Você está na página 1de 131

Medicina no

Trabalho

Beatriz Fonini
Medicina no
Trabalho

Beatriz Fonini

Curitiba-PR
2017
Presidência da República Federativa do Brasil

Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil.

Odacir Antonio Zanatta Lucilene Fátima Baldissera


Reitor pro tempore Coordenadora de Design Educacional

Marcos Paulo Rosa Kenedy Rufino


Chefe de Gabinete Lídia Emi Ogura Fujikawa
Designer Educacional
Sérgio Garcia dos Martires
Pró-Reitor de Ensino – PROENS Cristiane Zaleski
Designer Instrucional
Carlos Alberto de Ávila
Pró-Reitor de Administração – PROAD Beatriz Góes
Fabíola Penso
Marcelo Estevam Diagramação
Pró-Reitor de Extensão, Pesquisa e
Inovação Walter Rodrigues Benigno dos Santos
Vanessa Schreiner
Eliane Aparecida Mesquita Revisão
Pró-Reitor de Gestão de Pessoas
– PROGEPE Melissa Anze
Iconografia
Marcos Antonio Barbosa
Diretor Geral de Educação da Distância Marlon Anjos
Ilustração
Kriscie Kriscianne Venturi
Diretor de Ensino e Desenvolvimento de Ester dos Santos Oliveira
Recursos Educacionais Lídia Emi Ogura Fujikawa
Projeto Instrucional
Gisleine Bovolim
Diretora de Planejamento e Administração Diego Windmöller
Projeto Gráfico
Vania Carla Camargo
Coordenadora de Ensino dos Cursos
Técnicos

Patrícia Menezes de Oliveira


Coordenadora do Curso

Atribuição - Não Comercial - Compartilha Igual

Catalogação na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paraná


Apresentação e-Tec Brasil
Prezado estudante,

Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil!

Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma das ações
do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. O Pronatec,
instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo principal expandir, interiorizar e
democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a po-
pulação brasileira, propiciando um caminho de acesso mais rápido ao emprego.

É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre a Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias promotoras de ensino técnico
como os Institutos Federais, as Secretarias de Educação dos Estados, as Universidades, as
Escolas e Colégios Tecnológicos e o Sistema S.

Assim, a Educação a Distância no nosso país, de dimensões continentais e grande


diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir
acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens
moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes
centros.

A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país, incentivando
os estudantes a concluir o Ensino Médio e realizar uma formação e atualização contínuas.
Os cursos são ofertados pelas instituições de educação profissional e o atendimento ao
estudante é realizado tanto nas sedes das instituições quanto em suas unidades remotas,
os polos.

Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional qualificada –


integradora do ensino médio e educação técnica, sendo capaz de promover o cidadão
com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes
dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética.

Nós acreditamos em você!

Desejamos sucesso na sua formação profissional!

Ministério da Educação
Março de 2017
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br
Indicação de ícones
Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Fique atento!
Indica o ponto de maior relevância no texto.

Pesquise!
Orienta ao estudante que desenvolva atividades de pesquisa,
que complementem seus estudos em diferentes mídias: vídeos,
filmes, jornais, livros e outras.

Glossário
Indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada
no texto.

Você sabia?
Oferece novas informações que enriquecem o assunto ou
“curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema
estudado.

Pratique!
Apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para
que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do
tema estudado.
Design do componente

13 Noções gerais sobre Medicina


Unidade do Trabalho

1
14 História do início da Medicina do Trabalho
15 Noções gerais sobre Medicina do Trabalho
16 A evolução da Medicina do Trabalho para a
Saúde Ocupacional

Serviço Especializado em 21
Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho (SESMT)
Composição e função dos integrantes da Equipe 22
Unidade
de Saúde e Segurança do Trabalho

2
Surgimento da equipe de Saúde do Trabalho 22
Composição da equipe e suas funções 23
Regulamentação da equipe 23
Capacitação do técnico em segurança do trabalho 29

33 O papel da Medicina do Trabalho


e as relações de emprego
34 A nova concepção do ambiente de trabalho
35 Precaução e prevenção no ambiente de trabalho
35 Questões previdenciárias: laudos técnicos periciais
Unidade
36 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

3
36 Programa de Controle e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT)
37 Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)
37 Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho (LTCAT)
38 Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)
Riscos físicos e químicos 41 Unidade
para a saúde no trabalho
Riscos físicos
Patologias ocupacionais dos riscos físicos
Riscos químicos
Patologias ocupacionais dos riscos químicos
42
43
46
47
4
51 Riscos biológicos, ergonômicos
Unidade e ambientais

5
52 Riscos biológicos
54 Riscos ergonômicos segundo a NR-17
56 Riscos ambientais
57 Riscos de acidentes: principais acidentes

Unidade
Princípios de anatomia e 61
fisiologia humana
A história da anatomia
Divisão do corpo humano
60
63
6
Unidade

7 71

72
Principais doenças ocupacionais
e suas estatísticas
Principais doenças ocupacionais no Brasil e suas causas
Unidade

8
Estudo da NR 32: segurança e saúde 83
no trabalho em estabelecimentos de
assistência em saúde
Objetivo geral e campo de aplicação 88

Unidade
89 PCMSO (Programa de Controle

9 90

101
Médico de Saúde Ocupacional) NR 07
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO)
Atestado de Saúde Ocupacional (ASO)

Noções de primeiros socorros 105


Precauções gerais 106
Parada Cardiorrespiratória (PCR) 107
Reanimação Cardiopulmonar (RCP) 108 Unidade
Hemorragias 110
Queimaduras
Animais peçonhentos
Luxações, entorses e fraturas
Traumas
111
113
118
122
10
Palavra da autora

Caro estudante,

É um enorme prazer poder compartilhar com você conhecimentos sobre a disciplina de


Medicina do Trabalho, disciplina que contribuirá na sua formação escolar e profissional
e – por que não dizer? – pessoal.

Serão revisados conteúdos de extrema necessidade para o futuro profissional técnico em


segurança do trabalho, assuntos que serão aplicados em vários momentos do exercício
profissional.

Também serão oferecidos subsídios necessários e relevantes para a compreensão e a


atuação em situações que se apliquem no ambiente ocupacional, tratando da prevenção
e da precaução de cuidados da saúde.

Desde já quero incentivá-lo(a) a participar de todas as atividades propostas, leitura aten-


ciosa dos textos e participação nos fóruns, chats, e-mails, enfim, todos os meios de co-
municação para podermos dar um bom andamento ao curso.

Certa de que este tema desperta muita curiosidade, espero compartilhar conhecimentos,
experiências e que todas as dúvidas ou dificuldades venham a ser esclarecidas até o final
do curso.

Receba um abraço fraterno de boas-vindas e bom estudo!


Apresentação do componente
curricular
O serviço de Medicina do Trabalho tem por fim corroborar para a manutenção da vida e
da saúde dos trabalhadores, além de, indiretamente, contribuir para a maior produtivi-
dade da empresa.

A competência desse serviço acha-se regulado pela Lei nº 6514, de 22 de dezembro de


1977, capítulo V, “Da Segurança e Medicina do Trabalho”, que visa planejar e executar
medidas de proteção à saúde do trabalhador.

Partimos do princípio de que se torna necessário trazer conhecimentos gerais sobre se-
gurança, higiene e medicina do trabalho. Então, a ideia principal aqui proposta será
abordar a importância da Medicina do Trabalho no ambiente do trabalho ou fora dele,
enfatizar na proteção e nos cuidados do trabalhador e seus benefícios e qual é a colabo-
ração do TST na prevenção e na preservação da saúde ocupacional.

O objetivo aqui proposto é que o aluno amplie seus conhecimentos teóricos e coloque
em prática suas experiências, desenvolvendo sua capacidade de agir e reagir frente às
dificuldades e às situações inesperadas.

Ficou curioso(a)? Então veja o que abordaremos nas unidades deste livro.

Na Unidade 1 – “Medicina do Trabalho” –, você verá o conceito e a evolução da sua área


de atuação; enfim, as noções gerais sobre Medicina do Trabalho.

Na Unidade 2 – “Serviços Especializados em Engenharia e Segurança e em Medicina do


Trabalho (SESMT)” –, serão abordadas a composição e a função dos integrantes da equi-
pe de saúde do trabalho e de cada integrante.

Na Unidade 3 – “O papel da Medicina do Trabalho e as relações de emprego” –, você


verá a nova concepção do ambiente de trabalho, precaução, prevenção e questões pre-
videnciárias, como os laudos técnicos periciais.

Na Unidade 4 – “O papel da Medicina do Trabalho na prevenção das doenças ocupacio-


nais” –, você conhecerá o que são os riscos físicos e químicos e as algumas patologias
decorrentes desses riscos.

Na Unidade 5 – “O papel da Medicina do Trabalho na prevenção das doenças ocupacio-


nais” –, você estudará o que são riscos biológicos, ergonômicos e ambientais e algumas
patologias decorrentes.

Na Unidade 6 – “Princípios de anatomia e fisiologia humana” –, haverá uma revisão te-


órica sobre o estudo da anatomia do corpo humano, a fim de compreender os mecanis-
mos e as estruturas, nomenclaturas, localizações anatômicas, articulações e os músculos.

Na Unidade 7 – “Principais doenças ocupacionais” –, você conhecerá quais são os con-


ceitos sobre as formas de adoecimento dos trabalhadores e de sua relação com o traba-
lho e as principais doenças ocupacionais no Brasil e suas causas.

Na Unidade 8 – “NR-32 - Segurança e Saúde no Trabalho em estabelecimentos de as-


sistência em saúde” –, você verá quais são os objetivos desses estabelecimentos e os
campos de aplicação, como funciona a reciclagem e qual é o destino dos resíduos hos-
pitalares.

Na Unidade 9 – “PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – NR-


07” –, você verá como estabelecer a obrigatoriedade de elaboração e implementação
desse programa por parte de todos os empregadores e das instituições.

Na Unidade 10 – “Primeiros socorros” –, você estudará noções de algumas ações de


primeiros socorros, fraturas dos membros inferiores (MMII) e acidentes com animais pe-
çonhentos (RCP).
Unidade

1 Noções gerais sobre Medicina


do Trabalho

Fonte: © ayzek/ Shutterstock.com


O objetivo desta unidade é esclarecer como funciona a intervenção da Medicina do
Trabalho na promoção da saúde, com a finalidade de reduzir o número de acidentes
e de doenças ocupacionais no ambiente de trabalho ou fora dele.

História do início da Medicina


do Trabalho
A Medicina do Trabalho teve início na Inglaterra, na primeira metade do século XIX, com a
Revolução Industrial.

A invenção da máquina e a utilização de novas fontes de energia transformaram a face


do mundo, o que ocasionou o surgimento de novas relações de produção, determinando
o abandono brusco do sistema artesanal e substituindo-o pela introdução da máquina no
processo produtivo.

Conta a história que, no início, a produção era em ritmo acelerado, em condições desuma-
nas de trabalho; consequentemente, prejudicava a saúde do trabalhador e a própria produ-
ção. Robert Demham, proprietário de uma indústria têxtil, preocupado com a produção e
com a saúde de seus operários, teve a ideia, a partir do conselho de seu médico, de colocar
no interior da sua fábrica um médico para avaliar e verificar os efeitos do trabalho sobre
as pessoas e deixar-lhe as intervenções necessárias, exaurindo-se da sua responsabilidade
no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos seus operários. Surgiu,
assim, em 1830, o primeiro serviço de Medicina do Trabalho (MENDES e DIAS 1991).

A Saúde Ocupacional, ou os cuidados da saúde no ambiente de trabalho, surge a partir


da atuação médica direcionada ao trabalhador, atenta para a sua interação com esse
ambiente, proporcionando melhorias, adaptando o trabalho a ele, gerando menos pro-
blemas como o absenteísmo, as interrupções da produção, diminuindo doenças, etc.

Absenteísmo
É uma palavra com origem no latim, em que absens significa “estar fora, afastado ou ausente”. O absenteísmo consiste
no ato de se abster de alguma atividade ou função com certas deficiências nas relações laborais, faltando ao trabalho.
Pode ser causado por doenças, motivos familiares, motivos pessoais, dificuldades financeiras e de transporte, falta
de motivação, atitudes impróprias da entidade patronal etc. Qualquer um desses fatos revela aos responsáveis pela
empresa que o clima ali é desfavorável e que há a necessidade de um tratamento mais humano, ou que uma errada
distribuição dos diversos processos do trabalho leva a uma excessiva carga laboral em algumas ocasiões. Isso aumenta
os custos para a empresa e dificulta a concretização dos seus objetivos, diminuindo lucros.
Em muitas ocasiões, o absenteísmo apresenta causas sociais ou psíquicas, e não materiais. Por esse motivo, uma das
melhores maneiras de combatê-lo é fomentar as relações humanas dentro da empresa.

14 Medicina do Trabalho
Contudo, para que haja saúde ocupacional, é necessária a participação de todos os
envolvidos na questão de saúde e segurança, acompanhando as normas, as rotinas e os
procedimentos para a melhoria do ambiente de trabalho e dos seus trabalhadores.

Nessa perspectiva, você deve ter percebido que a Medicina do Trabalho constitui funda-
mentalmente uma atividade médica, e sua prática se dá tipicamente nos local de traba-
lho, cuidando especificamente do trabalhador no ambiente do trabalho.

Noções gerais sobre Medicina


do Trabalho
A Medicina do Trabalho é um dos mais novos ramos da Medicina tradicional e trata es-
pecificamente da saúde física e mental do trabalhador, visando protegê-lo dos riscos de
acidentes ocupacionais e dos agentes nocivos à saúde.

A implantação da Medicina do Trabalho em defesa da saúde do trabalhador orienta para


a limitação a uma ou outra atividade e correção e precisão de princípios ergonômicos,
aumentando o índice de qualificação do exercício profissional. Essa determinação cor-
robora para o trabalho não exceder a sua capacidade de execução e perda do processo
produtivo e, principalmente, na diminuição significativa de doenças e de acidentes de-
correntes do trabalho.

Com base nessa afirmação, a disciplina de Medicina do Trabalho vem assegurar:

• Proteção aos trabalhadores contra riscos à sua saúde;

• Condições para que o trabalho possa ser realizado;

• Adequação do trabalho ao funcionário;

• Designação de trabalhadores em postos de trabalho correspondentes às suas aptidões.

De acordo com Ramazzini, esses cuidados corroboram com a proposta enfatizada pelo
primeiro médico que deu atenção à saúde do trabalhador, Bernardo Ramazzini (pai da
Medicina do Trabalho), o que vem contribuir ao bem-estar físico e mental. É a principal
característica da Medicina do Trabalho, por constituir fundamentalmente uma atividade
médica praticada nos locais de trabalho, na manutenção da salubridade e da higiene, a

Unidade 1 – Noções gerais sobre Medicina do trabalho 15


fiscalização das condições às quais o empregado está exposto, sejam físicas ou psicoló-
gicas (RAMAZZINI, 2000).

A evolução da Medicina
do Trabalho para a Saúde
Ocupacional
A evolução da Medicina do Trabalho para a Saúde Ocupacional começou a partir dos
custos provocados pelo abrupto crescimento de acidentes de trabalho ou por doenças
desencadeadas do trabalho. Esses custos até então não eram contabilizados pelos em-
pregadores, às voltas com pagamento de pesadas indenizações por incapacidade pro-
vocada pelo trabalho exploratório, baixa produtiva, doenças recorrentes e constantes
queixas dos trabalhadores.

Conforme relato de Mendes e Dias (1991), a Saúde Ocupacional surge dentro das gran-
des empresas, com a organização de equipes multiprofissionais, a partir do histórico dos
serviços da Medicina do Trabalho e da equipe que a compõe. Esses profissionais têm a
finalidade de controlar os riscos ambientais, colaborando com a higiene do trabalho.

Segundo Mendes e Dias (1999), o perfil de adoecimento e seus fatores podem ser sinte-
tizados em quatro grupos:

1. doenças comuns, aparentemente sem qualquer relação com o trabalho;

2. doenças comuns (crônico-degenerativas, infecciosas, neoplásicas, traumáticas etc.),


eventualmente modificadas no aumento da frequência de sua ocorrência ou na pre-
cocidade de seu surgimento em trabalhadores, sob determinadas condições de tra-
balho;

3. doenças comuns que têm o espectro de sua etiologia ampliado ou tornado mais
complexo pelo trabalho;

4. agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes do trabalho e pelas doenças


profissionais.

Esse cenário de doenças e agravos à saúde levou ao surgimento e à consolidação do

16 Medicina do Trabalho
Sistema de Segurança e Saúde Ocupacional, correspondente à Medicina do Trabalho em
nível internacional, segundo a Occupational Health and Safety Assessment Series (OH-
SAS) 18001/99, ou aos Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional.

No Brasil, temos a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Traba-


lho (FUNDACENTRO), que parte dos modelos de “Institutos” de Saúde Ocupacional de-
senvolvidos no exterior, por exemplo: OHSAS 18001/99, citado anteriormente, dos EUA.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no Capítulo V, expressa a regulamentação de


normas relativas à obrigatoriedade de equipes técnicas multidisciplinares nos locais de
trabalho (atual Norma Regulamentadora 4 (SESMT), da Portaria 3214/78) e na avaliação
quantitativa de riscos ambientais, além da adoção de limites de tolerância, entre outros
elementos, para, obrigatoriamente, promover a saúde e proteger a integridade do traba-
lhador no local de trabalho.

Veja, na imagem a seguir, importantes informações sobre acidentes e doenças do traba-


lho que complementarão seus conhecimentos.

Ministério Público do Trabalho - MPT


Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho - CODEMAT
Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais

REGRA GERAL – responsabilidade subjetiva, com base na culpa (art. 7º, inciso XXVIII, da CF/88),
Mas, se a atividade normalmente desenvolvida pelo empregador implicar, pela sua natureza,
risco para o empregado –
responsabilidade objetiva, independentemente de culpa (art. 927, parágrafo único, do CC/2002).
CF/88 – art 225, § 3º - responsabilidade objetiva, como regra supralegal, um princípio maior
– interpretação sistemática e mais harmônica do art. 7º, inciso XXVIII, para teoria do risco da
atividade.
Raimundo Simão de Melo – “negar a responsabilidade objetiva (...) seria mesmo um verdadeiro
e inexplicável paradoxo. Exemplo: Um engenheiro autônomo para reparar uma máqina de alta
tensão elétrica (atividade de risco) e o ajudante geral empregado da empresa.

Figura 1.1: Informações sobre acidentes e doenças do trabalho


Ministério Público do Trabalho – MPT.
Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/1865782/

Os profissionais que compõem a Medicina do Trabalho, que caracteriza o Serviço Especial


de Engenharia Segurança e Medicina do Trabalho (SEESMT) são: médico, enfermeiro,
engenheiro, técnico em segurança do trabalho, técnico em enfermagem.

Unidade 1 – Noções gerais sobre Medicina do trabalho 17


Nesta primeira unidade, você pôde ver o que é Medicina Ocupacional ou Medicina do
Trabalho e a relação entre o trabalho e a saúde dos trabalhadores. Pôde ver, também,
que a Medicina do Trabalho atua na prevenção e no tratamento de doenças e ferimentos
que ocorram especificamente no ambiente de trabalho; promove, ainda, a melhoria do
estado de saúde e a qualidade de vida dos empregados. Viu que a legislação trabalhista e
o Ministério do Trabalho são responsáveis por fiscalizar e assegurar o direito à segurança
no local de trabalho, com a implantação do SESMT e a obrigatoriedade de avaliações
periódicas desde sua contratação, a fim de acompanhar a saúde do colaborador e, prin-
cipalmente, prevenir doenças e acidentes decorrentes da atividade profissional. A saúde
ocupacional, ao cuidar da saúde dos trabalhadores, favorece a própria instituição, pois
ela terá um profissional muito mais motivado para a realização de seu trabalho; conse-
quentemente, terá um significativo aumento de produtividade e lucro para o empregador.

Pratique
1. Agora que você já sabe o que faz parte do serviço de Medicina do Trabalho no am-
biente de trabalho, qual é a sua iniciativa para prevenir riscos ocupacionais a vc e a
seus colegas?

2. Descreva quais riscos de doenças ocupacionais você percebe em seu ambiente de


trabalho ou escola.

18 Medicina do Trabalho
Unidade 1 – Noções gerais sobre Medicina do trabalho 19
Unidade

2 Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho (SESMT)

Fonte: © Pressfoto/ Freepik.


Nesta unidade, você verá as atividades e o campo de atuação da Engenharia de Segu-
rança e de Medicina do Trabalho e a aplicação ao ambiente de trabalho e a todos os
seus componentes, com o intuito de reduzir e até eliminar os riscos de acidentes que
possam comprometer a saúde do trabalhador. Também estudará o Conselho Interno
de Prevenção de Acidentes (CIPA), seus componentes e suas atividades de conscien-
tização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do
trabalho e doenças ocupacionais.

Composição e função dos


integrantes da Equipe de
Saúde e Segurança do
Trabalho
A NR-4 – SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho) dispõe sobre a equipe que compõe o serviço de saúde e segurança do traba-
lho, sendo: engenheiros de segurança do trabalho, médicos do trabalho e enfermeiros
do trabalho, técnicos de segurança do trabalho e auxiliares de enfermagem do trabalho.
O dimensionamento será feito por frente de trabalho e atividades com a finalidade de
promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. A pre-
sença desses profissionais é obrigatória nas empresas públicas ou privadas que possuam
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), conforme a Portaria
SSMT n.º 33, de 27 de outubro de 1983.

Nas páginas seguintes, você verá a descrição das atividades de cada um dos profissionais
que compõem o SESMT, conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE).

Surgimento da equipe de
Saúde do Trabalho
Como mencionado anteriormente, o início da Medicina do Trabalho deu-se com a intro-
dução do médico dentro do “chão de fábrica”, integrado com os trabalhadores, obser-
vando os efeitos do trabalho sobre o homem.

22 Medicina do Trabalho
A partir dessa investigação, foi necessário compor uma equipe de colaboradores para
atuar no serviço de segurança e saúde dos trabalhadores, surgindo, assim, o SESMT
(Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho). Esses
profissionais atuam junto aos trabalhadores, proporcionando um ambiente de trabalho
saudável, evitando que os trabalhadores, suas famílias e a população sejam expostos a
riscos e sofrimento desnecessários, como afastamentos e incapacidades para o trabalho.

Para o empregador, essas ações evitam onerações em relação às leis trabalhistas e mi-
nimizam os custos com saúde e os custos associados com a alta rotatividade, tais como
treinamentos; consequentemente, aumentam a produtividade, bem como a qualidade
dos produtos e dos serviços prestados.

Composição da equipe e suas


funções
A função principal do serviço de saúde ocupacional é cooperar com a gerência e com
os trabalhadores, atuando na prevenção e contribuindo para a melhoria contínua da
segurança e das condições de trabalho. A melhoria nas condições do ambiente e do
exercício do trabalho tem como objetivos principais diminuir o custo social com acidentes
de trabalho, valorizar a autoestima e proporcionar a melhoria contínua da qualidade de
vida dos trabalhadores.

Conforme a Classificação Brasileira de Ocupação, o engenheiro (CBO O-28. 40) e o téc-


nico em segurança do trabalho (CBO 0-39.45) atuam nas empresas com programas de
prevenção de acidentes, orientando os trabalhadores quanto ao uso de EPIs, elaborando
planos de prevenção de riscos ambientais, fazendo inspeção de segurança, laudos téc-
nicos e, ainda, organizando palestras e treinamentos juntos às CIPA (Comissão Interna
de Preensão de Acidentes). O engenheiro do trabalho é o profissional responsável pelo
planejamento e pela implantação da segurança do trabalho. O médico (CBO 0-61.22), o
enfermeiro do trabalho (CBO 0-71.40) e o técnico de enfermagem (CBO 5-72.10) atuam
no setor de saúde ocupacional ou saúde no trabalho.

Regulamentação da equipe
Cada profissional terá atividades específicas para contribuir para a melhoria das condi-

Unidade 2 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) 23


ções sociais. Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), a Con-
solidação das Leis Trabalhistas (CLT) do Ministério do Trabalho (Capitulo V, que expressa
a regulamentação de normas relativas à obrigatoriedade de equipes técnicas multidisci-
plinares nos locais de trabalho (atual Norma Regulamentadora 4, da Portaria 3214/78)),
e a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), que trata do reconhecimento da exis-
tência de ocupações no mercado de trabalho brasileiro e é publicada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE). A descrição das atividades dos profissionais de Segurança
do Trabalho é:

Médicos do trabalho: realizam consultas e atendimentos médicos; tratam pacientes e


clientes; participam do planejamento, instalação e funcionamento dos serviços médicos
da empresa, implementam ações de prevenção de doenças e promoção da saúde tanto
individuais quanto coletivas; coordenam programas e serviços em saúde, efetuam perí-
cias sobre acidentes do trabalho, doenças profissionais e condições de insalubridade; fa-
zem auditorias e sindicâncias médicas; elaboram documentos e difundem conhecimen-
tos da área médica. Fazem exames de admissão e periódicos dos empregados, também
participam de palestras específicas para a orientação de doenças causadas por acidentes
com materiais biológicos, físicos, químicos, ambientais. Podem participar de congressos
médicos ou de prevenção de acidentes e divulgar pesquisas sobre saúde ocupacional.
(Fonte: Código Brasileiro de Ocupação – CBO).

Figura 2.1: Médico do trabalho.


Fonte: © Brian A Jackson/ Shutterstock.

Enfermeiros do trabalho: prestam assistência ao paciente e/ou cliente; coordenam, pla-


nejam ações e auditam serviços de enfermagem; implementam ações para a promoção

24 Medicina do Trabalho
da saúde junto à comunidade; são integrantes da estrutura básica da instituição de saúde
pública e privada e chefia de serviço e de unidade de enfermagem; planejam, organizam,
coordenam, executam e avaliam a ação dos serviços da assistência de enfermagem; fazem
consulta de enfermagem, prescrição da assistência de enfermagem, cuidados diretos de
enfermagem a pacientes graves com risco de vida, com maior complexidade técnica e que
exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas.

Figura 2.2: Enfermeiro do trabalho.


Fonte: © cate_89/ Shutterstock.

Técnicos em enfermagem do trabalho: desempenham atividades técnicas de en-


fermagem em empresas públicas e privadas, como hospitais, clínicas e outros estabe-
lecimentos de assistência médica, embarcações e domicílios; atuam em cirurgia, tera-
pia, puericultura, pediatria, psiquiatria, obstetrícia, saúde ocupacional e outras áreas;
prestam assistência ao paciente, zelando pelo seu conforto e bem-estar, administram
medicamentos e desempenham tarefas de instrumentação cirúrgica, posicionando
de forma adequada o paciente e o instrumental; organizam ambiente de trabalho e
dão continuidade aos plantões; trabalham em conformidade com as boas práticas,
as normas e os procedimentos de Biossegurança; realizam registros e elaboram rela-
tórios técnicos; desempenham atividades e realizam ações para promoção da saúde
da família.

Unidade 2 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) 25


Figura 2.3: Técnico em enfermagem do trabalho.
Fonte: Banco de imagem IFPR (2017).

Engenheiro de segurança do trabalho: controlam perdas de processos, produtos e


serviços ao identificar, determinar e analisar causas de perdas, estabelecendo plano de
ações preventivas e corretivas; desenvolvem, testam e supervisionam sistemas, proces-
sos e métodos produtivos; gerenciam atividades de segurança no trabalho e do meio
ambiente, exposições a fatores ocupacionais de risco à saúde do trabalhador; planejam
empreendimentos e atividades produtivas e coordenam equipes, treinamentos e ativida-
des de trabalho.

Figura 2.4: Engenheiro de segurança do trabalho.


Fonte: © Radio Alfa/ Photopin.

26 Medicina do Trabalho
Técnicos em segurança do trabalho: participam da elaboração e implementam polí-
tica de saúde e segurança do trabalho; realizam diagnóstico da situação de serviço de
segurança do trabalho da instituição; identificam variáveis de controle de doenças, aci-
dentes, qualidade de vida e meio ambiente; desenvolvem ações educativas na área de
saúde e segurança do trabalho; integram processos de negociação; participam da ado-
ção de tecnologias e processos de trabalho; investigam, analisam acidentes de trabalho
e recomendam medidas de prevenção e controle.

Figura 2.5: Técnico de segurança do trabalho.


Fonte: © branislavpudar/ Shutterstock.

Daremos ênfase à atuação do técnico em segurança do trabalho, para o qual esse curso
foi destinado. A seguir, suas principais atribuições:

• Inspeciona locais, instalações e equipamentos da empresa, observando as condições


de trabalho para determinar fatores e riscos de acidentes;

• Estabelece normas e dispositivos de segurança, sugerindo eventuais modificações nos


equipamentos e nas instalações e verificando sua observância, para prevenir aciden-
tes;

• Inspeciona os postos de combate a incêndios, examinando as mangueiras, os hidran-


tes, os extintores e os equipamentos de proteção contra incêndios, para certificar-se
de suas perfeitas condições de funcionamento;

• Comunica os resultados de suas inspeções ao engenheiro, elaborando relatórios, para

Unidade 2 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) 27


propor a reparação ou renovação do equipamento danificado;

• Investiga acidentes ocorridos, examinando as condições da ocorrência, para identifi-


car suas causas e propor as providências cabíveis;

• Mantém contatos com os serviços médico e social da empresa ou de outra instituição,


utilizando os meios de comunicação oficiais, para facilitar o atendimento necessário
aos acidentados;

• Registra irregularidades ocorridas, anotando-as em formulários próprios e elaboran-


do estatísticas de acidentes;

• Instrui os funcionários da empresa sobre normas de segurança, combate a incêndios


e demais medidas de prevenção de acidentes, comunicando ocorrências ao seu su-
pervisor;

• Colabora com a gestão na elaboração de matéria sobre segurança no trabalho, pre-


parando instruções e orientando a confecção de cartazes e avisos, para divulgar e
desenvolver hábitos de prevenção de acidentes;

• Participa de reuniões sobre segurança no trabalho, fornecendo dados relativos ao


assunto, apresentando sugestões e analisando a viabilidade de medidas de segurança
propostas, para aperfeiçoar o sistema existente (Fonte: Código Brasileiro de Ocupa-
ção – CBO).

O técnico em segurança do trabalho pode paralisar obra, área, setor, equipamento, má-
quina, veículo, serviço e demais atividades sempre que forem constatadas situações de
risco grave e iminente, pondo em risco a vida dos trabalhadores, de terceiros e do meio
ambiente, informando de imediato ao responsável pela fiscalização, ao gestor do contra-
to e à Gerência de Recursos Humanos a qual está subordinado.

28 Medicina do Trabalho
Capacitação do técnico em segurança do trabalho

Figura 2.6: Segurança no trabalho.


Fonte: © Asier_relampagoestudio/ Freepik.

O técnico em segurança do trabalho deve ter conhecimento das leis trabalhistas (direitos
e deveres), das normas específicas para cada ramo de atividade, deve ter capacitação e
treinamento, responsabilidade, comprometimento e atentar para as medidas de preven-
ção, a análise de acidentes e o controle de riscos, pois ele é o profissional mais próximo
dos outros trabalhadores no ambiente de trabalho. É o “olho” dos outros profissionais
que compõem o SESMT, composto por médicos, enfermeiros, engenheiros, técnico e
auxiliares, enfim, pessoas responsáveis em oferecer as melhores condições possíveis para
cada trabalho desenvolvido.

O Curso Técnico em Segurança do Trabalho (TST) é uma educação inovadora, poderá


conceber ao trabalhador conhecimentos necessários para diminuição de riscos e doen-
ças ocupacionais, com formação integral e preparo profissional. “A efetiva e eficiente
utilização de conteúdos sobre segurança no trabalho na educação profissional resultará
na formação de alunos com uma consciência também prevencionista, com significativos
benefícios para as empresas, sociedade e para o país” (BRASIL, 2002).

Nessa perspectiva, o trabalhador técnico em segurança do trabalho deve ser capacitado


para realizar vistoria, precisa conhecer quais são os riscos existentes em todos os ambien-
tes de sua empresa e deve indicar ações a serem tomadas para evitar a ocorrência de aci-
dentes. Essas ações vão desde mudanças que forem necessárias na empresa à utilização

Unidade 2 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) 29


dos equipamentos de proteção individual (EPI).

A Medicina do Trabalho é um ramo da medicina que cuida da saúde ocupacional dos


trabalhadores. O Serviço de Segurança do Trabalho visa proporcionar ambientes de tra-
balho mais saudáveis e seguros, propondo ações que possam melhorar o desempenho
do trabalhador, adaptando o trabalho ao homem e o homem ao trabalho.

O médico do trabalho avalia a capacidade do candidato para determinada ocupação e


realiza reavaliações periódicas de sua saúde, dando ênfase aos riscos ocupacionais aos
quais os trabalhadores ficam expostos.

Para que haja o serviço de segurança e medicina do trabalho, são necessários profissio-
nais especialistas em segurança do trabalho, cada um com atividades específicas que
trabalham em função de um único objetivo, que é cuidar da saúde do trabalhador, en-
sinando e incentivando a precaução e a prevenção de riscos de acidentes no ambiente
de trabalho.

O serviço dos médicos e enfermeiros está relacionado à saúde, a prevenir doenças que
possam ser desencadeadas pelo ato laboral. Já o engenheiro e o técnico em segurança
do trabalho atuam na investigação dos riscos de acidentes ambientais e a na melhoria
das condições do ambiente de trabalho.

O acidente é consequência de fatores ambientais que necessitam de medidas prevencio-


nistas; por isso, o técnico de segurança do trabalho deve percorrer toda a área da empre-
sa para identificar fatores que poderão causar acidentes, revendo medidas preventivas e
tomando as devidas providências.

Pratique
Conseguiu entender a relação entre a Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional? En-
tão, descreva com suas palavras o diferencial da Medicina do Trabalho para o emprega-
dor e os empregados dentro das empresas ou organizações.

30 Medicina do Trabalho
Unidade 2 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) 31
Unidade

3 O papel da Medicina do Trabalho


e as relações de emprego

Fonte: CC0 Public Domain/ Pixabay.


Nesta unidade, você verá a elaboração do sistema de controle técnico para a forma-
lização do serviço especializado de medicina e segurança do trabalho e as questões
previdenciárias.

A Medicina do Trabalho atua na prevenção e no tratamento de doenças do trabalhador,


mais especificamente, no ambiente de trabalho. É a função dos integrantes do SESMT na
promoção e na melhoria das condições do estado de saúde e segurança e para a quali-
dade de vida dos empregados (ALMEIDA, 2014).

Os profissionais que atuam no SESMT devem demonstrar capacidade de observação


técnica, trabalhar em equipe, demonstrar capacidade de discernimento para a tomada
de decisões assertivas, ser proativos, reconhecer nexo causal de doenças ocupacionais,
atentar-se para detalhes, fazer supervisão etc. (ALMEIDA, 2014).

Sabemos que existem milhares de doenças relacionadas à vida cotidiana do ser humano.
O serviço de medicina e segurança do trabalho é indispensável para promover e orientar
os profissionais técnicos em segurança do trabalho no tocante à prevenção, à vigilância
e à assistência à saúde aos trabalhadores (ALMEIDA, 2014).

A nova concepção do ambiente


de trabalho
A prevenção de acidentes de trabalho vem desafiando os profissionais da área de segu-
rança do trabalho, devido as mudanças ocorridas e ao impacto ambiental. “Constata-se
na atualidade não apenas o surgimento e o crescimento de novas patologias relaciona-
das ao trabalho, como também a persistência de acidentes típicos, os quais têm seus
limites na organização do trabalho” (MENDES; WÜNSCH, 2007).

Nos dias de hoje, ainda persistem as doenças do passado e surgem novas patologias, de-
vido às novas tecnologias e aos processos modernos de produção. É nesse contexto que
devemos refletir sobre acidentes de trabalho e as doenças a elas relacionadas, a partir de
novas políticas de gestão em saúde do trabalho.

Cabe aos gestores da segurança do trabalho rever conceitos e estratégias que articulem
a participação e o envolvimento, com base na premissa de que a saúde do trabalhador
sofre forte impacto do capitalismo contemporâneo, em que a produtividade, a competi-
tividade e a flexibilidade se sobrepõem aos aspectos humanos e sociais.

34 Medicina do Trabalho
Precaução e prevenção no
ambiente de trabalho
Os profissionais de serviço de segurança e medicina do trabalho têm uma grande respon-
sabilidade sobre a atuação do trabalhador no ambiente do trabalho, pois é o profissional
capacitado para intervir na prevenção e na precaução de acidentes (ALMEIDA et al, 2014).

Quando se dá início em uma nova empresa, deve ser exigido um exame médico para to-
dos os funcionários; se a empresa não dispõe do SESMT, com certeza deve ter esse serviço
terceirizado, não só em detrimento de lei – Política Nacional de Segurança e Saúde do Tra-
balhador e com as diretrizes nela contidas –, mas, sim, por se tratar de um ato humanitário,
não deve se restringir em exames rápidos, como análise da frequência cardíaca e verifica-
ção das condições físicas e audiovisuais, entre outros, para não mascarar os problemas e
prejudicar no diagnóstico médico correto.

Os exames devem ser realizados periodicamente, a fim de verificar como estão as condi-
ções dos trabalhadores, referente à saúde física e psicológica. ”Apesar de avanços cientí-
ficos e tecnológicos em diferentes esferas da sociedade, que trazem resultados benéficos
para a saúde da população e dos trabalhadores em geral, ocorre, contraditoriamente, uma
expressiva elevação da morbi-mortalidade nesta área” (MENDES; WÜNSCH, 2007).

Questões previdenciárias:
laudos técnicos periciais
A elaboração de laudos periciais de insalubridade são atividades dos profissionais legal-
mente habilitados, como o engenheiro de segurança do trabalho e o médico do trabalho.
Eles têm competência e formação para verificar e confirmar se o ambiente de trabalho
apresenta situações nocivas à saúde, visando garantir o cumprimento das legislações vi-
gentes para a elaboração de laudos periciais de insalubridade, em consonância com as
Normas Regulamentadoras (8 de julho de 1978, por meio da Portaria n.º 3.214, MT – NR-
4) e outros instrumentos pertinentes à área de ação. São esses profissionais que definem
a insalubridade ou não dos ambientes de trabalho, estimulando para que surjam novos e
melhores métodos direcionados para a aplicabilidade da legislação. Também é necessária a
participação dos outros profissionais que compõem o SESMT na investigação, na supervi-
são, na prevenção e no prognóstico de situações de risco e, ainda, contam com a motiva-
ção dos empregados em adotar ações concretas para a solução dos problemas.

Unidade 3 – O papel da medicina do trabalho e as relações de emprego? 35


Constatando-se a presença de insalubridade ou periculosidades, devem ser tomadas as
soluções cabíveis para evitar transtornos físicos e emocionais. Nos casos de ação judicial, o
juiz, por não ter conhecimentos técnicos como os profissionais médicos e engenheiros da
área de segurança e saúde do trabalho, nomeia um perito qualificado e imparcial para au-
xiliá-lo a entender a situação e a tomar uma decisão justa. Isso ocorre principalmente para
laudo pericial trabalhista, quando o objeto de investigação e julgamento for o ambiente
de trabalho (insalubridade ou periculosidade) ou o trabalhador (acidente de trabalho ou
doença ocupacional). Caso haja informações falsas, o perito também será responsabilizado
civil e criminalmente.

É fundamental que empresas, instituições e órgão públicos sigam as normas de biossegu-


rança e estabeleçam normas, rotinas e procedimentos. Algumas instituições denominam
Programa Operacional Padrão (POP) os documentos que compõem o programa de fisca-
lização e controle (PPRA, PPP, ASO, CAT, LTCAT, PCMAT) que são elaborados pelo Serviço
Especial de Medicina do Trabalho (SESMET) de Recursos Humanos. Eles servem para orien-
tar tanto empregadores como empregados e, ainda, como comprovação de orientações
fornecidas, nos casos de ação judicial quando necessários. A seguir, veja quais são esses
documentos.

Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais (PPRA)
Como o próprio nome diz, é um programa que deve ser implantado em todos os segui-
mentos de atividade laboral, independentemente da quantidade do quadro de pessoal.
Deve ser elaborado a partir da análise do ambiente, grau de riscos e ramo de atividade,
tendo como principal objetivo evitar acidentes que possam vir a causar danos à saúde
do trabalhador, bem como criar mentalidade preventiva em trabalhadores e empresários.

Programa de Controle e
Meio Ambiente de Trabalho
(PCMAT)
O Programa de Controle e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil,
da mesma forma que o PPRA, é um programa que tem como objetivo o reconhecimento,

36 Medicina do Trabalho
a avaliação e o controle dos riscos encontrados nas indústrias e nas construções civis, que
devem estar em consonância à NR-9 – Condições e Prevenção de Riscos Industriais. Após
o levantamento de riscos, devem ser tomadas as medidas preventivas para eliminar ou
minimizar riscos, de forma coletiva e individual, fazendo uso dos EPIs.

Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP)
Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é a análise da atividade realizada e o grau de
risco ao qual o empregado é exposto. Serve para orientações do Instituto Nacional de
Serviço da Saúde (INSS) quanto ao controle de acidentes de trabalho e aposentadoria.

A empresa deve manter atualizado o PPP do funcionário, pois, na rescisão de contrato


de trabalho, caso não esteja atualizado, pode haver multa, com valor variável conforme
a gravidade do grau de risco e a existência de agentes nocivos à saúde no ambiente de
trabalho.

O empregador é obrigado a entregar, na rescisão


Para saber mais sobre o assunto, leia
contratual, o documento denominado Perfil Pro- a Instrução Normativa nº. 99, de 5 de
fissiográfico Previdenciário (PPP), que deve conter dezembro de 2003. Acesse: http://www.
usp.br/drh/novo/legislacao/dou2003/
as informações referentes à atividade exercida e
mpasin99.html.
ao meio ambiente de trabalho, conforme prevê o
artigo 58 da Lei 8213/91 e a Instrução Normativa
INSS/DC 96/2003.

Laudo Técnico das Condições


do Ambiente de Trabalho
(LTCAT)
O Laudo Técnico das Condições no Ambiente de Trabalho (LTCAT), realizado pelo profis-
sional competente, serve para avaliar as condições de trabalho por função ou por grau
de risco. É a partir do LTCAT que a equipe de segurança do trabalho, mais especifica-
mente o engenheiro e técnico em segurança, realizará as medidas de prevenção de riscos
ocupacionais, com o objetivo de evitar acidentes previsíveis.

Unidade 3 – O papel da medicina do trabalho e as relações de emprego? 37


Comunicação de Acidente de
Trabalho (CAT)

Figura 3.1: Acidente de trabalho.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento usado para comunicar


ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) acidentes ocorridos no ambiente de traba-
lho ou por conta do trabalho, doença ocupacional ocasionada pelo trabalho, acidente
de trajeto ou óbito. Deve ser emitido para acidentes de qualquer gravidade; no caso de
óbito, deve ter ligação com o trabalho ou a atividade exercida e deve ter sido feito a CAT
anteriormente. É importante saber que, no caso de morte do trabalhador, a chefia da
divisão deverá comunicar o fato à autoridade policial.

O trabalhador deve ser orientado a comunicar o acidente ao empregador imediatamente


após ocorrido o fato (Artigo 22 da Lei 8.213/91, artigo 22), lembrando que, passadas 24
horas, pode não ser reconhecido como acidente de trabalho. Caso haja piora do quadro
clínico, o empregador deverá emitir a CAT ao INSS.

Acidente de trajeto é quando o trabalhador, na ida ou na volta do trabalho, sem se


desviar dele, sofre algum tipo de acidente; deve ter, portanto, testemunhas ou algo que
comprove o ocorrido. Ao analisar o caso, o perito pode pedir afastamento temporário,
mudança de função ou aposentadoria, conforme o PPP visto anteriormente.

Todo comunicado on-line ou manual serve de estatística de acidente de trabalho ou de


trajeto para a Previdência Social. Após a emissão, constará imediatamente no banco de
dados do INSS.

38 Medicina do Trabalho
Quando o trabalhador acidentado necessitar afas-
tar-se do trabalho, deverá comparecer no mesmo Qualquer empresa ou pessoa pode
dia do acidente à perícia médica, a fim de ho- baixar o formulário de Comunicação
de Acidente de Trabalho (CAT) e enviar
mologar a sua licença, caso não possa cumprir o para a Previdência Social. É só baixar o
item anterior. Por estar impossibilitado, seu fami- aplicativo e ter sempre ele a disposição
para qualquer eventualidade. Acesse: http://
liar deverá levar à Perícia Médica (SMRH/RHSO), www.previdencia.gov.br/forms/formularios/
também no mesmo dia do acidente, um atestado form001.html
do médico que atendeu o acidentado.

A regulamentação das atividades laborais visa estabelecer procedimentos administrati-


vos, organizacionais e de planejamento para a implantação de medidas de controle e
sistemas preventivos de segurança e saúde no trabalho, independentemente do ramo de
atividade. Todos os programas de controle e fiscalização (PPRA, PCMAT, PPP, LTCAT, CAT)
têm como objetivo antecipar os riscos e evitar acidentes de trabalho ou o aparecimento
de doenças ocupacionais, por meio de uma série de medidas, ordenadamente preesta-
belecidas, a ser adotadas no ambiente de trabalho. Elas precisam ser organizadas em
sintonia, pois uma complementa a outra, e todas são indispensáveis para o diagnóstico
institucional.

Pratique
Para que servem os sistemas de precaução e prevenção, com promoção da implantação
de sistemas e programas de gestão da segurança e saúde nos locais de trabalho? E qual
é a importância para os empregados e os empregadores?

Unidade 3 – O papel da medicina do trabalho e as relações de emprego? 39


Unidade

4 Riscos físicos e químicos para


a saúde no trabalho

Fonte: © kurhan/ Shutterstock.


Nesta unidade, você estudará o que são riscos físicos e químicos e algumas patolo-
gias decorrentes deles, de acordo com o Manual de Biossegurança para Serviço de
Saúde, Curitiba/PR, e como evitá-los.

O controle das condições de risco para a saúde e a melhoria dos ambientes de trabalho
envolvem as seguintes etapas:

• Identificação das condições de risco para a saúde presentes no trabalho;

• Caracterização da exposição e quantificação das condições de risco;

• Discussão e definição das alternativas de eliminação ou controle das condições de


risco;

• Implementação e avaliação das medidas adotadas.

Riscos físicos
Esses riscos podem e devem ser quantificados dentro de certos limites para evitar efeitos
indesejáveis sobre a saúde, a segurança e o bem-estar do funcionário. São causados por:

Temperaturas extremas: calor, frio e umidade podem causar fadiga, gripes e resfriados.

Ruídos ou vibrações: sensação sonora indesejável, emitida principalmente por equipa-


mentos movidos a ar comprimido, podendo causar surdez, nervosismo, estresse.

Iluminação elevada ou diminuída: pode causar problemas de visão, dores de cabeça,


risco de acidentes.

Eletricidade: pode causar choques elétricos, inclusive fatais, e fontes de incêndios.

Radiações ionizantes: emitidas durante a operação de equipamentos de raios-X, po-


dem causar câncer de vários tipos.

Radiações não ionizantes: ondas eletromagnéticas e ondas de rádio, bem como o


infrassom e o ultrassom, podem causar problemas neurológicos.

42 Medicina do Trabalho
Patologias ocupacionais dos
riscos físicos
Radiação ionizante (NR-15 - Anexo 5)

Figura 4.1: Perigo – Radiações Ionizantes.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

Pessoas que exercem atividades com radiações ionizantes (ex.: raio-X) precisam estar
cientes que são atividades e operações consideradas insalubres, por estarem expostas a
grau máximo de risco a fatores cancerígenos (neoplasia).

Para prevenção, deve-se obedecer aos limites de tolerância, aos princípios, às obrigações
e aos controles básicos para a proteção do homem e do ambiente de trabalho constantes
na Norma CNEN-NE-3.01, “Diretrizes Básicas de Radioproteção”.

Unidade 4 – Riscos físicos e químicos para a saúde no trabalho 43


Temperaturas extremas

Figura 4.2: Baixas temperaturas.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

Temperaturas extremas podem significar muito calor ou muito frio, que causam des-
confortos térmicos e são riscos potenciais para os trabalhadores. Nas situações de calor,
as principais alterações fisiológicas são alterações no batimento cardíaco e na pressão
arterial, aumento da temperatura do corpo, síncope do calor e desequilíbrio hídrico e de
eletrólitos. Nas situações de muito frio, as principais consequências são problemas der-
matológicos, problemas nas extremidades dos membros superiores e inferiores e hipoter-
mia, mas também poderão ocorrer problemas crônicos, como resfriados e pneumonias.

A principal precaução é diminuir o tempo de exposição e fazer a mudança de ambiente


em curto espaço de tempo, pois trabalhar em temperaturas extremas sem intervalo gera
insalubridade.

Ruídos

Figura 4.3: Ruídos no ambiente de trabalho.


Fonte: © reallyboring / Visualhunt.

44 Medicina do Trabalho
Ruído é um som ou um conjunto de sons perturbadores, desagradáveis, que muitas
vezes pode variar de um indivíduo para outro, de acordo com fatores psicológicos de
tolerância que cada um possui, tempo de exposição e atividade.

As principais doenças são o zumbido constante nos ouvidos e o desencadeamento de


labirintite, perda de audição, irritação, nervosismo e estresse.

Iluminação elevada ou diminuída


O excesso de luminosidade ou ofuscamento exerce uma influência psicológica na reali-
zação da tarefa e pode contribuir para acidentes, devido à fadiga visual, podendo, ainda,
causar queda na produtividade e na qualidade da produção.

Uma boa iluminação não significa níveis excessivos de aclaramento, mas, sim, distribui-
ção uniforme. Para que não ocorram ofuscamento e fadiga visual, é recomendado que
a empresa providencie medições de iluminação em todos os locais e, evidentemente,
busque fazer as correções necessárias.

Os sintomas ocasionados pelo desequilíbrio de iluminação ou pela obscuridade são:


sensações desagradáveis que podem ocasionar cefaleia, cansaço visual ou desconforto
ocular (astenopia), olhos ardentes e coceiras, vermelhidão, olhos lacrimejantes, maior
sensibilidade a luz (fotofobia), dificuldade em focar, visão borrada, manchas escuras no
foco de visão, visão dupla (diplopia) etc. Todos esses sinais e sintomas podem ser causa-
dos também por superfícies polidas e refletoras, acarretando mal-estar, desconforto no
ambiente de trabalho e, consequentemente, baixa produtividade.

Eletricidade

Figura 4.4: Eletricidade.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

Unidade 4 – Riscos físicos e químicos para a saúde no trabalho 45


O profissional que convive com eletricidade deve estar ciente que um erro no trabalho
pode levar à morte, seja de forma direta ou indireta. A passagem da corrente elétrica
pelo corpo humano pode ser letal, dependendo da descarga elétrica recebida. O contato
com partes energizadas faz com que a corrente percorra o corpo humano, causando
queimaduras tanto externas quanto internas, além de lesões físicas e traumas psicológi-
cos, coagulação do sangue, lesão nos nervos, contração muscular e uma reação nervosa
de estremecimento (sensação de choque). Se provocar a queda do indivíduo (de uma
escada, árvore, muro etc.) ou contato com equipamentos perigosos, torna-se mais peri-
gosa e, muitas vezes, letal. Acidentes com eletricidade podem ocasionar:

• Eletrocussão: a morte provocada pela exposição do corpo a uma dose letal de energia
elétrica.

• Choque elétrico: causado por uma corrente elétrica que passa através do corpo hu-
mano ou de um animal qualquer.

• Queimaduras: apesar de a pele ser um isolante térmico, essa capacidade diminui


quando estiver molhada e, dependendo da descarga elétrica, pode romper a barreira
da pele.

• Quedas provocadas pelo choque.

Riscos químicos

Figura 4.5: Risco químico.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

46 Medicina do Trabalho
É preciso saber quais substâncias podem ser mantidas na atmosfera sob várias formas
(poeiras, fumos, névoas, neblina, gases ou vapores) e podem penetrar no organismo por
exposição crônica ou acidental pelas vias aéreas, digestórias ou por contato. Podem ser
decorrentes de acidentes como explosões e incêndios e causar efeitos carcinogênicos,
teratogênicos, sistêmicos (como neurotóxicos), irritantes, asfixiantes, anestésicos, alergi-
zantes etc. Uma das precauções indispensáveis é o uso de EPIs e EPCs.

Patologias ocupacionais dos


riscos químicos
Dermatoses ocupacionais
Existem vários agentes químicos contaminantes na atmosfera que podem oferecer risco
para a saúde dos trabalhadores expostos. Neste tópico, destacaremos as dermatoses
ocupacionais caracterizadas pela presença de lesões típicas que variam segundo a área
corporal acometida (pele dos troncos e membros, região inguinal, couro cabeludo, bar-
ba, face, pés, mãos ou unhas).

Figura 4.6: Riscos químicos.


Fonte: © Pressmaster / Shutterstock.

Unidade 4 – Riscos físicos e químicos para a saúde no trabalho 47


Em determinados trabalhadores, a dermatofito-
se e outras micoses superficiais podem ser con-
sideradas doenças relacionadas ao trabalho, do Classificação de Schilling
É atribuído ao professor de uma escola de
Grupo II da Classificação de Schilling. Devido medicina, Richard Schilling, ao perceber
às circunstâncias ocupacionais da exposição aos a importância de uma classificação mais
objetiva e simplificada das doenças
fungos dermatófitos, podem ser consideradas relacionadas ao trabalho, a qual é utilizada
fatores de risco, no conjunto de fatores de risco pelo Ministério da Saúde no Brasil desde
1984. Fonte: Disponível em; http://www.
associados com a etiologia dessa doença infeccio-
blogsegurancadotrabalho.com.br/2016/11/
sa, por exemplo, em trabalhadores que exercem o-que-e-classificacao-de-schilling.html.
atividades em condições de temperatura elevada
e umidade (cozinhas, ginásios, piscinas etc.) e em
outras situações específicas..

Nesta unidade, foram destacados os ricos físicos e químicos e algumas patologias que
podem ser desencadeadas por esses riscos. Vimos a importância de conhecer os produ-
tos químicos, sua utilização e, principalmente, adotar medidas de controle de contágio
pelos agentes químicos no ambiente de trabalho, fazendo uso de EPIs e EPCs. Sobre os
riscos físicos, vimos que são riscos que podem ser minimizados por meio de medidas pre-
estabelecidas de controle, conforme atividades exercidas, como minimização de ruídos,
luminosidades, calor etc.

Pratique
O que você entende por riscos de acidentes físicos?

48 Medicina do Trabalho
Unidade 4 – Riscos físicos e químicos para a saúde no trabalho 49
Unidade

5 Riscos biológicos,
ergonômicos e ambientais

Fonte: © kurhan/ Shutterstock.


Nesta unidade, você estudará o que são riscos biológicos, ergonômicos e ambientais
e algumas patologias decorrentes desses riscos, de acordo com o Manual de Biosse-
gurança para Serviço de Saúde.

Riscos biológicos

Figura 5.1: Símbolo Internacional de Riscos Biológicos.


Fonte: CC0 Public Domain/ Pixabay.

Os riscos biológicos são causados por microrganismos patogênicos (bactérias, fungos,


bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros), incluindo os geneticamente modifi-
cados, as culturas de células, os endoparasitas humanos e outros susceptíveis de provo-
car infecções agudas e crônicas, alergias ou intoxicações causadas por transmissão e con-
taminação por vetores (animais peçonhentos, mosquitos, ratos, homem, entre outros).

Todos esses agentes necessitam de um hospedeiro, um ambiente favorável para o seu


desenvolvimento e vias de transmissão, como via respiratória, digestória ou cutânea,
dependendo da sua virulência, forma de entrada no organismo e sua interação com as
defesas do ser humano.

Conforme o Manual de Doenças Ocupacionais, os grupos mais expostos são:

• Trabalhadores da agricultura (contato com plantas e animais que produzem substân-


cias alergênicas, irritativas e tóxicas ou com os agrotóxicos usados nas plantações);

52 Medicina do Trabalho
• Trabalhadores da saúde (em contato com pacientes ou materiais contaminados em
centros de saúde, hospitais, laboratórios, necrotérios, em atividades de investigações
de campo e vigilância em saúde).

Também podem ser afetadas as pessoas que trabalham em habitat silvestre, como na
silvicultura, em atividades de pesca, produção e manipulação de produtos animais, como
abatedouros, curtumes, frigoríficos, indústria alimentícia (carnes e pescados) e trabalha-
dores em serviços de saneamento e coleta de lixo, os quais entram em contato direta-
mente com poeiras, contendo pelos, pólen, esporos, fungos, picadas e mordeduras de
animais peçonhentos, e, ainda, corte com materiais perfurocortantes.

Patologias ocupacionais dos riscos biológicos


Em um ambiente de trabalho, todo cuidado é pouco, e essa é a preocupação que tem
o profissional de segurança no trabalho, pois há
riscos que são invisíveis a olho nu, como os micro-
-organismos causadores de riscos ocupacionais
Biota
biológicos tão perigosos, e riscos de acidentes, (do grego βίος, bíos = vida) é o conjunto
como incêndios, desabamentos, quedas, riscos de todos os seres vivos, no organismo em
um habitat particular de cada espécie.
tóxicos entre outros, podendo levar até à morte,
Para explicar melhor, podemos dizer que
se não forem corretamente detectados e elimi- todos os seres humanos vivos possuem
nados do corpo humano. Geralmente, os micro- microrganismos que fazem parte do seu
organismo (habitat), mas não lhe causam
-organismos não são compatíveis com a biota do doença, porém podem desencadear
homem, por isso são geradores de doenças.. processo alérgicos ou doenças para outras
pessoas. Ex.: bactérias e rejeição de órgãos
transplantados.
Entre tantas patologias, destacaremos a seguir as
mais comuns, porém não menos perigosas, como
o vírus da hepatite, da tuberculose e da AIDS.

Quadro 5.1: Principais patologias agressivas ao trabalhador causadas por risco biológico

Transmissão Causa Patologia Fonte de infecção

Uso de preservativo EPIs. Evitar gra-


AIDS Homem Sangue, sêmen, mãe-filho. Vírus HIV Sexual
videz em mulheres contaminadas.
Hepatite Homem Sangue, sêmen, saliva. Vírus HBV Vacina anti-hepatite. Uso de EPIs. Sangue
Mycobacterium
Tuberculose Homem Sangue, saliva, ar Vacina BCG. Inalação
tuberculosis

Fonte: Elaborado pelo autor.

Unidade 5 – Riscos biológicos, ergonômicos e ambientais 53


Riscos ergonômicos segundo
a NR-17
Esse é um assunto que merece muito atenção e treinamento, pois trata-se de adoção de
medidas simples, porém corretas, que evitarão danos à saúde do trabalhador e podem
fazer a diferença na produtividade.

Os riscos ergonômicos decorrem da:

• Postura inadequada;

• Má utilização de equipamentos, máquinas e mobiliário inadequados, levando a pos-


turas e posições incorretas;

• Locais adaptados com más condições de iluminação, ventilação e de conforto para


os trabalhadores;

• Trabalho em turnos e noturno;

• Levantamento e transporte manual de peso excessivo;

• Monotonia ou ritmo de trabalho excessivo, exigências de produtividade, relações de


trabalho autoritárias, falhas no treinamento e supervisão dos trabalhadores, pelos
profissionais de segurança do trabalho.

Sobre riscos ergonômicos, estudaremos mais profundamente na unidade de Ergonomia.


Você pôde ver até aqui que é um problema de saúde ocupacional muito recorrente no
ambiente de trabalho, onde todos os integrantes estão expostos aos mesmos riscos. Para
alguns, podem ser desencadeados no início da atividade e, para outros, agravam-se com
o tempo, sendo, muitas vezes, não percebidos.

54 Medicina do Trabalho
LER/DORT

Figura 5.2: LER – DORT.


Fonte: CC0 Public Domain/ Pixabay.

Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Tra-


balho (DORT) ocorrem por ocasião de esforços físicos acima de sua capacidade, posturas
inadequadas, movimentos repetitivos etc.

Apesar das novas tecnologias e métodos gerenciais que facilitam a intensificação do tra-
balho, com a intenção de diminuir o sofrimento dos trabalhadores, ainda prevalecem os
altos índices de doenças relacionadas ao trabalho, como estresse e fadiga física e mental.
Portanto são situações que exigem mais pesquisas e conhecimento para que se possam
traçar propostas coerentes e efetivas de intervenção.

Unidade 5 – Riscos biológicos, ergonômicos e ambientais 55


Riscos ambientais

Figura 5.3: Derramamento de óleo.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

A violência urbana e a criminalidade se estendem, crescentemente, aos ambientes e às


atividades de trabalho. Situações de roubo e assaltos a estabelecimentos comerciais e
industriais, que resultam em agressões a trabalhadores, por vezes fatais, têm aumentado
exponencialmente nos grandes centros urbanos. Não é de se estranhar o alto índice de
registros de síndrome de estresse pós-traumático em trabalhadores que vivenciaram situ-
ações de violência física e psicológica no trabalho.

Também tem crescido o número de agressões aos trabalhadores de serviços sociais, de


educação e saúde e de atendimento ao público, como motoristas, cobradores, professo-
res e funcionários de enfermagem.

A violência no trabalho adquire uma feição particular entre os policiais e os vigilantes que
convivem com a agressividade e a violência no cotidiano. Esses trabalhadores apresen-
tam problemas de saúde e sofrimento mental que possui estreita relação com o traba-
lho. Atualmente, a violência acompanha homossexuais, negros e mulheres em grandes
proporções.

Ainda temos que citar as ocorrências dos fenômenos naturais, como os desabamentos,
incêndios, alagamento, tempestades etc.

56 Medicina do Trabalho
Riscos de acidentes: principais
acidentes
Nas Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT), mais realizadas pelos departamentos
de Saúde Ocupacional (SESMT), é bastante elevado o registro de ocorrência nas áreas da
saúde e construção civil.

Entre tantas, destacam-se as ocorridas por material perfurocortantes, respingo de líquido


nocivos nos olhos (produtos químicos), doenças cardiopulmonares por inalação de pó,
cimento, cal, quedas, agressão física, trajeto, postura e outros.

Independentemente do local onde é realizado o diagnóstico (rede pública de serviços do


SUS, hospitais universitários ou filantrópicos, serviços médicos vinculados a planos ou
seguros-saúde, serviços de medicina do trabalho inseridos nos SESMT das empresas ou
no próprio consultório particular), o médico deverá orientar o trabalhador a fazer os en-
caminhamentos adequados. Eles devem, primeiramente, passar pelo especialista clínico,
que diagnosticará o problema para fazer o tratamento adequado, e, depois, encaminhá-
-lo para a perícia médica, que determinará um laudo para afastamento ou até mesmo
pedido de aposentadoria, conforme o caso.

Conforme a ocorrência, o trabalhador pode, antes, buscar ajuda médica e, depois, fazer
a CAT. De qualquer forma, para caracterizar acidente de trabalho, ele tem que estar de
posse desse documento, que deve ser fornecido pelo empregador ou retirado por qual-
quer outra pessoa pela internet, preenchido e apresentado à Previdência Social (INSS).

O diagnóstico de uma doença relacionada ao trabalho, uma vez estabelecida pelo médi-
co, tem implicações médico-legais e previdenciárias (INSS) que necessitam ser conhecidas
e cumpridas pelos profissionais.

Unidade 5 – Riscos biológicos, ergonômicos e ambientais 57


Nesta unidade, você pôde ver que riscos biológicos se referem à contaminação por micro-
-organismos patológicos, como vírus, bactérias, fungos, ocasionados por variados meios
de contaminação, e que, muitas vezes, são invisíveis a olho nu.

Os riscos ergonômicos podem ser considerados os mais fáceis de ser controlados, pois po-
dem ser previsíveis, e o trabalho pode ser adaptado ao homem, conforme a atividade que
ele exerce. Precisa-se de orientações de profissionais de educação física ou fisioterapeutas,
que têm um papel muito importante na elaboração da prevenção de riscos ergonômicos.

Riscos ambientais ou de acidentes são os mais imprevisíveis, pois podem acontecer a


qualquer momento. Mesmo em situações em que existe precaução, o acidente pode ser
desencadeado por fenômenos naturais, como raios, tempestades, alagamentos, desaba-
mento etc., ou ocasionadas por terceiros, como assaltos, balas perdidas etc.

Pratique
Ao perceber que uma pessoa foi atingida por uma corrente elétrica de alta voltagem,
qual é a medida de segurança que deve ser tomada para evitar que você também seja
atingido pela corrente elétrica?

58 Medicina do Trabalho
Unidade 5 – Riscos biológicos, ergonômicos e ambientais 59
Unidade

6 Princípios de anatomia e
fisiologia humana

SISTEMAS DO CORPO HUMANO

SISTEMA SISTEMA SISTEMA SISTEMA SISTEMA


CIRCULATÓRIO NERVOSO RESPIRATÓRIO DIGESTIVO ESQUELÉTICO
Fonte: © Freepik.
O objetivo desta unidade será apresentar uma breve revisão teórica sobre o estudo
da anatomia do corpo humano, compreender os mecanismos e as estruturas, sua
nomenclatura e localização anatômica, a fim de conhecer o corpo humano, interna e
externamente, e correlacionar a função dos órgãos conforme sua fisiologia.

A história da anatomia
Segundo Lacerda (2009), a história da anatomia foi proposta em 1981 pela American
Association of Anatomists, mas a primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomen-
clatura anatômica internacional ocorreu em 1895.

Nos congressos em 1933, 1936 e 1950, foram feitas revisões e, finalmente, em 1955,
em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de
PNA (Paris Nomina Anatomica) (LACERDA, 2009).

A anatomia é a análise da estrutura biológica, sua correlação com a função e com as


modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais (LA-
CERDA, 2009). Sabemos da etimologia de “anatomia” (ana – através de; tome – corte),
ciência que começa com o estudo do corpo humano a partir da dissecação de cadáveres
comparados com a dissecação de animais (dis – separar; secare – cortar). Era, e ainda é,
uma disciplina auxiliar da cirurgia, que antigamente era relativamente grosseira e recen-
temente tornou-se submicroscópica.

É possível estudá-la mesmo em pessoas vivas, por meio de técnicas de imagem, como a
radiografia, a endoscopia, a angiografia, a tomografia axial computadorizada, a tomo-
grafia por emissão de positrões, a imagem de ressonância magnética nuclear, a ecogra-
fia, a termografia, entre outras.

Então, a anatomia é a ciência que estuda a organização estrutural dos seres vivos, en-
quanto dissecar é um dos métodos dessa ciência.

62 Medicina do Trabalhol
Divisão do corpo humano

Figura 6.1: Corpo humano.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

O corpo humano é dividido em:

• Cabeça (crânio e face);

• Pescoço;

• Tronco (tórax, abdome e pelve);

• Membros (membros superiores: ombro, braço, antebraço e mão; membros inferio-


res: quadril, coxa, perna e pé).

Planos do corpo e posições


Para o estudo da anatomia, é muito importante conhecer as divisões do corpo humano
e para entendermos melhor as localizações chamadas de planos e posições.

Planos do corpo humano


Suponhamos que o indivíduo, em posição anatômica, esteja dentro de uma caixa de
vidro. As seis paredes que constituem a caixa representariam os planos tangenciais:

• Plano Superior: seria a parede que está por cima da cabeça. (PS)

Unidade 6 – Princípios de anatomia e fisiologia humana 63


• Plano Inferior: é o que se situa por baixo dos pés. (PI)

• Plano Anterior: é o plano que passa pela frente do corpo. (PA)

• Plano Posterior: é o que formaria o fundo do caixa, ou seja, atrás das costas. (PP)

• Planos Laterais: são as duas paredes laterais, que limitam os membros (superiores e
inferiores), do lado direito e esquerdo.

PS

PL
PL

PA
PP

PI

Figura 6.2: Planos no corpo humano.


Fonte: Freepik.

64 Medicina do Trabalhol
Quadro 6.1: Planos Seccionais.

1) Planos Sagitais: são planos verticais que passam através do


corpo, paralelos ao plano mediano.

2) Plano Mediano: plano vertical que passa longitudinalmente


através do corpo, dividindo-o em metades direita e esquerda.

3) Planos Frontais (Coronais): são planos verticais que passam


através do corpo em ângulos retos com o plano mediano,
dividindo-o em partes anterior (frente) e posterior (de trás).

4) Planos Transversos (Horizontais): são planos que passam


através do corpo em ângulos retos com os planos coronais e
mediano. Divide o corpo em partes superior e inferior.

Fonte: Adaptado de SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 21. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

Unidade 6 – Princípios de anatomia e fisiologia humana 65


Posição do corpo humano
A posição anatômica é uma posição de referência de como o corpo está numa posição
específica. Ela pode ser: em pé, posição ortostática ou bípede, com os membros superio-
res estendidos ao lado do tronco e as palmas das mãos voltadas para a frente. A cabeça
e os pés também estão apontados para a frente, e o olhar, para o horizonte.

Quadro 6.2: Posições do corpo humano.

Posição Supina ou Decúbito Dorsal – o corpo está deitado com a


face voltada para cima, as costas (dorso) em contato com a base.

Posição Prona ou Decúbito Ventral – o corpo está deitado com a


face voltada para o lado, para não obstruir vias aéreas, abdômen
para baixo, em contato com a base.

Decúbito Lateral – o corpo está deitado de lado. Pode ser laterali-


zado à direita ou à esquerda.

Posição de Litotomia – o corpo está deitado com a face voltada


para cima, com flexão de 90° de quadril e joelho, expondo o
períneo, e as costas em contato com a base.

Posição de Trendelemburg – o corpo está deitado com a face vol-


tada para cima, com a cabeça sobre a maca inclinada para baixo
cerca de 40º, e as costas em contato com a base.

Fonte: Adaptado de SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 21. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

66 Medicina do Trabalhol
Sistema locomotor
O sistema locomotor é formado pela combinação de dois sistemas que atuam juntos
para garantir uma grande quantidade de movimentos: o sistema muscular e o siste-
ma esquelético. Apesar de existirem diferentes tipos de tecidos musculares (o estriado
esquelético, o estriado cardíaco e o não estriado), apenas um está relacionado com a
movimentação do corpo e nossa postura: o tecido muscular esquelético.

O tecido muscular esquelético está ligado aos ossos e só se contrai após estímulos de-
sencadeados por terminações nervosas ligadas a cada fibra muscular, permitindo, assim,
a movimentação.

Estrutura óssea
O corpo humano possui 206 ossos divididos: 22 na cabeça, 3 ossículos do ouvido médio,
8 no pescoço, 37 no tórax, 7 no abdômen, 32 nos membros superiores, 31 nos membros
inferiores. São compostos por ossos e cartilagens, sendo que os ossos podem ser duros
e esbranquiçados, e as cartilagens, semirrígidas.

O esqueleto humano pode ser dividido em duas partes: Esqueleto Axial e Esqueleto
Apendicular.

O Esqueleto Axial é composto pelos ossos da cabeça, do pescoço e do tronco (caixa


craniana, coluna vertebral caixa torácica). O Esqueleto Apendicular é composto pelos
membros superiores e inferiores, unidos por meio das cinturas escapular (formada pelas
escápulas e clavículas) e pélvica (formada pelos ossos ilíacos).

Unidade 6 – Princípios de anatomia e fisiologia humana 67


Figura 6.3: Esqueleto axial e apendicular.
Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

Funções do sistema esquelético


• O sistema esquelético é formado por um conjunto de ossos e estruturas cartilaginosas
que formam o chamado esqueleto, tendo como função:

• Sustentação do organismo (apoio para o corpo);

• Proteção de estruturas vitais (coração, pulmões, cérebro);

• Base mecânica para o movimento;

• Armazenamento de sais (cálcio, por exemplo);

68 Medicina do Trabalhol
• Suprimento contínuo de células sanguíneas novas (hematopoiética).

Figura 6.4: Funções do esqueleto.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017) baseado em SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana.
21. ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan: 2000.

Cartilagens
A cartilagem, também conhecida como tecido cartilaginoso, é composta por uma matriz
gelatinosa formada principalmente por proteínas e carboidratos. É uma espécie de tecido
flexível, conectivo e elástico, localizado em várias partes do corpo, garantindo a redução
de impactos externos e atritos entre os ossos. Também serve para dar forma e sustenta-
ção a algumas partes do corpo, como nas orelhas e no nariz.

Na imagem a seguir, você pode visualizar a cartilagem, que é a parte esbranquiçada entre
os ossos, que serve para evitar atritos entre eles.

Tipos de cartilagem:

• Cartilagem hialina;

• Cartilagem fibrosa;

• Cartilagem elástica.

Unidade 6 – Princípios de anatomia e fisiologia humana 69


CARTILAGENS

Figura 6.5: Cartilagem.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017) baseado em SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana.
21. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

Articulações
O sistema de articulações é o ponto de contato entre os ossos. Temos diferentes tipos de
articulações: algumas que são bastante fortes e imóveis (conhecidas como sinartrose) e
outras que permitem movimentos por serem flexíveis (anfiartrose e diartrose).

Com relação à sua estrutura, as articulações podem ser classificadas em fibrosas (os ossos
são unidos por tecido conjuntivo fibroso), cartilaginosas (os ossos são unidos pela cartila-
gem) e sinoviais (possuem um espaço entre os ossos).

As bolsas sinoviais agem como amortecedores do impacto entre as articulações. Com o


avanço da idade, a produção de sinóvia nas articulações é diminuída. A partir daí, come-
çam a surgir os efeitos do envelhecimento nas articulações, que podem ser aumentados
tanto por fatores genéticos quanto pelo seu desgaste.

As articulações são divididas nos seguintes grupos, de acordo com sua estrutura e mobili-
dade:

• Fibrosas (sinartroses) ou imóveis;

• Cartilagíneas (anfiartroses) ou com movimentos limitados;

• Sinoviais (siartroses) ou articulações de movimentos amploss

70 Medicina do Trabalhol
Músculos
São estruturas individualizadas, que cruzam uma ou mais articulações e, pela contração
das fibras musculares, transmitem movimentos do corpo humano. Os músculos podem
ter contrações voluntárias ou involuntárias, controladas pelo sistema nervoso.

Funções dos músculos


Os músculos têm como função produzir movimentos como andar, deitar, ficar em pé,
correr ou ficar parado, além de ajudar a controlar órgãos internos como esfíncteres. Os
músculos lisos das paredes dos vasos sanguíneos regulam a intensidade do fluxo sanguí-
neo e, também, podem mover alimentos, urina e
gametas do sistema reprodutivo. Os músculos es-
queléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno
Para complementar seus estudos sobre a
do sangue para o coração. O tecido muscular se
anatomia e fisiologia humana, acesse: http://
contrai para produzir calor, e grande parte desse www.ebah.com.br/content/ABAAAfZtAAJ/
calor liberado é usada na manutenção da tempe- nocoes-anatomia-fisiologia-humana

ratura corporal.

Nesta unidade, você pôde ver parte da composição anatômica do corpo humano. Foi
apresentada uma base estrutural do funcionamento das articulações musculares e ósse-
as, pois é importante ter conhecimento da estrutura humana e saber dos cuidados aos
riscos ambientais, ergonômicos, biológicos, físicos e químicos. Você pôde ver que ossos,
músculos, cartilagens são estruturas dependentes umas das outras; viu, também, a im-
portância do bom funcionamento delas para a sustentação do corpo humano.

Pratique
Agora que você conhece a anatomia, a parte da Biologia que estuda a forma e a estru-
tura dos seres vivos, e sabe que os ossos são articulados com o auxílio dos músculos,
descreva algumas funções dos músculos para a atividade diária do ser humano.

Unidade 6 – Princípios de anatomia e fisiologia humana 71


Unidade

7 Principais doenças ocupacionais


e suas estatísticas

Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).


Nesta unidade, você verá, resumidamente, aspectos conceituais sobre as formas de
adoecimento dos trabalhadores e de sua relação com o trabalho (nexo causal).

O estabelecimento do nexo causal entre a doença e a atividade atual ou pregressa do


trabalhador representa o ponto de partida para o diagnóstico e a terapêutica correta.

Existem algumas doenças que são causadas especificamente pela exposição a produtos
tóxicos. O trabalhador, ao buscar atendimento médico, deve relatar a função que exerce
para que o médico possa diagnosticar o tipo de intoxicação a qual ele foi exposto, legal-
mente reconhecido, por exemplo: chumbo, silicose etc.

Existem atividades que acometem o trabalhador silenciosamente, que são os Distúrbios


Ocupacionais Relacionados ao Trabalho (DORT), como: doença coronariana; câncer; de-
pressão, desencadeada muitas vezes por estresse; assédio moral; problemas ergonômi-
cos, no caso de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) ou doenças do aparelho locomotor,
como as varizes dos membros inferiores etc.

Há, ainda, as doenças provocadas por distúrbios latentes ou agravador de doenças prees-
tabelecidas, as quais são provocadas pela atividade exercida ou pela baixa imunidade do
trabalhador, como: bronquite crônica, asma, dermatite de contato, alergias a produtos
químicos menos tóxicos, doenças mentais.

Qualquer médico que suspeite de uma doença profissional deve:

• Notificar ao Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN);

• Notificar à autoridade sanitária, por meio dos instrumentos específicos, de acordo


com a legislação da saúde, estadual e municipal, viabilizando os procedimentos da
vigilância em saúde;

• Comunicar à Delegacia Regional do Trabalho


(DRT/MTE) e ao sindicato da categoria a que A Pesquisa Nacional de Saúde traz
o trabalhador pertence, para a elaboração de dados relevantes sobre os DORT, os quais
apresentam relatos de limitações das
laudos, atendendo todas as disposições en- atividades diárias, dificuldade em trabalhar,
quadradas para a observância da aplicabili- ir ao trabalho, realizar afazeres domésticos
e de autocuidado, como vestir-se e tomar
dade legal, independentemente da existência banho.
de vínculo empregatício formal ou espécie de
vínculo.

74 Medicina do Trabalho
A seguir, relacionaremos algumas doenças ocupacionais e o fator desencadeante, mas,
primeiramente, você precisa saber o que significa CID e como são classificadas as doenças.

A Classificação Internacional de Doenças (CID) é publicada pela Organização Mundial de


Saúde (OMS) e é usada globalmente para estatísticas de morbilidade e de mortalidade,
sistemas de reembolso e de decisões automáticas de suporte em Medicina. O sistema foi
desenhado para permitir e promover a comparação internacional da coleção, processa-
mento, classificação e apresentação do tipo de estatísticas supracitado.

Principais doenças ocupacionais


no Brasil e suas causas
A seguir, veja quais são as doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho, de
acordo com a Portaria/MS nº 1.339/1999:

• Tuberculose (A15- e A19.-);

• Carbúnculo (Antraz) (A22.-);

• Brucelose (A23.-);

• Leptospirose (A27.-);

• Tétano (A35.-);

• Psitacose, ornitose, doença dos tratadores de aves (A70.-);

• Dengue (dengue clássica) (A90.-);

• Febre amarela (A95.-);

• Hepatites virais (B15- e B19.-);

• Doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) (B20- e B24.-);

• Candidíase (B37.-);

Unidade 7 – Principais doenças ocupacionais e suas estatísticas 75


• Paracoccidioidomicose (blastomicose sul americana, blastomicose brasileira, Doença
de Lutz) (B41.-);

• Malária (B50- e B54.-);

• Leishmaniose cutânea (B55.1) ou leishmaniose cutâneo-mucosa (B55.2).

Neoplasias (tumores) relacionadas ao trabalho


(Grupo II - CID-10)
O termo “tumores” ou “neoplasias” designa um grupo de doenças caracterizadas pela
perda de controle do processo de divisão celular, por meio do qual os tecidos normal-
mente crescem e/ou se renovam, levando à multiplicação celular desordenada além de
crescimento desordenado.

O câncer pode surgir como consequência da exposição a agentes carcinogênicos pre-


sentes no ambiente onde se vive e trabalha, decorrentes do estilo de vida e de fatores
ambientais produzidos ou alterados pela atividade humana. Segundo dados do Instituto
Nacional de Câncer (INCA, 1995), estima-se que 60 a 90% dos cânceres ocorrem devido
à exposição a fatores ambientais. Em cerca de 30% dos casos, não tem sido possível
identificar a causa do câncer, sendo atribuída a fatores genéticos e mutações espontâ-
neas.

Para diminuir o risco de exposição, a legislação brasileira e de outros países estabelece-


ram limites de tolerância para diversas substâncias carcinogênicas, apesar de não existi-
rem níveis seguros de exposição.

Cânceres relacionados ao trabalho


A vigilância efetiva do câncer ocupacional é feita sobre os processos e atividades do
trabalho com potencial carcinogênico, ou seja, dos riscos ou das exposições. Diferem de
outras doenças ocupacionais, entre outros, pelos seguintes aspectos:

• Existem muitos tipos de cânceres;

• Os cânceres, em geral, desenvolvem-se muitos anos após o início da exposição, mes-

76 Medicina do Trabalho
mo após a cessação da exposição;

• Os cânceres ocupacionais não diferem, em suas características morfológicas e histo-


lógicas, dos demais cânceres;

• Em geral, existem exposições combinadas e/ou concomitantes. Por outro lado, têm
em comum com outras doenças ocupacionais a dificuldade de relacionar as exposi-
ções à doença e o fato de que são, em sua grande maioria, preveníveis.

Lista de neoplasias (tumores malignos) relacionadas ao trabalho, de acordo com a Porta-


ria/MS nº 1.339/1999:

• Neoplasia maligna do estômago (C16.-);

• Angiossarcoma do fígado (C22.3);

• Neoplasia maligna do pâncreas (C25.-);

• Neoplasia maligna da cavidade nasal e dos seios paranasais (C30- e C31.-);

• Neoplasia maligna da laringe (C32.-);

• Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão (C34.-);

• Neoplasia maligna dos ossos e cartilagens articulares dos membros (inclui sarcoma
ósseo) (C40.-);

• Outras neoplasias malignas da pele (C44.-);

• Mesoteliomas (C45.-): da pleura (C45.0), do peritônio (C45.1) e do pericárdio (C45.2);

• Neoplasia maligna da bexiga (C67.-);

• Leucemias (C91- e C95.-).

Unidade 7 – Principais doenças ocupacionais e suas estatísticas 77


Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos
relacionadas ao trabalho
O sistema hematopoético constitui um complexo formado pela medula óssea, por outros
órgãos hemoformadores e pelo sangue.

Veja a lista de doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos relacionadas ao traba-


lho, de acordo com a Portaria/MS nº 1.339/1999:

• Síndromes mielodisplásicas (D46.-);

• Outras anemias devidas a transtornos enzimáticos (D55.8);

• Anemia hemolítica adquirida (D59.-);

• Anemia aplástica devida a outros agentes externos (D61.2) e anemia aplástica não
especificada (D61.9);

• Púrpura e outras manifestações hemorrágicas (D69.-);

• Agranulocitose (neutropenia tóxica) (D70);

• Outros transtornos especificados dos glóbulos brancos: leucocitose, reação leucemoi-


de (D72.8);

• Metahemoglobinemia (D74.-).

Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas


relacionadas ao trabalho
Os efeitos ou danos sobre os sistemas endócrino, nutricional e metabólico, decorrentes
da exposição ambiental e ocupacional a substâncias e agentes tóxicos, são, ainda, pouco
conhecidos.

Veja a lista de doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas ao trabalho,


de acordo com a Portaria/MS nº 1.339/1999:

78 Medicina do Trabalho
• Hipotireoidismo devido a substâncias exógenas (E03.-);

• Outras porfirias (E80.2).

Transtornos mentais e do comportamento


relacionados ao trabalho (Grupo V da CID-10)
Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos mentais
menores acometem cerca de 30% dos trabalhadores ocupados, e os transtornos mentais
graves, cerca de 5 a 10%. Há a necessidade de propor medidas preventivas ou soluções
nos ambientes de trabalho, verificar os nexos causais entre os problemas de saúde e o
exercício das atividades laborais, inclusive com a inclusão de psicólogos do trabalho nas
perícias realizadas pelos trabalhadores que apresentam queixas de transtornos mentais.

De acordo com o Manual de Doenças Relacionadas ao Trabalho (2001), esse transtorno


consiste em uma resposta a eventos ou situações estressantes de trabalho de natureza
excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica e que causariam extrema angústia nas
pessoas a eles expostas. São trabalhadores submetidos a atividades de alto risco e que
sofreram ou presenciaram acidentes graves, profissionais responsáveis por vidas huma-
nas, como aqueles que atuam em sistemas de transporte, além daqueles que trabalham
expostos ao risco de perder a própria vida, como bombeiros, policiais, ou que podem
sofrer assaltos, como os bancários.

Lista de transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, de acordo


com a Portaria/MS n° 1.339/1999:

• Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais (F02.8);

• Delirium, não sobreposto à demência, como descrita (F05.0);

• Transtorno cognitivo leve (F06.7);

• Transtorno orgânico de personalidade (F07.0);

• Transtorno mental orgânico ou sintomático não especificado (F09.-);

• Alcoolismo crônico (relacionado ao trabalho) (F10.2);

Unidade 7 – Principais doenças ocupacionais e suas estatísticas 79


• Episódios depressivos (F32.-);

• Estado de estresse pós-traumático (F43.1);

• Neurastenia (inclui síndrome de fadiga) (F48.0);

• Outros transtornos neuróticos especificados (inclui neurose profissional) (F48.8);

• Transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos (F51.2);

• Sensação de estar acabado (síndrome de burn-out, síndrome do esgotamento pro-


fissional) (Z73.0).

Doenças do sistema nervoso relacionadas ao


trabalho (Grupo VI da CID-10)
Alguns autores consideram que o principal fator gerador de estresse no meio ambien-
te de trabalho decorre dos aspectos da organização, da administração, do sistema de
trabalho e da qualidade das relações humanas. O estresse ocupacional, a ausência de
controle sobre o próprio trabalho também pode contribui para o aumento de sentimento
de insatisfação profissional, podendo interferir na Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)
dos profissionais.

Lista de doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/


MS nº 1.339/1999:

• Ataxia cerebelosa (G11.1);

• Parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos (G21.2);

• Outras formas especificadas de tremor (G25.2);

• Transtorno extrapiramidal do movimento não especificado (G25.9);

• Distúrbios do ciclo vigília-sono (G47.2);

• Transtornos do nervo trigêmeo (G50.-);

80 Medicina do Trabalho
• Transtornos do nervo olfatório (inclui anosmia) (G52.0);

• Transtornos do plexo braquial (síndrome da saída do tórax, síndrome do desfiladeiro


torácico) (G54.0);

• Mononeuropatias dos membros superiores (G56.-): síndrome do túnel do carpo


(G56.0); outras lesões do nervo mediano: síndrome do pronador redondo (G56.1);
síndrome do canal de Guyon (G56.2); lesão do nervo cubital (ulnar): síndrome do
túnel cubital (G56.2); compressão do nervo supraescapular (G56.8);

• Mononeuropatias do membro inferior (G57.-): lesão do nervo poplíteo lateral (G57.3):


polineuropatia devida a outros agentes tóxicos (G62.2) e polineuropatia induzida pela
radiação (G62.8);

• Encefalopatia tóxica aguda (G92.1).

Doenças do olho e anexos relacionadas ao


trabalho (Grupo VII da CID-10)
O aparelho visual é vulnerável à ação de inúmeros fatores de risco para a saúde, como
agentes mecânicos (corpos estranhos, ferimentos contusos e cortantes), agentes físicos
(temperaturas extremas, eletricidade, radiações ionizantes e não ionizantes), agentes
químicos, agentes biológicos (picadas de marimbondo e pelo de lagarta) e o esforço que
leva à astenopia induzida por algumas atividades de monitoramento visual.

Lista de doenças do olho e anexos relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/


MS nº 1.339/1999:

• Blefarite (H01.0);

• Conjuntivite (H10);

• Queratite e queratoconjuntivite (H16);

• Catarata (H28);

• Inflamação coriorretiniana (H30);

Unidade 7 – Principais doenças ocupacionais e suas estatísticas 81


• Neurite óptica (H46);

• Distúrbios visuais subjetivos (H53).

Doenças do ouvido relacionadas ao trabalho


(Grupo VIII da CID-10)
As doenças otorrinolaringológicas relacionadas ao trabalho são causadas por agentes ou
mecanismos irritativos, alérgicos e/ou tóxicos. No ouvido interno, os danos decorrem da
exposição a substâncias neurotóxicas e fatores de risco de natureza física, como ruído,
pressão atmosférica, vibrações e radiações ionizantes. Os agentes biológicos estão fre-
quentemente associados às otites externas, aos eventos de natureza traumática e à lesão
do pavilhão auricular.

A Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) é um dos problemas de saúde relacionados
ao trabalho mais frequentes em todo mundo.

Veja a lista de doenças do ouvido relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/


MS nº 1.339/1999:

• Otite média não supurativa (barotrauma do ouvido médio) (H65.9);

• Perfuração da membrana do tímpano (H72 ou S09.2);

• Outras vertigens periféricas (H81.3);

• Labirintite (H83.0);

• Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico (H83.3);

• Hipoacusia ototóxica (H91.0);

• Otalgia e secreção auditiva (H92.-);

• Outras percepções auditivas anormais: alteração temporária do limiar auditivo, com-


prometimento da discriminação auditiva e hiperacusia (H93.2);

82 Medicina do Trabalho
• Otite barotraumática (T70.0);

• Sinusite barotraumática (T70.1);

• Síndrome devida ao deslocamento de ar de uma explosão (T70.8).

Doenças do sistema circulatório relacionadas ao


trabalho (Grupo IX da CID-10)
O aumento dramático da ocorrência de transtornos agudos e crônicos do sistema car-
diocirculatório na população faz com que as relações das doenças com o trabalho me-
reçam maior atenção. Observa-se, por exemplo, que a literatura médica e a mídia têm
dado destaque às relações entre a ocorrência de infarto agudo do miocárdio, a doença
coronariana crônica e a hipertensão arterial com situações de estresse e a condição de
desemprego, entre outras. No Brasil, as doenças cardiovasculares representam a primeira
causa de óbito, correspondendo a cerca de um terço de todas as mortes. A participação
das doenças cardiovasculares na mortalidade do país vem crescendo desde meados do
século XX (BRASIL, 2001).

Lista de doenças do sistema circulatório relacionadas ao trabalho, de acordo com a Por-


taria/MS nº 1.339/1999:

• Hipertensão arterial (I10.-) e doença renal hipertensiva ou nefrosclerose (I12);

• Angina pectoris (I20.-);

• Infarto agudo do miocárdio (I21);

• Cor pulmonale SOE ou doença cardiopulmonar crônica (I27.9);

• Placas epicárdicas ou pericárdicas (I34.8);

• Parada cardíaca (I46);

• Arritmias cardíacas (I49.-);

• Aterosclerose (I70.-) e doença aterosclerótica do coração (I25.1);

Unidade 7 – Principais doenças ocupacionais e suas estatísticas 83


• Síndrome de Raynaudg (I73.0);

• Acrocianose e acroparestesia (I73. 8).

Nesta unidade, você pôde ver algumas das patologias relacionadas ao trabalho. Seria
necessário um livro inteiro para poder abordar com mais profundidade esse assunto e,
mesmo assim, não conseguiríamos esgotar todo o assunto.

Dentro de um ambiente de trabalho, alguns colaboradores podem ou não desenvolver


doenças ocupacionais. Como vimos, isso depende da sua resistência e da relação com as
condições de trabalho.

Esse estudo vem a contribuir para a definição de um perfil de morbimortalidade dos tra-
balhadores e para a orientação do planejamento, da execução e da avaliação das ações,
a fim de promover, proteger e recuperar a saúde dos trabalhadores e a segurança no
trabalho por parte dos empregadores.

Pratique
Por que é importante classificar as doenças e os problemas de saúde relacionados ao
trabalho, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID)?

84 Medicina do Trabalho
Unidade 7 – Principais doenças ocupacionais e suas estatísticas 85
Unidade

8 Estudo da NR 32: segurança e saúde


no trabalho em estabelecimentos de
assistência em saúde

Fonte: © Aile Sagligi Merkezi / Flickr.


Nesta unidade, você estudará sobre a NR-32, o que essa norma aborda, quais são
as suas orientações, os objetivos e o campo de atuação e como devem ser feitos os
tratamentos de resíduos. Veremos, também, um breve relato dos EPIs que são neces-
sários para a prevenção e os cuidados de saúde.

Como a própria NR descreve, trata-se de norma regulamentadora de segurança e saúde


no trabalho e orienta a devida assistência ao trabalhador quanto às normas e aos proce-
dimentos em casos de acidentes biológicos no trabalho.

A NR-32 é a norma que cuida da saúde dos profissionais da área de saúde. É a maior que
observamos, pois abrange vários aspectos de ocorrências e dá suporte a várias outras
NRs.

Pesquisas apontam que a área da saúde ocupa o primeiro lugar no ranking de acidentes
com matérias biológicos.

Objetivo geral e campo de


aplicação
O objetivo principal é estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas
de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como
daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

Medidas de proteção devem ser adotadas, devido à probabilidade da exposição ocu-


pacional a agentes biológicos, em vários ramos de atividades. A partir do resultado de
investigação do ambiente ocupacional, o empregador deve realizar a capacitação dos
empregados, fornecer instruções escritas das normas e das rotinas realizadas no local
de trabalho, registrar por meio de documentos toda informação prestada, especificar o
Mapa de Risco e anexá-lo em local de fácil acesso visual, conforme orientação do Progra-
ma de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).

Nos serviços de saúde, o empregador deve fornecer gratuitamente um programa de imu-


nização ativa contra tétano, difteria e hepatite B, conforme estabelecido no Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

88 Medicina do Trabalho
Figura 8.1: Exposição a doenças através de lixos.
Fonte: © Hello Turkey Toe/ Everystockphoto.

Riscos para os trabalhadores do serviço de


limpeza
Hoje em dia, a produção de lixo toma proporções alarmantes e é um problema sério
para o meio ambiente, a gestão ambiental e os trabalhadores de limpeza pública. São
toneladas de lixo produzidas diariamente, o qual demora décadas para ser decomposto,
e mesmo o orgânico contamina o solo ou entope bueiros e rios em todas as cidades.

A coleta é uma tarefa executada por profissionais em limpeza urbana, porém a participa-
ção de todos é muito importante, descartando e separando o lixo produzido.

Para sabermos sobre o tratamento de lixo, precisamos conhecer a reciclagem, que tem
como principal objetivo: reduzir, reutilizar e reciclar (3Rs), diminuindo os impactos am-
bientais.

Unidade 8 – Estudo da NR 32: segurança e saúde no trabalho em 89


estabelecimentos de assistência em saúde
Formas de tratamento de resíduos

Figura 8.2: Resíduos sem tratamento.


Fonte:CC0 Public Domain / Pixabay.

As formas de tratamento do lixo são: reciclagem, compostagem, aterro sanitário e inci-


neração.

Reciclagem: todo lixo produzido, após sua coleta, passa por um processo de separação.
Alguns podem ser reutilizados como matéria-prima na produção de novos produtos.

Compostagem: constitui-se no processo biológico de decomposição da matéria orgâni-


ca contida em restos de origem animal ou vegetal. Sua aplicação diminui riscos ao meio
ambiente.

Aterro sanitário: é a forma de disposição final de resíduos sólidos no solo em local


apropriado, segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos
à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais.

Incineração: é o processo de redução de peso e volume do lixo pela combustão con-


trolada. A incineração é utilizada, atualmente no Brasil, apenas para o tratamento de
resíduos hospitalares e industriais.

90 Medicina do Trabalho
Lixo hospitalar

Figura 8.3: Lixo hospitalar.


Fonte: © ‫ نیمرآ‬/ Wikimedia Commons.

A resolução Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) n° 006 de 19/09/1991


desobrigou a incineração ou qualquer outro tratamento de queima dos resíduos sólidos.
Essa medida se deu por conta da eliminação de gases na atmosfera, gases tóxicos como
a dioxina e outros metais pesados que se produz.

Além da separação de lixo para reciclagem, o lixo hospitalar requer critérios de separação
mais minuciosos. Por se tratar de lixo potencialmente infectante, o treinamento de fun-
cionários para essa função é uma exigência do Conama.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi-


sa) é o órgão que tem a função de “regulamentar,
controlar e fiscalizar os produtos e serviços que Em todo posto de trabalho em que
envolvem riscos à saúde pública” (Lei n. 9.782/99, forem encontrados perfurocortantes
misturados ao lixo comum, o fato deve
capítulo II, art. 8). Em 2003, foi promulgada a Re- ser levado imediatamente à Comissão de
solução de Diretoria Colegiada (RDC Anvisa) n. Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e
ao SESMT da empresa, para que se tomem
33/03, que dispõe sobre o regulamento técnico
medidas de correção.
para o gerenciamento de resíduos de serviços de
saúde.

Unidade 8 – Estudo da NR 32: segurança e saúde no trabalho em 91


estabelecimentos de assistência em saúde
O lixo hospitalar é classificado em 5 grupos:

Grupo A (potencialmente infectantes) – agentes biológicos que apresentem risco de


infecção. Exemplo: bolsas de sangue contaminado.

Grupo B (químicos) – pode ter características inflamáveis, de corrosividade, reatividade


e toxicidade. Exemplo: medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para labora-
tório e substâncias para revelação de filmes de raio-X.

Grupo C (rejeitos radioativos) – materiais que contenham radioatividade em carga acima


do padrão e que não possam ser reutilizados. Exemplo: exames de medicina nuclear.

Grupo D (resíduos comuns) – qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa
provocar acidentes. Exemplo: gesso, luvas, gazes, materiais passíveis de reciclagem e
papéis.

Grupo E (perfurocortantes) – objetos e instrumentos que possam furar ou cortar. Exem-


plo: lâminas, bisturis, agulhas e ampolas de vidro, quando despejados de forma incorreta
em aterros sanitários comuns, trazem um grande risco aos catadores de lixo.

Figura 8.4: Destino correto para resíduos.


Fonte: © Trashcam Project / Flickr.

Equipamentos de Proteção Individual (EPI)


Treinamentos sobre forma correta de uso de produtos e EPI são indispensáveis para evitar
ou controlar os riscos.

92 Medicina do Trabalho
Alguns funcionários insistem para não usar EPI e causam transtorno para o bom fun-
cionamento da instituição e a diminuição de índices de infecção hospitalar, sendo um
transtorno para a equipe de SESMT, CCIH e CIPA. Daí a necessidade e a responsabilidade
da equipe de gestão hospitalar (administradores, SESMT, CCIH, CIPA) e funcionários,
enfim, todos os colaboradores do hospital na prevenção por meio de treinamentos e pa-
lestras para a conscientização e bons resultados em médio e longo prazo, enfim, devem
estar unidas pela causa “prevenção”; assim, há chance de melhores resultados, e todos
ganham com isso.

Tipos de EPIs:

• Máscaras PFF2 ou N-95 etc.: para controlar a exposição a riscos biológicos e produ-
tos químicos que se locomovem ou foram lançados no ar.

• Luvas de látex: para evitar contato direto com produtos químicos usados na desin-
fecção de materiais cirúrgicos, por exemplo.

• Avental: para evitar contato com umidade e produtos químicos nocivos à saúde.
Para evitar que o funcionário fique molhado nos serviços em que é preciso jogar (lan-
çar) água em distâncias médias e longas.  

• Avental de contato: para evitar contaminação com pacientes infectados e ou evitar


contaminação transversal (contaminação de um paciente para outro paciente).

• Calçado fechado: para evitar contato com produtos químicos usados na desinfec-
ção, materiais biológicos etc.

• Touca: não é considerado EPI, mas é muito importante para evitar que os cabelos
passem em locais contaminados e com isso sirvam de ponte para transmissão de
doenças, bactérias, vírus.

• Luva de PVC: para serviços de desinfecção de materiais cirúrgicos, por exemplo.

• Óculos ou viseira: para evitar contato com partículas químicas ou biológicas lança-
das ou dispersas no ambiente.  

• Calçado fechado (NR 32.2.4.5): para evitar queda em piso molhado, choques e
contato com produtos químicos, materiais biológicos, etc.

Unidade 8 – Estudo da NR 32: segurança e saúde no trabalho em 93


estabelecimentos de assistência em saúde
• Bota de PVC: indicado para serviços como lavagem de banheiros, pisos. Serve tam-
bém para evitar contato com umidade. ( Fonte: http://segurancadotrabalhown.com/
riscos-no-ambiente-hospitalar-nr-32-2)

Lembre-se:
Ninguém faz segurança do trabalho sozinho. Para conseguir bons resultados, é ne-
cessária a colaboração de todos, como administradores, SESMT, CCIH, CIPA, enfim,
todos os funcionários devem estar unidos pela causa “prevenção”. Assim, a chance
de melhores resultados aumenta e muito. Todos ganham com isso.

Nesta unidade, você pôde ver a importância de prover ambientes de trabalho com a
segurança necessária à proteção da integridade física e mental dos trabalhadores e à
valorização da vida em contraposição aos interesses imediatos do capital e do mercado.

Revisamos medidas técnicas de proteção coletiva e individual que devem ser adotadas
nas empresas para a segurança do trabalhador, conforme normas da Anvisa, com des-
carte correto de lixos hospitalares ou domiciliares, com inspeção, análise e investigação
de incidentes e acidentes.

São necessárias ações didáticas e educativas destinadas à sensibilização para a prevenção


de acidentes do trabalho e para prevenir riscos ambientais, principalmente para os traba-
lhadores que fazem coletas e reciclagem de lixo.

Em primeiro lugar, cuide de você!

Lembre-se:

• Evite contato direto (toques) com pessoas portadoras de doenças infectocontagio-


sas sem o uso dos EPIs que foram indicados para o setor de trabalho;

• Respeite sempre a distância necessária;

• Ao manusear lixo hospitalar, tenha cuidado e use EPIs que garantam sua segurança;

• Não reencape agulhas e perfurocortantes, que devem ser descartados em recipiente próprio.

Se cada um cuidar de si e fizer uso correto dos EPIs, todos ficarão protegidos.

94 Medicina do Trabalho
Pratique
Imagine que você foi contratado para trabalhar em uma instituição hospitalar. Como
você deve proceder para não ser contaminado? Em caso de acidente com perfurocortan-
tes, quais doenças podem ser contraídas? Em que tipo de contaminação e classificação
se enquadra esse acidente?

Unidade 8 – Estudo da NR 32: segurança e saúde no trabalho em 95


estabelecimentos de assistência em saúde
Unidade

9 PCMSO (Programa de Controle


Médico de Saúde Ocupacional) NR 07

Fonte: CC0 Public Domain


Nesta unidade, você conhecerá o que é Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO) e quais ações esse programa realiza. Também verá o que é o
Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) e para que ele serve. E, ainda, conhecerá quais
são os procedimentos e as condutas a serem adotados pelas empresas em função dos
riscos aos quais os empregados se expõem no ambiente de trabalho.

Legislação: Norma Regulamentadora - NR 07

“... estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos


os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de
promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores."

Programa de Controle Médico


de Saúde Ocupacional (PCMSO)
O PCMSO tem por objetivo a promoção e a preservação da saúde do trabalhador, o que
caracteriza a atuação da medicina do trabalho dentro das empresas públicas ou priva-
das. Deve ser elaborado pelo médico do trabalho, a partir de conhecimento prévio das
atividades exercidas Programa Nacional de Atividades (PNA). Ele deve conhecer e propor
medidas relativas aos aspectos biológicos, ambientais, ao estilo de vida dos indivíduos e
da coletividade, juntamente com os profissionais de segurança do trabalho, engenheiro
e técnicos de segurança. O PCMSO é exigido para todos os empregadores ao contratar
empregados para realizar atividades laborais dentro das empresas.

NR-7.1.1. Essa Norma Regulamentadora estabelece a obrigatoriedade de elaboração


e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocu-
pacional (PCMSO), com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto
dos seus trabalhadores.

O PCMSO está inserido no SESMT e anexado ao setor de recursos humanos, haja vista
ser um serviço de saúde e segurança da medicina do trabalho, pelo qual são realizados

98 Medicina do Trabalho
alguns exames médicos obrigatórios, como:

1. Admissional;

2. Periódico;

3. Retorno ao trabalho;

4. Mudança de função;

5. Demissional.

Ação realizada pelo PCMSO


O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional visa acompanhar a saúde do
trabalhador desde que ele é admitido no órgão, empresa ou instituição, até a sua saída
definitiva. Deve ser realizado o exame admissional antes que o trabalhador assuma suas
atividades. Conforme a NR 32.2.3.4, o PCMSO deve estar à disposição dos trabalhado-
res, bem como da inspeção do trabalho. No caso de auditoria ou fiscalização do Ministé-
rio do Trabalho, servirá também como respaldo nos casos de ações judiciais.

Esse programa deve exercer 5 (cinco) atividades (consulta/exame) essenciais, que são:

1. Na admissão: o médico do trabalho solicita exames de sangue para diagnosticar


hepatite, HIV, tétano, diabetes, anemias, entre outras, dependendo do exercício pro-
fissional; ECG (eletrocardiograma), que verifica sinais vitais (SSVV); solicita exame de
vista; audiometria; e realiza anamnese para saber história pregressa da saúde do tra-
balhador. Conforme o resultado dos exames e a consulta, julga-se estar apto ou não
para a função qualificada.

2. No exame periódico: é realizado durante o período em que o trabalhador está exer-


cendo função para qual foi classificado. Geralmente, são períodos pré-determinados,
e o empregado é avisado antecipadamente que sua presença é obrigatória, alterada
somente com autorização da chefia imediata ou se houver alguma intercorrência
em que nova data será remarcada. Se, porventura, for constatada alguma doença,

Unidade 9 – PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) NR 07 99


verificar-se-á se tem nexo com o trabalho. Nesse caso, deve ser encaminhado para
tratamento e emitido a CAT; passados 15 dias, será encaminhado ao INSS.

3. Retorno ao trabalho: é solicitado após o período de férias do trabalhador ou afas-


tamento de licença médica para tratamento de saúde. Essa ação é necessária devido
ao fato de que alguns trabalhadores, quando tiram férias, muitas vezes fazem “tra-
balho extra” que pode causar algum tipo de doença que vem acometer problema no
retorno da função exercida.

4. Mudança de função: solicitado quando o trabalhador passa de um setor ou função


para outro, é necessário para saber se ele estará apto ou não para nova função e para
verificar se a função anterior não causou algum tipo de doença ocupacional. Chama-
-se nexo causal, como vimos nos capítulos anteriores.

NR 32.2.3.2 Sempre que houver transferência permanente ou ocasional de um traba-


lhador para um outro posto de trabalho, que implique em mudança de risco, ela deve
ser comunicada de imediato ao médico coordenador ou responsável pelo PCMSO.

5. Demissional: é realizado quando o funcionário é demitido ou pede demissão. Esse


exame é muito importante, tanto para o empregado para saber se o trabalho não lhe
proporcionou doença ocupacional, quanto para o empregador, para se respaldar de
qualquer processo trabalhista referente à doença ocupacional e atestar para novos
empregadores que o funcionário se encontra em condições normais de saúde.

Importante! Consta na NR 7.4.3.5.3.:

Por determinação do Delegado Regional do Trabalho, com base em parecer técnico con-
clusivo da autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde do traba-
lhador, ou em decorrência de negociação coletiva, as empresas poderão ser obrigadas
a realizar o exame médico demissional independentemente da época de realização de
qualquer outro exame, quando suas condições representarem potencial de risco grave
aos trabalhadores.

7.4.5. Os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avaliação clínica e exames com-
plementares, as conclusões e as medidas aplicadas deverão ser registrados em prontuário
clínico individual, que ficará sob a responsabilidade do médico-coordenador do PCMSO.

100 Medicina do Trabalho


Atestado de Saúde
Ocupacional (ASO)
Após realizados todos os exames solicitados pelo médico do trabalho, descritos no PCM-
SO, após vistoria e laudo técnico da empresa, esses dados são anotados em uma ficha
técnica definida e enviada ao setor de RH da empresa, em que os dados dos trabalhado-
res e resultado de exames são anotados.

É um documento muito importante, porque atesta a realidade da saúde do trabalhador


no momento de contratação para o serviço, principalmente porque, na ansiedade de
pleitear a vaga, muitas vezes o empregado oculta algum relato importante sobre a sua
saúde, que pode vir a piorar com o passar do tempo ou lhe impedir de exercer a função
para a qual foi classificado.

Por essa razão, o atestado deve ser fornecido sempre dentro do contexto já determinado
do PCMSO, formalizado pelo médico que realizará os exames necessários e, no final,
emitir o ASO, em que deve conter os seguintes dados, conforme NR 7.4.4.3:

a) nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade e sua função;

b) os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na atividade do


empregado, conforme instruções técnicas expedidas pela Secretaria de Segurança e
Saúde no Trabalho (SSST);

c) indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, incluindo


os exames complementares e a data em que foram realizados;

d) nome do médico coordenador, quando houver, com respectiva inscrição no Conselho


Regional de Medicina (CRM);

e) definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador exercerá;

f) nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato;

g) data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número


de inscrição no CRM.

Conforme a NR 7.4.4, para cada exame médico realizado dentro da rotina do PCMSO, o
médico emitirá o ASO em pelo menos duas vias. A primeira via ficará arquivada no local
de trabalho do trabalhador (inclusive em canteiros de obras e frentes de serviço), e a se-
gunda via será entregue ao trabalhador, mediante recibo na primeira via.

Unidade 9 – PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) NR 07 101


Ao assinar um Atestado de Saúde Ocupacional, o médico do trabalho deve estar familia-
rizado com a patologia ocupacional, conhecer o local de trabalho e os riscos envolvidos
na atividade de quem está sendo examinado, para poder determinar com segurança a
aptidão ou não daquele trabalhador.

Esse é um documento com valor legal, no qual atesta que aquele trabalhador, naquela
data, apresentava determinada condição de trabalho ou sua incapacidade para o mesmo
trabalho, assumindo a responsabilidade por essa afirmativa.

Esse documento deve estar de acordo com o PCMSO, o qual, por sua vez, baseia-se num
Programa de Prevenções de Riscos Ambientais (PPRA) bem realizado, que determine com
exatidão os riscos ocupacionais presentes nos locais de trabalho daquela empresa.

A finalidade dos exames ocupacionais para o empregador resulta na redução do ab-


senteísmo motivado por doenças, na redução de acidentes potencialmente graves, na
garantia de empregados mais adequados à função, com melhor desempenho, além das
implicações legais. Para os empregados, proporciona condições de saúde para o de-
sempenho da função, minimizando a chance de arbitrariedades em caso de doença ou
acidente.

Pratique
Qual é a importância e para que servem o PCMSO e o ASO dentro das empresas públicas
ou privadas?

102 Medicina do Trabalho


Unidade 9 – PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) NR 07 103
Unidade

10 Noções de primeiros socorros

Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).


Nesta unidade, você terá uma breve noção de algumas ações de primeiros socorros.
Também verá como relacionar as atividades dos profissionais de saúde ocupacional
com os profissionais de segurança ocupacional, sabendo que um depende do outro
para investigar, prevenir e precaver acidentes no ambiente de trabalho ou fora dele.

Para o dia a dia do trabalhador, você verá alguns conhecimentos e técnicas a serem
realizados para cada situação de urgência ou emergência. Ainda verá o uso adequado
dos materiais e equipamentos, pois sabemos que é muito importante ter conhecimento
básico em atendimento de socorro, principalmente nos locais de riscos para a saúde,
riscos ambientais, ergonômicos, físicos, químico, biológicos, presentes nos ambientes de
trabalho.

É importante saber que omitir socorro ou deixar de prestar assistência quando possível
fazê-lo sem risco pessoal pode ser imputado como crime de omissão de socorro, prevista
na Lei 135 do Código Penal, sob pena de detenção de um ano a seis meses ou multa,
podendo triplicar para três anos no caso de morte da vítima.

Precauções gerais
Como já foi dito durante este estudo, é preciso fazer uma análise ambiental do ambiente
de trabalho e reconhecer os riscos para a prevenção e a precaução. Contudo, sabemos
que, em qualquer ambiente ou situação, podem acontecer fatos inesperados, daí a im-
portância de saber agir conforme protocolos científicos de primeiros socorros, conside-
rando que qualquer pessoa pode estar exposta a riscos ou vulneráveis a algum distúrbio
de saúde preexistentes, como o AVE (acidente vascular encefálico) ou IAM (infarto agudo
do miocárdio), que estudaremos a seguir.

• Ao se deparar com uma vítima, o socorrista ou o cidadão que estiver próximo deve
primeiramente: convocar serviço especializado de emergência ou urgência, como
suporte básico de vida (SBV) ou suporte avançado de vida (SAV). Para tanto, deve
decidir por chamar o SIATE (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emer-
gência – 193) ou SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – 192) (chamar
socorro).

• Obter maior número de informações do paciente (se possível) e da cena do acidente.


O que, como, onde, número de vítimas, sexo, idade, tempo, para repassar para equi-
pe especializada.

106 Medicina do Trabalho


• Verificar se também não será a próxima vítima (cuidar primeiro de si).

• Isolar e sinalizar área para que não haja mais vítimas (cuidar dos outros).

• Realizar exame primário, avaliando condições das vias aéreas – ver, sentir, ouvir (A),
respiração (B), circulação (C) e nível de consciência (D) (cuidar da vítima).

• Manter vias aéreas permeáveis (desobstruir vias aéreas se necessário).

• Realizar manobras de reanimação pulmonar e cardiorrespiratória.

• Controlar sangramentos externos por pressão direta, elevação do membro e ponto


de pressão.

• Só mover a vítima depois de devidamente mobilizada e com colete cervical, lembran-


do que ela só deve ser removida do local em caso eminente de incêndio, explosão ou
desabamento ou onde não houver serviço especializado para tal atendimento.

No caso de acidente de trânsito, isolar a área e colocar o sinalizador triangular, cone ou


qualquer outro objeto que identifique o isolamento, como galhos, toco de madeiras,
pneus, etc. Para saber a distância a ser isolada, a sinalização deve ser conforme a velo-
cidade da via se: 70Km/h deve ser 70 metros ou 70 passos largos, se 40Km/h deve ser
40 metros ou 40 passos largos, e assim por diante, no caso de chuva dobrar a distância.

Lembre-se do Elo de Segurança:


1º lugar – a minha segurança;
2º lugar – a segurança da equipe e de “curiosos” (isolamento do local do acidente);
3º lugar – a segurança da vítima.
Esses são alguns dos protocolos de prestação de socorro, pois se evitará a chance de
novas vítimas e o deslocamento desnecessário de SAV (Suporte Avançado de Vida) ou
dispersão de recursos de salvamento disponível (SIATE/SAMU) para aquela ocorrência.

Parada Cardiorrespiratória (PCR)


Como todo e qualquer atendimento de socorro, o principal objetivo é salvar a vida da
vítima. Então, vale ressaltar que o cérebro é o último órgão a falecer e não pode ficar sem
oxigênio por mais de 2 (dois) minutos.

No caso de parada cardiorrespiratória, o primeiro sinal evidente é a falta de batimentos

Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 107


cardíacos e pulsação. Após verificar o ABC (ver, sentir, ouvir) e perceber que a vítima
apresenta vias aéreas permeáveis, mas sem respiração, inicie imediatamente as manobras
cardíacas, conforme o protocolo da AHA (American Heart Association): compressões to-
rácicas (no mínimo 100 compressões), sem intervalo, até a chegada da equipe SBV/SAV.

Não é necessário fazer respiração boca a boca, porque quem bombeia sangue para o
todo o corpo é o coração, não o ar que é empurrado pela boca.

Durante alguns minutos (até 4 min.) sem respiração, ainda existe oxigênio nos pulmões
e na corrente sanguínea. Após 4 a 6 minutos sem a RCP (reanimação cardiopulmonar),
a vítima corre o risco de possível dano cerebral; de 6 a 10 minutos, é muito provável que
haja dano cerebral; após 10 minutos, o dano cerebral é irreversível.

Reanimação Cardiopulmonar (RCP)

Figura 10.1: Reanimação cardiopulmonar.


Fonte: © hoszi / Flickr.

É o conjunto de procedimentos utilizados em vítimas de parada cardiopulmonar, possí-


veis causas de IAM, trauma direto no coração e uso de drogas.

108 Medicina do Trabalho


Lembre-se: se estiver sozinho, primeiramente chame o socorro e, depois, inicie atendi-
mento à vítima. Se estiver com mais pessoas, pode iniciar o atendimento enquanto elas
acionam o socorro. O socorrista deve observar movimentos respiratórios, sentir que a
vítima não respira e certificar-se da ausência de pulsação ou batimentos cardíacos pal-
pando pulso (artéria) de maior calibre. Então, inicia-se a RCP com 100 (cem) compressões
torácicas por minutos. Se estiver acompanhado de outra pessoa, ela deve a cada 2 (dois)
minutos reavaliar a respiração espontânea.

Saiba que a compressão só pode ser interrompida quando:

• A circulação e a respiração espontânea forem restabelecidas;

• Outro agente de apoio assumir o suporte básico de vida;

• O médico assumir responsabilidade pelo atendimento;

• O agente estiver em exaustão e não tiver mais condições de prosseguir.

Figura 10.2: Uso de um Desfibrilador Externo Automático (DEA).


Fonte: © Jatobb/ Wikimedia Commons.

Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 109


Hemorragias

Figura 10.3: Tipos de hemorragias.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

Primeiramente, é importante saber que a hemorragia, dependendo da sua intensidade,


pode levar à morte. Pode ser por hemorragia arterial (sangue vermelho claro, jorra em
grande quantidade), hemorragia venosa (sangue vermelho escuro, fluido contínuo com
pouca pressão) e hemorragia capilar (sangramento avermelhado de fluxo lento e fraco,
de fácil controle).

As hemorragias podem ser internas, que não podem ser vistas, ou externas, quando se
vê o local de sangramento. Como toda a prestação de socorro, deve-se observar sinais e
sintomas: respiração, pulso, cor da pele, habilidade de se movimentar.

No caso de hemorragias ou sangramento, a cor da pele é o sinal mais importante (ciano-


se, palidez). Devido à perda de sangue, deve-se observar se a pele está úmida ou viscosa,
se há temperatura baixa (hipotermia), pulso rápido (taquicardia), relato da vítima de
zumbido nos ouvidos, tonturas ou desmaios, sede, respiração rápida e curta (dispneia ou
falta de ar, associada a doença cardíaca ou pulmonar).

O sangramento das artérias, veias e capilares é uma condição perigosa. Com o rompi-
mento dos vasos principais do pescoço, braço ou coxa, pode-se provocar hemorragias
tão intensas que a morte pode sobrevir dentro de um a três minutos, se a vítima não for
socorrida a tempo. É o que chamamos de lesão incompatível com a vida (LIV).

110 Medicina do Trabalho


Contenção de hemorragia
Verificada a hemorragia, deve-se realizar compressão direta no local com compressa
limpa e seca ou qualquer pano limpo seco que estiver disponível, usando tantos quanto
forem necessários. Pode-se amarrar as compressas com atadura ou faixa de panos para
não remover do local até atendimento de socorro adequado. Se eliminada a suspeita de
fraturas, eleve os membros, verifique a pressão digital, conferindo o fluxo sanguíneo com
leve pressão no membro afetado, para aplicar gelo e fazer vasoconstrição. Em último
caso, um torniquete deve ser fixado acima do local de extravasamento de sangue para
acalmar a vítima, transmitindo tranquilidade e equilíbrio.

Caso suspeite de hemorragia interna, acalme a vítima, mantenha-a deitada, aqueça-a e


remova-a imediatamente para o hospital, onde será encaminhada para o centro cirúrgico.

Queimaduras

Figura 10.4: Queimadura.


Fonte: Yunaerith / Wikimedia Commons.

As queimaduras são lesões mais frequentes e podem acontecer inclusive em ambiente


domiciliar. Mesmo que não levem à morte, causam muita dor à vítima, e, dependendo
do grau, pode levar muito tempo para curar, deixando cicatrizes ou sequelas profundas,
ou até levar a morte.

As queimaduras são classificadas por graus conforme lesão, profundidade e gravidade:

Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 111


• Primeiro grau – quando atinge a epiderme (camada mais fina da pele que não possui
vasos sanguíneos), o local fica avermelhado e quente; causa dor leve e moderada.

• Segundo grau – quando atinge a epiderme e a derme (camada mais profunda da pele
que possui vasos sanguíneos), causa dor mais intensa, pele vermelha e bolha.

• Terceiro grau – são queimaduras consideradas graves que atingem o tecido subcutâ-
neo (camada situada abaixo da derme, possui terminações nervosas), podendo atin-
gir nervos, músculos e até ossos. Apresentam um aspecto escuro podendo levar a
necrose do local, e geralmente não causam dor por ter acometido o tecido nervoso.

Atendimento a queimados
Antes de realizar atendimento à vítima de queimaduras, deve-se ter o máximo cuidado
com as chamas no local e a proximidade com o produto inflamável que causou a quei-
madura. Lembre-se: cuidar primeiro de si para poder cuidar do outro.

Se a vítima estiver com seu corpo em chamas, ou em parte dele, procure contê-la parada,
longe do foco de incêndio. Não deixe que ela corra em desespero para apagar a chama,
pois isso pode aumentá-la mais ainda. Cubra-a com um pano grosso e úmido, começan-
do pela cabeça. Não remova roupas sem ter certeza de que não estão aderidas ao corpo.

Ao se tratar de queimadura com produtos químicos, se a roupa estiver impregnada pelo


produto, retire-a imediatamente, para que a pele não os absorva mais ainda. Para neu-
tralizar a toxicidade do produto, lave o local com bastante água corrente. Tome cuidado
para não se queimar também.

Nas queimaduras por choque elétrico, não se aproxime da vítima sem verificar se há
corrente elétrica ligada por perto; isole o local. A vítima só deve ser removida se houver
segurança de que a corrente elétrica foi interrompida. Deve-se sentir se ela está respiran-
do. Caso seja observada parada cardiopulmonar (pulso e respiração), inicie a RCP até a
chegada de SAV.

Importante:

• Não aplique gelo no local da queimadura, pois pode agravar o quadro;

• Não fure as bolhas que se formarem para evitar “porta aberta” para infecção;

112 Medicina do Trabalho


• Não use medicamentos caseiros como pasta de dente, sal, açúcar, borra de café, clara
de ovo ou hidratante corporal;

• Leve a vítima para hospital especializado em queimaduras;

• Use somente medicamentos prescritos pelo médico especialista.

Animais peçonhentos
Neste tópico, você aprenderá o que é um animal peçonhento e a diferença entre animais
venenosos. Por exemplo: todo tipo de cobra é um animal peçonhento, mas nem toda co-
bra é venenosa; também há diferenças entre as aranhas: umas são venenosas e outras não.

Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam
por dentes ocos, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno é inoculado na vítima. Ex.: ser-
pentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, marimbondos e arraias.

Cobra coral

Figura 10.5: Cobra coral.


Fonte: © David A Jahn / Flickr.

Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 113


Existem diversas espécies do gênero Bothrops, conhecidas popularmente como jararaca,
jararacuçu, urutu-cruzeiro, caiçaca, jararaca do norte, entre outras. O acidente botrópico
geralmente causa alterações locais, como dor, edema (inchaço) e equimoses (manchas
roxas). Nem sempre as marcas deixadas pelas presas na pele são evidentes. Mais tar-
diamente, bolhas podem surgir e até necrose (morte dos tecidos acometidos). Outra
complicação acontece quando bactérias que vivem na boca da cobra causam infecção
na pele do paciente.

Além das alterações locais, o sangue pode ser tornar incoagulável, predispondo a hemor-
ragias (sangramentos), que podem pôr em risco a vida. Além das hemorragias, pode haver
também sudorese, náuseas e vômitos, cólicas abdominais, diarreia e bradicardia (diminui-
ção dos batimentos cardíacos). (Fan Hui Wen, Ceila SAnt'Ana Malaque, Marília Miranda
Franco. <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_3/Acidentes/Index.htm>)

Aranha marrom

Figura 10.6: Aranha marrom.


Fonte: Philipe de Liz Pereira / Wikimedia Commons.

Em caso de acidentes por mordida de cobra, aranha, lagartas e mesmo entre as espécies
dos mesmos gêneros, os sinais e os sintomas são muito semelhantes:

• Dor imediata pode ser leve ou intensa;

• Aparece edema em poucos minutos;

114 Medicina do Trabalho


• Deixa marcas evidentes da presa no local;

• Causam sinais de rubor, dor, edema, formigamento, dormência nos dedos das mãos
e pés;

• Quando não tratado com antídoto, progride afetando todo o membro;

• Causam sintomas de febre, calafrios, fraqueza, sudorese, náuseas, vômitos, dificulda-


de respiratória, cefaleia, boca seca, ptose cerebral;

• Dependendo da espécie, sinais e sintomas surgem no momento da picada (cobras) ou


levam de12 e 14 horas para se manifestarem (aranha marrom).

Geralmente, picam nas mãos ou nos pés, no caso de animais pequenos, que podem
entrar por debaixo de roupas ou calçados.

Escorpião

Figura 10.7: Escorpião.


Fonte: © Hankplank / Flickr.

No caso de picada de escorpião, mantenha o paciente em repouso e procure atendimen-


to hospitalar o mais rápido possível, pois o veneno do escorpião ataca o sistema nervoso
e pode matar nas primeiras 24 horas, principalmente se a vítima for uma criança. O
tratamento é feito por meio da administração de Soro Antiescorpiônico (SAEEs) ou Soro
Antiaracnídico (SAAr), dependendo da gravidade dos sintomas.

Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 115


Lacraia

Figura 10.8: Lacraia.


Fonte: © Hankplank / Flickr.

A lacraia, quando pica, causa dor e vermelhidão local, sem outras repercussões. Não
é considerada de importância médica, pois os acidentes são benignos. No caso das la-
gartas, somente a fase larval desses animais é capaz de produzir efeitos nocivos para o
organismo, podendo causar a dermatite papulopruriginosa (coceira intensa).

A lonomia, espécie de lagarta também chamada de taturana, é a larva de mariposas.


Ela possui o corpo revestido de espinhos urticantes, contém poderosa toxina, responsável
por envenenamento sistêmico. No local, ela deixa sinais iguais a outros tipos de lagartas,
porém tem alguns sintomas específicos, como: ce-
faleia, náuseas, tonturas e dor abdominal. Podem
surgir previamente sangramentos sistêmicos: gen-
givorragia (sangramento das gengivas), equimose, Em caso de acidentes com animais
peçonhentos, é contraindicado sob qualquer
hematúria (presença de sangue na urina), sangra- hipótese aplicar torniquete, o que impede
mentos maciços e hemorragia intracraniana. Em a circulação de sangue, podendo causar
necrose ou gangrena; cortar, perfurar ou
alguns casos, pode estar associado a complicações
chupar o local da picada; colocar folhas, pó
como insuficiência renal aguda e óbito. O trata- de café ou qualquer substância que possa
mento é feito com soro antilômonico em unidade contaminar ainda mais o ferimento; oferecer
bebidas alcoólicas, querosene ou qualquer
hospitalar. outro produto tóxico à vítima; fazer práticas
caseiras que possam retardar ou interferir
no atendimento médico/hospitalar.

Prestação de atendimento.
Ao se deparar com uma pessoa vítima de animais peçonhentos, deve-se:

• Procurar um serviço médico especializado;

• Lavar o local da picada com água e sabão;

116 Medicina do Trabalho


• Manter o paciente calmo e imóvel para não facilitar a absorção do veneno;

• Imobilizar o membro afetado;

• Transportar a vítima ao hospital especializado e, se for possível, levar junto a cobra,


aranha, seja qual for o animal peçonhento, para poder identificar o antídoto e o tra-
tamento adequado.

Animais raivosos
A raiva é uma doença infecciosa causada pelo vírus Rhabdoviridae e transmitida por vá-
rios animais, como cavalo, morcego, cachorro; enfim, pode atingir todos os mamíferos,
inclusive o homem. Está presente na saliva do animal infectado e é transmitida por meio
da mordida, arranhão ou da lambida em região lesionada do corpo sadio. É uma doença
muito grave e, se não tratada, tem causa de mortalidade em 100% dos casos.

Os primeiros sintomas apresentados por animais contaminados estão associados a mu-


danças de comportamento, medo sem motivo aparente, inquietação, agressividade, hipe-
ratividade ou melancolia com sonolência excessiva. Os mesmos sinais podem aparecer em
seres humanos, pois o vírus da raiva ataca especialmente o Sistema Nervoso Central (SNC).

Os sinais seguintes são relacionados à paralisia da laringe e da faringe, por isso a saliva-
ção abundante e o queixo caído.

Os animais que apresentam essas características devem ser isolados e atendidos por fun-
cionários no Centro de Controle de Zoonoses ou na Secretaria de Saúde.

Acidentes por mordida de animais raivosos


Se uma pessoa for atacada por animais, mesmo que domésticos, estes devem ficar em
observação por um bom tempo até que seja descartada a hipótese de estar contaminado
pelo vírus da raiva.
A pessoa que foi atacada deve lavar bem o local com água e sabão, proteger o ferimento
com gaze esterilizada, fazer compressa fria no local e imediatamente procurar atendi-
mento médico. Na dúvida, iniciar profilaxia com vacina antirrábica. Como já dissemos, a
contaminação pelo vírus da raiva, se não tratado, é letal em 100% dos casos.

Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 117


Luxações, entorses e fraturas

Figura 10.9: Lesões.


Fonte: © OpenStax College/ Wikimedia Commons.

Enfim, chegamos à unidade final desse módulo. Como já estudamos parte da anatomia
humana, ficará mais fácil entender como acontecem os traumas e suas consequências.

Abordaremos os principais tipos de fraturas, os sinais, os sintomas e os cuidados que


devem ser observados na mobilização dos membros afetados.

Estudaremos três tipos de lesões – luxações, entorses e fraturas – e dois tipos de exposi-
ção de fraturas – fechadas ou abertas.

118 Medicina do Trabalho


Luxações

Figura 10.10: Luxações.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

Na figura anterior, pode-se ver um osso posicionado corretamente e outro que saiu da
articulação. Por ocasião de movimentos bruscos ou impacto externo, não há exposição
de osso, permanecendo aparentemente desalinhado e sem contato entre o osso e o
sistema articular, o que chamamos de desencaixe (luxação). Pode haver ruptura dos liga-
mentos, tão comprometedor quanto uma fratura, devido à dificuldade de se distinguir a
luxação e a fratura interna ou fechada.

Entorses

Figura 10.11: Entorses.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 119


Pode ser definida como a separação momentânea das superfícies ósseas ao nível da arti-
culação. É bem parecida com a luxação pela deformação brusca, pois geralmente produz
o estiramento dos ligamentos na articulação ou perto dela. Os músculos ou tendões
podem ser estirados em excesso e rompidos por movimentos repentinos e violentos.

A lesão muscular pode ocorrer por três motivos: distensão, rupturas ou contusão pro-
funda.

A entorse manifesta-se por uma dor intensa, acompanhada de inchaço e equimose no


local da articulação.

Fraturas

Figura 10.12: Fraturas.


Fonte: Banco de imagens IFPR (2017).

É o rompimento de um osso e pode ser provocado por um acidente ou uma queda ou,
ainda, algum tipo de trauma. São classificadas em fraturas abertas ou fechadas.

Fraturas abertas – comunicam-se com o meio externo, com o osso exposto ou não.
Há rompimento da pele, que é rasgada do meio externo para dentro ou com a força do
próprio osso quebrado de dentro para fora. É, sem dúvida, uma porta aberta para infec-
ção e, em casos extremos, pode causar a perda do membro. É considerada situação de
urgência pelo fato também de ocorrência de hemorragias.

120 Medicina do Trabalho


Fraturas fechadas – a pele se mantém íntegra, não havendo conexão do osso com a
parte externa do corpo. No entanto, o risco de hemorragias também é possível.

Tanto em uma quanto em outra, conforme a quantidade de sangue perdido, pode acon-
tecer choque hipovolêmico, que é a complicação mais séria nesse caso.

Fraturas de coluna
Fraturas de coluna geralmente acontecem por acidentes de automóvel, quedas de nível
ou esportes radicais. Podem ser ou ter complicações mais severas, envolvendo a medula
espinhal.

Quando acometem a medula espinhal, há perda total ou parcial dos movimentos nas
extremidades (paralisia ou paresia) e/ou perda total ou parcial da sensibilidade nas extre-
midades (anestesia ou parestesia).

Em qualquer situação, é importante que a vítima não seja manipulada. A remoção desse
tipo de vítima de maneira errada pode resultar em lesões irreversíveis, tais como paraple-
gia ou tetraplegia.

Fraturas dos Membros Inferiores (MMII)


A fratura dos membros inferiores normalmente acomete o maior osso do corpo humano,
que é o fêmur. Geralmente, produz grandes sangramentos por lesionar a artéria femoral,
ocasionando choque hipovolêmico e lesão incompatível com a vida (LIV).

Nesse caso, deve-se atentar para o ABCD:

• Manter a vítima deitada e aquecida;

• Colocar a perna em posição mais próxima do normal, mediante leve tração se a fra-
tura não estiver exposta;

• Se a fratura estiver exposta, fazer curativo para controle da hemorragia antes de imo-
bilização, tomar cuidado para não introduzir fragmentos ósseos ou corpos estranhos
para dentro da ferida aberta, e cuidar para não afetar mais ainda a fratura;

Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 121


• Manter tração durante a imobilização para reduzir a dor;

• Imobilizar com duas talas acolchoadas, fixando-as com bandagens.

Traumas
São lesões por causas externas decorrentes de acidentes ou de violência. Podem ser
relacionados a trânsito, afogamento, envenenamento, quedas ou queimaduras, intoxi-
cações, bem como a violências que incluem agressões/homicídios, tentativa de suicídio,
abusos físicos, sexuais e psicológicos, dentre outras.

Cuidados com traumas


Manter as vias aéreas livres, verificar a respiração e a ventilação, imobilizar a cervical,
fazer avaliação neurológica (verificar o nível de consciência, se a vítima estiver acordada,
fazer perguntas óbvias, como nome, localização, reconhecimento da ocorrência do fato),
avaliar a circulação e o controle de hemorragia, controlar a hipotermia, aquecendo a víti-
ma. Em caso de acidentes de trânsito ou quedas de nível, não remover a vítima do local
até que receba socorro adequado.

Em todos os casos, os sinais e sintomas são bem parecidos:

• Dor – a vítima apresenta dor intensa;

• Impotência funcional – a lesão impede movimentos do segmento fraturado;

• Deformidade ou descontinuidade do segmento fraturado;

• Aumento de volume por edema ou sangramento, ou volume do osso exercido na


musculatura;

• Crepitação – ruído, estalo causado por atrito entre os ossos fraturados.

Técnicas de imobilização
Para não errar em nenhum dos casos citados, recomenda-se que:

122 Medicina do Trabalho


• Não se movimente a vítima antes de imobilizá-la adequadamente;

• Nas fraturas abertas, controle a hemorragia antes de imobilizá-lo;

• Nas fraturas de ossos longos (fêmur, tíbia, úmero, rádio, ulna), executar manobras de
alinhamento e tração delicadamente antes de imobilizá-los;

• Se houver exposição óssea, não tentar colocar o osso no lugar;

• Deixar firmes as talas, mas não apertadas a ponto de interferir na circulação; aplicar
leve tração (força).

Obs.: Se o membro fraturado estiver dobrado, a pessoa que for socorrer deverá, com
muito cuidado, aplicar uma tração, ou seja, uma pequena força para endireitá-lo e impe-
dir a pressão sobre os músculos, além de diminuir a dor e o sangramento do local; então,
poderá imobilizá-lo adequadamente.

Ao imobilizar um membro fraturado, inclua a articulação proximal e distal, ultrapassando


as articulações. Isso ajudará com que o membro fique imóvel até que a vítima seja aten-
dida pelo serviço especializado (SIATE).

Nesta unidade, você pôde ter algumas noções sobre atendimentos de primeiros socor-
ros, como em uma Parada Cardiorrespiratória (PCR), hemorragias, queimaduras, vítimas
de animais peçonhentos e complicações causadas em caso de mordidas ou picadas. Viu
também a diferença entre luxação, quebradura e entorse e como evitar complicações.
Porém o importante é relembrar que, na prestação de socorro, nunca se deve esquecer
do Elo de Segurança e de procurar o serviço de saúde imediatamente. Lembre-se do
SAMU (192) para atendimento médico de emergência e do SIATE (193) para atendimen-
to com trauma.

Segundo as diretrizes da American Heart association (2010), após mudança das diretrizes
da AHA para RCP e ACE, documenta-se maior êxito da compressão torácica fechada e
um considerável aumento de sobrevivência das vítimas de PCR. Portanto, devemos me-
lhorar as técnicas executadas para a manobra de RCP e priorizar a qualidade dos cuida-
dos durante e após a PCR. Assim, treinamentos e cursos de reciclagem frequentes são,
provavelmente, o fator-chave para melhorar o desempenho da ressuscitação das vítimas.

Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 123


Sua profissão tem como objetivo a promoção e a proteção da saúde do trabalhador e
melhorias de condições de trabalho. A saúde do trabalhador depende dos condicionan-
tes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais, responsáveis pelas condições de
vida e dos fatores de risco ocupacionais. Por esse motivo, as medidas de precaução, aten-
ção, prevenção e uso de EPIs são importantes para a manutenção da saúde ocupacional
e para o não aparecimento de doenças.

É importante ressaltar, ainda, que, para a investigação das relações saúde-trabalho-doen-


ça, é imprescindível considerar o relato dos trabalhadores, tanto individual quanto coleti-
vo. Apesar dos avanços e da sofisticação das técnicas para o estudo dos ambientes e das
condições de trabalho, muitas vezes, apenas os trabalhadores sabem descrever as reais
condições, as circunstâncias e os imprevistos que ocorrem no cotidiano e são capazes de
explicar o adoecimento.

Pratique
Acidentes podem acontecer em qualquer lugar, com qualquer pessoa e em qualquer
momento. Ao se deparar com uma vítima desfalecida, qual seria a primeira iniciativa que
você teria? Lembre-se do Elo de Segurança.

124 Medicina do Trabalho


Unidade 10 – Noções de primeiros socorros 125
Referências
ALMEIDA, I. M. VILELA, R. A. G.; SILVA, A.; BELTRAN, S. Modelo de Análise e Prevenção de
Acidentes - MAPA: ferramenta para a vigilância em Saúde do trabalhador. Ciência e
Saúde Coletiva (Impresso), v. 19, 2014.

BRASIL, L. A. D. Segurança no trabalho em cursos de nível técnico da educação


profissional. Brasília: UCB, setembro de 2002.

_____. Ministério da Educação. Educação profissional: referenciais curriculares nacionais da educação


profissional de nível técnico. Brasília: MEC, 2000.

_____. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças Relacionadas Ao Trabalho.


Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde. Série A. Normas e Manuais Técnicos; n.
114. Brasília: 2001.

_____. Ministério da Saúde. Portaria/MS nº 1.339/1999, de 18 de novembro de 1999. Lista de Doenças


Relacionadas ao Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, n. 21. 1999. Seção I.

_____. Ministério da Saúde do Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde/Brasil. Doenças relacionadas ao


trabalho. Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde. Série A. Normas e Manuais
Técnicos; n. 114.Brasília: 2001.

Secretaria Municipal de Recursos Humanos; Departamento de Saúde Ocupacional. Manual de


Biossegurança. Curitiba, 2013.

MENDES J. M. R.; WÜNSCH D. S. Elementos para uma nova cultura em segurança e saúde
no trabalho. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, 2007.

LACERDA, R. A. M. V. Apostila de anatomia e fisiologia humana. Faculdade e Escola Técnica


Egídio José da Silva (FATEGÍDIO), mai. 2009.

RAMAZZINI, B. As doenças dos trabalhadores. Tradução de Raimundo Estrela. 3. ed. São Paulo:
Fundacentro, 2000.

Sites de pesquisa:

<http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 19 set. 2016.

<http://luizamarques2015.blogspot.com.br/2011/12/destaques-das-diretrizes-da-american.html>. Acesso
em: 20 dez. 2016.

<http://segurancadotrabalhonwn.com/riscos-no-ambiente-hospitalar-nr-32-2/>. Acesso em: 20 dez. 2016.

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102011000300009>. Acesso em: 20


dez. 2016.

<http://www.infobibos.com/Artigos/2009_3/Acidentes/Index.htm>. Acesso em: 20 dez. 2016.

<https://www.heart.org/idc/groups/heart-public/@wcm/@ecc/documents/downloadable/ucm_317343.
pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016.

143
Currículo da autora
Beatriz Fonini

Graduada em Enfermagem pelas Faculdades Pequeno Príncipe, especialista em Enfermagem do Trabalho


pela UNINTER, especialista em Educação Profissional Técnica de Nível Médio pelo Instituto Federal do
Paraná e graduanda no curso de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal do Paraná.

Iniciou a experiência em docência em 2013, ministrando aula presencial para alunos do curso Técnico
em Segurança do Trabalho, na disciplina de Higiene Ocupacional, no CEEBJA Paulo Freire, e como tutora
especialista EAD/IFPR no mesmo curso, colaborando na ministração da disciplina de Noções de Primeiros
Socorros, no período de um ano, para os alunos do IFPR, em 2013.

Antes, trabalhava numa organização não governamental de economia mista, prestando serviços de
saúde coletiva aos usuários aposentados e pensionistas do Estado do Paraná. Atualmente, trabalha na
área de Educação na Prefeitura Municipal de Curitiba, como apoio no setor administrativo.

Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/2248889858438072

145

Você também pode gostar