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Este trabalho tem por objetivo fazer uma breve análise sobre O
Movimento de Hip Hop Organizado no Maranhão Quilombo
Urbano. O grupo citado foi fundado em 1989, mas batizado
com o nome apresentado aqui em 1992. Ele usa de sua cultura
em prol das lutas sociais e trabalha diretamente com periferias
de São Luís, trabalho este que deveria ser aplicado pelo
Estado em forma de Políticas Públicas. No entanto, é quase
inexistente, pois os interesses da burguesia sobrepõem os
interesses dos trabalhadores. Neste sentido, usam sua cultura
do Hip Hop para denunciar, criticar e ajudar jovens de
periferias.
Abstract
O presente texto tem por objetivo fazer uma breve análise sobre o Hip–Hop
Militante e algumas ações do Q.U 2 , como os mesmos usam sua arte como práxis
revolucionária em prol de negros e pobres nas periferias. Sabendo que o Estado trabalha
apenas em função de cumprir metas quantitativas e não qualitativas, quando se fala de
periferia, os movimentos sociais organizados entram em cena de diversas formas, tentando
ajudar a população. O Q.U entra neste contexto, que ao longo deste trabalho, será
apresentado brevemente.
II. DESENVOLVIMENTO
2
Movimento de Hip-Hop Organizado no Maranhão, Quilombo Urbano
péssimas condições, com péssimos salários, não se identifiquem como trabalhadores, mas
como classe média alta que veio ascendendo dentro de um espaço de tempo de 13 anos.
Neste sentido, estes sujeitos acabam direcionando seu ódio contra a própria classe, assim
reforçando os antagonismos de classe existentes e persistentes.
Outra problemática que podemos apontar nesta totalidade são as tentativas do
Estado de manipular os que deveriam lutar contra estas contradições existentes em uma
sociedade de classes. Podemos apontar o Controle Social 3 . Dentro do controle social
existem diversos conselhos, como os de saúde, educação, cultura, enfim, diversas
organizações que deveriam fiscalizar e denunciar todas as irregularidades em seus
respectivos setores. A definição de conselho de acordo com o site Portal da Transparência
é:
Como visto, estes espaços são ocupados por membros da sociedade civil em
parceria com as três instancias (Federal, Estadual e Municipal). Entretanto, a elite burguesa
que está presente tanto na sociedade civil quanto nestas instâncias apresentadas, se
aproveita como classe dominante, como é colocado na citação a seguir: “As ideias
dominantes de uma época sempre foram as ideais da classe dominante” (MARX, Karl,
1848). A elite consegue manipular estes espaços para serem usados em seu próprio
benefício, pois “O governo moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns
de toda classe burguesa.” (MARX, Karl, 1848). As Políticas Públicas oriundas destes
espaços não dão conta de toda contradição própria do capitalismo e nem das necessidades
básicas.
Na cultura não acontece de maneira diferente, pois todo e qualquer ritmo que
possa fugir dos padrões pré-estabelecidos pela burguesia é marginalizado e perseguido, a
exemplo do reggae, rap e o Hip-Hop como fora de tais padrões. Aí está a importância destes
movimentos culturais-políticos para a luta contra estes tipos de opressões. Ricardo
Teperman destaca em sua obra Se Liga no Som – As Transformações do Rap no Brasil:
“Com maior ou menor apoio do Poder Público, estas organizações fomentam atividades
ligadas ao Hip-Hop e, muitas vezes, também cumprem papéis importantes como movimento
social.”. (TEPERMAN, Ricardo, 2015)
O grupo aqui apresentado cumpre bem este papel que Teperman aponta em sua
obra, pois o engajamento social e político pode ser associado diretamente com a cultura do
Hip-Hop, usando as músicas como uma verdadeira arma apontada para as incoerências
capitalistas.
O Prof. Dr. Antonio Paulino de Sousa deixou sua contribuição na obra Educação
Popular e Juventude Negra: Um Estudo da Práxis Político-Pedagógica do Movimento Hip-
Hop em São Luis do Maranhão do autor Rosenverck Estrela Santos e nesta ele aponta o
seguinte:
3 O controle social pode ser feito individualmente, por qualquer cidadão, ou por um grupo de pessoas.
Esta inovação pode ser classificada como uma verdadeira resistência de classe,
pois, de acordo com Rosenverck: “Enquanto força social, o hip-hop não se exclui das
relações com as outras atmosferas da sociedade civil; sendo assim, afirmamos nossa
posição de compreendê-lo como um movimento político-cultural.” (SANTOS, Rosenverck
Estrela, 2015).
É neste movimento político-cultural que nasce a verdadeira resistência, através
da arte, pois os diversos sujeitos participantes deste movimento trabalham em benefício da
libertação e da criação de condições objetivas para a luta contra as opressões.
Como já exposto aqui, há diversas formas de luta e diversas formas de se
trabalhar onde as Políticas Públicas não existem ou não funcionam. Aqui apresentaremos
algumas ações do movimento Q.U, que é composto por alguns grupos que se auto intitulam
negros, revolucionários e socialistas, muitos destes de origem humilde, vindos das periferias
de São Luís, que usaram a arte e os estudos para buscar emancipação política e humana.
Um dos grupos que fazem parte do Q.U é o “Infantaria Revolucionária”, do rapper Big Boy,
com o álbum Resistência Afronorderstina.
Destacaremos neste trabalho uma ação desenvolvida pelo Quilombo Urbano em
parceria com Quilombo Brasil, evento este que teve como principal atração o lançamento do
CD do grupo Infantaria Revolucionária, que aconteceu no dia 12 de janeiro de 2017, no
Reviver, no Bar Contraponto. Na oportunidade contaram com as participações de outros
grupos, como o Gíria Vermelha, o qual também é integrante do Q.U; DJ 15, de Teresina-PI
e; outro grupo de Hip-Hop de Caxias. Segue panfleto do evento:
Em uma rápida conversa com Big Boy sobre o contexto do grupo e sua
importância, o mesmo destacou como surgiu o nome do grupo. Ele fez o seguinte relato:
Figura 2 Apresentação do Infantaria Revolucionária. Na foto Big Boy de camisa com número e
Chá Preto ao lado. Fonte: Meus arquivos pessoais.
Neste conciso relato de Big Boy, podemos notar que o engajamento e a tentativa
de criar condições objetivas para se lutar contra opressões são prioridades tanto do grupo,
quanto do rapper. Dentro do movimento existe também um engajamento educativo, pois
umas das formas de buscar emancipação vem através dos estudos. Por este motivo, o
entrevistado reforça a importância de colocar “os moleques para estudar”. Alguns
componentes e ex componentes do Q.U estão no universo letrado, como o professor da
UFMA, Rosenverck Estrela Santos e outros membros como Mano Magrão (Antonio Ailton
Penha Ribeiro) ex-aluno da UFMA, Chá Preto, estudante da UFMA, Preta Lu (Luciana
Corrêa) estudante da UFMA, Hertz da Conceição Dias ex-estudante da UFMA entre outros.
Os pioneiros do movimento como o militante e professor Hertz, serviram e servem como
exemplos a serem seguidos por vários jovens, o exemplo não só no universo letrado, mas
também seu engajamento no meio social.
A tendência ideológica de esquerda do grupo norteia suas ações e é fonte de
inspiração para a sua arte, pois dentro das letras das músicas podemos notar a presença de
autores como Karl Marx, Leon Trotsky, e de personagens históricos que lutaram contra
opressões e explorações como Zumbi, Dandara, Marighela dentre outros. É possível ainda
enfatizar que “Músicas do Quilombo Urbano evidenciam a incorporação mais explícita de um
discurso de esquerda, com uso dos instrumentais de autores das ciências sociais.”
(MORAIS, Wherlyshe, 2016).
Durante as apresentações ou qualquer tipo de ações que o Q.U participa ou
organiza, notamos que os mesmos sempre evidenciam suas preferências ideológicas e
partidárias, como exemplo no evento do lançamento do CD do grupo Infantaria
revolucionaria, no qual tinha no palco algumas bandeiras, como a do movimento Quilombo
Brasil, Quilombo Urbano e da CSPconlutas4. Na oportunidade o grupo Gíria Vermelha fez
uma participação especial e apresentou ao público novas músicas e sua nova formação,
logo após a apresentação, tive uma breve conversa com um dos membros, o professor
Hertz da Conceição e perguntei sobre a importância deste tipo de evento para a militância, e
o mesmo respondeu o seguinte:
4
Central Sindical e Popular.
aspectos político ou artístico, mas o que se observa é a inclinação de determinados
grupos, predominantemente, para uma outra vertente.
III. CONCLUSÃO
MARX, Karl, Manifesto Comunista / Karl Marx e Friedrich Engels; organização e introdução
Osvaldo Coggiola, - 1. Ed. Revista – São Paulo: Boitempo, 2010.
Site:<http://www.portaldatransparencia.gov.br/controlesocial/ConselhosMunicipaiseC
ontroleSocial.asp> Acessado em: 05/03/2017 às 23h.