Este poema descreve uma criança suja brincando na porta do poeta. Embora a criança seja desconhecida, o poeta aprecia observá-la brincar livremente na poeira, sem preocupações. Ele reflete que é melhor ver as coisas pela primeira vez do que conhecê-las, pois assim mantemos a sensação de novidade. A criança brinca sem se importar com a sujeira, mostrando uma liberdade que a filosofia nunca poderá alcançar.
Este poema descreve uma criança suja brincando na porta do poeta. Embora a criança seja desconhecida, o poeta aprecia observá-la brincar livremente na poeira, sem preocupações. Ele reflete que é melhor ver as coisas pela primeira vez do que conhecê-las, pois assim mantemos a sensação de novidade. A criança brinca sem se importar com a sujeira, mostrando uma liberdade que a filosofia nunca poderá alcançar.
Este poema descreve uma criança suja brincando na porta do poeta. Embora a criança seja desconhecida, o poeta aprecia observá-la brincar livremente na poeira, sem preocupações. Ele reflete que é melhor ver as coisas pela primeira vez do que conhecê-las, pois assim mantemos a sensação de novidade. A criança brinca sem se importar com a sujeira, mostrando uma liberdade que a filosofia nunca poderá alcançar.
Criança desconhecida e suja brincando à minha porta,
Criança desconhecida e suja brincando à minha porta,
Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos. Acho-te graça por nunca te ter visto antes, E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança, Nem aqui vinhas. Brinca na poeira, brinca! Aprecio a tua presença só com os olhos. Vale mais a pena ver uma coisa sempre pela primeira vez que conhecê-la, Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez, E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar. O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as outras estão sujas. Brinca! Pegando numa pedra que te cabe na mão, Sabes que te cabe na mão. Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior? Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta. 12-4-1919 “Poemas Inconjuntos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993). - 77. 1ª publ. in “Poemas Inconjuntos”. In Athena, nº 5. Lisboa: Fev. 1925. Alberto Caeiro XXIV - O que nós vemos das coisas são as coisas.
XXIV
O que nós vemos das coisas são as coisas.
Porque veríamos nós uma coisa se houvesse outra? Porque é que ver e ouvir seria iludirmo-nos Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar, Saber ver quando se vê, E nem pensar quando se vê, Nem ver quando se pensa.
Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo, Uma aprendizagem de desaprender E uma sequestração na liberdade daquele convento De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas E as flores as penitentes convictas de um só dia, Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas Nem as flores senão flores, Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores. 13-3-1914 “O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993). - 50. “O Guardador de Rebanhos”. 1ª publ. in Athena, nº 4. Lisboa: Jan. 1925.