço
rochoso que permite desagregar e arrastar os materiais, cujo estado de consolidação é
apropriado para tal finalidade.

A utilização destes equipamentos apresentam as seguintes vantagens:

- desmonte contínuo do material a explorar;


- infra-estrutura mineira reduzida;
- equipamentos mais econômicos;
- menores necessidades de pessoal e com menor especialização;
- baixo custo de operação.

Os inconvenientes principais são:

- condições específicas do material a desmontar;


- grandes necessidades em caudal e pressão de água;
- necessidade de grandes áreas para retenção de resíduos;
- escassas probabilidades de seletividade;
- aplicabilidade do sistema quando o processo de tratamento posterior é feito em via úmida;
- condições topográficas adequadas para a circulação dos materiais desmontados;
- disposições restritivas sobre contaminação e impacto ambiental.
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Inicia-se por localizar um curso de água em cota elevada, acima do corpo que se
deseja lavrar e conduzir esta água por trincheiras, canais ou canos até à câmara de carga que
alimenta os canos que conduzem aos monitores. Em geral água deve ter suficiente para
assegurar trabalho contínuo, porém em certos casos, o trabalho terá que ser intermitente. A
extração do minério se faz mediante jatos de água, com, sendo material concentrado em
sluices.
Para se obter melhores resultados, a rocha de fundo deve ter um caimento próximo do
caimento dos sluices, não menor que 1,5% e de preferência 4,5% ou mais. O espaço
disponível para o vertedouro deve ter amplitude suficiente para a área a ser lavrada. A
escavação de trincheiras na rocha de fundo permite aumentar o caimento, porém encarece o
método. Em alguns casos favoráveis, se avança uma galeria sob o aluvião e com isso
consegue-se o caimento e a área necessária para o vertedouro. Quando se trabalha em leitos
de rios ou locais com desníveis insuficientes para o uso da gravidade, são necessários
elevadores hidráulicos ou bombas.

Figura 3.22 - Corte de uma explotação com arranque hidráulico.

Nas explotações de argila, areia, cascalho ou quaisquer outras massas de fraca coesão
(inconsolidadas), devem ser observadas as seguintes regras:

- Se a explotação não for feita por degraus, o perfil da frente não deve ter inclinação superior
ao ângulo de talude natural do terreno;
- Se a explotação for feita por degraus, a sua base horizontal não pode ter, em nenhum dos
seus pontos, largura inferior à altura do maior dos dois degraus que separa, e as frentes não
podem ter inclinação superior à do talude natural;
- Se o método de explotação exigir a presença normal de trabalhadores na base do degrau, a
sua altura não pode exceder 2 m.

Na realização do desmonte hidráulico devem ser observadas as seguintes regras:

- Os operários e os equipamentos que efetuam o desmonte devem estar protegidos por uma
distância adequada de forma que os possíveis desmoronamentos e deslizamentos do talude
não os atinjam;
- É proibida a entrada de pessoas não autorizadas nos taludes onde se realiza o desmonte
hidráulico;

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- O pessoal, no desmonte hidráulico deve estar provido de equipamento específico e adequado


para serviços em condições de alta umidade;
- Para instalações do desmonte hidráulico que funcionam com pressões de água acima de 10
Kg/cm2 devem ser cumpridas as seguintes regras adicionais:

a) os tubos, os acoplamentos e os suportes das tubagens de pressão devem ser apropriados


para esta finalidade (certificados dos fornecedores, provas aleatórias);
b) deve existir um suporte para o equipamento;
c) a instalação deve ter um dispositivo para desligar a bomba de pressão em caso de
emergência, podendo este ser acionado pelo pessoal que estiver a trabalhar com o
equipamento.

De acordo com as características mecânicas do maciço rochoso existem dois esquemas


de extração básicos:

- Desmonte direto do material que se encontra na frente de trabalho;


- Desmonte do material, após uma previa desagregação;

O princípio geral de trabalho quando é possível desmontar o maciço diretamente,


corresponde ao seguinte esquema operativo:

- Projeção do jato sobre o pé do talude de modo a criar uma sobreescavação do mesmo até
que se origine a queda do talude;
- O material desmontado é submetido à ação do jato de modo a promover a sua desagregação
e escoamento ao longo do canal de transporte;
- Uma vez limpa a frente, o equipamento é aproximado da nova frente de trabalho, repetindo-
se o ciclo.

As distintas possibilidades de posicionamento do equipamento dão origem as três


esquemas de extração, segundo as direções relativas do jato projetado e da polpa escoada
(Figura 3.23)

a) Em direção,
b) Em contracorrente,
c) Misto.

O desmonte em direção é caracterizado pela direção de circulação da polpa coincidir


com a direção do jacto de água projetado, sendo aplicado sobre frentes com altura inferior a 8
m.
O desmonte em contracorrente aplica-se fundamentalmente em grandes frentes de
trabalho que podem variar entre os 20 a 30 m, sendo esta a altura máxima permitida por
motivos de segurança.
O desmonte misto é utilizado quando se aplicam vários equipamentos na mesma frente
de trabalho, permitindo o arranque do material situado na zona intermédia de dois
equipamentos.

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Figura 3.23 - Esquemas de extração, segundo as direções relativas do jato projetado e


da polpa escoada. 1- Equipamento, 2- Tubagem de alimentação, 3- Canal
de transporte, 4- Captação, 5- Estação de bombeio, 6- Tubagem da polpa,
7- Polpa.

Lavra “in-situ”

A possibilidade de se extrair o metal contido em uma jazida, por dissolução “in-situ”,


tem atraído a atenção dos mineradores e metalurgitas. Algumas tentativas têm tido êxito,
outras não, indicando que esse tipo de lavra só pode aplicado quando coincidem uma série de
circunstâncias favoráveis. Tais circunstâncias são a permeabilidade geral da massa
mineralizada, devido a existência de poros e de um bom número de fendas ou fissuras nas
rochas,: a solubilidade dos metais em água ou soluções diluídas de ácido sulfúrico (licor): a
possibilidade de se recolher as dissoluções em trabalhos executados sob a zona de dissolução,
sem que se produzam perdas através de fendas ou acidentes subterrâneos e permeabilidade de
razoável controle da águas naturais da mina, para que não provoquem a diluição dos licores
da lixiviação.
As operações fundamentais desse método de lavra consistem na criação de zonas de
infiltração dos licores, nos níveis superiores, e seu recolhimento nos níveis inferiores. São
estendidos tubos de polietileno perfurados, ao longo de galerias previamente preparada, para a
rega das zonas a serem lixiviadas, vindo dos licores de depósitos colocados em níveis
superiores. Os locais de recolhimento (caldeiras) são revestidos com um produto
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impermeabilizante, que em geral é o flintkot, passando sobre uma argamassa de areia e


cimento. Após o recolhimento, os licores são bombeados, através de tubos plásticos, para um
tanque, de onde partirão para o tratamento químico.
O método tem sido aplicado com sucesso na lavra de minérios de cobre de baixo teor,
nas minas de Cananea, nas minas de Bica, Urgeiriça e Senhora das fontes, de propriedade da
Empresa Nacional de Urânio, em Portugal.

PROFUNDIDADE DOS TRABALHOS A CÉU ABERTO (PROFUNDIDADE FINAL


DA MINA)

A explotação das jazidas minerais pode ser efetuada por trabalhos a céu aberto,
trabalhos subterrâneos ou por uma combinação de ambos. Quando se emprega o método
combinado de lavra é indispensável estabelecer o limite entre os trabalhos a céu aberto e
subterrâneos, o qual ofereça o mínimo custo de extração mineral e o máximo rendimento do
trabalho.
Durante a projeção da mina resolve-se o problema de determinação dos limites entre a
lavra a céu aberto e a lavra subterrânea, sendo necessário contornar a mina e estabelecer os
contornos no plano e os perfis geológicos. Estes contornos determinam-se com base a pratica
e podem ser final, perspectivo e intermediário.
Denominam-se contornos finais, aqueles onde segundo o plano deve finalizar a lavra,
são determinados com elevado grau de precisão. O contorno perspectivo determina-se
aproximadamente e é aquele que pressupõe até onde devem chegar as diferentes operações ou
labores mineiras e é retificado durante a explotação. O contorno intermediário é aquele que se
deve alcançar num momento determinado da explotação.

O perfil do talude da mina fica determinado pelo volume total dos trabalhos de
decapeamento em correspondência às exigências de estabilidade e incide em forma
determinante sobre a tecnologia dos trabalhos mineiros.

A sobreelevação da pendente do perfil ocasiona a deformação do talude da mina e sua


liquidação exige grandes gastos. Deslizamentos e desmoronamentos do talude da mina podem
impossibilitar o prosseguimento da lavra do mineral útil por o método a céu aberto. Também,
a diminuição da pendente do perfil do talude eleva os gastos complementares pelo
decapeamento de rochas estéreis. Assim, a diminuição do ângulo de inclinação do talude da
mina em 2º - 3º, no momento da finalização das operações mineiras, ocasiona o aumento
considerável de volume de estéril a ser extraído (10-30% ou mais) e conseqüentemente
aumenta os custos de explotação da jazida.

COEFICIENTE DE DECAPEAMENTO

Na lavra a céu aberto, quanto maior seja a potência do recobrimento das jazidas
horizontais ou quanto mais profunda se encontre uma jazida mineral inclinada ou abrupta,
tanto maior é o volume de rochas estéreis que há que remover para facultar a extração do
mineral útil da jazida (Figura 3.24). O custo de extração mineral, em grande medida depende
do volume de decapeamento, porém esse custo está diretamente relacionado com o volumem
de decapeamento relativo e não com o volume de decapeamento absoluto.
O volume relativo, ou seja o volume de rochas estéreis que é indispensável remover
por unidade de mineral útil (relação estéril - minério) se denomina coeficiente de
decapeamento.

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O coeficiente de decapeamento pode ser expresso em peso, quando as rochas estéreis e


o mineral útil se indicam em unidades de massa (t) e, pode ser volumétrico quando estes se
indicam em unidades de volume (m3). Na prática, com maior freqüência o coeficiente de
decapeamento se expressa como volume de rochas decapeadas em metros cúbicos, com
relação a uma tonelada de mineral útil (m3/t).Também, o coeficiente de decapemento é
possível ser expresso somente em unidades de massa ou volume (t/t, m3/m3).

Figura 3.24 - Coeficiente de decapeamento industrial.

Comumente é aceito que a igualdade dos custos de extração do mineral útil pelo
método a céu aberto e subterrâneos, determinam a base para definir o limite da profundidade
da mina. Qualquer profundização dos trabalhos a céu aberto que sobrepasem esse limite serão
de maior custo que os trabalhos subterrâneos.

CMs = CMca + Kl Ce

Donde:
CMca - custo de lavra subterrânea de 1 t de minério, incluindo os custos operacionais de
desmonte, carregamento, britagem do minério e transporte até a usina de concentração;
CMca - custo de lavra a céu aberto de 1 t de minério, incluindo os custos operacionais de
desmonte, carregamento, britagem do minério e transporte até a usina de concentração;
Kl - coeficiente de decapeamento limite;
Ce - custo de lavra do estéril, incluindo seu desmonte, carregamento, e transporte até o “bota-
fora”.

* Coeficiente de decapeamento limite (Kl): denomina-se ao coeficiente máximo permitido sob


o qual podem ser desenvolvidos os trabalhos de explotação pelo método a céu aberto. O
coeficiente de decapeamento limite se estabelece em base à comparação de índices técnico-
econômicos, razão pela qual também é conhecido como coeficiente de decapeamento
econômico ou crítico.
O custo do mineral útil durante a lavra pelo método a céu aberto determina-se pela
expressão:

Cmp – Gm
Kl =
Ge

Donde:
Cmp - custo permissível de 1 m3 de mineral útil
Gm - gastos para a extração de 1 m3 de mineral útil
Ge - gastos para a extração de 1 m3 de estéril

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Ao nível de toda a jazida, a opção lavra será obtida através de análise das expressões:

CMs > CMca + Kl Ce Lavra a céu aberto


CMs = CMca + Kl Ce Lavra subterrânea
CMs < CMca + Kl Ce Lavra subterrânea

A opção de lavra se referida, para a mesma jazida, a blocos de decisão de lavra,


envolveria outras considerações, para as quais se definem:

* Teor de corte (céu aberto): entende-se por teor de corte de um bloco (t), aquele teor capaz de
pagar sua lavra, seu tratamento, bem como seus custos indiretos e financeiros, não obtendo
nenhum lucro e também não suportando a remoção de nenhum estéril associado.
* Teor mínimo ou marginal (céu aberto): teor mínimo ou marginal (tm) é aquele teor que paga
apenas os custos de beneficiamento, além dos custos indiretos e financeiros subseqüentes.
Corresponde ao bloco já lavrado que, em lugar de ser jogado ao "bota-fora", é levado à usina
de beneficiamento, extraindo se o elemento valioso, não dando nem lucro nem prejuízo.
* Teor de utilização (céu aberto): o conceito de teor de utilização (tu) tem aspectos a ver com
o estabelecimento do contorno final da cava, planejamento seqüencial da lavra,
beneficiamento do minério e fluxo de caixa da empresa.

Dentre os materiais desmontados, com certeza vai-se encontrar blocos mineralizados e


não mineralizados. Estes últimos, como é evidente, serão levados ao "bota-fora". Já os blocos
mineralizados constituem o problema: que deve utilizar-se?. Como é óbvio, o teor de
alimentação da mina não pode estar abaixo do teor marginal, pois então não se pagarão as
despesas subseqüentes. Surge assim a necessidade do conceito de teor de utilização. Este teor,
pelo visto, deve ter correspondência entre o teor de corte e o teor mínimo.
A diminuição do teor de utilização acarreta um aumento do volume de minério a tratar
o uma diminuição do estéril, pois dentro do contorno da cava há um volume definido e
conhecido. O teor de utilização é estimado inserindo várias admissões que levarão a várias
alternativas, das quais será selecionada aquela que melhor se adapte com os objetivos de
produção o econômicos da empresa.
* Teor limite (teor de corte subterrâneo): se define como teor limite (tl) o menor teor que
compensa economicamente a lavra subterrânea.
De posse destes conceitos podemos então concluir:
Se o bloco tecnológico (ou painel) estiver gravado por uma relação estéril/minério R
superior à relação estéril/minério limite Rl (R > Rl) e se o respectivo teor do bloco tb for igual
ou superior a tl, o bloco será lavrado subterraneamente. Se R > Rl com teor do bloco inferior
ao limite (tb < tl), não há lavra pois, se houvesse conduziria a prejuízos econômicos.
Se R < Rl, várias considerações devem ser feitas:
1. Quando R < Rl e o teor do bloco tb for igual ou superior ao teor de corte (tb  tc) o bloco
será lavrado a céu aberto;
2. Quando o teor do bloco tb estiver compreendido entre o teor marginal e o teor de corte (tm 
tb < tc) aplica-se o conceito de teor de utilização (tu);
3. Finalmente, por razões de ordem econômica, não se aproveita, em hipótese alguma,
materiais com teores inferiores ao teor mínimo, sendo estes blocos considerados estéreis.
Uma vez estabelecido o coeficiente limite de decapeamento, determina-se a
profundidade limite da mina em base à comparação de índices técnico-econômicos entre os
trabalhos mineiros a céu aberto e subterrâneos.

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