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Arquitetura e economia do gado na

Região Sul
Arquitetura Brasileira
Arquitetura e economia do gado
na Região Sul
Arquitetura Brasileira
Andressa Rávilla de Paula
Frederico Augusto Silvestre Mendes
Geovana Rosa Ribeiro
Maria Tamires dos Santos Martins
Raquel Ribeiro do Prado

Professor: Dr. Pedro Henrique Máximo Pereira


Resumo

A economia do gado no Sul foi expandindo graças à missão dos jesuítas, e junto com ela a
arquitetura. O programa, a forma de construção e a materialidade serão abordados na
apresentação, juntamente com o papel da arquitetura na formação da Região Sul.
Apresentação do autor

Júlio Nicolau Barros de Curtis (1929-2015), arquiteto gaúcho que,


entre outros títulos, foi o primeiro Diretor Regional do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio Grande do Sul
(Iphan-RS). Nascido em Porto Alegre e diplomado pela Faculdade
Nacional de Arquitetura, da antiga Universidade do Brasil, no Rio
de Janeiro, em 1952, exerceu também o cargo de Professor Titular
de Arquitetura Brasileira na Faculdade de Arquitetura da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Arquitetura e economia do gado na Região Sul

A economia do gado, diferente do açúcar no Nordeste, teve sua


eclosão de uma forma pobre, apesar de ter sido ideia da Coroa
Portuguesa para ocupar o Sul de sua colônia.
A base para essa nova estrutura econômica, estava na demanda
crescente de gado da região Sudeste, disponibilidade de mão-
de-obra, e aproveitamento do gado abandonado pelos jesuítas.

A economia gerada pelo gado, integrou à nação o vasto território


contestado da Região Sul.

Mapa do Brasil, com a Região Sul em destaque.


Antecedentes além-fronteiras

Graças à grande disponibilidade de gado bovino, equino,


muar e ovino, o desenvolvimento dessa economia na
Região Sul eclodiu. No séc. XVII, a região ja tinha gado
suficiente para sustentar o projeto jesuítico do Paraguai no
Sul do Continente.

Além do legado econômico, os jesuítas e as Missões


também deixaram um legado cultural e arquitetônico.

Igreja de São Miguel das Missões (RS). Fonte: IPHAN


Antecedentes além-fronteiras

As Missões Jesuíticas não se originam e nem se integram na história do


Rio Grande do Sul, mas se finalizam, e deixam aqueles bens culturais,
um legado precioso, incorporado ao patrimônio brasileiro no momento em
que se desenhava o mapa definitivo do território sul rio-grandense.

Consolida-se o período de predominância econômico-social do gado.

Reduções jesuíticas no Brasil colonial. Fonte: Portal das Missões Museu das Missões Jesuíticas (RS). Fonte: IPHAN
A sociedade e o território

“Civilização do couro.”

O Gaúcho, litografia de Isabelle, 1835. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro


A sociedade e o território

Um Gaúcho retratado por Debret


no inicio do sec. XIX

Tropeiros (foto https://www.portaldorancho.com.br


A sociedade e o território

No sec. XVII e a metade do sec. XVII foram o tempo da economia


pastoril sertaneja.

Já na segunda metade do sec. XVII e o sec. XIX foram o tempo


do gado sulino.

Charqueadas (desenho de Pedro Wayne)

Feira de sorocaba, Tropeiros getulio delphim


A sociedade e o território

A arquitetura manteve-se, por mais de um século, atrelada à singeleza das


suas primeiras manifestações.

Sede da Estância do Cristal, em Canguçu. Luís Sede da Estância Arvorezinha, em Piratini. Luís
Henrique Haas Luccas Henrique Haas Luccas
A sociedade e o território

O tropeirismo, ao estabelecer sua ligação com São Paulo, criou uma das
rotas mais importantes da Colônia.

A rota principal dos tropeiros e os vários “pousos de


tropa” – Fonte: http//:www.editoradobrasil.com.br
A sociedade e o território

Magueiras de pedra.

Imagem: Agro Carreira Cabanha Mangueira de


Pedra - Bagé / RS

Mangueira de Pedra de Jayme Caetano Braun


Estância da Palma, Uruguaiana - Rio Grande do Sul

Imagem: tripadvisor
A sociedade e o território

Corredores de taipa

Trechos do “Caminho das Tropas”. Imagem: Adventure Outdoor


Equipe de pesquisa da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac) Corredor de Taipas - Coxilha Rica - Lages SC.
Os programas e os partidos da arquitetura rural

A arquitetura, propões um programa de necessidades que qualifica


a sua melhor adequação a sua função, construção e forma.

No que refere à residência estancieira, prevaleceu a rigidez de uma


filosofia de vida simples, raramente ligada a estética.

Os pátios internos, são espaços que predominam e chama atenção


tanto nas estâncias quanto nas charqueadas.

Fazenda das Almas / livro - Arquitetura na formação do brasil


Os programas e os partidos da arquitetura rural

Fazenda Cajuru

Cajuru é uma das maiores, mais belas e bem-organizadas sedes de


fazenda que remanesceram no Planalto de Lages (SC).

Fonte: ipatrimônio.org Imagem: wikiloc.com


Os programas e os partidos da arquitetura rural

Fazenda Capão Alto

Observamos a quebra do retângulo puro, por


A fazenda Capão Alto representa o que de melhor a arquitetura rural do conta do acréscimo de dois corpos de
Paraná legou ao patrimônio cultural da Região Sul, além de ser um dos construção, um para capela e outro para
mais antigos complexos rurais. serviços gerais.
Sua alvenaria foi feita de taipa de pilão, baseada na cultura paulista, e
trouxe experiências bem-sucedidas na utilização.

Livro - Arquitetura na formação do brasil


Fonte: aRede
Os programas e os partidos da arquitetura rural

Fazenda da Palma Fazenda da Lapa Localizada em Encruzilhada do Sul (RS), essa


fazenda tem sua sede desenvolvida em planta de
um só pavimento e organizada, como todas até aqui
descritas, em torno de um pátio.

Residência senhorial, assobrada, às margens do ATURVARP – Associação de turismo da região do vale do rio pardo
Arroio Pelotas, construída em 1819. Pelotas (RS).
Livro - Arquitetura na formação do brasil As distâncias dos centros comerciais e de serviços
obrigavam, sempre que possível, a autossuficiência, pelo
menos para alimentação. O que diferencia a residência do
charqueador para a do estancieiro é o volume do
programa e a complexidade da compartimentação.
Os programas e os partidos da arquitetura rural

Nos campos de cima da serra, a araucária era abundante, o que ajudava


Materialidade no aproveitamento da madeira, por ser um material de fácil obtenção
naquele local.
- pedras naturais
- barro
- pau-a-pique
- telha canal
- estrutura de caibro armado
- madeira.
- tijolos
- estuque
A rede urbana e sua arquitetura

Caminho das Tropas

Igreja Matriz de São Pedro, Rio Grande (RS). A mais antiga igreja do Estado,
construída entre 1754 a 1776.
Fonte:Livro arquitetura na formação do brasil autor J.N.B. DE Curtis pagina 184
A rede urbana e sua arquitetura

Casa de Câmara e Cadeia (de 1868) que foi a primeira casa de detenção
da Lapa e hoje abriga um acervo de armas da Revolução Federalista –
Prefeitura de Lages (SC), do final do século XIX. Seu requintado Fonte: circulando por curitiba acesso: 04 de Outubro 2021
tratamento plástico coincide com o apogeu do tropeirismo.
Livro arquitetura na formação do brasil autor J.N.B. DE Curtis pagina 185
A rede urbana e sua arquitetura

No Paraná foi a cidade da Lapa que mais se beneficiou


da economia do gado, por isso sua arquitetura, e
notadamente
seu Teatro São João, se inclui como demanda refinada
de uma cidade em pleno progresso.Construído em
1873, no estilo elisabetano, comporta cerca de 200
espectadores
Fonte: Lu fotografia
A rede urbana e sua arquitetura

Clube Comercial : [Palácio Rio Branco] Uruguaiana, RS,


de 1893. Exemplo de ecletismo.
Vidros decorados e cúpulas revestidas de ardósia são alguns sinais
fonte: biblioteca.ibge.gov. acesso:04/10/2021
do progresso que as charqueadas ofereciam à cidade de Pelotas
(RS). Livro arquitetura na formação do brasil autor J.N.B. DE Curtis,
pag. 187.
A rede urbana e sua arquitetura

Conjunto de três casarões do


último quartel do século XIX,
construído na praça Coronel
Pedro Osório - Pelotas-RS
Fonte: site Universidade Federal
de Pelotas

Praça Coronel Pedro Osório – Pelotas-RS


Fonte: Biblioteca do IBGE

Praça Coronel Pedro Osório – Pelotas-RS


Fonte: Felipe Argiles Fotografia
A rede urbana e sua arquitetura

Biblioteca Pública da
praça Coronel Pedro
Osório – Pelotas-RS
Fonte: site Arquitetura
de Bibliotecas – Library
Architecture

Clube Comercial na praça Coronel Pedro Osório – Pelotas-RS


Fonte: site Mapio.Net, 1871

Edificação central, onde a


planta elaborada alia um
átrio acessado por
arcadas em proporções
“palladianas”.
Fonte: site Universidade
Federal de Pelotas
A rede urbana e sua arquitetura

Theatro Sete de Abril,


praça Coronel Pedro
Osório – Pelotas-RS.
Fonte: site Mapio.net

Fonte de Metal na praça Coronel Pedro Osório –


Pelotas-RS. Fonte: TripAdvisor
Registro da década de 1870 do Grande Hotel de Pelotas-RS
Fonte: página no Facebook nomeado Olhares sobre Pelotas

Prefeitura de Pelotas-RS
Fonte: site Prefeitura
Municipal de Pelotas
A rede urbana e sua arquitetura

Foto atual de um casarão da época de


charqueadas (essa sendo datada do
ano de 1926) em Pelotas-RS,
funcionando hoje como um tipo de
museu.
Fonte: TripAdvisor
Autor: Foto por Charqueada Santa
Rita

Foto 2 atual de um casarão da época de


charqueadas (essa sendo datada do ano
de 1926) em Pelotas-RS, funcionando
Foto atual da fachada do Grande Hotel hoje como um tipo de museu.
em Pelotas-RS Fonte: site brasil.blogfolha.uol
Fonte: TripAdvisor
A rede urbana e sua arquitetura

Foto antiga (sem datado) da caixa


d’água de Pelotas-RS
Fonte: página no Facebook nomeado
Olhares sobre Pelotas

Foto atual da caixa d’água em ferro fundido pré-


moldado, citado no texto, importada da França no ano
de 1875.
Foto da região do Prata (citado no texto), chamados
Fonte: site IPatrimonio
países platinos, tendo esse nome por serem
banhados pela bacia do Prata, incluindo os três
países - Argentina, Paraguai e Uruguai.
A rede urbana e sua arquitetura

Exemplo de malha quadriculada e


praça central na cidade de
Tentenango-México
Citação encontrada no site Vitruvius
“À esquerda, mapa de 1582 de
Tentenango, Vila indígena no
México. [GUTIERREZ, Ramón.
Arquitectura y urbanismo en
Iberoamerica. Madrid, Arte Cátedra,
1992]”
Fonte: site Vitruvius

Foto de vista aérea da Plaza Mayor em


Madrid-Espanha como exemplo de malha
quadriculada e praça central.
Mapa da cidade de Pelotas-RS mostrando a
Fonte: site Phantermedia
malha urbana do ano de 1835. (Transcrevendo o
datado abaixo da fotografia: Figura 38 – Planta
da cidade de Pelotas, 1835. Prefeitura Municipal
de Pelotas. Secretaria Municipal de Urbanismo e
Meio Ambiente.)
Fonte: PDF- Salvamento Arqueológico do Centro
Histórico de Pelotas RS, Instituto Anchietano de
Pesquisas
A rede urbana e sua arquitetura

Exemplo de casa com “porta-janela”


citado no texto, por influência espanhola,
na cidade de Bagé-RS.
Fonte: página no facebook nomeada
Sociedade Espanhola de Bagé

Foto atual do Solar dos Câmara

Foto da casa real Fazenda, Porto Alegre-RS, atualmente e


antigamente (datado em 1967).
Fonte: Casa de Junta no Centro de Porto Alegre
A rede urbana e sua arquitetura

Foto antiga do Solar Lopo Gonçalves, Porto


Alegre-RS. Fonte: PDF – O processo de
padronização do solar lopo Gonçalves
Site: sistema eletrônico de editoração de
revistas-Mast

Foto atual do solar Lopo Gonçalves, Porto


Alegre-RS, construído entre 1845 e 1855.
Fonte: site Turismo em duas rodas

Foto atual do sobrado de azulejos,


Porto Alegre-RS, construído na década
de 1870. Fonte: site gauchazh.clicrbs
A rede urbana e sua arquitetura

Prédio atual do seminário episcopal, nomeado cúria metropolitana.

Desenho antigo do seminário episcopal, Porto Alegre-RS.


Fonte: site Porto Alegre antigo – o maior presente

Foto antiga da igreja Nossa Senhora das Dores, Porto


Alegre-RS, datado de 1930. Fonte: site Sul21
A rede urbana e sua arquitetura

Theatro São Pedro, Porto Alegre-RS, datado de 1918


Fonte: site Flickr

Antigo posto de delegacia fiscal, Porto Alegre-RS, atualmente


na foto abaixo. Fonte: site BV colecionismo

Theatro São Pedro, Porto Alegre-RS, atualmente.


A rede urbana e sua arquitetura

Antigo edifício dos Correios e


Telégrafos, Porto Alegre-RS
Fonte: site Flickr

Foto do Museu de Arte do Rio Grande do


Sul, Porto Alegre-RS.

Foto atual do Memorial do Rio Grande do Sul (antigo


edifício dos Correios e Telégrafos), Porto Alegre-RS.
Conclusão

O desenvolvimento arquitetônico do Sul está intimamente ligado ao seu desenvolvimento


cultural e histórico. A arquitetura sulista desenvolveu-se através de influências externas e
adequação ao ambiente local, pois em cada intervalo evolutivo destaca o meio em que se
insere a arquitetura e a maneira de pensar, chegando no resultado final das edificações da
sua época.
Referências

TELLES, Augusto C. Da Silva. GOMES, Geraldo. PEIXOTO, Gustavo Rocha. SEGAWA, Hugo. CURTIS,J. N. B.
DERENJI, Jussara. ANDRES, Luiz Phelipe de Carvalho Castro. OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro.- A arquitetura na
formação do Brasil. Edição publicada pela Representação da UNESCO no Brasil, Brasil: UNESCO, 2006
Ascom Iphan, Morre primeiro superintendente do Iphan no Rio Grande do Sul, Portal do governo brasileiro, IPHAN.
Disponível em:
https://www.iphan.gov.br/montarDetalheConteudo.do;jsessionid=1A7EAE44206D41D8F22F625F421F50F5?id=18876&sig
la=Noticia&retorno=detalheNoticia Acesso em: 03 de outubro de 2021.
Iphan Os Sete Povos das Missões, Origem de São Miguel das Missões (RS), IPHAN, 2014. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1652. Acesso em: 04/10/2021.

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