O livro analisa a história econômica da América Latina desde a colonização até a atualidade, destacando a inserção da região no comércio internacional e seu desenvolvimento como exportadora de matérias-primas. Apesar de apresentar uma visão abrangente, o autor é criticado por não considerar plenamente aspectos sociais e ambientais e por exagerar o papel do Estado na economia.
O livro analisa a história econômica da América Latina desde a colonização até a atualidade, destacando a inserção da região no comércio internacional e seu desenvolvimento como exportadora de matérias-primas. Apesar de apresentar uma visão abrangente, o autor é criticado por não considerar plenamente aspectos sociais e ambientais e por exagerar o papel do Estado na economia.
O livro analisa a história econômica da América Latina desde a colonização até a atualidade, destacando a inserção da região no comércio internacional e seu desenvolvimento como exportadora de matérias-primas. Apesar de apresentar uma visão abrangente, o autor é criticado por não considerar plenamente aspectos sociais e ambientais e por exagerar o papel do Estado na economia.
RESENHA CRÍTICA: “A Economia Latino-Americana”, de Celso Furtado
SÃO BERNARDO DO CAMPO - SP
2022 A resenha deste presente trabalho é sobre a obra do economista brasileiro Celso Furtado, cujo nome é Formação Econômica da América Latina, sendo mais precisamente consultada para análise a edição de 1976 que leva o título A Economia Latino-Americana. Mas antes de nos aprofundarmos na resenha, conheçamos um pouco melhor sobre o autor da obra. Celso Furtado foi um economista, sociólogo, escritor e intelectual brasileiro, aliás considerado como um dos principais intelectuais da América Latina do século XX. Ele possui uma célebre carreira como contribuinte de muitas políticas econômicas e sociais para o Brasil durante o século XX, sendo uma delas a Proposta de Desenvolvimento Econômico e Social para o Brasil, de 1960, conhecida como “Plano Furtado”, a qual promoveu um importante desenvolvimento da economia brasileira. O economista também fundou e fez parte de uma organização das Nações Unidas, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), criada em 1948 com o objetivo de auxiliar os países latino-americanos no desenvolvimento de ações que promovessem seus progressos financeiros e econômicos. Esse pano de fundo de Furtado é claramente refletido em suas obras, como a que será utilizada para a resenha deste trabalho. Para início desta resenha, é importante observar a composição da obra: Furtado divide seu livro em oito partes, começando desde a colonização portuguesa e espanhola na América Latina nos séculos XV e XVI, diante da qual ele aprofunda seu estudo nas características físicas, sociais, econômicas e estruturais dos países latinos a partir dos reflexos dos contextos internacionais e do desenvolvimento interno de cada país ao longo dos anos; adentrando em uma análise da inserção desses países na divisão internacional do trabalho no século XVII e início do XVIII e seu posterior desenvolvimento de exportadores de matérias-primas em relação à industrialização no século XX; e finalizando com um debate sobre relações internacionais, relações regionais e perspectivas futuras para o desenvolvimento latino-americano. Com base nessa disposição, evidentemente a obra apresenta uma visão abrangente sobre a história econômica da América Latina desde a colonização europeia até a modernidade. Ainda que seja muito conteudista, Furtado se utiliza de uma escrita acessível e compreensível e faz uso de uma linguagem coesa, consequentemente criando uma obra de leitura fluida. Ele defende suas teorias dentro de um debate acerca de diversos aspectos da economia latino-americana. Suas análises permitem com que saibamos melhor sobre a relação entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social, o papel das instituições financeiras internacionais, a estrutura da dívida externa e o desenvolvimento das economias primárias. Além disso, o autor oferece insights valiosos sobre como a região pode melhorar sua situação econômica ao promover reformas estruturais e políticas sociais mais inclusivas. Entretanto, como é o objetivo dessa resenha não só apresentar os pontos da obra, como também explorá-los e fazer um exame crítico dos mesmos, é preciso ressaltar aquilo que representa o ponto de tensão da análise do autor, isto é, onde há uma problemática na visão do autor que seja questionável, discutível ou até mesmo controversa. Posto isso, comecemos pelo fato que fundamenta a base das principais críticas que podemos fazer à obra: Furtado não é isento de um viés ideológico. Ele não consegue se livrar de uma visão parcial do desenvolvimento econômico da América Latina, o que logicamente interfere na compreensão de problemas complexos que a região enfrenta - o que, por conseguinte, limita seus leitores a avaliar criticamente sua obra. Assim, a primeira crítica que podemos fazer é a de que seus argumentos carecem de uma análise mais aprofundada das relações entre o desenvolvimento econômico e as desigualdades sociais na América Latina. Furtado não dá atenção às raízes históricas e culturais da desigualdade social na região. Em vez disso, a obra é focada na análise macroeconômica, retratando a desigualdade como um problema puramente econômico. As questões ambientais também não são suficientemente abordadas, nem mesmo a importância de se desenvolver modelos de crescimento sustentáveis, pauta que é crucial para os novos temas das agendas políticas modernas. Outra crítica a se destacar refere-se à tendência do autor de exagerar o papel do Estado na formação econômica da América Latina. Furtado argumenta que o Estado desempenha um papel importante na formação econômica da América Latina, e que as políticas públicas e o investimento público na infraestrutura, na educação, na ciência e na tecnologia são necessários para promover o desenvolvimento da região. É um argumento considerável e justo, porém é válido destacar que, apesar das políticas econômicas do Estado terem contribuído para o desenvolvimento econômico da região, elas também criaram uma série de distorções no mercado e limitaram a capacidade dos setores privados de investir. Por fim, outra crítica a se fazer é o fato dele não abordar aprofundadamente os desafios econômicos atuais da região. Embora Furtado descreva os fatores históricos e culturais que contribuíram para a formação da economia latino- americana, ele não aborda os desafios econômicos atuais, como o crescimento econômico, a desigualdade e a pobreza. Além disso, ele não fornece sugestões práticas sobre como os governos latino-americanos podem lidar com esses problemas. Em uma última análise, ainda que existam esses pontos problemáticos nos argumentos do economista, não há como negar que a obra de Celso Furtado é um excelente trabalho de pesquisa sobre a história econômica da América Latina. O livro é recomendado para aqueles que estão interessados em entender melhor os processos de desenvolvimento econômico e as relações entre capitalismo e socialismo na América Latina. Logicamente, há de se atentar a exercer um olhar crítico sobre sua visão e suas ideias e apontar aquilo que carece e falta em seus debates, mas isso não deixa de evidenciar que o livro atende ao propósito de esclarecer realmente sobre aquilo que se evidencia em seu próprio título - a formação econômica da América Latina.
REFERÊNCIAS
FURTADO, Celso. A Economia Latino-Americana. 2a edição. São Paulo:
O Processo de Descolonização Da Índia, A Emancipação Do Domínio Britânico e A Posição Do Estado Indiano Nas Relações Internacionais Pós-Independência - Flávia Gabriela