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Técnicas em terapia

Manuela Ramos Caldas Lins


cognitivo-comportamental Carmem Beatriz Neufeld
com crianças e adolescentes (Organizadoras)

Técnicas para trabalhar


problemas de atenção

ANEXO 1

Ana, a menina esquecida

H oje vocês vão conhecer a história da Ana, uma menina de 8 anos muito alegre e espevitada. Seus pais sempre
pediam para ela ficar mais “atenta” às coisas que fazia, pois era distraída e, muitas vezes, perdia ou esquecia
seus pertences nos lugares. Certo dia, Ana chegou da escola e percebeu que estava sem seu casaco. Sua mãe lhe
disse:
— Minha filha, você perdeu o casaco de novo? Precisa prestar mais atenção! Vamos tentar lembrar: qual foi
a última vez que viu o casaco? Você lembra se deixou na sala de aula? Você estava com ele no recreio?
Ana não conseguia se lembrar de nada e ficou muito nervosa com as perguntas da mãe. Então, as duas fo-
ram até a escola procurar o casaco. Quando chegaram lá, logo o avistaram em um banco, perto da cantina. Ana
se sentiu aliviada por terem encontrado o casaco dessa vez, mas também estava muito triste. Ela não entendia
por que isso sempre acontecia com ela. Na última semana já havia esquecido sua agenda e seu dever de casa...
Pensou: “Será que um dia eu vou parar de ser tão esquecida?”.
Sentada ao lado do casaco, estava a tia Márcia, psicóloga da escola. Há algum tempo tia Márcia vinha no-
tando os esquecimentos da menina. Quando viu Ana e sua mãe se aproximando, pensou que seria uma ótima
hora para tentar ajudar.
— Esqueceu o casaco de novo, Ana? O que será que está acontecendo?, perguntou tia Márcia.
— Esqueci. Não sei, esse tipo de coisa sempre acontece comigo, preciso prestar mais atenção, disse Ana.
Tia Marcia convidou Ana e sua mãe a investigarem o porquê de a menina esquecer tantas vezes suas coisas.
Juntas, elas foram até uma sala cheia de televisões. Chegando lá, tia Márcia falou:
— Ana, você sabia que temos uma câmera no pátio da escola? Foi instalada há pouco tempo para cuidar da
segurança dos alunos. Pensei em utilizar as filmagens para tentarmos entender o que aconteceu hoje que a fez se
esquecer do casaco.
Ana nunca tinha se visto em uma filmagem e ficou muito empolgada com a investigação. Tia Márcia então
colocou o vídeo. Nele, Ana aparecia vestindo o casaco enquanto brincava de pular corda com as colegas no in-
tervalo. Nessa brincadeira, o ganhador seria aquele que pulasse o maior número de vezes. Pelo vídeo, Ana viu e
recordou que, enquanto pulava corda e contava o número de pulos, tirou o casaco e o atirou no banco.
Tia Márcia então explicou para a menina:
— Ana, olha como você estava fazendo várias coisas ao mesmo tempo: pulando corda, contando os pulos e,
ainda, tirando o casaco. Muitas vezes, quando tentamos fazer várias coisas ao mesmo tempo, precisamos dividir
a nossa atenção e é muito difícil nos concentrarmos em todas elas.
Ana lembrou-se de outras vezes em que perdera seus pertences, em várias delas estava tentando fazer várias
coisas ao mesmo tempo também. Por mais que adorasse correr, pular corda e brincar com os amigos, Ana des-
cobriu que era preciso parar e pensar nas coisas que fazia, e, mesmo que rapidinho, interromper a brincadeira.
Do contrário, continuaria sem se dar conta dos lugares em que largava suas coisas.

© Sinopsys Editora e Sistemas Eireli, 2021


Técnicas em terapia cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes: uma perspectiva de intervenções individuais e em grupos
Manuela Ramos Caldas Lins e Carmem Beatriz Neufeld (Orgs.)
Técnicas em terapia
Manuela Ramos Caldas Lins
cognitivo-comportamental Carmem Beatriz Neufeld
com crianças e adolescentes (Organizadoras)

ANEXO 2

Como é um buraco negro?


Primeira imagem do “monstro cósmico” foi divulgada nesta quarta-feira

O
negro.
s cientistas acabaram, nesta quarta-feira, com o suspense que vem agitando os entusiastas da astronomia há
dias ao anunciar o resultado de um projeto inédito destinado a capturar a primeira imagem de um buraco

Até agora, os buracos negros foram teorizados, modelados e até detectados por evidências indiretas, mas
nunca observados. É por isso que havia uma questão que não saía da cabeça dos astrônomos: Como seria a ima-
gem de um desses objetos celestes gigantescos, compactados em um volume muito pequeno?
De acordo com a lei da relatividade geral, publicada em 1915 por Albert Einstein, que teoriza sobre seu
funcionamento, a força gravitacional desses “monstros cósmicos” é tal que nada os [sic] escapa: nem matéria nem
luz, independentemente do seu comprimento de onda.
Em abril de 2017, oito telescópios do mundo, unidos pelo projeto Event Horizon Telescope (EHT), visaram
simultaneamente a dois buracos negros: Sagitário A*, no centro da Via Láctea, e seu congênere da galáxia M87.
Os resultados das observações do EHT foram apresentados nesta quarta-feira em seis coletivas de imprensa
organizadas simultaneamente em várias partes do mundo: Bruxelas, Santiago, Xangai, Tóquio, Taiwan e Wa-
shington.

Fonte: Associated Press (2019). Como é um buraco negro? Jornal O Globo. Recuperado de https://oglobo.globo.com/
sociedade/ciencia/como-um-buraco-negro-23587752.

© Sinopsys Editora e Sistemas Eireli, 2021


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Manuela Ramos Caldas Lins e Carmem Beatriz Neufeld (Orgs.)
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cognitivo-comportamental Carmem Beatriz Neufeld
com crianças e adolescentes (Organizadoras)

O que a ciência ainda não sabe sobre a relação entre


as telas e o cérebro dos jovens?

Q uem tem criança ou adolescente em casa certamente já se perguntou se TV, computador, videogame, tablet
e smartphone podem fazer mal ao cérebro dos filhos. Será? Que tipo de mal? E a partir de quanto tempo
de uso? Uma pesquisa realizada com 11.800 crianças e jovens nos Estados Unidos, desde 2013, traz uma con-
clusão desconcertante: nem a ciência sabe exatamente qual o impacto da relação entre telas, comportamento e
desenvolvimento.
Com atenção especial aos pré-adolescentes e adolescentes, já que essa fase é a de maior uso de gadgets e
quando o cérebro está com seu desenvolvimento mais acelerado, os pesquisadores concluíram que o uso muito
exagerado de telas até pode causar piora no desempenho acadêmico, mas ainda não conseguem dizer como e por
que isso acontece. Nem quantas horas diárias seria esse “exagero” de uso.
O estudo ainda está na primeira fase, mas os cientistas querem medir quais as diferenças de estrutura e fun-
ção no cérebro dos jovens que usam as telas e o que essas diferenças significam. As telas podem causar déficit de
atenção, problemas de humor ou atraso nas habilidades cognitivas? Ainda não se sabe. Ao revisar 43 pesquisas
sobre autoestima e bem-estar, por exemplo, pesquisadores irlandeses perceberam que as redes sociais podem ser
avassaladoras para alguns adolescentes, mas, para outros, podem ser a chave para se cuidarem melhor e buscarem
uma vida mais saudável.
O mesmo aconteceu quando mais de 200 estudos sobre jogos on-line violentos foram revisados. A pergunta
dos psicólogos era: crianças e jovens que participam de jogos violentos se tornam mais agressivas ou elas buscam
esse tipo de jogos justamente porque já tinham uma agressividade maior e não sabiam como lidar com ela? Mais
uma vez, o resultado foi inconclusivo. E tudo porque, explicam os pesquisadores, o córtex pré-frontal (estrutura
do cérebro responsável por regular nosso comportamento e controlar os impulsos) dos pré-adolescentes e ado-
lescentes ainda está em franco processo de amadurecimento e responde de forma diferente em cada indivíduo,
levando em conta variações como o ambiente de criação dos jovens e os estímulos a que estão expostos.
Assim, segundo a etapa inicial da pesquisa, a única conclusão é a de que, usando moderadamente, as telas
não fazem mal. Podem, inclusive, ajudar muitos jovens a descobrirem uma profissão, a terem coragem de se
relacionarem na vida real, a encontrarem turmas de interesses comuns e até a se articularem politicamente.

Fonte: Tófoli, D. (2019). O que a ciência ainda não sabe sobre a relação entre as telas e o cérebro dos jovens. Jornal
O Globo. Recuperado de https://blogs.oglobo.globo.com/mae-de-tween/post/o-que-ciencia-ainda-nao-sabe-sobre-rela-
cao-entre-telas-e-o-cerebro-dos-jovens.html.

© Sinopsys Editora e Sistemas Eireli, 2021


Técnicas em terapia cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes: uma perspectiva de intervenções individuais e em grupos
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