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Uma Comédia-dramática (ou uma Tragédia- cómica) sobre a falta de psicólogos nas

escolas

Personagens:
1 Narrador
Roberto/a, a vítima
1 xuleta
Rebeca, a bestie
1 progenitor

Roberto entra no cenário escolar, meio perdido na sua solidão

Narrador: Era uma vez um jovem estudante chamado Roberto, que, assim como os
restantes que o rodeiam, é uma vítima da desvalorização da Escola Pública. Roberto é
muito tímido e não tem muitos amigos com quem contar.

Roberto (encontra o xuleta, dirige-se a ele, numa tentativa de fazer um amigo novo): Olá!
Sou o Roberto!

Xuleta: Quem?

Roberto: O Roberto :)

Xuleta: Nao bro, quem é que te perguntou (da-lhe um encontrão e sai a rir-se)

Roberto senta-se no chão com a cabeça entre as mãos, deprimido, Bestie entra
euforicamente em cena

Bestie: BEEEEESTIIIIIIIEEEEEE!! Tão mano, porque é que tas depressed?

Roberto (over dramatic): Porque nao tenho amigos……

Bestie : Obrigada pela parte que me toca, hein. Nada slay.

Roberto: Desculpa bestie, mas é que não sinto que mais ninguém queira saber de mim. Só
gostava de ter com quem falar.

Bestie: Percebo. Mas se precisas de falar com alguém, porque não tentar um psicólogo?
Ao menos esse não te deve dar ghost.

Roberto: Oh Rebeca, e com que dinheiro é que eu acarto os custos de um psicólogo? O


privado é só de alguns.

Bestie: Pois, mas sabes que eu ouvi por aí que as escolas públicas têm que ter pelo menos
1 psicólogo de serviço. Mas não sei se é um mito urbano.
Roberto: Agora que me lembras…. vou averiguar sobre isso com a minha mãe. Espero é
que seja mesmo verdade.

Bestie: Mega slay!!!! Vemo-nos amanhã, então.

Muda-se o cenário. Roberto vai para casa, onde encontra a mãe

Roberto: Boa noite, mãe

Mãe (cansada, provavelmente devido ao seu horário desregulado): Boa noite.

Roberto: Nem sabes o que aconteceu hoje na escola. Tentei apresentar-me a um gajo lá na
escola e-

Mãe: Quem?

Roberto: A um gajo, lá na esc-

Mãe: Não, filho. Quem te perguntou.

Roberto (a ter um meltdown): ESTOU FARTO DISTO TUDO!!!!!!!!!! NÃO ME BASTA TER
DE LIDAR COM UMA ESCOLA SEM CONDIÇÕES, SEM AMIGOS, VENHO PARA CASA E
É A MESMA COISA. E ainda por cima o jantar é peixe.

Mãe: Vê lá é se o jantar não passa a linguas de ressabiado. Se te queres queixar vai a um


psicólogo.

Narrador: Roberto, apesar de consumido pelo meltdown e do medo de levar com o chinelo,
vê aí a sua oportunidade para falar com a mãe sobre o psicólogo da escola.

Roberto: M-m-m-mãe…. sobre isso… estou a ponderar ir a um psicólogo. Acho que me


seria benéfico, não só pessoalmente, mas para o meu desempenho escolar, também.

Mãe: A não ser que esperes até o retorno de D. Sebastião duvido que sejas atendido assim
tão cedo pelo público. E pelo privado… sabes que não tenho esse dinheiro.

Roberto: Certo. Mas ouvi dizer que nas escolas públicas há no mínimo 1 psicólogo de
serviço. Isto incluiria a minha escola.

Mãe: É uma questão de tentares ir lá bater à porta a ver se ele está lá. E talvez tenhas
sorte, se o psicólogo não for o teu pai. De resto, sabes que da minha parte tens todo o
apoio, desde que continues com tempo para estudar, que não é com a tua avaliação
contínua que entras numa universidade certamente.

Roberto: É isso, mãe. Obrigada. E descansa, que com todo esse trabalho e horários
desregulados quem ficará a precisar de um psicólogo és tu.
Muda- se a cena, na escola, na manhã seguinte
Roberto entra em cena, super confiante e feliz
Seguindo as indicações do narrador

Narrador: Apesar dos problemas que o acompanham, Roberto acorda como um homem
novo e apresenta-se na escola com confiança, pois as expectativas do alívio que a
desejada consulta lhe trará são grandes. Após voltas por entre as paredes podres da sua
escola, e sem encontrar um funcionário que lhe pudesse indicar onde ficava o consultório,
os olhos de Roberto brilham ao finalmente encontrar o seu destino: uma porta de madeira
esfarelada com a palavra “psicólogo” estampada. Roberto, novamente alimentado pela
confiança, ergue a mão e bate à porta. (pausa) E bate. e volta a bater. mas a resposta é
sempre a mesma: silêncio. Confuso e retomado pela sua profunda tristeza, eventualmente
encontra a sua amiga

Bestie (eufórica, como sempre): BEEEEEEEEESSSSTIIIIIEEE!!! Como correu com o


psicólogo?

Roberto: Não correu. Bati com o nariz na porta. Acho que não há mais nada que possa
fazer. Só lidar.

Bestie: Eish Mega Rip, bro. Há alguma coisa que eu possa fazer para ajudar?

Roberto: Acho que por agora só me apetece comer ganda comidinha gostosa. Será que o
bar tem alguma coisa?

Bestie: Com a tua sorte eu espero é que tenha a porta aberta, lol. Mas vamos lá!

Narrador: Mas esta, cara audiência, é outra história que ficará para contar.

FIM

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