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A E R A DA R A Z ÃO

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t h o m a s pa i n e

A ER A DA
R A ZÃO

Tradução:
Fábio Alberti

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co py r i g ht © THOMAS PAINE , 1776
co py r i g ht © faro e d ito r ial , 2022

Todos os direitos reservados.


Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sob quaisquer
meios existentes sem autorização por escrito do editor.

Avis Rara é um selo de Ciências Sociais da Faro Editorial.

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Preparação f e r nan da b e lo
Revisão francine porfírio e luciane h . gomide
Capa r afae l b r u m e cr i stiane saave d r a
Diagramação cr i stiane | saave d r a e d i çõ es

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)


Angélica Ilacqua crb-8/7057
Paine, Thomas, 1737-1809
A era da razão : uma investigação sobre a teologia ver-
dadeira e a teologia fantasiosa : 1794-1807 / Thomas Paine ;
tradução de Fabio Alberti. — São Paulo : Faro Editorial, 2022.
272 p.
ISBN 978-65-5957-089-8
Título original: Age of reason

1. Racionalismo 2. Cristianismo 3. Teologia 4. Filosofia I.


Título II. Alberti, Fabio
21-4715 CDD 211.5

Índice para catá­logo sis­te­má­t ico:


1. Racionalismo

1a edição brasileira: 2022


Direitos de edição em língua portuguesa, para o Brasil,
adquiridos por faro editorial

Avenida Andrômeda, 885 – Sala 310


Alphaville – Barueri – sp – Brasil
cep: 06473‑000
www.faroeditorial.com.br

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SUMÁRIO

PRIMEIRA PARTE
CAPÍTULO 1: Profissão de fé do autor...................................................................................... 7
CAPÍTULO 2: Missões e revelações........................................................................................... 10
CAPÍTULO 3: O caráter de Jesus Cristo e sua história........................................................... 14
CAPÍTULO 4: As bases do Cristianismo.................................................................................... 17
CAPÍTULO 5: Reflexões sobre o Antigo Testamento............................................................. 22
CAPÍTULO 6: Reflexões sobre o Novo Testamento............................................................... 30
CAPÍTULO 7: A verdadeira revelação........................................................................................ 37
CAPÍTULO 8: A teologia dos cristãos e a teologia genuína................................................. 44
CAPÍTULO 9: Os efeitos do Cristianismo na educação......................................................... 51
CAPÍTULO 10: Comparação entre o Cristianismo
e as ideias religiosas inspiradas pela natureza........................................................................ 58
CAPÍTULO 11: O sistema do Universo...................................................................................... 65
CAPÍTULO 12: Os meios empregados sempre, e
quase universalmente, para enganar a humanidade............................................................. 71
Prefácio à segunda parte............................................................................................................. 83

SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO 1: O Antigo Testamento........................................................................................... 88
CAPÍTULO 2: O Novo Testamento............................................................................................. 153
CAPÍTULO 3: Conclusão............................................................................................................... 185

TERCEIRA PARTE
Prefácio do editor à edição inglesa........................................................................................... 199
CAPÍTULO 1: Uma nova investigação de passagens do
Novo Testamento, citações do Antigo Testamento e
as chamadas profecias sobre a vinda de Jesus Cristo........................................................... 200
CAPÍTULO 2: O Livro de Marcos................................................................................................ 229
CAPÍTULO 3: O Livro de João..................................................................................................... 235
CAPÍTULO 4: As armadilhas do Novo Testamento................................................................ 239
CAPÍTULO 5: Apêndice: Doutrinas contraditórias
entre Mateus e Marcos no Novo Testamento........................................................................ 256
CAPÍTULO 6: O que penso a respeito da vida após a morte............................................... 258

NOTAS.......................................................................................................................................... 260

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PRIMEIRA
PARTE

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CAPÍTULO 1

Profissão de fé do autor

H Á VÁ R I O S A N O S T E N H O A I N T E N Ç ÃO D E P U B L I C A R M I N H A S
reflexões sobre religião. Estou perfeitamente consciente das dificul-
dades inerentes ao assunto, motivo pelo qual reservei essa tarefa
para uma fase mais madura da minha vida. Eu pretendia que esta
fosse a minha última contribuição aos meus compatriotas de todas
as nações, e que não houvesse a menor dúvida quanto à hones-
tidade do motivo que me levou a fazer isso, nem mesmo entre
aqueles que possam desaprovar o meu trabalho.
As circunstâncias que agora ocorrem na França no âmbito reli-
gioso — da total abolição da ordem nacional clerical e de tudo que
está ligado a sistemas obrigatórios de religião e a artigos obrigató-
rios de fé — não apenas precipitaram a realização do meu propósito
como tornaram extremamente necessário um trabalho desse tipo, a
fim de evitar que em meio à devastação geral decorrente da supers-
tição, dos falsos sistemas de governo e da falsa teologia nós perca-
mos de vista a moralidade, a humanidade e a verdadeira teologia.
Da mesma forma que muitos dos meus confrades e vários
compatriotas da França me deram o exemplo escrevendo a sua
profissão de fé voluntária e individual, eu também farei a minha;
e farei isso com toda a sinceridade e honestidade com que a mente
de um homem se comunica com o próprio coração.

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Eu creio em um Deus único, e em nenhum outro; e espero pela
felicidade que existe depois desta vida.
Acredito na igualdade entre os homens e que os deveres reli-
giosos consistem em fazer justiça, amar o perdão e empreender
esforços para tornar mais felizes os nossos semelhantes.
Porém, para que não venham supor que acredito em muitas
outras coisas além dessas que acabei de mencionar, é necessário que
no decorrer deste texto eu informe aquilo em que que não acredito
e minhas razões para isso.
Eu não acredito no credo professado pela Igreja Judaica, pela
Igreja Romana, pela Igreja Grega, pela Igreja Turca e pela Igreja
Protestante, nem por nenhuma Igreja que eu conheça. Minha mente
é a minha própria Igreja.
A meu ver, todas as instituições nacionais eclesiásticas — a
judaica, a cristã, a turca — não passam de invenções humanas ins-
taladas para aterrorizar e escravizar a humanidade, e para mono-
polizar o poder e o lucro.
Não pretendo com essa declaração condenar as pessoas que
tenham opinião diferente a respeito do assunto; é delas o direito
de ter a própria crença, assim como é o meu ter a minha. Mas é
necessário que o homem seja mentalmente fiel a si mesmo para que
obtenha felicidade. Infidelidade não consiste em acreditarmos ou
não; consiste em declararmos crer em algo que não cremos.
É impossível calcular o dano moral que a mentira mental, por
assim dizer, produziu na sociedade. Quando um homem corrompe
e prostitui a castidade da sua mente a ponto de empenhar sua
palavra professando fé em algo em que na verdade não crê, ele está
preparado para cometer todo tipo de crime. Ele assume um posto
de sacerdote visando à obtenção de vantagens, e comete perjúrio
desde o início para se qualificar a esse cargo. Haverá algo mais
destrutivo para a moralidade do que isso?

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Pouco tempo depois de eu ter publicado na América o pan-
fleto Senso comum, dei-me conta da grande possibilidade de que
uma revolução no sistema religioso se seguisse a uma revolução
no sistema governamental. A ligação adúltera entre Igreja e Estado,
não importa com qual delas tenha sido estabelecida — com a Igreja
Judaica, Cristã ou Turca —, proibiu por meio de punições e penas
toda discussão sobre estabelecer as crenças e os princípios funda-
mentais da religião; e tal proibição foi tão eficaz que esses assuntos
não podiam ser trazidos a público de maneira justa e aberta até
que o sistema de governo fosse mudado. Assim que isso aconte-
cesse, porém, uma revolução no sistema religioso teria evidência.
Invenções humanas e artimanhas do clero seriam detectadas, e o
homem recuperaria a pura, autêntica e imaculada crença em um
Deus e apenas Nele.

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CAPÍTULO 2

Missões e revelações

C A DA I G R E J A N AC I O N A L O U R E L I G I ÃO S E E S TA B E L EC E U S O B
a alegação de ter recebido uma missão especial de Deus, missão
essa comunicada a certas pessoas. Os judeus têm o seu Moisés; os
cristãos, o seu Jesus Cristo, os apóstolos e os santos; e os muçul-
manos, o seu Maomé — como se o caminho que leva a Deus não
estivesse aberto a todos os indivíduos igualmente.
Algumas dessas Igrejas exibem livros que contêm, segundo
elas, a revelação ou a Palavra de Deus. Os judeus dizem que a sua
Palavra de Deus foi oferecida por Deus a Moisés, face a face. Os
cristãos dizem que a sua Palavra de Deus lhes chegou por inspi-
ração divina. E os muçulmanos dizem que a sua Palavra de Deus,
o Corão, lhes foi trazida por um anjo do Céu. Cada uma dessas
religiões acusa a outra de ser ímpia; quanto a mim, não acredito
em nenhuma delas.
Como é necessário vincular ideias às palavras, antes de eu me
aprofundar mais no tema em questão, vou tecer algumas outras
observações sobre a palavra “revelação”. Quando aplicada à reli-
gião, revelação significa algo que é comunicado diretamente de
Deus ao homem.
O Altíssimo tem poder para realizar essa comunicação no ins-
tante em que desejar; isso ninguém haverá de negar ou questionar.

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Se considerarmos, porém, que algo foi revelado a uma determinada
pessoa e a nenhuma outra, então apenas essa pessoa recebeu a
revelação. Quando essa pessoa comunica o fato a uma segunda,
que por sua vez comunica a uma terceira, e essa a uma quarta, e
assim continuamente, o que foi transmitido a todas elas deixa de
ser uma revelação. É revelação apenas para a primeira, e um boato
para as demais; portanto, elas não são obrigadas a acreditar.
Chamar de revelação algo que nos é transmitido em segunda
mão, oralmente ou por escrito, é uma contradição em termos e
em ideias. Uma revelação tem de ser limitada necessariamente à
primeira comunicação — depois dela, torna-se somente o relato
de algo que essa pessoa (a quem foi destinada a primeira comuni-
cação) afirma ter recebido como revelação; e, embora ela possa se
ver obrigada a acreditar no que lhe foi transmitido, eu, por outro
lado, não tenho obrigação nenhuma de acreditar. Afinal, a revela-
ção não foi feita a mim, mas a outro indivíduo, e tudo o que tenho
para provar que ele realmente recebeu a revelação é a palavra dele.
Quando Moisés disse aos “filhos de Israel” que havia recebido
das mãos de Deus as duas tábuas com os Mandamentos, eles não
eram obrigados a acreditar nele, pois além de sua palavra não havia
nenhuma outra evidência que confirmasse a veracidade do relato.
E eu não tenho nenhuma prova da ocorrência desse fato, a não
ser o relato desse ou daquele historiador. Os Mandamentos não
contêm nenhuma evidência de divindade; contêm alguns bons
preceitos morais1, do tipo que qualquer homem qualificado para
ser legislador ou magistrado poderia produzir sem precisar recorrer
à intervenção do sobrenatural.
Quando me disseram que o Corão foi escrito no Céu e trazido
a Maomé por um anjo, percebi que o relato se aproxima muito
do tipo de evidência indireta e prova de segunda mão do relato

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anterior. Não vi o anjo com meus próprios olhos, portanto tenho o
direito de não acreditar nele.
Eu soube também que uma mulher a quem chamam de
Virgem Maria disse, ou anunciou, que engravidara sem ter estado
com um homem, e que o homem a quem ela estava prometida
em casamento, José, afirmou que essa notícia havia sido trazida
a ele por um anjo. Acreditar ou não nesse relato é um direito que
tenho; semelhante circunstância exigiria uma evidência muito mais
sólida do que simplesmente a palavra deles a respeito. Mas nem
mesmo isso nós temos, pois nem José nem Maria escreveram sobre
o assunto; só podemos contar com o relato de terceiros a respeito
do que ambos disseram. São boatos que se acumulam, e eu prefiro
não amparar minha crença numa evidência como essa.
Entretanto, não é difícil explicar por que se deu crédito à his-
tória de que Jesus Cristo é o “Filho de Deus”. Ele nasceu quando a
mitologia pagã ainda tinha alguma popularidade e fama no mundo,
e essa mitologia havia preparado as pessoas para crerem nessa
história. Quase todos os homens extraordinários que viveram sob
a mitologia pagã eram supostos filhos de alguns dos deuses da
época. Naquele tempo não era incomum acreditar que um homem
tivesse sido concebido por deuses; o intercurso sexual entre deu-
ses e mulheres era um assunto recorrente. Júpiter, de acordo com
esses relatos, desposou centenas de mulheres; a história de Jesus,
portanto, não tinha nada de novo, maravilhoso ou obsceno. Era
compatível com as opiniões que então prevaleciam entre os deno-
minados gentios, ou pagãos, e era nisso que esse povo acreditava
na época. Os judeus, que eram absolutamente fiéis à crença em
um Deus único, e que sempre rejeitaram a mitologia pagã, nunca
deram crédito à história de Jesus.
É curioso observar como a doutrina da Igreja denominada
cristã surge da cauda da mitologia pagã. Uma assimilação imediata

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ocorre num primeiro momento, o que confere à sua figura mais céle-
bre uma origem celestial. A trindade de Deus que então se seguiu
não foi nada mais do que uma redução da antiga pluralidade, que
reunia 20 ou 30 mil deuses. A imagem de Maria substituiu a ima-
gem de Diana de Éfeso. A deificação de heróis transformou-se em
canonização de santos. Os gentios tinham deuses para tudo; os
cristãos tinham santos para tudo. A Igreja atraiu multidões, assim
como o Panteão, e ambos tiveram lugar em Roma. A teoria cristã
não é muito mais do que a idolatria dos antigos pagãos acomodada
aos propósitos de poder e ganhos. Resta à razão e à filosofia abolir
a fraude ambígua.

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CAPÍTULO 3

O caráter de
Jesus Cristo e sua história

N A D A D O Q U E É L I D O A Q U I P O D E S E R A P L I C A D O, N E M
mesmo com a mais leve nota de irreverência, ao real caráter de
Jesus Cristo. Ele foi um homem amável e virtuoso. A moralidade
que ele pregava e praticava foi do tipo mais benevolente; e, embora
sistemas morais similares tenham sido pregados por Confúcio e
alguns dos filósofos gregos muitos anos atrás, pelos quakers anos
depois, e por muitos homens bons em todas as épocas, os de Jesus
não foram superados por ninguém.
Jesus Cristo não escreveu nenhum relato sobre si mesmo, sobre
a sua linhagem, sobre coisa nenhuma; nem uma linha do que se
conhece como o Novo Testamento foi escrita por ele. Toda a história
dele é resultado do trabalho de outras pessoas. Quanto ao relato
sobre sua ressurreição e ascensão, foi o complemento necessário à
história do seu nascimento. Por terem trazido Jesus ao mundo de
uma maneira sobrenatural, os seus historiadores foram obrigados
a tirá-lo de cena da mesma maneira, ou a primeira parte da história
não se sustentaria.
O artifício desastroso usado para contar a segunda parte da
história supera tudo o que foi contado antes. A primeira parte — a
da concepção milagrosa — não permitia publicidade, portanto os

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que a contaram tinham a vantagem de não poderem ser detectados,
apesar de não receberem o crédito. Não se esperava que eles con-
seguissem prová-la porque não se tratava de algo que pudesse ser
provado, e era impossível que o personagem principal da história
conseguisse provar algo por conta própria.
Porém, quando uma pessoa morta ressuscita do seu túmulo
e é elevada pelo ar até o céu, já é bem diferente se comparado à
evidência que pressupõe a concepção invisível de uma criança no
útero. Supondo-se que tenham mesmo acontecido, a ressurreição
e a ascensão teriam de ser confirmadas pelo testemunho de toda
Jerusalém, no mínimo, como se todos estivessem vendo a ascensão
de um balão ou o sol do meio-dia. Se todos devem acreditar que
determinada coisa aconteceu, é necessário que a prova disso esteja
ao alcance de todos igualmente, e que seja universal; e, como a
visão clara em espaço público desse último ato relatado era a única
evidência que poderia confirmar a primeira parte da história, a
história inteira cai por terra, porque essa evidência jamais foi for-
necida. Em vez disso, algumas poucas pessoas, não mais do que
oito ou nove, são alçadas à condição de representantes do mundo
inteiro para dizer que viram tudo acontecer, e o resto do mundo é
convidado a acreditar nisso. Mas parece que Tomé não acreditou
na ressurreição e, como se sabe, só acreditaria depois que visse com
seus próprios olhos e tocasse com suas próprias mãos. Eu também
não acreditaria, por uma razão que parece tão boa para mim, e para
qualquer outra pessoa, quanto pareceu para Tomé.
É inútil tentar abrandar ou camuflar essa questão. A parte
sobrenatural contida nessa história mostra sinais claros e inequívo-
cos de fraude e imposição. Para nós, agora, é impossível saber quem
foram os autores dessa história, assim como é impossível ter certeza
de que os livros nos quais o relato aparece foram escritos pelas pes-
soas cujos nomes eles exibem. A melhor evidência sobrevivente que

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temos a respeito desse assunto são os judeus. Eles são descendentes
do povo que viveu nos tempos em que a ressurreição e a ascensão
supostamente aconteceram — e os próprios judeus a desmentem.
Sempre me pareceu estranhamente contraditório citar os judeus
como prova de que a história é verdadeira. É como se alguém dis-
sesse: “Para provar a vocês que essa história é verdadeira, vou lhes
apresentar o povo que diz ser falsa”.
Que tenha existido uma pessoa como Jesus Cristo e que ele
tenha sido crucificado — modalidade de execução comum naque-
les dias — são relações históricas que se inserem rigorosamente
no campo do possível. Jesus pregava uma excelente moralidade e
igualdade entre os homens; mas pregava também contra a corrup-
ção e a cobiça dos sacerdotes judeus, e com isso acabou atraindo o
ódio e a vingança da classe sacerdotal. Os sacerdotes lançaram sobre
ele acusações de sedição e conspiração contra o governo romano,
do qual os judeus eram à época súditos. Não é improvável que o
governo romano tenha alimentado secretamente certa apreensão
quanto aos efeitos da doutrina de Jesus, assim como os sacerdotes
judeus; nem é improvável que Jesus Cristo tenha considerado a
possibilidade de libertação do povo judeu do jugo romano. Foi
nesse cenário, contudo, que esse virtuoso reformista e revolucio-
nário perdeu a vida.

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