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Figuras de Linguagem

João Bolognesi Língua Portuguesa

Figuras de Linguagem

Com a finalidade artística ou retórica, o uso das figuras de linguagem torna-se um recurso que possibilita
trazer à construção um efeito de sentido renovado. Esse procedimento é alcançado por meio de combinações
assim classificadas:
I – Figuras de palavras (ou tropos);
II – Figuras de pensamento;
III – Figuras de construção (ou de sintaxe).

I – Figuras de Palavras

1) Comparação: é feita de forma “explícita”, ou seja, com uso de conectivo comparativo (como, tal qual, igual)
Minha irmã é bondosa como um anjo.

2) Metáfora: é uma comparação abreviada, associação de ideias ou de característica comum entre dois seres.
Nasce por meio da analogia e da similaridade e dispensa os conectivos que aparecem na comparação.
Minha irmã é um anjo.

3) Metonímia: é a utilização de uma palavra por outra, porque mantêm elas uma relação constante ou
contiguidade de sentido. Eis os principais casos:
- o autor pela obra: Você já leu Camões?
- o efeito pela causa: Respeite minhas rugas.
- o instrumento pela pessoa: Júlio é um bom garfo.
- o continente pelo conteúdo: Ele comeu dois pratos.
- o lugar pelo produto: Ele gosta de um bom havana.
- a parte pelo todo: Não tinha teto aquela família.
- o singular pelo plural: O paulista adora trabalhar.
- o indivíduo pela espécie ou classe: Ele é um judas.
- a matéria pelo objeto: A porcelana chinesa é belíssima.
- a marca pelo produto: pacote de bombril, fazer a barba com gilete, mascar um chiclete.

4) Catacrese: metáfora tão usada que perdeu seu valor de figura e tornou-se cotidiana, não representando
mais um desvio: céu da boca; cabeça do prego; asa da xícara; dente de alho; pé da cadeira. Também se
encontra no emprego impróprio por esquecimento ou ignorância de origem. Isso ocorre pela inexistência de
palavras mais apropriadas e dá-se devido à semelhança da forma ou da função: ferradura de prata; embarcar
no avião; fazer sabatina na sexta-feira; péssima caligrafia; ficou de quarentena dois meses; fazer uma novena
durante esta semana.

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5) Antonomásia: é uma espécie de apelido que se confere aos seres, valorizando algum de seus feitos ou
atributos.
Leu a obra do Poeta dos Escravos (Castro Alves).
O Rei do Futebol fez mais de mil gols (Pelé).
Você gosta da Terra da Garoa (São Paulo)?

6) Sinestesia: é a figura que proporciona a mistura de percepções, mistura de sentidos.


Tinha um olhar gelado.

II – Figuras de Pensamento

7) Antítese: aproximação de ideias de sentidos opostos.


Tinha na alma um herói e um covarde.

8) Eufemismo: emprego de palavra ou expressão com objetivo de amenizar alguma verdade triste, chocante
ou desagradável.
Ele foi desta para melhor.

9) Paradoxo ou oxímoro: é o emprego de duas ideias antagônicas, que se excluem mutuamente, mas que
aparecem em uma mesma frase.
“Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente” (Camões)
"Estou cego e vejo " (Carlos Drummond de Andrade)

10) Hipérbole: exagero proposital.


Estou morrendo de alegria. Chorou um rio de lágrimas.

11) Ironia: forma intencional de dizer o contrário do que pensamos.


Ele era fino e educado (comeu como um porco), além de ser gentil (nem disse obrigado).

12) Personificação ou prosopopeia: É dar a vida ao seres inanimados ou dar características humanas aos
animais e objetos.
A formiga disse que tinha de trabalhar
A vida ensinou-me a ser humilde.

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13) Silepse: é a concordância que se faz com a ideia, e não com a palavra expressa. Há três tipos:
- de gênero: Vossa Santidade será homenageado.
- de pessoa: Os brasileiros somos m assacrados.
- de número: Havia muita gente na rua, corriam desesperadamente.

14) Apóstrofe: invocação ou interpelação de ouvinte ou leitor, seres reais ou imaginários, presentes ou
ausentes. Também é conhecido como vocativo.
Ó Deus! Mereço tanto sofrimento?
Tenha piedade, Senhor, de seus filhos.

15) Gradação: aumento ou diminuição gradual.


A paixão crescia, amadurecia, vingava...

III – Figuras de Construção


=> Repetições

16) Aliteração: repetição de fonemas idênticos ou semelhantes.


Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando. (Guimarães Rosa)

17) Polissíndeto: repetição de conjunções (síndetos).


Não sorriu, nem feliz ficou, nem quis me ver, nem se importou com a partida.
E resmunga, e chora, e grita, e pula, e berra.

18) Repetição: é a repetição de palavras com o intuito de exprimir a ideia de progressão e intensificação.
Aquela noite era linda, linda, linda.
Enquanto tudo isso acontecia, a garota crescia, crescia.

19) Anáfora: é também a repetição de palavras, porém no início de frase ou versos.


Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigo
Eu quase não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado (Gilberto Gil)

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20) Anadiplose: consiste em repetir, no início de uma oração ou de um verso, a última palavra da oração ou
verso anterior.
Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
verdade é, meu senhor, que hei delinquido,
delinquido vos tenho, e ofendido;
ofendido vos tem minha maldade (Gregório de Matos)

21) Pleonasmo: repetição da mesma ideia com objetivo de realce.


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal (Fernando Pessoa)

=> Inversões

22) Hipérbato: é a alteração da ordem direta dos termos ou das próprias orações.
Aquela pessoa nunca mais quero ver.
Da casa saíram as crianças.
Da igreja estava ele na frente.

23) Sínquise: é a inversão muito violenta na ordem natural dos termos, de modo que a compreensão seja
seriamente prejudicada.
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante.
(As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.)

=> Termo desvinculado

24) Anacoluto: é a quebra da estrutura normal da frase a fim de introduzir nova palavra sem ligação sintática
com as demais.
Minha vida, tudo sem importância.
Eu, eles diziam que a culpa era minha.

=> Omissões

25) Assíndeto: ausência da conjunção entre palavras ou entre orações de um período.


Nunca tivemos glória, amores, dinheiro, perdão.
Vim, vi, venci.

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26) Elipse: É a omissão de palavra ou expressão que pode ser facilmente subentendida.
Requer-se seja intimado.
Toda a cidade parada por causa do calor.

27) Zeugma: é um tipo de elipse. Ocorre zeugma quando duas orações compartilham o termo omitido, isto é,
quando o termo omitido é o mesmo que aparece na oração anterior. Exemplos:
Na terra dele só havia mato; na minha, só prédios.
Meus primos conheciam todos. Eu, poucos.

Exercícios

1. Indique qual resposta não possui coerência.


a) Em “Tinha cinco bocas para alimentar”, indica-se a parte pelo todo.
b) Em “Dê-me dois maços”, pede-se o continente (maço) pelo conteúdo (cigarro).
c) Em “Comprei um Portinari”, há uma troca do autor pela obra.
d) Em “O homem ficou sem teto”, indica-se a causa pela consequência.
e) Em “Tomavam um Porto”, tem-se o lugar pelo produto.

2. Na frase “Em matemática, Maria é uma cobra.”, identifica-se qual figura?


a) metáfora b) metonímia c) catacrese d) antonomásia e) onomatopeia

3. No trecho: “Dão um jeito de mudar o mínimo para continuar mandando o máximo”, a figura de linguagem
presente é chamada:
a) metáfora b) hipérbole c) hipérbato d) anáfora e) antítese

4. Na frase: “O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô”, encontramos a figura de linguagem
chamada:
a) silepse de pessoa b) elipse c) anacoluto d) hipérbole e) silepse de número

5. Que figura de linguagem encontramos em “Choram as ondas”?


a) catacrese b) metonímia c) hipérbole d) prosopopeia e) metáfora

6. Na oração “Ele trazia na cabeleira a neve dos anos” temos qual figura de linguagem?
a) catacrese b) metonímia c) zeugma d) hipérbole e) metáfora

7. No verso “A poesia – é uma luz... e alma – uma ave...” ocorrem:


a) prosopopeia e hipérbato; c) hipérbole e eufemismo; e) metáfora e zeugma.
b) metonímia e antítese; d) pleonasmo e silepse;

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8. Em qual das opções há erro na identificação das figuras?


a) “Um dia hei de ir embora / Adormecer no derradeiro sono.”(eufemismo)
b) “A neblina, roçando o chão, cicia,em prece.” (prosopopeia)
c) Já não são tão frequentes os passeios noturnos na violenta Rio de Janeiro. (silepse de número)
d) “E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua...” (aliteração)
e) “Oh sonora audição colorida do aroma.” (sinestesia)

9. Na frase “Ao pobre não lhe devo nada”, encontramos um caso de:
a) anacoluto b) pleonasmo c) elipse d) zeugma e) solecismo

10. Na frase, “Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.”, temos aqui a seguinte figura de linguagem, típica do
Barroco:
a) antítese b) pleonasmo c) elipse d) hipérbole

11. “Vozes veladas,veludosas vozes,


Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
No texto de Cruz e Sousa temos exemplo de:
a) paralelismo b) versos brancos c) eufemismo d) aliteração e) hipérbole

12. Indique a alternativa em que o exemplo dado não corresponde à figura de linguagem pedida:
a) Metonímia: Ele gosta de ler Jorge Amado
b) Assíndeto: Vim, vi, venci.
c) Metáfora: “Meu verso é sangue” (Manuel Bandeira)
d) Antonomásia: Estou morrendo de sede!
e) Onomatopeia: “...não se ouvia mais o plic-plic-plic-plic da agulha no pano”. (Machado de Assis)

13. Em todos os itens, as figuras foram classificadas adequadam ente, menos em:
a) “A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor” (Vinícius de Morais) – eufemismo.
b) Ele é um bom garfo – metonímia.
c) Ele não tem um níquel – metonímia.
d) Sobre a mesa, garrafas vazias – elipse.
e) Gosto de ler Camões – metonímia.

14. “E eu morro, Ó Deus! Na aurora da existência.” (Castro Alves)


Indique a alternativa que apresenta a correta classificação de duas figuras que aparecem no verso.
a) hipérbole – anáfora; c) eufemismo – catacrese; e) perífrase – pleonasmo.
b) apóstrofe – antítese; d) gradação – antonomásia;

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15. Em “Meu coração não aprendeu nada”, a figura de linguagem é:


a) gradação b) hipérbole c) catacrese d) prosopopeia e) eufemismo

16. “Mas seu Juveniano foi um vitorioso porque, de um jeito ou de outro, pôs um diploma na mão de cada filho”.
A oração destacada assinala o emprego de:
a) metonímia b) metáfora c) silepse d) hipérbole e) pleonasmo

17. Quando você diz que enterrou os pés na areia; que embarcou num ônibus; que chumbou o taco na parede,
você recorre a uma figura de linguagem denominada:
a) metonímia b) antítese c) hipérbole d) catacrese e) metáfora

18. Relacione as duas colunas, classificando as figuras de linguagem de acordo com a seguinte indicação, e
assinale a alternativa correta:
(1) Faltaram braços para se concluir a obra. ( ) metáfora
(2) Não havia em casa um dente de alho sequer. ( ) prosopopeia
(3) A madrugada vem sorrindo atrás dos montes. ( ) catacrese
(4) O carro era um foguete passando por mim. ( ) metonímia

a) 3, 2, 1, 4 b) 2, 1, 3, 4 c) 4, 3, 2, 1 d) 2, 4, 1, 3 e) 3, 1, 4, 2

19. Na frase: “O fio da ideia cresceu, engrossou e partiu-se”, ocorre processo de gradação. Não há gradação
em:
a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.
b) O avião decolou, ganhou altura e caiu.
c) O balão inflou, começou a subir e apagou.
d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frustrou-se.
e) João pegou de um livro, ouviu um disco e saiu.

20. Nos trechos: “...nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do
major.” e “...o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja.” encontramos, respectivamente, as
seguintes figuras de linguagem:
a) prosopopeia e hipérbole d) metonímia e eufemismo e) metonímia e prosopopeia
b) hipérbole e metonímia c) perífrase e hipérbole

21. Observe as letras destacadas nos versos:


“O vento voa
a noite toda se atordoa...”
Na repetição das consoantes você vê:
a) aliteração b) assonância c) eco d) rima e) onomatopeia

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22. Em “O pavão é um arco-íris de pumas” e “...de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira...”,
como procedimento estilístico, temos, respectivamente:
a) metáfora e polissíndeto. c) metonímia e aliteração. e) anáfora e metáfora.
b) comparação e repetição. d) hipérbole e anacoluto.

23. Em “Muitos adormeceram para sempre”, há:


a) perífrase. b) metonímia. c) eufemismo. d) apóstrofe. e) n.d.a.

24. Identifique a alternativa que contém a figura de linguagem predominante em: “Partimos todos os alunos”.
a) pleonasmo. b) silepse. c) metáfora. d) metonímia. e) perífrase.

As questões 25 e 26 referem-se à estrofe do texto Soldados Verdes de Cassiano Ricardo. Leia-o atentamente
para respondê-las.
O cafezal é a soldadesca verde
que salta morros na distância iluminada
um dois, um dois, de batalhão em batalhão
na sua arremetida acelerada contra o sertão

25. O primeiro verso o poema apresenta o emprego da:


a) metonímia b) catacrese c) comparação d) metáfora e) onomatopeia

26. “que salta morros na distância iluminada”.


A figura de linguagem destacada no verso é:
a) prosopopeia b) onomatopeia c) metáfora d) metonímia e) eufemismo

27. Indique a frase em que há um anacoluto.


a) Não sei se eles viajarão, aqueles preguiçosos.
b) A caçulinha, que tanto amava a seu pai, doeu-lhe muito a separação.
c) O Governo brasileiro, diante desta situação, não poderá deixar de se manifestar.
d) Vocês, que se dizem corajosos, por acaso se ofereceram para participar do salvamento?
e) Quando visito uma casa muito velha, penso nos que a deixaram para sempre.

GABARITO
1-D 2-A 3-E 4-E 5-D 6-B
7-E 8-C 9-B 10-A 11-D 12-D
13-A 14-B 15-D 16-A 17-D 18-C
19- E 20- E 21- A 22-A 23-C 24-B
25-D 26-A 27-B
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Figuras de Linguagem
Escrito por Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos


usados para dar maior ênfase à comunicação e torná-la mais bonita.

Dependendo da sua função, elas são classificadas em:

Figuras de palavras ou semânticas: estão associadas ao significado das palavras.


Exemplos: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e perífrase.

Figuras de pensamento: trabalham com a combinação de ideias e pensamentos.


Exemplos: hipérbole, eufemismo, litote, ironia, personificação, antítese, paradoxo,
gradação e apóstrofe.
Figuras de sintaxe ou construção: interferem na estrutura gramatical da frase.
Exemplos: elipse, zeugma, hipérbato, polissíndeto, assíndeto, anacoluto, pleonasmo,
silepse e anáfora.
Figuras de som ou harmonia: estão associadas à sonoridade das palavras. Exemplos:
aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia.

Figuras de Palavras

Metáfora
A metáfora representa uma comparação de palavras com significados diferentes e cujo
termo comparativo fica subentendido na frase.

Exemplo: A vida é uma nuvem que voa. (A vida é como uma nuvem que voa.)

Uso da metáfora em "meu amor é uma caravana de rosas vagando num deserto inefável"
Comparação
Chamada de comparação explícita, ao contrário da metáfora, neste caso são utilizados
conectivos de comparação (como, assim, tal qual).

Exemplo: Seus olhos são como jabuticabas.

Uso da comparação por meio do conectivo "como": "o amor é como uma flor" e "o amor é como o motor do
carro"

Metonímia
A metonímia é a transposição de significados considerando parte pelo todo, autor pela
obra.

Exemplo: Costumava ler Shakespeare. (Costumava ler as obras de Shakespeare.)

Uso da metonímia que substitui o vocábulo boi por "cabeças de gado"

Catacrese
A catacrese representa o emprego impróprio de uma palavra por não existir outra mais
específica.

Exemplo: Embarcou há pouco no avião.


Embarcar é colocar-se a bordo de um barco, mas como não há um termo específico para o
avião, embarcar é o utilizado.

O uso da expressão "bala perdida" é utilizada por não ter outra mais específica

Sinestesia
A sinestesia acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes.

Exemplo: Com aquele olhos frios, disse que não gostava mais da namorada.

A frieza está associada ao tato e não à visão.

Na tirinha, a expressão "olhar frio" é um exemplo de sinestesia

Perífrase
A perífrase, também chamada de antonomásia, é a substituição de uma ou mais palavras
por outra que a identifique.

Exemplo: O rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 8 quilômetros. (O rugido
do leão é ouvido a uma distância de 8 quilômetros.)
Na charge acima, a "Terra da Garoa" substitui "cidade de São Paulo"

Veja também: Figuras de Palavras

Figuras de Pensamento

Hipérbole
A hipérbole corresponde ao exagero intencional na expressão.

Exemplo: Quase morri de estudar.

A expressão "morrendo de inveja" é uma hipérbole

Eufemismo
O eufemismo é utilizado para suavizar o discurso.

Exemplo: Entregou a alma a Deus.

Acima, a frase informa a morte de alguém.


Na charge acima, a explicação de fofoqueira é usada para suavizar o discurso

Litote
O litote representa uma forma de suavizar uma ideia. Neste sentido, assemelha-se ao
eufemismo, bem como é a oposição da hipérbole.

Exemplo: — Não é que sejam más companhias… — disse o filho à mãe.

Pelo discurso, percebemos que apesar de as suas companhias não serem más, também
não são boas.

Ironia
A ironia é a representação do contrário daquilo que se afirma.

Exemplo: É tão inteligente que não acerta nada.

Nota-se o uso da ironia, uma vez que o personagem está zangado com a pessoa e utilizou o termo "inteligente"
de maneira irônica

Veja também: Diferença entre Sarcasmo e Ironia

Personificação
A personificação ou prosopopeia é a atribuição de qualidades e sentimentos humanos aos
seres irracionais.

Exemplo: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

A personificação é expressa na última parte do quadrinho onde o Zé Lelé afirma que o espelho está olhando ele.
Assim, utilizou-se uma caraterística dos seres vivos (olhar) em um ser inanimado (o espelho).

Antítese
A antítese é o uso de termos que têm sentidos opostos.

Exemplo: Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz.

Uso da antítese expressa pelos termos que têm sentidos opostos: positivo, negativo; mal, bem; paz e guerra

Paradoxo
O paradoxo representa o uso de ideias que têm sentidos opostos, não apenas de termos
(tal como no caso da antítese).
Exemplo: Estou cego de amor e vejo o quanto isso é bom.

Como é possível alguém estar cego e ver?

Uso do paradoxo pelas ideias com sentidos opostos realçada pelos termos que explicam a "certeza": relativa e
absoluta

Gradação
A gradação é a apresentação de ideias que progridem de forma crescente (clímax) ou
decrescente (anticlímax).

Exemplo: Inicialmente calma, depois apenas controlada, até o ponto de total nervosismo.

No exemplo acima, acompanhamos a progressão da tranquilidade até o nervosismo.

Na tirinha, o personagem foi explicando de forma crescente a ideia

Apóstrofe
A apóstrofe é a interpelação feita com ênfase.

Exemplo: Ó céus, é preciso chover mais?


Notamos a ênfase na segunda parte da tirinha com o uso dos pontos de exclamação e interrogação: "Ai meu
Deus!!! Ele vai me matar" O que faço!? É o fim!"

Veja também: Figuras de Pensamento

Figuras de Sintaxe

Elipse
A elipse é a omissão de uma palavra que se identifica de forma fácil.

Exemplo: Tomara você me entenda. (Tomara que você me entenda.)

Na segunda imagem do quadrinho, notamos o uso da elipse: "depois (ele começou) a comer sanduíches entre as
refeições..."

Zeugma
A zeugma é a omissão de uma palavra pelo fato de ela já ter sido usada antes.

Exemplo: Fiz a introdução, ele a conclusão. (Fiz a introdução, ele fez a conclusão.)
A zeugma é utilizada na segunda e terceira parte dos quadrinhos: "(você é) um descongestionante nasal para o
meu nariz"; (você é) um antiácido para meu estômago!"

Hipérbato
O hipérbato é a alteração da ordem direta da oração.

Exemplo: São como uns anjos os seus alunos. (Os seus alunos são como uns anjos.)

A ordem direta do nosso hino é "Das margens plácidas do Ipiranga ouviram um brado retumbante de um povo
heroico"

Polissíndeto
O polissíndeto é o uso repetido de conectivos.

Exemplo: As crianças falavam e cantavam e riam felizes.


Uso do polissíndeto pela repetição do conectivo "se for"

Assíndeto
O assíndeto representa a omissão de conectivos, sendo o contrário do polissíndeto.

Exemplo: Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.

Veja também: Conectivos

Anacoluto
o anacoluto é a mudança repentina na estrutura da frase.

Exemplo: Eu, parece que estou ficando zonzo. (Parece que eu estou ficando zonzo.)
Pleonasmo
Pleonasmo é a repetição da palavra ou da ideia contida nela para intensificar o significado.

Exemplo: A mim me parece que isso está errado. (Parece-me que isto está errado.)

No tirinha acima, o "saia para fora" é um pleonasmo, uma vez que o verbo "sair" já significa "para fora"

Silepse
A silepse é a concordância com o que se entende e não com o que está implícito. Ela é
classificada em: silepse de gênero, de número e de pessoa.

Exemplos:

Vivemos na bonita e agitada São Paulo. (silepse de gênero: Vivemos na bonita e agitada
cidade de São Paulo.)
A maioria dos clientes ficaram insatisfeitas com o produto. (silepse de número: A
maioria dos clientes ficou insatisfeita com o produto.)
Todos terminamos os exercícios. (silepse de pessoa: neste caso concordância com nós,
em vez de eles: Todos terminaram os exercícios.)
Uso da silepse de pessoa em "mais da metade da população mundial somos crianças" e "as crianças, vamos ter o
mundo nas mãos"

Anáfora
A anáfora é a repetição de uma ou mais palavras de forma regular.

Exemplo: Se você sair, se você ficar, se você quiser esperar. Se você “qualquer coisa”, eu
estarei aqui sempre para você.

Uso da anáfora pela repetição do termo "falta"

Veja também: Figuras de Sintaxe

Figuras de Som

Aliteração
A aliteração é a repetição de sons consonantais.
Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.

Uso da aliteração em "O rato roeu a roupa do rei de Roma"

Paronomásia
Paronomásia é a repetição de palavras cujos sons são parecidos.

Exemplo: O cavaleiro, muito cavalheiro, conquistou a donzela. (cavaleiro = homem que anda
a cavalo, cavalheiro = homem gentil)

Uso da paronomásia por meio dos termos que possuem sons parecidos: "grama" e "grana"

Assonância
A assonância é a repetição de sons vocálicos.

Exemplo:

"O que o vago e incógnito desejo


de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa)
Na tirinha acima, o uso da assonância é expresso pela repetição das vogais "a" em: "massa", "salga", "amassa"

Onomatopeia
Onomatopeia é a inserção de palavras no discurso que imitam sons.

Exemplo: Não aguento o tic-tac desse relógio.

No primeiro e último quadrinho temos o uso da onomatopeia com "Bum, Bum, Bum" e "Buááá...; Buááá...". O
primeiro expressa o som do tambor, e o segundo, o choro do cebolinha

Veja também: Figuras de Som

Resumo das Figuras de Linguagem


Confira na tabela abaixo o que diferencia cada uma das figuras de linguagem, bem como
cada um dos seus tipos.

Figuras de
Figuras de Som ou
Palavras ou Figuras de Pensamento Figuras de Sintaxe ou construção
harmonia
semânticas

Produzem maior Produzem maior Produzem maior


Produzem maior expressividade à
expressividade à expressividade à expressividade à
comunicação através da inversão,
comunicação comunicação através da comunicação
repetição ou omissão dos termos na
através das combinação de ideias e através da
construção das frases.
palavras. pensamentos. sonoridade.
Figuras de
Figuras de Som ou
Palavras ou Figuras de Pensamento Figuras de Sintaxe ou construção
harmonia
semânticas

hipérbole
elipse
eufemismo
metáfora pleonasmo
litote
comparação zeugma
ironia aliteração
metonímia hipérbato
personificação ou paronomásia
catacrese silepse
prosopopeia assonância
sinestesia polissíndeto
antítese onomatopeia
perífrase ou assíndeto
paradoxo ou oxímoro
antonomásia anacoluto
gradação ou clímax
anáfora
apóstrofe

Veja também: Funções da Linguagem

Quer uma dica?


Para finalizar, deixamos um macete que vai te ajudar ainda mais no Vestibular e no Enem.
Veja esse vídeo produzido pela Universidade Católica Dom Bosco:

Exercícios de Vestibular
1. (UNITAU) No sintagma: “Uma palavra branca e fria”, encontramos a figura denominada:

a) sinestesia
b) eufemismo
c) onomatopeia
d) antonomásia
e) catacrese

Resposta

Alternativa a: sinestesia.

2. (Universidade Anhembi Morumbi)


"A novidade veio dar à praia
na qualidade rara de sereia
metade um busto de uma deusa maia
metade um grande rabo de baleia
a novidade era o máximo
do paradoxo estendido na areia
alguns a desejar seus beijos de deusa
outros a desejar seu rabo pra ceia
oh, mundo tão desigual
tudo tão desigual
de um lado este carnaval
do outro a fome total
e a novidade que seria um sonho
milagre risonho da sereia
virava um pesadelo tão medonho
ali naquela praia, ali na areia
a novidade era a guerra
entre o feliz poeta e o esfomeado
estraçalhando uma sereia bonita
despedaçando o sonho pra cada lado”

(Gilberto Gil – A Novidade)

Gilberto Gil em seu poema usa um procedimento de construção textual que consiste em
agrupar ideias de sentidos contrários ou contraditórios numa mesma unidade de
significação.

A figura de linguagem acima caracterizada é:

a) metonímia
b) paradoxo
c) hipérbole
d) sinestesia
e) sinédoque

Resposta

Alternativa b: paradoxo.
Continue praticando sobre o tema:

Exercícios de Figuras de linguagem


Exercícios sobre Funções da Linguagem
Exercícios sobre denotação e conotação

Atualizado em 22 fevereiro 2021

Escrito por Márcia Fernandes


Professora, pesquisadora, produtora e gestora de conteúdos on-line. Licenciada em Letras pela Universidade Católica
de Santos.
Escolha Múltipla:
Qual figura de linguagem é caracterizada pelo uso de palavras que imitam sons
naturais?
A) Aliteração
B) Onomatopeia
C) Metáfora
D) Anáfora

Quando se atribui características humanas a seres não humanos ou objetos, estamos


utilizando:
A) Antítese
B) Personificação
C) Metonímia
D) Pleonasmo

Qual figura de linguagem ocorre quando uma palavra é repetida no início de várias
frases ou versos?
A) Assíndeto
B) Aliteração
C) Anáfora
D) Eufemismo

Associação de Termos:
Associe cada termo à sua definição correspondente.
Catacrese
Sinestesia
Zeugma
Antítese
Definições:
Combinação de palavras incompatíveis numa mesma expressão.
Uso de uma palavra fora de seu sentido usual.
Associação de sensações de diferentes sentidos.
Contraposição de ideias opostas.
Verdadeiro ou Falso:

4. Na hipérbole, há uma diminuição exagerada da realidade.


A elipse é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo facilmente
subentendido.
A ironia ocorre quando se diz o oposto do que se quer expressar.
Preenchimento de Lacunas:
7. A ___________ consiste em usar uma palavra fora do seu contexto usual.
A ___________ é uma figura que consiste na omissão de uma ou mais palavras que
podem ser facilmente subentendidas.

Escolha Múltipla:
9. Quando há uma repetição de ideias de forma contrária, criando um efeito de surpresa,
estamos diante de:
A) Hipérbole
B) Antítese
C) Paradoxo
D) Zeugma

Qual figura de linguagem ocorre quando se atribui a um ser inanimado características de


um ser animado?
A) Personificação
B) Eufemismo
C) Sinestesia
D) Pleonasmo

O uso de palavras com som semelhante, mas com significados diferentes, é


característico de:
A) Metáfora
B) Antonomásia
C) Paranomásia
D) Prosopopeia

Associação de Termos:
Associe cada termo à sua definição correspondente.
Paradoxo
Antonomásia
Prosopopeia
Eufemismo
Definições:
Substituição de um nome próprio por um comum.
Atribuição de características humanas a seres inanimados.
Expressão que contém uma contradição aparente.
Suavização de uma expressão desagradável.

Verdadeiro ou Falso:
12. A sinestesia é uma figura de linguagem que associa sensações de diferentes sentidos.
O oxímoro é uma expressão que contém uma contradição aparente.
O pleonasmo é uma figura de linguagem que consiste na omissão de termos que
poderiam ser facilmente subentendidos.

Preenchimento de Lacunas:
15. A ___________ é uma figura de linguagem que consiste na substituição de um nome
próprio por um comum.
O ___________ ocorre quando há uma associação de sensações de diferentes sentidos.

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