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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

ISCED – HUÍLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

SECÇÃO DE FILOSOFIA

TRABALHO DE FIM DO CURSO

TEMA: A COMUNICAÇÃO COMO FENÓMENO AUTÓNOMO


TRANSCENDENTAL À PESSOA HUMANA.

Autor: João Carlos Capeça Santana

Lubango
(2023)
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

ISCED – HUÍLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

SECÇÃO DE FILOSOFIA

TRABALHO DE FIM DO CURSO

TEMA: A COMUNICAÇÃO COMO FENÓMENO AUTÓNOMO


TRANSCENDENTAL À PESSOA HUMANA.

Autor: João Carlos Capeça Santana

O orientador:

Germano Chivinda Funda, MsC.

Lubango
(2023)
DEDICATÓRIA

À minha família, amigos e professores, votos de boa leitura.


AGRADECIMENTOS

Com elevada prioridade, agradeço a Deus Todo-Poderoso;

Aos meus pais, Antoninho Chissingue e Linda capeça Chissingue, fonte do


meu conforto, pela ajuda moral, coragem e confiança transmitida até aos dias
de hoje;

À minha amada família, meus irmãos, sobrinhos (as), tios (as), e primos, que
sempre me incentivaram a não desistir;

Fotografo o meu amigo Professor Doutor Manuel da Cruz Pedro, pelos


diferentes direccionamentos passados desde o início da minha carreira
académica aos dias de hoje, o meu muito obrigado;

Ao professor policromo em ideias, Msc. Germano Chivinda Funda, pelas


valiosas contribuições, conversas, textos e ideias que ofereceram muitos
elementos para a composição do presente trabalho.

Aos meus eternos amigos do Instituto Superior de Ciências da Educaçao,


ISED-Huíla.
RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo reflectir sobre a comunicação como


fenómeno autónomo e transcendental a pessoa humana, focando na análise no
processo que marca o objecto de estudo durante as fases ou épocas antiga,
média, moderna e contemporânea, tendo em destaque a visão de vários
autores. Assim, a pesquisa fez compreender que a consumição é muito
relevante uma vez que é congénita ao homem e, acima de tudo ao homem
enquanto ser social, ou seja, a comunicação e o homem andam juntos, pois o
mesmo comunica-se consigo mesmo, com os outros e com o universo, sendo
na sua forma mais estrita, comunicar é buscar a comunhão com alguém,
consiste na sintonização entre aquele que recebe e aquele que envia uma
determinada mensagem, isto inclui desde as vivências (choros, conquistas,
perdas) e convivências (estar em rereação). É autónoma porque o homem é
livre e gestor de sim mesmo, por isso, é livre de escolher como e com quem se
comunicar, gozando assim do princípio da liberdade e é transcendental porque
perpassa a compreensão humana, podendo ser vista do ponto de vista da
existência – uma tentativa de superar a morte através da companhia dos
outros, ou do ponto de vista formal – ao envolver a produção e o
armazenamento da informação.
Palavras-chave: Comunicação; Autonomia; Transcendência e Pessoa
Humana.
ABSTRAT
ÍNDICE

DEDICATÓRIA....................................................................................................7

AGRADECIMENTOS..........................................................................................8

RESUMO.............................................................................................................9

ABSTRAT..........................................................................................................10

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 5

I. QUADRO TEÓRICO........................................................................................6

1.1. Identificação do Problema.........................................................................6

1.2. Justificação da Investigação.....................................................................6

1.3. Formulação do problema da investigação................................................7

1.4. Objecto da Pesquisa.................................................................................7

1.5.Objectivos da pesquisa..............................................................................7

1.6. Campo de acção.......................................................................................7

1.7. Importância do trabalho............................................................................7

1.8. Hipótese....................................................................................................8

1.9 . Definição de conceitos-chave..................................................................8

1.10. Antecedentes do tema............................................................................9

II - QUADRO METODOLÓGICO.......................................................................10

2.1. Métodos de investigação........................................................................10

2.2. População e amostra..............................................................................11

2.3. Resultados esperados............................................................................12

CAPÍTULO I: ABORDAGEM TEÓRICA SOBRE A COMUNICAÇÃO...............13

1.1. Abordagem Histórica e Sistematizada da Comunicação........................13

1.1.1. A Comunicação Na Idade Antiga......................................................15

1.1.2. A Comunicação Na Idade Média......................................................17

1.1.3. A Comunicação Na Idade Moderna..................................................17


1.1.4. A Comunicação Na Idade contemporânea.......................................18

1.2. Outra sistematização do Processo da Comunicação Desde os


Primórdios à Actualidade...............................................................................19

1.2.1. Era dos Símbolos e Sinais................................................................22

1.2.2. Idade da Fala e da Linguagem.........................................................24

1.2.3. Era da Escrita...................................................................................25

1.2.4. Idade da Imprensa............................................................................27

1.2.5. Era da Comunicação em Massa.......................................................29

1.2.6. Era dos Computadores e da Informação..........................................29

1.3. A Comunicação e a Linguagem..............................................................30

1.4. O Conceito da Pessoa Humana..............................................................34

1.5. A Comunicação Como Condição Humana..............................................37

1.6. A comunicação Como Fenómeno Imanente à Pessoa Humana.............40

CAPÍTULO II: DIAGNÓSTICO DO ESTADO ACTUAL DA COMUNIVAÇÃO...44

2.1. A Pessoa Humana e o Valor Comunicacional: um olhar da filosofia


contemporânea..............................................................................................44

2.2. A Comunicação Como Dinamismo Básico do Ser Humano: Principais


Traços para uma Antropologia Comunicacional............................................48

2.3. A Comunicação como Fenómeno Autónomo e Transcendental à Pessoa


Humana......................................................................................................... 50

2.4. Um Ganho Além do Fogo.......................................................................54

CONCLUSÕES.................................................................................................57

SUGESTÕES....................................................................................................59

BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 60
INTRODUÇÃO

O mundo de forma patente mostra os seus constituintes através da sua


objectividade, e a partir dai vem os homens com suas capacidades intelectuais que
lhe permitem cogitar formando assim em sua mente particularidades que lhe dão
primazia de se relacionar com a natureza e com os que estão ao seu redor e nisso
manifesta-se de tão maneira que exteriorizando permite informar aos demais o
grande mistério que leva em sua psique; nesse contexto, ganha a linguagem. Não
ficando por ai tenta a partir do já ganho indo mais além para de certo modo reunir,
ou melhor, preparar sua forma amigável com os outros para trabalhar de modo
comum. Por isso adoptou e desenvolveu a força ou actividade comunicativa que é
um ganho e uma conquista e, fruto disso olha-se para um mundo com uma mudança
admirável e satisfatória. Pela força que o homem cada dia que se vai passar
empreende, leva-nos para uma contemplação da beleza que a mãe natureza
apresenta, e este com sua inovação o altera fazendo o seu doce-lar.

Tem razão a visão de Herder em declarar que a comunicação é um factor decisivo à


“Pessoa Humana” por este a partir da reflexão e sensação traduzirem seus distintos
conteúdos verdadeiramente espirituais, citado por Mondin (2005).

Na realidade circundante nunca se observou algo tão nuclear que faz mergulhar de
forma precisa no tempo para então fornecer vivências do passado como se se
tivesse presente. Aliás, basta olhar para a função onírica se entenderá que para ela
se manifestar precisará fundamentalmente da linguagem como expressão de
partilha e a comunicação, mensagem que dá a lembrança de tudo que é legal; tal
como diz a autora Pinheiro (2005), não comunicar é impossível, porque mesmo não
querendo estamos emitindo mensagens para outro; neste sentido, até o silêncio
diante de uma situação é uma comunicação.

A tarefa do pensamento constitui-se em torno disto: colocar e resolver problemas.


Um pensamento da comunicação, do mesmo modo, se configuraria e se qualificaria
em torno de um problema. O problema de um pensamento da comunicação é
colocado a partir da questão que é comunicar? Este problema, como qualquer outro,
é da ordem da virtualidade.
I. QUADRO TEÓRICO

1.1. Identificação do Problema

O presente tema justifica-se por constituir, a comunicação, um fenómeno imanente


ao ser humano, tal como fundamenta Nietzsche que a comunicação é “[…] factor
decisivo a afirmação da existência humana, fazendo parte da sua vida material e
imaterial. Talvez, inclusive, não seja pretensão afirmar que o ser humano, da forma
que se reconhece hoje, não existiria sem a comunicação” (Gomes, 1994, p. 9).

Tendo em conta a interacção entre os seres que se consuma numa partilha é


relevante que a pessoa humana desenvolva a capacidade comunicativa permitindo
assim o desenvolvimento integral e harmonioso do seu próprio ser. Notemos que
quando nos comunicamos não só partilhamos ideias, como também nos fazemos
perceber a intenção que o destinador tem para efectivar uma mensagem que de
certo modo ajuda o destinatário a entender. No âmbito educativo sublinha-se a
relevância da comunicação para o desenvolvimento das potencialidades das
habilidades entre os intervenientes no processo, pese embora as práticas
pedagógicas privilegiam a escrita da comunicação verbal.

1.2. Justificação da Investigação

O tema que marca o destaque da nossa investigação fundamenta-se pelo facto de


que pessoas desde o início da história da humanidade relacionam-se crucialmente
através da comunicação, esta que é base de todas as relações humanas. Assim,
queremos pontualizar, com o tema proposto, que para termos cultura é relevante a
transmissão de certos padrões que fizemos a partir de mensagem ou interacção
social para então nos tornarem conscientes de nossas ideologias, etnias, língua,
vestuários, costumes, valores e tudo quanto visa uma conscientização de
característica própria de certa região. Se a comunicação não transcendesse o
tempo, hoje não teríamos relatos acerca de nossos traços ontem, hoje e amanhã.

Em suma, para garantir o êxito da comunicação, é necessário que o fluxo desta


comunicação ocorra de maneira esperada. Imaginemos um político sem vocação
comunicacional, certamente é que haverá ambiguidade na transmissão da
mensagem e, pior ainda, ao destinatário da mesma (o interprete da mensagem – o
receptor). Por isso, quem comunica deve fazê-lo com clareza e exactidão de modo a
ser bem compreendido.

1.3. Formulação do problema da investigação

 De que forma a comunicação é um fenómeno autónomo e transcendente a


pessoa humana?

1.4. Objecto da Pesquisa

A comunicação como fenómeno autónomo e transcendente a pessoa humana.

1.5. Objectivos da pesquisa

Objectivo geral:

 Analisar a comunicação como fenómeno autónomo e transcendental a pessoa


humana.

Objectivos específicos:

 Identificar os referentes teóricos sobre a comunicação como fenómeno


autónomo e transcendental a pessoa humana;

 Diagnosticar a comunicação como fenómeno autónomo e transcendental a


pessoa humana;

 Valorizar a comunicação como fenómeno autónomo e transcendental a


pessoa humana.

1.6. Campo de acção

 O campo de acção terá apoio a Filosofia da Linguagem.

1.7. Importância do trabalho

Este trabalho terá grande importância do ponto de vista prático e teórico.

1.8. Hipótese

O uso incorrecto de uma comunicação sem a função valorativa existencial entre as


pessoas, consuma-se em um factor decisivo para a incompreensão-conflitos entre
eles e o não desenvolvimento social;

Variáveis

Dependente: Interacção do locutor e alocutário


Independente: a Comunicação como fenómeno autónomo e transcendental a
pessoa humana.

1.9. Definição de conceitos-chave

Comunicação: segundo Cunha (s.d., p. 131) a “comunicação como a palavra indica,


é a actividade que implica a acção no processo administrativo, onde ela representa
um elemento básico”, ou seja, a comunicação é o acto de transmitir ou receber
informações.

Fenómeno: para Husserl, entende a fonomenologia (o mesmo que fenómeno), o


estudo do objecto como se manifesta na sua realidade rigorosa absolutamente pura
livre de qualquer mistura (Mondin, 2005, p. 211).

A palavra diz respeito a qualquer manifestação que está presente na consciência de


um sujeito e que é objecto da sua percepção.

Autónomo: segundo o dicionário Básio de Filosofia (2001) definiu o conceito


autónomo como o uma sequência de atitudes dotado da faculdade de determinar as
próprias normas de conduta, sem imposições de outrem (diz-se de indivíduo,
instituição etc.).

Transcendental: para Platão refere-se ao o acto de se estabelecer uma relação,


sem que esta signifique unidade ou identidade de seus termos, mas sim garantindo,
com a própria relação, a sua alteridade (Abbagnano, 1998). Por sua vez, Heidegger
considera a transcendência como o significado do ser no mundo.

Pessoa humana: Para Boécio, pessoa humana é a substancia individual de


natureza racional; ou seja, na definição convencional do mesmo autor, o termo
pessoa é utilizado fundamentalmente com uma conotação ética, pretendendo o seu
uso mostrar o respeito e a dignidade que cada indivíduo humano possui. Boécio,
citado por De Carvalho (1900).

1.10. Antecedentes do tema

Na verdade o tema constituído deste jeito ainda não foi abordado e desta feita
podemos declarar ser um tema novo e na verdade de difícil debate. Assuntos há que
foram abordados numa perspectiva particular, ou melhor, apenas tem abordagens
de termos simples na sua forma conceitual. Assim, o termo comunicação, fenómeno,
autonomia, transcendência e pessoa humana já foram abordados por muitos
autores; e nós decidimos fazer a junção de ambos para discutir de uma forma ampla
e decisiva apesar da escassez bibliográfica.

Comunicar não é um processo em que um sujeito reificado recebe indolente e


passivamente os conteúdos que outro sujeito, que é activo, superior, detentor de
verdade e do conhecimento, lhe dá ou lhe impõe. Comunicação é interacção
cultural, é diálogo, enquanto a extensão é monólogo, invasão cultural. O discurso
extensionista é opressor, enquanto o da comunicação dialógica é libertador Gomes
(1994).

O conceito de comunicação para Paulo Freire (1987, p. 25) é radical, pois a


radicalização é “sempre criadora pela criticidade que a alimenta [...], por isso
libertadora. [...] porque, implicando o enraizamento que os homens fazem na opção
que fizeram os engaja cada vez mais no esforço de transformação da realidade
concreta, objectiva. A verdadeira comunicação não admite uma só voz, um só
sujeito, a transmissão, a transferência, a distribuição, um discurso único, mas sim a
possibilidade de muitas vozes, alteridade cultural, independência e autonomia dos
sujeitos, inúmeros discursos, enfim, estruturas radicalmente democráticas,
participativas, dialógicas.

A “comunicação” é aqui uma partilha em comum que faz a cada um dos amigos, a
cada um dos que têm em comum esse algo que os relaciona, ser mais ele próprio,
tornar-se mais inteiramente ele, ao privar com o outro, ao conhecer o mundo através
do outro, dando-lhe a conhecer o mundo por intermédio da sua própria e única
identidade (Santos, Alves, e Serra, 2011, p.10).

II - QUADRO METODOLÓGICO

Apresenta-se aqui, de forma minuciosa, os procedimentos metodológicos adoptados


para a realização desta pesquisa, a partir da abordagem e os métodos a utilizar para
a concretização, bem como a população e amostra.

A presente investigação, quanto aos objectivos é de tipo descritivo que segundo


Cervo e Bervian (2005, p. 27) baseiam-se na observação, registo, análise e
correlação de factos, neste caso sobre a comunicação como fenómeno autónomo e
transcendente a pessoa humana, para tal privilegiar-se-á a abordagem quantitativa.
Segundo Marconi e Lakatos (2002, p. 269) “abordagem qualitativa preocupa-se
em analisar e interpretar aspectos mais profundos descrevendo a complexidade do
comportamento humano”. Nesta perspectiva, analisamos as opiniões e percepções
dos autores nas suas abordagens sobre o fenómeno estudado.

2.1. Métodos de investigação

Método de análise-síntese: para Marconi e Lakatos (2002, p. 36) “a análise ou


explicação, é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenómeno
estudado e outros factores”. Essas relações podem ser estabelecidas em função das
suas propriedades relacionais de causa - efeito, produtor-produto ou de correlações
de análise de conteúdos, entre outras.

Com a utilização destes métodos será possível analisar vários aspectos entre eles
os dados e conteúdos colhidos sobre o tema em causa, ou seja, poder-se-á analisar
os problemas de ordem comunicacional para confrontar o com o desenvolvimento da
pessoa humana autónoma e sua influência ao transcender-se.

Indutivo-Dedutivo: Segundo Carvalho (2009, p. 86), “indução é uma operação


lógica que vai do particular ao geral. O método indutivo caminha, na aproximação
aos fenómenos, para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações
mais particulares às leis e teorias (conexão ascendente) ”.

Para Carvalho (2009, p. 84), “dedução parte do conhecimento geral para o


particular. Parte das teorias e leis para predizer a ocorrência de fenómenos
particulares (conexão descendente) ”. Por conseguinte, o método indutivo-dedutivo é
um procedimento lógico através do qual a percepção de um objecto ou fenómeno é
obtida por inferência, isto é, partindo de dados particulares para uma verdade geral
ou universal, e vice-versa.

Utilizar-se-á estes métodos porque ajudaram na identificação das leis ou teorias que
constituirão ponto de partida para o desenvolvimento da pesquisa e na explicação
dos fenómenos particulares pelas generalizações.

Pesquisa bibliográfica: na visão de Marconi e Lakatos (2002, p. 36), este método


“permite abrangência da bibliografia já tornada pública em relação ao tema desde as
publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisa de monografias,
teses, material cartográfico, Internet entre outros, até meio de comunicação oral,
rádio, gravações e audiovisuais: filmes, televisão”.
O mesmo método permitirá fazer uma comparação sobre opiniões de diferentes
autores em relação ao tema em estudo, no sentido de especificar determinados
conceitos, concepções e posicionamentos de diversos autores sobre a comunicação
como fenómeno autónomo e transcendente a pessoa humana.

Método Hermenêutico: servirá para melhor interpretar o fenómeno comunicacional


na pessoa humana.

Método Histórico: servirá para analisar a partilha de informações na pessoa


humana.

2.2. População e amostra

Para Fortin (2009), ap. Mendes e Manuel (2016, p. 117) a população “é um grupo
de pessoas ou elementos que têm características comuns, sobre o qual se faz o
estudo”. De acordo com Fortin (2009), apud. Mendes e Manuel (idem), amostra “é a
fracção ou a porção de uma população junto da qual são recolhidas as informações
necessárias ao estudo”.

Assim, o nosso estudo não delimitou a população, apresenta-se uma abrogarem


global, por isso, adoptou-se um conteúdo qualitativo.

2.3. Resultados esperados

Resultados teóricos

A esta temática, temos bases sustentáveis na Filosofia da Linguagem que dispõe


conteúdos para entrar colmatar certas lacunas que temos vindo a constatar.
Esperamos que a relação ente os homens possam ser bem definidos a partir da
clareza e objectividade comunicacional e sua autonomia e transcendências
devidamente alcançadas.

Resultados práticos

Uma vez que a comunicação é o passo decisivo para uma boa compreensão da
pessoa humana, neste caso para conhecer a si a outros é indispensável que ele
transcenda-se como se fosse o dasein alcançado assim sua autonomia. Espero que
sua relação com o outro transcenda sua forma limitada de ser e por sinal desenvolva
suas aptidões e interesses colectivos.
CAPÍTULO I: ABORDAGEM TEÓRICA SOBRE A
COMUNICAÇÃO

A comunicação nas diversas fases estava e está cada vez mais competitiva devido à
necessidade de sobreviver ao ambiente de alta concorrência entre as as pessoas, o
que exige rapidez, flexibilidade e maior percepção na tomada de decisão do seu
próprio funcionamento. Com isso, tendemos apresentar a palavra comunicção em
diversas fases da vida coeçando na idade antiga.

1.1. Abordagem Histórica e Sistematizada da Comunicação

Desde sua génese, o conceito de comunicação implica numa dimensão bem mais
alargada, do que simplesmente o acto enunciativo da fala. Ele representa um dos
fenómenos mais importantes da espécie humana. Compreendê-lo, implica voltar no
tempo, buscar as origens da fala, o desenvolvimento das linguagens e verificar como
e por que ele se modificou ao longo da história.

Deste modo, na oralidade “tanto o transmissor quanto o receptor da mensagem


deveriam estar no mesmo contexto para partilhar saber” (Santos, 2011, p. 3) visto
que no avanço das actividades de produção e consumo, tem exigido uma evolução
periódica da comunicação.

Num primeiro momento, temos a comunicação falada como único instrumento de


negociação e estabelecimentos de relações, nos mais variados sentidos.
Posteriormente, na era da escrita, a comunicação passou a ser usufruída dentro de
um conjunto de regras manipuladas no tempo e no espaço (Santos, 2011). Hoje na
era digital de comunicação, o autor sublinha que, com “a ampliação das
possibilidades da internet, o hipertexto possibilita a quebra da linearidade, tornado
cada um de nós também autores de nosso processo” (Santos, 2011, p.3).

“Desde o início dos tempos o homem procura se comunicar, a princípio por gestos,
linguagem corporal ou verbal, mas percebe a necessidade de transmitir suas
mensagens e perpetuar seu conhecimento para outras gerações” (Dias, 2013, p.
22). A comunidade representa, por assim dizer, a própria base do processo social,
porque sem comunicação não há acção consciente, organizada e administrada.
Considerando essa omnipresença da comunicação é possível conceber o ser
humano como homo comunicador, pois tudo o que ele é (e possa vir a ser), tudo que
aconteceu ou acontecerá envolve a comunicação, uma vez que esta é cultura, e
cultura é a vida das pessoas.

Na perspectiva de Heidegger (2003, p. 27) a “comunicação e ser humano andam


juntos: um pressupõe o outro”, já para Flusser (2007, p. 33) “a comunicação é um
elemento que faz parte da raiz do ser humano, da sua própria essência. Ela está
presente desde os primórdios”. Neste sentido acrescenta Stoczkowski (1994) que “a
comunicação não se restringe ao plano individual, mas constitui um processo vital à
existência e à organização de qualquer sociedade, pois toda acção conjunta de
indivíduos tem por base significados compartilhados e transmitidos via
comunicação”.

Neste sentido, releva-nos de capital importância descrever, em síntese, a etimologia


e a evolução da palavra comunicação. Assim, Sublinha Martino (2001, p. 12) que:

Existem diferentes formas de etimologia do termo “comunicação”, um deles


vem do latim communicatio, do qual distinguimos três elementos: uma raiz
munis, que significa “estar encarregado de”, que acrescido do prefixo co, o
qual expressa “reunião”, nos dá a ideia de uma actividade realizada
conjuntamente, completada pela terminação tio, que por sua vez reforça a
ideia de “actividade”. Esse foi o seu primeiro significado no vocabulário
religioso, onde o termo aparece pela primeira vez.

Para Williams, apud Serra (2007, p. 69), “a palavra comunicação surgiu em língua
inglesa no século XV como «nome de acção», derivada do latim communicare, que
significa «tornar comum a muitos, partilhar”. É nesta entrelinha que segundo Serra
(idem, p. 70), “a partir dos finais do século XVII, a palavra estende o seu campo
semântico aos meios e vias de comunicação como estradas, canais e caminhos-de-
ferro, etc., confundindo-se a comunicação, de informações e ideias, com o
transporte, de coisas e pessoas” (Serra, 2007, p. 70). Para finalizar, o autor (idem)
acrescenta que “no século XX, sobretudo a partir dos anos 20 e, primeiro nos EUA,
a palavra comunicação passa a designar predominantemente os mídia como a
imprensa ou a rádio, distinguindo-se, assim, de forma clara entre a indústria da
comunicação propriamente dita e a indústria de transportes.
O ser humano vem se desenvolvendo a milhares de anos. Diversas foram as suas
classificações e as eras passadas até chegarmos a actual, chamada de Era da
Informação. Ao longo de todo este desenvolvimento, muitas formas de comunicação
surgiram e foram evoluindo, sendo a base necessária para o convívio dos indivíduos
em sociedade. A evolução humana está ligada directamente com a evolução da
tecnologia, das ferramentas utilizadas e desenvolvidas para auxiliar nos diversos
sectores da sociedade e, também, da comunicação humana em suas Eras e Idades.
A própria evolução humana, a melhoria da vida, a estruturação da sociedade e
outros importantes marcos para o ser humano teve a evolução das comunicações e
a própria comunicação como um pilar, (Barros, Souza & Teixeira, 2021).

A evolução da comunicação humana se deu ao longo de milhares de anos e,


segundo a Teoria das Transições de DeFleur e Ball-Rokeach (1993), a evolução da
comunicação seguiu numa ordem cronológica qualificada como «Eras e Idades».
Também é facto que, a própria evolução humana, seu desenvolvimento e
consolidação como sociedade teve no desenvolvimento da comunicação a sua base
de sustentação, na medida em que, o conhecimento pôde ser transmitido e criado
culturalmente, entretanto, apesar de todo o conhecimento acumulado ao longo da
história em suas Eras, inclusive, tendo sido a Era da Escrita um marco
revolucionário para a humanidade em possibilidades de comunicação para os
processos de ensino e aprendizagem, nunca se gerou tanta informação, dados e
conhecimento como na última Era, a Era dos Computadores ou da Informação.

1.1.1. A Comunicação Na Idade Antiga

Sabemos que são várias as contribuições dadas sobre a comiunicação e que na


inlusão destes mesmos autores o vasto gama de conteúdo não se esgotaria; com
isto, escolhemos um número limitado de autores para o nosso estudo.

Desde já começamos por aboradar aquele que tem a designação de pai da fiosofia,
Sócrates. Sócrates entendia a comunicação como o meio mais completo de dialogar
que permitia forçar o interlocutor a expor suas opiniões, com habilidade, emaranhá-
lo na teia obscura de suas próprias afirmativas, acabando por reconhecer sua
ignorância a respeito do que antes julgava não ter ou ter certeza”. Benoit (1996)

É daí que surge o método maiêutico ou de diálogo socrático que por su vez divide-se
em duas vertentes: a ironia e a maiêutica.
A ironia socrática relaciona-se ao acto de perguntar: “assume a posição de
questionador: age interrogando aqueles que dizem possuir algum saber, fingindo ter
a intenção de aprender algumas coisas com eles”.

A segunda vertente é a maiêutica, esta faz referência ao trabalho de parto.


Por ser filho de mãe parteira, Sócrates associou o ofício materno à possibilidade
de “auxiliar” as pessoas a darem à luz ideias. Nesse sentido, acreditava-se que uma
pergunta feita corretamente induziria a pessoa ao raciocínio e a elucidação de
ideias complexas sobre determinada temática. Afonso (2016, p. 80)

Nisto segundo Maia (2008), é por meio do diálogo, do debate e de perguntas bem
elaboradas que, se induzia à reflexão com o rumo a um “conhecimento que traz em
si, os altos valores da existência humana”.

Protágoras membro sofista e teórico de grande engenho; com sua passagem


célebre “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto
são, das coisas que não são, enquanto não são, coloca no auge o homem, lhe
dando assim crédito de por meio da eloquência e não só, conseguir tudo aquilo que
deseja Romeyer (1986).

O sofista citado, definirá a comunicação (o mesmo que linguagem) como o conjunto


de sinais discursivos com eficácia capaz de se tornar um instrumento de que se
serve o filósofo para exercer sobre o mundo o império da razão. Acrescenta ainda
que é por meio da linguagem que o sábio aprendeu a transformar a aparência para
dela fazer uso, necessitando encontrar o discurso que melhor se adapte à situação
ou à decisão que lhe parece adequada aos interesses do comum. Dumont (1986,
p.36-37)

Aristóteles, um dos maiores pensadores da história da filosofia e não só, introduzirá


um de seus pensamentos considerndo “o homem um animal naturalmente social ou
político”, caracterizando-o como um ser feito para viver em sociedade. Estagira
(1968)

Para o autor em destaque, não basta que esteja habilitado em adquirir o


conhecimento das coisas é preciso ainda que possa os exprimir externamente; este,
entende a comunicação ou linguagem como um conjunto de sinais convencionais
que graças ao qual os homens partilham exteriorizando seus pensamentos entre si;
maravilhoso instrumento constituido de sons articulados que atravessam o ar, e que
manifesta, na matéria mais dócil e mais sútil, o que há em nós de mais interior e de
mais espiritual. Rebusca o homem para enfatizar que é na Política (1, 2, 1253) que
este animal raional liga-se necessariamente à faculdade humana de falar; sintetisa
dizendo que: pois sem linguagem não haveria sociedade política. Estagira (1968).

1.1.2. A Comunicação Na Idade Média

Agostinho apresenta sua concepção de linguagem, admitindo que esta tenha sido
instituída com a finalidade senão de ensinar e para aprender, através dos sentidos e
do pensamento.O verbo loquor aparece na Vulgata 139 vezes como uma fala
comprobatória divina. Está intimamente ligado à loquens, que significa falar de forma
expressiva.Todos são derivados de Locutio, o deus da fala, eloquentia (eloquência)
dom da palavra; eloquium (discurso); eloquor (exposição, revelação, explicação);
este último de muita afinidade com a intenção de Agostinho (Agostinho, 2015, P.
27).

O último ponto referente a comunicação em Agostinho, segue os passos duma


abordagem à novidade, é a evangelização ou o primeiro anúncio do Evangelho.
Àqueles que o aceitam, uma vez convertidos, é necessário catequizar
convenientemente para que, conhecendo os mistérios revelados, possam viver uma
vida cristã e, é na catequese propriamente dita onde se procura uma apresentação
mais sistemática dos conteúdos. Agostinho (2015)

Para Aquino o conhecimento intelectual do homem traduz-se, exteriormente, num


conjunto de sinais sensíveis, falados ou escritos, que compõem a linguagem
humana. (Faitanin. In: Santos. 2011)

Uma outra comparação que o autror faz é de que a dinâmica existente entre o
intelecto e a comunicação acontece em torno do conceito de "verbo" (traduzido por
alguns autores como palavra ou expressão). Para o Aquinate, verbo é uma
semelhança, uma similitude, da coisa inteligida (Aquino, 1953, p.215), significa, pois,
a coisa mediante o conceito, pois segundo o modo como se lhe entende, assim lhe
nomeia (FAITANIN. In: SANTOS. 2011. 12).

1.1.3. A Comunicação Na Idade Moderna

Os sinais, usados na linguagem, são de diversos tipos, como diz Faitanin: "sinal
é aquilo que serve para o conhecimento de outra realidade. A fala é a manifestação,
pela voz, da palavra interior que se concebe com a mente. A linguagem escrita, por
exemplo, é a fala expressada em formas gramaticais.Faitanin (2012)

Resseau, diz que os homens desenvolem meios, introduzem obstáculos entre suas
lamas, obsurecem suas relações e perdem a pureza de sua primeira comunicação.

Resseau mostra que a linguagem articulada não natural (ou inata) e os que afirmam
que o homem natural tem linguagem articulada estão transferindo para o homem
natural características do homem civil. Starobinski (1991)

Condillac em sua lógica escrevera: as acções do corpo representam as escrevera da


alma e desvendam algumas vezes até os pensamentos mais secretos. Qundo define
a linguagem este dirá que é a primeira, a mais expressiva, a mais verdadeira forma
de comuniação… é segundo este modelo que aprendemos a fazer lingua.
(Condillac,1979, p. 83)

1.1.4. A Comunicação Na Idade contemporânea

Kierkegaard (1996) ao definir a comuncação irá referir a comunicação directa – a


que este chama também “habitual”e “ordinária” – é “imediata”, não atendendo à
“dupla reflexão” envolvida no pensamento e na comunicação,"exige a certeza”,
"deixa-se compreender directamente, deixa-se recitar e não tem segredos”.

Para Pinto (sd), a comunicação é o acto de transmitr intenionalmente uma


informação, opinião ou como manifestar um pensamento.

Já Jakobson (2007), diz que comunicar é o acto de transmitir mensagens,


informações ou ideias por algum meio, seja ele escrito, falado ou gesticulado,
estimulando uma resposta. Afirma o mesmo autor que para uma comunicação
efectiva o emissor que produz e emite a mensagem deve utilizar o mesmo código
que o receptor para que o mesmo consiga interpretá-la e, ambos precisam estar no
mesmo contexto para através de um canal de comunicação, estabelecerem-na.

Assim, pensando definir os atributos dos objetos,ele pôs seres lingüísticos, pois é a
lingua que, graças ás suas próprias categorias, permite reconhecê-las e classificá-
las. O que se quer provar para o autor é que o que podemos dizer delimita e
organiza o que podemos pensar; a lingua fornece a configuração fundamental das
propriedades das coisas reconhecidas pelo espírito (Benveniste 1966, p.63-74).
1.2. Outra sistematização do Processo da Comunicação Desde os
Primórdios à Actualidade

Descrever sobre o processo de comunicação em suas diferentes etapas aos dias de


hoje, configura uma tarefa trabalhosa, porquanto, há várias visões na literatura, o
que pressupõe assumir que, provavelmente, não terão sido esgotadas todas as
teses.

Neste sentido é crucial assumir que viver pressupõe comunicar quer seja consigo
mesmo, com os outros e, largamente, com os demais seres vivos. É nesta lógica
que Serra (2007, p. 69), fundamenta que a palavra comunicação “[...] envolve um
sentido duplo: ela pode ser (e é) interpretada seja como transmissão, «um processo
de sentido único», seja como partilha, «um processo comum ou mútuo»” (idem).
Noutros termos, Gonzaga e Tauchen (2018) esclarece que, embora a comunicação
seja inata, ela conhece a sua evolução, precisamente, na fase do homo sapiens,
este que para se comunicar fazia a “emissão de sons, [...], como por exemplo, emitir
um som cujo significado represente perigo” (p. 495). Na mesma lógica Bragança
(2009) assume que a comunicação sempre esteve presente na evolução do homem.

De acordo com Gontijo (2004, p. 11):

A história das comunicações evolui no mesmo trilho da história da


humanidade. Pelo simples facto de que a última só existe porque de alguma
forma foi relatada de pai para filho, de tribo para tribo, de cidade para cidade,
de país para país por meio de indivíduos e de tecnologias que expandiram os
recursos do corpo humano. Os meios de comunicação são extensões de
nosso corpo, e suas mensagens, de nossos sentir e pensar.

De acordo com Flusser (2014), apud. Gonzaga e Tauchen (2018, p. 495) “a


capacidade de falar é hereditária, mas as formas como as ondas de ar são
transformadas em fonemas são uma informação adquirida”. Neste sentido, realça
Flusser (2007), apud. Gonzaga e Tauchen (2018, p. 497) que “a história da
humanidade observada pelo viés da fabricação indica quatro períodos distintos: o
das mãos, o das ferramentas, o das máquinas e o dos aparelhos electrónicos [...]”.
Noutra perspectiva, Recuero (2000) entende que a primeira grande revolução na
comunicação aconteceu quando o homem desenvolveu a linguagem, como tentativa
de comunicar-se com seus semelhantes e sucesso na luta pela sobrevivência.
Bragança (2015) apresenta a comunicação como um marco histórico que
revolucionou o mundo, pois entende que a comunicação sempre esteve presente na
evolução do homem. Entende que a evolução da comunicação pode ser dividida em
Eras. Noutros termos Jean Cloutier (1975, p. 17) apud. Dias (2013, p. 21) apresenta
a evolução histórica da comunicação como:

1. Interpessoal / Família: o tempo da oralidade


 Era da comunicação gestual e falada.
 Limitada ao campo visual e auditivo do indivíduo.
2. Elite / Escola: o tempo da escrita
 Surgimento de outras formas de comunicação que culminam com a
escrita.
 Surgimento da escola como entidade de organização do aprendizado.
 Nasce a época de armazenamento do conhecimento.
3. Massa / Escola Paralela: o tempo da tipografia
 Invenção da Imprensa.
 Produção de livros em larga escala.
 A transmissão do conhecimento passar a ser feita também por outros
meios como livros, jornais, rádio e televisão.
4. Individual / Auto-formação: o tempo dos self-media
 O homem passar a ter acesso ao conhecimento em massa e dispõe de
um conjunto de recursos tecnológicos para também poder se
expressar.
 O homem possui um papel mais activo tanto como consumidor quanto
como produtor de conhecimento através de uma aprendizagem
autónoma (Cloutier, 1975, apud. Dias, 2013, p. 21).

Na sequência Flusser (2007, p. 36), apresenta o sentido de fabricar: “fabricar


significa apoderar-se de algo dado na natureza, convertê-lo em algo manufacturado,
dar-lhe uma aplicabilidade e utilizá-lo” (idem). “O importante a ser destacado nessa
dinâmica é que cada vez mais as informações herdadas tornam-se menos
importantes, ao contrário das informações adquiridas, pois os aparelhos electrónicos
exigem uma aprendizagem mais abstracta”, (Gonzaga & Tauchen, 2018, p. 497).

O resultado desse movimento é a transformação do homem em um sujeito artificial,


alienado do mundo, aprisionado pela cultura e que aos poucos vai perdendo seu
sentido natural. É o que Flusser chama de “contra-ataque das máquinas” em função
até mesmo da alteração do comportamento humano, como por exemplo, ao afirmar
que “os jovens dançam como robôs, os políticos tomam decisões de acordo com
cenários computadorizados, os cientistas pensam digitalmente e os artistas
desenham com máquinas de plotagem”, (Flusser, 2007, p. 49). Esse fenómeno é
decorrente do facto de que na actualidade, cada vez mais a maioria dos aparelhos
são construídos por “máquinas inteligentes” e o homem passa a intervir no processo
apenas eventualmente. (Gonzaga & Tauchen, 2018, p. 497).

Noutra linha de fundamentação, ainda sobre a evolução da comunicação humana


desde os seus primórdios, Sabbatini (2001, p. 6) afirma que:

 Ao longo de um milhão de anos, os hominídeos desenvolveram


gradativamente uma destreza manual surpreendente (chegando assim à
fabricação de ferramentas).

 O próximo passo foi, então, o uso das mãos para uma série de gestos
comunicativos, e as primeiras representações simbólicas.

De acordo com DeFleur e Ball-Rokeach (1993), Barros, Souza & Teixeira


(2021, p. 4), é necessário observar a evolução da comunicação com a utilização da
divisão nas seguintes Eras e Idades:

 Era dos Símbolos e Sinais;


 Idade ou Era da Fala e da Linguagem;
 Era da Escrita;
 Idade ou Era da Imprensa;
 Idade ou Era da Comunicação de Massa;
 Era dos Computadores. Sobre a Era dos Símbolos e Sinais, DeFleur e
Ball-Rokeach (1993, p. 11-12) contextualizam que teve um início bem
cedo, nos tempos pré-hominídea e protohumana, bem antes do homem
caminhar de forma erecta.

Os autores acima, afirmam que nos primeiros dias, a comunicação era da mesma
forma que outros mamíferos fazem, que respostas herdadas e instintivas eram
significativas na comunicação como um todo e que, nesta era, foram necessários
milhões de anos para que surgissem gestos, sinais e sons padronizados que fossem
adoptados como comunicação compartilhada e aprendida para que gerações futuras
também fizesse uso destes padrões entendidos.

DeFleur e Ball-Rokeach (1993), apud. Barros, Souza & Teixeira (2021, p. 5) “ainda
dizem que é mais significativo encarar o desenvolvimento humano dividindo sua
evolução em Idades, na qual, os ancestrais dos seres humanos fizeram avanços
sucessivos consideráveis em suas capacidades de registar, trocar e disseminar
informações”.

Na medida em que a evolução do homem caminhava, as formas de


comunicação eram fundamentais para o seu progresso, principalmente pela
necessidade de registar os avanços e compartilhar as informações e dados
com as gerações vindouras, permitindo um acúmulo do conhecimento e um
desenvolvimento contínuo. Neste sentido, é válido afirmar que a própria
comunicação e sua evolução é um dos principais factores da evolução
humana como um todo, (idem).

DeFleur e Ball-Rokeach (1993), apud. Barros, Souza & Teixeira (2021, p. 4),
auxiliam na compreensão do exposto quando afirmam:

A experiência inicial da espécie humana em nosso planeta é amiúde descrita


por arqueólogos e outros eruditos em termos de eras e idades. Exemplos são
as Idades da Pedra Antiga, Média e Nova, ou as Idades do Bronze e do Ferro.
Estes nomes referem-se a períodos – alguns mais ou menos curtos e outros
multisseculares – durante os quais os primitivos homens faziam ferramentas
com diferentes materiais ou criavam diferentes tecnologias para resolver
problemas na produção de comida ou construção de armas. Esses intervalos
e suas numerosas subdivisões (Paleolítico, Mesolítico, Neolítico, etc.) são
indiscutivelmente úteis para traçar a evolução da confecção de ferramentas e
da tecnologia, mas falham totalmente sob o aspecto bem mais fundamental
da existência humana – a capacidade de comunicar-se.

1.2.1. Era dos Símbolos e Sinais

De acordo com Bragança (2015) até porque corrobora com DeFleur e Ball-Rokeach
(1993, p. 9), sustenta que “a evolução da comunicação humana se deu em Eras.
Segundo ela, inicialmente houve a Era dos Símbolos e Sinais, há cerca de 90 mil
anos atrás, onde os indivíduos, hominídeos, não falavam”. A comunicação era a
base de gestos e sinais que seguiam um determinado padrão e eram passados de
geração em geração para que houvesse uma socialização de todos. Utilizavam-se
para a comunicação na Era dos Símbolos e Sinais ruídos e movimentos do corpo,
que eram traduzidos em símbolos e sinais e entendido por aqueles que estavam
envolvidos nos processos de comunicação. Aponta ainda que, nesta Era, não havia
a oralidade, porém, existia emissão de sons como ruídos, rosnados, roncos e
guinchos e que a conclusão da comunicação era imprecisa e as conclusões
prejudicadas e o ritmo da troca de informações era lento.

Enquanto isto, a quem entende que os primeiros sinais da comunicação estão


intrínsecos a perspectiva cristã, chegando mesmo de fundamentar que:

Na própria criação, segundo o Génesis, Deus se comunica através de uma


palavra eficaz e por meio dela expressa-se, revela-se a si mesmo. O
momento da Criação, do nomear as coisas, é um fazer com que as mesmas
adquiram existência; é comunicar o seu ser. Nesse sentido, Deus deu ao ser
humano a capacidade comunicativa ao designar o ser humano como grande
administrador do universo (Aranguren, 2022, pp. 33-34).

Assim neste processo de comunicação, a religião se manifesta fundamental na qual


os homens se encontram com o ser transcendental. Por exemplo, um cristão no
momento mais alto da sua adoração se comunica com o altíssimo (Deus), com o
qual procura revelar os seus pecados e espera que os mesmos, pela confissão,
sejam perdoados. Para fundamentar Aranguren (2022, p. 36) realça que “a religião
é, essencialmente, um conjunto simbólico; sempre aberta ao transcendente e o
nosso corpo contribui para formação simbólica. Sendo assim, o corpo, na sua
essência, é expressão das disposições religiosas e comunicativas”.

Nesta fase, a comunicação estava mais orientada para vertente estritamente divina,
isto é, Deus o centro de todas atenções. Nesta altura, o homem evoluiu
relativamente às novas descobertas e deu de costas viradas a ciência como tal,
preocupou-se apenas se conectar com o ser transcendental (os signos e a dimensão
simbólica).

O raciocínio acima faz-nos reflectir a fundamentação de Hilberath (2000, p. 183),


quando diz que:
a comunicação é um conjunto de dados que apresenta uma dimensão
simbólica que permite nos direccionar a Deus. Na história do cristianismo,
sempre houve uma multiplicação dos símbolos que inspiraram e permitiram
o encontro do ser humano com Deus a partir de uma experiência de fé:
símbolos da arte, do corpo, dos gestos, das representações e dos objectos.
A arte e a religião são os reinos do símbolo, porque nos diferentes
momentos históricos é Deus quem nos comunica e revela sua acção
salvadora. Contudo, o símbolo por excelência que Deus confere ao ser
humano é Jesus Cristo.

A dimensão simbólica possibilita uma articulação entre fé e vida, levando-


nos a realizar a experiência do amor de Deus. Os símbolos expressam
experiências profundas em toda a história, experiências que não podem ser
traduzidas e reduzidas a conceitos e palavras; por isso, eles têm um papel
determinante na vida social e na Igreja. “Santo Agostinho refere que a
origem da humanidade explica-se pela revelação que ensina que o homem
foi criado por Deus e elevado por ele a ordem sobrenatural” (Mondin, 1982,
p. 160).

1.2.2. Idade da Fala e da Linguagem

De acordo com DeFleur e Ball-Rokeach (1993, p. 12), “a Idade da Fala é também


tida como a Era do aparecimento do homem «Cro-Magnon», uma forma de homo-
sapiens, com o início de alguma oralidade em comunicação girando em torno de 90
e 40 mil anos atrás”. Na mesma senda, Bragança (2009, pp. 1-5), realça que a
evolução da comunicação para Era da Fala: “[…], por volta de 35 a 40 mil anos
atrás, com o aparecimento do indivíduo «Cro-Magnon», que foi marcado pela
«cultura oral»”. Assim, com o advento da fala, houve a possibilidade de um grande
salto no desenvolvimento humano, isto é, maneiras de transmitir informações
complexas e contestar o que foi transmitido. Nesta época houve o início da chamada
pintura rupestre e arte, formas primitivas de armazenar informações, (Bragança,
2015).

Neste mesmo período, constata-se outra corrente da evolução do homem que


sustenta:
No período da hominização, quando o homo erectus andava pelo mundo, ao
pegar uma pedra qualquer e transformá-la em objecto, elegeu um problema.
Isso nunca havia acontecido, extrair algo do mundo da vida, do mundo
objectivo, e transformá-lo em artefacto. Essa acção provocou um
estranhamento, a hominização de um lado e o mundo objectivo do outro. Com
a evolução do homo sapiens, para armazenar as informações adquiridas,
utilizou-se do seguinte método: o primeiro foi a emissão de sons, algo que faz
parte da própria genética e, também, comum a outros vertebrados, pois são
dotados de órgãos que permitem tal possibilidade, como por exemplo, emitir
um som cujo significado represente perigo, (Gonzaga & Tauchen, 2018, p.
495).

“O homem chegou à associação dos sons e gestos para designar um objecto, dando
origem ao signo. Assim nasceram os signos, isto é, qualquer coisa que faz
referência à outra coisa ou ideia, e a significação, que consiste no uso social dos
signos” (Bordenave, 1982, p. 24).

A invenção de certa quantidade de signos levou o homem a criar um processo de


organização para combiná-los entre si, caso contrário, a utilização dos signos
desordenadamente dificultaria a comunicação. Foi essa combinação que deu origem
à linguagem segundo Bordenave (idem, p. 25) quando diz que “de posse de
repertórios de signos, e de regras para combiná-los, o homem criou a linguagem”.
Tattersall (idem, p. 72) nos faz recordar que “os humanos tinham um trato vocal
capaz de produzir os sons de fala articulada mais de meio milhão de anos antes que
surgisse evidência de linguagem”.

A linguagem permitiu que a humanidade conseguisse transmitir o conhecimento


adquirido, aperfeiçoando a forma de apreender o mundo pelas primeiras
comunidades. Alguns séculos mais tarde, a linguagem teve seus sons codificados
em símbolos, e posteriormente em alfabetos. Com a criação desta nova convenção,
teve início a civilização como a conhecemos hoje, (Recuero, 2015).

1.2.3. Era da Escrita

Para DeFleur e Ball-Rokeach (1993) a evolução das comunicações trazem a Era da


Escrita como sendo em torno de 5 mil anos atrás, tendo sido uma grande
responsável pelo desenvolvimento das capacidades do ser humano e foi inventada
em várias partes do mundo, com criações independentes em lugares distintos,
porém, a transcrição mais antiga é dos sumérios e os egípcios.

Por outro lado, Bragança (2015) realça que após a Era da Fala, seguiu-se para a
Era da Escrita e, nesta, houve um período curto para a sua consolidação, passando
a ter sentido a partir do momento em que significados padronizados foram criados
para as representações pictóricas, sendo este considerado o primeiro passo para a
escrita. Na Era da Escrita, os Sumérios foram os primeiros a criar símbolos para
sons e, neste sentido, sílabas passaram a ser escritas, considerado o primeiro passo
para a escrita fonética. Seguindo a evolução da comunicação dentro da própria Era
da Escrita, o homem criou a própria escrita em papiros, pedras e placas de argila
para poder gravar, armazenar e transmitir suas mensagens.

A comunicação vem estendendo-se desde os primórdios da humanidade, sendo um


marco divisório em sua evolução a invenção da escrita, caracterizando-se, inclusive,
como o período da Pré-História todos os tempos antes da invenção das formas de
se registar e se comunicar por escrito. Após a invenção da escrita, a humanidade
entrou no período da História. Pré-história é toda forma de civilização anterior à
invenção da escrita, e ela data de aproximadamente 500.000 A.C., (Gusttavo, 2013).

Milhomen Santo e Brandão (2012, p. 6) afirmam que:

o próprio homem pré-histórico sabia da importância de se comunicar e de


transmitir o que sentia, prova disso era a utilização de gestos, ruídos, mímicas
e demarcações territoriais que eles utilizavam para entender e ser entendido.
Também trazem que essa forma de comunicação foi precursora de todo o
aprimoramento nas formas de se comunicar e interagir com outros indivíduos,
passando para o desenvolvimento da comunicação através da oralidade e,
seguindo para a escrita.

Na mesma lógica de sustentabilidade, Milhomen, Santo e Brandão (2012, p. 7)


salientam que:

Os desenhos em cavernas foram uma forma que o homem primitivo


encontrou de memorizar o que acontecia em seu quotidiano, além do facto de
perpetuar sua mensagem, acumulava assim durante a sua vida o máximo de
informações que podiam, auxiliando na evolução do seu processo intelectual
e consequentemente de seus descendentes. Permitindo dessa forma a
perpetuação de suas tradições, de sua cultura.

Neste sentido, para fundamentar o valor da escrita, Recuero (2000) assume que a
escrita permitiu que o conhecimento ultrapassasse a barreira do tempo e que a
mensagem pudesse existir independente de um emissor, podendo ser recebida a
qualquer momento por alguém que soubesse decifrar o código. Permitiu também a
organização linear do pensamento, base da inteligência e cultura dos séculos
seguintes. Com a escrita desenvolveu-se também a ciência, criando várias raízes de
conhecimento científico e desenvolvendo a civilização. Com a ciência, o espaço
pôde ser reconfigurado, medido, transformado. A distância passou a ser algo
concreto, passível de ser medido. A escrita também esteve intimamente ligada com
a transmissão e desenvolvimento da cultura dos povos. E a cultura com o
desenvolvimento também da sociedade e da vida social. O impacto da escrita na
vida do homem foi tão forte que até hoje os historiadores determinam o fim da Pré-
história e o início da História, ou seja, da civilização e do desenvolvimento pela
provável data da invenção da escrita.

1.2.4. Idade da Imprensa

O início da Idade da Imprensa, data aproximadamente, “no ano de 1455 com a


invenção, por Gutemberg na cidade alemã de Mainz, de uma máquina capaz de
fazer reproduções e, sua primeira reprodução foi um livro confeccionado por uma
prensa que possuía tipos móveis feitos de metal” (DeFleur e Ball-Rokeach, 1993, p.
12). Assim, de acordo com os autores (idem), tal invenção foi disseminada de forma
rápida e revolucionou a forma de desenvolver e preservar as informações e a
cultura.

Na era da imprensa destaca-se, substancialmente, um grande avanço do homem na


vertente comunicacional, podendo nesta fase, existir condições para reproduzir os
livros, tal como realça Dias (2013, p. 24) que:

Com o passar dos tempos se torna comum a prática de copiar os livros, o que
acaba tomando muito tempo (essas cópias eram feitas manualmente pelos
chamados copistas) e espaço. Apesar de ter sido um salto enorme para a
comunicação a escrita alfabética também trazia os seus problemas, pois, os
manuscritos eram grandes, pesados e difíceis de transportar.
Apesar de a literatura ser unânime quanto ao país em que este avanço se deu, isto
é, Alemanha, por Gutemberg, o ano preciso é uma situação discutível, na medida
em que, Dias (2013, p. 24) assume que “a era da imprensa se deu em 1450”. Outra
tese sustenta que estamos diante da idade moderna, pois nesta fase a comunicação
ganhou outra dimensão, podendo assim sustentado que “a modernidade definia a
comunicação como: a partilha e participação em comum de algo por um conjunto
determinado ou indeterminado de indivíduos; emissão, transmissão e recepção por
meios convencionados e codificados de algo […]”, (Santos; Alves & Serra, 2011, p.
10).

Neste sentido, a comunicação assume uma partilha em comum, uma correlação


entre as pessoas e do homem com o mundo e a natureza. A comunicação busca
compartilhar ideias por meio da fala e escrita.

Bragança (2015) fundamenta que a Era da Imprensa foi iniciada com o advento da
invenção da Prensa de Gutemberg, transformando a forma como as comunicações
escritas eram desenvolvidas. Antes da Era da Imprensa, a escrita era feita e
interpretada por quem a escrevia, podendo haver variações entre cópias feitas de
um mesmo documento, sem contar o tempo que os documentos levavam para
serem copiados. Ainda aponta que, partir o invento de Gutemberg, a própria
preservação da cultura foi modificada, com a possível difusão dos processos de
ensino e aprendizagem e a criação de empresas de difusão da comunicação, como
jornais e revistas.

Bragança (2015) também cita que houve outras invenções que revolucionaram as
comunicações, tais como o telégrafo e o próprio código Morse, considerado uma
evolução do próprio telégrafo.

Sobre a importância para a disseminação do conhecimento e mudança da


sociedade ao ingressar na Era da Imprensa, Bernardi (2007, p. 41) corrobora ao
contextualizar a importância da comunicação impressa:

[...] é a partir do aparelho de impressão de Gutenberg que a informação ganha um


aspecto público, grandemente facilitado pelo barateamento e facilidade de
multiplicação e circulação informacional. Surgem os periódicos e a edição de livros,
permitindo o aparecimento do escritor profissional, que passa a produzir para um
mercado consumidor crescente. (Bernardi, 2007, p. 41).
1.2.5. Era da Comunicação em Massa

Sobre a Era da Comunicação em Massa, Bragança (2009, p. 3) afirma seu início por
volta do Século XIX, com o advento da difusão de jornais, revistas e outras medias
que puderam ser distribuídas para o grande público, seguindo pela criação do
cinema, rádios e televisão, havendo assim, uma massificação da comunicação e a
criação de uma indústria cultural.

A Era da Comunicação em Massa, segundo DeFleur e Ball-Rokeach (1993, pp. 12 e


p. 20) iniciou-se no final do século XIX com a disseminação de jornais para pessoas
comuns e o advento das mídias eléctricas como o telégrafo e o telefone, porém,
consolidou-se mesmo tendo seu início no começo do século XX com a criação da
televisão para a população, ampla divulgação de filmes e rádios. Ainda frisa que
estes veículos que foram os responsáveis pela transição que continua hoje.

1.2.6. Era dos Computadores e da Informação

Bragança (2015) ainda aponta que, na Era dos Computadores e da Informação,


houve um grande impulso nas comunicações com o desenvolvimento de tecnologias
que revolucionaram os processos de transmissão de mensagem da história da
humanidade, com tecnologias de transmissão de dados, voz e vídeo com
velocidades altíssimas e uma convergência total ao mundo e a realidade virtual.
Consolidando o pensamento para a Era dos Computadores e da Informação, Dias
(2013, pp. 27-28) auxilia no entendimento ao afirmar:

A humanidade assistiu ao longo do século XX várias evoluções tecnológicas


que permitiram a conquista do espaço. Os satélites de telecomunicações são,
28 talvez, os maiores frutos dessa conquista. Além de permitirem a
retransmissão de programas da televisão educativa e comercial, eles abriram
novas perspectivas para a comunicação telefónica, a transmissão de dados,
fax, internet e muitos outros serviços especializados.

Por fim, Bragança (2009 ou 2015, p. 4) […] caracterizada esta era pela consolidação
da evolução dos sistemas de telecomunicações no Século XX e pela disseminação
da utilização do computador, responsável por uma evolução além das previsões e,
nela, concretizou-se a conquista do espaço, a criação e utilização de satélites de
comunicação que, revolucionaram as comunicações com a ampliação das
transmissões de rádio e televisão, assim como, das transmissões de dados, das
redes de computadores e da criação da Internet e consolidação do ciberespaço.

Na mesma linhagem, DeFleur e Ball-Rokeach (1993) finalizam a evolução da


comunicação humana ao chegar na Era dos Computadores, onde a sociedade
passou a ser informatizada e que as tecnologias dos computadores remodelaram os
veículos de comunicação de massa e, a partir de então, uma continuidade de
alterações do quotidiano da sociedade seria constante. Afirmam que “Outrossim, os
computadores e as tecnologias correlatas estão remodelando e prolongando nossos
veículos de massa”. (Defleur e Ball-Rokeach, 1993, p. 12).

Neste sentido, é importante sintetizar que a comunicação recai substancialmente em


três pressupostos inalienáveis dos quais temos (Silva, 2005, pp. 102-108):

a) Comunicação como factor ontológico: trata propriamente do ser em usar


a comunicação como característica de sua personalidade ou ainda,
sustentador da própria relação sujeito/objecto ou de sua dissolução numa
racionalidade intersubjectiva. A comunicação dá ao ser essa
originalidade de poder dizer e evocar os objectos de acordo a uma
identidade convencional.

b) Comunicação como consequência do pensamento (representação):


cremos que o acto comunicação precisa abordar concretamente o que
intuímos em nossa mente de tal sorte que falemos exactamente o que o
concreto se refere, é o caso, diríamos da relação fundamental que se
nota entre o pensamento e comunicação no âmago da representação
facto este que também se faz sentir no acto pelo qual se faz ver um
objecto presente ao espírito.

c) Comunicação como consequência do conhecimento (mediação):


conhecer é criar”, vê-se o conhecimento como meio ou instrumento,
havendo regras para o bom pensar, como se o modo de pensar existisse
previamente em relação ao pensar.

1.3. A Comunicação e a Linguagem

A comunicação, muitas vezes, é impedida de ser bem sucedida por alguns factores
que dependem tanto do remetente, destinatário quanto do ambiente ao qual se
encontram. Essa falha de comunicação é comumente relatada como ruído. O
publicitário Pires (2011) diz que os ruídos podem ser físicos; semântico por
dificuldades de compreensão; ou cultural, quando falta repertório para que a
mensagem seja compreendida. Dentre esses tipos pode haver o bloqueio, quando a
mensagem não é recebida e a comunicação é interrompida ou a filtragem, quando a
comunicação é efetuada, porém a mensagem é parcialmente recebida. Os ruídos
podem ser por parte do emissor ou do receptor. Falta de clareza nas ideias,
comunicação múltipla, problemas de codificação, bloqueio emocional, hábitos de
locução ou suposição acerca do receptor, são alguns tipos que podem ocorrer com
quem emite.

Já segundo Gonçalves (2007), o destinatário pode ter problemas com relação à


audição seletiva, avaliação prematura, preocupação com a resposta, reação do
emissor, atribuição de intenções, às experiências anteriores, crenças e atitudes, ao
desinteresse, comportamento defensivo, preconceito e estereótipo. As barreiras
podem ser amenizadas utilizando uma linguagem apropriada e direta; informações
claras e completas; canais múltiplos para estimular os vários sentidos do receptor
(visão, audição etc.); comunicação face a face; escuta ativa e empatia.

Pinto (sd) apresenta os Tipos de comunicação na seguinte ordem: Unilateral (nu só


sentido), quando não há reiprocidade por parte do emissor e receptor.Ex: o que
acontece na Tv, jornal.

Counicação bilateral ( nos dois entidos), quando existe reciprocidade. Ex: no diálogo.

O estudo da linguagem teve sua origem nos tempos pré-socráticos e fundamenta-se


basicamente na dupla antinomia: ela foi recebida dos deuses ou elaborada pelo ser
humano. Para muitos filósofos, a linguagem é natural na sua função, mas
convencional na sua origem, (Marcondes, 2004).

De acordo com Mondin (2005, p. 138):

a origem da linguagem nos apresenta duas alternativas: a linguagem foi


recebida de Deus criando-a, ou então foi inventada pelo ser humano, imitando
a natureza ou artificialmente. Ambas encontrarão adesão de estudiosos;
porém, nos estudos actuais, a segunda ganha uma maior consistência.
Noutra perspectiva, Humboldt, apud. Gadini (p. 154) sustenta que a linguagem não
pode ter sido inventada pelo próprio homem uma vez que “o homem é homem
somente mediante a linguagem; ora, para inventar a linguagem, ele deveria já ser
homem”. Apesar desta posição, a lógica fundamentada nos dias de hoje, sustenta
que a linguagem tenha tido origem por evolução (Gadini, idem). Ainda Mondin (2005,
p. 140) realça que certos estudiosos afirmam que “a linguagem tem uma origem
convencional. É o homo sapiens que inventa certos sons para cumprir determinadas
operações”.

Na lógica dos argumentos acima, é importante realçar que, quer uma quer outra tese
nenhuma pode ser considera errada ou mais certa, pois, é conveniente afirmar que
as duas integram-se mutuamente. Sendo assim, a segunda tese baseia-se numa
invenção do ser humano concebida através da imitação dos sons emitidos pelos
animais e pelas coisas, confirmada pela quantidade de sons onomatopaicos
presentes em todas as línguas e pela maneira como a criança aprende a falar,
imitando os sons que ouve dos pais. Neste sentido é possível depreender três
elementos: primeiro – o sujeito que fala (e se exprime falando); segundo – o objecto
de que se fala (e se representa mediante a palavra); e terceiro – o interlocutor a
quem se fala e com quem se quer comunicar falando. Assim, é destes elementos
essenciais dos quais a linguagem depende.

Os estudiosos afirmam que a linguagem é constitutivo do homem, por isso, sua


definição é ampla e complexa. O certo é que a linguagem constitui a primeira e mais
importante epifania do Ser; ou seja, revela seu valor antropológico fundamental.
Mostra-nos que o ser humano é um ser falante, até mesmo quando não emite
palavras, quer no sono, quer no ler ou quando estamos na atitude de escuta. Assim,
a linguagem se concretiza a partir de um sistema de signos artificiais e
convencionais destinados à comunicação, (Marcondes, 2004).

Assim, apresentado o conceito da linguagem, cumpre-se apresentar a relação


umbilical entre a comunicação e a linguagem. No processo da comunicação a
linguagem é indispensável. Pois, salienta Breton (1999, p. 35) que “a linguagem é o
instrumento privilegiado da comunicação e também da presença da sociabilidade, na
medida em que ela tem uma força muito grande para convencer as pessoas”.
Depois da definição da linguagem, Pinto (sd), apresenta os tipos de lingueagem na
seguinte estrutura: verbal, que é realizada por palavra. Oral (diálogo,telefonema) e
escrita (livro, jornal); não verbal que é realizada por meios que não a palavra: sonoro
(toque da campainha), gestual (continência), simbólica (a pombra representando
paz), icónica ( desenhos em placas na via pública); mista, que é simultaneamente
verbal e não verbal (anedota ilusterada).

Para Vigotsky (2001, pp. 2-3), “é com a linguagem, que veiculamos e exprimimos o
pensamento”, sendo para Lau e Kaparata (2006, p. 19) que o pensamento é o
“conjunto de ideias ou significados que o intelecto humano elabora e atribui aos
objetos refletidos no interior do seu mecanismo perceptivo”. Nesse sentido, “existe
um vinculo inseparável entre pensamento e ideia; tanto que sempre que o ser
humano pensa se produzem ideias que refletem e representam a realidade por ele
refletida”, logo verifica-se a manifestação da linguagem e da comunicação, visto que,
“[…] a linguagem é a condição obrigatória para a realização da autopoiese da
comunicação” (Marcondes, 2004, p. 486).

Nesta interligação entre comunicação e linguagem, resulta um leque variado de


formas de comunicação humana que podem ser agrupadas nas modalidades:
oral/não oral e verbal/não verbal (DeVito, 2016):

 Modalidade não-oral: comportamentos (corporais e exteriores ao corpo


humano), utilizados para expressar uma mensagem (olhar, a postura
corporal, expressão facial, escrita);
 Modalidade oral: comportamentos utilizados pelo trato vocal para
expressar uma mensagem (choro, gritos, entre outros);
 Modalidade não-verbal: comportamentos convencionados para veicular
ideias, pensamentos ou sentimentos (entoação, expressão facial,
vocalizações, entre outros);
 Modalidade verbal: envolve o uso de palavras como símbolos para trocar
ideias, pelo que é linguística. Envolve regras estabelecidas entre o grupo
que conhece o referido sistema (Línguas, Línguas gestuais, entre outros).

De acordo com Silva (2005, pp. 103 e 104)

há uma relação mais profunda e essencial entre a comunicação e o próprio


pensamento, relação derivada directamente de uma escolha ontológica, qual
seja, a cesura entre Ser e Pensamento, pela qual toda comunicabilidade
possível implicada na experiência do pensamento terá como condição a
operação de mediação. A cesura cria o espaço ontológico da representação
que torna possível o pensamento e a comunicação como termos de uma
mesma acção mediática produtora de conhecimento.

Com efeito, é preciso entender na voz do autor que o que caracteriza a


tradição da representação é a fronteira estabelecida entre Ser e Pensamento.

1.4. O Conceito da Pessoa Humana

Conceituar a pessoa humana não é tarefa tão fácil porquanto várias correntes
apresentam suas perspectivas filosóficas, sendo umas mais naturalistas e outros
mais teológicos. O termo «pessoa», do ponto de vista etimológico, vem do grego
proswpon (prósopon) e do latim personare que significava máscara e, com o tempo,
sofreu influência de duas tradições culturais.

 Na primeira tradição – persona significou inicialmente a máscara com a qual


os actores se apresentavam diante do público. Com o tempo, este sentido
estendeu-se até ao ponto de exprimir o papel que o actor representava (rei,
soldado, escravo) e, por último acabou por denominar o actor enquanto tal, o
homem;
 A segunda tradição – enquadra-se no direito romano e procede de uma
outra acepção da palavra “persona” entendida, neste caso, como «per se
sonans», o que quer dizer, quem fala por si mesmo e tem voz própria. Este
significado inicial ampliou-se até ao ponto de exprimir aquele que tem status
e conhecimento social. Porém, em Roma ser “persona” (pessoa) implicava
ser livre, possuir direitos e dignidade social, excluindo neste conceito os
escravos e os bárbaros (os estrangeiros), os que não pertenciam a famílias
nobres e, por conseguinte, as mulheres e crianças tinham direitos limitados
(Santo Justo, …).

Para Siqueira, (2007, Pag 14), a pessoa humana é “ser dotado de característica
diferencial em relação a todos os outros animais: ele é ao mesmo tempo um ser
biológico e um ser cultural/simbólico”. No mesmo caminho segue Stoczkowski (1994,
p. 55) ao realçar que “é um ser dotado de um conjunto de características às quais se
atribui o estatuto de traços distintivos da nossa família biológica; contudo, explicar a
antropogênese é explicar as origens dessas características humanas”.

Diante dos termos ora definidos podemos destacar a perspectiva mais filosófica de
Japiassú e Marcondes (2001), que relaciona o conceito de pessoa, partindo da sua
origem latina que de persona, literalmente significa – máscara […], fundamentando
que pessoa humana refere-se às características de um indivíduo.

É importante ainda fundamentar que, apesar dos conceitos ora expostos, temos
necessariamente de apresentar o conceito da pessoa humana, consoante as
seguintes diferentes visões do saber:

1. Na tradição escolástica, a pessoa é uma substância individual de natureza


racional, existindo como um todo indivisível (um indivíduo) doptado de razão. Daqui
pode-se depreender Boécio citado por De Carvalho (2005, p. 283) ao realçar que a
pessoa humana é a “substância racional de natureza individual”.

2. Em um sentido jurídico, reflecte-se ao cidadão, ou seja, indivíduo na medida em


que possui uma existência civil e portanto direitos. Daqui pode-se depreender
Santos Justo (……), ao realçar que a personalidade jurídica é adquirida com o
nascimento completo e com vida, e que determinadas pessoas não eram titular de
personalidade jurídica por lhes faltar capacidade de gozo e de exercício. É também
a ideia que resulta do artigo 66.º do Código Civil. Dá-se exemplo dos escravos
romanos que não tinham personalidade jurídica por assim o serem;
3. Na moral kantiana, trata-se do ser humano como fim em si mesmo, como valor
absoluto, opondo-se á coisa que é apenas um meio e possui valor relativo. Daí a
noção de dignidade da pessoa, derivada de sua autonomia, do facto de que tem
como lei que a determina sua própria razão, (Japiassú & Marcondes, 2001);

4. No cristianismo, a pessoa é o ser humano racional e livre, definido por sua


dimensão de sujeito moral e espiritual, plenamente consciente do bem e do mal, livre
e responsável, (idem). Neste sentido, pode-se coadjuvar Rodrigues (2008, pag 25),
ao citar São Tomás de Aquino, segundo o qual a pessoa humana é “portadora de
uma dignidade vigorosa por ser Imagem de Deus”. Acrescenta na mesma senda
justificando que a tese em voga encontra alicerce também nos ensinamentos de São
Boaventura – tese central do criacionismo cristão. E na óptica de Boaventura,
embora Tomas de Aquino e Santo Agostinho defendam o homem como «imagem de
Deus», as interpretações que lhe dão ao lho atribuir a divindade ou imagem de Deus
são diferentes. Diante das duas hipóteses Boaventura subscreve o conceito da
pessoa humana em Santo Agostinho «Imago Dei da tradição cristã». Para esta
corrente “a pessoa humana é imagem de Deus não só por sua capacidade racional
ou espiritual apenas, mas pela interferência de Deus na capacidade de conhecer,
como «iluminação da inteligência»” (idem).

O posicionamento de Santo Agostinho, ao conceito da pessoa humana está mais


ligada à imagem da Trindade, e, também porque há, a partir disso, uma nova
compreensão sobre a relação entre indivíduo e espécie, individual e colectivo, etc.,
que redimensiona a noção de pessoa para um novo patamar: a valorização do
indivíduo diante da sua espécie (idem). Outro aspecto importante que devemos notar
é, segundo Merino (2006, p. 191), que a noção de alma em Aquino e Boaventura
são bem diferentes.

Boaventura eleva a alma humana à mesma escala espiritual dos anjos, de


maneira que a distinção é antes acidental do que substancial e, como eles,
está composta de matéria e forma. Enquanto para Tomás de Aquino, a alma
humana é uma substância incompleta que necessita do corpo para
complementar-se e constituir a individualidade de forma ontológica; para
Boaventura a alma é uma substância completa, e se anela ao corpo não para
receber, mas para dar, não para aperfeiçoar-se, mas para comunicar ao corpo
as suas perfeições Rodrigues (2008).

Noutros termos Nietzsche apresenta-se indiferente ao posicionamento de São


Tomás de Aquino e a do Santo Agostinho, quando defende que “[…] se o animal
homem (tornando-se humano ou, nos termos recém-apresentados, pequena-razão)
desenvolveu consciência, não foi devido a uma luz celestial ou a uma graça divina,
mas devido à sua necessidade de comunicar-se” (Nietzsche, 2012, p. 221).

Das abordagens ora exposta, é possível extrair que a noção de pessoa é herança da
Teologia e de vários outros saberes. Neste sentido, pode se depreender que a
pessoa humana é um animal racional, cuja forma de estar, ser e agir o aproxima à
imagem de Deus enquanto seu criador; é um ser que convivendo necessita de se
comunicar e comunicar com os outros e não só. Contudo, é a comunicação que lhe
vai permitir não ser um eremita, podendo através do meio transmitir aos outros
aquilo que se sabe.

“Por isso, a pessoa humana como relação, é condição de estar e ser-no-mundo com
os demais seres e coisas, e, com isso, não esteja apenas orientada para um
solipsismo, ou mesmo uma solidão fechada e desesperadora que angustia e oprime”
(Rodrigues, 2011, p. 81). Assim sendo, considera Boaventura que “a pessoa como
relação é abertura, projecção e orientação que tende ao transcendente, aos outros e
ao mundo”, (idem). Tal como realça Merino (1999, p. 95) que “o homem, como ser
relacionado, implica estar-orientado para, aberto a, intencionado a outras realidades
distintas de si que o situam e o condicionam em incessante simbiose”.

1.5. A Comunicação Como Condição Humana

Analisar o fenómeno comunicação nos parece uma tarefa bastante árdua, na


medida em que, por exemplo, o literato Aranguren (2022, p. 36) na sua obra
«Comunicação Humana» assume que “o ser humano se comunica profundamente
através do seu corpo, de seus gestos, do olhar, do tocar, do odor, do grito, da dança,
das mímicas, enfim todos os órgãos físicos têm o potencial de comunicação”, tais
como símbolos e imagens, ou seja, tudo que o ser humano utiliza para se interagir
com os outros seres do universo. Neste sentido, a comunicação revela-se um
elemento essencial que faz parte da raiz do ser humano, da sua própria essência.
Portanto, constitui uma necessidade básica do ser humano.

“Quanto mais a pessoa se comunica, mais aumenta os valores que estruturam a


vida, uma vez que o objectivo fundamental da comunicação é criar comunidade”
(Gomes, 1994. 11). “A capacidade de falar é hereditária, mas as formas como as
ondas de ar são transformadas em fonemas são uma informação adquirida”,
(Flusser, 2014, p. 52). Não existe uma língua natural; a língua precisa sempre ser
“renovadamente adquirida”. Justamente uma das desvantagens da “cultura oral” é
que parte das informações se perde na transmissão. É por isso que para os
humanos as informações adquiridas são mais relevantes que as herdadas.

A comunicação humana é um processo artificial que está baseado em mecanismos,


ferramentas, instrumentos, ou seja, em símbolos que depois de organizados tornam-
se códigos. Um sistema codificado como um fenómeno possível de ser interpretado,
embora o sentido artificial aludido na comunicação humana nem sempre é
totalmente consciente. Depois de aprender determinado código, a tendência é
esquecer sua artificialidade, como por exemplo, o gesto de balançar a cabeça
indicando “sim”, os sinais de trânsito, os móveis. Flusser entende que o homem se
comunica com os outros, é um «animal político», “não pelo facto de ser um animal
social, mas sim porque é um animal solitário, incapaz de viver na solidão”, (Flusser,
2007, p. 91). O que Flusser quer dizer é que o mundo codificado em que o homem
vive, consiste num sistema artificial que esconde uma natureza sem significado e
sem sentido e, em função desse contexto, o objectivo é fazer esquecer que se
encontra sozinho, enfrentar a ausência de sentido inerente à sua condição de
solidão, e tornar a vida visível.

Sendo que o homem vive rodeado da natureza e pessoas (familiares, amigos,


companheiros de trabalho, entre outros), a comunicação torna-se indispensável na
sua vida, tal como fundamenta Melendo (1998, p. 13) que:

tudo o que está à nossa volta se comunica connosco, e essa variedade de


agentes demanda uma resposta de nossa parte, uma vez que o ser humano
“não é uma ilha”. Na verdade, o ser humano vive em comunicação. O nosso
próprio nascimento é origem, fruto da comunicação do amor de duas
pessoas. O ser humano nasce “de” e se desenvolve através “da”
comunicação. Portanto, não é apenas um ser que se comunica, mas um ser
que existe em comunicação.

De acordo com a Gramática Moderna da Língua Portuguesa (2019, p.


276),“comunicar é um processo de compreender, compartilhar mensagens, sendo
que o modo da transmissão de mensagens exerce influência no comportamento das
pessoas envolvidas”. Para Costa, (s.d. p. 11),“a comunicação é a transmissão ou
recepção de informações”.

Com efeito, comunicar é buscar a comunhão com alguém. Portanto, a essência da


comunicação consiste na sintonização entre aquele que recebe e aquele que envia
uma determinada mensagem. A comunicação, nesse espírito, pode ser entendida
como um processo de interacção social, baseado na utilização de símbolos pelos
quais os seres humanos partilham voluntariamente suas experiências em clima de
liberdade, igualdade, diálogo e solidariedade. Desta forma, “a comunicação é a base
para estabelecer uma boa convivência familiar, eclesial e social. Ela é fundamental
para que cada pessoa possa desenvolver plenamente o seu ser e sua identidade”,
(Gomes, 1994, p. 9).

Segundo Chiavenatto (2004, p. 142) a “comunicação é a troca de informações entre


indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou informação. Constitui um dos
processos fundamentais da experiência humana e da organização social” e, ainda
complementa ao dizer que traz que ela interliga os indivíduos e permite o
compartilhamento de sentimentos, ideias, conhecimento e práticas.

Petit e Dubois (1998, p. 35) entendem que “a comunicação revela-se indispensável


ao funcionamento da organização para assegurar a eficácia do seu sistema técnico
permitindo a manutenção de um mínimo de interdependência entre os diferentes
elementos (indivíduos, grupos, serviços, oficinas, gabinetes) do seu sistema interno”.

Neste sentido, realça Abbagnano (1998, p. 170), que:

o termo é hoje utilizado em filosofia, para designar o carácter específico das


relações humanas que são ou podem ser relações de participação recíproca
ou de compreensão, isto é, […] sinónimo de «coexistência» ou de «vida com
os outros» e indica o conjunto dos modos específicos que a coexistência
humana pode assumir, contanto que se trate de modos «humanos», isto é,
nos quais resta certa possibilidade de participação e de compreensão. […] A
comunicação enquanto característica específica das relações humanas
delimita a esfera dessas relações aquelas em que pode estar presente certo
grau de livre participação.

Sempre que comunicamos com alguém, temos um objectivo para cumprir, nesse
mesmo objectivo são utlizados vários códigos, Segundo Adler e Towne (2002) nós
comunicamos para atender a algumas necessidades básicas, são elas: físicas,
identitárias, sociais e ainda, alguns objectivos práticos que podem ser alcançados
através da comunicação, estes códigos utilizados são representados pelos nossos
pensamentos, desejos e sentimentos independente dos meios utlizados para
comunicação, essa transmissão de mensagem pressupõem necessariamente a
interacção de diversos factores. Resumidamente, os elementos que integram o
processo de comunicação, podem ser qualificados da seguinte maneira:
 Emissor ou remetente: aquele que envia a mensagem, indecentemente
da forma oral, escrita, gestos, expressões, desenhos, entre outras. Pode
ser um indivíduo apenas ou um grupo, uma empresa, uma instituição ou
uma organização informativa (site, blog, Rádio, TV e etc.);
 Mensagem: o conteúdo das informações transmitidas, daquilo que é
comunicado. Pode ser virtual, auditiva, visual e audiovisual;
 Código: o código é um conjunto de sinais estruturados que pode ser
verbal ou não-verbal. Trata-se da maneira pela qual a mensagem se
organiza;
 Codificar: transformar, num código conhecido para o emissor e receptor,
a intenção da comunicação;
 Canal: é o meio utilizado para a transmissão da mensagem. O canal pode
ser uma revista, jornal, livro, rádio, internet, telefone, TV etc;
 Receptor ou destinatário: Quem recebe a mensagem (lê, ouve, vê),
quem a decodifica. Também pode ser uma pessoa apenas ou um grupo;
 Descodificar: decifrar (entender) o conteúdo da mensagem;
 Ruídos na comunicação nada mais são do que qualquer elemento que
interfira no processo da transmissão de uma mensagem de um emissor
para um receptor. Os ruídos podem ser resultados de elementos internos
e externos;
 Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue obter e
pela qual sabe se a sua mensagem foi recebida e compreendida pelo
receptor.

1.6. A comunicação Como Fenómeno Imanente à Pessoa Humana

A comunicação constitui um fenómeno imanente à pessoa humana, ou melhor dizer,


a comunicação e o ser humano andam juntos: um pressupõe o outro. Assim, a
filosofia caracteriza o ser humano de várias maneiras: ser racional, ser livre, ser
moral e entre outras, e, como homo loquens.

De acordo com Heidegger (2003, p. 27):

Homo loquens significa o ser humano que fala e que busca meios para se
comunicar e se relacionar. A faculdade de falar não é apenas uma
capacidade que se coloca ao lado das outras, no mesmo plano. É a faculdade
que caracteriza o ser humano. O ser humano se distingue por sua capacidade
de falar, de dizer “é”. E é a linguagem que concede este “privilégio”.

De acordo com a filosofia, a propriedade de falar distingue nitidamente o ser humano


dos demais animais e de qualquer outro ser deste mundo e faz dele um ser
totalmente singular. A filosofia contribuiu, de uma forma especial, para a
compreensão da dimensão linguística do ser humano. Assim, de acordo com Silva
(1994) comunicação é um princípio integrante da vida humana, uma perspectiva
discordada por Deleuze e Guattari (1995, apud. Feil, 2013, p. 52) quando
fundamentam que “a comunicação é impossível para o humano e possível somente
para alguns animais, como a abelha”.

“Uma abelha se comunica porque transmite uma informação exacta a outras


abelhas, diferentemente do humano que se relaciona por sobrecodificações, por
traduções de códigos” (Feil, idem). Nesse sentido, a linguagem é feita “para a
tradução, não para a comunicação” (1995c, apud. idem), somente os animais
transmitirem a mesma informação que recebem, o que é impossível para os
homens, pois para Deleuze e Guattari, aquilo que alguém ouviu não é mais aquilo
que o interlocutor desse alguém falou. Assim, para os mencionados autores, “se os
humanos são constituídos pela linguagem, é porque cada um deles fala uma língua
diferente […], as abelhas falam – todas elas – a mesma língua (mesmo código)”
(Deleuze e Guattari, 1995c, idem, p. 53).

Ou seja, se por um lado a abelha pode comunicar, por outro não pode
traduzir: a abelha que percebe um alimento pode passar a informação para
aquelas que não o perceberam; porém, as abelhas que não perceberam o
alimento não são capazes de transmitir nenhuma informação. É preciso, a
elas, que haja o primeiro objecto, e que ele efectivamente exista, não sendo o
caso da linguagem, a qual “não se contenta em ir de um primeiro a um
segundo, de alguém que viu a alguém que não viu, mas vai necessariamente
de um segundo a um terceiro, não tendo, nenhum deles, visto” (idem).

Assim, apesar da reflexão filosófica anteriormente exposta, nesta obra, perfilha-se a


ideia segundo a qual a comunicação é uma condição imanente do homem enquanto
ser de relação, sendo que, não é possível colocar a possibilidade da existência
social do homem removendo nele a comunicação, ou seja, a comunicação uma
razão fundante para interacção com os outros. Noutra lógica, há quem afirma que o
homem comunica-se porque tem consciência, sendo que:

[…] o humano não sobreviveria sem a consciência, uma vez que esta lhe
permite se comunicar. É por isso que, considerando o hábito histórico de dar
nome às coisas a partir dos seus diferenciais mais salientes, pode-se chamar
o humano de «pequena-razão», já que, na perspectiva nietzschiana, todos os
corpos têm a grande razão, porém, somente o humano tem a pequena, que é,
justamente, a consciência. Está-se, nesse sentido, chamando-o pela sua
peculiaridade mais saliente, assim como procedemos com o porco-espinho, o
tubarão-martelo, o peixe-espada, etc. (Feil, 2013, p. 49).

De acordo com Feil (2013, p. 49), “não apenas a vida, em geral, não necessita da
consciência, como a vida dos próprios homens, em princípio, também não
necessitava”. Podiam “pensar, sentir, querer, recordar [...]: e, não obstante, nada
disso precisaria «entrar na consciência»” (Nietzsche, 2012, p. 221).

Porém, passaram a precisar se comunicar entre si, no sentido de que, se tal


habilidade não tivesse sido desenvolvida, a espécie não teria sobrevivido. Ao
contrário, portanto, de se tratar de um atributo especial que coloca o seu
detentor no topo da hierarquia existencial, a consciência foi desenvolvida
apenas porque o homem careceu que as suas necessidades fossem
recorridas aos outros, e não somente a si mesmo, como no caso de tantos
outros animais, (Feil, 2013, p. 49).

Noutros termos Gomes (2007, p. 25) concorda com a perspectiva de Nietzsche e


sustenta a comunicação “[…] como factor decisivo a afirmação da existência
humana, fazendo parte da sua vida material e imaterial. Talvez, inclusive, não seja
pretensão afirmar que o ser humano, da forma que se reconhece hoje, não existiria
sem a comunicação”.

A consciência desenvolveu-se apenas sob a pressão da necessidade de


comunicação [...], e também se desenvolveu apenas em proporção ao grau
dessa utilidade. Consciência é, na realidade, apenas uma rede de ligação
entre as pessoas – apenas como tal ela teve que se desenvolver: um ser
solitário e predatório não necessitaria dela [...]: ele precisava, sendo o animal
mais ameaçado, de ajuda, protecção, precisava de seus iguais, tinha de saber
exprimir seu apuro e fazer-se compreensível – e para isso tudo ele
necessitava antes de «consciência», isto é, «saber» o que lhe faltava, ‘saber’
como se sentia, «saber» o que pensava (Nietzsche, 2012, p. 222).

Independentemente de quaisquer fundamentos que os filósofos ou outros estudiosos


possam invocar sobre se a comunicação constitui ou não fenómeno imanente ao
homem, o certo é que subscreve-se de capital importância a posição de Feil (idem)
quando fundamenta que “[…] comunicar é preciso porque ao homem se exigiu um
novo componente: a fragmentaridade”, sendo para o efeito que a consciência
constitui o alicerce da comunicação, ou seja, […]

a consciência exigiu-se ao humano, pela necessidade de comunicação, sem a


qual não sobreviveria, assim como ao jacaré exigiu-se dupla respiração, ao
camelo corcovas para armazenar água e ao tamanduá bico fino para sugar
formigas. Sem consciência não há fragmentarização, sem fragmentarização
não há comunicação e nada além do caos. Comunicar se torna necessário,
justamente, para quem não pode viver no caos (Feil, idem).

Neste sentido a comunicação torna-se imprescindível à existência humana, pois não


podem, os humanos dizerem que “Chega, vamos parar de nos comunicar!”,
talqualmente “não pode arrancar a cabeça quando estiver com dor (pressuposto que
queira permanecer vivo)” (idem), o que configura a transcendência da comunicação
aos humanos.

Em suma, tratando-se do «pequena-razão» – conforme o chama Nietzsche (idem),


está-se falando de um ser que se comunica; aliás, na perspectiva de Nietzsche,
somente ele, dentre todos os seres, comunica-se, contrapondo a ideia de Deleuze e
Guattari, segundo a qual a comunicação para o homem é impossível, cabendo esta
para os demais animais e, ao homem, traduzir apenas ideias.
CAPÍTULO II: DIAGNÓSTICO DO ESTADO ACTUAL DA
COMUNIVAÇÃO

2.1. A Pessoa Humana e o Valor Comunicacional: um olhar da


filosofia contemporânea

A comunicação na era contemporânea é substancialmente marcada pela evolução


das tecnologias, sendo que, a inserção da tecnologia avançada desenvolvida ao
longo do século XX e XXI revolucionou as comunicações e mudou completamente a
maneira do homem se comunicar, de aprender, de ensinar, enfim, de transmitir,
acumular e registar o conhecimento e sua cultura. Novos horizontes foram abertos e
um novo mundo, um mundo virtual, entrou em funcionamento levando a humanidade
para um mundo virtual, chamado internet ou ciberespaço, que espelhava o mundo
real, porém, sustentado por diversas ferramentas tecnológicas e computacionais
desenvolvidas. O desenvolvimento de novos meios de comunicação na Era dos
Computadores e da Informação, a ampliação e aprimoramento de outros, trouxeram
novos horizontes e formas de interacção entre os indivíduos, ampliando a
possibilidade de comunicação em locais diferentes, tempos diferentes e com maior
dinamismo (Recuero, 2000). Sobre os meios de comunicação e sua
representatividade para a sociedade e para a formação da cultura na Era dos
Computadores e da Informação, pudendo, nestes termos, apontar-se vários
aspectos relevantes (idem):

a) A televisão mostra aquilo que não podemos ver fisicamente, mas através
dela, como uma extensão de nossos olhos;
b) O rádio trouxe as notícias das quais não tínhamos conhecimento, como
uma extensão dos nossos ouvidos;
c) O telefone nos permitiu levar a voz a uma distância infinitamente maior
do que jamais se havia pensado. E assim sucessivamente, cada meio
representou uma extensão de uma capacidade natural dos seres
humanos;
d) A Internet, no entanto, através da Comunicação Mediada por
Computador, proporcionou a extensão de várias capacidades naturais.
Não apenas podemos ver as coisas que nossos olhos naturalmente não
vêem. Podemos interagir com elas, tocá-las em sua realidade virtual,
construir nosso próprio raciocínio não linear em cima da informação,
ouvir aquilo que desejamos, conversar com quem não conhecemos.
Fundamentalmente, podemos interagir com o que quisermos.

Assim, novas tecnologias tendem a modificar a maneira pela qual a informação e o


conhecimento passam a ser entendidos e apropriados pelos diferentes actores
sociais. Esta nova realidade encontra-se fortemente ancorada nas possibilidades
informacionais trazidas pelo rápido desenvolvimento tecnológico, ocorrido entre os
anos de 1940 e 1960 e resultante de iniciativas militares e da indústria electrónica,
culminando, após 1980, com o desenvolvimento do computador pessoal e da
Internet, (Bernardi, 2007, p. 41).

Neste sentido, pode-se afirmar que, assim como a Era da Escrita revolucionou as
comunicações para a humanidade, a Era dos Computadores e da Informação
também deve ser tida como outro marco histórico de revolução e evolução na
comunicação humana. Diversas tecnologias foram desenvolvidas e novas fronteiras
foram criadas, abertas e ampliadas, levando o homem a um universo nunca antes
imaginado em Eras anteriores. A produção do conhecimento a partir da Era dos
Computadores e da Informação passou a ser muito maior e muito mais dinâmica
quando comparada a todas as Eras anteriores, (Xavier, 2014).

Diante de todos os artifícios disponíveis, nunca dantes na história a comunicação


funcionou de forma tão intensiva e extensiva como na actualidade. A grande
dificuldade reside na qualidade dos diálogos, pois a troca de informação implica
novas informações. Muitas dessas informações são transmitidas com ruídos, de
difícil compreensão, ou sem efectividade, (idem).

Para Dias (2013, p. 30),

uma nova Era começou, a Era Digital, trazendo que a velocidade da


informação é comparada à própria necessidade de compartilhar e distribuir a
mesma, com a utilização da troca de dados em rede. A introdução das novas
tecnologias e a própria criação e desenvolvimento da internet revolucionou
toda a forma de comunicação, ampliando as fronteiras do conhecimento e
possibilitando uma criação de novos dados e informações de forma dinâmica.
“A internet vem não só ampliar as formas de comunicação como também aumenta
as fronteiras do conhecimento. Ela já é considerada a maior fonte de informação
existente e a de mais rápido acesso”, (Dias, 2013, p. 33). Assim, com o surgimento
deste novo meio, diversos paradigmas começam a ser modificados e nossa
sociedade depara-se com uma nova revolução, tanto ou mais importante do que a
invenção da escrita. O paradigma do pensamento linear está sendo superado por
um novo paradigma: o pensamento hipertextual, que organiza-se sob a forma de
associações complexas, considerado muito mais apto e completo para descrever e
explicar os fenómenos do que o linear. Ao mesmo tempo, o advento do ciberespaço,
um espaço novo, não concreto, mas igualmente real sugere uma reconfiguração dos
espaços já conhecidos, das relações entre as pessoas e da própria estrutura de
poder, (Recuero, 2000). Neste interregno, é conveniente afirmar que com os
dispositivos de massa como a televisão e o rádio, a comunicação era feita em um
único sentido e, com a internet, a comunicação passou a ser mais dinâmica,
podendo um receptor da mensagem se tornar, também, um emissor e interagir de
maneira rápida e fácil com qualquer um que esteja conectado ao ciberespaço.

Neste sentido, Bernardi (2007, p. 41) colabora com o pensamento acima introduzido,
a realçar que:

As novas tecnologias da informação acabam por influir, de forma decisiva, na


maneira pela qual esta passa a ser produzida e a circular. As mudanças,
grandemente facilitadas a partir das novas tecnologias digitais e sua
organização em redes de computadores, tendem a romper com a cultura de
massa predominante até então, permitindo que uma parcela da população,
detentora de seus códigos de acesso, interaja ponto a ponto, em oposição às
formas existentes de comunicação de massa e seus preceitos unidireccionais.
Na internet é possível ouvir o rádio, assistir programas de televisão, jornais,
revistas, trocar mensagens instantâneas síncronas ou assíncronas, enfim, um
universo de possibilidades comunicacionais surgiu com o advento da internet,
do ciberespaço.

Noutros termos Recuero (2000) sustenta que no computador já é possível assistir


televisão, ouvir rádio ou ler jornal. Enfim, todas as mídias tradicionais com o plus da
interactividade. Logo, enquanto usuários da Rede, cada indivíduo é um emissor
massivo em potencial:
a) Pode difundir mensagens e ideias através de e-mail, chats ou mesmo em
listas de discussão ewebsites;
b) Pode difundir sua música através da gravação da mesma em um formato
que seja manipulável através da Internet;
c) Pode gravar um vídeo em uma câmera digital e divulgá-lo;
d) Enfim, as possibilidades são inúmeras.

Para Evans (2011, p. 2):

A internet é, claramente, uma das invenções mais importantes e poderosas


da história, com impactos relevantes e consistentes nas áreas da educação,
governo, ciência, negócios e comunicação. A tecnologia continua a evoluir e
revolucionar os processos e comunicação da humanidade, a própria internet
avança em patamares exponenciais, tanto em número de usuários quanto em
quantidade de dispositivos físicos conectados ao ciberespaço e passíveis de
serem utilizados para acessar o mundo virtual e compartilhar informações e
dados, ampliando a comunicação e consolidando uma cultura virtual
espelhada do mundo real.

De acordo com os estudos de Evans (2011, p. 3) sobre o impacto da comunicação


na era contemporânea:

em 2003, existia no mundo um quantitativo de 6,3 bilhões de pessoas e um


total de 500 milhões de dispositivos conectados à internet, entretanto, no ano
de 2010 havia um total de 6,8 bilhões de habitantes no mundo e um
quantitativo de 12,5 bilhões de dispositivos conectados na rede.

Para Xavier (2014), até 2020, um total, aproximado de 50 bilhões de dispositivos


estarão conectados ao ciberespaço. Através da internet todos os objectos,
dispositivos, usuários e demais componentes computacionais conectados ao
ciberespaço terão possibilidades de trocar informações e estabelecer comunicação
síncrona ou assíncrona, ou seja, em tempo real ou em tempos diferentes, além da
possibilidade de ultrapassar as barreiras físicas impostas pelas restrições
geográficas. A internet hoje é uma realidade tão enraizada na sociedade que as
próprias mídias digitais, as redes sociais e demais possibilidades do ciberespaço.
2.2. A Comunicação Como Dinamismo Básico do Ser Humano:
Principais Traços para uma Antropologia Comunicacional

“O objectivo da comunicação é armazenar informações. A cultura passa a ser um


meio para transmitir essas informações enquanto resultado do armazenamento e da
possibilidade de acesso que podem ser modificadas ao longo da história”, (Gonzaga
& Tauchen, 2018, p. 496). O ser humano está profundamente relacionado com seus
semelhantes, o que equivale dizer, ele é um ser social, porque pertence a uma
sociedade que se fundamenta na crença, na diversidade de valores e conteúdos,
que devem ser reconhecidos, e ainda mais analisados porque influenciam
profundamente a vida e as experiências dos seres humanos (Rocha, 1995, p. 40).
Tudo isso revela uma profunda e intrínseca dependência do indivíduo com relação à
sociedade.

Para Siqueira (2007, p. 14):

O homem tem uma característica diferencial em relação a todos os outros


animais: ele é ao mesmo tempo um ser biológico e um ser cultural/simbólico.
Por um lado pertencemos a natureza, somos animais mas, por outro, demos
um passo fundamental que nos separou para sempre da natureza:
inventamos a cultura.

Entre as denominações utilizadas para identificar a espécie humana – homo sapiens


sapiens e homo faber -, a segunda apresenta um carácter mais antropológico do que
zoológico porque indica que o homem pertence à espécie que fabrica algo. A
fabricação, manipulação de artefactos é uma característica desenvolvida pela
espécie humana. Sobre essa questão, Flusser insiste em afirmar que os homens
podem ser reconhecidos por suas fábricas, (Flusser, 2007, p. 35). Uma maneira de
investigar como o homem vivia, pensava, sentia, é examinar, por exemplo, a
produção de cerâmicas do período neolítico. Essa análise é válida também para os
períodos históricos posteriores até a contemporaneidade, ou até mesmo para
reconhecer o homem do futuro nas fábricas do futuro, (Gonzaga & Tauchen, 2018,
pp. 496-497).

Heidegger, na sua pesquisa antropológica descobre no homem alguns traços


fundamentais característicos aos quais dá a designação de existenciais, (Mondin,
2005, pp. 216-217):
a) O primeiro, existência é o ser-no-mundo. Por mundo não entende a
natureza no conjunto dos seres materiais, mas, o circulo de interesses, de
preocupações, de desejos, de afectos, de conhecimento nos quais o
homem se acha sempre imerso. Por este seu achar-se sempre posto
numa situação, Heidegger chama o homem de «Dasein», ser-em-situação.
b) O ser-em-situação, o encontra-se numa situação num círculo de afecto e
de interesses, é característica do homem não porém a mias importante. O
homem, com efeito não está preso a situação na qual se encontra; ao
contrário, está sempre aberto para tornar-se algo novo. A própria situação
presente é determinada por aquilo que pretende fazer no futuro: muito do
que faz hoje, senão tudo, fá-lo em vista do que quer ser amanhã.
c) O terceiro existencial é a temporalidade. O homem é existente porque está
essencialmente ligado ao tempo. Isto faz com que não repouse no seu ser,
mas que no seu verdadeiro ser se encontra sempre além de si mesmo,
nas suas possibilidades futuras. Neste sentido o homem é futuro. Mas
para por em acto estas possibilidades, parte sempre de uma situação de
facto, na qual já se encontra, e, neste sentido é passado. Finalmente,
enquanto deve fazer uso das coisas que o cercam, é presente.

Assim sendo, as três estases temporais (passado, futuro e presente) correspondem


no homem três modos do conhecer: pelo sentir, está em comunicação com o
passado; entender, está em comunicação com o futuro; e pelo discorrer, está em
comunicação com o presente. Para o autor, entre os dois primeiros existenciais, ser-
no-mundo e existência, há diferença clara: um prende o homem ao passado, o outro
o projecta no futuro. A vida do homem será inautêntica ou autêntica conforme
deixar-se ele guiar pelo primeiro ou pelo segundo.

Assim, a comunicação como partilha de vivência e convivência exige um fator


antropológico visto que o homem é único animal ubíquo na terra (está em
toda aparte), com capacidade de adoptar e modificar os objectos, ideias,
crenças ou costumes dos seus semelhantes vivos ou mortos; nesta senda,
para que ele transmita o seu saber é relevante que se depare com um ser
corporal e racional para então transmitir suas experiências e durar por toda
geração (Siqueira, 2007, p. 24).
De acordo com Sousa (2006, pp. 28-30), a comunicação como dinamismo básico do
ser humano exige três factores ligados necessariamente:

a) Comunicação-percepção: a percepção, associada à experiência


manterior, permite a um receptor interpretar o que efectivamente um
emissor quer dizer. Porém, é devido às experiências anteriores que
muitas vezes a mesma mensagem significa coisas diferentes para os
diferentes receptores.

b) Comunicação como expectativa: a mente humana procura ajustar


impressões e estímulos a um sistema de expectativas resistente à
mudança. O ser humano tende a ser bem comunicado para que então
a sua espectativa, entusiasmo ou desejo seja bem delineada
unicamente naquilo que deseja perceber bem;

c) Comunicação como envolvimento: um acto comunicacional só é


eficazmente desenvolvido quando o emissor obtém o envolvimento do
receptor. Este envolvimento depende de vários factores,
nomeadamente da motivação do receptor.

A motivação do receptor pode ser despertada de várias maneiras (ibidem):


 Corresponder às expectativas do receptor;
 Ir ao encontro dos valores, propósitos e aspirações do receptor.
“Quando a motivação para a comunicação não existir ou for de fraca intensidade, o
receptor pode não se envolver decisivamente no acto comunicativo. Contudo a
comunicação pode frustrar-se” (idem). “Os principais traços para uma antropologia
comunicacional é vista em cada língua. Porem, cada língua é na verdade,
ressonancia da natureza universal do homem […]” (Mondin (2005, p. 17).

2.3. A Comunicação como Fenómeno Autónomo e Transcendental

à Pessoa Humana

Para Garaudy, apud. Mondin (2005, p. 286), transcendência é um verbo transitivo e


intransitivo que significa:

 Elevar acima do vulgar, se superar, ir além ou ultrapassar alguma coisa;


 É também entendida como o acto de se diferenciar de outros indivíduos de
forma positiva, atingindo um patamar superior em um determinado
trabalhou-contexto.

O autor acrescenta que a transcendência é a consciência da incompletude do


homem, a dimensão do infinito. Aqui vemos uma transcendência que abre o homem
no horizonte infinito que o define enquanto homem [...] o homem não é somente o
que é, é também tudo que não é, tudo o que ainda lhe falta. Na linguagem dos
cristãos, dir-se-ia que é o que o transcende, isto é, que é em potência todo o seu
futuro, uma vez que o futuro é a única transcendência que o humanismo conhece,
(Mondin, idem).

A comunicação como fenómeno autónomo transcendente à pessoa humana


estende-se de vários modos e que nas suas aplicações é necessário incluir o
Dasein. Para Japiassú e Marcondes (2001, p. 48) Dasein (al.: existência, ser-aí)
significa realidade humana, ente humano, a quem somente o ser pode abrir-se. Por
sua vez, Heidegger prefere utilizar a expressão “ser-aí” para se referir de Dasein. Na
linguagem corrente, Dasein quer dizer «existência humana».

Heidegger sustenta que o que separa o homem dos outros entes é que os outros
«entes são fechados em seu universo circundante, o homem é graças à linguagem,
ai onde vem o ser». Assim, o Dasein é o ser do existente humano enquanto
existência singular e concreto: a essência do ser-aí (Dasein) reside em sua
existência (Existen), isto é, no facto de ultrapassar, de transcender, de ser
originariamente ser-no-mundo.

O Dasein é colocado nestes tramites tudo isto porque o fenómeno comunicaçional


não abrange apenas o uso da linguagem num contexto dialogal e discursiva, mas
também a interacção ontologicamente fundamentada entre o Dasein e outro Dasein.
O mundo aparece ao Dasein como a condição transcendental de suas
possibilidades pois ele é sempre ser-no-mundo.

De acordo com Christino (2010, pp. 30-31):

Essa transcendência com a qual nos referimos não é de carácter metafísico,


porém, existencial o que ultrapassa o Dasein e lhe confere sentido já que é
formada pela constante remissão dos entes que encontram dentro do mundo
uns aos outros ao modo do instrumental do ser-para.
De acordo Christino (2010 p. 33):

outro factor comunicacional transcendente na pessoa humana é que estará


essencialmente vinculada a essa noção existencial de linguagem. É a
linguagem que o dá significação e por sua vez este (o homem) dá significação
a comunicação através dos seus sistemas a implementar para se comunicar.

«Dasein como ser-ai transcende», significa: ele é na essência do seu ser, formador
de mundo; e formador no sentido múltiplo de que deixa acontecer o mundo, de que
com o mundo se dá uma visão originária (imagem) que não capta propriamente, se
bem que funciona justamente como pré-imagem (modelo que torna manifesto vor-
bild) para todo o ente manifesto do qual o ser-aí por sua vez parte, ( Christino, 2010,
p. 34), Heidegger (2008, p. 171).

Para Humboldt, apud. Mondin (2005, p. 18) a transcendental comunicacional à


pessoa humana é vista desde o momento em que os homens se entendem não
porque se comuniquem realmente, nem porque se determinam mutuamente para
produzirem exacta e perfeitamente o mesmo conceito, mas porque tocam, uns aos
outros, no mesmo elo da corrente de suas representações sensíveis e de suas
representações conceituais e batem nas mesmas teclas do seu instrumento
espiritual e em consequência disto, em cada um deles brotam conceitos
correspondentes, não iguais.

“O verdadeiro portador do sentido linguistico não é o vocábulo, e sim a frase:


somente nela de facto, se revela a faculdade original da sintese na qual se apoia
tanto o acto de falar como o de compreender”, (Mondin, 2005, p. 18).

Assim, a transcendência da pessoa humana na comunicação é fruto de vários


requisitos que lhe suprem desde o acto da fala até a consumação do entendimento.
Estamos certos que o homem quando comunica transcende a ele porque este
processo vai muito além desde o uso do pensamento, do seu ser físico, do outro e
dos objectos ao seu redor, tudo isto faz parte do seu aparato comunicacional; não
devemos nos esquecer no esquema que os autores fazem para demostrarem
algumas ocorrências sobre a transcendência no acto comunicativo: segundo Lau e
Kaparata e Lau (2006, p. 21), o sujeito pensante para se transcender precisará os
seguintes meios:
a) Linguagem, gestual, oral ou escrita, função que encerra nos nomes,
signos dos objectos. Ex: cão;

b) Objecto: que representa a figura real em que se fala ou se trata. Ex: cão;

c) Discurso: mensagem ou comunicação do objecto, nome e ideia;

d) Conhecimento: ideia ou noção de certos objectos.

O ser humano é um ser da comunicação já por conta da própria criação das noções,
das ideias e dos conceitos envolver a actividade comunicativa. Em outras palavras,
não há a possibilidade de ele se desfazer da comunicação: “no caso humano, nós
não temos senão relações” (Martino, 2001a, p. 23). Não há actividades humanas
que não sejam constituídas por e nas relações. O que está em questão num choque
entre dois corpos, por exemplo, já não é apenas o choque em si, mas o sentido que
o humano dá a esse fenómeno. E ainda que tal humano desejasse que isso fosse
diferente, nada poderia fazer, já que jamais se apropria do objecto em si, mas
apenas da leitura que ele mesmo faz desse objecto (idem).

A comunicação humana pode ser encarada pelo ponto de vista da existência, uma
tentativa de superar a morte através da companhia dos outros, ou do ponto de vista
formal, ao envolver a produção e o armazenamento da informação. Ou seja, uma
comunicação que se estabelece a partir dos símbolos ordenados com o propósito de
represar as informações, ou quando as informações são trocadas através do diálogo
na esperança de gerar novas informações. O que é possível detectar nesses pontos
de vista é que as duas formas de comunicação estão entrelaçadas, isto é, uma
depende da outra para existir (Gonzaga & Tauchen, 2018, p. 496).

Em resumo, referimo-nos da comunicação como ser autónomo na medida em que o


homem é livre e gestor de sim mesmo (autonomia). Assim, podemos dizer que
enquanto goza da autonomia e liberdade, o homem pode se comunicar consigo
mesmo, com o mundo e com os outros, ou seja, é livre de escolher como e com
quem se comunicar; quando nos referimos da comunicação como ser transcendente
queremos traduzir a ideia de que que o processo comunicação vai muito além desde
o uso do pensamento, do seu ser físico, do outro e dos objectos ao seu redor, o que
quer dizer que a comunicação ultrapassa a compreensão humana, conforme afirmou
Mondin que “o homem não é somente o que é, é também tudo que não é, tudo o que
ainda lhe falta”.
2.4. Um Ganho Além do Fogo

Segundo Mondin (2005, p. 19), “o individuo, onde, quando, e como vive, é fragmento
separado da estirpe considerada em sua totalidade, e a linguagem manifesta e
mantem este nexo eterno, o qual guia o destino do individuo e a história do mundo”.
Com este pensamento queremos traduzir a ideia de que a comunicação constitui um
valor ganho que impactou a vida do homem; que ultrapassa as descobertas do fogo
como premissa comunicacional; uma conquista que constitui um fenómeno
transcendental. Por isso, várias foram as teorias que buscaram entender o
desenvolvimento do homem até os dias actuais. Dai que a comunicação constitui um
ganho para além do fogo.

Para Gusttavo (2013), a própria invenção do fogo foi um marco histórico para a
evolução da humanidade e sobrevivência da espécie, porém, traz que a
comunicação pode ser considerada a mais importante, uma vez que, é através dela
que o homem diferencia-se dos outros animais. Assim, sendo a comunicação
fenómeno imanente ao próprio humano, o que pressupõe que o homem nasceu
comunicando, é possível, salvo melhor opinião afirmar-se que não há uma data
específica ou momento certo registado para o surgimento da comunicação, pois
sempre existiu e acompanhou todo o desenvolvimento da humanidade até aos dias
de hoje.

DeFleur e Ball-Rokeach (1993), apud. Gonzaga & Tauchen (2018, p. 496):

a história da evolução humana deveria ser explicada levando em


consideração as etapas distintas do próprio desenvolvimento da comunicação
humana, onde cada etapa representou profundas consequências para a vida
do ser humano, tanto individual quanto colectiva e socialmente. Ainda
resumem que estas etapas ou fases dizem respeito ao desenvolvimento da
fala, da própria escrita, impressão, sinalização e comunicação com os
veículos de massa da sociedade actual.

A comunicação e o próprio desenvolvimento de novas formas de comunicação deu


sustentação e foi a base fundamental para o desenvolvimento e utilização de novas
tecnologias e ferramentas criadas pelo homem, permitindo sua evolução como
sociedade e indivíduo. […] Os significativos e cada vez mais acelerados avanços da
civilização alcançados pelo Homo Sapiens sapiens durante os últimos 40.000 anos
dependeram mais de seu domínio dos sistemas de comunicação do que dos
materiais com que fabricam as ferramentas (idem). Por essa razão Recuero (2000),
relaciona a importância da evolução da comunicação com a própria sociedade
actual, na qual, todo o progresso da ciência até os dias de hoje é fruto da evolução
das formas de comunicação e seu desenvolvimento através das diversas formas de
transmissão, armazenamento e disseminação da informação que foram sendo
aprimoradas e desenvolvidas ao longo dos milénios.

Para Biezunski, (1993, p. 57), “graças a descoberta sobre fogo, os autores clássicos
organizaram conteúdos referentes ao tema acima referido com um destaque mais
suave denominando energia”. Fruto de uma descoberta por homens mais antigos,
hoje notou-se uma sistematização do seu conteúdo chegando ao ponto de até
mesmo articular uma linguagem propriamente matemática. Estamos certos de que a
linguagem a qualquer altura enfatiza qualquer efeito tentando nos fazer chegar aos
dias de hoje. Tanto é que o fogo foi transmito por experiência e nos chegou por meio
da linguagem.

Para Quissonde, (2015), quando trata do trabalho mecânico faz comparação ao da


linguagem do dia-a-dia que define como a acção que exercemos seja ele físico ou
intelectual para obtermos certos resultados. Vejamos que para o homem
desenvolver suas competências passou pelo mesmo processo e que fruto disto foi
desenvolvido a mão e o cérebro. Com tudo, a descoberta do fogo não fugiu a regra,
friccionando a pedra tantas vezes aprendeu, e com o uso da linguagem foi
comunicado aos demais e como já tratamos acima, muitos hoje sistematizaram tais
descobertas atribuindo senão outros termos mais que na linguagem corrente podem
ter a mesma significação.

Em resumo, com o ganho além do fogo, queremos traduzir a ideia de que, embora a
comunicação se considere transcendente ao homem, o seu processo evolutivo deu-
se pela descoberta «a descoberta do fogo» e com ela, não só desenvolveu outros
campos, como também a forma de se comunicar; desenvolveu a linguagem,
codificou-a no processo de comunicação (estabelecendo regras), principalmente no
campo da escrita; este desenvolvimento abrangeu ao campo das novas tecnologias,
de tal sorte que, hoje, para obter informações ou conhecimentos nem sempre o
homem poderá deslocar-se, por exemplo: o estudo a distância por meio da internet,
através das redes sociais e demais meios. Neste sentido e demais exemplos não
escalpelados nesta obra, podemos sustentar «um ganho além do fogo».
CONCLUSÕES

Depois de percorrida diversificadas ideias, com base ao problema e objectivos que


orientaram a investigação, permitiu concluir que:

1. Os referentes teóricos sustentam que a comunicação é um fenómeno que se


desenvolveu contextualmente às peugadas das fases e épocas que
marcaram a evolução do homem desde a antiguidade à idade contemporânea
e, em termos curtos, a comunicação constitui um conjunto de actividades que
visam necessariamente a partilha de informações, sendo que, o ser humano
se comunica profundamente através do seu corpo, de seus gestos, do olhar,
do tocar, do odor, do grito, da dança, das mímicas, enfim todos os órgãos
físicos têm o potencial de comunicação, tais como símbolos e imagens, ou
seja, tudo que o ser humano utiliza para se interagir com os outros seres do
universo, ou seja, a comunicação constitui um fenómeno imanente à pessoa
humana;

2. A comunicação como fenómeno autónomo e transcendental a pessoa


humana fundamenta-se numa lógica de que o homem é livre e gestor de sim
mesmo, por isso, é livre de escolher como e com quem se comunicar,
gozando assim do princípio da liberdade. A sua natureza enquanto pessoa
humana permite comunicar consigo mesmo, com os outros e o universo. Por
outra, é transcendental porque o processo de comunicação vai muito além
desde o uso do pensamento, do seu ser físico, do outro e dos objectos ao seu
redor, o que quer dizer que a comunicação ultrapassa a compreensão
humana, conforme afirmou Mondin que o homem não é somente o que é, é
também tudo que não é, tudo o que ainda lhe falta. É ainda transcendental
porque pode ser encarada pelo ponto de vista da existência, uma tentativa de
superar a morte através da companhia dos outros, ou do ponto de vista
formal, ao envolver a produção e o armazenamento da informação;

3. A comunicação é congénita ao homem e, acima de tudo ao homem enquanto


ser social, pois fundamenta-se na razão de que comunicar é buscar a
comunhão com alguém, por isso, a sua essência consiste na sintonização
entre aquele que recebe e aquele que envia uma determinada mensagem.
Vejamos que a comunicação, muitas vezes, é impedida de ser bem sucedida por
alguns factores que dependem tanto do remetente, destinatário quanto do ambiente
ao qual se encontram. Essa falha de comunicação é comummente relatada como
ruído. O destinatário pode ter problemas com relação à audição selectiva, avaliação
prematura, preocupação com a resposta, reação do emissor, atribuição de
intenções, às experiências anteriores, crenças entre outros facotes.

O que o intelecto humano faz é perceber que há certo grau de perfeição nas
coisas e no próprio ser humano. Nisto é de perfeita corroboração entre os medievais
afirmando por meio do princípio de participação, ou seja, o homem é coparticipante
da perfeição de Deus, por meio de Jesus Cristo e, é possível ao intelecto humano
inferir que existe em Deus um grau de perfeição muito superior ao existente no ser
humano. Por exemplo, se há coisas boas e dóceis na realidade, então em Deus há
um grau muito superior de bondade e de doçura. Assim, ao nosso assunto, “A
Comunicação como Fenómeno Autónomo e Transcendental à Pessoa Humana”,
tarta de uma sincronização perfeita ente o homem com outro homem. Pela
comunicação, passando pelos sistemas ordenadamente linguísticos permite ao
homem ultrapassar seus limites para ser alguma coisa fora dele. A transcendência
possibilitou ao homem carregar consigo três dimensões básicas que passaram a
operar counicacionalmente: o vivido, o percebido e o imaginado

Através da era da tecnologia (omputador, internet, rádio, televisão, etc. ) o processo


de comunicação seguiu um método de fragmentar a realidade para melhor conhecê-
la. A fragmentação possibilitou ao homem abranger o universo e o universo global
abranger todos os homens”.

Claramente que não há linguagem se não há alguém que comunique. Mas ele não
fala se não tem nada para dizer e não há alguém para quem dizê-lo.

Pela fuidez da comunicação podemos nos deparar com a situação de que hoje nas
redes sociais alguém pode se tornar jornalista por um segundo e, uma comuniação
em lugar restrito pode chegar ao mais alto lugar pela partilha de uma informação nas
redes sociais; um vestuária, uma saudação, um réu que muda o discurso durante a
auscultação pode lhe dar a soltura ou permitir que fique mais tempo na prisão
condenação por se lhe achar acusação.
SUGESTÕES

De acordo com a pesquisa e as conclusões, urge a necessidade de sugerir o


seguinte:
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