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Celso Furtado e o início da industrialização no Brasil

Resenha Crítica:

O texto em análise aborda a questão da industrialização no Brasil sob a perspectiva de Celso


Furtado, destacando seu posicionamento sobre as origens e o desenvolvimento inicial desse setor
na economia brasileira. O autor apresenta uma análise em duas partes, examinando primeiramente
as publicações de Furtado anteriores à sua obra mais conhecida, "Formação Econômica do Brasil",
e posteriormente sua produção teórica e historiográfica após essa obra.

O autor argumenta que, embora haja críticas à ausência de explicações detalhadas sobre as origens
da indústria no Brasil na obra de Celso Furtado, o próprio autor fez referências às raízes da
industrialização brasileira. O autor destaca que Furtado identificou o Nordeste como o local onde
se instalaram as primeiras manufaturas têxteis modernas e que o processo de industrialização
começou em várias regiões do Brasil simultaneamente. O texto ressalta que a industrialização
brasileira, embora tenha começado descentralizada, concentrou-se no Centro-Sul, e a fase decisiva
de concentração ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial.

A análise apresentada na segunda parte do texto explora o desenvolvimento da industrialização


brasileira com base no livro "Desenvolvimento e Subdesenvolvimento" de Celso Furtado. O autor
destaca a relação entre o processo de industrialização e o mercado interno, a desvalorização cambial
e as medidas protecionistas do governo. Além disso, Furtado enfatiza que a industrialização
brasileira não começou do zero, mas sim como uma expansão de indústrias complementares às
exportações e daquelas induzidas pelos gastos dos consumidores.

Furtado também faz observações sobre a heterogeneidade do empresariado industrial no Brasil,


destacando três subgrupos distintos: o setor privado nacional, o setor privado estrangeiro e o setor
de empresas públicas. Além disso, ele lança uma crítica ao conceito de desenvolvimento
econômico, argumentando que a economia industrial subdesenvolvida não é uma fase que tende a
ser superada, e que o desenvolvimento econômico deve ser definido em termos de aproximação a
um paradigma em constante transformação.

A análise crítica do texto revela que o autor apresenta uma visão abrangente do pensamento de
Celso Furtado sobre a industrialização brasileira. Ele ressalta as contribuições do autor, destacando
a complexidade do processo e a importância de considerar as particularidades do contexto histórico
e econômico do Brasil. No entanto, a resenha também poderia ser enriquecida com uma discussão
mais aprofundada sobre as contribuições específicas de Furtado para o entendimento da
industrialização no Brasil e como suas ideias se comparam às de outros pensadores. Além disso,
seria interessante explorar as implicações de suas teorias para o desenvolvimento econômico atual
do país.
Resumo:

O texto apresenta uma análise crítica das ideias do economista brasileiro Celso Furtado sobre as
origens e o desenvolvimento inicial da industrialização no Brasil. Embora Furtado não tenha
dedicado obras específicas ao tema, o autor argumenta que suas obras contêm insights valiosos
sobre o processo de industrialização no país.

Celso Furtado enfatizou que a industrialização brasileira não teve um início único, mas sim um
processo descentralizado que ocorreu simultaneamente em várias regiões. Ele identificou o
Nordeste como um local onde as primeiras manufaturas têxteis modernas foram instaladas,
marcando o início desse processo. No entanto, a industrialização convergiu para o Centro-Sul do
Brasil, e esse movimento crítico ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial.

Em sua obra "Desenvolvimento e Subdesenvolvimento" de 1961, Furtado relacionou a


industrialização brasileira ao mercado interno, à desvalorização cambial e às medidas protecionistas
do governo. Ele destacou a importância do mercado interno como centro dinâmico da economia,
impulsionado pelo emprego em massa de trabalhadores livres. A proteção automática nas fases de
contração da renda também desempenhou um papel crucial no desenvolvimento industrial,
permitindo o crescimento de indústrias de bens de consumo e a diversificação das indústrias
tradicionais de materiais de construção.

Furtado argumentou que o desenvolvimento da industrialização brasileira não começou do zero,


mas como uma expansão de indústrias complementares às exportações e das induzidas pelos gastos
dos consumidores. Ele também identificou a heterogeneidade do empresariado industrial no Brasil,
composto por três grupos distintos: o setor privado nacional, o setor privado estrangeiro e o setor de
empresas públicas.

Uma das críticas mais significativas de Furtado foi dirigida ao conceito tradicional de
desenvolvimento econômico. Ele argumentou que a economia industrial subdesenvolvida não é
uma fase que naturalmente será superada, e que o desenvolvimento econômico deve ser definido
em termos de aproximação a um paradigma em constante transformação.

Em resumo, as ideias de Celso Furtado oferecem uma visão valiosa sobre a industrialização no
Brasil, destacando a importância do mercado interno, da desvalorização cambial e das medidas
protecionistas. Suas análises sobre o empresariado industrial e seu questionamento do conceito de
desenvolvimento econômico continuam sendo relevantes para a compreensão da história
econômica do Brasil e das questões de desenvolvimento.

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