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UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA

FACULDADE DE TEOLOGIA

MESTRADO INTEGRADO EM TEOLOGIA (1.º grau canónico)

ABÍLIO JOÃO CANADA SILVA

A Virgindade segundo Santo Ambrósio de Milão


Análise do De Virginibus, de Santo Ambrósio de Milão:
especial incidência nos Livros Primeiro e Segundo

Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Teologia


Patrística, sob orientação de:

Prof. Doutor Isidro Pereira Lamelas

Lisboa
2021
ÍNDICE

INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………….1

I. STO. AMBRÓSIO………………………………………………………………………….2

II. A EXCELÊNCIA DA VIRGINDADE……………………………………………………

III. SÍMBOLOS DA VIRGINDADE ………….……………………………………………7

IV. MODELO DE VIRGINDADE…………………………………………………..…….9

CONCLUSÃO.........................................................................................................................11
INTRODUÇÃO

O presente trabalho, insere-se no âmbito da unidade curricular de Teologia

Patrística e pretende uma breve abordagem a uma das temáticas mais preponderantes no

que toca às obras de cariz moral de Santo Ambrósio de Milão: a virgindade. Assim,

percorrer-se-á a temática supracitada, tal como ela nos é apresentada num dos escritos

sobre a virgindade do autor a que nos propomos De Virginibus, mais concretamente,

nos seus dois primeiros livros.

A obra foi composta no século IV, por volta do ano 377, pelo próprio Ambrósio

de Milão, a pedido de sua irmã Marcelina - à data, também ela virgem consagrada -, por

quem nutria uma grande admiração. A grande finalidade do De Virginibus será, não só a

instrução pessoal de Marcelina, mas também a instrução de todas as jovens que a ela se

juntavam, com o firme propósito de consagrarem as suas vidas. Para tal, Ambrósio

estruturará a obra em três livros, sendo que no primeiro tratará de proclamar a celsitude

da virgindade, bem como as suas vantagens e, o segundo e terceiro, por sua vez,

procederá à apresentação de conselhos e regras seguras sobre o modo de a praticar.

Posto isto, a fim de assimilar e apresentar a beleza da virgindade a nossa

exposição dividir-se-á, essencialmente, em quatro partes, sendo que a primeira tratará de

uma sucinta contextualização sobre o autor e a sua obra. A segunda, aprofunda nos

fundamentos teológicos e na sublimidade da virgindade; a terceira, incidirá sobre

símbolos que melhor representam a virtude louvada anteriormente e a quarta parte,

dedicada aos exemplos e modelos de autêntica virgindade cristã.


I. SANTO AMBRÓSIO

Santo Ambrósio de Milão nasceu em Tréveris, cidade situada no atual estado da

Renânia-Palatinado, Alemanha, por volta do ano 340. Ter-se-á mudado, com 14 anos,

para a cidade de Roma com a sua mãe e irmãos, aquando da morte de seu pai. Lá,

recebeu uma educação de excelência quer academicamente, quer humana e cristãmente.

Inclusive, seguindo o cursus honorum, veio a tornar-se governador da Liguria e da

Emilia, em 370.

Por causa do cargo que desempenhava, viu-se obrigado a participar na eleição do

novo bispo, que deveria suceder ao ariano Auxêncio. Esta foi uma eleição tumultuosa,

pelas desavenças que havia, ainda, entre os católicos mais ortodoxos e aqueles menos

ortodoxos, afetos às ideias de Ario. Assim que, inesperadamente, Ambrósio viu recair

sobre si próprio a escolha para novo bispo, sendo, ainda, catecúmeno isto devido à sua

grande popularidade.

Ora, o que sucedia era que Ambrósio nem era batizado, pelo que, no mesmo ano

em que recebe os sacramentos de iniciação cristã, recebe também o sacramento da

Ordem e é consagrado bispo de Milão em dezembro de 374. Enfim, a rapidez com que

lhe são confiadas responsabilidades religiosas forçam-no, de certa forma, a uma maior

prontidão no conhecimento e consolidação das verdades de fé, bem como no que toca à

maturidade espiritual. Neste processo de maturação cristã, é importante salientar a

influência que teve o presbítero Simpliciano. Graças a ele, Ambrósio foi instruído no

pensamento e na leitura dos autores cristãos de maior notabilidade à época, tais como

Santo Atanásio, Cirilo de Jerusalém, Orígenes e outros, recebendo uma excelente

preparação doutrinária, bíblica e dogmática.

Durante o seu episcopado destacou-se o seu extenso trabalho pastoral de atenção

aos penitentes, aos presos e aos pobres e pelo facto de ser um homem profundamente
dominante da retórica e de se ter especialmente empenhado na relação entre fé e

filosofia, sendo um apaixonado da filosofa e fortemente conhecedor do platonismo. Para

além do mais, merece especial destaque a sua atividade político-religiosa, no que toca às

relações entre Estado e Igreja. Por ser bispo de Milão, na altura cidade residencial do

Imperador, teve oportunidade de travar amizade com vários imperadores como

Valentiniano I (364-475); Graciano (375-383); Valentiniano II (383-392); e, ainda

Teodósio I (379-383).

Quanto a este aspeto da sua vida, muito nos elucida o conhecido «Episódio de

Tessalónica» (388). Na origem está um confronto entre a população e o exército romano

que despoleta uma ordem iníqua por parte do imperador Teodósio I. Posto isto,

Ambrósio, pronta e ousadamente, acorre a confrontar o Imperador, advertindo-o da

crueldade da sua ordem. Como consequência, excomunga-o em 390, até que se converta

e faça penitência pública pelo seu pecado. Teodósio cumpre a penitência prevista por

Ambrósio e é readmitido à comunhão da Igreja, tendo sido a primeira vez em que um

imperador se submete ao poder espiritual, um marco na história do diálogo entre Igreja

e Estado, que teve Ambrósio por precursor.

Efetivamente, a grande maioria das obras ambrosianas são de cariz exegético,

constituindo quase metade do todo da sua produção escrita. Destas obras de cariz mais

bíblico, apenas uma é dedicada ao Novo Testamento – Expositio Evangelii secundum

Lucam, em que se denota uma certa preocupação por combater as doutrinas duvidosas

que se alastravam na altura, no que toca à teologia trinitária e cristológica -, sendo as

demais relativas ao Antigo Testamento, como são o De Paradiso; De Cain et Abel; De

Noe; De Abraham; De Jacob et vita beata; Expositio Psalmi CXVIII; e a sua obra mais

aclamada: Hexaemeron. Inspirada na obra homónima de Basílio de Cesareia,

Hexaemeron compreende as homilias proferidas pelo Bispo de Milão na Semana Santa


de um ano entre 386-390, comentando os seis dias da criação, dividindo-se em seis

livros, respetivamente.

As obras de cariz, digamos, mais ascético e moral têm, também, um lugar

importante no legado literário de Ambrósio, são elas: o De virginibus,; De viduis; De

virginitate; De institutione virginis; Exhortatio virginitatis; e o De officiis ministrorum,

considerado o primeiro tratado de moral cristã destinada aos clérigos. Partindo do De

offciis de Cícero, expõem-se os traços característicos de uma moral autenticamente

cristã, isto é, uma moral que, ao contrário da moral estoica, não parte do homem, mas de

Deus, recebendo, inclusive, uma clara orientação escatológica, na qual se inserem as

virtudes.

Finalmente, os escritos epistolares, isso é, 91 cartas escritas pelo punho do

próprio Ambrósio de Milão e que nos fornecem dados de grande valor biográfico acerca

do santo bispo de Milão. Oferecem-nos, ainda, o panorama geral da sua relação com os

imperadores e das suas linhas de ação em relação aos erros cristológicos e trinitários

que, então, grassavam o Ocidente latino.


II. A EXCELÊNCIA DA VIRGINDADE

No primeiro momento do De virginibus adquire a espessura de um verdadeiro

«elogio da virgindade». Com efeito, nesta primeira fase, introdutória, da sua obra,

Ambrósio deixa transparecer uma certa preocupação em demonstrar o quanto é louvável

a opção por uma vida de total oferecimento a Deus, através da castidade virginal, num

autêntico decantar desta virtude.

Ora, o primeiro passo deste decanto consiste, antes de mais nada, em pôr em

evidência o facto de ser um dom, e não um qualquer dom, mas um dom sobrenatural.

Logo, estamos diante de um dom cujo entendimento está para além da nossa capacidade

natural de apreensão, tanto que, aos olhos de quem, eventualmente, não tenha fé, pode

ser interpretado como algo ilógico ou, até, contranatura. A virgindade é, portanto, pura

graça concedida por Deus àqueles a quem escolhe, ultrapassando os méritos dos eleitos,

pois que, ao limite, nenhuma criatura é digna de tamanha graça, e o seu verdadeiro

sentido só em Deus se pode contemplar, pela fé. «Que inteligência humana poderá

compreender esta virtude que está fora do curso da natureza? Quem poderá dignamente

falar dela, se ela é superior à natureza?»1

Desta forma, estabelecem-se, ainda, outros dois axiomas deveras decisivos para

uma reta compreensão da virgindade cristã, falamos do dado da Revelação e do mistério

da Encarnação do Verbo. Percorrendo, em breves palavras, como que a história da

1
SANTO AMBRÓSIO, Escritos sobre a Virgindade, I Vol., Edições Paulistas, Lisboa, p. 23. cf.

CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius, tomus VII, Editio

Nova, Paris, 1842, p. 398.


virgindade até ao acontecimento cristão, conclui-se que nem mesmo entre os sacerdotes

de Baco ou entre as vestais consagradas à deusa Frígia, a virgindade fora praticada. Por

isso diz-nos Santo Ambrósio:

«E quem poderá negar que tenha vindo do céu este género de vida, se ele era

quase desconhecido antes de Deus descer à terra para assumir a natureza humana? (…)

E depois de o Filho de Deus ter encarnado, unindo, sem confusão carnal, a natureza

divina com a humana, esta vida celeste floresceu por toda a parte» 2.

A virgindade, tal como nos é apresentada pelos evangelhos e pela tradição cristã,

é digna de louvor justamente por ser de origem divina e não por vir do mero arbítrio ou

capricho humano. Tem por pátria o Reino dos Céus e, por Autor, o próprio Deus - «Que

é, de facto, a castidade virginal, senão a integridade ilibada? E quem será dela o autor,

senão o imaculado Filho de Deus, cuja humanidade é incorrupta, e cuja divindade é

imune de mancha?»3. Na verdade, dela não teríamos notícia se não fosse o próprio

Senhor a no-la dar a conhecer, quer pelo Antigo Testamento quer pelo Novo

Testamento. Se hoje sabemos que a virgindade é objeto do enlevo de Deus, é porque Ele

próprio nos revelara, servindo-se do «sim» de uma virgem para fazer vir ao mundo o

seu Filho Unigénito.

«Jesus Cristo existiu antes da Virgem; Jesus Cristo nasceu de uma Virgem! Nascido do Pai

antes dos séculos, nasceu de uma Virgem para redimir os séculos. Eterno, pela sua natureza,

quis submeter-se ao tempo para vantagem nossa (…) A virgindade, de facto, pertence a Cristo,

não Cristo à virgindade»4.

2
Ibidem. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius, tomus

VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 399.


3
Ibidem. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius, tomus

VII, Editio Nova, Paris, 1842, pp. 402-403.


4
Ibidem. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius, tomus

VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 403.


III. SÍMBOLOS DA VIRGINDADE

Com os versículos 10-12 do salmo 45, «As filhas dos reis, ornadas de joias, se

apresentam, e à tua direita, de pé, a rainha, em ouro de Ofir. Ouve, filha, vê e presta

atenção; esquece o teu povo e a casa do teu pai. Porque o rei se deixou prender da tua

beleza, ele é agora o teu senhor: rende-lhe homenagem!» O autor apresenta-nos alguns

dos símbolos que, segundo a sua perspetiva, exprimem tão eficazmente o significado da

virgindade cristãmente entendida. São eles o símbolo do reino, do ouro e da beleza.

Efetivamente, o salmo supracitado pode ser interpretado como aproximando a

virgem a uma rainha: «(…) e à tua direita, de pé, a rainha» (Sl 45, 10). Pelo facto de ter

escolhido por esposo o Rei do Universo e pela nobreza desta vocação, a virgem é dita

rainha: «Reino: seja porque esposa do Rei eterno, seja porque, com força, repeles os

prazeres voluptuosos, e os dominas como rainha.»5. Posteriormente, o símbolo do ouro:

«(…) e à tua direita, de pé, a rainha, em ouro de Ofir.» (Sl 45, 10). De facto, a virgem

que assim se consagra a Deus, torna-se numa fiel oblação, tão preciosa e tão pura como

o ouro purificado, torna-se na alegria do Rei: «Ouro: de facto, assim como este metal,

purificado pelo fogo, se torna mais precioso, assim o teu corpo virginal, consagrado ao

Espírito Santo, aumenta de esplendor.»6. O terceiro símbolo retirado é a beleza: «Porque

o rei se deixou prender da tua beleza» (Sl 45, 12). A beleza de uma alma pura e casta

5
Ibidem, p. 36. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius,

tomus VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 409.


6
Ibidem. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius, tomus

VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 409.


não é limitada a uma beleza material ou corporal, mas à beleza espiritual, que não se

deteriora:

«Quem poderá, pois, encontrar uma beleza maior do que formosura daquela que

é amada pelo Rei, aprovada pelo Juiz, dedicada ao Senhor, consagrada a Deus, sempre

esposa e sempre virgem, de modo que, nela, o amor não tem fim, e o pudor não sofre

detrimento? É esta, na realidade, a verdadeira beleza, a que nada falta; a única que

merece ser louvada pelo Senhor: “És toda bela, minha amiga, e, em ti, não há mancha

alguma” (Cant 4, 7-8).»7.

Seguidamente, o Ambrósio recorre-se, de mais dois símbolos: a fragrância e as

abelhas. A fragrância, retirada da passagem do evangelho de João que narra a sepultura

do Senhor (Jo 19, 39) , compara a virgem ao aroma mais belo dentre aqueles que

ungiram o corpo chagado de Jesus:

«A tua fragrância é superior a todos os aromas que serviram para a sepultura do

Senhor. Tu espalhas perfumes celestiais, porque estão extintos os desejos do corpo, e

estão mortos os prazeres dos membros. Tu levas para toda a parte a fragrância da pureza

do corpo do Senhor e a flor da castidade virginal.»8.

As abelhas partindo da passagem do Cântico dos Cânticos que diz: «Os teus lábios, ó

esposa, destilam mel virgem» (Cat 4, 11), fazendo uma analogia com a alma virgem a

uma abelha que prepara doce alimento e, da mesma forma que se alimentam do orvalho,

também as virgem se alimentam do orvalho do alto dos Céus, das nuvens que chovem o

Justo: «A virgindade pode comparar-se às abelhas: (…) A abelha alimenta-se de

orvalho, ignora as núpcias, dá o mel. Orvalho da virgem, é a palavra divina (…).

7
Ibidem. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius, tomus

VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 409.


8
Ibidem, p. 37. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius,

tomus VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 410.


Prepara, com os teus lábios, uma eterna prole (…) não recolhas somente para ti, mas

também para muitos outros (…)»9.

9
Ibidem, p. 38. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius,

tomus VII, Editio Nova, Paris, 1842, pp. 410-411.


IV. MODELOS DE VIRGINDADE
Posto isto o autor procede à explicação do modo como esta deve ser praticada,

nunca esquecendo que o principal propósito do De Virginibus é a instrução das virgens,

isto é, estimular o desejo de uma vida casta e virginal. Para tal, mais do que fazer uso de

um estilo normativo e de certa forma autoritário, expondo em lista o fazer ou não, usa

um estilo representativo de exemplos que se deve seguir

«Sentindo-me, porém, incapaz de ensinar e impotente para advertir, pois o

mestre deve ser superior ao discípulo, para que não pareça que eu tenha abandonado a

empresa ou pecado por presunção, julguei conveniente instruir, mais com exemplos do

que com preceitos. O exemplo, é, além disso, mais eficaz. Aquilo que já foi feito por

outros, torna-se menos difícil.»10.

Entre os vários modelos de virgindade, é de destacar o primeiro exemplo

apresentado às jovens virgens por Santo Ambrósio; a Virgem Maria, a mãe de Jesus, a

Mãe do Verbo Encarnado, a Θεότοκος, isto é, a Mãe de Deus.

Com efeito, a primeira virtude de Maria a que Ambrósio exorta a «imitar», é a

nobreza. Isto significa o estímulo à grandeza de alma, à perseverança e à ousadia de

abraçar uma vida casta, com todas as exigências que daí advêm, na certeza de que todo

o sacrifício será recompensado em glória e júbilo diante de Deus - «Ora, quem é mais

do que a Mãe de Deus? Quem mais esplêndido do que Aquela que foi eleita pelo mesmo

esplendor do Pai? Quem mais casto do que Ela, que, sem contaminação corpórea, se

tornou Mãe do Verbo Encarnado?»11.

Maria é a mulher prudente por excelência. Apesar de se fazer acompanhar

sempre de S. José, o guarda da sua virgindade, o seu maior guarda era ela mesma, com
10
Ibidem, p. 53. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius,

tomus VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 422.


11
Ibidem, p. 55. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius,

tomus VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 424.


o seu modo de proceder diante de Deus e de zelar pelas «coisas do Alto»: «O seu

melhor guarda era Ela mesma, com um trato e um comportamento que incutia respeito.

Não dava um passo que não avançasse no caminho da virtude.» 12. Assim, aconselha

Ambrósio, tenha também a virgem quem a guarde.

Louva também na Virgem de Nazaré a sua humildade. Se alguém havia, por

entre os mortais, com razões mais que suficientes para exultar consigo próprio, era

Maria. Porém, não se exulta a si mesma, mas Àquele que a exultara a ela e a agraciara

com divina gravidez: «Sabendo-se eleita de Deus, cresceu de cada vez mais na

humildade e depressa se dirigiu a Isabel, não para se certificar do facto, pois tinha já

acreditado (…), mas para servi-la.»13.

Finalmente, a sua profundidade. Tal como Maria «guardava todas estas coisas,

meditando-as em seu coração» (Lc 2, 19), assim também aquela que consagra a Deus a

sua virgindade deve cultivar, tanto quanto esteja ao seu alcance, um olhar atento e um

coração dócil:

«Maria, já trepidante com o aparecimento do Anjo e muda perante o suceder-se de

tantos milagres – a fecundidade da estéril, a maternidade da virgem, o falar do mudo, a adoração

dos Magos, a expectação de Simeão, o testemunho das estrelas – “conservava todas estas coisas

no seu coração” (Lc 2, 19).»14.

12
Ibidem, p. 56. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius,

tomus VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 425.


13
Ibidem, p. 58. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius,

tomus VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 426.


14
Ibidem. cf. CAILLAU D. A. B., Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius, tomus

VII, Editio Nova, Paris, 1842, p. 426.


CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho concluímos que o De Virginibus, de Santo Ambrósio de

Milão, que apesar de o horizonte da obra ser o de ensinar as jovens virgens, através da

sua instrução e da exortação a permanecerem e a exercitarem-se no caminho da virtude

da virgindade, Ambrósio não exporá, de imediato, de forma crua, que preceitos se

devem, então, empreender, mas, como primeiro passo, começará por criar na alma

virgem, a admiração e o desejo de tal virtude, assim dispondo, pela via do amor, o seu

coração, em ordem a essa dileta vocação. Apresenta diversos exemplos muitíssimo

fecundos e belos que iluminaram, todas aquelas que, na santidade, nos precederam e,

agora, tendo colhido a palma da virgindade, gozam e participam das Bodas do Cordeiro,

dentre as quais resplandece, com luz mais fulgurante, a Santíssima Virgem. Desta

forma, compõe, Ambrósio, um autêntico hino à castidade virginal, um tratado de

altíssima riqueza para a Igreja e para todos os homens e mulheres de boa vontade.
BIBLIOGRAFIA

FONTES

Bíblia Sagrada, 15ª edição, Difusora Bíblica, Lisboa, 1991.

D. A. B. CAILLAU, Collectio Selecta S. S. Ecclesiae Patrum, Sanctus Ambrosius,

tomus VII, Editio Nova, Paris, 1842.

SANTO AMBRÓSIO, Escritos sobre a Virgindade, I Vol., Edições Paulistas, Lisboa.

SANTO AMBRÓSIO, Escritos sobre a Virgindade, II Vol., Edições Paulistas, Lisboa.

ESTUDOS

A. DI BERARDINO, Dicionário patrístico e de Antiguidades Cristãs, Editora Vozes,

São Paulo, 2002.

BENTO XVI, Padres e Doutores da Igreja, Paulus, Lisboa, 2012.

D. RAMOS-LISSÓN, Patrología, Ediciones Universidad de Navarra, S.A., Pamplona,

2016.

F. COMPAGNONI, G. PIANA, S. PRIVITERA, Dicionário de Teologia Moral,

Paulus, São Paulo, 1997.

G. BOSIO, M. MARITANO, Introduzione ai Padri della Chiesa, secoli II e III, Societá

editrice internazionale, Torino, 1991.

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