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“MARIELLE, UM SAMBA VERDE E ROSA”

Projeto de filme de curta-metragem de documentário

RESUMO
O Projeto de filme de curta-metragem de documentário MARIELLE, UM
SAMBA VERDE E ROSA abordará o universo do samba enredo no carnaval carioca,
através da construção do samba campeão do carnaval carioca de 2019 – História Pra
Ninar Gente Grande, pela escola Estação Primeira de Mangueira, do qual a maioria
dos compositores é de Volta Redonda-RJ, cidade do interior do Rio de Janeiro. O
filme abordará desde o processo de criação do samba até a vitória na disputa de
samba enredo da escola.

DESENVOLVIMENTO
História para ninar gente grande foi o enredo apresentado pela Estação
Primeira de Mangueira no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro de 2019,
com o qual a escola conquistou o seu 20º título de campeã.
Em 2018, o carnavalesco Leandro Vieira havia apresentado um desfile sobre o
carnaval dos marginalizados, ao mesmo tempo que criticava o prefeito do Rio de
Janeiro, Marcelo Crivella, pela falta de apoio ás escolas de samba. Para 2019, o
conceito foi ampliado, de forma a retratar os marginalizados pela História do Brasil,
defendendo os pobres, negros e indígenas. Assim, vultos da história oficial,
como Pedro Álvares Cabral, Dom Pedro I e a Princesa Isabel, foram substituídos por
heróis vindos das camadas populares, como Cunhambebe, Maria Filipa de
Oliveira e Chico da Matilde.
Segundo Vieira, a inspiração para o enredo veio do projeto Escola sem Partido,
que pretendia proibir professores de falar sobre política nas salas de aula. Ele
considerou que essa era uma oportunidade para a Mangueira discutir a verdade da
História ensinada nas escolas. “Se a história oficial é uma sucessão de versões dos
fatos, o enredo que proponho é uma ‘outra versão’. Com um povo chegado a novelas,
romances, mocinhos, bandidos, reis, descobridores e princesas, a história do Brasil foi
transformada em uma espécie de partida de futebol na qual preferimos ‘torcer’ para
quem ‘ganhou’. Esquecemos, porém, que na torcida pelo vitorioso, os vencidos fomos
nós”.
O samba-enredo intitulado de “Eu quero 1 Brasil que não está no retrato”
para o desfile da “verde e rosa”, como é conhecida a Mangueira, é uma obra coletiva
de autoria de Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e
Danilo Firmino. O samba apresenta um olhar diferenciado sobre a história do
Brasil, representando o lado do Brasil dominado, e não “descoberto”, preterido pela
narrativa tradicional. A Mangueira disse nas redes sociais que o enredo dará espaço
para “páginas ausentes” da história brasileira.
O samba-enredo do Carnaval de 2019 da Mangueira homenageou a vereadora
do Psol-RJ Marielle Franco, que foi morta a tiros no centro do Rio de Janeiro. A
vereadora era a quinta mais votada da capital fluminense. Além de Marielle, o seu
motorista, Anderson Gomes, também foi morto.
. No refrão, o nome da vereadora é citado: “Brasil, chegou a vez de ouvir as
Marias, Mahins, Marielles, Malês”. Em postagem no Facebook, 1 dos autores da
música, Tomaz Miranda, postou a frase: “Fomos campeões na Mangueira. Pela
memória de Marielle e Anderson e toda luta que ainda virá. São verde e rosa as
multidões”.

A letra diz

“Brasil, meu nego


Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

Brasil, meu dengo


A mangueira chegou

Com versos que o livro apagou


Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara


Tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de julho


Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Mangueira, tira a poeira dos porões


Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Do Brasil que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa as multidões.”

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