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Caderno de Geografia

ISSN: 0103-8427
cadernodegeografia@pucminas.br
Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais
Brasil

Benedetto de Carvalho, Regina Paula


Qualidade urbana /ambiental no território carioca: o caso do planejamento da Baixada de
Jacarepaguá, Rio de Janeiro
Caderno de Geografia, vol. 23, núm. 40, agosto-diciembre, 2013, pp. 67-88
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Belo Horizonte, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=333228746005

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ISSN 0103-8427 Caderno de Geografia, v.23, n.40, 2013

Qualidade urbana /ambiental no território carioca: o caso do planejamento da


Baixada de Jacarepaguá, Rio de Janeiro

Urban/ environmental quality planning in rio: the case of planning from the lowlands of Jaca-
repaguá, Rio de Janeiro

Regina Paula Benedetto de Carvalho


Doutoranda do curso de Pós Graduação em Geografia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, PPGEO/UERJ, Rio de Janeiro, Brasil
reginapaulabenedettodec@gmail.com

Artigo recebido para revisão em 15/03/2013 e aceito para publicação em 02/05/2013

RESUMO
Com o objetivo de subsidiar as atuais políticas públicas da cidade do Rio de Janeiro, a pesquisa fez
um levantamento cronológico dos planos de urbanização da Baixada de Jacarepaguá, zona oeste
municipal, a partir de 1960, caracterizando o não cumprimento de algumas diretrizes e seus desdo-
bramentos para o ambiente (natural e social). Verificou-se que ao longo do tempo várias diretrizes
foram negligenciadas pelo poder público em função da especulação imobiliária gerando problemas
como ocupações irregulares, adensamento populacional, carência de infraestrutura urbana e degra-
dação dos ecossistemas naturais.

Palavras-chave: Urbanização, baixada de Jacarepaguá, meio ambiente.

ABSTRACT
Aiming to support the current policies of the city of Rio de Janeiro, this survey made a chronologi-
cal survey of the land development plans of the urbanization’s lowlands of Jacarepaguá, the western
portion of the city, from 1960, featuring non-compliance with some guidelines and its environmen-
tal consequences (natural and social). It was verified that over time several guidelines may have
been neglected by the public power due to the speculation estate creating problems such as irregular
occupations, population density, lack of urban infrastructure and natural ecosystems degradation.

Keywords: Urbanization, lowland of Jacarepaguá, environment.

1. INTRODUÇÃO dústria, em meados do século XX. Com o au-


mento da produção industrial as cidades se tor-
Para facilitar sua fixação no ambiente o
naram mais atrativas e passaram a receber de
homem modifica a paisagem através da urbani-
forma acelerada grande contingente populacio-
zação: criando infraestruturas de consumo cole-
nal. Em poucas décadas o espaço geográfico
tivo e bens de serviço que amparam e qualifi-
nacional foi rapidamente transformado (CA-
cam a ocupação humana (PIMENTA, 2009),
MARGO, 2009).
reordenando o espaço geográfico.
Um problema recorrente da urbanização
No Brasil, o processo de urbanização te-
é o crescimento desordenado que acontece
ve seu “boom” com o desenvolvimento da in-
quando o desenvolvimento de infraestruturas

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urbanas não evolui junto com o crescimento da sustentabilidade (HOGAN; JUNIOR, 2005). De
população. Este, por muitas vezes, é a causa acordo com Santos (2004), “planejar é estar as
primaria de uma série de situações negativas serviço de interesses públicos por meio de um
como a falta de saneamento, transportes, segu- ordenamento das atividades humanas”. Nesse
rança e serviços, que junto aos conflitos sociais sentido o planejamento da ocupação e uso dos
geram a degradação dos ambientes naturais. solos é o principal instrumento de apoio à mi-
No meio urbano os ambientes naturais nimização dos problemas decorrentes do cres-
fazem parte de um sistema estruturado em inte- cimento urbano desordenado.
rações complexas entre processos físicos e soci- Em favor da urbanização a cidade do Rio
ais, sendo estes os que mais rapidamente são de Janeiro sempre avançou pelos vales, planí-
capazes de modificar o funcionamento do sis- cies, mangues, colinas, brejos e até fazendo re-
tema. Isso se mostra em vários exemplos histó- cuar a linha do mar (AMADOR, 1997). E com o
ricos de cidades brasileiras que ao promover a processo de apropriação dos espaços municipais
ocupação de seus territórios por muitas vezes emergiram conflitos de uso dos solos que leva-
acabaram comprometendo a qualidade e manu- ram a irregularidades fundiárias e de degradação
tenção dos ecossistemas através de atividades ambiental. No decorrer histórico dos problemas
como desmatamento, impermeabilizações, ater- oriundos dessa ocupação a cidade lançou mão
ros, desmonte, obras de drenagem, despejo de de políticas de urbanização como a Reforma
efluentes de origem antrópica em mananciais e Passos, Plano Agache e Plano Doxiadis, mas os
etc. A ausência de controle sobre esses e outros problemas se perpetuaram na medida em que o
impactos ambientais geram a degradação do município se expandia.
meio natural e a perda de qualidade de vida da Projetos de urbanização para Baixada de
população urbana. Jacarepaguá passaram a ser elaborados a partir
Por isso, o século XXI urge por mudan- de 1960, quando diante do crescimento popula-
ças das ações humanas nas cidades em especial, cional da cidade, o poder público passou a in-
exatamente porque no caso do Brasil 84% da centivar o avanço da ocupação urbana pra a zo-
população se concentram nas cidades (INSTI- na oeste.
TUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ES- Porem, ao estudar o processo de urbani-
TATÍSTICA, 2010). Para isso, somente através zação da Baixada de Jacarepaguá e confronta-
de políticas públicas e articulações entre diver- las com a realidade observa-se que várias de
sos seguimentos da sociedade é que será possí- suas diretrizes não foram respeitadas: a implan-
vel sanar as dificuldades encontradas pelo ho- tação de infraestrutura urbana não acompanhou
mem contemporâneo, tais como lidar com as o crescimento populacional local gerando con-
demandas do crescimento e revitalização ambi- flitos sobre as formas de ocupação e uso da terra
ental do meio urbano, visando a tão esperada

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e de degradação ambiental. Segundo Carvalho pio do Rio de Janeiro, entre os maciços costei-
(2013, p. 19): ros da Tijuca e Pedra Branca, e limita-se ao sul
pelo Oceano Atlântico (MARQUES, 1984;
Mais recentemente, os terrenos no entorno WEBER, 2001).
das lagoas de Jacarepaguá tem ganhando
mais visibilidade, pois além de possuir loca- A região possui especificidades físicas e
lização privilegiada (próximo ao mar), con- biológicas por ser ambiente de transição entre o
centram boa parte dos espaços vazios do
município, disponíveis para abrigar parte ecossistema marinho e terrestre, sendo caracte-
dos equipamentos previstos para os eventos
esportivos mundiais, os quais a cidade do rizada geomorfologicamente como uma planície
Rio de Janeiro sediará: a Copa do Mundo costeira com a predominância de terrenos sedi-
(2014) e as Olimpíadas (2016). Com isso,
caso não haja uma intervenção política para mentares e alagadiços onde se localiza o com-
ordenar e gerenciar a ocupação e uso dos so-
plexo lagunar de Jacarepaguá formado pelas
los, os problemas oriundos da degradação do
ambiente lagunar vão se agravar e poderão lagoas de Jacarepaguá, Camorim, Tijuca, Mara-
repercutir na população local (CARVALHO,
2013, p. 19). pendi e Lagoinha.
A Baixada de Jacarepaguá agrega muitas áreas
Verifica-se, portanto a emergência de se
de preservação e possui remanescentes de res-
reordenar as formas de ocupação e uso dos solos
tinga, mangue e floresta ombrófila densa nas
da Baixada de Jacarepaguá, agora não só mais
cotas mais elevadas que integram o patrimônio
por ser este um dever político para com a popu-
paisagístico da cidade do Rio de Janeiro (BA-
lação, mas também devido à tendência de ex-
HIANA, 2007; MARQUES, 1984).
pansão dos investimentos econômicos privados
Além do complexo lagunar a Baixada de
(nacionais e internacionais) voltados para o mu-
Jacarepaguá também é bastante vascularizada
nicípio do Rio de Janeiro, em especial para essa
por rios e canais. A maior parte das águas que
área da cidade.
descem a vertente sul das cadeias montanhosas
Assim, objetivo do trabalho é estudar o
acaba sendo direcionadas para as lagoas; porem,
processo de urbanização local a partir de 1960 e
em determinados locais, as escarpas dos respec-
seu desdobramento nas condições ambientais da
tivos maciços alcançam a linha costeira e as
Baixada de Jacarepaguá em especial no conjun-
águas escorrem direto para o mar (MARQUES,
to lagunar local, no intuito de contribuir para o
1984). A característica de formação dos ambien-
melhor entendimento das relações existentes
tes lênticos da Baixada faz com que a renovação
entre as formas de ocupação e a degradação de
das águas seja insuficiente, o que aumenta a
ambientes naturais inseridos no espaço urbano.
suscetibilidade dos mesmos a impactos negati-
vos. Por estar localizado numa área deprimida, o
2. ÁREA DE ESTUDO
complexo lagunar de Jacarepaguá recebe natu-
A Baixada de Jacarepaguá é uma planí- ralmente fluxos de água e sedimentos origina-
cie costeira localizada na zona oeste do municí- dos em toda a área abrangida pela bacia de dre-

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nagem. Mais recentemente, com o crescimento Baixada de Jacarepaguá equivale a Área de Pla-
desordenado da ocupação urbana, vem sendo nejamento - IV (AP-IV) e abrange as Regiões
acrescidos poluentes de origem antrópica aos Administrativas de Jacarepaguá, Barra da Tijuca
fluxos de água e sedimentos em direção ás lago- e Cidade de Deus, que equivalem aos bairros:
as e suas margens. Esses efluentes, após percor- Cidade de Deus, Anil, Gardênia Azul, Curicica,
rerem vastas áreas da bacia hidrográfica da Bai- Freguesia, Taquara, Pechincha, Jacarepaguá,
xada de Jacarepaguá, acabam sendo despejados Praça Seca, Tanque, Joá, Barra da Tijuca, Ca-
in natura nos ecossistemas lagunares configu- morim, Itanhangá, Vila Valqueire, Vargem Pe-
rando um quadro de insalubridade e degradação quena, Vargem Grande, Grumari e Recreio dos
ambiental. Bandeirantes (IPP, 2013).
De acordo com a divisão político-
administrativa da cidade do Rio de Janeiro, a

Estado do
Rio de Janeiro

Município do Rio de Janeiro

Baixada de Jacarepaguá

Maciço da
Pedra Branca Maciço da
Tijuca

Oceano Atlântico

Figura 1- Localização da Baixada de Jacarepaguá no município do Rio de Janeiro. Imagem ortorretificada. Fonte: Alte-
rado do Google Earth (2013).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS tores rurais, e possuía apenas pequenos aglome-


rados localizados ao longo do litoral da Barra da
A abordagem adotada parte de um estu-
Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, e próximo aos
do cronológico dos planos de urbanização, fatos
maciços da Tijuca e Pedra Brancas onde os ter-
e eventos registrados na Baixada de Jacarepaguá
renos eram um pouco mais elevados e menos
a partir do final de 1950, quando a área começa
encharcados. As áreas mais centrais da Baixada,
a deixa de ser considerada zona agrícola e é
onde predominavam os terrenos embrejados
incorporada a malha urbana da cidade do Rio de
com topografias inferiores a três metros eram de
Janeiro, efetuando mudanças significativas na
difícil ocupação devido a permanente saturação
organização daquele espaço.
de água e insuficiência de drenagem. Nesse tipo
Para isso a pesquisa se baseou em levan-
de terreno até as atividades agrícolas e pastoris
tamentos de dados e bibliografias referentes à
encontravam dificuldades de se desenvolver
área de estudo. As informações procedem de
(RONCARATI E NEVES, 1976), e isso tam-
artigos de periódicos, relatórios técnicos, repor-
bém afastou por algum tempo a especulação
tagens e dados de instituições públicas disponí-
imobiliária das áreas mais próximas aos rios e
veis em sites de pesquisa como o Instituto Perei-
lagoas. Apenas ocupações de baixa renda, mui-
ra Passos (IPP), Instituto Estadual do Ambiente
tas irregulares, se constituíram nesses locais,
(INEA), Secretaria Municipal de Meio Ambien-
como as comunidades Vila Autódromo (1962)
te (SMMAC), Secretaria Municipal de Urba-
na margem oeste da lagoa de Jacarepaguá, e
nismo (SMU) e bibliotecas da Universidade
Cidade de Deus (1969) nas margens do Rio Ar-
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade
roio Fundo no centro da Baixada (CARVA-
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Pontifícia
LHO, 2013; FÓRUM ESTADUAL DE LUTA
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-
PELA REFORMA AGRÁRIA, 2006).
RJ) e Universidade Federal Fluminense (UFF).
Nessa época a Baixada de Jacarepaguá
Dessa forma, o presente trabalho analisa o en-
em, sua porção norte, era considerada uma zona
cadeamento dos fatos históricos do meio físico e
periférica da cidade do Rio de Janeiro, com re-
social para retratar o estado atual das condições
sidências de baixo poder aquisitivo e antigas
ambientais da Baixada de Jacarepaguá em espe-
zonas industriais. Já a porção sul, onde se loca-
cial do complexo lagunar.
lizava a Barra da Tijuca e Recreio dos Bandei-
rantes, ainda era pouco habitada devido ao seu
4. URBANIZAÇÃO E TRANSFORMA-
difícil acesso (ABREU, 1997).
ÇÕES AMBIENTAIS NA BAIXADA DE
JACAREPAGUÁ PÓS 1960 Em 1969 a iniciativa governamental do
Rio de Janeiro instaurou o Projeto de Lúcio
Até o início dos anos 60 a Baixada era
Costa, plano piloto para a urbanização da Bai-
ocupada principalmente por pescadores e produ-
xada de Jacarepaguá que nesse momento já era

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reconhecida como o novo vetor de crescimento construção da Avenida Alvorada (atual Ayrton
da cidade. O Projeto trazia diretrizes para o zo- Sena) e Avenida das Américas incentivou a
neamento adequado de ocupação e uso dos solos ocupação da Barra da Tijuca a partir da zona
na Barra da Tijuca, Jacarepaguá e o Pontal de sul. Também durante esse período muitos terre-
Sernambetiba através da instalação de infraes- nos da Baixada começaram a apresentar pro-
truturas modernas alinhadas às características e blemas quanto ao uso e direito de posse da terra,
condições ambientais do lugar (COSTA, 1969). em especial na Barra da Tijuca e adjacências.
Apesar de pouco intervir na área norte da Tal questão teve origem principalmente nos
Baixada, onde alguns núcleos urbanos já se en- anos 50 quando o parcelamento dos terrenos
contravam consolidado, o Plano Lúcio Costa permitiu que houvesse uma estocagem de terras
transformou rapidamente a área sul, especial- principalmente por parte de construtores civis e
mente a Barra da Tijuca. Suas características promotores imobiliários, que visavam o mono-
principais foram à criação de zonas de uso como pólio e oligopsônio dos preços da terra a partir
núcleos residências, polos comerciais e de ser- da tendência de crescimento urbano da zona
viços, e áreas de preservação do complexo la- oeste (FRIDMAN, 1999).
gunar e seus ecossistemas circundantes constitu- Em 1974 foi criada a Superintendência
ídos por restingas e mangues. A preocupação de Desenvolvimento da Barra da Tijuca (SU-
em manter a qualidade dos ambientes naturais DEBAR) com o objetivo de avaliar e acompa-
fez com que o projeto destinasse apenas 1/3 das nhar o desenvolvimento do Plano Lúcio Costa.
áreas a edificações, visando evitar o adensamen- Por fim, várias diretrizes que garantiam a pre-
to populacional e construções aglutinadas con- servação do ambiente não haviam sido seguidas,
forme ocorrera com a ocupação do bairro Copa- como foi o caso da faixa litorânea, que deveria
cabana, onde apenas 2/3 do espaço teria sido ter sido conservada, salvo restritas exceções que
destinado ao turismo e paisagismo (LEITÃO; fossem de interesse especial para interesse pú-
REZENDE, 2004). Sobre as áreas drenadas e blico (COSTA, 1969). Ao invés disso o lugar
marginais ao complexo lagunar, Costa (1969, p. foi praticamente todo ocupado por empreendi-
12) afirma que: mentos residenciais e grandes grupos hoteleiro
como exemplos: Sheraton e Blue Tree (LEI-
(...) importa encontrar os meios de torna-las TÃO E REZENDE). Em 1972, pesquisas sobre
acessíveis à vista e ao recreio graças à aber-
tura de caminhos carroçáveis e discretos, ora a qualidade da água do complexo lagunar de
afastados, para manter a orla da lagoa natu- Jacarepaguá provaram que nessa época já havia
ral, ora beirando-lhes as margens (COSTA,
1969, p. 12). indícios de eutrofização artificial, causadas pelo

Na década de 1970 inaugurou-se o Pólo enriquecimento do ambiente aquático por maté-

Industrial de Jacarepaguá, o que levou diversas ria orgânica de origem antrópica (SEMEARO E

empresas para a Baixada. Concomitantemente, a COSTA, 1972).

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Já em 1977 a cidade do Rio de Janeiro lotes urbanizados e construção de habitações


para a população de baixa renda (RIO DE
implanta o Plano Urbanístico Básico (PUB-Rio) JANEIRO, 1993, p.39 – 40).
que dividiu a cidade em Áreas de Planejamento,
incorporando toda a Baixada de Jacarepaguá na Mesmo diante de tais diretrizes, a AP

Área de Planejamento IV. O PUB-Rio trouxe a IV continuou crescendo de forma desordenada.

tona problemas sócioespaciais como o adensa- De acordo com Zee (2002) até 1992 a Baixada

mento de “80% dos habitantes da Cidade em já possui 106 favelas: 51 em beiras de rios, 9

apenas 20% do território” (RIO DE JANEIRO, nas margens das lagoas, e 25 nas encostas dos

1977, p.5). Na Baixada de Jacarepaguá apenas maciços da Pedra Branca e Tijuca. Essas ocupa-

9,1% do seu território (de 160 km²) tinham sido ções se proliferaram na região durante toda a

urbanizadas, mas já abrigavam 5,6% da popula- década de 90 em decorrência de invasões de

ção municipal (RIO DE JANEIRO, 1977). Esta terrenos, em especial nas áreas próximas as co-

sofria com a carência infraestruturas como munidades Guerenguê, Rio das Pedras, Cidade
transporte público e saneamento. Estes e outros de Deus, Riocentro e Itanhangá (ZEE, 2002).

impactos começaram a se refletir de forma ne- A favelização da Baixada de Jacarepa-

gativa no ambiente (CARVALHO, 2013) acele- guá também foram relatadas no Plano Estratégi-

rando processos de degradação. co em 1996 - Rio Sempre Rio, moldado e incen-

Em 1993, com o Plano Diretor Decenal tivado pelo setor privado. E mesmo assim, mui-

muitas das propostas do PUB-Rio para a Baixa- tas das ações de intervenção previstas acabaram

da de Jacarepaguá foram retomadas e atualiza- se resumindo em obras de fachada e pontuais.

das, dentre elas: Ao contrário do plano diretor Decenal de 1993,


pautado em diretrizes tradicional e programas
(...) a elaboração e execução de macroplano urbanísticos de longo prazo, o novo Plano Estra-
de drenagem e aterros para toda a baixada; tégico de 1996 tinha como prioridade consolidar
revisão dos critérios de ocupação da Baixa-
da, incluindo o Centro Metropolitano, consi- o empreendedorismo na metrópole (SOARES,
deradas as características geológicas; (...) es-
tímulo à implantação de transporte sobre tri- 2009), priorizando a atração do capital estran-
lhos de alta capacidade para promover a in- geiro para a cidade, e investindo na construção
tegração dos bairros da Baixada de Jacare-
paguá com os bairros de Madureira e Penha, de uma imagem do Rio de Janeiro para o mundo
com Água Santa e Encantado, com a Ilha do
Governador e com a zona oeste; (...) elabo- (VELASQUES, 2004). A preocupação com o
ração de planos de recuperação e preserva- embelezamento dos espaços públicos e constru-
ção do sistema lagunar; (...) contenção no
processo de ocupação desordenada na Bai- ção de equipamentos para atender as demandas
xada, especialmente nas áreas lindeiras às
do empresariado foi predominante em detrimen-
Lagoas, aos canais e aos cursos d’água; (...)
inserção das favelas no planejamento da ci- tos dos investimentos em setores que viabiliza-
dade e manutenção de sistemas e medidas de
caráter permanente para inibir a ocupação riam o bem-estar social. De acordo com Lessa
desordenada em áreas públicas, na Baixada, (2000, p. 369)
mediante criação de programas de oferta de

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por força do Decreto Estadual 553/76, mas só


(...) a edificação na Barra é sincrônica com a representavam 15% do total da população da
multiplicação de favelas: dos 4600 favelados
em 1980, em 1997 já seriam 17 mil em 31 Baixada. Enquanto isso os outros 85% da popu-
favelas cadastradas (LESSA, 2000, p. 369). lação continuavam lançando esgotos sem trata-
Assim, com a favelização o que ocorreu mento nos rios, canais e nas lagoas (ZEE, 2002).
foi o aumento dos conflitos sociais comprome- Em 1998 a Área de Planejamento IV é
tendo o desenvolvimento econômico almejado subdividida nas regiões administrativas da Barra
pelo município (SOARES, 2009). da Tijuca, Jacarepaguá e Cidade de Deus. E em
Com a construção da Linha Amarela 2001, com o desdobramento Plano Estratégico
(1997), o impacto deste eixo viário reacendeu o em Plano Estratégico II - As Cidades das Cida-
setor imobiliário e causou novas transformações des - foram criadas para essas regiões alternati-
na organização do espaço urbano carioca: o vas e propostas urbanísticas funcionais, guiadas
bairro Taquara foi palco de uma intensa explo- por suas “vocações”. Assim, o objetivo princi-
são imobiliária além da criação de três novos pal da RA Barra da Tijuca era “ser um polo de
centros comerciais regionais. A maior acessibi- negócios focado no turismo, lazer e serviços
lidade em direção ao Autódromo e ao Rio Cen- além de modelo na preservação ambiental”
tro também impulsionou a especulação imobili- (RIO DE JANEIRO, 2004, p. 63). Já a RA Jaca-
ária com a construção de condôminos luxuosos repaguá foi destinada a “ser o grande centro de
(BAHIANA, 2007; PEREIRA, 2000). Esses eventos nacionais e internacionais, tendo como
passaram a constituir um novo padrão de ocupa- foco de desenvolvimento econômico o ecotu-
ção na AP-IV e podem ser exemplificados pelo rismo e a indústria de alta tecnologia, garantin-
Condomínio Rio2 construído em meados da do a tradição histórico-geográfica” (RIO DE
década de 90 na porção norte da lagoa de Jaca- JANEIRO, 2004, p. 143). Nesse projeto a RA
repaguá com o objetivo de ser um condomínio Cidade Deus foi enquadrada como bairro da RA
de alto luxo, capaz de prover aos seus morado- Jacarepaguá e não apresentou objetivos direta-
res vários tipos de serviços e lazer (comércios, mente aplicados ao seu território de abrangên-
cursos e colégios). Apesar do luxo que esse tipo cia.
de ocupação residencial trouxe para o local, os Assim como os planos anteriores, o Pla-
problemas quanto à precariedade de infraestru- no Estratégico II também apresentou diretrizes
turas sanitárias continuaram ocorrendo na Bai- para solucionar a questão do saneamento básico
xada de Jacarepaguá, tanto para a residências de da Baixada de Jacarepaguá e programas de re-
baixa renda quanto para de alto luxo. Nessa cuperação ambiental dos corpos d’água perten-
época apenas as ocupações dos bairros Barra da centes a sua bacia hidrográfica: foi criado o
Tijuca e Recreio dos Bandeirantes eram obriga- Conselho das Águas (CONSAG) visando à pre-
das a instalar estações de tratamento de esgoto servação dos mananciais e nascentes, a implan-

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tação de obras de macrodrenagem da bacia de Cidade tinham sido convertidas para áreas urba-
Jacarepaguá, a revitalização do complexo lagu- nas sendo que parte representativa dessas áreas
nar, e o reassentamento de famílias que ocupa- transformadas (26,57 km²) estava situadas na
vam áreas irregulares como as áreas marginais Baixada de Jacarepaguá (RIO DE JANEIRO,
dos rios e lagunas (RIO DE JANEIRO, 2004). 2005). Verifica-se com isso que incentivos a
Ainda sim, mesmo com tais diretrizes após três edificações e construções privadas não faltaram,
anos de publicação do Projeto, o Governo do ao contrário da realidade sobre os programas de
Estado do Rio de Janeiro menciona no relatório saneamento.
técnico que “cerca de 700 mil habitantes de 20 Costa e Sirkis (IPLANRIO, 2004), du-
bairros da bacia hidrográfica da Barra da Tijuca, rante o Seminário sobre as condições urbanísti-
Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá contri- cas das áreas selecionadas para os Jogos Olím-
buíram com cerca de 40 mil Kg/DBO/dia de picos, relataram que as obras relativas ao sane-
esgotos” para as lagoas, comprometendo os amento e recuperação da bacia de Jacarepaguá
ecossistemas naturais da região (WEBER, 2001, já estavam atrasadas com relação ao planeja-
p. 95). Ou seja, a urbanização da Baixada conti- mento proposto. Mesmo com o alerta, a Estação
nuou avançando sem solucionar a questão da de Tratamento de Esgoto do Arroio Fundo não
poluição dos rios e ecossistemas lagunares por conseguiu ser inaugurada a tempo da realização
efluentes domésticos. dos Jogos Pan Americanos, e só ficou pronta em
Apesar de comprovar o atraso das pro- 2010 (CARVALHO, 2013).
postas pelos Planos Municipais, o relatório enfa- Além de atrasos no programa de sanea-
tizou que o Governo do Estado iria reverter às mento, também foi preciso criar medidas palia-
condições sanitárias do local através da instala- tivas para outros problemas como à questão da
ção de 286 km de redes coletoras, estações de favelização e ocupações irregulares. Medidas
tratamento e um emissário submarino de 5 km para desapropriação devido a irregularidades de
(WEBER, 2001). uso e direito de posse da terra passaram a ser
Em 2002 essas e outras propostas gover- recorrentes na Baixara de Jacarepaguá. O caso
namentais ganhariam ainda mais incentivos po- da Comunidade Vila autódromo se destaca por
líticos, principalmente porque neste ano houve a seu histórico de apropriação dos terrenos no
confirmação de que o Rio de Janeiro sediaria os entorno da lagoa de Jacarepaguá: até 1998 a
jogos Pan Americanos de 2007. Entre 2001 e Comunidade tinha a aval de concessão de uso
2002, 52% dos alvarás de construção na cidade dos solos liberada pelo Estado conforme o Diá-
foram liberados para a AP –IV e em 2003 esse rio Oficial de 31/12/1998. Mas a partir de 2004,
valor cresceu para 62% (LEITÃO E REZENDE, os terrenos ocupados pela Comunidade passa-
2004). Com isso, dados da Prefeitura mostraram ram a ser enquadrados como “Áreas de Especial
que de 1984 a 2001, 14,9% das áreas naturais da Interesse Social” segundo o Projeto 75 –A/2004

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(FÓRUM ESTADUAL DE LUTA PELA RE- gadiços na Baixada de Jacarepaguá se deu com
FORMA AGRÁRIA, 2006). as áreas adquiridas pelo Governo Federal para a
Além da desapropriação de ocupações construção da CBF – Confederação Brasileira
informais, após o “legado” do Pan Americano de Futebol, na margem sul da lagoa de Jacare-
também traria problemas relacionados irregula- paguá: a área tinha problemas históricos de irre-
ridade das suas edificações: a Vila do Pan, loca- gularidades sobre a posse da terra e por muito
lizada entre as lagoas de Jacarepaguá, Camorim pouco a Federação não perdeu a titularidade
e Tijuca, foi projetada para receber os atletas sobre a mesma. De acordo com a advogada Eli-
dos jogos olímpicos de 2007 e em seguida os ana da Gomes da Rocha (MACIEL, 2010)...
apartamentos foram colocados à venda. Porem,
a menos de quatro anos de apropriação, morado- O BCM e seus sucessores são notórios gri-
leiros de áreas na Barra da Tijuca e adjacên-
res apontaram que a estrutura já apresentava cias há décadas e foram a eles que, estra-
problemas na fundação e poderia afundar. Se- nhamente, devem ter sido entregues estas
áreas, entre elas, a que foi adquirida pela
gundo Magalhães (2011): CBF, que é passível de nulidade por fraude
na negociação... O terreno faz parte de uma
área maior que foi fracionada e desapropria-
(...) as empreiteiras contratadas pelo municí- da a partir de um decreto datado de 1960
pio não concluíram a base de sustentação da (MACIEL, 2010).
Vila do Pan como ela havia sido planejada.
Como o terreno é pantanoso, as estacas de
sustentação deveriam ser bem mais profun-
Mais tarde, em abril de 2012 o presidente
das (MAGALHÂES, 2011). da CBF, José Maria Marin, disse que além dos
problemas de legalização fundiária (que já estavam
A ocorrência desse tipo de situação não é
sendo solucionados) a geologia e os solos dos ter-
um caso isolado na Baixada, pois as áreas pró-
renos apresentam condições ruins para a edifica-
ximas às lagoas são constituídas por terrenos
ção. Em entrevista ao jornal Oglobo o presidente
alagadiços de turfa e/ou mangue, além dos ter-
afirmou que sabe...
renos arenosos. Os terrenos embrejados podem
sofrer rebaixamentos na medida em que o peso
(...) que existe um problema no subsolo muito
das edificações em sua superfície força sua sério e que nós íamos gastar uma verdadeira
fortuna. Não é com referência à construção,
compactação. Por isso, devem-se evitar constru- não, mas sim para ter um solo adequado para
ções de grande porte nesses terrenos, ou senão uma construção (PROBLEMAS..., 2012).

devem-se despender investimentos significati- Veja com isso que a urbanização da Bai-
vos em regularização, diagnósticos e obras geo- xada de Jacarepaguá, desde seu histórico até os
técnicas. dias atuais, está intimamente relacionada com a
Outro caso emblemático que engloba configuração do seu meio físico-natural. Por
tanto a questão de regularização fundiária quan- mais que as atividades humanas reconfigurem
to de dificuldade quanto ao uso de terrenos ala- esse espaço para sua ocupação e uso, vai haver

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respostas desse meio no ambiente, qualificando paguá e Cidade de Deus) e condicionada (Regi-
ou desqualificando o meio urbano, de acordo ão Administrativa da Barra da Tijuca). Na ma-
com o planejamento e gerenciamento desse es- crozona de ocupação incentivada estão sendo
paço. priorizadas ações voltadas a melhorias das con-
Mesmo com todo um histórico de pro- dições da ocupação e mobilidade; criação de
blemas encontrados na execução das políticas áreas verdes, culturais e de lazer; requalificação
urbanas, é inegável que a Área de Planejamento urbana e ambiental de áreas degradadas; e a
IV vem recebendo grande atenção do governo. revisão da legislação das formas de ocupação e
Isso devido a sua localização privilegiada de uso dos solos. Na macrozona de ocupação con-
proximidade com o mar (estratégica para ren- dicionada as ações que estão sendo priorizadas
dimentos com o turismo e lazer) e por seu terri- se relacionam com as da ocupação incentiva
tório abranger as últimas áreas propícias à ex- porem com mais cautela, pois as áreas já estão
pansão urbana municipal. adensadas, destacam-se: melhoria do ambiente
Se em 1960 apenas 5,04% da população urbano e das condições de mobilidade; promo-
carioca residiam na Baixada de Jacarepaguá, em ção da proteção e revitalização do meio ambien-
2010 esse percentual avançou para 14,43%, te; e incentivo de atividades turísticas, culturais
sendo atualmente a Área de Planejamento com o e de lazer (RIO DE JANEIRO, 2011).
maior índice de crescimento municipal (IPP, Além do Plano Diretor a prefeitura apre-
2013). sentou o terceiro Plano Estratégico da Cidade
Com a preocupação de readequar as po- para os anos de 2009 a 2012 com ações prioritá-
líticas públicas às novas necessidades e tendên- rias para o município (RIO DE JANEIRO,
cias urbanas do território carioca, em 2011 foi 2009). A grande quantidade de programas e
feita a atualização do Plano Diretor da Cidade obras assumidos pela Prefeitura tem como mo-
do Rio de Janeiro. Este, representado pela Lei tivação os altos investimentos nacionais e inter-
Complementar nº 111, de 1º de fevereiro de nacionais direcionados para a cidade para sua
2011 dispõem sobre a política urbana e ambien- preparação em vista dos eventos da Copa do
tal do município do Rio de Janeiro e tem o obje- Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
tivo de criar instrumentos políticos para o plane- Boa parte dos equipamentos olímpicos está sen-
jamento municipal, orientando agentes públicos do construídos nas Regiões Administrativas da
e privados no direcionamento de recursos orça- Barra da Tijuca e Jacarepaguá.
mentários e investimentos (RIO DE JANEIRO, As ações do Plano Estratégico (RIO DE
2011). JANEIRO, 2009) fazem parte de uma proposta
Pelo Plano Diretor, a Baixada de Jacare- de legados Pós 2016 (RIO DE JANEIRO,
paguá é composta por macrozonas de ocupação 2011a) que traça metas ambiciosas para a cidade
incentivada (Região Administrativa de Jacare- do Rio de Janeiro, vislumbradas daqui a algu-

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mas décadas como: ser a capital do sudeste com no Recreio e 60% em Jacarepaguá ainda não
o maior crescimento de IDH (Índice de Desen- têm ligações para o tratamento de esgoto. Ou
volvimento Humano) e com a maior redução seja, os efluentes domésticos continuam sendo
das desigualdades; ser referência nacional em conduzidos in natura para os rios e para as lago-
sustentabilidade e referência nacional em gestão as de Jacarepaguá (BOERE, 2012).
pública (RIO DE JANEIRO, 2011a). No que Juliano que mora e trabalha no bairro
tange a questão da sustentabilidade ambiental Curicica há 36 anos afirmou que a continuidade
para a área de Planejamento IV (Baixada de de lançamento de esgoto nas lagoas de Jacare-
Jacarepaguá), o Plano prevê várias ações (RIO paguá fará delas um pinicão (CARVALHO,
DE JANEIRO, 2011a), dentre elas: 2013, p.124). Já Eliana, coordenadora do Parque
Bosque da Barra defende que “sem a restaura-
a) Reabilitação ambiental da Baixada de Jaca- ção das lagoas não se conseguirá manter a di-
repaguá através de programas de recupera-
nâmica das águas da Baixada” (CARVALHO,
ção e proteção do sistema lagunar da bacia
de Jacarepaguá até o final desta década. 2013, p.124). Ou seja, os fluxos de água do sis-
tema físico ambiental da Baixada de Jacarepa-
b) Reassentamento de famílias em situação de
risco ambiental em faixas marginais de pro- guá poderão ser alterados devido à maior pres-
teção de corpos hídricos.
são de sedimentos e matéria orgânica que são
c) Estabilização da barra do canal de Sernam- carreados para os ambientes reguladores: as
betiba através de melhorias de circulação
lagoas.
hídrica dos canais da bacia de drenagem de
Jacarepaguá. Outra importante entrevista foi feita com
o Professor David Zee que afirmou que em
d) Dragagem do sistema lagunar de Jacarepa-
guá visando o desassoreamento entre a la- menos de vinte anos o complexo lagunar de
goa de Jacarepaguá e o canal de Joatinga.
Jacarepaguá já perdeu 60% do seu espelho
e) Implantação do sistema de saneamento, d’água devido ao aumento do volume de
através de redes de coleta, transporte e tra-
sedimentos e materia orgânica carreados para as
tamento do esgoto até o emissário submari-
no da Barra da Tijuca melhorando a quali- lagoas (BOERE, 2012). Segundo o Professor,
dade das águas do sistema lagunar de Jaca-
além dos despejos de esgoto originado em toda
repaguá.
a área de sua bacia de drenagem, a ocupação
f) Limpeza do espelho d’água dos rios, lagoas
desordenada das áreas marginais aos cursos
e áreas marginais através de embarcações e
mão de obra que coletaram os resíduos só- d’água também tem levado a deteriorização e
lidos acumulados.
expressivo assoreamento lagunar pois
Apesar disso, o secretário estadual do intensificam os despejos diretos e in natura para
ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, em o ambiente. Esse fato foi comprovado por
entrevista ao jornal Oglobo (BOERE, 2012), Carvalho (2013) através da visualização de um
afirmou que 15% das residências na Barra, 25% canal de esgoto a céu aberto na margem sul da

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lagoa de Jacarepaguá, no mesmo terreno onde De acordo com Wagner Victer, presiden-
está sendo construido o condomínio de luxo te da CEDAE (Companhia Estadual de Águas e
“Alpha Ville” (CARVLHO, 2013). Vide figura Esgotos), através do emissário retira-se atual-
2. mente uma carga de esgoto de 1800 litros por
Situações como esta são comuns na Bai- segundo, “praticamente um Maracanãzinho cheio
xada, mas reconhece-se que antes da inaugura- de coco por dia”, afirma Victer (CARNEIRO,
ção do emissário submarino, em 2007, a quanti- 2012). De acordo com o secretário estadual do
dade de esgoto que era depositado nas lagoas Ambiente, Carlos Minc, até 2015 as obras de
era muito maior (CARNEIRO, 2012). saneamento para a região da Baixada de Jacare-
paguá já deverão ter sido concluídas
(PRAIAS..., 2012). Mas até lá muito ainda pre-
cisará ser feito: segundo os índices de coliforme
fecais, oxigênio dissolvido, fósforo total e nitro-
gênio amoniacal, levantados pelo Instituto Esta-
dual do Ambiente - INEA, até novembro de
2012 a situação da qualidade da água dos rios e
lagoas de Jacarepaguá na maior parte do tempo
é de ruim a péssima, com altos índices de polui-
ção orgânica de origem antrópica. Vide figura 3.
Figura 2 - Canal de esgoto na margem sul da lagoa de
Jacarepaguá nos terrenos do condominio Alpha Ville,
local onde o canal de esgoto se conecta a lagoa de
Jacarepaguá. Fonte: CARVALHO, 2011.

Figura 3 – Qualidade da água dos rios e lagoas da Baixada de Jacarepaguá segundo dados levantados pelo INEA. Fon-
te: O Poluído..., 2012.

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Em vista dessa situação, até final de entre 1,5m e 3,5 m., e vai ampliar a área do
2012 quatro cursos d’água da Baixada, que dre- Quebra-Mar em 190 m (PRAIAS..., 2012). A
nam para a lagoa da Tijuca, já haviam sido ca- maior parte do material dragado servirá para
nalizados (córrego da Panela e os rios Itanhan- compor uma nova ilha na lagoa da Tijuca (pró-
gá, Papagaio e São Francisco) melhorando o ximo a Península) com cerca de 450.000 m².
escoamento das águas em direção as lagoas. Esta é mais uma mudança direta na configura-
Tais obras fazem parte do projeto de macrodre- ção do ambiente natural que caso não seja bem
nagem da bacia hidrográfica da Baixada de Ja- planejada poderá trazer problemas como acele-
carepaguá. O objetivo é aumentar a capacidade ração do assoreamento das lagoas e aumento da
dos rios de receber as águas pluviais, em especi- poluição, por exemplo.
al nas épocas de verão quando ocorrem enxur- Destacam-se também a construção de
radas e alagamentos (RIO DE JANEIRO, 2012). três importantes corredores de circulação: Tran-
Além disso, as obras de macrodrenagem con- solímpica, Transoeste e Transcarioca. Todas
templam ainda a criação de mais quatro estações elas vão passar pela Baixada de Jacarepaguá,
de tratamento de esgoto no entorno do comple- facilitando o acesso e a visibilidade das lagoas,
xo lagunar, além da ETE Arroio Fundo. Estas mas também recondicionando a direção dos
estão previstas no Caderno de fluxos de água superficiais que, com a imper-
Encargos Olímpicos de 2016 para me- meabilização das vias percorreram novos cami-
lhorar as condições de qualidade da água do nhos para escoamento.
sistema lagunar e deverão ser construídas tam- Também estão sendo construídas novas
bém nos rios: Arroio Pavuna, Pavuninha, Canal instalações nas áreas de Jacarepaguá e Barra da
do Anil e Canal Rio das Pedras (RIO DE JA- Tijuca. Algumas obras já estão em andamento e
NEIRO, 2012). outras foram apenas projetadas, como é o caso
Em relação ao projeto de dragagem das do Futuro Centro Metropolitano, que já estava
lagoas, recentemente o subsecretário do Ambi- previsto no Plano de Lúcio Costa. Essas instala-
ente, Antonio da Horta, afirmou ao jornal ções foram projetada em cima de terrenos ala-
OGlobo que (O POLUIDO..., 2012)... gadiços (turfosos) e por isso sua constituição é
de difícil execução, e requer um grande inves-
serão dragados 5,6 milhões de metros cúbi- timento e obras de drenagem e aterros (CAR-
cos de sedimentos das quatro lagoas da regi-
ão (Tijuca, Marapendi, Jacarepaguá e Camo- VALHO, 2013).
rim) e do Canal da Joatinga. Desse total, Assim, cada vez mais se erguem na Bai-
30% são lodo e material fino (argila e silte) e
o restante areia (O POLUIDO..., 2012). xada de Jacarepaguá instalações destinadas aos
jogos olímpicos além de centros comerciais e
A retirada desse material vai aumentar a
condomínios de alto padrão. A valorização dos
média de profundidade do complexo lagunar
terrenos da AP IV tem crescido de forma alar-

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mante, conforme se desenvolve as infraestrutu- 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS


ras urbanas aliadas a grande oferta e propaganda
Verifica-se que os fenômenos naturais e
de residências luxuosas, cercadas por áreas ver-
sociais interagem de maneira complexa na cons-
des e com acessos exclusivos a áreas de serviços
trução do ambiente. Esses processos podem ser
e comércios.
identificados através do histórico das formas de
Além dos futuros eventos esportivos, em
ocupação e uso dos solos que materializam o
2012 a cidade do Rio de Janeiro também rece-
significado daquele espaço para a sociedade que
beu o título de Patrimônio Cultural da Humani-
dele se apropria, seja como área rural ou urbana.
dade como Paisagem Cultural Urbana, chance-
A reflexão sobre a Baixada de Jacarepa-
lada pela UNESCO (VIANNA, 2012). Apesar
guá, no âmbito da Geografia, aborda a sistemá-
da Baixada de Jacarepaguá não ser diretamente
tica dos fenômenos físicos e sociais locais, que
favorecida com ações para a preservação da sua
ao se integrarem configuram novas condições
paisagem, indiretamente espera-se que a maior
ambientais, situações atuais que o ser humano
visibilidade dessas áreas induza a requalificação
tem aprendido e tentando administrar.
dos diferentes espaços que compõem esse ambi-
As mudanças ambientais analisadas na
ente urbano.
Baixada de Jacarepaguá demonstram que há
Em entrevista a Carvalho (2013), Adria-
uma refuncionalização dos terrenos e do conjun-
no de 38 anos que trabalha na Baixada de Jaca-
to lagunar na medida em que o ser humano alte-
repaguá há cinco anos, ressalta um aspecto inte-
ra as formas de ocupação dos solos por meio de
ressante sobre as lagoas de Jacarepaguá caso as
instrumentos políticos de ordenamento territori-
mesmas estivessem limpas: “elas poderiam ser
al, criando novos significados de uso daquele
utilizada da mesma forma como atualmente é
ambiente. É nesse sentido que se efetua a urba-
lagoa Rodrigo de Freitas, localizada na zona sul
nização da Baixada de Jacarepaguá pós 1960:
carioca” (CARVALHO, 2013, p. 124). O mes-
Num primeiro momento, com o apoio do gover-
mo ressalta que, caso a atual situação ambiental
no municipal, a área passa de zona rural para
do complexo lagunar se mantenha, poderá ser
zona urbana periférica com a instalação equi-
trazidas a tona questões negativas da cidade
pamentos urbanos como vias de circulação, de
como a falta de saneamento e o descaso com as
grandes empreendimentos, indústrias e de co-
áreas naturais. Isso poderia acarretar num retro-
munidades de baixa renda, processo que deu
cesso dos investimentos turísticos, culturais e de
início a ocupação e uso irregular dos solos, au-
lazer até então concedidos ao município por
mentando o desmatamento e a poluição dos cor-
empresas e instituições nacionais e internacio-
pos hídricos. Num segundo momento, com a
nais (CARVALHO, 2013).
maior disponibilidade de serviços urbanos, o
processo de ocupação se acentua, tanto com a

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elevação de condomínios de luxo quanto com a substituição de algumas formas de ocupação e


crescente favelização. Nesse intere, continua o uso dos solos como no caso da expansão dos
processo de ocupação e uso irregular dos solos condomínios de luxo e redução das comunida-
e, naturalmente a degradação ambiental. Já num des de baixa renda. Isso ocorre porque ao valo-
terceiro momento mais recente, a especulação rizar um lugar dá-se também visibilidade a áreas
política e econômica sobre a Baixada de Jacare- menos favorecidas, evidenciando problemas
paguá tem agregado aos seus terrenos uma valo- socioambientais que acabam “enfeiando” e des-
rização crescente, além de maior visibilidade. valorizando o espaço.
Com isso, o poder público vem tentando de ma- Como exemplo, pode-se citar a atual re-
neira mais enfática regularizar a situação de moção de comunidades que se instalaram no
ocupações informais, conter a favelização, e entorno da lagoa de Jacarepaguá no início da
ampliar serviços de transporte e saneamento, ao década de 80 como é o caso da Vila Autódromo.
mesmo tempo em que tenta reverter (ou ameni- Dessa forma, as reinvenções das formas de ocu-
zar) o atual quadro de degradação dos ecossis- pação dos solos retratam a nova forma de incor-
temas por conta de ocupações irregulares em poração do conjunto lagunar de Jacarepaguá e
áreas de preservação e/ou edificações carentes de suas perspectivas ambientais diante do atual
de redes de esgoto. modelo de planejamento urbano que vem se
Dessa forma explica-se (mas não justifi- desenvolvendo na Baixada de Jacarepaguá, es-
ca) o porquê de vários ambientes naturais da pecialmente na Barra da Tijuca.
Baixada de Jacarepaguá terem sido degradados: Situação similar ocorre com outro ambi-
a maioria deles perderam sua função social no ente natural carioca: a lagoa Rodrigo de Freitas,
decorrer histórico da ocupação sendo cada vez a mais de 150 anos. Posicionada na zona sul
mais desvalorizados. carioca, a lagoa Rodrigo de Freitas já foi total-
Porem, de alguns anos pra cá, na medida mente incorporada ao espaço urbano e recebe
em que a urbanização se apropria do ambiente, grandes investimentos para a revitalização de
se percebe a emergência de uma nova refuncio- sua margem e da qualidade de sua água. Tais
nalização dos ambientes naturais na AP -IV: privilégios em relação a demais lagoas munici-
cresce a preocupação e reivindicação popular pais talvez ocorram devido a sua localização em
pelo desenvolvimento de um valor preservacio- áreas urbanas “cristalizadas”, conforme descre-
nista e paisagístico, visando à utilização das veria Corrêa (2010), e mesmo por esta ser uma
áreas para lazer para contemplação e para explo- área de visibilidade da cidade, onde há lucros
ração econômica através do setor imobiliário e significativos alinhados à exploração da paisa-
turístico. gem natural, cultural e urbana, que dialogam e
No processo de requalificação das áreas contribuem na construção do ideal da cidade do
naturais pode-se ainda identificar a expansão e Rio de Janeiro como a “Cidade Maravilhosa”.

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Com o olhar totalmente voltado para a zona sul minimamente apropriadas ao bem estar social.
carioca, onde a urbanização criou formas de Para isso, devem ser realizados programas de
incorporar e valorizar ambientes naturais, os educação ambiental em conjunto com escolas e
investimentos públicos e privados acabaram, instituições diretamente ligadas a comunidades
por muito tempo, privilegiando a revitalização locais visando à difusão de informações e ativi-
desse lugar e, dessa forma, a lagoa Rodrigo de dades de sensibilização ambiental.
Freitas acabou ganhando tratamento especial, Outro ponto citado e que deve levar a re-
sendo atualmente utilizada como espaço de la- flexão é o “como” e “por quem” o valor dos
zer. Enquanto isso, o conjunto lagunar da Bai- ambientes naturais urbanos tem sido apropria-
xada de Jacarepaguá e suas margens foram rapi- do... Verifica-se que nem sempre o Estado tem
damente degradadas com o crescimento desor- proporcionado à preservação e democratização
denado da ocupação. Situação que foi se agra- daquelas áreas, o que pode ser observado na
vando com o tempo devido à negligência políti- ocupação das margens dos rios e lagoas de Jaca-
ca e falta de interesse econômico no desenvol- repaguá, cercada por áreas privadas (favelas,
vimento socioambiental local. Porem, esta reali- residências de luxo, hotéis, shoppings, etc) que
dade vem sendo modificada na medida em que a acabam privilegiando para os donos dos lotes o
expansão urbana avança em direção ao oeste e, acesso exclusivo as suas margens. Esses espa-
naturalmente, para a Baixada de Jacarepaguá, ços, denominados como Áreas de Preservação
que tem apresentado índices emergentes de Permanentes, são áreas públicas e sua requalifi-
crescimento populacional e de investimentos. cação depende também da liberdade de acesso...
Essa pressão social, que sinteticamente pode ser Com isso, deve-se atentar para a emer-
analisada pelas formas de ocupação, faz com gência de uma nova tendência funcional dos
que haja um aumento gradual da incorporação espaços urbanos: a valorização do ambiente, do
dos ambientes naturais da Baixada ao meio ur- espaço natural em comunhão com o espaço so-
bano, sendo sua restauração o único caminho cial. Este tem se tornado cada vez mais uma
para garantir a continuidade da valorização eco- nova forma de apropriação do território através
nômica desses espaços. do discurso do planejamento e da “recuperação
Para revitalizar esses espaços é impres- ambiental”, que acabam muitas vezes não acon-
cindível que haja participação social nos planos tecendo.
e projetos, pois ao se apropriar do ambiente e Contudo, verifica-se que o estado dos
entende-lo como “seu” e/ou “de todos” é que a rios e lagoas de Jacarepaguá, assim com outros
população passa a cobrar e fiscalizar o anda- espaços naturais que não foram diretamente
mento das políticas de saneamento, preservação citados nessa pesquisa, dependem atualmente
e adequação dos terrenos às habitações, garan- mais da forma com que esta será incorporada
tindo dessa forma a manutenção de condições pelo processo de urbanização do que de proces-

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sos naturais. Porem é preciso lembrar que a de- riscos que estão ocorrendo e que podem ainda
gradação do ambiente tem origem em toda bacia se desencadear em sérios perigos ambientais?...
hidrográfica, e que a poluição vem historica- A resposta é novamente o planejamento, que
mente aumentando com a urbanização. conceitualmente apresenta medidas preventivas
Assim, a requalificação ambiental da e corretivas que consideram as condições físicas
Baixada de Jacarepaguá não se fará antes de um do meio em conjunto com a realidade e tendên-
olhar mais abrangente para a situação de seu cia social do território. A Baixada de Jacarepa-
sistema de drenagem, e esta não terá êxito sem guá e o município do Rio de Janeiro têm aguar-
que haja um planejamento abrangente e efetivo dado pelo necessário e real desenvolvimento
do município capaz de regularizar e fiscalizar as dessas políticas públicas, cada vez mais no sen-
formas de ocupação e uso dos solos desde as tido da sustentabilidade urbana, que também é
encostas até a planície. ambiental, uma vez que o meio social se insere
Conclui-se que o homem moderno pode nas formas originalmente naturais, readequadas
condicionar o ambiente ao provimento de seus em busca de qualidade de vida.
interesses, configurando situações positivas se A proposta já existe, e na Baixada de Ja-
através da implantação de um planejamento carepaguá tem sido aprimorada por técnicos e
adequado que considere o funcionamento sistê- cientistas desde 1969. Resta para daqui em dian-
mico do meio; ou negativas se a ocupação e uso te sua efetiva e comprometida aplicação... É o
dos solos não considerar a dinâmica complexa que a população almeja e aguarda, especialmen-
ambiental. Isso mesmo quando o objetivo é a te entre 2014 e 2016, quando grande parte dos
reestruturação de áreas pontuais, como foi projetos deverão ter sido concluídos e os olhares
amostrado através dos exemplos das ocupações do mundo estarão voltados para a Cidade Mara-
ao longo da pesquisa. Toda atividade leva a vilhosa.
consequências sistêmicas que devem ser consi-
deradas na elaboração e implantação de projetos REFERÊNCIAS
de urbanização e edificação.
Assim, como já tratado por vários auto- ABREU, M. Evolução Urbana da Cidade do
Rio de Janeiro. 3°ed. Rio de Janeiro: IPLAN-
res, o homem no tempo atual cria situações das
RIO, 1997, 147 p.
quais é ao mesmo tempo indutor e vítima dos
ABREU, M. Geografia Histórica do Rio de
processos naturais, agora também ambientais...
Janeiro (1502 - 1700). 1° ed. Rio de Janeiro:
E mediante ao fato de que a ocupação dos solos Andrea Jakobson, 2011, 904 p.
recondiciona o meio alterando a topografia, im-
AMADOR, E. S. Baía de Guanabara e ecos-
permeabilizando os solos, desmatando, poluindo sistemas periféricos: homem e natureza. 1°
ed. Rio de Janeiro: 1997. 539p.
e acelerando o assoreamento de corpos d’água,
quem dará conta da remediação dos impactos e

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BAHIANA, L. C. C. O uso do geoprocessa- COSTA, L. Plano Piloto para urbanização da


mento na definição de indicadores georrefe- Baixada compreendida entre a Barra da Ti-
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