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QUARTO CHÁ DE CAMOMILA E LIVROS NA MOCHILA:
ENCONTRO DE BIBLIOTERAPIA OU LEITURA AFETUOSA
Este arquivo contém textos e links de apoio para o "Quarto Chá de camomila e livros na
mochila: encontro de biblioterapia ou leitura afetuosa", bem como um ensaio
biblioterapêutico sobre o texto de experiência: o poema “Dos meus naufrágios me 2
visto”, do livro Corpos em cena, de Susanna Busato, e a transcrição de um e-mail da poeta após
o encontro. O evento on-line e gratuito aconteceu em 30 de maio de 2021, às 15 horas, no
google meet, com a participação deste mediador e mais 19 de 30 inscritos, entre eles Susanna
Busato.
A biblioterapia é uma área das letras associada à biblioteconomia e à psicologia, que parte
dos usos do texto como objeto de autocuidados, autoconhecimento, descobertas e trocas
afetivas, considerando a metáfora como princípio ativo capaz de transformar o texto em
remédio para alívio das dores emocionais ou instrumento de descobertas sobre a
profundidade, os sofrimentos, as dificuldades, as alegrias, os prazeres e a ternura que 3
Nestes “chás de camomila e livros na mochila”, mediados por mim, pretendo unir pessoas
em grupos de no máximo 30 pessoas, on-line ou presencialmente (quando for possível),
expondo-as à leitura de textos com temáticas tais quais: amor, identidade, felicidade, morte,
vida, infância, envelhecimento, casamento, relacionamentos, trabalho, profissão, tempo,
sofrimento, alegria, amizade, sexualidade, homossexualidade, bissexualidade,
transexualidade, racismo, feminismo, diversidade, direitos humanos, autismo, psicopatia,
depressão, fobia social, empoderamento, resiliência, tecnologia, redes sociais, inteligência
artificial, loucura, genialidade, mediocridade etc., para que essas pessoas discutam o que os
textos lhes provocam, que sensações, ideias, pensamentos, reflexões, lembranças, memórias
e processos elas sentem a partir da leitura ou escuta dos textos.
Minha função é escolher os textos e músicas, decidir a ordem em que serão lidos, e incentivar
a fala de cada um, sem impor, respeitando o silêncio dos que o desejarem. Usarei apoios de
trilhas sonoras, técnicas de respiração, relaxamento, meditação e imaginação. Além disso,
devo ouvir com respeito e acolhimento todas as impressões e desabafos, fazendo o melhor
para que cada participante realmente se sinta ouvido e conectado ao grupo, tanto quanto
possa permitir um encontro de duas ou três horas, presencial ou on-line.
É possível que sejam incentivadas atividades de escrita criativa com o objetivo de ampliar o
efeito dos textos apreciados e das falas dos participantes, sempre que houver tempo para
produções escritas daqueles que se sentirem à vontade.
Susanna é doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho”,
Mestre em Comunicação e Semiótica, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Tem pós-doutorado em Linguística (Semiótica) pela Universidade de São Paulo. Atualmente
é Professora Assistente-doutora da Área de Literatura Brasileira no Curso de Licenciatura
em Letras (disciplinas de Poesia Brasileira II e Literatura Infantojuvenil); e no Curso de
Pedagogia (disciplina de Literatura Infantil), na Universidade Estadual Paulista "Júlio de
Mesquita Filho”. Na pós-graduação ministra a disciplina de "Vertentes e Expressões da
Literatura Brasileira" e "Literatura Brasileira: linhas de força e tensão" (com ênfase na poesia
contemporânea). Atua na Pós-Graduação em Letras na linha de pesquisa "Perspectivas
Teóricas no Estudo da Literatura". Seu projeto de pesquisa atual: "Espaços moventes e vozes
mutantes na poesia brasileira moderna e contemporânea". É líder do grupo de pesquisa GEP,
Grupo de Estudos de Poesia, cadastrado no CNPq.
TEXTOS E MÚSICAS
BUSATO, Susanna. Dos meus naufrágios me visto. In: BUSATO, Susanna. Corpos em cena.
São Paulo: Patuá, 2013, p. 75-6.
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Quando o poema me viu pela primeira vez, senti uma confusão mental e sensorial, não
entendi nada direito. Havia uma explosão de cores, imagens e texturas se insinuando entre o
papel e meus olhos, mas o significado não se fazia, não se fez e não se faz por inteiro e de
modo definitivo.
Logo no primeiro verso: “Um corpete de bronze ergue”, esse corpete de bronze teimava em
ser de cobre na minha percepção, contra a minha vontade. De bronze ou de cobre, o verso
me lembrava os figurinos da cantora californiana Joanna Newsom, criados e feitos por ela
mesma e que, por si sós, emprestam aos álbuns da cantora uma aura de barroco artesanal.
Deixei-me levar pela imagem sugerida pelo verso, sem criar resistência, sendo arrastado para
um vestido xadrez que a moça usou em um show de 2010, não me lembrava a música, fui
procurar no youtube, lá estava o corpo contorcionando-se em esgares de ligeiro retardo
mental à la síndrome de down no rosto vivo e gracioso de Joanna iluminando-se conforme
os dedinhos delicados de criança, mas firmes de harpista treinada, tangiam as cordas arcaicas
desse instrumento pouco usual no pop. Da boca retorcida e bela, saía o canto ao Bebê Bétula
(Baby Birth). E o verso de Susanna mostra o osso fraturado que o corpete ergue, o corpete
ergue, porém, para ver esse osso no poema, o leitor precisa baixar os olhos e seguir na leitura,
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para frente e para baixo. Então a fratura do verso é irmã dos contorcionismos faciais da
cantora.
Enquanto escrevo, tenho a voz de Paul Valéry repetindo no oco do meu pensamento que,
ao ler um poema, logo no primeiro verso, antes de falar ou escrever sobre ele, deveríamos
manter a sensação daquela primeira impressão. Obedeço completamente, não consigo
avançar depois desse osso fraturado, enquanto a música de Joanna se desenvolve e me
mantém apaixonado pela voz da cantora-menina, quase um bebê, e percebo que em
português o som do título da música é um deleite sonoro: “bebê bétula”, com esses balbucios
explosivos e sonoros dos “bês” e do “tu” se molhando no “lá”. Em Susanna, minha
imaginação presa entre os dois versos produz a leitura talvez indevida do “bronze fraturado”,
porque essas duas palavras se ligam pela sonoridade de pedra dos encontros “br” e “fr”. As
explosões sonoras de Joanna ecoam nas pedras raladas e friccionadas de Susanna. Fico
pensando se as duas mulheres gostariam uma da outra. Torço para que sim, porque acho as
duas encantadoras e me esqueço do tempo em que eu acreditava em uma crítica à qual estava
proibida, interditada a possibilidade de escrever “acho”.
É difícil desgrudar-me das sonoridades iniciais pedregosas ou estalantes das duas autoras. O
poema de Susanna me liberta ao, continuando no paradigma do vestuário, pôr em cena o
tecido macio do veludo, que pode bem não ser tecido, ou pode ser outro tipo de tecido:
biológico, carnal. No entanto, os versos macios, o três e o quatro, são macios e quase mudos,
o que eles dizem: “O veludo se integra aos vãos/ e ao que ainda...” mantém ecoando a
aspereza dos que passaram, justamente no signo “integra”, prometendo a ligação de algo
com algo, talvez um avançar do sentido. Promessa que parece desintegrar-se naquelas
reticências e na ligeira perversidade de um “ainda” que nos prende no espaço e no tempo
desse final de verso e não nos “entrega” nada e não “integra” nada também. Pronto! O jogo
do oculta-revela aparece onde o suposto e desejado sentido não apareceu ou fingiu não
aparecer.
É preciso ler e reler para sentir esses movimentos e ganhar essas percepções, mesmo para
quem está fazendo uma leitura pessoal e impressionista. Sou um biblioterapeuta que também
é escritor e crítico literário. Enquanto biblioterapeuta, estou descobrindo a área. Enquanto
escritor, aceito bem os rótulos “indie”, “kitsch” e “pop” ou “subliterário”, porque tento não
dar a mínima para eles ou outros quaisquer. Enquanto crítico, costumava situar-me
confortavelmente na linha semiológica ou semiótica. O fato é que minha relação
biblioterapêutica com o poema de Susanna é marcada pela “popice” e pela semiótica. A
liberdade exigida para que os textos possam ser terapêuticos, em meu processo, é
contaminada pelo escritor e pelo crítico que sou. É possível desagradar aos membros das três
áreas e lá estarei eu no limbo mais uma vez. O limbo, porta de entrada, talvez mais que o
purgatório, seja uma fenda entre o bem e o mal, entre o inferno e o paraíso, contudo, nunca
me pareceu nada erótico, embora seu caráter de espaço “entre” permita-nos encontrar
ligeiras semelhanças entre ele e o erotismo.
O erotismo, para Roland Barthes, não está na nudez completa do corpo, mas na fenda entre
a roupa e a pele, no encontro entre a luva e o braço nu. Susanna começa a exibir melhor o
erotismo de seus versos no final da primeira estrofe, ao empregar o adjunto adverbial de
tempo “ainda” solitário, sem o verbo a que deveria modificar, emprestando-lhe uma
informação temporal. Esse silêncio da informação sibila no final da estrofe, e mais silencioso
se mostra pela sequência das reticências gerando suspense como uma peça de roupa prestes
a ser tirada, entretanto, sem alarde, sem ruído, sem espalhafato, retirada apenas e, talvez, pela
imaginação de alguns leitores.
Já na minha primeira leitura, Susanna e Joanna eram visitadas por Beth Gibbons (vocalista)
e a gloriosa caixa (Glory box) da banda Portishead, do álbum Dummy, de 1994. Uma das
canções mais sensuais das últimas décadas. A cantora reafirma diversas vezes o desejo
persistente de ser “apenas uma mulher”, e eu desejo essa mulher no poema cheio de cacos,
fractais de um ser, de um corpo, em simbiose com elementos do vestuário: corpete, saia,
meias, pregas, veludo; elementos minerais e vegetais: bronze, cristal, ciprestes; elementos
corporais: osso, derme, pele, corpo; e esses grupos de elementos vão se metamorfoseando
em labirinto, desejo e naufrágio, afastando inclusive a lógica organizadora de listas de
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elementos.
Apenas esses signos simulam elementos que poderiam ser capazes de me dar a mulher da
caixa gloriosa, todavia, a caixa de Portishead ecoa no poema de Susanna como a de Pandora.
Essa mulher sugerida pelo poema chega a doer em minhas percepções, semelhando uma
criação cubista, surrealista ou dadaísta, mais fragmentada e dolorida ao olhar que as Demoiselles
d’Avignon ou Guernica
A mulher de Glory box afirma querer desistir de ser tentação ou tentadora e render-se ao que
se espera de uma jovem mulher: que se case, que seja apenas algo por referência ao homem.
No entanto, a forma como o canto e os instrumentos produzem essas afirmações, inclusive
com “ruídos”, “defeitos” e “sujeiras sonoras” soa exatamente na direção contrária. A mulher
afirma querer deixar de ser uma tentação, embora cada suspiro, cada sopro, cada nota
materialize o erotismo do corpo no corpo da voz, ou seja, essa mulher que se fala na letra e
nos sons da música pode parecer extremamente tentadora ou perturbadora, mais tentadora
que perturbadora, se encararmos a perturbação como um certo desconforto mental e
emocional mais condizente com o corpo naufragado e despedaçado do poema de Susanna,
um poema assumidamente de destroços, desde seu título: “Dos meus naufrágios me visto”.
Entretanto, é bem provável que diante de um naufrágio, o observador, ainda que sem querer,
recomponha objetos, seres e vivências a partir dos destroços, e, como eu, ponha-se a
imaginar o que seria aquele corpo inteiro, aquelas vestes, aquelas narrativas inteiras.
Assim sendo, a mulher de Susanna se recompõe na minha percepção e traz a de Glory Box à
cena, fazendo com que eu exiba em minha tela mental a voz, o corpo, os gestos, o gingado
de Beth Gibbons, feita a criatura de Victor Franskestein, a partir dos destroços do eu lírico
do poema.
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Busato evoca em minha percepção, mais uma vez, Paul Valéry, na estrofe de encerramento
do poema dela, em que parece restar apenas a pele sobre osso, uma pele poderosa, cuja ação
se inverte: não é o osso que a rompe, é ela quem rompe o osso, mesmo fria e morta, é “exígua,
exata, / de nenhuma [nenhuma o quê?] se tinge/ e naufraga”. Essa pele, superfície do poema,
é, como propõe Valéry, a coisa mais profunda que há, pois, segundo o poeta: “O mais
profundo é a pele1”.
1Apud DELLEUZE, Gilles. A lógica do sentido. Tradução de Luiz Roberto Salinas Fortes. São Paulo:
Perspectiva, 1994, p, 11.
Resta-nos a pele naufragada, mas, jamais superficial. Em Corpos em cena, mesmo supondo
certo exibicionismo prometido pelo título, nada é raso e sem importância. Nem a pele que
encerra o poema-naufrágio. Essa pele “rompe fria/ – osso em corpo – ” , funde-se ao osso,
ao corpo, porque o verbo “romper” não vem seguido de uma relação clara com um objeto
direto. O que é que ela rompe? Esse “rompe” é quase um “irrompe”, “surge”, “mostra-se”,
apesar de a poeta não ter escolhido o verbo “irromper” que, no entanto, reverbera na angústia
do sentido porque eu, leitor, quero saber quem rompe o quê. Desejo a sintaxe em linha reta
que os escombros da linguagem na estrofe e em todo o poema não me dão. Essa perturbação
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continua no quarto verso: “de nenhuma se tinge”. Pelo amor dos deOses, “de nenhuma” o
quê? Essa pele rompe algo e exibe a ruptura, é, portanto, uma pele profunda e intensa em
seus silêncios avarentos, doendo em meu corpo de menino que vibra quase
hologramaticamente dentro e fora do corpo envelhecido da mulher. Ah, a profundidade
dessa pele “osso em corpo”, em que o interno se externaliza fisicamente, provoca-me a inveja
da mulher vestida de naufrágios, entretanto, brindo à carne que não me parece mais triste.
Recorro aos estudos de Moda para completar a vivência com o poema e as letras das músicas
que tornaram a pele exposta o objeto do meu ensaio interpretativo.
A seriedade da pesquisa em Moda vem se ampliando cada vez mais nas últimas décadas.
Composta, no “espírito do tempo”, a Moda, como afirma Cristiane Mesquita (2010, p. 15),
“estetiza e interliga diversos modelos construtores de determinada sociedade, como moral,
tecnologia, arte, religião, cultura, economia etc.”. Esses sistemas, por sua vez, ajudam a
construir os mais diversos modos de ser e estar no mundo, ou seja, ajudam a construir aquilo
a que se denomina “subjetividades”:
É principalmente sobre a pele, “uma subjetividade que ganhou o lugar privilegiado
de estar ao mesmo tempo no corpo e no mundo”, que se apresenta a forma
comumente chamada indivíduo, sujeito ou mesmo de ‘eu’ ou de ‘você’ ”.
(MESQUITA, 2010, p. 15).
A pele, esse campo em que corpo e mundo se encontram, é o vetor de todos os discursos da
Moda e sobre a Moda. Aquilo que o senso comum e muitos especialistas podem considerar
obviamente superficial, nestas décadas iniciais dos novos século e milênio, assume neste
momento a consistência lírica, estética e filosófica da frase de Valéry de um modo
perfeitamente denotativo, ainda que seus aspectos metafóricos e/ou metonímicos não sejam
eclipsados pela inesperada concretude de sua realidade. Portadora da vaidade do corpo, dos
desejos do sujeito, suporte simultaneamente final e inicial das linguagens da Moda, a pele
adquire profundidade graças aos milhares de olhares que sua atuação entre o sujeito, o mundo
e os processos e fenômenos da Moda atraiu para si e para o campo de saber e existência de
tudo aquilo que compõe a vastidão de acontecimentos e conhecimentos que caracterizam e
compõem, por sua vez, a Moda.
O poema de Susanna pode ser visto como um ensaio sobre as relações entre o corpo, a pele
e o vestuário, mostrando esses discursos em cacos inter-relacionando-se nos escombros
quebrados em todas as estrofes. Apesar dos escombros e talvez exatamente por causa deles
exibe um erotismo inesperado, uma beleza de joias perdidas na lama do mar onde se deu o
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naufrágio. Susanna provoca-me a epifania de existir como corpo e ter a sensação de ser
holograma no meio do apocalipse das relações, do erotismo, da linguagem, da moda, dos
poderes, dos discursos e da subjetividade. E se a pele é o mais profundo, a profundidade do
naufrágio vinda à superfície é erótica, no sentido de que a pulsão de vida consegue impor-se
à pulsão de morte, e a poesia, assim como a moda, sempre aposta no desejo... e na morte,
simultaneamente, quase o tempo todo.
Como sempre, o seu chá de camomila (e de outras cositas más!) tirou-me o sono e
perturbou-me. Mais desta vez por ter um poema meu tão austero pela imagem do corpete
(mais um colete mesmo) a tensionar as pulsões de dentro.
Como um corpo que se tece aos nossos olhos, os demais que ouviram e viram o poema na
tela, inseriram mais elementos nesse corpo (de papel) já tão mal ajeitado na sua ossatura de
pele (de palavra-imagem).
E você, tão simplesmente, Dani, consegue mexer os pauzinhos da mente e instigar o que
carregamos por dentro. Não, não é autoajuda. Esta é simples e boba, cheia de frases com a
função conativa a apontar como lanças os caminhos pra gente.
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Sim, é terapia. Um gesto de reestabelecer e curar, como o termo se apresenta na sua origem
grega. Mas reestabelecer o quê? Na verdade, a gente não põe nada no lugar de novo
quando lê um poema; a gente bagunça mais o que a gente achava meio arrumado.
Somos náufragos de nossos juízos, de nossas falsas ideias, de nossos desejos. A única
maneira de realizá-los, de pensar neles é vê-los na nossa frente.
E seu chá de especiarias luminescentes consegue mexer e fazer a escrita de todos brotar no
papel, bem ou mal.
2 Esta e mais informações sobre a bétula podem ser encontradas aqui: FUTURO: o projecto das 100.000
árvores. Árvores com história: Bétula [Betula sp.] Disponível em
https://www.100milarvores.pt/2013/11/arvores-com-historia-betula-betula-sp-2.html. Acessado em 06 de
maio de 2021.
Vídeo:
Joanna Newsom, Baby Birch, Melkweg Amsterdam, may 30, 2010
https://www.youtube.com/watch?v=jKrpokfVR0E&list=RDjKrpokfVR0E&start_r
adio=1&t=23
Letras:
https://www.vagalume.com.br/joanna-newsom/baby-birch.html
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BEBÊ BÉTULA
Joanna Newsom
Álbum: Have one on me (Tem um comigo), 2010.
Há um ferreiro,
e há um pastor,
e há um menino açougueiro,
e há um barbeiro, que está cortando
e cortando minha única alegria.
Eu vi um coelho,
liso como uma faca,
e pálido como um castiçal,
e eu pensei que seria mais difícil que fazer,
mas eu a peguei e a esfolei rápido:
segurou ela lá,
chutando e choramingando,
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levantado, desenrolando, não cantado e azul;
disse a ela "onde quer que você vá,
coelhinho fugitivo,
Eu vou te encontrar."
E então ela correu,
como eles são susceptíveis de fazer.
BABY BIRCH
Joanna Newsom
Album: Have One On Me, 2010.
There is a blacksmith,
and there is a shepherd,
and there is a butcher-boy,
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and there is a barber, who's cutting
and cutting away at my only joy.
I saw a rabbit,
as slick as a knife,
and as pale as a candlestick,
and I had thought it'd be harder to do,
but I caught her, and skinned her quick:
held her there,
kicking and mewling,
upended, unspooling, unsung and blue;
told her "wherever you go,
little runaway bunny,
I will find you."
And then she ran,
as they're liable to do.
GLORY BOX
Portishead
Álbum: Dummy, 1994.
Vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=4_Q1Rvwzkns&list=RD4_Q1Rvwzkns&index=1
Letras:
https://www.vagalume.com.br/portishead/glory-box-traducao.html
GLORY BOX
Portishead
Album: Dummy, 1994.
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I'm so tired of playing
Playing with this bow and arrow
Gonna give my heart away
Leave it to the other girls to play
For I've been a temptress too long
Just...
Give me a reason to love you
Give me a reason to be a woman
I just wanna be a woman
From this time, unchained
We're all looking at a different picture
Through this new frame of mind
A thousand flowers could bloom
Move over and give us some room, yeah
Give me a reason to love you
Give me a reason to be a woman
I just want to be a woman
So don't you stop being a man
Just take a little look
From our side when you can
Sow a little tenderness
No matter if you cry
Give me a reason to love you
Give me a reason to be a woman
I just want to be a woman
It's all I want to be, a woman
So I just want to be a woman
For this is the beginning of forever and ever
Its time to move over now
(So I want to be)
Este material pode ser utilizado para fins pedagógicos e de estudo e pesquisa, desde
que citada a fonte, respeitados os direitos autorais.
Como citar este material:
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RODRIGUES, Daniel Garcia. 4º. Chá de camomila & livros na mochila: encontro de biblioterapia
ou leitura afetuosa. Reunião on-line gratuita. Google meet. 30 de maio de 2021, às 15 horas.
REFERÊNCIAS
BUSATO, Susanna. Dos meus naufrágios me visto. In: BUSATO, Susanna. Corpos em
cena. São Paulo: Patuá, 2013, p. 75-6.
DELEUZE, Gilles. Lógica do Sentido. Trad. Luiz Roberto Salinas Fortes. São Paulo:
Perspectiva, 1994.
FUTURO: o projecto das 100.000 árvores. Árvores com história: Bétula [Betula sp.]
Disponível em https://www.100milarvores.pt/2013/11/arvores-com-historia-betula-
betula-sp-2.html. Acessado em 06 de maio de 2021.
NEWSOM, Joanna. Baby Birtch. In: Have one on me. Chicago, Illinois. DRAG CITY,
2010, 3CDs (124 minutos e 08 segundos).
OUAKNIN, Marc-Alain. Bibliothérapie: lire, c’est guérir. Paris: Éditions du Seuil, 1994.
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