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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Ivana Gonçalves Soares

Uma Requalificação Urbana em Santos Reis


Trabalho Final de Graduação apresentado à
banca examinadora da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, requisito para
graduação em Arquitetura e Urbanismo

Orientador: Amadja Henrique Borges

Natal, RN

2018
Ivana Gonçalves Soares

Uma Requalificação Urbana em Santos Reis


Trabalho Final de Graduação apresentado à
banca examinadora da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, requisito para
graduação em Arquitetura e Urbanismo

Banca examinadora

_________________________________________________

Amadja Henrique Borges

Professora Orientadora - UFRN

_________________________________________________

Hélio Takashi Maciel de Farias

_________________________________________________

Cecília Marilaine Rego de Medeiros

Natal, RN

2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT

Soares, Ivana Gonçalves.


Uma requalificação urbana em Santos Reis / Ivana Gonçalves
Soares. - Natal, 2018.
122f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e
Urbanismo.
Orientadora: Amadja Henrique Borges.

1. Requalificação Urbana - Santos Reis - Monografia. 2. Espaço


público - Reuso - Monografia. 3. Contaminação - Monografia. 4.
Impacto ambiental - Monografia. 5. Integração - Monografia. 6.
Habitabilidade - Monografia. 7. Áreas verdes - Monografia. I.
Borges, Amadja Henrique. II. Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 711.4

Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344


AGRADECIMENTOS

Agradeço e dedico este trabalho aos meus pais que sempre me incentivaram e
que não me deixaram desistir. Às minhas três filhas que compreenderam minha
ausência e sempre me apoiaram. Aos amigos que fiz durante a faculdade
companheiros de tantas manhãs e tardes de projeto e divagações. E aos
mestres que me ensinaram a viver a Arquitetura e o Urbanismo.
Para ser um bom arquiteto você tem que ter amor pelas
pessoas, porque a arquitetura é uma arte aplicada e lida com a
moldura da vida das pessoas” Ralph Erskine
RESUMO
Este trabalho final de graduação “Uma Requalificação Urbana em Santos
Reis” trata da reinserção de um terreno devolvido à administração pública do
município de Natal, Região Administrativa Leste, no bairro Santos Reis. Neste
terreno, foi instalado na década de 1980, um conjunto de tanques de
combustíveis da empresa Petrobrás. Esta recente devolução, frente ao seu
impacto para o bairro, pode promover diferentes possibilidades de reuso,
referentes à poluição-descontaminação, requalificação e negociações. Como
premissa básica, sua concepção parte da importância em priorizar sua
comunidade imediata, que durante quase quarenta anos é prejudicada
diretamente pelo seu impacto, que interferiu e interrompeu o seu
desenvolvimento. Desta forma, esta monografia objetiva elaborar uma proposta
requalificando a área, priorizando sua habitabilidade e seu entorno formado por
áreas de interesse social. Para isso, foi preciso traçar objetivos mais específicos
tais como: Estudar sobre Espaços livres públicos e o seu papel na questão
socioambiental; Conhecer as potencialidades e restrições de reuso de um
terreno usado para armazenar combustíveis; Consultar os moradores sobre seu
cotidiano e as expectativas quanto ao reuso do antigo terreno de tancagem da
Petrobrás; Propor uma intervenção urbanística de requalificação de terreno em
desuso em área de interesse social, identificando as potencialidades de
intervenção no terreno da Tancagem, de forma a contribuir com a integração das
comunidades por arruamentos, caminhos de acesso, localização de
equipamentos de uso coletivo e habitabilidade.

Palavras-Chave: Bairro Santos Reis, Espaço Público, Reuso,


Contaminação, Impacto Ambiental, Integração, Habitabilidade, Áreas Verdes.
RÉSUMÉ
Ce projet de fin d'études intitulé « Une requalification urbaine à Santos
Reis » porte sur la réinsertion d'un terrain retourné à l'administration publique de
la municipalité de Natal, Région administrative nord, dans le quartier de Santos
Reis. Dans ce domaine, a été installé dans les années 1980, un ensemble de
réservoirs de carburant de la société Petrobras. Cette dévolution récente, compte
tenu de son impact sur le quartier, peut favoriser différentes possibilités de
réutilisation, en se référant à la pollution-décontamination, à la requalification et
aux négociations. En tant que prémisse de base, sa conception découle de
l'importance de prioriser sa communauté immédiate, qui est directement affectée
pendant près de quarante ans par son impact, qui interfère et perturbe son
développement. De cette manière, cette monographie vise à élaborer une
proposition de requalification de la zone, en privilégiant son habitabilité et son
environnement constitué de zones d'intérêt social. Pour cela, il était nécessaire
de définir des objectifs plus spécifiques tels que: étudier les espaces libres
publics et leur rôle dans le cadre de la question socio-environnementale;
Connaître les potentialités et les restrictions de la réutilisation d'une terre utilisée
pour stocker des carburants; Consulter les résidents sur leur vie quotidienne et
leurs attentes concernant la réutilisation de l'ancien site de dépôt de Petrobras;
Proposer une intervention urbaine de requalification des terres désaffectées,
zone d'intérêt social, identifiant les potentialités d'intervention dans le domaine
de Tancagem, afin de contribuer à l'intégration des communautés par rues, voies
d'accès, localisation des équipements d'utilisation collective et habitabilité.

Mots clés : Quartier Santos Reis, espace public, réutilisation,


contamination, Impact environnemental, Integration, Habitabilité, espaces verts.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de Santos Reis com AEIS e ZPA-07................................................................................. 16
Figura 2: Praça Lindalva Maciel, em Santos Reis.................................................................................... 18
Figura 3: Entrada do bairro Santos Reis pela praia ................................................................................ 24
Figura 4: Travessa Francisco de Paula, Santos Reis ................................................................................ 25
Figura 5: utilização do espaço público em uma manifestação em Saint-Étienne ..................................... 27
Figura 6: Tobogã e escada .................................................................................................................... 31
Figura 7: Protesto nas ruas de Berlim contra gentrificação .................................................................... 35
Figura 8: Copenhague, princípios de Gehl .............................................................................................. 36
Figura 9: Em Århus, Dinamarca, princípios de Gehl ................................................................................ 37
Figura 10: Em Copenhague, Dinamarca princípios de Gehl .................................................................... 37
Figura 11: Brighton, Inglaterra, princípios de Gehl ................................................................................. 37
Figura 12: No Parque Bryant, Nova York, princípios de Gehl .................................................................. 38
Figura 13: Antiga Estação ferroviária, Passo Fundo ............................................................................... 40
Figura 14: Atual Parque da Gare, Passo Fundo ...................................................................................... 41
Figura 15: Esquema de implantação ..................................................................................................... 42
Figura 16: à espera da tocha olímpica em 2016 - Parque da Gare, Passo Fundo ..................................... 44
Figura 17: Implantação Parque da Gare, Passo Fundo ........................................................................... 45
Figura 18: Fredericia-C, Dinamarca ....................................................................................................... 46
Figura 19: Fredericia-C, Dinamarca ....................................................................................................... 47
Figura 20: Fredericia-C, Dinamarca ....................................................................................................... 47
Figura 21: Fredericia-C, Dinamarca ....................................................................................................... 47
Figura 22: Fredericia-C, Dinamarca ....................................................................................................... 47
Figura 23: Masterplan Bairro da Gente, Limeira .................................................................................... 48
Figura 24: participação da sociedade, Limeira ....................................................................................... 49
Figura 25: Santos Reis em foto antiga, sem data ................................................................................... 52
Figura 26: muro isolando área privativa dos militares em Santos Reis ................................................... 53
Figura 27: Terreno da Tancagem dividindo os moradores em Santos Reis .............................................. 54
Figura 28: Plano Geral de Sistematização.............................................................................................. 56
Figura 29: Mapa de Santos Reis com o projeto do aeroporto, 193- ........................................................ 57
Figura 30: lençol freático da cidade....................................................................................................... 58
Figura 31: Vista aérea da Base da Petrobrás Distribuidora em 1982 ...................................................... 60
Figura 32: mapa de Santos Reis ............................................................................................................ 61
Figura 33: Igreja influenciando o crescimento do bairro Santos Reis ...................................................... 62
Figura 34: barreiras de crescimento ...................................................................................................... 63
Figura 35: Rua Otoniel Menezes na comunidade do Vietnã ................................................................... 64
Figura 36: Rua Otoniel Menezes na comunidade do Vietnã ................................................................... 64
Figura 37: rua Professor Evaristo de Souza ............................................................................................ 66
Figura 38: Rua da Estrela, Vietnã .......................................................................................................... 67
Figura 39: Rua da Estrela, Vietnã .......................................................................................................... 67
Figura 40: Mapa de interferência Visual em Santos Reis ........................................................................ 69
Figura 41: terreno da tancagem murado e Brasília Teimosa à direita .................................................... 70
Figura 42: R. Prof. Evaristo de Souza, Santos Reis .................................................................................. 75
Figura 43: R. Bela Vista, Santos Reis ...................................................................................................... 76
Figura 44: Travessa Vietnã, Santos Reis................................................................................................. 77
Figura 45: Dados de temperatura local do INPE..................................................................................... 78
Figura 46: Escola Prof Josefa Sampaio................................................................................................... 78
Figura 47: Praça Eng. Wilson Miranda em 2014 .................................................................................... 80
Figura 48: Praça Eng. Wilson Miranda em 2017 .................................................................................... 80
Figura 49: Quadras à beira-mar em Santos Reis .................................................................................... 81
Figura 50: Futebol na areia na Praia do Forte (em frente ao bairro Santos Reis)..................................... 82
Figura 51: Obras em Areia Preta para aterrar a praia ............................................................................ 83
Figura 52: Parada na Av. José Melquíades............................................................................................. 85
Figura 53: Parada na Rua Miramar ....................................................................................................... 85
Figura 54: Exemplo de itinerário ........................................................................................................... 86
Figura 55: Informação de horário na parada de ônibus em Saint-Étienne, França .................................. 36
Figura 56: Aterro e relógio do sol em Areia Preta .................................................................................. 88
Figura 57: Santos Reis – visão sul .......................................................................................................... 89
Figura 58: Santos Reis – visão norte ...................................................................................................... 89
Figura 59: Festa de Reis Magos em Santos Reis em janeiro/2015........................................................... 94
Figura 60: Apresentação do Boi-de-Reis em Santos Reis em janeiro/2006 .............................................. 94
Figura 61: Mapa de Santos Reis e as comunidades ................................................................................ 95
Figura 62: Moradores e entrevistas ....................................................................................................... 96
Figura 63: Situação atual do bairro Santos Reis ..................................................................................... 98
Figura 64: Primeiro Momento ............................................................................................................. 101
Figura 65: Segundo Momento ............................................................................................................. 102
Figura 66: Terceiro Momento.............................................................................................................. 103
Figura 67: Quarto Momento ............................................................................................................... 104
Figura 68: Quinto Momento................................................................................................................ 105
Figura 69: Sistema Viário .................................................................................................................... 107
Figura 70: Ciclovias e faixas de pedestres ............................................................................................ 108
Figura 71: Diminuindo as distâncias .................................................................................................... 109
Figura 72: Permanências mais longas ................................................................................................. 110
Figura 73: Espaço de transição............................................................................................................ 111
Figura 74: Espaço Multiuso ................................................................................................................. 112
Figura 75: Resultado final ................................................................................................................... 113
Figura 76: Espaço cultural, de esportes e lazer .................................................................................... 114
Figura 77: Proposta final simulada no bairro ....................................................................................... 115

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Estrutura etária da população de Santos Reis ........................................................................ 71
Gráfico 2: Rendimento da população de Santos Reis ............................................................................. 72
Gráfico 3: Taxa de Alfabetização de Santos Reis .................................................................................... 73
Gráfico 4: Atividade Empresarial de Santos Reis........................................................................................74
SUMÁRIO
PRÓLOGO ........................................................................................................................................
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 15
REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................................... 22
.......................................................................................... 23
............................................................ 23
..................................................................... 25
.............................................................................................. 27
................................................................................................... 27
.................................................................................... 28
............................................................................. 29
............................................................................. 32
.................................................................... 33
............................................................................................. 36
ESTUDOS EMPÍRICOS ..................................................................................................................... 39
................................................................................................. 40
- Novo Parque da Gare, em Passo Fundo RS ........................................................................... 40
−Fredericia C e Realdania, Dinamarca .................................................................................... 46
−Limeira, São Paulo ................................................................................................................ 48
CONDICIONANTES PROJETUAIS ........................................................................................................ 51
............................................................................... 52
................................................................................................. 55
.................................................................................. 62
..................................................................................................................... 65
............................................................................................................. 66
....................................................................... 68
............................................................ 71
............................................................................. 75
...................................................................................... 78
.................................................................................................................. 89
A PROPOSTA ............................................................................................................................... 92
................................................................................................................... 93
................................................................................................................... 93
.............................................................................. 95
.......................................................................................................... 95
............................................................................................................ 97
• ............................................................................................ 101
• ........................................................................................... 102
• ............................................................................................ 103
• .............................................................................................. 104
• ............................................................................................... 105
• ....................................................................................................... 106
..................................................................................... 108
............................................................................................ 117
REFERÊNCIAS BIBLIIOGRÁFICAS ...................................................................................................... 119
PRÓLOGO

PRÓLOGO
PRÓLOGO
Meu interesse pelo bairro surgiu no decorrer do curso, onde estudamos
esse bairro Santos Reis por diversas vezes. A gente vive a vida toda em uma
cidade e pensa que a conhece. Só depois de estudar e entender a região, a
gente consegue entender o porquê das coisas. Mas nem tudo. Algumas
perguntas ficam sem respostas e tentamos conjecturar suas razões.

Este estudo trata da requalificação de um terreno no bairro Santos Reis e


visa mostrar que pela utilização de mais da metade da sua área para uso restrito
e particular pelo uso para área de tancagem pela Petrobrás, o crescimento
natural do bairro sofreu um impacto e teve consequências em sua divisão até o
presente momento. Este terreno desocupado e ainda cercado pelos muros foi o
escolhido para realização deste exercício projetual. Está situado no bairro
Santos Reis, região administrativa Leste de Natal/RN, limitado a Oeste e a Norte
pelo Rio Potengi, ao sul pelo bairro Rocas e a Leste pela praia do Forte. Consiste
em uma parcela 114 m² da antiga área de tancagem da Petrobrás que foi
recentemente devolvida à Prefeitura.

Está na esquina entre o rio e o mar, privilegiado com a ventilação e


iluminação naturais e, ainda, pela localização de um dos mais antigos pontos
turísticos da cidade: a fortaleza dos Reis Magos. Entender porque a cidade deu
as costas para o rio é um exercício que não cabe neste trabalho. Tornar o bairro
atrativo pela possibilidade de trabalhar no recém devolvido terreno da Tancagem
que foi utilizado pela Petrobrás durante quase 40 anos e encontrar alternativas
para novas formas de articulação entre a realidade do bairro e suas
possibilidades é a temática deste trabalho. Pretendemos propor programas
urbanos capazes de requalificar e transformar a área de intervenção.
14

INTRODUÇÃO
15

INTRODUÇÃO
O bairro situado na região administrativa Leste da cidade, ventilado, perto
dos grandes hospitais e as maiores escolas da cidade, Santos Reis tem por limite
ao norte e ao leste, o Oceano Atlântico, a oeste, o Rio Potengi e ao sul, o bairro
Rocas e Praia do Meio e será objeto deste estudo. Lá vivem duas comunidades
espremidas, Brasília Teimosa e Vietnã, em situação precária, praticamente sem
ruas, em algumas, só pedestres passam de tão estreitas, e o outro lado do bairro,
onde ocorreram as primeiras ocupações, ainda no ano 1935. Esse outro lado do
muro, é um pouco mais organizado, com lotes retangulares e vias
perpendiculares entre si. Ruas largas e ventiladas, apesar de que as casas, em
alguns quarteirões, não apresentem recuo e suas calçadas nem sempre
possibilitem a acessibilidade.

Neste trabalho, pretendemos mostrar os quarteirões das habitações


localizadas ao lado rio Potengi e os que se localizam ao lado do mar, separadas
pelo muro da terreno da tancagem, mostrando como o bairro se desenvolveu
dessa forma e, na medida do possível, sugerir algumas diretrizes que possam
transformar este terreno e ele possa promover uma integração entre seus
moradores, separados durante quase 40 anos pela sua ocupação com os
tanques de combustível da Petrobrás.

Este bairro é relativamente recente. Sua história conta com pouco mais
de 70 anos. Porém, nas últimas três décadas, teve uma grande parcela da área
residencial, 114.000 m², do seu terreno ocupado com os tanques de combustível
da Petrobrás. Devido a uma conquista dos moradores do bairro que
consideravam perigosa essa proximidade com produtos tão tóxicos e com
grande potencial explosivo, desde o final de 2013 o terreno está desocupado.
Está, atualmente, em processo de descontaminação a cargo da empresa
Petrobrás S.A. (Natal, 2015).
16

Neste bairro, existem também uma Zona de Proteção Ambiental, a ZPA


7, que está em processo de regulamentação e ainda em fase de estudos. Essa
área compreende os limites da Fortaleza dos Reis Magos, imóvel tombado em
nível federal, e seu entorno. O bairro também é parte da Zona Especial Turística
3 (SZ-2/ZET-3), instituída pelo Plano Diretor Físico-Territorial (Lei 3.175/84).
Dentro da ZPA 7, existe ainda uma área militar, restrita e de uso exclusivo das
Forças Armadas. Além disso, o bairro também abriga uma Área Especial de
Interesse Social (AEIS) de mesmo nome do bairro AEIS Santos Reis, conforme
podemos ver na Figura 1, abaixo.

Figura 1: Mapa de Santos Reis com AEIS e ZPA-07

AEIS Santos Reis

ZET 3

ZPA 07
Terreno da Tancagem
Área privativa dos
militares

Fonte: SEMURB em (Natal, Natal meu bairro minha cidade, 2009).


17

Existem várias instituições interessadas em dar novo uso ao terreno da


tancagem. Dentre elas encontram-se desde a Prefeitura de Natal, a Marinha, a
Aeronáutica (habitações populares ou militares) até construtoras e demais
entidades de interesse comercial (CECI, 2017).

Pressupõe-se que integrar o terreno da tancagem ao bairro é uma


necessidade para os moradores da região, como também, essencial para
revitalização do bairro e, com este trabalho, pretendemos fazer um exercício
projetual de planejamento urbano propondo a retirada do muro, transformando a
grande área do terreno da tancagem em um local de integração entre o lado do
rio e o lado da praia, um local onde exista equipamento urbanos, áreas verdes e
de lazer onde as pessoas possam conviver e participar da vida comunitária.

Como passo inicial realizou-se um processo de escuta e entendimento do


que desejavam os moradores através de consultas com os líderes das
associações das comunidades e representante da paróquia. Depois de várias
entrevistas, onde a maioria das pessoas não quis se identificar, percebeu-se que
o grande desejo dos moradores é por uma moradia decente e não foi realizada
uma pesquisa formal.

Mudar de casa só aparece como opção, para eles, construindo uma casa
no lado de dentro do muro e não ser deslocado para o outro lado da cidade. Não
foi percebido em conversas informais com os moradores, tanto em conversas
com os que andavam pelas ruas, como com os que participavam de reunião de
associações, outro desejo diferente. Ninguém pensou em ruas mais largas,
áreas verdes, praças, postos de saúde ou um bosque. Mas depois de várias
outras visitas, alguns sugeriram uma escola profissionalizante para que os
jovens, finalizando os estudos, tenham maior chance de encontrar trabalho ou
ocupação.
18

Foi observado durante visitas à região desde 2014 e continuando até o


presente momento, início de 2018, a percepção de três bairros dentro de um só.
Os moradores que habitam o lado noroeste do bairro (parte histórica) não
consideram os habitantes das comunidades do Vietnã e de Brasília Teimosa
como pertencentes ao bairro. Do mesmo modo, os moradores dessas duas
comunidades não se sentem como moradores de Santos Reis. São moradores
somente da sua comunidade. O bairro que já é pequeno, parece ainda menor
em função do terreno da tancagem, interditado à população por quase 40 anos
(Martins, 2014), provocou uma ruptura entre as ruas e, consequentemente, entre
os moradores.

Segundo os dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e


Urbanismo – SEMURB (Natal, 2015), Natal possui 106 quadras esportivas, 63
campos e 6 ginásios. Destes, no bairro de Santos Reis temos 2 quadras, 1
campo e nenhum ginásio. Além disso, das 255 praças da cidade, só existem
duas no bairro. Essas praças são pequenas, não apresentam equipamento
urbano, de lazer e a comunidade não as frequenta. Uma delas é a Praça Lindalva
Maciel, conforme Figura 2 a seguir.

Figura 2: Praça Lindalva Maciel, em Santos Reis

Fonte: Acervo da Autora, 2014


19

A praça Engenheiro Wilson Miranda, percebeu-se, nas visitas, que é


pouco frequentada pelos usuários. À noite, o local ainda carece de segurança
pública, possui iluminação deficiente somados ao crescente medo pelo aumento
da criminalidade na cidade. Esta segunda praça somente é mais utilizada por se
situar exatamente em frente à Igreja Matriz de Santos Reis, servindo
basicamente de passagem. É bastante utilizada apenas na data da festa de Reis,
dia 06 (seis) de janeiro de cada ano.

Apesar de a zona leste, onde se situa o bairro Santos Reis, não ser uma
das regiões que apresentam menos praças, dentro da cidade, concluímos que
este bairro apresenta uma deficiência maior em relação aos outros. Em
observações feitas pela autoria, não foi percebido presença de pessoas na
praça. Nem crianças.

Com relação às quadras, uma delas, fica à beira-mar e seu estado é de


abandono. Não apresenta estrutura, como redes para voleibol, ou traves para o
futebol e não apresenta nenhum tipo de assento para eventual público
acompanhante1.

Ressalte-se a sua importância como estudo complementar na formação


durante a graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo visando preparar o
arquiteto a atender aos anseios dos moradores de qualquer projeto no entorno
de suas vidas.

Então, entre os vários termos possíveis – reurbanização, renovação


urbana, requalificação, reabilitação, revitalização, restauração, reestruturação, o
termo requalificação foi escolhido para dar título a este trabalho pelo significado
de “processo de transformação da estrutura urbana, considerada abaixo do
padrão exigido ou prescrito (PICCINI, 2004, p. 64).”

1
Após a apresentação deste trabalho à banca, em julho/2018, em visita posterior viu-se que a
quadra à beira-mar foi reformada, está cercada e com gramado novo.
20

Assim sendo, o objeto de estudo deste TFG é a requalificação do terreno


da tancagem oferecendo melhoria das condições de vida das comunidades de
seu entorno, com ênfase em espaços livres e verdes, estimulando a sua
utilização pelos habitantes do lugar e por moradores de bairros vizinhos. O
universo de estudo será a AEIS Santos Reis, pois não é permitida a entrada na
área privativa dos militares e a ZPA 07 ainda está em fase de regulamentação.
Serão analisadas, para fins de continuidade, as ruas pertencentes ao bairro
Rocas, apenas para que seja possível o conceito de acessibilidade, já que este
bairro não será visto neste presente estudo. O recorte do universo de estudo é
a área de tancagem da Petrobrás.

Para tanto, o objetivo geral desse trabalho é o de elaborar uma proposta


de requalificação do terreno da tancagem no bairro Santos Reis lhe
proporcionando melhores condições de habitabilidade, visando a integração
entre os moradores e a possiblidade de destinar espaços para projetos culturais,
esportes e lazer para a população.

De maneira específica, seus objetivos são:

• Estudar sobre Espaços livres públicos e o seu papel na questão


socioambiental;

• Conhecer e analisar as potencialidades e restrições de reuso de um


terreno usado para armazenar combustíveis;

• Consultar os moradores sobre seu cotidiano e as expectativas quanto ao


reuso do antigo terreno de tancagem da Petrobrás

• Fazer um estudo preliminar com uma intervenção urbanística de


requalificação de terreno em desuso, área de interesse social e seu entorno,
identificando as potencialidades de intervenção no terreno da Tancagem, de
forma a contribuir com a integração das comunidades por arruamentos,
caminhos de acesso, localização de equipamentos de uso coletivo e
habitabilidade.
21

Primeiramente, iremos estudar o referencial teórico sobre a utilização de


espaços públicos, que servirão de suporte à elaboração da proposta, tomando
como referência autores como Lúcia Leitão, Ângelo Serpa, Jane Jacobs, e Jan
Gehl.

Depois, serão expostas referências projetuais, contemplando soluções


implantadas em infraestruturas de terrenos desocupados e degradados,
tentando compreender como foi feita a transformação desses espaços em
ambientes de convivência e de atração para a população. Nessa mesma parte
serão analisados os condicionantes dos espaços estudados.

Por fim, apresentamos o trabalho em etapas que será apresentado em


forma de momentos, de acordo com a descontaminação gradual do terreno,
elaborando simulações de projeto urbano, indicando alternativas, por meio de
cenários que possibilitem o retorno da área degradada aos seus habitantes.
22

REFERENCIAL
REFERENCIAL TEÓRICO TEÓRICO
23

Primeiramente foi feita uma revisão bibliográfica para conhecer mais a


temática. Foram consultados temas como utilização de espaços públicos e
pesquisas com experiências semelhantes sobre a incorporação de terrenos
abandonados dentro de uma cidade, além de trabalhos onde espaços vazios
foram utilizados para recuperação de áreas adjacentes habitacionais
degradadas.

Logo em seguida, foi realizada uma pesquisa exploratória documental


sobre o universo de estudo e que envolveu levantamento dos aspectos
morfológicos, socioeconômicos, históricos, de infraestrutura e a legislação
incidente sobre a região. Como complemento foi também necessário buscar
pareceres técnicos sobre a contaminação do terreno da tancagem utilizados pela
Petrobrás.

Após essas duas fases, foi iniciada a pesquisa de campo com


levantamento fotográfico das três regiões: a parte histórica, a comunidade do
Vietnã e a comunidade de Brasília teimosa, além de entrevistas com os
moradores que estão mais diretamente ligados ao terreno e com representantes
das comunidades.

Os resultados da coleta de dados ajudaram a compreender as percepções


dos usuários e moradores e a dinâmica da área, que norteou a proposta do
projeto de requalificação.

Este capítulo apresenta conceitos importantes que serviram como base


para realização deste trabalho, visando desta forma contextualizá-lo com o
conjunto das definições para a requalificação da área do terreno de tancagem
para o bairro Santos Reis.

A partir daí, foi possível determinar os aspectos teóricos-conceituais que


serão analisados e, após isso, será apresentado o desenvolvimento da proposta.
24

Para atender à demanda dos moradores da AEIS Santos Reis, viu-se que
é necessária proposição de um espaço para esportes, ou um espaço para lazer,
um espaço para saúde ou, até mesmo, um centro cultural, assim como estudar
os principais projetos que servirão de referência como, por exemplo: parques
abertos com ampla vegetação que privilegiem o conforto e atraiam não apenas
os moradores do bairro como também os moradores de diferentes partes da
cidade.

Abaixo, na Figura 3, uma das entradas do bairro vindo pela praia (leste).

Figura 3: Entrada do bairro Santos Reis pela praia

Fonte: acervo da autora - 2014


25

A partir do objetivo geral de desenvolver uma requalificação urbana para


o bairro Santos Reis, foram determinados os objetivos específicos.

Seguindo a proposta deste modelo, foi realizada uma análise do espaço


em Santos Reis delimitando-se um raio de 500 metros no entorno do terreno,
visando identificar todos os estabelecimentos e instituições que compõem esse
espaço e a conveniência em verificar se as ruas possuem acessibilidade (ver
Figura 4, abaixo) e se existe a quantidade de parques, ginásios de esportes,
quadras, outros centros esportivos, associações e espaços comunitários para o
lazer com equipamentos urbanos.

Figura 4: Travessa Francisco de Paula, Santos Reis

Fonte: acervo da autora – 2017

Com relação às propostas para utilização do espaço com equipamento de


lazer, esportes ou outro interesse da comunidade foram realizadas entrevistas
com alguns moradores e líderes da comunidade e, também uma pesquisa com
temas relacionados à espaços públicos e com referências sobre a utilização
destes espaços para melhoria da integração da comunidade. Além disso, foi feita
uma pesquisa exploratória através da revisão bibliográfica.

Utilizamos a visão de Jane Jacobs (2011) sobre espaços que ficam


fechados às pessoas por muros e definidos por ela como zonas de fronteira
deserta, assim como os estudos de Ângelo Serpa (2007) sobre apropriação e
acessibilidade dos espaços públicos.
26

Destaca-se também uma preocupação com os processos de gentrificação


em projetos de revitalização urbana em áreas degradadas mostrando as ideias
já trabalhadas em outros países através dos estudos de Margarita Barreto e de
Fátima Loureiro de Matos, da Universidade do Porto em Portugal (2013). Por fim,
mostrando que queremos cidades para pessoas, analisou-se o trabalho do
dinamarquês Jan Gehl que em seu Cidades para Pessoas (2015) questionando
por que a escala urbana é pautada mais pelos edifícios do que pela maneira
como os moradores usam e vivem em cada espaço. Gehl afirma que a cidade
deve ser criada para as pessoas, para o convívio ao nível dos olhos, para a
qualidade de vida. Nada de busca pela forma, mas pela escala humana (Gehl,
2015).

Na segunda parte, será apresentado o bairro, seu contexto na cidade, os


condicionantes do terreno e os legais e a proposta preliminar de requalificação
do terreno da tancagem dentro do bairro Santos Reis, último objetivo específico,
que se configurará com o resultado desse TFG. A proposta será apresentada em
cinco momentos.
27

Por se tratar de um projeto sobre espaço público, comunitário e para


explicar a importância do tema escolhido para a cidade, os moradores do bairro
e regiões circunvizinhas, buscou-se compreender o conceito espaço público. Na
Figura 5, abaixo, utilização do espaço público em uma manifestação na França,
em 2016.

Figura 5: utilização do espaço público em uma manifestação em Saint-Étienne

Fonte: acervo da autora – 2016


28

Segundo Leitão (2002), na filosofia, o espaço público refere-se à


expressão de pensamento, o direito à palavra, e a construção do argumento
através do discurso. Isso é o que representa liberdade ou democracia.

Os espaços públicos continuam a ser uma característica


fundamental das cidades. Sem eles, o terreno apenas denso e
altamente construído não é uma cidade. Podemos ver isso
quando há uma vasta faixa de edifícios residenciais ou
comerciais altos - esses espaços não são cidades, são apenas
um terreno densamente construído. E isso acontece mais e
mais, é uma tendência que ajuda a desurbanizar as cidades -
assim como as comunidades fechadas e a destruição da ideia
de bairro como espaços completos, com suas subeconomias e
atividades culturais (Sassen, 2013).

Assim como as comunidades fechadas, como exemplo, os condomínios


horizontais e fechados da cidade de Natal que não permitem que suas ruas
sejam espaços abertos aos não moradores.

Já Santoro (2013) afirma que espaços públicos são

[...] lugares de encontro, de tolerância, de mistura de raças,


credos, rendas, agradáveis, seguros, de fruição e,
principalmente, um lugar onde a cidadania possa se manifestar,
onde o exercício da polis possa acontecer. É isso que faz a
cidade ser cidade: o encontro.

Espaços públicos são os espaços abertos no qual as pessoas se


apropriam livremente e que podem ser espaços verdes, como parques e jardins,
como também não verdes, como ruas e praças. Muitas vezes, algumas pessoas
acreditam que espaço público é sempre uma área verde ou que se trata de uma
área destinada ao lazer. Ou que espaço público é a mesma coisa que espaço
coletivo. A expressão uso comum é que dá melhor ideia de espaço público
(Leitão, 2002).
29

O termo “espaço verde” foi criado na França, em 1925, pelo responsável


pelos jardins e parques franceses, J. C. N. Forestier. Estes lugares, mesmo
quando eram de propriedade privada, como o Jardim de Versailles, começaram
a se firmar como lugar social, e por fim, como espaço público. Os espaços verdes
podem ser classificados de acordo com a localização (urbano ou rural), a
propriedade (pública, privada, ou privada aberta ao público), a frequência (diária,
semanal ou ocasional) e ainda de acordo com os usuários (Leitão, 2002).

Espaços coletivos não podem ser definidos como espaço público, mesmo
que alguns o sejam. Shopping centers, meios de transporte como o ônibus
urbano ou o metrô são espaços de uso coletivo, mas não são públicos. São
espaços fechados, destinados a alguns grupos sociais específicos, de acordo
com a renda ou a capacidade de consumo (Leitão, 2002).

Então o espaço público pode ser definido como o espaço acessível a


todos os grupos sociais de uma comunidade, por isso usa-se a expressão uso
comum. O que pode não ocorrer em um espaço coletivo (Leitão, 2002).

É exatamente essa condição de acessibilidade a todos os


grupos sociais de uma determinada comunidade, a marca
essencial da ideia de espaço público (Leitão, 2002, p. 19).

Os espaços públicos podem ser classificados de acordo com o seu uso e


no seu planejamento esses usos já são pré-definidos, o que não impede que
eles sejam alterados posteriormente por decisão do planejador, ou pela dinâmica
do uso.

Uma abordagem do espaço público urbano tem sempre que levar em


conta a noção de cidadania, sua ação política e sua acessibilidade.
30

Analisando a abordagem de Ângelo Serpa (2007), existe uma apropriação


seletiva e diferenciada de espaços que deveriam ser acessíveis a todos. Mesmo
sendo público, poucos se beneficiam desse espaço. Esse espaço pode ser
analisado sob a perspectiva crítica de sua incorporação como mercadoria para
consumo de poucos, dentro da “lógica do sistema capitalista” (p. 20).

Alguns espaços públicos, acessíveis a todos em tese, vão sendo


apropriados, pouco a pouco, por determinados grupos sociais. O mobiliário
urbano e o tipo de comércio que recebe autorização para funcionar nesses
espaços vai fazendo uma seleção natural das pessoas pela classe social (Serpa,
2007).

Além disso, existe também a questão da valorização imobiliária. Recentes


operações de revitalização ou requalificação de bairros em crise ou de áreas
decadentes, observadas na cidade de Salvador e em Paris, vem servindo como
instrumento de valorização fundiária (Serpa, 2007).

Pergunta: “afinal, estamos diante de espaços verdadeiramente públicos


ou de espaços concebidos e implementados para um tipo específico de público?”
A resposta que atravessa sua obra é que, seja em Paris ou Salvador, há sempre
uma intencionalidade política e ideológica nos novos parques públicos:
espetacularidade para visibilidade política, valorização do consumo, estética
similar a dos shopping centers, homogeneização, segregação da população
periférica e de baixa renda e, sobretudo a busca da valorização imobiliária das
áreas nobres e da gentrificação de áreas decadentes (Serpa, 2007, p. 39).

Um grande ensinamento é a intervenção na escalonada geografia da


Comuna 13 de Medellín, na Colômbia. Em um dos bairros mais violentos da
cidade dita mais perigosa do mundo, aconteceu uma ação de grande escala
orientada para a mudança física e social do espaço.
31

Ao lado de uma escada comum e em estado de deterioração foi colocado


um tobogã (Ver Figura 6, abaixo). Isso visibilizou e converteu em extraordinário
o, até então, rotineiro. A escada, deixou de ser apenas mais um espaço para
subir e descer. De um lugar de passeio converteu-se em um lugar para estar,
porque não existe criança que não queria deslizar novamente uma vez que seus
pés aterrissam no piso. Depois também chegam seus pais, primeiro para
observá-las, depois para desenvolverem sua própria vida social. Se uma criança
gosta do espaço, então ele é bom para todos: intervenção simples, barata, mas
de alto impacto. (Diaz, 2017).

Figura 6: Tobogã e escada

Fonte: Rodrigo Diaz. http://bit.ly/2FhOWHx. Acesso em 25/09/2017


32

Segundo dados da SEMURB, no Anuário de Natal (2015), o bairro de


Santos Reis apresentava no ano 2000, 1.504 domicílios permanentes e em 2010,
1.531. Um crescimento de 0,18% comparado à média da cidade que foi de
2,85%. Com relação aos habitantes, em 2010, 6.820 pessoas residiam no bairro
e em 2010, sua população de residentes permanentes é 5.641. Uma redução de
17,3%. Enquanto isso, a cidade registrou um aumento populacional de 12,8%. A
situação tende a se agravar. Se a taxa de crescimento do bairro em relação ao
período 2000/2010 registra um número negativo de 1,88%, para o quinquênio
2010/2015 a SEMURB prevê uma taxa negativa ainda maior: 2,73%. Para o
mesmo período, a cidade de Natal apresenta um crescimento de 1,60%.

Uma das maneiras que podemos entender melhor o desinteresse


crescente pelo bairro pode ser analisado pelo estudo de Jane Jacobs (2011).
Bairros decadentes são criados pelo uso único de grandes proporções que criam
fronteiras ou zonas de fronteiras. “Uma fronteira – o perímetro de um uso
territorial único de grandes proporções ou expandido – forma o limite de uma
área ‘comum’ da cidade” (Jacobs, 2011, p. 287). As linhas férreas são um
exemplo clássico de fronteira.

Afirma, também, que a mesma coisa acontece na faixa urbana da orla


marítima e que geralmente apresenta uma desvalorização ainda mais
acentuada. Seu problema básico é que essas faixas costumam formar becos
sem saída para a maioria das pessoas que utilizam suas ruas. Assim como, as
vizinhanças de campi universitários e parques amplos ou grandes hospitais
(Jacobs, 2011).

Se tal rua, que é o fim da linha para as pessoas vindas da área


comum da cidade, for pouco usada ou não tiver utilidade alguma
para as pessoas que estão nessa zona de fronteira de uso
público, ela estará fadada a ser um lugar morto, com poucos
frequentadores (Jacobs, 2011, p. 287).
33

“As fronteiras tendem, assim, a formar hiatos de uso em suas redondezas”


(Jacobs, 2011, p.287), pois as pessoas passam a simplificar o seu uso, quer
dizer, passam a usar menos essas ruas. E essa área simplificada tornando-se
estéril para empreendimentos econômicos, menos ainda atrairá usuários e mais
improdutivo se tornará o lugar. Inicia-se o processo de desconstrução ou
deterioração (Jacobs, 2011).

Os espaços de uma cidade podem ser divididos em dois tipos. O primeiro


é utilizado pelos pedestres que circulam livremente, por sua própria escolha de
um lugar a outro. Podem ser as ruas, os pequenos parques, saguão de alguns
prédios que não são fechados, muito comum nos prédios habitacionais de
Brasília, por exemplo. O outro tipo de espaço, pode ser chamado de especial,
ser público ou não, é um espaço onde as pessoas andam ao longo dele ou o
contornam, mas não através dele (Jacobs, 2011). “A partir dessa perspectiva,
todo o espaço especial de uma cidade é uma interferência no uso do espaço
público” (p.291).

O conceito de reabilitar significa uma intervenção sobre o tecido urbano


existente, na qual não há modificações no patrimônio urbanístico e imobiliário ou
pode haver uma modernização através da realização de obras de remodelação.
Pode haver, também, benefícios com instalações dos sistemas de infraestruturas
urbanas e dos equipamentos.

O objetivo último da requalificação é reabitar, atraindo para as áreas


de intervenção, novas famílias, população mais jovem, novas
atividades económicas, novos equipamentos de utilização coletiva de
apoio à residência, atividades comerciais de proximidade, mantendo,
sempre que possível, as atividades instaladas, recuperando-as e
modernizando-as (MATOS, 2007).
34

A recuperação de equipamentos públicos e a dinamização social e


econômica, é, sobretudo, um instrumento de melhoria das condições de vida da
população (BARRETTO, 2013). A requalificação urbana permite que se recupere
espaços públicos, parques, praças, a própria rua para uso pela população.
Também negócios são instalados, e estes dinamizam a economia, além de
proporcionar prazer estético. A revitalização é um instrumento que pode ser
utilizado para melhoria das condições de vida da população (BARRETTO, 2013).

Chama-se gentrificação (gentrification no original em idioma francês) ao


processo que ocorre em áreas onde as classes médias e altas começam a
ocupar bairros antes habitados pelas classes mais baixas e, após fazerem
algumas reformas, majoram os preços dos imóveis ou os alugam por um preço
mais altos, afastando os moradores originais para regiões mais distantes.
Ocorre, então, uma reconfiguração social (BARRETTO, 2013). Poderia ser
entendida como o processo de enobrecimento, aburguesamento ou elitização de
uma área. Isso pode ocorrer sem uma revitalização do bairro, em um processo
independente, mas com um grande risco de ocorrer em bairros onde foram feitas
intervenções urbanas.

Em algumas cidades da Europa, como Berlim na Alemanha (Ver Figura 7,


em seguida), Barcelona na Espanha e Paris na França, existem leis que proíbem
que os alugueis das áreas antes desvalorizadas com potencial para gentrificação
não possam subir mais que 10% do que a média da região. Mesmo assim, essa
lei só vale para imóveis antigos. Os imóveis novos ou os que sofreram
remodelação, ficam de fora da lei. Então, o processo ocorre mesmo com a
tentativa de evita-lo. Além disso, a lei proíbe o arrendamento temporário de
apartamentos e casas a turistas sem autorização da Câmara, e prevê multas até
100 mil euros para quem desrespeitar estas regras (Dossier, 2016).
35

Figura 7: Protesto nas ruas de Berlim contra gentrificação

Fonte: Dossier. Disponível em://bit.ly/2IMyosB. Acesso em 24/08/2017

Um caso que merece um olhar mais atento é a maneira que a França trata
com o problema. Desde 1980 o governo francês vem acompanhando os casos
de gentrificação. Eles não conseguem impedir totalmente o processo, mas
adotaram uma medida bastante eficaz para minimizá-lo.

Em 2014, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, listou 257 endereços com


8.021 apartamentos, determinando que, caso algum desses imóveis seja
vendido, o proprietário deve oferecê-lo em primeiro lugar à autarquia, a quem foi
atribuída a responsabilidade de estipular o valor da venda. Após a compra, a
câmara de Paris converterá o imóvel em habitação subsidiada destinada a
pessoas de baixo ou médio rendimento.

Se o proprietário não gostar do [preço] que for oferecido, pode


apelar a um juiz independente para ter um novo preço, ou pode
retirar a propriedade do mercado. O que o proprietário não pode
fazer é vender o apartamento para qualquer outra pessoa sem
tê-lo oferecido antes à prefeitura (Dossier, 2016).
36

Segundo Jan Gehl (2015), no desenvolvimento urbano que existe em todo


lugar, a dimensão humana foi negligenciada. Nos países emergentes, o
problema se intensifica devido principalmente ao crescimento acelerado da
população e ao aumento explosivo do tráfego.

Para que tornem viáveis, as cidades devem fazer um trabalho cuidadoso


com “as condições para as pessoas caminharem, pedalarem e utilizarem o
espaço público urbano” (Gehl, 2015, p. 229). Ver Figura 8, abaixo.

Figura 8: Copenhague, princípios de Gehl

Fonte: Piseagram.org. Disponível em https://bit.ly/2lLbNUa.> Acesso em 14/09/2017

Os projetos de revitalização urbana, segundo Jan Gehl devem obedecer


aos seguintes princípios de planejamento urbano (p. 232):

• Distribuir cuidadosamente, as funções da cidade para garantir menores


distâncias entre elas, além de uma massa crítica de pessoas e eventos.

• Integrar várias funções nas cidades para garantir versatilidade, riqueza


de experiências, sustentabilidade social e uma sensação de segurança
nos diversos bairros.

• Projetar o espaço urbano de forma a torná-lo convidativo tanto para o


pedestre quanto para o ciclista.
37

• Abrir os espaços de transição entre a cidade e os edifícios, para que a


vida no interior das edificações e a vida nos espaços urbanos funcionem
conjuntamente.

• Reforçar os convites para permanências mais longas no espaço público,


porque algumas pessoas por muito tempo em um local proporcionam a
mesma sensação de vitalidade do que muitas pessoas por pouco tempo .

No processo, a garantia que os espaços públicos vão oferecer conforto e


atrair as pessoas para caminhar, permanecer, sentar, olhar, conversar, ouvir,
enfim, diversas atividades (figura 9, 10, 11 e 12 a seguir). Garantir uma escala
humana com facilidade e confortos locais, nada deve ser deixado de lado para
que o espaço urbano seja melhor e mais funcional (Gehl, 2015).

Figura 9: Em Århus, Dinamarca, princípios de Gehl

Figura 10: Em Copenhague, Dinamarca


princípios de Gehl

Figura 11: Brighton, Inglaterra, princípios de


Gehl

Fonte: Ilustrada. Folha de São Paulo.


Disponível em https://bit.ly/2ILHztv. Acesso
em 14/09/2017
38

Figura 12: No Parque Bryant, Nova York, princípios de Gehl

Fonte: Folha de São Paulo. Disponível em https://bit.ly/2ILHztv. Acesso em 14/09/2017

O trabalho de Jan Gehl é a principal referência deste trabalho pois na


revitalização deste terreno da tancagem o mais importante no nosso
entendimento é que ele promova a integração e por isso todas propostas foram
pensadas levando em conta a escala humana, tornando o espaço convidativo à
permanência das pessoas. A distâncias, pensadas para serem as menores e
todas as funções integradas promovendo a sociabilização.
39

ESTUDOS EMPÍRICOS
ESTUDOS EMPÍRICOS
40

Este capítulo é dedicado ao estudo de referências pertinentes à proposta


urbanística, tema deste trabalho, analisa as experiências já realizadas em
revitalização de áreas degradadas e que mostram as mais variadas posturas de
reintegração dessas áreas aos moradores. A intenção não é provocar a expulsão
dos moradores para que os ricos venham morar. É justamente o oposto.
Proporcionar aos moradores atuais um melhor uso para o local.

Abaixo, iremos analisar algumas experiências realizadas em projetos de


revitalizações urbanas. Foram escolhidos dois estudos de caso nacionais e um
na Dinamarca, com diferentes propostas de intervenção para análise.

Novo Parque da Gare, em Passo Fundo RS

Na década de 1980, a estação ferroviária de Passo Fundo, conhecida


também por Gare, mudou de lugar. Foi assim que o espaço de 72 mil m² ficou
esquecido (Ver Figura 13). “A população passou a evitar o local, que ficou muito
degradado”, conta Ana Paula Wickert, secretária de planejamento do município
(Revista Arquitetura e Construção, 2016).

Figura 13: Antiga Estação ferroviária, Passo Fundo

Fonte: http://bit.ly/2xI1Coe. Acesso em 02/09/2017


41

O Parque da Gare foi revitalizado em toda a extensão de sua área e


entorno, desde a antiga Estação Férrea. Foi desenvolvido, em 2013, e o projeto
é de autoria da IDOM (empresa espanhola de arquitetura com escritório no
Brasil). A proposta abrange a parte paisagística e urbanística, com a inclusão de
diversos equipamentos de usos esportivos e de lazer (Figura 14, abaixo).

Figura 14: Atual Parque da Gare, Passo Fundo

Fonte: http://bit.ly/2xGqvAG. Acesso em 02/09/2017


42

Sua área é de 1.823 m². Foi desenhado para ser usufruído com elementos
de convívio e contemplação. É uma obra da Prefeitura Municipal e realizado com
investimentos oriundos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foi
necessário adaptar o novo parque e suas infraestruturas à topografia difícil do
terreno (conforme demonstrado na Figura 15, abaixo). Foram também
construídos diversos muros de contenção, pontes, passarelas e edificações que
ajudam à transposição de diferentes barreiras e organização do espaço.

Figura 15: Esquema de implantação

Fonte: http://bit.ly/2xGqvAG. Acesso em 02/09/2017


43

O desenho adota os caminhos e algumas quadras existentes,


melhorando a sua qualidade e acrescentando outros percursos
para acessos e organização interior do parque. A intervenção
urbana é dividida em dois tratamentos distintos, o interior
pertencente ao parque em piso de concreto e o exterior pertence
à cidade, em pedra da região – como todos os passeios da
cidade de Passo Fundo, mantendo a relação entre a cidade e o
novo parque (ArchDaily, 2017).

Os espaços conversam entre si e possuem uma rota de acessibilidade


universal que permite o fluxo de pessoas com mobilidade reduzida. O projeto
arquitetônico contempla a construção de um novo prédio para a Feira do
Produtor, novas pistas de skate, quadra poliesportiva, pista de bicicross,
brinquedos em um parque infatil, assim como a revitalização do Lago da Gare e
a preservação das áreas verdes.

O parque tem um café, que funciona todos os dias da semana para


atender a população e conta também com um anfiteatro ao ar livre e espaços
multiuso para feiras e eventos com usos na área cultural.

Foi criado um espaço direcionado para a leitura de mundo, do impresso


ao digital, da literatura e das artes aos games. Tem como objetivo formar leitores
com potencial para ler materiais em diferentes suportes, na perspectiva
contemporânea, com possibilidades de circulação entre linguagens artísticas e
manifestações culturais na ubiquidade (ocupar distintos espaços ao mesmo
tempo).

O edifício contém todo o seu programa no interior, devido às condições


climáticas (muitas chuvas) de Passo Fundo, e tem uma relação direta com as
duas ruas paralelas a si, assim como uma relação direta com os
estacionamentos adjacentes, para carga e descarga e clientes.
44

“Devido ao grande número de árvores já existentes no parque, foram


colocadas algumas mudas que vão compensar e organizar algumas das zonas.
O desenho do parque busca manter as manchas já existentes, agregando
elementos que compensam e organizam o parque. O desenho do espaço
urbanizado, considerado como piso duro, reflete essa intenção e mesmo alguns
elementos como o lago, são protegidos através do seu desenho para aumentar
a insolação dos espaços ou espécies. Criando pequenas alamedas de árvores
baixas, no sentido sul norte, para diminuir a sombra e aumentar a oxigenação
das águas e colocando pequenos conjuntos de árvores que tenham cor,
agregando assim uma distinção cromática agregada ao verde constante
existente atualmente no parque.

Com diversos pontos de lazer, as crianças terão opções de brinquedos e


gramados amplos. O parque também oferece o primeiro playground acessível
para crianças. Além disso, o lago do Parque da Gare também foi revitalizado e
ganhou uma passarela. A ponte acaba sendo um mirante, atração para observar
as belezas naturais do parque (Ver Figuras 16 e 17, em seguida).

Figura 16: à espera da tocha olímpica em 2016 - Parque da Gare, Passo Fundo

Fonte: http://bit.ly/2iPUNxv. Acesso em 02/09/2017


45

Figura 17: Implantação Parque da Gare, Passo Fundo

Fonte: http://bit.ly/2x1vPSe. Acesso em 02/09/2017

Este parque nos serve de inspiração por ser um projeto de revitalização


de uma área degradada, abandonada desde os anos 1980, pois foi um espaço
pensado para o convívio das pessoas. Além disso, atende os desejos dos
habitantes do lugar oferecendo um espaço para as feiras dos produtores da
região. Na área esportiva, o Parque da Gare conta com quadra de esportes, pista
de skate, bem como pista de caminhada e ciclovia no entorno do parque. E por
fim, seu lago foi revitalizado e ganhou uma passarela. A ponte funciona como
um mirante, uma atração para observar as belezas naturais do parque.
46

− Fredericia C e Realdania, Dinamarca

Na Dinamarca, nas cidades Fredericia C e Realdania, havia, no século 20,


um terreno ocupado por atividades industriais que se deslocaram e
abandonaram a área. O terreno tem 14 hectares e as prefeituras das duas
cidades Fredericia C e Realdania contrataram o escritório de Arquitetura SLA
para desenhar um parque temporário em que as propostas de uso e
determinação do espaço pudessem ser modificadas pelos usuários durante o
tempo em ele ficasse instalado (LANDEZINE).

O projeto de paisagem utiliza os processos naturais no desenvolvimento


urbano para criar a adaptação climática natural, um grande envolvimento do
cidadão, valor agregado econômico e uma clara identidade local e histórica no
novo distrito (LANDEZINE). Ver esquema (Figura 18) e fotos (Figuras 19 a 22,
em seguida).

Figura 18: Fredericia-C, Dinamarca

Fonte: http://bit.ly/2w0H4Fo. Acesso em 03/09/2017


47

Figura 19: Fredericia-C, Dinamarca

Figura 20: Fredericia-C, Dinamarca

Figura 21: Fredericia-C, Dinamarca

Figura 22: Fredericia-C, Dinamarca

Fonte: http://bit.ly/2w0H4Fo. Acesso em 03/09/2017


48

− Limeira, São Paulo

Um outro projeto serviu como inspiração é o que se baseia nas ideias de


Jacobs e de Gehl e que será construído no estado de São Paulo, na cidade de
Limeira (ver Figura 23, abaixo). Em um terreno de 300 mil m², as pessoas estão
sendo ouvidas e será uma parceria público privada (PPP). Está sendo chamado
de Bairro da Gente. O projeto buscou criar um bairro pelo qual fosse fácil, seguro
e agradável circular. A própria equipe de Gehl participou da elaboração do
masterplan (Barros, 2017).

Figura 23: Masterplan Bairro da Gente, Limeira

Fonte: http://abr.ai/2y9PNr1. Acesso em 14/09/2017

O local era um aeroclube que foi abandonado e a repaginação inclui


melhorar ou criar 30 lugares deste perímetro, entre praças, terminais de ônibus,
mercado e escolas.
49

Os autores do projeto, Iury Lima e Raouda Assaf, em dinâmicas e


conversas, ouviram, por exemplo, crianças e idosos dizerem sentir medo dos
carros, pela alta velocidade com que transitavam (ver Figura 24, em seguida).
Então, foram criadas calçadas largas priorizando o pedestre e vias mais estreitas
para carros, cujo desenho obriga os motoristas andar mais devagar. Explicaram
que o diálogo com a comunidade foi determinante para a definição do que fariam
dali em diante (Barros, 2017).

Figura 24: participação da sociedade, Limeira

Fonte: http://abr.ai/2y9PNr1. Acesso em 14/09/2017

Além de incentivar deslocamentos a pé e de bicicleta, o projeto


lançou mão de outras estratégias para aumentar a presença de
pessoas nas ruas. O bairro é de uso misto, ou seja, com
residências, comércio e serviços intercalados, e também de
renda mista, para que não vire nem um Minha Casa Minha Vida
nem um condomínio clube (embora preveja a construção de
unidades do programa do governo federal). Houve ainda a
preocupação de criar arquiteturas diferentes umas das outras,
sempre no esforço de tornar a paisagem mais interessante e viva
(Barros, 2017).
50

Através de uma nova técnica chamada “place branding”2 que permitiu que
através da colaboração dos moradores que a identidade e vocação de cada um
aparecesse criando neles um senso de pertencimento. Neste caso, o trabalho
foi realizado por uma empresa contratada. Com isso, alguns lugares que eram
considerados desinteressantes, puderam tornar-se atraentes.

2
Place Branding: é uma abordagem que identifica vocações, potencializa identidades e
fortalece lugares, a partir do envolvimento das pessoas que vivem e utilizam os lugares
51

CONDICIONANTES PROJETUAIS
CONDICIONANTES PROJETUAIS
52

O bairro de Santos Reis está ligado à história da ocupação do território da


atual cidade de Natal. Devido sua localização estratégica, ele foi se formando
pelos trabalhadores que participaram de atividades da construção do porto na
Ribeira, pela participação na cidade na Segunda Guerra Mundial e o seu
crescimento, sobretudo na primeira metade do século passado (Melquíades,
1999). Ver Figura 25, a seguir.

Figura 25: Santos Reis em foto antiga, sem data

Fonte: Santuário de Santos Reis. Disponível em https://bit.ly/2lwVz13

Com a implantação dos tanques de combustíveis no terreno em 1979, sua


ocupação redirecionou-se, desordenou-se, preconizou-se e limitou-se nas dunas
da orla à leste. Duas comunidades espontâneas estabeleceram-se a partir dos
anos 1960, Brasília Teimosa e Vietnã. Apesar de seu adensamento, algumas de
suas áreas são pouco frequentadas, como a da antiga Tancagem da Petrobrás,
área de intervenção deste TFG, assim como a área militar (ver Figura 26, a
seguir) e a área aberta ao público da ZPA-07.
53

Figura 26: muro isolando área privativa dos militares em Santos Reis

Fonte: Google Maps. Acesso em 2017

O terreno onde será feito este estudo, antiga área pertencente à Petrobrás
é murado. Está desocupado e em processo de regulamentação para que seja
definido qual será a sua destinação. Ele tem uma área de 114 m2, ficou ocupado
e interditado aos moradores por muito tempo e foi devolvido à prefeitura de Natal
em 2013 3. Além do temor permanente de se morar vizinho à tanques com
material inflamável e sujeito a explosões, o dano que o cercamento de um
terreno tão grande provocou no bairro será difícil de ser alterado.

O bairro apresenta uma separação nítida entre seus moradores e eles


mesmos não se identificam com os moradores de um mesmo bairro. Os
moradores que habitam o lado vizinho ao Rio Potengi e em torno das duas
praças, se consideram como os moradores históricos e não reconhecem os
moradores das comunidades do Vietnã e de Brasília Teimosa, como
pertencentes ao bairro. Os moradores dessas duas comunidades tampouco se
reconhecem como fazendo parte do bairro Santos Reis. Ver Figura 27, abaixo.
54

Figura 27: Terreno da Tancagem dividindo os moradores em Santos Reis

SANTOS REIS
17° GAC

Primeiros moradores do bairro

Tancagem

Vietnã
Rocas

Brasília Teimosa

Fonte: Google Images-2017 modificado pela autora

O uso que se pretende dar a essa região pode agravar essa situação ou
se tornar uma solução definitiva para integração entre os moradores.

A seguir, será apresentado o bairro Santos Reis. Mostraremos sua


história, sua evolução urbana e modificações geradas devido à ocupação do
grande espaço de terreno para os tanques de petróleo. A devolução deste
terreno à prefeitura e a provável futura utilização pelos moradores provocou-nos
uma vontade de promover uma reintegração dessa área ao bairro e proporcionar,
com isso, uma reurbanização do bairro como um todo. Este é o alvo de estudo
desse presente trabalho.

3
Jornal Tribuna do Norte. Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/a-rea-de-tancagem-
espera-despoluia-a-o/295348. Acesso em 09/08/2017
55

A cidade de Natal foi fundada em 25 de dezembro de 1599, segundo a


unanimidade dos historiadores. Sua formação deu-se dois anos antes com o
início da construção da fortaleza dos Reis Magos cujo objetivo principal era a
expulsão dos franceses que já dominavam a região (Teixeira, 2009).

Construído de acordo com o projeto 1597 do padre jesuíta


espanhol Gaspar Sampères, o forte é o primeiro da América
Lusitana a seguir o traço italiano, com uma arquitetura única no
Brasil, com uma linha de bastiões ao lado do rio e meio bastiões
com orillons ao lado da terra. Construído como parte da
campanha dos moradores de Pernambuco para expulsar
comerciantes franceses que trabalharam com populações
indígenas, foi atacado por uma força francesa e indiana no
mesmo ano de sua construção. Mais tarde, em 1634, o forte foi
tomado pelos holandeses, permanecendo sob sua
administração por vinte anos. (UNESCO, 2015)

Os primeiros registros em Santos Reis aparecem em 1877, com a


presença de raros pescadores que habitavam a região da Limpa, atual Santos
Reis. (Miranda, 1999).

Em Natal, a cidade apresentou um grande espalhamento da sua


população depois da grande seca no início do século XX. Toda a extensão de
terra do Canto do Mangue até a Campina do Forte, chamava-se vulgarmente de
Limpa. Depois, devido à montagem de peças de ferro pelo Ministério de Viação
e Obras Públicas, o lugar passou a se chamar Montagem (Melquíades, 1999).

A primeira capela, que foi construída pelos portugueses ficou sob domínio
dos holandeses de 1633 a 1654. Quando foram expulsos pelos portugueses, os
holandeses destruíram a capelinha como vingança. Os colonos a reconstruíram,
mas em 1672 resolveram construir uma igreja mais sólida (Cascudo, 1999). Era
conhecida como Capela da Limpa, e em 15 de abril de 1982 a Igreja da Limpa
foi elevada à categoria de Santuário: o Santuário Arquidiocesano dos Santos
Reis. Esta capela atual motivou uma nova configuração de crescimento da área,
mudando o panorama de ocupação do território por parte dos moradores em
seguida (Melquíades, 1999).
56

Durante a gestão do engenheiro Omar O’Grady como Intendente


Municipal de Natal (denominação antigo do prefeito de Natal), as iniciativas de
modernização da cidade, tanto governamentais como privadas, continuavam a
seguir as propostas ditadas pelo Plano de Sistematização de Natal, elaborado
pelo arquiteto Giacomo Palumbo, em 1929. Ao reformular esse plano original,
ele teve a preocupação de projetar ruas largas, arborizadas e que as casas
tivessem recuos. Projetou um bairro cidade-jardim entre o Rio e o Oceano
Atlântico, atual bairro de Santos Reis, proposta inspirada nas ideias modernistas
da época (Ferreira, 2008). Ver figura 28, abaixo. A proposta não chegou a ser
implantada.

Figura 28: Plano Geral de Sistematização

Fonte: Ferreira at al, 2008, p.110


57

Nessa época, vários alemães moravam em Natal, na área hoje do 17°


GAC. Eles instalaram a primeira base de voos na região, conhecida como “Praia
da Limpa” e contaram com o apoio do então governador Juvenal Lamartine.
Foram construídos dois grandes hangares e uma rampa para hidroaviões. A
construção dessa rampa foi anterior à “rampa americana”, construída depois. Foi
chamada pelos jornais da época de “Base da Condor”, devido ao Sindicato
Condor que o administrava (Melquíades, 1999).

Em 1935, o escritório de Saturnino de Brito foi contratado e apresentou


vários estudos e propostas arquitetônicas e urbanísticas com relação à rede de
saneamento e da expansão urbana. Criou o Plano Geral de Obras, 1936, no qual
apresentou proposta para o primeiro aeroporto de Natal (ver Figura 29, a seguir),
na área onde hoje é ZPA-7.
Figura 29: Mapa de Santos Reis com o projeto do aeroporto, 193-

Fonte: Ferreira at al, 2008, p. 166


58

Durante a 2ª Grande Guerra foi construído o aeroporto em Parnamirim,


para que os aviões dos Estados Unidos pousassem em Natal para serem
reabastecidos e então voarem para combater na África. Ele servia de base de
apoio às forças aliadas. Durante o conflito mundial, o Aeroporto Augusto Severo
foi o aeroporto mais movimentado do mundo. Chamava-se Parnamirim Field 4.
Depois do fim da guerra, este aeroporto passou a ser o aeroporto de Natal e a
proposta para o aeroporto em Santos Reis do Plano Geral de Obras foi
descartada (Natal, 2012).

No bairro cidade-jardim, haveria uma divisão do bairro Santos Reis com


núcleos de atividades distintos, separando a moradia de outros setores da
cidade. Cada unidade tinha entre 400 a 500 lotes, distribuídos em quarteirões e
ruas. Todos terminavam em uma praça. Esses lotes eram colocados em torno
de uma área ajardinada (Ferreira, 2008).

Havia também áreas destinadas à circulação, áreas para implantação de


espaços verdes e para equipamentos coletivos. A preocupação maior era
preservar o lençol freático da cidade (Ferreira, 2008). Ver Figura 30, abaixo.

Figura 30: lençol freático da cidade

Fonte: Ferreira, Ângela; Dantas,


George. A Cidade Sã e Bela. P. 171

4
www.wikipedia.org. Acesso em 05.03.2014
59

Mas foi só a partir de 1954, com a posse de Sylvio Pedroza como


governador que resolveu-se criar um bairro a partir da Praia da Limpa: o bairro
de Santos Reis. Foram iniciadas doações para os primeiros loteamentos, mas,
já nessa época, começou a haver um “comércio” paralelo com a revenda desses
terrenos. Em 1956, os lotes começam a ser vendidos pelo governo aos
interessados. As primeiras casas foram construídas nos terrenos doados (Natal,
2009).

A expansão do bairro, porém, só aconteceu na administração do Prefeito


Djalma Maranhão. Nessa época, houve a liberação para construir em mais
alguns terrenos e os seus limites foram redefinidos pela Lei n.º 4.330 de 05 de
abril de 1993, oficializada quando da sua publicação no Diário Oficial do Estado
em 07 de setembro de 1994 (Natal, 2012).

Desde a década 1940, uma parte da área do bairro era reservada para os
tanques subterrâneos da Standard Oil ou Esso. Em 1954, com a nacionalização
do petróleo, criou-se a Petrobrás no governo de Getúlio Vargas (Natal, 2012).

Em 1958 aconteceu o primeiro incêndio na região, ainda com poucos


moradores e sem vítimas. A área pertencia à Esso. Em 1979, iniciou-se a
construção do parque da Petrobrás – BATAL (ver Figura 31, em seguida).
(Melquíades, 1999).

A localização dos tanques, então, foi alterada para o final da R. João


Carlos, onde ficou até setembro de 2013, quando começou o seu desmonte.
Atualmente, o terreno encontra-se desocupado, em processo de
descontaminação e a prefeitura da cidade e a Aeronáutica, que é dona da maior
parte do terreno, discutem qual a sua melhor utilização. Entre as ideias, a
construção de um parque temático e um museu do petróleo, além da
possiblidade de virar área residencial tanto para militares como para construção
de condomínios populares que abrigariam as comunidades carentes do Vietnã e
Brasília Teimosa (Melquíades, 1999).
60

Figura 31: Vista aérea da Base da Petrobrás Distribuidora em 1982

Fonte: Melquíades, 1999, p.154

Neste bairro, existe também uma Zona de Proteção Ambiental, a ZPA 7,


que está em processo de regulamentação e ainda em fase de estudos, conforme
Figura 32, em seguida. Essa área compreende os limites da Fortaleza dos Reis
Magos, imóvel tomando em nível federal, e seu entorno. O bairro também é parte
da Zona Especial Turística 3 (SZ-2/ZET-3), instituída pelo Plano Diretor Físico-
Territorial (Lei 3.175/84). Dentro da ZPA 7, existe ainda uma área militar, restrita
e de uso exclusivo das Forças Armadas. (Natal, Natal meu bairro minha cidade,
2009)

Além disso, o bairro também abriga uma Área Especial de Interesse Social
(AEIS) de mesmo nome do bairro AEIS Santos Reis. Por se tratar de questões
que ainda estão sendo definidas em lei e sujeitas a debates entre membros da
sociedade civil, este estudo vai se restringir à área definida como AEIS, não
incluindo a ZPA-07 e nem a área restrita aos militares. (Natal, Natal meu bairro
minha cidade, 2009)
61

Figura 32: mapa de Santos Reis

Terreno de intervenção

Fonte: SEMURB/2009, Natal Meu Bairro, Minha Cidade

Legenda

AEIS SANTOS REIS

Zpa-07
62

Com relação à apropriação do bairro por seus atuais moradores, a análise


dos fatos históricos vai ajudar a entender processo de crescimento morfológico
configurado e consolidado no atual contexto. Mesmo o Forte dos Reis Magos
sendo o marco inicial do bairro, somente com a construção da Igreja promoveu-
se a permanência dos primeiros moradores e, em seguida, outro marco foi a
presença dos militares no início do século XX.

Segundo Panerai (2006), um polo de crescimento pode ser entendido com


a origem a partir do qual se dá o crescimento de uma área, por meio do qual se
organiza a constituição do tecido urbano, cuja evolução é marcada por um centro
inicial, o que não impede o surgimento de outros centros ou de mudanças nestas
configurações. Desta forma, entende-se que a igreja, além de marcar o início da
ocupação do bairro, constituiu-se um polo de crescimento após ser inserida na
região compreendida atualmente como “Centro Histórico do Bairro de Santos
Reis”, conforme Figura 33, em seguida.

Figura 33: Igreja influenciando o crescimento do bairro Santos Reis

Igreja de Santos Reis Av. José Melquíades

Fonte: Google Maps/2017 modificada pela autora


63

Além da igreja, outros polos foram consolidados ao longo do tempo, como


a própria área militar (que compreende o Iate, Rampa e as atuais casas
construídas na região Norte do bairro). É possível visualizar pela leitura dos
mapas produzidos com dados a partir dos anos 70, que o tecido urbano seguiu
um direcionamento contínuo, quase que linear, no mesmo sentindo da
implantação da igreja, e o traçado de vias e quadras que se configura atualmente
ainda segue este padrão. Por sua vez, a Avenida José Melquíades (antiga Av.
Café Filho), principal via do bairro, também segue esta lógica, constituindo-se
como linha de crescimento.

Um caso particular, e não menos importante, é o do surgimento e


consolidação das comunidades do Vietnã e Brasília Teimosa onde é possível
identificar que a via beira mar também funcionou como linha de crescimento no
processo de ocupação destes territórios Ver Figura 34, em seguida. Observa-se
que, por meio destes elementos, a Aglomeração dinâmica segue sentidos de
crescimento espontâneos e distintos, em relação aos variados polos
identificados.
Figura 34: barreiras de crescimento

Vietnã

Brasília Teimosa

Fonte: Google Maps/2017 modificada pela autora

Barreira de crescimento
64

As barreiras ao crescimento identificadas na área relacionam-se a objetos


naturais – O rio Potengi e o Oceano Atlântico – ou construídos, que por sua vez
podem ser físicos, no caso do Rio Potengi, ou administrativos, como o limite
entre os bairros de Santos Reis e Rocas.

As comunidades do Vietnã e de Brasília Teimosa, adensaram-se ao


extremo (ver Figura 35 e 36, em seguida), entre o mar, e o muro da tancagem.
Desta forma, transposição do limite de crescimento é possível desde que o muro
seja derrubado e haja uma nova iniciativa de expansão no bairro, unificando as
áreas e permitindo uma expansão da aglomeração existente ao longo do
território desocupado.

Figura 35: Rua Otoniel Menezes na comunidade do Vietnã Figura 36: Rua Otoniel Menezes na comunidade do Vietnã

R. Otoniel Menezes

R. Otoniel Menezes

R. Otoniel Menezes

R. Otoniel Menezes

R. Otoniel Menezes Terreno da Tancagem

Terreno da Tancagem
Figura
Fonte:acervo 1: -R.
da autora 2017. Fonte: Google Maps-2017, modificado pela autora.
Professor Terreno da Tancagem
Evaristo de
SouzaR. Otoniel Terreno da Tancagem
Menezes

Figura 2: R.
Professor Evaristo
de Souza

Figura 3: Rua
da Estrela,
VietnãFigura 4:
R. Professor
Evaristo de
65

4.3. TRAÇADO

Com relação ao sistema viário, ao pesquisar no código de Obras do


Município constatou-se que quase todas as vias da área são locais. A principal
via do bairro, a Avenida José Melquíades (Antiga Avenida Presidente Café Filho),
é classificada como Via Coletora II, cujo fluxo é recebido pela Rua Profa. Berta
Guilherme de maneira direta. Enquanto as ruas mais próximas aos polos
principais são mais largas e regulares, aquelas mais próximas ao bairro das
Rocas são mais estreitas com a presença de vielas.

As principais vias de acesso ao bairro são a Ruas Cel. Flamínio, João


Carlos de Souza e a Av. José Melquíades, por isso as linhas predominantes de
ônibus circulam por essas vias. Há pontos de ônibus próximos à área, mas as
linhas são poucas (78/47 e 48) e não há uma alternativa de transporte público.
No geral, as vias estão em bom estado de conservação, são pavimentadas e
favorecem a circulação de veículos, exceto a Rua Décio Fonseca que, apesar
de pavimentada, é estreita e não permite o fluxo de veículos.

As calçadas apresentam muitos obstáculos e desníveis (ver Figura 37 em


seguida). Em alguns casos a edificação projeta-se na calçada e, em outros, há
escadas e rampas ocupando o espaço. Na parte mais desordenada da área, as
calçadas chegam a ser inexistentes: tal como citado anteriormente, elas tendem
a sumir a medida que as ruas se estreitam e aparecem as vielas.
66

Figura 37: rua Professor Evaristo de Souza

Figure 38: rua Professor Evaristo de Souza

Fonte: acervo da autora - 2017

De acordo com as observações feitas em campo, a região ocupada


atualmente pelo Vietnã é ocupada, predominantemente por residências
unifamiliares. Não se percebe uma setorização entre áreas comercial e
residencial, e a maioria das edificações com uso comercial são mistas, ou seja,
também são residenciais. Há poucos lotes sem uso. O pouco comércio existente
fica na rua virada para o lado da praia e para o trecho final da Av. Professor José
Melquíades.

Percebeu-se durante as visitas ao bairro que a região da comunidade de


Brasília Teimosa tem maior predominância de usos mistos. A maioria dos
negócios são informais e funcionam na parte da frente da residência. Alguns
poucos, tornaram-se prédios, com a parte do térreo totalmente dedicada ao
comércio e parte superior destinada a residência.
67

Na comunidade do Vietnã, viu-se também que nas ruas que não são à
beira-mar (as localizadas ao lado do muro da Tancagem) não existe nenhum tipo
de comércio. Ver Figuras 38 e 39, abaixo. Nem do tipo misto. Talvez a
comunidade seja fechada a visitantes externos, não permitindo o acesso que
existiria no caso de algum tipo de comércio. A entrada e passagem pelas ruelas
do bairro é fortemente controlada pelos olheiros.

Figura 38: Rua da Estrela, Vietnã Figura 39: Rua da Estrela, Vietnã

Figure 41: Rua da Estrela, Vietnã Figure 40: Rua da Estrela, Vietnã

Fonte: acervo da autora-2017 Fonte: acervo da autora-2017


68

O bairro Santos Reis se insere na Zona Adensável, estabelecida no


macrozoneamento da Lei Complementar nº. 082 de 21 de junho de 2007.

Ainda há neste bairro uma Zona de Proteção Ambiental, denominada


ZPA-7, que está em vias de ser regulamentada e está em processo de discussão
com a sociedade. Essa ZPA compreende os limites da Fortaleza dos Reis
Magos, imóvel tombado em nível Federal, e seu entorno, constituindo-se num
sítio histórico relevante do ponto de vista artístico, arquitetônico, cultural,
paisagístico e turístico. O bairro também é parte da Zona Especial Turística 3
(subzona SZ-2/ZET-3). Este bairro apresenta algumas normas e restrições,
principalmente em relação à ZPA-07 (Natal, 2012)

A primeira restrição origina-se da Lei Municipal 3.639/87, que regulamenta


a Zona de Especial Interesse Turístico 3 – ZET 3, instituída pelo Plano Diretor
de 1984 e que estabelece regras para o controle da ocupação do solo em toda
a orla marítima central da cidade, na faixa costeira compreendida pelas praias
do Forte, do Meio e de Areia Preta, com o objetivo de preservar a visão cênico-
paisagística do lugar (Natal, 2012).

O controle da ocupação é realizado a partir da observância às prescrições


especiais adicionais para edificar (fixação de gabaritos máximos para as
edificações) em áreas delimitadas por um cone de visada que envolve a faixa
litorânea referida, definido a partir de dois pontos de observação: um ponto (P1)
na Av. Getúlio Vargas, que projeta um conjunto de linhas de visuais pelas praias
do Meio e do Forte e outro (P2) na Rua Pinto Martins, que projeta um conjunto
de linhas de visuais em direção à faixa litorânea correspondente às praias de
Areia Preta e Miami (Natal, 2012). Ver Figura 40, em seguida, do trabalho
realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
69

Figura 420: Mapa de interferência Visual em Santos Reis

Figure 43: Mapa de interferência Visual em Santos Reis

Fonte: Relatório COPPE/UFRJ/2016, alterado pela autora

A área da tancagem encontra-se dentro dos cones com proteção de


gabarito. Considerando o trabalho desenvolvido pelo Instituto Alberto Luiz
Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro – COPPE/UFRJ por solicitação da Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e Urbanismo de Natal-RN em abril/2016, esses visuais já foram
alterados devido à implantação da Ponte Newton Navarro.
70

Mas, considerando que a lei não foi alterada, este trabalho será proposto
em obediência às prescrições de cunho urbanístico da ZET-3 e nada será
proposto com gabaritos superiores à altura permitida. Visão atual, conforme
Figura 41, abaixo.

Figura 41: terreno da tancagem murado e Brasília Teimosa à direita

Figure 44: terreno da tancagem murado e Brasília Teimosa à direita

Vietnã

Vietnã

Vietnã Vielas

Terreno livre da Tancagem Vielas

Figure 35: R. Prof. Evaristo de


Vietnã Vielas
Souza, Santos ReisTerreno
livre da Tancagem
Vielas
Figura 81: R. Prof. Evaristo
de Souza, Santos Fonte: Google imagens/2017. Alterado pela autora Vielas
Vietnã
ReisTerreno livre da
Tancagem
Vielas
Figure 35: R. Prof. Evaristo de
Souza, Santos ReisTerreno
livre da Tancagem Vietnã Vielas

Figura 82: R. Prof. Evaristo de Vielas


Souza, Santos Reis

Vietnã Vielas
Figura 83: R. Bela Vista,
Santos ReisFigura 84: R.
71

Nesta parte do trabalho, serão expostos os fatores socioeconômicos que


caracterizam o barro Santos Reis, tais como demografia, tipos de domicílios,
renda, taxa de alfabetização e atividades empresariais mais encontradas. Estas
informações serão baseadas em dados divulgados pela SEMURB anualmente
nos guias “Anuário Natal 2015” e “Conheça melhor o seu Bairro”, com base nos
dados do IGBE e de outros órgãos afins.

De acordo com dados do Censo Demográfico de 2010 pelo IBGE, e


divulgado no Manual de Santos Reis (Natal, 2012), o bairro Santos Reis possui
5.641 habitantes, sendo 2.178 mulheres o que corresponde a 52,37% da
população e 2.687 homens, 47,63%.

A base da pirâmide mais larga embaixo indica que a população é mais


jovem (38,61% tem até 24 anos) e os idosos (mais de 65 anos) representam
9,73% da população do bairro. (ver Gráfico 1, abaixo)

Gráfico 1: Estrutura etária da população de Santos Reis

Fonte: Conheça melhor o Seu Bairro, Santos Reis. Fonte: SEMURB/2009 adaptado pela autora
72

Dos moradores do bairro, 97,39% habitam em casas, 1,18% em casas de


vila ou condomínio e 1,44% moram em apartamentos. Os 5.641 habitantes do
bairro moram em 66,62% domicílios próprios, 25,15% em domicílios alugados,
8,10% em imóveis cedidos e 0,13% não responderam. Dados do IBGE, censo
de 2010 (Natal, 2012).

No bairro existem 1.531 domicílios permanentes e 5.638 moradores, o


que representa uma média de 3,68 moradores por domicílio (Natal, 2012).

Segundo os dados fornecidos pelo censo de 2010, 86,6% da população


do bairro recebe, no máximo, o valor de 2 salário mínimos, sendo que, 67%
recebem até 1 salário mínimo (ver Gráfico 2, abaixo). Estes valores estão bem
abaixo da população de Natal, em média 3,1 salários mínimos, de acordo com o
censo 2010, feito pelo IBGE5.

Gráfico 2 Rendimento da população de Santos Reis

13,7%

35,3%
19,3%
até 1/2
até 1/2
até 2
mais de 2

31,7%

Fonte: Conheça melhor o Seu Bairro, Santos Reis. Fonte: SEMURB/2009 adaptado pela autora

5
IBGE, Censo Demográfico 2010. Fonte: http://bit.ly/2x19ZP4. Acesso em 29/09/2017, 19 hs.
73

Pela tabela e gráfico elaborados pela Secretaria Municipal do Meio


Ambiente e Urbanismo – SEMURB, com base nos dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (censo 2010), a taxa de alfabetização de pessoas com
mais de 5 anos de idade no bairro é de 88,82%. Seus valores estão um pouco
baixos se comparados ao da região leste, mas quase igual ao percentual de toda
a cidade de Natal, conforme Gráfico 3, abaixo (Natal, 2012).

Gráfico 3: Taxa de Alfabetização de Santos Reis

Fonte: Conheça melhor o Seu Bairro, Santos Reis. Fonte: SEMURB/2009 adaptado pela autora
74

Segundo dados fornecidos pelo Cadastro Empresarial do Rio Grande Do


Norte – CEMP do SEBRAE/RN, as atividades empresariais do bairro se dividem,
principalmente entre serviços e comércio (ver Gráfico 4, abaixo) (Natal, 2012).

Gráfico 4: Atividade Empresarial de Santos Reis

Fonte: Conheça melhor o Seu Bairro, Santos Reis. Fonte: SEMURB/2009 adaptado pela autora

Dentre as atividades existentes no bairro, o comércio varejista ocupa a


maior parte com 49,39% das atividades, seguida pelo setor de alimentação com
12,58%. Ainda de acordo com o CEMP, no censo de 2010, das atividades
existentes no bairro, 73,68% do comércio, tem um faturamento até R$ 38.000,00
o que corresponde a 74,5 salários mínimos 6 e 10,53% entre R$ 38.000,00 e R$
60.000,00 (117,64 salários mínimos). Nos serviços, o faturamento chega a R$
80.000,00 (156,86 salários mínimos) e 20% entre R$ 38.000 e R$ 60.000,00.
(Natal, 2012).

6
Salário mínimo em 2010: R$ 510,00. Fonte:
75

O grau de adensamento da área de estudo apresenta duas classificações:


urbano residencial, com predomínio de edificações térreas na parte histórica do
bairro (mais perto do rio) e podemos classificar como uso misto (residencial e
comercial) a maior parte das edificações das comunidades de Brasília Teimosa.
Além disso, as edificações, em sua maioria, são horizontais e conjugadas. As
edificações em sua maioria são térreas, com a presença de alguns sobrados,
não apresentando recuos nos lotes.

Quando feita a análise da micro acessibilidade da localidade percebeu-se


que as calçadas são em argamassa ou com revestimento cerâmico, com a
presença de pouco desníveis, mas muitos obstáculos, pois em alguns casos elas
são ocupadas pelas edificações que ultrapassam os limites dos seus lotes ou
por escadas e rampas. Além disso, em alguns pontos são mais altas. Algumas
são construídas com as portas de entrada mais altas do que o passeio e é
necessário a construção de alguns degraus na frente da casa, invadindo o
passeio público, conforme vemos na figura abaixo. Até mesmo postes são
colocados em cima das caçadas, conforme pode ser visto na Figura 42, abaixo.

Figura 42: R. Prof. Evaristo de Souza, Santos Reis

Figure 45: R. Prof. Evaristo de Souza, Santos Reis

Fonte: acervo da autora - 2017


76

Com relação a algumas outras ruas do local, nem o passeio existe. Uma
rua, como a Bela Vista, é larga, só tem casas de um dos lados, mesmo assim,
não há calçadas (ver Figura 43, a seguir).

Figura 463: R. Bela Vista, Santos Reis

Figure 47: R. Bela Vista, Santos Reis

Fonte: acervo da autora - 2017


77

Já as vias de circulação de automóveis são todas pavimentadas, sendo


algumas delas asfaltadas e as demais calçadas, apresentando-se muito
impermeabilizadas, sendo possível identificar apenas uma pequena área
permeável, a qual se destina a uma praça. Nessa não há equipamentos e
vegetação considerável, o que não difere do restante da área de estudo. Quase
não há presença de vegetação, apenas alguns pontos ao lado de residências ou
em suas calçadas, que proporcionam um conforto bem restrito ao local em que
estão plantadas, ou seja, a sombra que projetam.

Com relação aos ventos predominantes, fazendo uma análise individual e


sem aparelhos, percebe-se que na Rua Otoniel Menezes - a qual possui
edificações conjugadas e uma pequena praça quase sem equipamentos e
vegetação - a predominância destes na direção Leste-Oeste. Mesmo assim,
devido às ruas largas, percebeu-se um clima ameno e fresco, principalmente no
final da tarde.

Especificamente, na região do Vietnã, há pouca ventilação. Devido ao


traçado das vias (ver Figura 44, abaixo), suas dimensões e ao grande
adensamento das habitações o ar não circula livremente.

Figura 44: Travessa Vietnã,


Santos Reis

Figure 48: Travessa Vietnã,


Santos Reis

Fonte: acervo da autora - 2017


78

De acordo com os dados do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas


Espaciais, em Natal, no dia 06/10/2017 a temperatura era de 29⁰ e, ao longo do
dia ocorreu uma variação de 5⁰ - entre 24⁰ no início da manhã e 29⁰ no pico de
calor do dia. Ver Figura 45, abaixo.

Figura 45: Dados de temperatura local do INPE

Figure 49: dados de temperatura local do INPE

Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Acesso em 06/10/2017

Com o intuito de subsidiar a elaboração do programa de necessidades


devidamente adequado às necessidades e desejos da comunidade, foi
elaborada aqui um quadro representativo dos equipamentos urbanos
encontrados no bairro Santos Reis. Iremos apresentar os equipamentos de
educação, de segurança, de saúde, de esportes, de transporte e as
organizações comunitárias existentes.

No bairro existem duas escolas estaduais e duas escolas municipais.


Essas escolas atendem desde os anos iniciais da educação infantil até o ensino
médio. Ver tabela 1, abaixo. Não existe escola profissionalizante nem de ensino
superior.
79

Tabela com Estabelecimentos de Ensino em Santos Reis

Unidade de Ensino Nome Local Grau de Instrução

Est. Café Filho R. Décio Fonseca Fund e Médio


Estadual
Est. Profa Josefa Sampaio Av. Pres. Café Filho Fund e Médio

Mun. Henrique Castriciano R. Décio Fonseca Inf. e Fund


Municipal
Mun. De Santos Reis R. João Carlos de Souza Inf. e Fund

Fonte: Secretaria de Estado de Educação e Cultura. – SEEC. SEMURB/2009. Elaborado pela


autora.

O CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil no Brasil para crianças de


0 a 5 anos) que consta como fazendo parte do bairro no Manual Conheça Melhor
o seu Bairro, Santos Reis, de 2012, teve sua localização alterada para o bairro
Rocas em 13/06/2016.7 Uma das escolas, na Figura 46, em seguida.

Figura 46: Escola Prof. Josefa Sampaio

Figure 50: Escola Prof Josefa Sampaio

Fonte: acervo da autora, 2017

7
Notícia publicada pela Prefeitura Municipal de Natal em seu portal. Disponível em
http://bit.ly/2xG2BYM. Acesso em 30/09/2017 às 20:10 hs.
80

Existe um posto policial na Comunidade Brasília Teimosa que consta no


Manual Conheça Melhor o seu Bairro, Santos Reis, de 2012. E, até 2013,
enquanto a Petrobrás utilizava o bairro para armazenar combustíveis, existia ali
um grupamento do Corpo de Bombeiros, que, atualmente, encontra-se
desativado.

Em relação a postos de saúde ou qualquer outro tipo de equipamento de


saúde, apesar de no Manual Conheça Melhor o seu Bairro (2012) não constar a
sua existência, existe na comunidade Brasília Teimosa, um posto de saúde que
atende a população de Santos Reis como também as do vizinho bairro Rocas e
que se localiza ao lado do posto policial.

Em 2014, a principal praça do bairro tinha um espaço livre pavimentado


(ver Figuras 47, abaixo). Atualmente esta praça tem um espaço cercado e que
proporciona aos jovens da região um espaço para jogos ao ar livre (ver Figura
48, em seguida).
Figura 47: Praça Eng. Wilson Miranda em 2014

Figure 51: Praça Eng. Wilson Miranda em 2014

Fonte: acervo da autora – 2014


81

Figura 48: Praça Eng. Wilson Miranda em 2017

Figure 52: Praça Eng. Wilson Miranda em 2017

Fonte: acervo da autora - 2017

Além disso, existem dois espaços à beira-mar para a prática de esportes.


Em um dos espaços, existem duas quadras, uma de futebol, gramada, e outra,
menor, no cimento, do tipo poliesportiva. Situam-se em frente à comunidade do
Vietnã (ver Figura 49, abaixo). Mas essas duas quadras não são gratuitas. Os
moradores devem pagar uma taxa de R$ 80,00 por hora, de acordo com
informações do vice-líder do Centro Social de Brasília teimosa, Sr. Luiz Antônio

Figura 49: Quadras à beira-mar em Santos Reis

Figure 53: quadras na à beira-mar em Santos Reis

Fonte: acervo da autora, 2017


82

Um outro espaço, mais perto do Forte dos Reis Magos, que se formou
informalmente, e hoje é reconhecido pela prefeitura, é a área à beira-mar para
os praticantes de Kitesurfe. Mas, aparentemente esta área não é frequentada
pelos moradores do bairro pois quase todos estão com grandes equipamentos e
vêm ao local de carro. Provavelmente, trata-se de moradores de outras regiões
da cidade ou turistas.

Conforme observação feita pelo morador Luiz Antônio, vice-líder do


Centro Social de Brasília Teimosa, que mora há muitos anos no bairro, ele
percebeu que ocorreu, também, uma mudança nas marés e que destruiu uma
parcela da areia à beira-mar que era utilizada pelos jovens moradores do bairro
para peladinhas informais na areia, conforme Figura 50, abaixo. Era uma das
grandes opções de lazer para todos os moradores.

Figura 50: Futebol na areia na Praia do Forte (em frente ao bairro Santos Reis).

Figure 54: futebol na areia na Praia do Forte (em frente ao bairro Santos Reis).

Fonte: Marcus Sampaio. Foto de 2009


83

Com esse alerta foi feita uma investigação se realmente existia alguma
comprovação dessa teoria. Analisando o histórico, foi constatado que a
prefeitura de Natal fez um aterro hidráulico para permitir a construção dos
espigões na praia de Areia Preta, para aumentar a estabilidade nessa faixa de
praia (ver Figura 51, abaixo).

Figura 51: Obras em Areia Preta para aterrar a praia

Figure 55: Obras em Areia Preta para aterrar a praia

Fonte: Eugênio Cunha, 2004 apud Lidiane Nunes

E, de acordo com os estudos feitos no trabalho de Pós-graduação em


Geografia de Lidiane de Souza Nunes, que estudou a dinâmica costeira entre as
praias de Areia Preta e do Forte, apenas 60% da obra foi concluída. O transporte
dos sedimentos, que se realiza na direção Sul-Norte, não está acontecendo na
Praia do Meio e na Praia do Forte. A construção dos espigões e da obra
incompleta do aterro hidráulico pode estar afetando a erosão que ocorre nas
Praias do Meio e Praia do Forte (2011) .

Segundo informações da própria SEMOV, “a prefeitura não pretende


finalizar o aterro e não prevê a realização de nenhum outro projeto na praia de
Areia Preta” (NUNES, 2011, p. 111).
84

O bairro Santos Reis é servido por algumas linhas regulares de ônibus:

− A empresa Oceano opera uma linha regular (160 A) que liga a cidade
de Extremoz à aos bairros de Petrópolis e Alecrim passando pela av.
Café Filho. Esta linha não entra no bairro Santos Reis.

− A empresa Conceição opera outra linha regular (59) que leva os


passageiros entre a região oeste da cidade (Felipe Camarão) ao bairro
Santos Reis, passando pelo Alecrim, Cidade Alta e Ribeira.

− A empresa Guanabara opera uma linha regular (13 A) que liga o bairro
Redinha à Petrópolis, passando pelo bairro Santos Reis, uma linha
que liga a Vila Verde ao Alecrim, passando por Petrópolis e Santos
Reis (81), uma linha que liga o bairro Soledade na zona norte ao bairro
Petrópolis e também passa por Santos Reis (84)

− A empresa Santa Maria opera a única linha que opera no terminal de


Santos Reis (48) que se origina ali e vai até o bairro Alecrim passando
pelo Campus Universitário da UFRN. Além disso, opera uma outra que
liga o bairro Guarapes à comunidade de Brasília Teimosa, em Santos
Reis (59). Além disso passam pela Av. Café Filho, a linha 132, 173 e
175.

De todas as linhas que passam pela avenida da praia, as duas que


realmente servem aos moradores, é a linha 48 que passa pela Praça Engenheiro
Wilson Miranda e a 59 que passa por dentro da comunidade Brasília Teimosa.
As demais linhas, contornam o bairro e os moradores precisam se deslocar até
as ruas de seus trajetos8.

8
Todas as informações sobre os transportes urbanos foram retiradas dos sites das empresas
que servem o bairro Santos Reis: Guanabara, Oceano, Santa Maria e Conceição, de acordo com
observação da autora em visitas ao bairro.
85

Em relação às paradas de ônibus, (figuras 52 e 53, abaixo), apenas dois


pontos apresentam uma proteção contra o sol e um banco. Como as demais
apresentam apenas placas indicativas de ônibus. Nenhuma delas indica qual a
linha de ônibus que passa por ali, seu trajeto e muito menos os horários de
chegada e partida.

Figura 52: Parada na Av. José Melquíades Figura 53: Parada na Rua Miramar

Figure 57: Parada na Av. José Melquíades Figure 56: Parada na Rua Miramar

Fonte: acervo da autora, 2017 Fonte: acervo da autora, 2017

Como uma cidade que se diz turística e deseja aumentar seu fluxo de
turismo não possui um mapa da cidade com as principais linhas de transporte
urbano, não sinaliza suas paradas e nem ao menos indica o destino? Acho que
seria além da utopia imaginar que poderia também constar o horário previsto de
chegada e saída. Ver exemplos nas figuras 54 e 55, em seguida. Mas se é ruim
para o turista, precisamos pensar mesmo é no cidadão que precisa e utiliza
diariamente esse transporte para se deslocar ao trabalho ou escola. Não é
necessário apenas mais linhas de ônibus e mais viagens por itinerário. É
necessária e urgente também, a informação.
86

Figura 54: Exemplo de itinerário

Figure 58: Exemplo de itinerário

Fonte: Blog Como andar de ônibus em Paris. Disponível em http://bit.ly/2yCCA9A. Acesso em


01/10/2017

Figura 55: informação de horário na parada de ônibus em Saint-Étienne, França

Figure 59: informação de horário na parada de ônibus em Saint-Étienne, França

Fonte: acervo da autora, 2016


87

De acordo com o Manual da Semurb Natal, meu Bairro Minha Cidade


(2009), existem em Santos Reis 7 associações e centros, 2 clubes de mães, 1
conselho comunitário e 1 grupo de idosos. Porém nas diversas visitas ao bairro,
verificamos que o centro comunitário do Vietnã e outros foram desativados.
Atualmente, em funcionamento, de acordo com o Sr. Luiz Antônio Miranda, vice-
presidente do Centro Social de Brasília Teimosa e Rocas, existe apenas o centro
localizado em Brasília Teimosa, e é frequentado pelos moradores de Santos Reis
assim como do bairro Rocas. Localiza-se em Brasília Teimosa, na Travessa São
Fracisco.

Em conversas com diversos moradores da comunidade de Brasília


Teimosa, muitos manifestaram desejo de ver aberto o terreno e que sejam
criadas habitações sociais e, principalmente, novas oportunidades para os
jovens da localidade com que consideram abandonados quando atingem a
adolescência. Muitos sugeriram a criação de escolas profissionalizantes.

O problema maior parece ser na comunidade do Vietnã. As suas vias não


têm nome (se é que pode se chamar de rua) e os pontos são conhecidos como
o “L” o “H” e o “T”. São as formas dos encontros de vielas, que não são
percebidos nem em vista aérea. A visita ao bairro foi cercada de olhares
desconfiados e foi necessário parar em quase todos os “pontos” para que fosse
dada uma explicação sobre o objetivo do mesmo. Quase como um pedido de
autorização. Algumas pessoas chegaram a se zangar porque, disseram, sempre
vão lá tirar “fotos” e nunca resolvem nada.

Em 2008, a Prefeitura Municipal de Natal gastou R$ 6.893.000,009


(valores de 2008) no aterro da Praia de Areia Preta, enquanto abandona a
população de Santos Reis e que, além de tudo, por causa dessas obras,
perderam um de seus espaços de lazer gratuito que era a beira-mar da praia em
frente. (Ver aterro em Areia Preta na figura 56, abaixo).

9
Valor citado na dissertação em Geografia de Lidiane de Souza Nunes, de 2011.
88

Figura 56: aterro e relógio do sol em Areia Preta

Figure 60: aterro e relógio do sol em Areia Preta

Fonte: foto de Jovanildo Pessoa, 2017

4.8.7. Impactos Ambientais

De acordo com Plano Diretor, no caso de implantação de


empreendimentos e atividades de interesse social ou de utilidade pública ou no
caso de empreendimentos e atividades privadas de destinação coletiva, de forte
impacto ao meio ambiente urbano, deverá ser apresentado relatório de impacto
paisagístico por parte do empreendedor, com base em Termo de Referência
emitido pelo órgão municipal de planejamento urbano e meio ambiente.

O EIA/RIMA10 é exigido na fase de licença prévia de empreendimentos ou


atividades que possam causar significativa degradação ambiental.

10
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
89

O terreno da tancagem mostra-se uma área promissora com enorme


potencial para melhorar a vida das pessoas que moram ao lado. O terreno
cercado e desocupado desde o fim de 2013, aguardando processo de
descontaminação. As figuras 57 e 58, em seguida, o terreno no bairro com a
visão sul e em seguida a visão norte.
Figura 57: Santos Reis – visão sul

Figure 61: Santos Reis – visão sul

Vietnã e Brasília
Teimosa

Vietnã e Brasília Terreno da Tancagem


Teimosa

Vietnã e Brasília Figure 51: Santos Reis -


Teimosa Brasília Teimosa e
Área militar
Vietnã e Brasília
Teimosa Área militar Terreno da Tancagem

Vietnã e Brasília Área militar Figure 51: Santos Reis -


Teimosa
Fonte: Fotografado por Canindé Soares e modificado pela autora
Brasília – 09/09/2017
Teimosa e
Área militar
Vietnã e Brasília Figura 58: Santos Reis – visão norte
Teimosa Área militar
Terreno da Tancagem
Figure 62: Santos Reis – visão norte
Vietnã e Brasília Área militar
Teimosa Figure 51: Santos Reis -
Área militar Área militar Brasília Teimosa e
Tancagem
Vietnã e Brasília
Teimosa Área militar Área militar
Área militar Terreno da Tancagem
Vietnã e Brasília Área militar Área militar
Teimosa Área militar
Vietnã
Figure 51: Santos Reis -
Área militar Área militar
Vietnã e Brasília
Área militar Brasília Teimosa e
Teimosa Área militar Área militar
Área militar Vietnã
Vietnã e Brasília Área militar Terreno da Tancagem
Teimosa Área militar
Área militar Brasília Teimosa
Área militar Área militar Vietnã
Figure 51: Santos Reis -
Vietnã e Brasília
Área militar
Teimosa Brasília Teimosa e
Área militar
Fonte: Fotografado por Canindé Soares
Área militar
e modificado
Brasília Teimosa pela autora - 09/09/2017
Área militar
Vietnã e Brasília Vietnã
Teimosa Área militar Área militar Terreno da Tancagem
Área militar
Brasília Teimosa
Vietnã e Brasília Área militar Área militar
Vietnã
Figure 51: Santos Reis -
Área militar
Teimosa Brasília Teimosa e
Área militar Área militar
Área militar Brasília Teimosa
90

4.9.1 A AEIS Santos Reis e seu Entorno

Esta região onde se localiza o terreno, está cercada por uma área
predominantemente residencial, mas existe bastante uso misto. Os pequenos
comércios são encontrados nas próprias residências, tanto no lado de Santos
Reis, como no lado do bairro Rocas, na lateral sul do terreno. Mas o uso misto
não existe dentro da comunidade do Vietnã. Talvez pelo fato de as ruas serem
muito estreitas ou talvez pela não aceitação de “visitas” pelos moradores. O “não-
morador” não é bem-vindo.

Em relação ao gabarito, a maioria das edificações é térrea. Existem


edificações com dois andares e até três, porém não ultrapassam o gabarito
permitido pela lei e não modificam o perfil do bairro, que apresenta
predominância de casas, conforme demonstrado anteriormente.

Apesar de várias tentativas, não foi autorizada a entrada no terreno, que


ainda está arrendado à Petrobrás. Mesmo já tendo retirado seus tanques, ela é
a responsável pelo processo de descontaminação. Esse processo estava sendo
realizado pela empresa contratada Organização Odebrecht, mas está suspenso
por tempo indeterminado. Depois de tentar em várias instâncias, a autora foi
aconselhada a não entrar no terreno.

Após uma conversa com o engenheiro químico da Petrobrás, Carlos


Enrique Medeiros, fomos informados que a descontaminação está sendo
conduzida pelo Petrobrás que responde ao Idema. A empresa contratou a
Odebretch para os serviços de descontaminação.
91

4.9.2 Condicionantes Legais

Até o ano de 2007, Santos Reis viu sua população decrescer ao


longo do tempo. Com a construção da nova ponte e os questionamentos que
estão sendo feitos em razão da possível regulamentação da ZPA 07, o bairro
vem assistindo transformações e acreditamos ser a hora de promover a melhoria
da sua infraestrutura em função da liberação do terreno da tancagem.

Além disso, para elaboração do projeto devemos ter como base as


legislações do Plano Diretor de Natal (Lei 082/2007), do Código de Obras e
Edificações do Município de Natal (Lei complementar 055/2004), o código do
Meio Ambiente do Município de Natal (Lei 4100/1992) e a lei federal do Código
Florestal (Lei 12.651/2012).
92

A PROPOSTA A PROPOSTA
A
Figura 161: Festa de Reis Magos em Santos Reis em janeiro/2015

PROPOSTA
Figura 162: Festa de Reis Magos em Santos Reis em janeiro/2015

Figura 163: Apresentação do Boi-de-Reis em Santos Reis em janeiro/2006Figura 164: Festa

de Reis Magos em Santos Reis em janeiro/2015 A PROPOSTA


93

Em primeiro lugar, procurou-se encontrar uma forma de relacionar as


várias realidades urbanas que se constituem no entorno do espaço a se intervir.
Explicamos no referido capítulo que, devido à barreira que se tornou o muro da
Tancagem, o seu crescimento ocorreu de forma separatista com comunidades
com anseios diferentes e relacionamento apenas no seu entorno.

Além disso, procuramos identificar as prioridades das comunidades


existentes e as maiores carências, visto que, enquanto de um lado existem ruas,
calçadas e praças, mesmo que precárias, em outros, nem ruas existem. Quando
muito, se configuram passagem de pedestres, onde não há calçadas e onde se
acumula água servida das casas.

A maior dificuldade ainda é a falta de qualidade na moradia para as


comunidades de Brasília Teimosa e do Vietnã e que se constitui no maior desejo
dos moradores entrevistados em visitas informais ao bairro. Os seus habitantes
já são acostumados a morar sem calçadas e sem vias largas e nem percebem a
falta destas. As poucas pessoas que aceitaram participar de entrevistas, quando
solicitadas, dizem que o problema da região é somente a falta de moradia digna
(uma casa maior). A partir das observações in loco, viu-se que são insuficientes
os espaços abertos, os espaços verdes, ventilação, segurança, a possibilidade
de locomoção a centros de saúde e o acesso fácil às escolas.

Resumindo, a intervenção consiste em atuar sobre realidades já


existentes e gerar, a partir delas, uma lógica de integração dos espaços
conforme demonstrado nos diversos momentos de desenvolvimento da proposta
(ver descrição a partir da página 103).
94

Relacionando o trabalho que queremos implantar no terreno da


Tancagem com a tradição que existe no bairro de comemorar a festa de Reis e
a festa popular folclórica do Boi de Reis, e para manter vivas as tradições do
lugar para que as pessoas se identifiquem com o novo espaço, será sugerido
um Bosque que terá referências na Festa de Reis (ver Figuras 59 e 60, abaixo).11

Figura 59: Festa de Reis em Santos Reis em Figura 60: Apresentação de Boi-de-Reis em
janeiro/2015 janeiro de 2006

Figure 64: Festa de Reis em Santos Reis em Figure 63: Apresentação de Boi-de-Reis em
janeiro/2015 janeiro de 2006

Fonte: Portal do Gov. RN. Disponível em https://bit.ly/2qKOCw5 Fonte: Folclore do Brasil. Disponível //bit.ly/2HARyoM.

Como é a principal festa do bairro e que reúne toda a população, inclusive


dos bairros vizinhos, e sendo o objetivo do trabalho a integração das
comunidades, visando deixar o espaço atrativo e com identificação entre os
moradores, o conceito deste trabalho é a festa de Reis. Devido a um contexto
sociocultural dos moradores e para que suas tradições sejam resgatadas.

11
O Boi de Reis é uma manifestação popular e exibe-se dos meados de novembro à noite de
Reis, 6 de janeiro, pertencendo ao ciclo do Natal, na cidade de Natal.
95

Existe um contraste entre as várias comunidades dos moradores do bairro


Santos Reis. São vários núcleos heterogêneos entre si, com lógicas de
urbanização diferentes, tipologias diferenciadas, e diversidade na densidade da
área construída. Podem ser constatados na região do bairro, conforme Figura
61, em seguida:

• o bairro histórico, que remonta ao início do bairro, contada no livro do


historiador José Melquíades, morador do bairro;

• as comunidades de Brasília Teimosa e do Vietnã;

• o terreno da Tancagem;

• a área militar e residências militares.

Figura 61: Mapa de Santos Reis e as comunidades

Figure 65: Mapa de Santos Reis e as comunidades


Santos Reis

Santos Reis
bairro dos militares
Santos Reis
bairro dos militares
Santos Reis

Santos Reis

bairro histórico Santos Reis


Vietnã
bairro histórico Santos Reis
Vietnã
bairro histórico Santos Reis Brasília
Terreno da Teimosa
Tancagem Vietnã
bairro histórico Santos Reis
Terreno da
Brasília
Tancagem Vietnã
bairro histórico Teimosa
Rocas Santos Reis
Terreno da Vietnã
bairro histórico Brasília
Tancagem
Santos Reis Teimosa
Figur modificado pela autora
Fonte: Google Maps-junho/2018, Vietnã
bairro
Terrenohistórico
da a Brasília
Tancagem 241: Santos Reis Vietnã
Teimosa
bairro histórico
Mora
Terreno da Santos Reis Vietnã
Tancagem
bairro histórico
dore Brasília
Teimosa
se
Santos Reis Vietnã
Terreno
bairro da
histórico entre Brasília
Tancagem vista Teimosa
Vietnã
Santos Reis
bairro histórico sRoca
96

Considerando que a caracterização do espaço urbano público se faz pela


institucionalização de uma reestruturação urbana baseada nos conceitos de Jan
Gehl e Jane Jacobs. A criação de corredores para pedestres e espaços verdes
vai funcionar com uma rede viária e com funcionalidade rodoviária, servindo
como motor de atração para o bairro. O objetivo é não somente atrair para o
bairro, como também funcionar como espaço de passagem entre bairros.

Entre as ruas que saem do bairro Rocas e do próprio bairro, existirão


espaços verdes, com bancos e mesinhas para uma parada e que poderão ser
motivo de criação de novas relações urbanas conforme descrito no trabalho
sobre praças de Lúcia Leitão. Esse relacionamento com o novo espaço pode ser
temporário ou permanente.

Abaixo, identificamos por região no mapa abaixo, na Figura 62, em


seguida, os pontos onde foram feitas as entrevistas com os moradores e suas
principais demandas.
Figura 62: Moradores e entrevistas

Figure 66: Moradores e entrevistas


Demanda: Habitação e
Demanda: Escolas e
praças parque infantil

Demanda: Escolas e Demanda: Habitação e


praças parque infantil

Demanda: Escolas e Demanda: Habitação e


Demanda:
Demanda: Habitação parque infantil
praças Habitação,
Escola e Creche
Vietnã
Demanda: Habitação Demanda: Habitação e
Demanda: Escolas e
praças parque infantil
Demanda: Escola Demanda:
Demanda: Habitação
Vietnã Habitação,
Demanda: Habitação e Escola e Creche
Demanda: Escola
Demanda: Escolas e
parque infantil
praças
Demanda: Habitação Vietnã Demanda:
Demanda:
Habitação, Escola e
Demanda: Escola Demanda: Habitação e
Brasília Habitação,
Centro Cultural p
Demanda: Escolas e Vietnã
Demanda: Habitação
praças parque infantil Teimosa Escola
Festae Creche
de Reis

1 entrevista
Demanda: Escola
Demanda: Habitação Vietnã Demanda:
Demanda:
Demanda: Escolas e Demanda: Habitação e Brasília
parque infantil Habitação,
Habitação, Escola e
praças 12 entrevista
Demanda: Escola
entrevistas Teimosa Escola e Creche
Centro Cultural p
Demanda: Habitação
Vietnã Festa de Reis
Demanda: Escolas e Demanda: Habitação e
Demanda: Escola
12 entrevista
entrevistas parque infantil Brasília Demanda:
praças Entre
Demanda: 3 e 5 entrevistas
Habitação Habitação,
Teimosa
Vietnã Demanda:
Escola e Creche
Habitação, Escola e
Demanda: Escola
12 entrevista
entrevistas
Entre
Demanda: 3 e 5eentrevistas
Habitação
Escolas Demanda: Habitação e Centro Cultural p
praças parque infantil Brasília Festa de Reis
Entre 6 e 10 entrevistas Vietnã Demanda:
Demanda: Escola Teimosa
12 entrevista
Demanda: entrevistas
Habitação
Entre 3 e 5 entrevistas Fonte: Mapa Semurb/2010, modificado pela autora
Habitação,
Demanda: Escolas e Demanda: Habitação e Escola e Creche
Demanda:
Figura
Demanda:
praças Escola 305: parque infantil Vietnã Habitação, Escola e
12 entrevista
Demanda: entrevistas
Habitação Brasília Centro Cultural p
Entre 3 e 5 entrevistas
situação atual Teimosa Demanda:
Festa de Reis
Demanda:
Demanda: Escola
Escolas e Demanda: Habitação e Vietnã Habitação,
do
1
Demanda: bairro
2 entrevista
entrevistas
Habitação
praças Entre Santos
3 e 5 entrevistas
parque infantil Escola e Creche
Brasília Demanda:
Reis
Demanda: Entre 6 e 10
Escola Vietnã Habitação, Escola e
Demanda:2 entrevista
entrevistas
Habitação
1entrevistas
Demanda: Escolas Demanda: Habitação e Teimosa Demanda:
Entre 3 e 5eentrevistas parque infantil
Centro Cultural p
Habitação,
praças Festa de Reis
Demanda: Escola Escola e Creche
Demanda: Habitação Vietnã
Brasília
12 entrevista
entrevistas
EntreFigura 306:
3 e 5 entrevistas Demanda: Habitação e
97

Inicialmente, todo terreno deverá continuar fechado enquanto o processo


de descontaminação do bairro está se processando.

Todo o trabalho desenvolvido a partir deste momento, levará em


consideração que terá sido dada continuidade aos serviços de descontaminação
pelas empresas responsáveis e com as devidas licenças emitidas pelos órgãos
competentes.

As propostas foram feitas com base no Mapa do Bairro Santos Reis (2010)
disponibilizado pela Semurb.

O terreno foi terraplanado em 1979, a instalação dos tanques ocorreu em


1980, e desde então, não foi modificado. A proposta foi baseada na análise visual
do site Google Maps e sujeita a comprovação, pois ainda não foram liberados os
estudos a respeito. Segundo essa análise (da autora), alguns espaços não
receberam tanques enquanto que outros ficaram permanentemente ocupados.
Essa proposta se dará em Momentos para instalação gradativa, de acordo com
os trabalhos de descontaminação da empresa responsável e o relatório da
EIA/RIMA.

A seguir, apresentamos abaixo, o mapa do bairro com o terreno de


intervenção, atualmente fechado aguardando a continuação do trabalho de
descontaminação. Ver Figura 63, com a Prancha 01/09, em seguida.
98

Figura 63: Situação atual do bairro Santos Reis

Figure 67: situação atual do bairro Santos Reis


99

Num primeiro momento deste trabalho, que será nominado Primeiro


Momento, pensamos um espaço que será ocupado com habitação para as
famílias. Somente após este momento, poderá ocorrer a abertura do muro e a
criação das vias do entorno deste espaço.

Em seguida, atendendo também aos pedidos dos moradores, em


entrevistas12, pretende-se que em um Segundo Momento seja construída uma
escola Técnica e Profissionalizante. Este espaço também depende da liberação
da área contaminada que está sendo providenciada gradualmente. Algumas
mães sugeriram, posteriormente, a inclusão de uma creche, que será incluída no
terreno do exercício projetual, mas sujeita a análise pelos profissionais do setor
para análise da adequação.

Continuando na mesma linha de raciocínio, introduzimos em um Terceiro


Momento uma praça que se pretende que seja o elemento central integrador
das comunidades, com equipamento urbanos, com espaços para lazer,
esportes, jardins, áreas de contemplação, além de arquibancadas para a festa
de Reis ou outro evento do bairro.

Em um Quarto Momento, sendo liberado pelos órgãos responsáveis pela


descontaminação, estão propostos dois espaços, mais um para Habitação Social
e um outro com destinação livre e não permanente, para exposições, feiras ou
algum evento organizado pela comunidade ou Instituições Públicas, baseando-
se nas ideias implantadas em Fredericia C e Realdania, na Dinamarca.

Por fim, no Quinto Momento, um espaço que, de acordo ainda com a


análise visual do Google Maps foi pesadamente ocupado pelos tanques. Essa
proposta será a última e, nela, propõe-se que seja um bosque com árvores
nativas ou adaptadas ao clima. Esse bosque pretende continuar o trabalho de
descontaminação e proporcionar mais espaços verdes, pois o bairro carece de
vegetação em seu espaço residencial.

12
Conforme demonstrado na página 96 deste trabalho
100

O sistema viário é apresentado de forma preliminar para toda a área de


intervenção projetual, apesar de não ter sido incluído nas descrições dos
Momentos deste trabalho. Este fará parte dos projetos complementares sujeita
a estudos de profissionais e órgãos responsáveis. Em cada um, haverá
cruzamento de vias locais, pistas para ciclovia e faixas de pedestres.

A seguir, cada Momento com sua descrição e com as imagens ilustrativas.


101

Primeiramente, a área indicada na página seguinte, com a Figura 63


apresentando o Primeiro Momento. Nesta área será feita intervenção inicial,
na área onde são propostos blocos para habitação social, onde serão
alojadas logo após a finalização, todas as famílias que perderão as casas
para aberturas das ruas para acesso ao bairro, subordinando essa análise a
uma equipe institucional com profissionais das demais áreas envolvidas. Esta
é a principal demanda dos moradores, que é um dos objetivos deste trabalho,
ao escutá-los sobre suas expectativas. Ver Figura 64, com a prancha 02/09.

Figura 64: Primeiro Momento

Figure 68: Primeiro Momento


102

Na página a seguir, na Figura 65, a prancha 03/09 e após a construção


das casas para habitação social, um outro espaço desse terreno, onde
também não havia tanques, só estava um pouco mais próximo, já pode ser
transformado desde que liberado da contaminação pelos órgãos
responsáveis. Nesse segundo momento propõe-se uma escola
profissionalizante, de horário integral contemplando um segundo pedido dos
moradores que gostariam de dar uma ocupação aos jovens que terminam o
estudo fundamental. Também poderá ser incluída uma creche para as
famílias do bairro. Assim como no projeto de Limeira São Paulo, atende-se a
palavra do habitante.

Figura 65: Segundo Momento


103

Neste momento, a área destinada à Praça e Cultura poderá ser


considerada. Em seguida, com a Figura 66, a prancha 04/09, detalhamos esse
espaço. Lá, haverá mobiliário urbano e um espaço com arquibancadas que será
utilizado para a apresentação da Festa de Reis13. Pretende-se que sejam
incluídos uma pista para skate, um parque infantil, além de áreas de convivência
e de contemplação. Esta praça reflete a inspiração no projeto de Limeira, SP,
atendendo os habitantes, assim como o Parque da Gare em São Paulo, tornando
um espaço desativado em parque com atrações para a população.

Figura 66: Terceiro Momento

13
Festa de Reis, conceito deste trabalho, página 98
104

Neste momento mais um espaço destinado à construção de habitação e


um outro, chamado Espaço Uso Múltiplo e ficará com destinação aberta, onde
poderão ocorrer eventos temporários como feiras, apresentações teatrais do
bairro ou manifestações cívicas, a critério das comunidades locais, inspirado no
parque de Fredericia-C, na Dinamarca. Estará localizado ao lado do bosque
onde haverá um estacionamento que servirá aos frequentadores do bosque, da
praça e por fim, dos eventos que aconteçam no espaço dinâmico. Essa proposta
está demonstrada na Figura 67, a seguir, com a prancha 05/09.

Figura 67: Quarto Momento


105

Por fim, o espaço mais contaminado e o último a ser liberado (Relatório


de Impacto Ambiental), será proposta a implantação de um bosque. Será um
Bosque que terá o nome de Parque e, posteriormente, os moradores serão
consultados e poderão escolher um nome que tenha relação com a Festa de
Reis e às apresentações do Boi de Reis. Com isso, pretende-se criar uma
identificação dos moradores com o espaço criado e para que se sintam à vontade
para o frequentar. A seguir, na Figura 68, com a prancha 06/09, é possível
acompanhar esse momento.

Figura 68: Quinto Momento


106

Todo o planejamento será feito de maneira a preservar o desenho das


ruas que já existem e fazendo que a circulação entre se torne mais fácil. Além
do que com a retirada do muro e construção de ruas, a ventilação do bairro e
dos adjacentes terá uma melhora significativa.

Essas ruas serão estreitas e as calçadas mais largas, privilegiando o uso


pelos pedestres e fazendo diminuir a velocidade dos carros, como está
ocorrendo em Limeira (SP).

Ao contrário do Parque da Gare em Passo Fundo, RS, este terreno não


tem uma topografia difícil visto o terreno já ter sido modificado pela Petrobras.
Mas a intenção permanece a mesma: os espaços devem conversar entre si e
possuir uma rota de acessibilidade que permita o fluxo de pessoas com
mobilidade reduzida.

Então, pretende-se que a abertura das ruas entre os diversos ambientes


propostos facilite a integração entre os moradores, que é um o objetivo principal
deste trabalho. Ver desenho do sistema viário na página em seguida, na Figura
69, apresentando a prancha 07/09.

Sendo a área de estudo predominantemente plana, na área deste terreno


a orientação solar é bem definida. Estas áreas são as que recebem maior
quantidade de radiação solar e estão sujeitas aos ventos dominantes do Leste.
A preocupação maior é deixar que esses ventos atravessem a extensão do
terreno, proporcionando maior conforto ambiental ao espaço, aos moradores das
áreas adjacentes e aos bairros vizinhos.
107

Figura 69: Sistema Viário


108

Em seguida, mostramos algumas imagens onde apresentamos o projeto


a luz das recomendações de Jan Gehl.

- “Projetando o espaço de forma a torná-lo convidativo tanto para o pedestre


como para o ciclista”, ver Figura 70, em seguida:

Figura 70: Ciclovias e faixas de pedestres

Fonte: Proposta da autora


109

- “Distribuir as funções da cidade para garantir as menores distâncias entre elas,


além de uma massa crítica de pessoas e eventos.” conforme Figura 71, em
seguida:

Figura 71: Diminuindo as distâncias

Escola Profissionalizante

Habitação

Arquibancadas

Espaço para convivência

Fonte: Proposta da autora


110

- “Reforçar os convites para permanências mais longas no espaço público


porque algumas pessoas por muito tempo em um local proporcionam a mesma
sensação de vitalidade do que muitas pessoas por pouco tempo”, conforme
Figura 72, em seguida:

Figura 72: Permanências mais longas

Espaço para convivência

Fonte: Proposta da autora


111

- “Abrir os espaços de transição entre a cidade e os edifícios, para que a vida no


interior das edificações e a vida nos espaços urbanos funcionem
conjuntamente”, conforme Figura 73, em seguida:

Figura 73: Espaço de transição

Habitação

Pista de skate

Fonte: Proposta da autora


112

- “Integrar várias funções nas cidades para garantir versatilidade, riqueza de


experiências, sustentabilidade social e uma sensação de segurança”, conforme
Figura 74, em seguida:

Figura 74: Espaço Multiuso

Escola

Bosque

Fonte: Proposta da autora sobre Google Maps/2018


113

Em seguida, na Figura 75, com a prancha 08/09, apresentamos o


resultado do desenho urbano projetado.

Figura 75: Resultado final


114

E, para concluir, em seguida, na Figura 76, a prancha 09/09 do espaço


projetado com a área da praça central com arquibancadas, parque infantil, pistas
de skate e áreas para convivência em detalhes.

Figura 76: Espaço cultural, de esportes e lazer


115

E sua implantação no bairro, na Figuras 77, em seguida:

Figura 77: Proposta final simulada no bairro

Fonte: Etapa final proposta pela autora sobre Google Maps/2018


116

CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
117

Por considerar que o espaço arquitetônico pode influir na vida de pessoas


e que os espaços podem interferir nos seus relacionamentos, este estudo teve
como objetivo principal elaborar uma proposta de requalificação do terreno da
tancagem no bairro Santos Reis que pudesse proporcionar condições de
habitabilidade, visando a integração entre os moradores, a acessibilidade e a
possiblidade de destinar espaços para projetos de educação, esportes e lazer
para a população. Julgando que a arquitetura tem como função primordial
possibilitar a geração de novos lugares, adequados ao acolhimento e a melhoria
das relações sociais, com possibilidades de interação social.

Este trabalho se fundamenta no ideal de ajudar a melhorar a integração


entre as diversas comunidades da AEIS Santos Reis, tudo isso de acordo com
o Código de Obras e o Plano Diretor do município de Natal e as normas
específicas para AEIS.

Nesse sentido, foram feitos encaminhamentos para requalificar o terreno


e que podem melhorar as condições de vida das comunidades do seu entorno e
proporcionando a integração entre os moradores, que é o principal objetivo deste
trabalho

Foram propostos, também, espaços para esportes, lazer, espaços verdes,


uma área para contemplação e relaxamento e uma outra área de convivência
com bancos, parque infantil e espaços abertos, promovendo aproximação dos
moradores de uma comunidade com a outra.

Como este trabalho baseou-se nas ideias do projeto de Limeira, cujo


principal diferencial é a consulta aos moradores, um pedido especial dos
moradores foi atendido com a inclusão de um espaço para a Festa de Santos
Reis e para a apresentação do Boi de Reis. Para isso, foram pensadas as
arquibancadas que serão úteis também para o carnaval.
118

Foi atendido, também, um pedido em relação à educação. Uma escola


para os jovens e uma creche. Por isso, concentramos no mesmo espaço, uma
área para a escola técnica profissionalizante e a creche, sujeita a análise de
equipes fora da área de atuação da arquitetura.

A criação dos espaços para habitação foi uma necessidade que surgiu
logo no início do planejamento quando foi necessário abrir o terreno criando ruas
onde existiam casas com seus moradores. Por isso, este foi primeiro momento
de execução deste trabalho para que o processo possa ocorrer sem traumas.

Por fim, a ideia inicial deste trabalho de promover um espaço que seja
aberto para todos os lados da AEIS Santos Reis, que facilite o deslocamento e
promova o mútuo conhecimento entre os moradores foi amplamente atendido
com a criação do sistema viário que corta o terreno, com pistas exclusivas para
pedestres e ciclovias.

Foram necessárias algumas escolhas pois esta proposta para ser


executada depende de alguns elementos independentes entre si, mas que tem
relação direta com este projeto como o Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/RIMA), o relatório da Petrobrás com a finalização do processo de
descontaminação, outros profissionais como engenheiros químicos, educadores
e assistentes sociais, além da Prefeitura de Natal e militares da marinha e
aeronáutica (União).

Portanto, a finalidade proposta foi cumprida pois deixamos claro que este
trabalho é um passo inicial que pretende envolver os moradores em sua
execução e mostrando como a Arquitetura e Urbanismo pode melhorar a vida
das pessoas.
119

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