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DISCIPLINA: HIDRÁULICA
CAPÍTULO 06 - ESCOAMENTO UNIFORME EM CANAIS
MOSSORÓ - RN
2020
6.1 Conceito de canais
Dar-se o nome de canais, condutos livres e às vezes canais abertos aos condutos em que a parte
superior do líquido está sujeita a pressão atmosférica. O movimento do líquido não depende como nos
condutos forçados da pressão interna existente, mas depende das inclinações do fundo do canal e da
superfície livre do líquido.
a) Canal retangular
𝐴 = 𝑏𝑦 1
𝑃 = 𝑏 + 2𝑦 2
𝐴
𝑅𝐻 =
𝑃
𝑏𝑦
𝑅𝐻 = 3
𝑏 + 2𝑦
𝐵=𝑏 4
b) Canal trapezoidal
B
x x
1 y
a z
(𝐵 + 𝑏)𝑦
𝐴= 𝐵 = 𝑏 + 2𝑥 𝑥 = 𝑧𝑦
2
𝐴 = (𝑏 + 𝑧𝑦)𝑦 5
𝑃 = 𝑏 + 2𝑎 𝑎2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 𝑥 = 𝑧𝑦
𝑃 = 𝑏 + 2𝑦√1 + 𝑧 2 6
𝐴
𝑅𝐻 =
𝑃
(𝑏 + 𝑧𝑦)𝑦
𝑅𝐻 = 7
𝑏 + 2𝑦√1 + 𝑧 2
𝐵 = 𝑏 + 2𝑧𝑦 8
c) Canal triangular
B
x x
1 y
a z
𝐵𝑦
𝐴= 𝐵 = 2𝑥 𝑥 = 𝑧𝑦
2
𝐴 = 𝑧𝑦 2 9
𝑃 = 2𝑎 𝑎2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 𝑥 = 𝑧𝑦
𝑃 = 2𝑦√1 + 𝑧 2 10
𝐴
𝑅𝐻 =
𝑃
𝑧𝑦
𝑅𝐻 = 11
2√1 + 𝑧 2
𝐵 = 2𝑥 𝑥 = 𝑧𝑦
𝐵 = 2𝑧𝑦 12
(𝑏 + 𝑧𝑦)𝑦
Trapezoidal (𝑏 + 𝑧𝑦)𝑦 𝑏 + 2𝑦√1 + 𝑧 2 𝑏 + 2𝑧𝑦
𝑏 + 2𝑦√1 + 𝑧 2
𝑧𝑦
Triangular 𝑧𝑦 2 2𝑦√1 + 𝑧 2 2𝑧𝑦
2√1 + 𝑧 2
Fonte: Chow (1959).
Exemplo 01 – Um canal trapezoidal com largura de 0,30 m e inclinação lateral de 1:2, escoa com uma
altura de 0,40 m. Determine os elementos geométricos da seção.
Solução:
𝐹𝑅 = 𝐾𝑣 2 𝑃𝐿 13
𝐹𝑅 = 𝛾𝐴𝐿𝐼 14
onde: = peso específico do líquido, kgf/m3; A = área molhada, m2 ; L = comprimento do canal no trecho
molhado, m; I = declividade do fundo do canal no trecho considerado, m/m.
Igualando as expressões de resistência:
𝐾𝑣 2 𝑃𝐿 = 𝛾𝐴𝐿𝐼
𝛾𝐴𝐿𝐼
𝑣=√
𝐾𝑃𝐿
𝛾 ⁄
𝑣=√ 𝑅 1 2 𝐼1⁄2
𝐾 𝐻
𝛾
√ =𝐶
𝐾
⁄2 1⁄2
𝑣 = 𝐶 𝑅𝐻 1 𝐼 15
onde: v = velocidade média do fluxo no canal, m/s; C = coeficiente de rugosidade de Chézy, m1/2/s; RH =
raio hidráulico, m; I = declividade do fundo do canal no trecho considerado, m/m.
⁄6
𝑅𝐻 1
𝐶= 16
𝑛
1
𝑣= 𝑅 2⁄3 𝐼1⁄2 17
𝑛 𝐻
𝑛𝑄
𝐴𝑅𝐻 2/3 = 18
𝐼1⁄2
onde, Q é a vazão do canal no trecho considerado, em m3/s. A vazão também pode ser obtida isolando-a
da expressão do fator de seção (Equação 18):
𝐴
𝑄= 𝑅 2/3 𝐼1⁄2 19
𝑛 𝐻
Tabela 6.2 - Valores do coeficiente de rugosidade de Manning “n” para canais não circulares (U.S.D.A. – S.C.S)
n
MATERIAL DE REVESTIMENTO
Mínimo Máximo
- Canais revestidos:
Semi-circular, metálico, liso 0,011 0,015
Metal corrugado 0,023 0,024
Canaleta de tábuas lisas 0,010 0,015
Canaleta de tábuas não aplainadas 0,011 0,015
Revestido de cimento liso 0,010 0,013
Concreto 0,012 0,018
Cimento e cascalho 0,017 0,030
Alvenaria de tijolos revestido de cimento 0,012 0,017
Parede de tijolos lisos, esmaltados 0,011 0,015
Superfície de argamassa de cimento 0,011 0,015
- Canais revestidos*:
Concreto moldado no local 0,015
Concreto pré-fabricado 0,018 0,022
Tijolos 0,018 0,022
Asfalto 0,015
Membrana plástica 0,025 0,030
- Canaletas*:
Concreto 0,013
Metal liso 0,015
Metal corrugado 0,021
Madeira 0,014
- Canais não revestidos:
Terra, retilíneo e uniforme 0,020 0,025
Com leito dragado 0,025 0,033
Escoamento lento e tortuoso 0,023 0,030
Fundo com pedras, vegetação nos taludes 0,025 0,040
Fundo de terra e taludes com cascalho 0,028 0,035
Canais escavados em rocha, lisos e uniforme 0,025 0,035
Irregulares com recortes e saliências 0,035 0,045
- Canais de terra*:
Arenoso 0,030 0,040
Barro arenoso 0,030 0,035
Barro argiloso 0,030
Argiloso 0,025 0,030
Cascalho 0,030 0,035
Rocha 0,030 0,040
- Canais em terra, pequenos rasos com vegetação:
Grama alta (13’’), verde 0,042 -
Grama alta, dormente 0,035 0,28
Grama rasteira (3’’), verde 0,034 -
Grama rasteira, dormente 0,034 -
Arbustos altos (16’’), verdes 0,076 0,22
Arbustos curtos (2’’), verdes 0,033 -
- Cursos naturais:
(1) Limpos, margens retas e uniformes, leito cheio, sem desvio e sem escavações
profundas 0,025 0,033
(2) Como (1), com pedras e vegetação 0,030 0,040
(3) Curso tortuoso, limpo, com empoçamentos e bancos de areia 0,033 0,045
(4) Como (3), declive e secção irregulares 0,040 0,055
(5) Como (3), algumas pedras e vegetação 0,035 0,050
(6) Cursos muito cheios de vegetação 0,075 0,150
* FAO (1974).
6.6 Problemas hidraulicamente determinados
1º Caso: quando se quer determinar a velocidade de escoamento “v” ou a vazão do canal “Q”, torna-
se necessário conhecer a área molhada “A”, a rugosidade de Manning “n”, o raio hidráulico “RH” e a
declividade do fundo do canal “I”.
Exemplo 03 – Um canal com largura do fundo de 3,5 m e inclinação lateral de 1:1,5, escoa com uma
profundidade de 1,2 m e declividade de 1 m em 1500 m de comprimento. Determine a velocidade de
escoamento e a descarga do canal considerando duas situações: a) canal de parede de terra, retilíneo e
uniforme; e b) canal com paredes revestidas de concreto.
Solução:
2º Caso: quando se quer determinar a declividade do fundo do canal, torna-se necessário conhecer a
velocidade de escoamento ou a vazão do canal, a área molhada, a rugosidade de Manning e o raio
hidráulico.
Exemplo 04 – Um canal com largura do fundo de 2,5 m, escoa com uma altura de 1,0 m e descarga de 2,6
m3/s. Determine a declividade do fundo do canal, em %, sabendo que o material de revestimento é o
cimento liso.
Solução:
𝑦 𝑜𝑢 𝑏 = ?
𝑄(𝑟) − 𝑄(𝑐)
𝐸𝑟𝑟𝑜 = | | 100 20
𝑄(𝑟)
𝒃 (m) 𝒚 (m) 𝑨 (m2) 𝑷 (m) 𝑹𝑯 (m) 𝑸(𝒄) (m3/s) 𝑸(𝒓) (m3/s) 𝑬𝒓𝒓𝒐 (%)
Exemplo 05 – Dimensione um canal retangular com capacidade para atender uma vazão de 200 L/s,
sabendo que o material de revestimento é o cimento liso, a largura do fundo de 1,0 m e a declividade de
0,04%.
Solução:
𝑄 = 200 𝐿⁄𝑠 𝐴=? 𝐴 𝑃 = 1,0 + 2 × 1,0 𝑛 = 0,013 (𝑇𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 6.2)
𝑅𝐻 =
𝑄 = 0,200 𝑚3⁄𝑠 𝑃=? 𝑃 𝑃 = 3,0 𝑚 1,0
1ª Tentativa: 𝑄= (0,33)2⁄3 (0,0004)1⁄2
𝑏 = 1,0 𝑚 𝑅𝐻 = ? 1,0 0,013
𝑅𝐻 =
𝑦 = 1,0 𝑚 3,0 𝑄 = 0,735 𝑚3⁄𝑠
𝐼 = 0,04% 𝐴=𝑏𝑦
𝐴 = 1,0 × 1,0 𝑅𝐻 = 0,33 𝑚 0,200 − 0,735
𝑦 =? 𝑃 = 𝑏 + 2𝑦 𝐸𝑟𝑟𝑜 = | | 100
𝐴 = 1,0 𝑚2 𝐴 0,200
𝑄= 𝑅 2⁄3 𝐼1⁄2
𝑛 𝐻 𝐸𝑟𝑟𝑜 = 268 %
𝒃 (m) 𝒚 (m) 𝑨 (m2) 𝑷 (m) 𝑹𝑯 (m) 𝑸(𝒄) (m3/s) 𝑸(𝒓) (m3/s) 𝑬𝒓𝒓𝒐 (%)
1,0 1,00 1,00 3,00 0,33 0,735 0,200 268
1,0 0,20 0,20 1,40 0,14 0,083 0,200 141
1,0 0,40 0,40 1,80 0,22 0,224 0,200 12
1,0 0,35 0,35 1,70 0,21 0,190 0,200 5
1,0 0,37 0,37 1,74 0,21 0,201 0,200 0,5
Tabela 6.3 – Parâmetros hidráulicos para seções de máxima eficiência dos canais em função da profundidade de escoamento
Largura inferior Área molhada Perímetro Raio hidráulico Largura
Seção
(b) (A) molhado (P) (RH) superior (B)
1
Retangular 2𝑦 2𝑦 2 4𝑦 𝑦 2𝑦
2
1 4
Trapezoidal 1,155𝑦 √3 𝑦 2 2√3 𝑦 𝑦 √3 𝑦
2 3
1
Triangular − 𝑦2 2√2 𝑦 √2 𝑦 2𝑦
4
𝜋 2 1
Semicircular − 𝑦 𝜋𝑦 𝑦 2𝑦
2 2
4 8 1
Parabólico − √2 𝑦 2 √2 𝑦 𝑦 2√2 𝑦
3 3 2
Exemplo 05 – Dimensione um canal trapezoidal de terra com textura argilosa, cuja velocidade máxima
permitida é de 1,20 m/s, com capacidade para atender uma vazão de 5,0 m3/s à uma declividade de 1,0 m
por km. Utilizar o critério da máxima eficiência e verificar se é possível o dimensionamento.
Solução:
𝑛 = 0,030 (𝑇𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 6.2) 𝐼 = 1 𝑚/1000 𝑚 1 𝑣 = 0,664(𝑦)2/3
𝑅𝐻 = 𝑦 (𝑇𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 6.3)
𝑣𝑚á𝑥 = 1,20 𝑚⁄𝑠 1 2
⁄ 𝑄 =𝐴𝑣
𝑣= 𝑅 2 3 𝐼1⁄2
3⁄ 𝑛 𝐻 1 1 2/3
𝑄 = 5,0 𝑚 𝑠 𝑣= ( 𝑦) 0,0011⁄2 5 = √3 . 𝑦 2 . 0,664 (𝑦)2/3
0,030 2
Solução:
5 5
3/8
𝑣 = 0,96 𝑚/𝑠
𝑦 2 . (𝑦)2/3 = 𝑦=( )
0,664 √3 0,664 √3 𝑣 ≤ 𝑣𝑚á𝑥 (𝑉𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒)
5
𝑦 (6+2)/3 = 𝑦 = 1,74 𝑚 O critério da máxima eficiência pode ser adotado, pois a
0,664 √3 2/3
𝑣 = 0,664(1,74) velocidade prevista no canal é inferior a velocidade máxima
8/3
5
𝑦 = permitida em canais de terra com textura argilosa.
0,664 √3
Tabela 6.7 – Inclinação recomendada para taludes em função do material de composição do canal (Adaptado: FAO, 1974)
Tipo de Material Inclinação
(Vertical:Horizontal)
- Canais de terra:
Barro arenoso ou Argila porosa 1:3 a 1:2
Arenoso 1:2
Barro arenoso 1:2
Terra arenosa solta 1:2
Barro argiloso 1:1,5
Argiloso 1:1
Terra revestida de pedra 1:1
Cascalho 1:1
Argila dura 1:1 a 1:0,5
Turfa 1:0,25
Rocha 1:0,25
Rocha firme Vertical
- Canais revestidos:
Concreto moldado no local 1:1
Concreto pré-fabricado 1:1,5
Tijolos 1:1,5
Asfalto 1:1
Membrana plástica 1:1,5
- Canaletas:
Concreto Semicircular ou Elíptica
Metal liso Semicircular
Metal corrugado Semicircular
Madeira Retangular
6.13 Perdas de água por infiltração em canais não revestidos
A decisão de revestir ou não um canal é tomada com base no custo de seu revestimento e no custo
da água perdida por infiltração (Tabela 6.8).
Tabela 6.8 – Perdas de água por infiltração em canais não revestidos, por metro de perímetro e por metro linear de canal
(KRAATZ, D.B. - FAO)
Solo do Canal Infiltração (m3/m2.dia)
Barro argiloso impermeável 0,075 - 0,100
Medianamente argiloso sobre um horizonte de impedimento (hardpan) 0,10 - 0,15
Barro argiloso – barro limoso 0,15 - 0,23
Barro argiloso com cascalho, barro arenoso, mistura de argila e areia 0,23 - 0,30
Barro arenoso 0,30 - 0,45
Arenoso solto 0,45 - 0,53
Arenoso com cascalho 0,60 - 0,76
Solo pedregoso 0,90 - 1,80
onde: Q = vazão do canal no trecho considerado, m3 /s; K = coeficiente da equação de Manning para drenos,
adimensional (Tabela 6.10); n = coeficiente de rugosidade de Manning, s/m1/3 ; D = diâmetro interno, m; I
= declividade do fundo do canal no trecho considerado, m/m.
Tabela 6.9 - Valores do coeficiente de rugosidade de Manning “n” para canais circulares, drenos e bueiros
n
TIPO DE CONDUTO
Mínimo Máximo
Ferro fundido limpo, sem revestimento 0,013 0,015
Ferro fundido limpo, com revestimento 0,012 0,014
Ferro fundido sujo ou incrustado 0,015 0,035
Aço rebitado ou soldado em espiral 0,015 0,017
Ferro forjado galvanizado 0,014 0,017
Ferro fundido galvanizado 0,015 0,017
Ferro forjado preto 0,013 0,015
Latão, bronze liso, cobre 0,011 0,013
Conduto de tábuas lisas, aplainadas 0,011 0,013
Condutos de tábuas comuns 0,012 0,013
Concreto com juntas ásperas 0,016 0,017
Concreto poroso sem acabamento 0,014 0,016
Concreto bem acabado 0,012 0,014
Cimento liso 0,011 0,013
Manilhas vitrificadas, para esgotos 0,013 0,016
Manilhas de argila comum, para drenos 0,012 0,015
Metal corrugado 0,023 0,025
Rocha, sem revestimento 0,038 0,041
Aço esmaltado, laqueado 0,009 0,011
Cimento-amianto, plástico, PVC 0,009 0,011
Alumínio 0,011 0,012
Alumínio com juntas de acoplamento rápido 0,012 0,013
Plástico corrugado 0,015 0,017
Para que a Equação 21 possa ser utilizada no dimensionamento de drenos ou bueiros, é necessário
que os condutos subterrâneos escoem parcialmente cheios, conforme indicado na Tabela 6.10, onde o
coeficiente “K” da equação de Manning pode variar em função da relação entre a profundidade de
escoamento e diâmetro (y/D) ou em função da relação entre área molhada e seção transversal do conduto
(A/S).
Tabela 6.10 – Valores de K para a relação existente entre profundidade de escoamento e diâmetro do dreno (y/D) e para a
relação entre áreas molhada e seção transversal (A/S) do conduto (dreno ou bueiro)
y/D 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,95 1,0
K 0,156 0,209 0,260 0,304 0,331 0,334 0,311
A/S (%) 50 60 70 80 90 95 Seção Plena 100%
K 0,156 0,200 0,244 0,284 0,315 0,324 0,311
Exemplo 06 – Determine a descarga de um canal de concreto bem acabado com 2,0 m de diâmetro, onde
a profundidade de escoamento é de 1,8 m e declividade de 0,02%.
Solução:
Exemplo 07 – Determine a diâmetro que deverá assumir um bueiro de concreto bem acabado com vazão
de 2,3 m3/s, sabendo que a declividade é de 0,02% e a seção de escoamento de 80%.
Solução: