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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental


PHA3343 - Análise de Sistemas Ambientais

Reservatórios, Hidrelétricas
e Geração de Energia

Renato Carlos Zambon

1
2
Por que fazemos barragens?

• Regularizar vazões
• Concentrar desníveis: produção de energia
• Controle de cheias
• Navegação fluvial
• Recreação
• Aproveitamento múltiplo

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Geração de Energia Elétrica - Brasil

120000 300000
Capacidade Instalada (MW)

100000 250000

EARmax (MWmês)
80000 200000
N N
60000 NE 150000 NE

40000 S 100000 S
SE/CO SE/CO
20000 50000

0 0
1965
1970
1975
1980
1985

2015

1950
1955
1960
1965

1990
1995
2000
2005
2010
2015
1950
1955
1960

1990
1995
2000
2005
2010

1970
1975
1980
1985
Evolução da capacidade hidrelétrica instalada e de armazenamento
no Sistema Interligado Nacional (SIN), incluindo expansão até 2017
(Falcetta, Zambon & Yeh, EWRI 2014)

4
Capacidade Instalada Elétrica Br. (187 GW)

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Geração de Energia Elétrica - Brasil
• hidrologia desfavorável: despacho de uma fração maior da
capacidade das termelétricas, contribui para a segurança do
suprimento;
• hidrologia favorável: as termelétricas são menos utilizadas e
reduz o custo de operação, a queima de combustíveis fósseis
(não renováveis) e a emissão de poluentes;
• planejamento da operação:
➢ Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
➢ Sistema Interligado Nacional (SIN)
(menos de 1% da carga em sistemas isolados)
➢ Programa Mensal da Operação (PMO)
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Geração de Energia Elétrica - Brasil
90.000 100

80.000 90

70.000 80
70
60.000
60
50.000
(MW)

(%)
50
40.000
40
30.000
30
20.000 20
10.000 10
0 0
1/2000
1/2001
1/2002
1/2003
1/2004

1/2010
1/2011
1/2012
1/2013
1/2014
1/2015
1/2016
1/2017
1/2018
1/2019
1/2020
1/2005
1/2006
1/2007
1/2008
1/2009

1/2021
1/2022
1/2023
Nuclear Térmica Solar Eólica Hidr. %EAR %Hidr.

Composição da Carga por Fonte Geradora (médias mensais)


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Expansão Eólica e Solar
20.000

15.000
(MW)

10.000

5.000

0
1/2012 1/2013 1/2014 1/2015 1/2016 1/2017 1/2018 1/2019 1/2020 1/2021 1/2022 1/2023
Nuclear Térmica Eólica Solar
Nuclear m12 Térmica m12 Eólica m12 Solar m12

Geração térmica, eólica, solar e nuclear, médias mensais de 2012 a 2023


(médias mensais e médias móveis de doze meses)
8
Pandemia COVID-19

Daily load energy demand from Jan to Oct 2020 (MW)

2021 World Environmental & Water Resources Congress (ASCE/EWRI)


Impacts of the COVID-19 pandemic on the Brazilian Interconnected Power System
Sylvia C. P. Lima1, Renato C. Zambon2, Mario T. L. Barros3 and William W-G. Yeh4
9
Pandemia COVID-19
90.000
Demanda previsões e observada (MW)

80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
jan/18 jan/19 jan/20 dez/20 jan/22 jan/23 jan/24 jan/25
2018.04 2019.04 2020.09 Observada

Previsões de demanda antes e depois da pandemia x observada


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Variação horária
da carga e geração
Carga (MW), 8/11/2023

Térmica (MW) Hidrelétrica (MW)

Eólica (MW) Solar (MW)

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Reservatórios e Usinas Hidrelétricas - Brasil

• Mais de 150 com usinas de médio e grande


porte, e mais de 1100 PCH/CGH
• Volumes de 286.174 Mm³ a 573.600 Mm³
• Áreas de 22.715 km² to 37.894 km²

• 37.894 km² / 8.510.417 km² = 0,45%


• 286 a 574 Gm³ / 8.510.417 km² = 34 a 67 mm
(média 5 cm, área atualizada IBGE 2023)
12
0%
100%

20%
30%
40%
50%
60%
90%

10%
70%
80%
1/2000
1/2001
1/2002
1/2003
1/2004
1/2005
1/2006

SE/CO
1/2007
1/2008
1/2009

S
1/2010
1/2011

N
baixos de armazenamento!
Uma década com níveis tão

1/2012
1/2013

NE
1/2014
1/2015
1/2016
Média

1/2017
1/2018
1/2019
1/2020
Armazenamento de “energia” no SIN

1/2021
1/2022
13

1/2023
Balanço semanal 14..20/10/2023

14
Furnas

Smax: 22950 hm³


Smin: 5733 hm³

15
Itaipu

Vmax: 29000 hm³


Vmin: 29000 hm³
fio d’água!

16
Impactos

Itaipu: 14000 MW / 1350 km²


Tucuruí: 8365 MW / 2414 km²
Balbina: 250 MW / 2360 km²

• Reservatórios;
• Impactos Sociais;
• Atividades Econômicas;
• Impacto na Paisagem;
• Impactos na Flora e na Fauna.
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Decisões da operação

cheia ok!
usa hidro
seca raciona

cheia verte
armazena
hidro
seca ok!

18
HT(Qt+Qv)

Qv
Qtmax(H-HT)
Qt

P(Qt,H-HT)

Smax(FC)
Ev (A(H(S))) S → H→ A
(t-1 e t) Smin

Qafl  (Qt + Qv )
montante
Quc

19
20
Metodologia

Nível Máximo Maximorum


Vertimento

Nível Máximo Normal


Volume de Espera (Controle de Cheias)
Nível Máximo Operacional

VOLUME ÚTIL

Nível Mínimo Operacional


Volume Morto Tomada d’Água

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Metodologia
• Na regularização, o objetivo era manter a vazão a jusante a
maior parte do tempo igual a vazão regularizada, o cálculo era
feito com um modelo simples de simulação (lembrar métodos
do reservatório semi-infinito ou do diagrama de Rippl)
• E quando existe geração de energia, será que o ideal ainda é
manter a vazão constante a maior parte do tempo?
• O armazenamento e o nível d’água também são importantes
e devem ser considerados?
• Vamos analisar as variáveis envolvidas e as relações
funcionais entre elas, além das restrições...

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Metodologia

E P

A Qv

Qt Hb=H-HT
S H
Qafl
HT

Quc

Equações Fundamentais
Cota x Volume: H=f(S) Canal de Fuga: HT=f(Qt+Qv)
Cota x Área: A=f(H) Produção: P=f(Qt,H-HT)
Cota x Descarga: Qtmax=f(H-HT)
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Metodologia
• Balanço Hídrico (Equação da Continuidade):
𝑛𝑚

𝑆𝑡 = 𝑆𝑡−1 + 𝑑𝑡𝑡 ෍ 𝑄𝑚𝑡 + 𝑄𝑎𝑓𝑙𝑡 − 𝑄𝑡𝑡 − 𝑄𝑣𝑡 − 𝑄𝑢𝑐𝑡 − 𝐸𝑡


𝑚=1

St: armazenamento ao final de cada intervalo de tempo (106 m³ = hm³)


dtt: duração de cada intervalo de tempo (106 s)
Qmt: vazões turbinadas e vertidas usinas imediatamente a montante (m³/s)
Qaflt: vazão incremental afluente (m³/s), ou natural (sem usinas a montante)
Qtt: vazão turbinada (m³/s)
Qvt: vazão vertida ou não turbinada (m³/s)
Quct: usos consuntivos (m³/s)
Et: evaporação líquida (hm³), diferença entre a evaporação e precipitação
obs.: cuidado com a descrição, unidades e dimensões das variáveis!
24
Metodologia

polinômios
de 4o grau
25
Curvas cota x área x volume

26
Metodologia
• Evaporação:
𝐴𝑡 + 𝐴𝑡−1
𝐸𝑡 = ⋅ 𝐼𝐸𝑡
2
• Polinômios Cota-Área-Volume e canal de fuga:
𝐻𝑡 = 𝑎0 + 𝑎1 ⋅ 𝑆𝑡 + 𝑎2 ⋅ 𝑆𝑡2 + 𝑎3 ⋅ 𝑆𝑡3 + 𝑎4 ⋅ 𝑆𝑡4
𝐴𝑡 = 𝑐0 + 𝑐1 ⋅ 𝐻𝑡 + 𝑐2 ⋅ 𝐻𝑡2 + 𝑐3 ⋅ 𝐻𝑡3 + 𝑐4 ⋅ 𝐻𝑡4
𝐻𝑇𝑡 = 𝑏0 + 𝑏1 ⋅ 𝑅𝑡 + 𝑏2 ⋅ 𝑅𝑡2 + 𝑏3 ⋅ 𝑅𝑡3 + 𝑏4 ⋅ 𝑅𝑡4
com 𝑅𝑡 = 𝑄𝑡𝑡 + 𝑄𝑣𝑡

27
Metodologia

• Limites de armazenamento:
𝑆𝑚𝑖𝑛𝑡 ≤ 𝑆𝑡 ≤ 𝑆𝑚𝑎𝑥𝑡

• Limites de vazões (turbinadas e não turbinadas,


incluindo vertidas):
𝑄𝑡𝑚𝑖𝑛𝑡 ≤ 𝑄𝑡𝑡 ≤ 𝑄𝑡𝑚𝑎𝑥𝑡
𝑄𝑣𝑡 ≥ 0

28
Metodologia

• Queda líquida:
𝐻𝑡 + 𝐻𝑡−1
𝐻𝐿𝑡 = − 𝐻𝑇𝑡 − ∆𝐻𝑡
2
• Produção de energia:
𝑃𝑡 = 𝜂 ⋅ 𝛾 ⋅ 𝐻𝐿𝑡 ⋅ 𝑄𝑡𝑡

nota: algumas variáveis correspondem ao valor no final do


intervalo de tempo considerado (início do intervalo seguinte),
outras correspondem ao valor médio no intervalo...

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Algumas Restrições Operativas

• Volume de espera para controle de cheias


• Níveis ou vazões mínimas para navegação, lazer,
outros usos consuntivos e não consuntivos
• Captação de água para usos consuntivos
• Vazão ecológica e hidrograma ecológico
• Trechos de vazão reduzida
• Escadas de Peixes
• Eclusas

30
Exemplo: HIDROTERM

31
Exemplo: HIDROTERM (EWRI 2009)
• Itaipu hydropower plant
operates as a run-of-river
reservoir...
• the Paraná river basin has a
system of 55 hydropower
plants
• 31 are run-of-river and 24
have storage capacity to
regulate flows in the basin
• how much of the
hydropower production of
Itaipu can be due to
upstream storage reservoirs?

32
Exemplo: HIDROTERM (EWRI 2009)
Vazões médias mensais afluentes em Itaipu: 1931-2007

35000

30000

25000

20000
Q (m³/s)

15000

10000

5000

0
1931 1941 1951 1961 1971 1981 1991 2001
meses

33
Exemplo: HIDROTERM (EWRI 2009)
14000

12000
Production (MW)

10000

8000 Pror
6000 Pres

4000

2000

0
1940 1950 1960 1970 1980 1990
inflow decade

inflow Pror(MW) Pres (MW)  (%)  (MW)


1940 8186 9123 11.4% 937
regularization => on
1950 7839 8315 6.1% 476
1960 8499 9771 15.0% 1272 average more 14% or
1970 9822 11283 14.9% 1460 1426 MW against
1980 10398 11851 14.0% 1453 run-of-river
1990 10613 11977 12.8% 1363
34
Exemplo: HIDROTERM (EWRI 2010)

• “Serra da Mesa” reservoir in


Tocantins river, upstream to 7
other hydropower plants
• minimum requirement 300 m³/s
• minimum historical 97 m³/s
• operating since 1998
• installed capacity: 1,275 MW
• head: 83,2 to 125,9 m
• Smin: 11,150 hm³
• Smax: 54,400 hm³ (largest in
Brazil) and 1,784 km²

35
Exemplo: HIDROTERM (EWRI 2010)
100 77% average
90 storage
80
70
Storage (%)

60
50
40
30
20
10 38% average
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
storage
time

historicalhistoricaloptimized

Storage in “Serra da Mesa” reservoir


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Exercício: Modelos de Operação de
Reservatórios para Geração de Energia

Considerar:

• não há outros reservatórios a montante;


• evaporação líquida nula;
• sem usos consuntivos;
• vazão turbinada máxima constante;
• intervalo de tempo mensal;
• é possível verter toda a água que ultrapassaria Smax;
• sem volume de espera para controle de cheias.
37
Exercício: Modelos de Operação de
Reservatórios para Geração de Energia
• Caso 1. Simulação com operação a fio d'água
𝑄𝑡𝑡 = 𝑄𝑎𝑓𝑙𝑡
𝑄𝑎𝑓𝑙𝑡 ≤ 𝑄𝑡𝑚𝑎𝑥 → ቊ
𝑄𝑣𝑡 = 0
𝑆 = constante
𝑄𝑡𝑡 = 𝑄𝑡max
𝑄𝑎𝑓𝑙𝑡 > 𝑄𝑡𝑚𝑎𝑥 → ቊ
𝑄𝑣𝑡 = 𝑄𝑎𝑓𝑙𝑡 − 𝑄𝑡𝑚𝑎𝑥

• Caso 2. Maximizar a vazão turbinada média (PL)


𝑛
1
max QT = 𝑛 ෍ 𝑄𝑡𝑡 ⋅ 𝑑𝑡𝑡
σ𝑡=1 𝑑𝑡𝑡
𝑡=1

38
Exercício: Modelos de Operação de
Reservatórios para Geração de Energia
• Caso 3. Maximizar a geração média de energia (PNL)
𝑛
1
max GH = 𝑛 ෍ 𝑃𝑡 ⋅ 𝑑𝑡𝑡
σ𝑡=1 𝑑𝑡𝑡
𝑡=1

• Caso 4. Minimizar a complementação quadrática (PNL)


(resulta em menor custo de complementação térmica)
𝑛
1 2
min Z = ෍ 𝐷 − 𝑃𝑡 ⋅ 𝑑𝑡𝑡
σ𝑛𝑡=1 𝑑𝑡𝑡
𝑡=1

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Material complementar

• International Commission on Large Dams


http://www.icold-cigb.org
• U.S. Energy Information Administration
https://www.eia.gov
• Operador Nacional do Sistema Elétrico
http://ons.org.br
• Agência Nacional de Energia Elétrica
http://www.aneel.gov.br
• Empresa de Pesquisa Energética
http://www.epe.gov.br
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