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04/10/2023

ECONOMIA POLÍTICA I
Conceitos essenciais de Economia, em especial a Microeconomia

JOSÉ NEVES CRUZ (josec@direito.up.pt)

Elasticidade-preço cruzada
• A quantidade procurada de um bem (bem X)
também depende do preço dos outros bens.
• Pode-se então calcular a relação entre a quantidade
procurada do bem X com a alteração do preço de
outro bem (bem Y), cetiris paribus.
• A elasticidade-preço cruzada (epc) mede a variação
percentual da quantidade do bem X face à uma
variação percentual do preço do bem Y.

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Exemplo elasticidade cruzada (relativa ao


ponto inicial)
• O preço do pacote de manteiga subiu e 5€ para 6€, o que provocou
uma queda na procura de manteiga de 500000 pacotes para 450000 e
assistiu-se no mercado da margarina a um aumento da procura de
300000 pacotes para 330000.
• a) Calcule a elasticidade-preço da procura da manteiga relativa à
variação do preço entre 5€ e 6€;
• b) Calcule a elasticidade preço-cruzada entre a manteiga e a
margarina tendo em conta a alteração de situação provocada pela
subida do preço da manteiga;
• c) Indique qual a relação entre os dois bens.
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Exemplo elasticidade cruzada relativa ao


ponto inicial
Percentagem de alteração da (450000 – 500000) /
a) Elasticidade preço da (450000+500000)/2
quantidade procurada de manteiga
procura (arco): epD = = = (-) 0,577
Percentagem de alteração (6 – 5) /(6+ 5)/2
do preço da manteiga

Percentagem de alteração da
quantidade procurada de (330000 – 300000) /
b) Elasticidade preço 300000
cruzada relativa ao ponto = margarina
= = 0,5
inicial (epc) (6 – 5) /5
Percentagem de alteração
do preço da manteiga
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Exemplo elasticidade cruzada relativa ao


ponto inicial
c)
Neste caso vê-se que o valor de ec > 0, ou seja, a subida do preço do bem X provoca o
aumento da quantidade procurada do bem Y, o que significa que X e Y são bens
substitutos ou sucedâneos.

Nos casos em que ec < 0, isso significa que o aumento de preço do bem X levou a uma
redução da quantidade procurada do bem Y, denominando-se X e Y de bens
complementares.

Nos casos em que ec = 0, tratam-se de bens independentes: a quantidade procurada de


um bem não varia em função da alteração do preço do outro bem.

II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Oferta e procura: elasticidade e aplicações
• Aplicações da elasticidade
- Grau de substituibilidade dos produtos;
- Reação das quantidades a políticas de governo (salário mínimo, controlo de
preços, impostos);
- Previsão de reações a acontecimentos que alteram os preços.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Escolha e a teoria da utilidade
• Consumidores entre várias opções de consumo escolhem a que lhes
dá maior satisfação – maximização de utilidade numa ótica racional;
• Teoria da Utilidade (Bernoulli, Jeremy Bentham, William Jevons, Vilfredo
Pareto, John Hicks, Paul Samuelson)
• Utilidade: valor em termos de grau de satisfação com que os consumidores ordenam as
opções de consumo em cada momento.
• Medição da satisfação (prazer) subjetivo que um consumidor retira do consumo de um
bem.

II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Lei das utilidades marginais decrescentes:
• cada unidade adicional de um bem confere cada vez menos utilidade ao
consumidor desse bem.
• Ou seja, a utilidade marginal de cada nova unidade é cada vez menor.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Lei das utilidades marginais decrescentes: exemplo, consumo de gelados

Fonte: Samuelson e Nordhaus, p. 85-86.

II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Derivação de curvas da procura
• O princípio da igualdade das utilidades marginais ponderadas pelos preços
entre os bens
• Assume-se que cada consumidor procura maximizar a sua utilidade em cada momento,
ou seja escolhe a melhor combinação de bens que está disponível.
• Assume-se que os consumidores possuem um dado montante de rendimento e se
deparam perante um conjunto de preços dos bens.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Derivação de curvas da procura
• Qual a regra para escolher a melhor combinação de bens?
• Não se espera que o último ovo consumido gere a mesma satisfação
(utilidade marginal) que o último par de sapatos, dado que o par de sapatos
tem um preço muito superior (exige maior gasto de rendimento) do que o
ovo. Assim, se o par de sapatos tem um preço 10 vezes superior ao do ovo, só
se escolhe o par de sapatos quando a sua utilidade marginal é pelo menos 10
vezes superior à do ovo.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Derivação de curvas da procura
• REGRA: Tendo em conta a utilidade marginal decrescente dos bens, o
consumidor maximizará a sua utilidade (ou máxima satisfação) quando gastar
o seu rendimento de forma a que a utilidade marginal do último euro gasto
num bem é exatamente igual à utilidade marginal do último euro gasto
noutro bem (se assim não fosse, mais valia alterar o uso do último euro,
deixando de consumir o bem cuja utilidade marginal é menor e usando-o
para consumir o bem com maior utilidade marginal.
• Por simplificação admite-se que o dinheiro e as unidades dos bens são perfeitamente
divisíveis.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Derivação de curvas da procura: Igualdade de utilidades marginais
ponderadas pelos preços
• Os consumidores vão gastando cada unidade de rendimento nos bens com
maior utilidade marginal por euro, até chegarem ao ponto em que gastam a
última unidade de rendimento, sendo que nesse ponto a utilidade marginal
de cada bem por euro é igual entre os bens.

CONDIÇÃO FUNDAMENTAL DE EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR


Utilidade marginal de bem X Utilidade marginal de bem Y
Utilidade marginal por
= =…=
cada € de rendimento
Preço do bem X Preço do bem Y

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Exercício 1 sobre comportamento do


consumidor
• Imagine que ao João restam-lhe 1000 euros para gastar. Tem 5 opções para
gastar o seu dinheiro.
• a. Ordene por ordem as opções indicadas, tendo em conta que conhece o
bem-estar (medido em “utiles”) e o preço de cada uma delas e diga qual a
compra que o João faria:
• A. Telemóvel : Utilidade marginal (Umg) = 2000 “utiles”; Preço = 650 €
• B. Bicicleta: Umg = 3000 utiles; Preço = 750 €
• C. Blusão de couro: Umg = 2500 utiles; Preço = 500 €
• D. Viagem a Paris: Umg = 3500 utiles; Preço = 1000 €
• E. Televisão: Umg = 2500 utiles; Preço = 550 €
• b. Imagine que o João encontrou o telemóvel que pretendia, numa
promoção de “Black Friday”, a metade do preço. A sua escolha de consumo
ir-se-ia alterar face à alínea anterior? Indique como iria o João gastar o seu
dinheiro.
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Resolução de exercício1 sobre


comportamento do consumidor
• Cálculo de utilidade marginal ponderada pelo preço para cada bem:
• A = 3,08
• B=4
• C=5
• D = 3,5
• E = 4,55
• a. A ordem de preferências seria:
• 1º Blusão de couro (C); 2.º Televisão (E); 3.º Bicicleta (B); 4.º Viagem a Paris (D); 5.º Telemóvel
(A), pelo que o consumidor iria comprar o blusão de couro.
• b. Nesse caso a utilidade marginal ponderada pelo preço do telemóvel seria:
2000 / 325 = 6,15, o que significa que se tornava a melhor opção. Neste caso o
João iria comprar o telemóvel (A) e ainda lhe sobrava dinheiro para comprar o
blusão de couro que também compraria.
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Exercício 2
• Imagine que no início do mês de dezembro, depois de realizar quase todas as
compras de Natal, restam ao João 100 euros para gastar em algo para si. Tem 3
opções para gastar o seu dinheiro.
• a. Ordene por ordem as opções indicadas, tendo em conta que conhece o bem-
estar (medido em “utiles”) e o preço de cada um dos bens e diga qual a compra
que o João faria:
• A. Relógio: Utilidade marginal (Umg) = 40 “utiles”; Preço = 80 €
• B. Camisa: Umg = 30 utiles; Preço = 51 €
• C. Óculos de sol: Umg = 35 utiles; Preço = 65 €
• b. Imagine que o João encontrou o relógio numa promoção de Natal a 70 €.
Indique como iria o João gastar o seu dinheiro entre as opções apresentadas.
• c. Em que consiste “Lei das utilidades marginais decrescentes”?

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Exercício 2
• a Cálculo de utilidade marginal ponderada pelo preço para cada bem:
• A = 0,5
• B = 0,59
• C = 0,54
• A ordem de preferências seria:
• 1º Camisa (B); 2.º óculos de sol (C); 3.º Relógio (A), pelo que o João iria comprar a
camisa.
• b Nesse caso a utilidade marginal ponderada pelo preço do relógio seria: 40 / 70 = 0,57,
o que significa que não se tornava ainda assim a melhor opção. Neste caso o João
continuaria a optar por comprar a camisa.
• c.
• À medida que se vão consumindo unidades adicionais de um dado bem, o acréscimo de
utilidade proporcionado por cada nova unidade vai diminuindo, ceteris paribus.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Derivação da curva da procura
• A curva da procura tem uma inclinação negativa
• Imagine-se que o preço do bem X sobe, então a relação entre a sua utilidade marginal e
a dos outros bens torna-se desfavorável, o que leva o consumidor a abandonar um
pouco o consumo desse bem, trocando-o pelo consumo de outros.
• À medida que reduz o consumo do bem X a sua utilidade marginal está a aumentar,
acontecendo o contrário nos bens que passam a ser mais consumidos.
• A alteração de consumo entre bens termina quando as utilidades marginais ponderadas
pelos preços se igualam novamente.
• Daqui se depreende que o aumento do preço do bem X provocou a redução da
quantidade procurada: inclinação negativa da curva da procura.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Derivação da curva da procura
• A teoria das utilidades marginais pode também ser aplicada à alocação do
tempo e não apenas do rendimento (escolha entre trabalho e lazer, escolha
dos diferentes usos do tempo, tendo em conta que é um recurso limitado).
• A teoria da utilidade não exige um conhecimento “cardinal” das utilidades,
mas simplesmente uma leitura “ordinal”, ou seja a capacidade de ordenação
dos bens por parte dos consumidores.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Efeito substituição e efeito rendimento: uma abordagem alternativa à
teoria da utilidade
• Efeito substituição: abordagem mais intuitiva para explicar a inclinação
negativa da curva da procura
• Quando o preço de um bem aumenta, os consumidores irão procurar substituir esse
bem por outros que satisfaçam a mesma necessidade, de forma a não aumentar os
gastos.
• Efeito rendimento: segundo impacto da subida de preço de um bem
• Alteração na quantidade procurada que advém do facto de a subida do preço de um bem
ter reduzido o rendimento real do consumidor.
• Normalmente o efeito rendimento reforça o efeito substituição, aumentando a descida
da quantidade procurada do bem cujo preço subiu (inclinação negativa da curva da
procura).

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Efeito rendimento: medida quantitativa
• Elasticidade rendimento: alteração percentual da quantidade procurada de um bem a dividir
pela alteração percentual do rendimento do consumidor. (também pode ser calculada
relativamente ao ponto médio).
• Bens normais (eR > 0): se o rendimento sobe a quantidade procurada também sobe e vice-versa.
• Bens cujo consumo sobe muito com a subida do rendimento são, por exemplo, as viagens de avião ou de iate.
Bens cujo consumo sobe pouco com a subida do rendimento são os bens de primeira necessidade como a batata
ou o pão.
• Por vezes, a elasticidade rendimento pode ser inferior a zero (eR < 0), ou seja o rendimento sobe e a
quantidade procurada de um bem diminui, tratando-se de um bem inferior, normalmente são bens
consumidos pelos mais pobres e que são menos consumidos quando o rendimento aumenta.

Percentagem de alteração da
quantidade procurada de um bem 20 por cento
Elasticidade Rendimento (eR) = =2 =
Percentagem de alteração 10 por cento
do rendimento
Significado: A quantidade procurada de um bem subiu 2 % quando o rendimento subiu 1%.
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Exercício 1 elasticidade-rendimento
• O António foi promovido, tendo, por isso, ficado a auferir um salário
maior. Isso refletiu-se na possibilidade de alterar o seu consumo. O
rendimento que auferia mensalmente antes da sua promoção era de
1500 euros / mês, sendo que depois da promoção passou a receber
2000 euros / mês. Isso refletiu-se nas suas idas ao restaurante. Antes
gastava 150 euros por mês e agora vai mais vezes almoçar fora com a
família, gastando 250 euros por mês. Calcule o valor da elasticidade
rendimento face ao ponto inicial do António, relativamente ao
consumo do bem restauração e diga de que tipo é esse bem para o
António. (arredondar todos os cálculos às centésimas)

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Exercício 1 elasticidade-rendimento
• Resolução: eR = [ (250 – 150) / 150] / [ (2000 – 1500) / 1500] = 2
(trata-se de um bem de elevada elasticidade rendimento, pois por
cada 1 % de subida do rendimento a quantidade procurada do bem
aumenta 2 %, o que corresponderá a um bem de luxo)

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Exercício 2 (eR)
• Por causa da pandemia que causou grandes dificuldades financeiras à
empresa onde o João trabalha, ele foi obrigado a aceitar um corte na
sua remuneração. Isso levou-o a alterar o seu consumo. O
rendimento que auferia anualmente antes do corte era de 45000
euros / ano, sendo que depois passou a receber 30000 euros / ano.
Isso refletiu-se nas suas viagens. Antes gastava 5000 euros por ano e
agora vai diminuir o número de viagens, passando a gastar 2500
euros por ano. Calcule o valor da elasticidade-rendimento face ao
ponto inicial do João, relativamente ao consumo de viagens e diga de
que tipo é esse bem para o João.

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Exercício 2 (eR)
• Resolução: eR = [(2500 – 5000) / 5000] / [(30000 – 45000) / 45000] =
1,5 (trata-se de um bem de elevada elasticidade rendimento, pois por
cada 1 % de descida do rendimento a quantidade procurada do bem
diminui 1,5 %, o que corresponderá a um bem de luxo)

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Excedente do consumidor
• É a diferença entre o valor da utilidade
marginal (preço de reserva) obtida com o
consumo de cada unidade do bem e o seu
valor de mercado, para todas as unidades
consumidas.
• Os consumidores no mercado pagam o preço
da última unidade por todas as unidades que
consomem, pelo que recebem em termos de
utilidade acima do que pagam pelos bens.
• Ganho proporcionado pelo mercado que
disponibiliza todas as unidades ao mesmo
preço.

Fonte: Samuelson e Nordhaus, p. 96. 26

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Procura e comportamento do consumidor
• Excedente do consumidor
• Admitindo que a curva da procura
reflete a utilidade medida em
dinheiro, ou seja quanto está o
consumidor disposto a pagar por cada
unidade (disponibilidade a pagar =
preço de reserva).

Fonte: Samuelson e Nordhaus, p. 97.

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Exercício excedente do consumidor


• Relativamente ao bem café, a Júlia não tem tempo para o preparar em casa e
costuma ir ao café que fica próximo da sua casa. Ela tem a seguinte
disponibilidade a pagar (preço de reserva) por cada café:
• 1ª unidade – 3€
• 2.ª unidade – 2€
• 3.ª unidade – 0,5€
• 4.º unidade – 0,1€
• 5.ª unidade – 0€
• O preço de mercado de cada café é de 0,40€.
• a) Represente a curva da procura de café da Júlia.
• b) Diga quantos cafés vai a Júlia tomar.
• c) Calcule o excedente do consumidor da Júlia por comprar cafés no mercado.
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Exercício excedente do consumidor


• a) Representação gráfica na aula.
• b) A Júlia vai tomar três cafés, pois toma café enquanto o preço de
reserva é superior ao preço de mercado (benefício superior ao custo
de comprar um café).
• c) O excedente do consumidor da Júlia é a soma da diferença entre o
preço de reserva para cada café e o seu preço de mercado:
• (3-0,4) + (2-0,4) + (0,5-0,4) = 2,6 + 1,6 + 0,1 = 4,3€.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• A função produção
• Especifica o máximo output que pode ser produzido com uma dada
quantidade de inputs.
• É definida para um determinado nível de tecnologia.
• Assume-se que todas as empresas procuram produzir de forma eficiente, ou
seja produzir o máximo e o melhor possível para um dado nível de inputs.
• Com a evolução da tecnologia as funções produção estão sistematicamente a
mudar.
• A função produção descreve a capacidade de produção de uma empresa.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• A função produção
• Produção (ou produto) total: soma de todas as unidades de produto
produzidas em unidades físicas;
• Fatores de produção variáveis são aqueles cuja quantidade utilizada varia
com a quantidade produzida.
• Fatores de produção fixos são aqueles cuja quantidade utilizada não varia
com a quantidade produzida.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• Nas decisões de produção, a empresa tem em consideração o
horizonte temporal, que pode ser de curto prazo ou de longo prazo.
• Curto prazo - horizonte temporal em que a empresa apenas pode alterar
alguns fatores de produção (os fatores variáveis), sendo os restantes fatores
fixos.
• Longo prazo – horizonte temporal suficientemente longo para que todos os
fatores sejam ajustáveis, ou seja, a empresa tem capacidade para alterar a
quantidade utilizada de todos os fatores de produção (todos os fatores são
variáveis).

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• Análise de produção de curto prazo: considera-se o capital (K) como
fator fixo e a mão-de-obra (L) como fator variável
• Nota:
• Na realidade quando se trata de trabalhadores com contratos de longa
duração ou por tempo indeterminado, a mão-de-obra é um fator fixo e não
um fator variável, pois a sua permanência não depende da quantidade de
produção no curto prazo.
• Na análise subsequente estamos a admitir que a mão-de-obra pode ser
acrescida ou diminuída com total facilidade, consoante as necessidades de
produção (tarefeiros).

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• Produtividade: medição do valor total do output em relação a uma média de
inputs.
• Produtividade média do trabalho: volume de produção que, em média, uma
unidade de trabalho produz, mantendo todos os outros fatores de produção
constantes
• É produção total a dividir pelo número de unidades de trabalho;
• Produtividade marginal do trabalho : acréscimo de produção por uma
unidade adicional de trabalho (horas, dias, etc), mantendo todos os outros
fatores de produção constantes.
• Produtividade total dos fatores: montante de output produzido pelo total de
inputs (normalmente trabalho mais capital).

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• Produção total,
média e
marginal

Fonte: Samuelson e Nordhaus, p. 109.


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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• A lei dos rendimentos decrescentes (também designada por lei das
proporções variáveis)
• (rendimento com o significado do output que se consegue retirar de cada
unidade adicional de input)
• Uma empresa vai obter cada vez menos output adicional quando
adiciona iguais unidades de input (trabalho), mantendo os outros
fatores de produção constantes.
• Ou seja, o produto marginal de cada unidade adicional de input vai sendo
cada vez menor, ceteris paribus.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• A lei dos rendimentos decrescentes
• Pode não se verificar com as primeiras unidades de input (zona não relevante
de análise), mas a partir de determinada extensão do uso de um dado fator,
mantendo-se os outros.
• Exemplos: aumentar o número de horas de trabalho, leva ao cansaço e a um
menor rendimento do esforço, adicionar mais e mais trabalhadores leva ao
congestionamento, adicionar mais horas de trabalho contínuo a uma máquina
leva a que ela se desgaste e tenha mais avarias, etc.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• Exemplo de
rendimentos
decrescentes

Fonte: Samuelson e Nordhaus, p. 110.


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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• Produção total,
média e
marginal

Fonte: Samuelson e Nordhaus, p. 109.


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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• ANÁLISE DE LONGO PRAZO - alteração de todos os fatores
produtivos (muda a escala de produção)
• Rendimentos (retornos) à escala: variação no volume de produção
resultante da variação simultânea e na mesma proporção de todos os
fatores de produção.

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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• Rendimentos (retornos) constantes à escala: a quantidade produzida aumenta
na mesma proporção que as quantidades de todos os fatores produtivos:
• se os inputs duplicam, o output duplica;
• Rendimentos (retornos) crescentes à escala: o aumento proporcional da
quantidade de todos os fatores produtivos resulta num aumento mais que
proporcional da quantidade produzida:
• se os inputs duplicam, o output mais do que duplica – também conhecido como “economias
de escala” – os custos médios e marginais do output diminuem com o aumento da dimensão.
• (a maior escala permite mais eficiência na utilização dos recursos)
• Rendimentos (retornos) decrescentes à escala: aumento proporcional da
quantidade de todos os fatores produtivos resulta num aumento menos que
proporcional da quantidade produzida:
• quando os inputs duplicam o output menos do que duplica
• normalmente acontece quando empresas atingem uma dimensão em que os custos de
gestão e organização se tornam elevadíssimos.

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Nota 1: Rendimentos crescentes à escala


(economias de escala) – um exemplo
• Exemplo:
• Faculdade de Direito tem como um dos seus outputs o número de estudantes
que obtêm aprendizagem;
• Os inputs são o edifício, as tecnologias de informação, os docentes e os
trabalhadores não docentes;
• Se a Faculdade duplicar todos os seus inputs, poderá mais do que duplicar o
seu output:
• Imagine que após duplicação da dimensão das salas, não vai ter de duplicar o número de
turmas, pois as salas existentes não estavam completamente preenchidas de estudantes
e é possível acomodar nas mesmas turmas de aulas teóricas o dobro dos estudantes.
Desta forma, muitos dos docentes agora contratados ficam com horário disponível para
lecionar novos cursos e até para criar cursos online que podem ser lecionados a milhares
de estudantes, aumentando em mais de 10 vezes o output da Faculdade.

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Revolução Industrial – aumento da utilização dos


recursos produtivos e simultaneamente grande expansão
da população mundial.

Thomas Malthus percebeu que a população mundial


havia duplicado entre os anos 1785 e 1790.

Preocupado com o crescimento populacional acelerado,


Malthus publica, anonimamente, em 1798, An Essay on
the Principle of Population, obra em que expõe suas
ideias e preocupações acerca do crescimento da
população do planeta.

A “Lei de Thomas Malthus”: Malthus alertou que a


população crescia em progressão geométrica, enquanto a
produção de alimentos crescia em progressão aritmética.
No limite, isso implicaria uma drástica escassez de
alimentos e, como consequência, a fome. Portanto,
inevitavelmente o crescimento populacional deveria ser
controlado.

Malthus não estava enganado quanto à progressão da população.

Evolução do Produto Mundial Bruto de todos os países do mundo.


45000

41016.69
40000
Mil milhões de dólares internacionais de 1990)

35000 33644.33

30000
27539.57

25000
22481.11

20000 18818.46

15149.42
15000
12137.94

10000 9126.98
6855.25
5430.44
5000 4081.81
3001.36
1733.67 2102.882253.81
32.09 40.5 44.92 58.67 77.01 81.74 99.8 128.51 175.24 359.9 568.08 1102.96
0
1300 1340 1400 1500 1600 1650 1700 1750 1800 1850 1875 1900 1920 1925 1930 1940 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000
Título do Eixo

Contudo, Malthus subestimou a expansão da produção. O que este autor não conseguiu prever foi o potencial que a
inovação tecnológica veio proporcionar em termos de um melhor aproveitamento dos recursos existentes (a Terra
não se expandiu, mas expandiram-se os conhecimentos e a tecnologia para aproveitar os recursos existentes.)

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Microeconomia: Inovação tecnológica e produção

• Efeitos da
mudança
tecnológica na
função produção

• Com os mesmos
inputs é possível
mais output.
Fonte: Samuelson e Nordhaus, p. 114.

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Microeconomia: Inovação leva à alteração das curvas da


oferta das empresas
• Alterações da
curva da oferta

Variáveis que podem


influenciar a alteração da
curva da oferta:
- Preços dos inputs;
- Inovação e Tecnologia
- Expetativas
- Número de vendedores
Fonte: Mankiw, p. 75.
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INOVAÇÃO E POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO


• A fronteira de possibilidades de produção – inovação e expansão da produção

Inovação
permite a
expansão das
possibilidades
de produção a
partir dos
mesmos
recursos.

Fonte: Samuelson e Nordhaus, pp. 11-12.


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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• A Inovação contribui para aumentos de produtividade
• Diz-se que há um crescimento da produtividade quando há economias de
escala, ou seja, o output está a crescer mais rapidamente do que os inputs
(rendimentos crescentes à escala).
• Um dos fatores para a existência de economias de escala é a inovação e mudança tecnológica.
• Outro fator advém da não necessidade de multiplicação de todos os serviços e áreas de
produção, quando se multiplica a capacidade produtiva (contabilidade, marketing, atividades
de gestão financeira, gestão de recursos humanos, etc).

• A produtividade também cresce devido à existência de economias de gama


• - ocorrem quando um dado número de produtos pode ser produzido mais eficientemente
juntos, do que separadamente – custos marginais e médios decrescem para cada produto
quando são produzidos conjuntamente com outros
• – por exemplo, a produção de software que incorpora diversos produtos como um programa
de pagamento de impostos que inclui módulos com a legislação, módulos com um manual,
módulos com casos práticos).

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04/10/2023

Mudança tecnológica e inovação


• Schumpeter (1911): as inovações não têm uma natureza puramente
tecnológica e são a forma de abalar os equilíbrios estabelecidos,
provocando uma destruição criativa que vai gerar movimentos para novos
equilíbrios, aumentando as possibilidades de produção das economias.
• Inovação – não se trata apenas de melhor tecnologia
• introdução de um novo bem
• melhoria da qualidade de um bem existente
• introdução de uma nova tecnologia de produção
• descoberta ou abertura de um novo mercado
• encontro de uma nova fonte de fornecimento
• descoberta de uma nova forma de organização
• A mudança tecnológica tem promovido o aparecimento de novos produtos
e tem gerado novas formas de organização da produção e do trabalho.

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SISTEMAS DE INOVAÇÃO

• COMO SURGEM AS INOVAÇÕES?


• As inovações não aparecem isoladamente, mas estão imbuídas num contexto
ambiental,
• onde a educação e formação das pessoas,
• a regulação e as instituições
• e as redes de comunicação
• são fundamentais para potenciar a sua génese .

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SISTEMA DE INOVAÇÃO (Metcalfe, 1995)


• O contexto de criação e de difusão de tecnologia faz-se em um sistema de
interações institucionais localizado (redes de produção-utilização-
acumulação de conhecimentos);
• Sistema de Inovações é um conjunto interativo de instituições
• empresas privadas e públicas,
• universidades e corpos educacionais,
• sociedades profissionais e laboratórios estatais,
• associações de consultadoria privada e de pesquisa industrial,
• que, conjuntamente e individualmente, contribuem para o desenvolvimento e
difusão de novas tecnologias.
• Como parte deste sistema os governos formulam e implementam políticas
para influenciar o processo de inovação e providenciam instituições de
educação e de pesquisa.

Para onde vão as inovações?

• Da Era das
tecnologias de
informação até à
Era da inovação
conceptual, onde a
arte, a empatia nas
relações e a
criatividade
tornam-se o
elemento central.
Fonte: Pink (2009, p. 65).

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Quem faz inovações?

• Empreendedores
• Os empreendedores são vistos como os empresários, ou então de forma mais
restrita como os fundadores de empresas novas (“start-ups”) que procuram
pôr no mercado novos processos ou produtos, inovando relativamente às
demais empresas nos respetivos mercados (fazer algo melhor e diferente do
“status-quo”).
• Empreendedor busca uma oportunidade de negócio e aproveita-a, assumindo
um risco.

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UNIÃO EUROPEIA
A inovação é uma das maiores preocupações da União Europeia, sendo
uma prioridade, havendo muitos programas comunitários de apoio à
inovação.

A União Europeia publica um conjunto de indicadores para comparar o


desempenho dos Estados-Membros em termos de inovação – The
Innovation Union Scoreboard, constituído por 25 indicadores que se
constitui numa medida global de Inovação, o Summary Innovation Index
(SII).

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Portugal está no meio


da tabela num índice
que é liderado pelos
países nórdicos.

Estes dados indicam que


Portugal deve continuar
a melhorar o seu
sistema de inovação e
para isso o Estado pode
contribuir reforçando os
recursos que dirige para
o ensino e o sistema de
investigação cinetífica.

II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• VISÃO
CLÁSSICA
DA
EMPRESA

Fonte: Mateus e
Mateus (2001:316)
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II – Microeconomia: a procura, a oferta e o mercado


Produção e organização empresarial
• A EMPRESA
COMO
SISTEMA
ABERTO

Fonte: Robalo Santos, António (2008, p. 13)


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