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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
Contadoria de Contas e Auditorias

RELATÓRIO FINAL DE AUDITORIA DE DESEMPENHO


AO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Distribuição Gratuita do Livro Escolar

2010
2

ÍNDICE

Lista de Abreviaturas............................................................................................................................... 4

I. Sumário Executivo ....................................................................................................................... 5

II. Descrição sucinta da Acção de Distribuição Gratuita do Livro Escolar ....................................... 10

III. Constatações .............................................................................................................................. 13

1-Os recursos humanos do MEC não atendem à demanda de execução e controlo da distribuição do
livro escolar para o ensino primário. .................................................................................................. 13

2- As escolas e os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia não apresentam infra-


estrutura adequada à correcta consecução da distribuição de livros para os alunos do ensino primário.15

3- Tanto o MEC como as DPEC, os SDEJT e as escolas não apresentam relatórios sistemáticos
relativos à distribuição dos livros. ...................................................................................................... 16

4- Não esta havendo o correcto retorno dos livros nas classes pertinentes (3ª A 7ª classe). .................. 18

5- O controlo em relação à distribuição não é adequado e não fornece informações necessárias e úteis.
.......................................................................................................................................................... 22

6- As acções de fiscalização, monitoramento e avaliação desta acção não são feitas tempestivamente e
de forma sistemática. ......................................................................................................................... 26

7- Os Livros são entregues aos alunos e professores no prazo adequado para permitir a aprendizagem
em sala de aula. ................................................................................................................................. 26

8- A qualidade física do livro não permite a durabilidade que lhe é esperada ...................................... 28

9- Nem todos os professores têm sido preparados para a utilização dos livros que estão sendo
distribuídos. ....................................................................................................................................... 29

10- Os livros escolares apresentam problemas relativos à correção gramatical, bem como aos conceitos
de cada disciplina. ............................................................................................................................. 31

11 - Os procedimentos utilizados na distribuição dos livros atendem ao princípio de gratuidade. ........ 36

12 - Todas as escolas públicas da Cidade e Província de Maputo são abrangidas na distribuição dos
livros das disciplinas referentes a cada classe. .................................................................................... 39

13 - Os alunos das escolas públicas não estão a receber gratuitamente os livros escolares num rácio 1:1
por disciplina ..................................................................................................................................... 40
3

14 - O conteúdo dos livros favorece o fortalecimento dos princípios de uma educação cívica, ética,
moral, patriótica e educação para uma cultura de paz em Moçambique............................................... 43

15 - O conteúdo dos livros fortalece os quatro pilares de saberes: saber ser, saber conhecer, saber fazer
e saber viver juntos. ........................................................................................................................... 47

16 - O conteúdo dos livros está de acordo com a previsão curricular de cada classe? .......................... 50

17 - Os recursos financeiros não permitem a adequada execução da distribuição gratuita do livro


escolar em seus diferentes níveis........................................................................................................ 53

IV. Conclusão das Constatações ................................................................................................... 58

V. Recomendações ......................................................................................................................... 65

VI. Análise ao Plano de Acção ..................................................................................................... 68


4

Lista de Abreviaturas

DEC – Direcção da Educação da Cidade de Maputo.


DINAME – Distribuidora Nacional de Material Escolar.
DPEC – Direcção Provincial de Educação e Cultura.
INDE – Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação.
MEC – Ministério da Educação e Cultura.
SDEJT – Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia.
SNE – Sistema Nacional de Educação.
PEEC – Plano Estratégico da Educação e Cultura.
PES – Plano Económico Social.
5

I. Sumário Executivo
A Acção de Distribuição Gratuita do Livro Escolar teve o seu início no ano 2004 e visa
prosseguir os seguintes objectivos:

• Promover o sistema educacional com livros e outros materiais básicos;

• Satisfazer as necessidades da educação;

• Expandir o acesso à educação e aos livros e outros materiais escolares;

• Fortalecer a capacidade nacional de produção e distribuição dos livros e outros materiais


escolares;

• Planificar e implementar a transição da provisão dos livros e material escolar da esfera


estatal monopolista para a de mercado livre;

• Descentralizar gradualmente a selecção, aquisição e financiamento dos livros e materiais


escolares para o mais próximo possível do utilizador;

• Responder aos objectivos e metas do Governo em relação a educação para todos,


assegurando a provisão, em tempo útil, do livro escolar e manuais do professor de
qualidade, incluindo as suas características físicas;

• Assegurar que o MINED continue a monitorar as tendências do preço do livro no


mercado e mantê-los a um nível economicamente viável e sustentável para o Governo de
Moçambique, a longo prazo, com particular atenção aos livros caderno, garantindo um
equilíbrio real e justo entre preço, qualidade do livro e recursos financeiros disponíveis.

Deste modo, o Governo Moçambicano, através do Ministério da Educação e Cultura, propõe-se a


distribuir o livro escolar do ensino básico num ratio de 1:1. Ou seja, que cada aluno tenha,
gratuitamente, à sua disposição, um livro por disciplina.

Objectivo e Tempo da Auditoria


A presente auditoria tem como objectivo avaliar a Acção de Distribuição Gratuita do Livro
Escolar para assegurar que os seus objectivos sejam alcançados, obedecidos os critérios de
economia, eficácia, eficiência e equidade. Esta auditoria analisou a distribuição do livro referente
ao ano 2010.
6

Metodologia
O trabalho de auditoria centrou-se em três questões fundamentais, designadamente:

• Se o Ministério da Educação está estruturado, de forma a garantir a eficiência e a


economia na distribuição do livro escolar para o ensino primário;

• Verificar em que medida o conteúdo dos livros distribuídos contribui para a garantir a
escolarização de qualidade;

• Verificar se a distribuição dos livros está a ser feita de forma a atender a todos os alunos
do ensino primário das escolas públicas e assegurar a provisão do livro escolar no âmbito
da Caixa Escolar.

Com efeito, a equipa usou vários instrumentos de recolha de dados, tais como, documentos
escritos fornecidos pela entidade, visitas técnicas aos armazéns e outros locais onde são
guardados os livros, entrevista aos directores dos SDEJT, DDE, DEC e Director Provincial de
Educação de Maputo; questionários aos directores de escolas, professores, armazenistas, pais
e/ou encarregados de educação e alunos da 6ª e 7ª classes. Foram analisados os dados colhidos
de algumas escolas da Província e cidade de Maputo e distribuídas de seguinte modo:

Cidade de Maputo

Distrito KaMaxakeni

• Escola Primária da Unidade 25;


• Escola Primária da Avenida das FPLM;
• Escola Primária Polana Caniço “A”.
Província de Maputo

Distrito de Boane

• Escola Primária Completa 16 de Junho;


• Escola Primária de Mahubo Km 10;
• Escola Primária Completa 25 de Setembro.

Distrito de Marracuene

• Escola Primária Eduardo Mondlane;


• Escola Primária Inguelane;
• Escola Primária Completa 29 de Setembro.
7

Distrito de Namaacha

• Escola Primária Completa 7 de Abril;


• Escola primária Completa de Mailane;
• Escola Primária Completa de Changalane.

O livro escolar, mormente os aspectos relacionados ao seu conteúdo, são complexos. Assim,
exige-se que a sua análise seja feita por uma pessoa que tenha conhecimentos específicos da
área. Com efeito, para assegurar que a análise do livro escolar seja feita com profissionalismo, o
Tribunal Administrativo contratou um especialista para coadjuvar a equipa na análise do mesmo.
Foram confiadas ao especialista, para efeitos de análise, os aspectos da Matriz de Planeamento:

• Se o conteúdo dos livros favorece o fortalecimento dos princípios de uma educação


cívica, ética, moral, patriótica e educação para uma cultura de paz em Moçambique;
• Se o conteúdo dos livros fortalece os quatro pilares de saberes: saber ser, saber conhecer,
saber fazer e saber viver juntos;
• Se o conteúdo dos livros está de acordo com a previsão curricular de cada classe; e
• Se os livros apresentam linguagem gramaticalmente correcta, bem como os conceitos de
cada disciplina.

Resultados Alcançados
No decurso da actividade de auditoria, a equipa constatou o seguinte:
 Os recursos humanos do MEC não atendem à demanda de execução e controlo da
distribuição do livro escolar para o ensino primário.
 As escolas e os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia não apresentam
infra-estrutura adequada à correcta consecução da distribuição de livros para os alunos do
ensino primário.
 Tanto o MEC como as DPEC, os SDEJT e as escolas não apresentam relatórios
sistemáticos relativos à distribuição dos livros.

 Não esta havendo o correcto retorno dos livros nas classes pertinentes (3ª A 7ª classe).
 O controlo em relação à distribuição não é adequado e não fornece informações
necessárias e úteis.

 As acções de fiscalização, monitoramento e avaliação desta acção não são feitas


tempestivamente e de forma sistemática.

 Os Livros são entregues aos alunos e professores no prazo adequado para permitir a
aprendizagem em sala de aula.
8

 A qualidade física do livro não permite a durabilidade que lhe é esperada.

 Nem todos os professores têm sido preparados para a utilização dos livros que estão
sendo distribuídos.

 Os livros escolares apresentam problemas relativos à correcção gramatical, bem como


aos conceitos de cada disciplina.

 Os procedimentos utilizados na distribuição dos livros atendem ao princípio de


gratuidade.

 Todas as escolas públicas da Cidade e Província de Maputo são abrangidas na


distribuição dos livros das disciplinas referentes a cada classe.

 Os alunos das escolas públicas não estão a receber gratuitamente os livros escolares num
rácio 1:1 por disciplina.
 O conteúdo dos livros favorece o fortalecimento dos princípios de uma educação cívica,
ética, moral, patriótica e educação para uma cultura de paz em Moçambique.

 O conteúdo dos livros fortalece os quatro pilares de saberes: saber ser, saber conhecer,
saber fazer e saber viver juntos.

 O conteúdo dos livros está de acordo com a previsão curricular de cada classe.

 Os recursos financeiros não permitem a adequada execução da distribuição gratuita do


livro escolar em seus diferentes níveis.

Conclusão
No decurso do trabalho de auditoria, foram encontradas muitas deficiências ao longo de todo o
processo de distribuição do livro escolar que contribuíram para que este não fosse eficiente,
eficaz e os gastos económicos envolvidos não fossem reduzidos.

 Não são feitos relatórios sistemáticos sobre a distribuição do livro escolar quer ao
nível central quer ao nível local. E o processo de monitoria da distribuição baseia-se
somente em guias de remessa elaborados pela DINAME;

 Não existem mecanismos de controlo de devolução do livro;

 Não são feitos inventários do livro escolar nas escolas;


9

 As quantidades de livros planificadas a nível das escolas e os livros recebidos não


coincidem;

 O princípio de reposição de 30% é irrealista;

 Má conservação e maneio do livro pelo aluno;

 Condições precárias de conservação e armazenamento do livro na escola;

 Falta de controlo sobre a gestão do livro escolar, a nível do MEC, DPEC, SDEJT e
escolas;

 Não está a ser respeitado o indicador de desempenho: livros disponíveis para os


alunos num rácio de 1:1 por disciplina;

 Não existe uma política de incentivo para a devolução dos livros.

Boas Práticas
No decurso da auditoria, a equipa identificou algumas boas práticas dignas de realce, tais
como:

 A acção de distribuição gratuita do livro foi abrangente, isto é, atingiu a todas escolas
visitadas na Província e Cidade de Maputo;

 Os livros escolares foram distribuídos em tempo útil, em todas as escolas visitadas,


de modo a permitir a aprendizagem dos alunos na Província e Cidade de Maputo;

 Apesar de algumas excepções, o livro escolar foi distribuído gratuitamente aos


alunos.

 As escolas sensibilizam, no acto de entrega do livro gratuito, aos alunos, pais e/ou
encarregados de educação para conservarem o livro distribuído e/ou devolve-lo, em
bom estado de conservação;

 O MINED já detém os direitos autorais dos livros da 1ª e 2ª classe;

 Existe, no MINED, um desenho ou projecto de inventário de livros escolares que


ainda não está a ser implementado.
10

Recomendações
 Promover a elaboração de relatórios sistemáticos sobre a distribuição gratuita do livro
escolar, com avaliação das metas e objectivos propostos;

 Fazer a monitoria do livro escolar durante e depois da distribuição para que se


melhore: os casos de escolas que mantêm um grande número de livros escolares
novos em seus armazéns, mesmo quando sobrados livros escolares que estes sejam
incluídos na distribuição do ano lectivo seguinte; faça a monitoria do processo de
devolução do livro escolar para que se melhore: a quantidade de livros a ser recebido
pelas escolas;

 Melhorar a qualidade do material dos livros escolares de modo que estes durem o
tempo para o qual foi concebido;
 Implementar nas escolas públicas o sistema de inventário do livro escolar em
construção a nível central (MINED);

 Aumentar as campanhas de sensibilização para conservação do livro escolar;

 Criar locais apropriados para o armazenamento dos livros escolares nas escolas;

 Implementar o indicador de desempenho desta acção: livros disponíveis para os


alunos num ratio de 1:1 por disciplina;

 Adoptar medidas incentivadoras para a devolução dos livros escolares em bom estado
de conservação de modo que seja reutilizado no ano seguinte e melhore as condições
físicas do livro novo distribuído.

 Que se observe a alínea c), do n.º 1 conjugado com o n.º4, ambos do artigo 61, da Lei
n.º 26/2009, de 29 de Setembro.

II. Descrição sucinta da Acção de Distribuição Gratuita do Livro Escolar


Depois da independência Nacional em 1975, devido as suas características o sistema educativo
colonial Português já não servia aos interesses da sociedade Moçambicana. Foi então introduzido
o Sistema Nacional de Educação (SNE) em 1983 com uma nova estrutura, novos planos de
estudos, novos materiais de ensino e um novo modelo de formação inicial de professores, que
terminou em 1994 com a introdução das 7 classes que correspondem ao Ensino Básico.
11

Devido as dificuldades encontradas na implantação do novo Sistema Nacional de Educação o


Ministério de Educação e Cultura realizou uma reforma curricular do ensino básico que
culminou com o inicio do processo de distribuição gratuita do livro escolar em 2004. Em
cumprimento do Programa do Governo para a implementação do Novo Currículo do Ensino
Básico, a Acção de Distribuição Gratuita do Livro Escolar pretende assegurar o fornecimento
suficiente de livros e de materiais de ensino, tendo como indicadores /metas de desempenho
(2010/11), os livros disponíveis para os alunos num rácio de 1:1 por disciplina e como
pressupostos de políticas e reformas professores e directores de escolas formados, livros
distribuídos (PEEC - MEC).

Esta Acção de Distribuição Gratuita do Livro Escolar tem os seguintes objectivos:

• Promover o sistema educacional com livros e outros materiais básicos,

• Satisfazer as necessidades da educação,

• Expandir o acesso à educação e aos livros e outros materiais escolares,

• Fortalecer a capacidade nacional de produção e distribuição dos livros e outros materiais


escolares,

• Planificar e implementar a transição da provisão dos livros e material escolar da esfera


estatal monopolista para a de mercado livre,

• Descentralizar gradualmente a selecção, aquisição e financiamento dos livros e materiais


escolares para o mais próximo possível do utilizador,

• Responder aos objectivos e metas do Governo em relação a educação para todos,


assegurando a provisão, em tempo útil, do livro escolar e manuais do professor de
qualidade, incluindo as suas características físicas (livros usáveis durante pelo menos 3
anos),

• Assegurar que o MEC continue a monitorar as tendências do preço do livro no mercado e


mantê-los a um nível economicamente viável e sustentável para o Governo de
Moçambique, a longo prazo, com particular atenção aos livros caderno, garantindo um
equilíbrio real e justo entre preço, qualidade do livro e recursos financeiros disponíveis.

A Acção de Distribuição Gratuita do Livro Escolar tem como público-alvo os alunos do ensino
básico das escolas públicas e das escolas comunitárias. Esta acção tem como actividades básicas
a elaboração do conteúdo dos livros por disciplina, lançamento de concurso, avaliação das
propostas das editoras, produção dos livros, armazenamento e transporte dos livros, distribuição
dos livros pelas escolas, distribuição dos livros para os alunos.
12

A distribuição do livro escolar é feita a nível nacional. Na primeira fase (2004) foram
distribuídos livros para a 1ª, 3ª e 6ª classe em todas as disciplinas; na segunda fase (2005) foram
distribuídos livros para a 2ª, 4ª e 7ª classe em todas as disciplinas, na terceira fase (2006) foram
distribuídos livros para a 5ª classe em todas as disciplinas. Anualmente, para todos os livros de
reposição (3ª à 7ª classes) há uma reposição que varia entre 25 à 33%, para os livros caderno (1ª
e 2ª classes) a reposição é de 100%.

Os livros escolares para o ensino básico são adquiridos anualmente com base em duas
metodologias: reimpressão de livros da 3ª à 7ª classe, através da contratação directa das editoras
detentoras dos direitos editoriais desses livros; e a impressão de livros da 1ª e 2ª classe através de
concurso internacional porque neste caso o MEC detém os direitos editoriais destes livros. Uma
vez adquiridos os livros escolares é feita sua distribuição considerando três níveis: 1- distribuição
dos portos para as capitais provinciais, 2- distribuição das capitais provinciais aos distritos e 3-
distribuição do distrito à escola (ver anexo 1).
13

III. Constatações
Os resultados da presente auditoria serão apresentados de acordo com as questões que nortearam
o trabalho de campo. Para cada uma dessas questões serão apresentadas as evidências, análise
dos resultados e as respectivas recomendações, buscando-se sempre adoptar a triangulação das
informações prestadas pelas diferentes fontes de colecta de dados.

1-Os recursos humanos do MEC não atendem à demanda de execução e controlo da


distribuição do livro escolar para o ensino primário.
O processo de distribuição gratuita dos livros escolares que inicia logo após o
desalfandegamento, contagem e armazenamento dos livros nos armazéns da DINAME, envolve
os órgãos centrais, provinciais, distritais e locais. Com base no Plano Económico e Social (PES)
as escolas são orientadas a apresentar a projecção de números de alunos que terão para o ano
lectivo seguinte, é com base nessa projecção que as escolas indicam o número de livros
necessários por cada classe. O MEC por sua vez submete as quantidades de livros a serem
produzidos às editoras vencedoras dos concursos, uma vez recebidos os livros nos armazéns da
DINAME, esta elabora o plano operacional de distribuição e comunica as Direcções Provinciais
de Educação (DPEC) o roteiro da distribuição, e estes por sua vez devem comunicar aos Serviços
Distritais de Educação, Juventude, Tecnologia (SDEJT).
A DINAME usando a sua frota de meios circulantes distribuíu os livros directamente as escolas
no caso da Cidade de Maputo e aos SDEJT na província de Maputo. Para o controlo e
transparência do processo de entrega dos livros são conferidas as quantidades e depois assinada a
guia de remessa pelo técnico da DINAME e pelo técnico do SDEJT ou um membro da Direcção
da escola, a cópia fica nos SDEJT e a original fica com a DINAME.
Embora o processo de entrega dos materiais requer a contagem e verificação do recebido com o
que consta da guia de remessa e por fim a assinatura desta, constatou-se durante as entrevistas
aos directores dos SDEJT que não se seguiram esses procedimentos, somente delegam um
funcionário para acompanhar a entrega dos livros e assinatura da guia de remessa. Importante
aqui salientar que nenhuma escola visitada apresentou um controlo próprio de certificação das
quantidades dos livros recebidos, somente baseiam-se na assinatura das guias de remessa da
Diname e ficam com uma cópia para a escola ou para os SDEJT. Por outro lado as escolas e os
SDEJT constataram que as quantidades dos livros distribuídos no presente ano não
correspondiam ao solicitado na planificação, tendo-se feito ajustes ao plano operacional de
distribuição, existindo casos em que os livros recebidos estavam em maior quantidade ou menor
quantidade do planificado como pode-se verificar na tabela 1 onde apresenta-se a quantidade de
livros do plano operacional da Diname e as quantidades de livros recebidos pelos serviços
distritos da Namaacha, Boane e Marracuene.
14

Tabela 1. Mapa comparativo das quantidades planeadas e distribuídas

Plano da DINAME (por


disciplina) Quantidades recebidas (por Diferenças
Classe disciplina)

Namaach Boane Marracuen Namaach Marracuen


Boane (1) (2) (3)
a (1) (2) e (3) a e

1ª 1929 4018 3950 1982 4445 4063 53 427 113

2ª 1838 4640 3976 2093 4633 4036 225 -17 60

3ª 950 2378 1924 585 1392 1347 -365 -986 -577

4ª 550 1337 1124 637 1392 1268 87 55 -144

5ª 567 1427 1255 587 1442 1316 20 15 -61

6ª 632 1764 1622 505 1275 1231 -127 - 489 391

7ª 406 993 909 * 1468 1474 475 565

Resposta da Entidade
“O Ministério no seu novo estatuto orgânico privilegiou a criação de um Departamento
autónomo que irá lidar com todas as questões relacionadas com o livro escolar. Assim, julgamos
melhorar e fortalecer o sistema de controlo”

Comentário do auditor

Mantém-se a constatação, porque apesar de a entidade privilegiar a criação de um Departamento


autónomo que irá lidar com todas as questões relacionadas com o livro escolar, não clarifica
como o referido departamento levará a cabo as suas actividades para ultrapassar os problemas
levantados nesta questão.
15

2- As escolas e os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia não apresentam


infra-estrutura adequada à correcta consecução da distribuição de livros para os alunos do
ensino primário.
Durante as visitas técnicas, a equipa de auditoria constatou que uma vez recebidos os livros, os
SDEJT e as escolas armazenavam os livros na sala do director, sala de professores, colocados em
caixas, mesas ou ainda directamente no chão. Estas salas por não serem apropriadas para
armazenarem livros apresentavam problemas de humidade, arejamento, poeiras, pragas (insectos,
térmites, morcegos), fazendo com que a conservação dos livros seja deplorável (foto 1 e 2).

Foto n.º 1 Tecto do armazém da EPC de Maelane em Foto n.º 2 Livros misturados com produtos alimentares e
Namaacha com infiltração, teias de aranhas e bacias no armazém da EPC 7 de Abril em Namaacha
excrementos de morcegos

Adicionando ao problema de armazenamento dos livros está o facto que 2 directores distritais de
educação salientaram que a entrega parcial dos livros complica a sua organização para o
armazenamento, porque são obrigados a recorrer as instalações de outras instituições do estado
como é o caso dos serviços distritais de educação juventude e tecnologia de Boane, que guardam
os livros numa sala da escola centro piloto de Boane (foto 3 e 4). Estes espaços, por um lado
possuem outros artigos e por outro carecem de segurança.
16

Fotos n.º 3 e 4 Armazém do Centro Piloto de Boane, onde são guardados os livros dos SDEJT de Boane
juntamente com outro material.

Resposta da entidade

“O problema de infra-estruturas de educação é geral e está sendo sanado gradualmente com a


construção acelerada de salas de aulas, o que vai melhorar o armanezamento dos livros e outros
bens escolares, bem como, a aquisição de mobilário adequado para a conservação do livro
escolar. Sendo uma das prioridades do sector, esta actividade faz parte do plano estratégico do
Ministério”

Comentário do auditor

Mantém-se a constatação, porque apesar de a entidade reconhecer que não tem infra-estruturas
adequadas para conservação do livro, no seu esclarecimento não indica o número de salas que
estão a ser construidas para colmatar o problema e não faz referência aos armazéns que serão
constuídos.

3- Tanto o MEC como as DPEC, os SDEJT e as escolas não apresentam relatórios


sistemáticos relativos à distribuição dos livros.
Questionados os funcionários ao nível central (MEC) sobre a existência de relatórios específicos
sobre a distribuição gratuita, foi apresentada como resposta o seguinte: “ Anualmente é efectuada
uma inspecção conduzida pela Direcção de Inspecção”, mas não foi apresentado o referido
relatório. Aliado a este facto na sequência das visitas técnicas, foram questionados os directores
das escolas sobre a existência de relatórios sobre a distribuição dos livros, onde todos directores
elaboraram relatórios em resposta a nota de pedido da equipa de auditoria e não apresentaram
17

relatórios produzidos anteriormente a visita da equipa de auditoria. Ainda no decorrer da


aplicação dos questionários aos directores das escolas visitadas em que foram perguntados sobre
o número de alunos por classe, sexo, número de livros recebidos e números de livros devolvidos,
os 12 directores souberam responder sobre o número de alunos existentes nas suas escolas, mas
em relação ao número de livros recebidos ou devolvidos, faltaram respostas. Chama a atenção
para o facto de todos os directores terem respondido que adoptam mecanismos de controlo
relativamente à entrega dos livros, mas 50% não conseguiu responder as perguntas sobre a
quantidade de livros recebidos e distribuídos por gênero e por classe escolar. A título de
exemplo, apresentam-se os dados do número de alunos (mulheres) que receberam os livros na 7ª
classe, onde constata-se que somente 6 directores conseguiram responder a questão (Tabela 2).

Tabela 2: Quantos alunos mulheres receberam livros na 7ª classe?

Frequência %
24 1 8,3
36 1 8,3
70 1 8,3
95 1 8,3
319 1 8,3
5754 1 8,3
Total 6 50,0
Em
6 50,0
branco
Total 12 100,0

Resposta da entidade

“O MINED tem elaborado relatórios sistemáticos que incluem informação sobre o livro que são
apresentados a diversas entidades. Estes relatórios fazem parte das obrigações do sector para que
haja desembolsos de fundos por parte dos financiadores. As províncias e os distritos apresentam
relatórios. Contudo há uma necessidade evidente de os melhorar.

Comentário do auditor

Mantém-se a constatação, porque apesar de entidade referir que elabora relatórios sistemáticos, a
quando da realização da auditoria foram solicitados os mesmos através dos ofícios ao MINED,
DEC, DPEC SDEJT e as escolas visitadas, no entanto, os referidos relatórios não foram
facultados a equipa técnica de auditoria. Por outro lado no exercício do contraditório a entidade
não anexou os relatórios em causa.
18

4- Não esta havendo o correcto retorno dos livros nas classes pertinentes (3ª A 7ª classe).
A equipa de auditoria verificou a falta de controlo por parte da Direcção das escolas do processo
de devolução dos livros. Estes directores foram unânimes em afirmar que o nível de devolução é
inferior aos 70% estabelecidos pelo MEC, como pode-se verificar nos mapas de devolução da
das escolas nem todos os alunos devolvem os livros e mesmo aqueles que devolvem os livros
não estão bem conservados.
São resultados dessa fraca devolução: desistência dos alunos, um número significativo de livros
devolvidos inúteis devido a falta de páginas, páginas rasgadas, sem capas, alunos sem pasta para
proteger os livros das adversidades do tempo nas caminhadas de e para a escola, condições
precárias das salas de aula (foto 5).

Foto n.º 5. Alguns alunos transportando livros na mão, sem pasta, na EPC 7 de Abril
Namaacha.

É importante aqui levantar a questão se a meta de 70% é adequada a realidade as condições dos
alunos e das escolas em Moçambique, citando os trabalhos desenvolvidos por Saíde e Raimundo
(2010) no relatório de levantamento da situação do livro escolar de distribuição gratuita, onde
também constataram que o nível de devolução é inferior aos 70% estabelecidos pelo MEC
porque além dos aspectos acima mencionados, estes autores também falam das difíceis
condições onde decorre o processo de ensino-aprendizagem, alunos sentados no chão, aulas num
espaço diminuto com os professores sem mesa para colocar os manuais.
Dos 12 directores de escola questionados, 6 (50,0%) responderam que no caso de desistência os
alunos não devolvem os livros e 5 (41,7%) afirmaram que os livros são devolvidos, como ilustra
a Tabela 3.
19

Tabela 3: Para o caso de desistências, os livros são devolvidos?

Frequência %
Sim 5 41,7
Não 6 50,0
Total 11 91,7
Em
1 8,3
branco
Total 12 100,0

No entanto, tanto os 368 (92,0%) pais e encarregados de educação como os 385 (96,3%) alunos
inquiridos responderam de forma afirmativa quando questionados se foram explicados que os
livros da 3ª a 7ª classe precisam ser devolvidos no fim do ano lectivo (ver tabelas 4 e 5).

Tabela 4: Pais e Encarregados de Educação


Explicaram-lhe se os livros da 3ª a 7ª classe precisam de ser devolvidos no final do ano?

Frequência %
Sim 368 92,0
Não 21 5,2
Total 389 97,2
Em
11 2,8
branco
Total 400 100,0

Tabela 5: Alunos
Explicaram-lhe se os livros da 3ª a 7ª classe precisam de ser devolvidos no final do
ano?

Frequência %
Sim 385 96,3
Não 14 3,5
Total 399 99,8
Em
1 0,2
branco
Total 400 100,0
20

Dos 157 professores inquiridos, 50,3% (79) afirmaram que os seus alunos devolvem o livro
escolar no fim do ano lectivo, contrariamente aos 49,7% (78) que disseram que os alunos não
devolvem os livros no fim do ano lectivo (vide tabela 6).

Tabela 6: Todos os alunos da 3ª a 7ª classe devolvem o livro escolar no final do ano?

Frequência %
Sim 79 50,3
Não 78 49,7
Total 157 100,0

Apesar de a maior parte dos alunos, pais e encarregados de educação inquiridos terem o
conhecimento da necessidade de devolução dos livros e de mais de metade dos professores
inquiridos afirmarem que os seus alunos devolvem os livros, esta devolução está aquém dos 30%
de reposição dos livros. Os poucos livros que são devolvidos como constatados na sequência das
visitas técnicas, não estão em boas condições de serem reutilizados, todos os 12 directores de
escola inquiridos afirmaram que os livros recolhidos no fim do ano uns estavam bem
conservados e outros mal conservados, o que vai de acordo com a resposta dada pelos 157
professores inquiridos, dos quais 136 (86,6%) responderam que uns livros encontram-se num
bom estado de conservação enquanto outros não estão num bom estado de conservação, 15
(9,6%) professores responderam que os livros encontravam-se mal conservados e 6 (3,8%)
professores afirmaram que os livros encontravam-se num bom estado de conservação, como
pode-se observar nas tabelas 7 e 8 e a foto nº 6 e 7.
21

Fotos n.º 6. Livro Recolhido na EPC Polana Fotos n.º 7. Livro Recolhido na EPC Avenida
Caniço A de KaMaxakeni das FPLM de KaMaxakeni

Tabela 7: Directores de escola

Os livros recolhidos dos alunos ao final do ano estavam:

Frequência %
Uns bem
conservados e 12 100,0
outros não

Tabela 8: Professores

Os livros devolvidos geralmente encontram-se no seguinte estado de conservação?

Frequência %
Bem conservados 6 3,8
Uns bem outros
136 86,6
mal conservados
Maioritariamente
15 9,6
mal conservados
Total 157 100,0
22

Nas entrevistas realizadas aos Directores dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e
Tecnologia dos distritos visitados, estes foram peremptórios em afirmar que as escolas são
orientadas a elaborar um mapa de devolução dos livros, mas que mesmo assim persistem
algumas deficiências nos mapas apresentados.

Resposta da entidade

O Ministério já desenhou e vai implementar um sistema de inventário nas escolas para aumentar
o nível de transparência e responsabilização

Comentário do auditor

Mantém-se a constatação, porque enquanto a entidade não implementar o sistema de inventário


nas escolas, continuarão a existir casos de alunos que frequentam as aulas sem livro escolar. Por
outro lado, a entidade faz apenas a reposição dos livros escolares em 30% e em contrapartida as
escolas não conseguem ter 70% dos livros devolvidos e em condições de serem reaproveitados
para o ano seguinte.

5- O controlo em relação à distribuição não é adequado e não fornece informações


necessárias e úteis.
Em certos aspectos da distribuição do livro escolar, como o processo todo de lançamento de
concurso para as editoras, a adopção e edição do livro, o contrato feito com a Diname para o
transporte do livros o controle é adequado e fornece informações necessárias, mas no entanto,
aspectos como a quantidade de livros a ser distribuída para cada província, distrito, escola até
chegar ao aluno, tem um controlo muito fraco e não fornece informações úteis. Durante as visitas
técnicas verificou-se que em algumas escolas (ver fotos 8 e 9) sobravam livros depois da
distribuição e questionou-se a 157 professores o que é feito no caso de sobrarem livros após a
distribuição, 72 professores responderam que guardam para o ano seguinte, 40 professores
responderam que distribuem as outras escolas que não tenham livros, 20 professores
responderam que devolvem aos Serviços Distritais de Educação, 3 professores responderam que
devolvem ao MINED, 3 professores responderam que devolvem a Diname, e os restantes 19
professores deixaram a resposta em branco (ver tabela 9).
23

Tabela 9: professores
Quando sobram livros, o que faz a escola?

Frequência %
Distribui às outras
escolas que não 40 25,5
tenham
Devolve ao DINAME 3 1,9
Devolve ao MINED 3 1,9
Guarda para o ano
72 45,9
seguinte
Devolve aos serviços
20 12,7
distritais de Educação
Total 138 87,9
Em branco 19 12,1
Total 157 100,0

Fotos n.º 8 e 9. Livros novos que sobraram depois da Distribuição na EPC Polana Caniço A de KaMaxakeni
e dos SDEJT no Centro Piloto de Boane.
24

Apesar de ter-se verificado a sobra dos livros nas escolas e a maior parte dos professores ter
afirmado que guardam os livros para o ano seguinte, não foi possível certificar se na altura das
projecções feitas para o número de livros para o ano lectivo seguinte se estes livros sobrados são
incluídos, porque quando questionados os directores de escola sobre as fichas de controlo de
devolução de livros e a projecção de alunos para o ano lectivo seguinte não apresentavam
nenhuma coluna referente aos livros sobrados do ano anterior e nem pode-se afirmar que a
quantidade de livros necessários que cada escola requisita para o ano lectivo seguinte inclui os
livros que sobraram.

Ainda relativamente aos livros que sobram após a distribuição verificou-se que em certas escolas
como é o caso da Escola Primária Completa Polana Caniço A e dos Serviços Distritais de
Educação de Boane, que nem todos os alunos tinham recebido o livro escolar até a data de 25 de
Outubro de 2010, apesar de a escola e os Serviços Distritais terem recebido os livros
directamente da Diname e terem livros guardados no local utilizado como armazém (foto 8 e 9).

Verificou-se ainda que o sistema de registo manual de número de alunos matriculados, número
de desistências, número de alunos transferidos, número de livros devolvidos, número de livros
recebidos, que muitas das vezes é deficitário e propenso a erros, fazendo com que o controlo em
relação a distribuição seja inadequado e forneça informação não útil. Muitos dos directores das
escolas visitadas tiveram enormes dificuldades em apresentar dados correctos sobre quantos
alunos a sua escola tem, quantos alunos receberam os livros e quantos alunos devolveram os
livros como pode-se observar na tabela 10 um enxerto retirado de um dos questionários aplicados
aos directores de escola, em que existem uma disparidade nos dados apresentados relativamente
ao número de livros devolvidos que ultrapassa o número de alunos existentes.
25

Tabela 10. Directores

Sobre alunos da sua escola informe:

Quantos têm? Quantos livros receberam? Quantos livros foram devolvidos?

Classes H M H M H M

1ª classe 82 69 55 45

2ª classe 71 72 71 72

3ª classe 61 53 37 37 225

4ª classe 37 55 30 42 273

5ª classe 74 78 50 50 920

6ª classe 89 78 77 77

7ª classe 72 73 73 70

Este sistema de registo manual dificulta a planificação quer ao nível dos serviços distritais, quer
ao nível do MEC. Como afirmam os directores dos serviços distritais de educação (entrevista
director de Marracuene) “...É necessário que o serviço distrital forneça o número de alunos por
escola e quantos livros foram recolhidos...”, mas mesmo esta planificação feita ao nível do
distrito não inclui nas suas projecções a quantidade de livros sobrados em cada escola e o stock
de livros que são enviados aos serviços distritais de educação.

Não obstante ao facto de a equipa de auditoria ter constatado que as guias de remessa que são
guardadas como comprovativo da entrega dos livros nas escolas, serviços distritais, e o MEC,
são cópias da guia de remessa original entregue pela Diname. Estas guias são a única fonte de
controlo da entrega dos livros que foi fornecida pelas escolas e serviços distritais visitados, o que
não foi possível fazer comparação entre diferentes instrumentos de controlo, restando apenas
validar as informações das guias de remessa. Mas há casos como as escolas dos serviços
distritais de Boane, que receberam os livros vindos dos Serviços Distritais de Educação e não
apresentaram a cópia da guia de entrega como é o caso da escola primária Mahubo km10 e
outras escolas que apresentaram uma guia de entrega de livros, feita manualmente apresentando
rasuras pelos serviços distritais como é o caso da EPC 16 de Junho que serviu de documento
comprovativo da entrega dos livros.
26

Resposta da Entidade
Estamos cientes que o controle ao nível da escola ainda é deficiente. O sistema de controlo de
stocks que será implementado resolverá este problema disponibilizando informação adequada.

Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade mesmo ciente que o controle ao nível da escola
ainda é deficiente, não apresenta elementos que indicam claramente quando e como será
implementado este controlo de stock, e como serão ultrapassados os problemas que se verificam
na planificação.

6- As acções de fiscalização, monitoramento e avaliação desta acção não são feitas


tempestivamente e de forma sistemática.
No decorrer das visitas técnicas realizadas ao MINED, Serviços Distritais de Educação, Diname
e as escolas, verificou-se que as acções de fiscalização, monitoramento e avaliação da
distribuição do livro escolar não são feitas tempestivamente e nem de forma sistemática. Esse
processo de fiscalização e monitoramento é baseado em guias de remessa e relatórios que foram
produzidos aquando da solicitação em nota de pedido pela equipa de auditoria, outras entidades
visitadas explicaram que são elaborados ocasionalmente relatórios pela Inspecção Geral de
Educação, mas tais relatórios não foram fornecidos.

Resposta da Entidade
O Ministério está consciente que o sistema de fiscalização e monitoria não são sistemáticos daí
que o Ministério na sua nova orgânica criou duas novas unidades orgânicas para aumentar o
nível de supervisão.

Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque mesmo a entidade afirmando que criou duas unidades
orgânicas para aumentar nível de supervisão não esclarece como irá levar acabo as acções de
fiscalização, monitoria e avaliação da distribuição do livro escolar para os próximos anos
lectivos.

7- Os Livros são entregues aos alunos e professores no prazo adequado para permitir a
aprendizagem em sala de aula.
Tanto no decorrer das visitas técnicas bem como na aplicação dos questionários aos directores de
escola, pais, professores, alunos e nas entrevistas aos directores dos SDEJT, verificou-se que os
livros foram entregues aos alunos no prazo adequado a permitir a aprendizagem na sala de aula
para o ano lectivo de 2010.
27

Dos 7 directores distritais entrevistados, todos afirmaram terem recebido o livro escolar em
Janeiro de 2010, e em alguns distritos como foi o caso do distrito de Boane que recebeu a
primeira entrega em Dezembro de 2009.

De acordo com a tabela 11, pode-se ver que dos 157 professores inquiridos, 98,1% responderam
que os seus alunos receberam os livros no período de Janeiro à Março de 2010, 1,3%
responderam que os seus alunos receberam os livros no período de Abril à Junho, 0,6%
respondeu que os seus alunos receberam os livros no período entre Outubro a Dezembro.

Perguntou-se também aos alunos e os seus pais e encarregados de educação, quando é que
tinham recebido os livros escolares e dos 400 alunos inquiridos, 96,8% afirmaram terem
recebido os livros no período de Janeiro à Março, 2,3% alunos disseram ter recebido os livros
entre os meses de Abril à Junho, 0,5% alunos receberam os livros nos meses de Julho à Setembro
e 0,3% aluno disse ter recebido os livros entre os meses de Outubro à Dezembro. Por outro lado
as respostas dadas pelos encarregados de educação não deferiram muito, dos 400 pais e
encarregados de educação inquiridos, 91,3% responderam que os seus educandos receberam os
livros nos meses de Janeiro à Março de 2010, enquanto 4,8% responderam que os seus
educandos receberam os livros nos meses de Abril à Junho, 5% responderam nos meses de Julho
à Setembro e os restantes 3,5% pais e encarregados de educação deixaram as respostas em
branco.

Comparando com as respostas dadas pelos directores das mesmas escolas onde foram inquiridos
os professores, alunos e os seus pais e encarregados de educação, pode-se confirmar que os
livros foram recebidos e distribuídos no mês de Janeiro de 2010, salvo raras excepções. Dos 12
directores de escola questionados sobre a data de recebimento e distribuição dos livros escolares,
todos afirmaram terem recebido os livros em Janeiro e terem iniciado a sua distribuição aos
alunos nesse mesmo mês, exceptuando um director de escola que distribuiu os livros no mês de
Fevereiro.

Tabela 11: Quando os livros foram distribuídos na escola?

Professores (%) Alunos (%) Pais (%) Directores


(%)
Janeiro a Março 98,1 96,8 91,3 100
Abril a Junho 1,3 2,3 4,8 0
Julho a Setembro 0,0 0,5 0,5 0
Outubro a Dezembro 0,6 0,3 0,0 0
28

Resposta da Entidade
O Ministério vai continuar a envidar esforços para que a distribuição do livro aconteça
atempadamente em todas as escolas do país de modo que o ano lectivo inicie já com este
instrumento nas mãos dos alunos.

Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade no exercício do contraditorio concorda com os
factos arrolados na constatação acima e que há necessidade de se fazer melhorias na distribuição
do livro escolar.

8- A qualidade física do livro não permite a durabilidade que lhe é esperada


A qualidade física do livro escolar não é boa, especialmente para os livros caderno da 1ª e 2ª
classe. A equipa de auditoria constatou que os livros novos distribuídos pela Diname chegam aos
alunos num bom estado de conservação, mas no entanto quando feita a inspecção física e
questionado aos alunos, pais, professores e os directores de escola sobre o estado de conservação
dos livros recolhidos no fim do ano, a maior parte respondeu que os livros não estavam bem
conservados.

Durante as visitas técnicas verificou-se que os livros da 1ª e 2ª classe concebidos para durar um
ano, estavão destruídos antes de completar um trimestre. Este livro é manuseado pelo aluno em
condições que favorece a sua deteriorização, muitas das salas de aulas visitadas os alunos
estavão sentados no chão, muitos alunos não possuíam pastas para guardar os livros, e muitos
livros não estavam encapados (foto 10).

Foto nº 10 Livro abandonado no chão durante o intervalo na EPC


Eduardo Mondlane de Marracuene
29

Resposta da Entidade
Esta é uma preocupação central do Ministério. A durabilidade do livro depende das suas
características físicas e do seu manuseamento e conservação pelos alunos e na escola.
Alterações às características físicas do livro têm um forte impacto financeiro e devem ser
cuidadosamente avaliadas face à sua sustentabilidade. O ministério está a analisar várias opções
tais como pastas para os alunos, plastificação das capas, outras opções de encardenação, o uso de
papel mais resistente à humidade, a disponibilização de armários/baús nas escolas para
armazenamento dos livros, etc. O Ministério tem também lançado campanhas públicas nos
órgãos de comunicação nacionais e comunitários (rádios comunitários) para sensibilizar as
famílias para um maior cuidado com o livro.

Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque apesar de a entidade fazer campanhas de sensibilização nos
órgãos de comunicação nacionais e comunitários ainda verificam se nas escolas casos de livros
que se destroem antes dos 3 anos previstos pelo Ministério da Educação para durabilidade do
livro, como ilustra a foto nº 10 acima.

9- Nem todos os professores têm sido preparados para a utilização dos livros que estão
sendo distribuídos.
Nem todos os professores têm sido preparados para a utilização dos livros escolares que são
distribuídos aos alunos. Dos 12 directores de escolas perguntados se os professores das suas
escolas foram preparados para utilizar o manual de professor que acompanha o livro do aluno,
41,7% responderam que sim e 58,3% responderam que os seus professores não receberam
nenhuma formação sobre os manuais de professores. Entretanto feita a mesma pergunta a 157
professores, verificou-se uma discrepância nas respostas porque 87,3% dos professores
afirmaram terem recebido formação para a utilização do manual, 12,1% dos professores
afirmaram que não receberam formação para a utilização do manual e 1 professor não respondeu
a pergunta (ver tabela 12).

Tabela 12: O professor recebeu uma formação para a utilização do seu manual?

Professores Directores
(%) (%)
Sim 87,3 41,7
Não 12,1 58,3
Total 99,4 100,0
30

Apesar de um número significante de professores não ter recebido o manual do professor no ano
de 2010, como pode-se observar na tabela 13 que dos 157 professores, 36,9% não recebeu o
manual, 63,1% recebeu o manual do professor, a maior parte dos professores (71,3%) afirma que
o manual do professor é adequado ao livro escolar do aluno, 16,6% dos professores respondeu
que o manual não é adequado ao livro do aluno e 12,1% dos professores não responderam a
pergunta (ver tabela 14).

Tabela 13: professores


Todos os professores receberam o manual do professor?

Frequência %
Sim 99 63,1
Não 58 36,9
Total 157 100,0

Tabela 14: professores


O manual do professor é adequado ao livro didáctico do aluno?

Frequência %
Sim 112 71,3
Não 26 16,6
Total 138 87,9
Em
19 12,1
branco
Total 157 100,0

Resposta da Entidade
O Ministério nas suas acções de formação de professores (inicial e em exercício), inclui a
preparação dos mesmos para uso do livro escolar.

Reconhecemos contudo que há muito espaço para melhorar o conteúdo desta formação que deve
acontecer também na própria escola e na ZiP. Um novo modelo de formação de professores
começará a ser implementado a nível piloto. Simultâneamente o sistema de formação em
exercicio dos professores está a ser melhorado com uma maior participação das instituições de
formação do professores que recebem fundos adicionais para tal.
31

Comentário do Auditor
Mantemos a constatação, porque a entidade não clarifica que conteúdos deveram ser melhorados
e como funcionará o novo modelo de formação a nível piloto.

10- Os livros escolares apresentam problemas relativos à correção gramatical, bem como
aos conceitos de cada disciplina.
Questionados os 157 professores se já tinham identificado algum erro nos livros escolares,
81,5% dos professores afirmaram que já tinham identificado erros gramaticais e 17,8% que não
identificaram nenhum erro (ver tabela 15).

Tabela 15: professores

Os professores já identificaram algum erro nos livros escolares?

Frequência %
Sim 128 81,5
Não 28 17,8
Total 156 99,4
Em
1 ,6
branco
Total 157 100,0

Também foram questionados os directores das escolas visitadas se os professores tinham


identificado algum erro no conteúdo dos livros escolares, dos quais 58,3% afirmaram que os seus
professores identificaram erros e 41,7% dos directores responderam que os seus professores não
identificaram erros no conteúdo dos livros escolares (ver tabela 16).

Tabela 16: directores de escola


Os professores ou coordenadores da escola já identificaram algum erro no conteúdo dos
livros recebidos pelo MINED?

Frequência %
Sim 7 58,3
Não 5 41,7
Total 12 100,0
32

Igualmente questionou-se aos directores de escola se os alunos são avisados para corrigirem os
erros encontrados nos livros onde dos 12 directores, 9 responderam que os alunos são avisados
para corrigirem o erro encontrado e 3 directores não responderam a pergunta (ver tabela 17).

Tabela 17: directores de escola

E os alunos são avisados para corrigirem o erro encontrado no livro?

Frequência %
Sim 9 75,0
Em
3 25,0
branco
Total 12 100,0

No entanto quando questionados os directores se o erro encontrado nos livros escolares foi
comunicado ao MINED, Diname, DPEC, ou um outro órgão encontramos as seguintes respostas
que podem ser observadas no gráfico 1. O que revela que dos directores de escola inquiridos 7
não comunicam o erro encontrado no conteúdo dos livros escolares.

Gráfico nº1

Se sim, a quem foi comunicado?

Comunicado (SDEJT, DDE, ZIP Não comunicado

Series1

Paralelamente aos resultados aqui apresentados em relação aos erros gramaticais, o trabalho
desenvolvido pelo especialista em relação aos erros gramaticais e adequação dos conceitos de
cada disciplina apresentou os seguintes resultados para os diferentes livros escolares:

1ª Classe - Língua Portuguesa (Livro Caderno) DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana


(2007). Aprender a Ler. Maputo: MACMILLAN.

A linguagem do livro é gramaticalmente correcta, bem como os conceitos utilizados. Além da


utilização de frases simples e correctamente estruturadas, o vocabulário é acessível e adequado
33

para a idade das crianças. A linguagem, dominantemente mista, incorpora ilustrações


expressivas, e reforça-se pelo didactismo dos exemplos, enfim, das correctas associações entre
texto e imagem.

Evidências: “Expressões e frases como: “Lê e copia a letra”; “Lê e escreva”; “Cobre o tracejado
e copia as vogais”; “Lê, junta as sílabas e forma palavras” abundam no livro. As mesmas
ilustram o carácter gramatical da linguagem. Por seu turno, os conceitos usados são
gramaticalmente correctos, como mostram os seguintes exemplos: “Esta é a nossa sala. Na sala
podemos descansar, conversar e receber visitas.” (p.20); “O gato miou. O galo cantou. O rato
chiou. O cão ladrou.” (p.47) ”.

2ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) HOFMEYR, Leoni (Coord.) (2008). Descobrindo a


Matemática. Cape Town: Nasou Via Afrika.

No geral, o livro apresenta linguagem gramaticalmente correcta. Além da utilização de frases


simples e correctamente estruturadas, o vocabulário é acessível e adequado para a idade das
crianças. Existem, no entanto, pequenas gralhas que não comprometem a qualidade global do
livro, no que a linguagem diz respeito.

Evidências: Os exemplos da linguagem encontram-se, principalmente, nos enunciados dos


exercícios: “O pai do Abdul comprou uma caixa de maçãs. A família come três maçãs por dia.
Quantos dias vão durar a caixa de maçãs?” (p.84); “Observa as seguintes figuras abaixo. Pinta os
quadradinhos em vermelho, os rectângulos em azul, os triângulos em verde e os círculos em
amarelo.” (p.102)

3ª Classe – Ciências Naturais (Livro do Aluno) RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos
Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.

A linguagem é gramatical e contextualmente correcta. O uso de um vocabulário acessível, o


emprego de frases simples e curtas, o recurso ao grau diminutivo favorecem a motivação, a
compreensão e a aprendizagem da criança.

Evidências: “ Vem comigo”, “ Abre bem os teus olhinhos” (p.2); “A água boa para bebermos e
cozinharmos os alimentos não tem cor, nem cheiro, nem sabor. É água potável. (p.45)

4ª Classe – Ciências Sociais (Livro do Aluno) GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores.

O livro apresenta uma linguagem não só gramaticalmente correcta, mas também didacticamente
sugestiva. É notório o recurso a um vocabulário acessível, ao mesmo tempo que as frases são
simples e curtas, sobretudo, na abordagem dos conceitos e nos exercícios. A este pormenor
acrescem-se as iniciativas de ordem motivacional (emprego de verbos de acção, no início das
34

actividades: observo, interpreto, realizo, leio…), para além das elucidativas e sistemáticas
ilustrações.

Evidências: a) frases simples “A família deve participar nos projectos de desenvolvimento da


sua comunidade” (p.24); “Qual é o maior rio da tua província?” (p.44); “A população não se
encontra distribuída da mesma maneira em todas as províncias do nosso país” (p.45); b)
ilustrações – Mapa linguístico de Moçambique (p.23); Artistas e artesãos da minha província
(p.58).

5ª Classe - Língua Portuguesa (Livro Caderno) DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana


(2007). Aprender a Ler. Maputo: MACMILLAN.

A linguagem é gramaticalmente correcta, além de apresentar apetrechos motivacionais,


reforçados por ilustrações. Em relação aos conceitos, a linguagem empregue é correcta e
objectiva. Essencialmente, o livro apresenta vocabulário corrente, frases simples, algumas
ilustrações e expressões de exortação.

Evidências: “Vamos conversar com o texto: Quantos irmãos têm a Marina?” (p.2); “Recorda-te:
Palavras antónimas são aquelas que têm significados opostos ou contrários” (p.3); “Vamos
escrever: Imagina que és a Agnes. Responde à carta da Marina.” (p.14).

5ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.).
Descobrir a Matemática. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.

A linguagem usada é gramaticalmente correcta, quer na explanação de conceitos, quer na


introdução de actividades diversas. O vocabulário empregue é acessível, recurso a frases simples.

Evidências: “A ideia de perímetro está relacionada com o contorno ou limite de uma figura
[terreno].” (p.47); “Observa a figura. Qual é a área do rectângulo ABCD?” (p.86).

6ª Classe – Educação Moral e Cívica (Manual do Professor) FENHANE, João; CAPECE, Jó


(2003). Nós e os Outros. Maputo: Texto Editores.

A linguagem utilizada é, em geral, gramaticalmente correcta. Porém, por vezes, regista


anomalias, sobretudo no emprego dos sinais de pontuação. Os conceitos surgem, apenas, nas
propostas de resolução do Teste Diagnóstico e da Ficha de Avaliação da Unidade 1 do Livro do
Aluno. No entanto, a linguagem empregue é gramaticalmente correcta. O vocabulário dominante
é de nível corrente. As frases são, no geral, simples, facilitando a compreensão rápida da
mensagem.

Evidências: Exemplo de um segmento simples, embora com problemas de pontuação: “O


professor pode explicar [,] de forma sucinta, as características de cada uma das sociedades
35

(matrilineares e patrilineares) [,] dando ênfase às responsabilidades do pai e da mãe na educação


dos filhos” (p.19).

7ª Classe – Ofícios (Manual do Professor) MAZIVE, Alberto et al. (2005). O Saber das Mãos.
Maputo: Longman.

O livro apresenta uma linguagem não só gramaticalmente correcta, mas também adequada ao
professor. A linguagem utilizada nos conceitos é, também, na generalidade, correcta. É notório,
no livro, o apelo ao tratamento mais formal (não intimidade). Por outro lado, o uso do presente
do indicativo, nas definições, confirma o carácter factual destas.

Evidências: “Ensino orientado para a actividade: tem a ver com a utilização de metodologias
participativas.” (p.12); “ Discuta com a turma sobre a utilidade de materiais têxteis” (p.21).

Resposta da Entidade
A avaliação do livro tem sido feita por equipa independente de especialistas que avaliam com
rigor todos as respostas apresentads pelas editoras e, para cada livro, apresentam sugestões de
melhorias dos mesmos, implementação obrigatoria para livro selecionado pelo Ministério.
Contudo há sempre grelhas que escapam ao olho clinico destes especialistas. Quando detectadas
o Minitério ordena às editoras que façam as devidas correcções. Verificamos contudo que as
constatações dos auditores se baseiam unicamente na percepção dos professores e directores de
escolas entrevistados sem evidência de prova. A avaliação dos especialistas consultados pela
auditoria refere de forma unânime que os livros apresentam uma linguagem gramaticalmente
correcta e adequada.

Comentário do Auditor

Mantém-se a constatação, porque o analista no geral além de não ter detectado erros gramaticais
no livro que analisou nomeadamente, da 1ª classe: Língua Portuguesa (Livro Caderno).
DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana (2007). Aprender a Ler. Maputo: Macmillan,
2ª classe: Matemática (Livro do Aluno). HOFMEYR, Leoni (Coord.) (2008). Descobrindo a
Matemática. Cape Town: Nasou Via Afrika, 3ª classe: Ciências Naturais (Livro do Aluno).
RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
4ª classe: Ciências Sociais (Livro do Aluno). GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores, 5ª classe: Matemática (Livro do Aluno).
LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.). Descobrir a Matemática. Maputo: Plural
Editores/Porto Editora, 5ª classe: Língua Portuguesa (Livro Caderno). DHORSAN, Adelaide;
MONTEIRO, Susana (2007). Aprender a Ler. Maputo: Macmillan, 6ª classe: Educação Moral e
Cívica (Manual do Professor). FENHANE, João; CAPECE, Jó (2003). Nós e os Outros. Maputo:
Texto Editores, 7ª classe: Ofícios (Manual do Professor). MAZIVE, Alberto et al. (2005). O
36

Saber das Mãos. Maputo: Longman, referentes ao ano lectivo 2010, também o especialista
detectou alguns erros gramaticais a título de exemplo o livro da 6ª Classe - Educação Moral e
Civíca (2003, p.19). No entanto, não se deve descartar as respostas dadas pelos professores e
directores da escola porque estes trabalham com os livros desde que o processo de distribuição
gratuita começou a ser implementado, o que permetiu a equipa trabalhar com um universo de
157 professores, no qual introduziu os dados no programa estatístico designado por SPSS, tendo
considerado o intervalo de confiança de 95% e constatado através da amostra que cerca de 81,5%
dos professores afirmaram que ja tinham identificado erros gramaticais.

11 - Os procedimentos utilizados na distribuição dos livros atendem ao princípio de


gratuidade.
Na sequência das visitas técnicas evidenciou-se que a distribuição dos livros escolares atende ao
princípio de gratuidade, salvo o caso de 13 alunos que afirmaram que eles ou os seus familiares
pagaram algum dinheiro pelos livros, mas estes mesmos alunos quando questionados quanto
pagaram e a quem pagaram obteve-se um menor número de respostas, somente 2 alunos
indicaram o valor pago pelos livros e 7 alunos identificaram a quem pagaram para obter os livros
(ver as tabelas 18, 19, 20).

Tabela 18: alunos


Tu ou os teus familiares pagaram algum dinheiro pelos livros?

Frequência %
Sim 13 3,3
Não 386 96,5
Total 399 99,8
Em
1 ,2
branco
Total 400 100,0
37

Tabela 19: alunos

Quanto pagaram?

Frequência %
50 1 ,3
1000 1 ,3
Total 2 ,5
Em
398 99,5
branco
Total 400 100,0

Tabela 20: alunos


A quem pagaram?

Frequência %
Director da escola 4 1,0
Secretaria 1 ,3
Outra pessoa.
2 ,5
Quem?
Total 7 1,8
Em branco 393 98,2
Total 400 100,0

Outro facto que evidenciou que a distribuição atende ao princípio de gratuidade foram as
respostas dadas pelos pais e encarregados de educação onde 373 dos encarregados de educação
afirmaram que os seus educandos receberam os livros na escola, 22 encarregados de educação
afirmaram que compraram os livros e 2 encarregados de educação identificaram outras fontes e
os restantes 3 não responderam a pergunta (ver tabela 21).
38

Tabela 21: pais


Como o(s) seu(s) filho(s)/educando(s) adquiriu os livros escolares

Frequência %
Recebeu na
373 93,3
escola
Comprou 22 5,5
Outras fontes 2 ,5
Total 397 99,3
Em branco 3 ,7
Total 400 100,0

No entanto 39 encarregados de educação afirmaram que pagaram algum dinheiro pelos livros,
quando questionados a quem pagaram 19 pais e encarregados de educação responderam que
pagaram a outras pessoas foram das opções apresentadas no questionário que eram Director da
escola, Director adjunto pedagógico, professor ou secretaria (ver tabela 22). A equipa de
auditoria efectuou visitas em Março de 2011 de forma dissimulada as livrarias e aos seguintes
mercados informais (mercado informal da vila de Boane, vendedores ambulantes na baixa da
cidade de Maputo, nas avenidas Zedequias Manganhela, Filipe Samuel Magaia e Guerra
Popular), contudo não encontrou-se nenhum livro de distribuição gratuita à venda.

Tabela 22: pais


O senhor(a) ou os seus familiares pagaram algum dinheiro pelos livros?

Frequência %
Sim 39 9,7
Não 358 89,5
Total 397 99,2
Em
3 ,8
branco
Total 400 100,0

Resposta da Entidade
Apesar das melhorias obtidas ao longo dos últimos anos, continuaremos a aperfeiçoar o sistema
de distribuição do livro de forma a garantir que todos alunos recebam gratuitamente o livro de
escolas a que tem direito.
39

Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, uma vez que, auditoria constatou esta boa prática mas a entidade não
esclarece o facto de existência de 39 pais e encarregados de educação e 22 alunos que afirmam
que compraram o livro gratuíto, justificando apenas que continuarão a aperfeiçoar o sistema de
distribuição do livro.

12 - Todas as escolas públicas da Cidade e Província de Maputo são abrangidas na


distribuição dos livros das disciplinas referentes a cada classe.

Na sequência das visitas técnicas constatou-se que todas as escolas visitadas na Cidade e
Província de Maputo recebem os livros de distribuição gratuita desde que se iniciou esta acção
de distribuição. Verificou a existência de guias de remessas com datas de entregas nas Direcções
Provinciais de Educação, Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia, nas escolas,
planos de distribuição na Diname.

Mesmo quando questionou-se aos encarregados de educação se os seus educandos tinham


recebido os livros escolares, 94,5% afirmaram terem recebido, contrastando com 5,5%
encarregados de educação que disseram que os seus educandos não receberam os livros. Para o
caso dos alunos obtivemos as seguintes respostas, 48,8% dos alunos afirmaram que todos os seus
colegas receberam os livros, 3,8% dos alunos disseram que nem todos os colegas receberam os
livros, 46,3% dos alunos afirmaram que alguns colegas receberam e outros não e 1,3% dos
alunos não respondeu a pergunta (ver tabela 23).

Pela análise feita as respostas dadas pelos professores, verificou-se que também estes afirmam
que nem todos os seus alunos receberam os livros, onde 47,8% dos professores disseram que os
seus alunos receberam os livros e 51,6% dos professores disseram que os seus alunos não
receberam os livros escolares para o ano lectivo de 2010 (ver tabela 23).

Tabela 23: Os alunos receberam os livros escolares este ano?


Aluno
Pais s Directores Professores
Sim 94,5 48,8 16,7 47,8
Não 5,5 3,8 0 51,6
Alguns
receberam 0 46,3 83,3 0
outros não
Total 100,0 98,8 100,0 99,4
Em branco 0 1,3 0 ,6
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
40

O facto de 46,3% dos alunos terem respondido que alguns colegas receberam os livros e outros
não receberam, está relacionado aos casos dos alunos que não receberam todos os livros para as
diferentes disciplinas no ano de 2010, onde analisar-se-á no ponto 14. No entanto quando
perguntado aos mesmos alunos se no ano anterior todos teriam recebido os livros escolares, 383
afirmaram terem recebido os livros e 17 disseram que não receberam.

As respostas fornecidas pelos directores de escola bem como dos professores confirmam que as
escolas recebem os livros escolares. Dos 12 directores de escola inquiridos, todos afirmaram que
receberam os livros, mas quando questionados se todos alunos da 1ª a 7ª classe receberam os
livros escolares, 10 directores responderam que alguns alunos receberam e outros não, esta
resposta também esta associada ao facto de as escolas não receberem quantidades suficientes de
livros para os alunos matriculados e estes alunos não recebem livros em todas as disciplinas.
Resposta da Entidade
Ao longo dos últimos anos o Ministério tem investido na melhoria do sistema de distribuição do
livro escolar com o objectivo que este chegue a todas as escolas públicas e comunitárias em
tempo útil.

Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque tratando-se de uma boa pratica o Ministério deve se esforçar
para garantir que o livro chegue a todas escolas públicas e comunitárias em tempo útil.

13 - Os alunos das escolas públicas não estão a receber gratuitamente os livros escolares
num rácio 1:1 por disciplina
No decorrer das visitas técnicas evidenciou-se o facto de que um elevado número de alunos não
possuía todos os livros para as diferentes disciplinas, tanto mais que dos 400 alunos perguntados
se tinham os diferentes livros por disciplina verificamos que a maior parte dos alunos não
recebeu os livros para as diferentes disciplinas, como exemplo retirou-se 20 dos 400 alunos da 7ª
classe do distrito KaMaxaqueni onde identificou-se os livros por disciplinas que tinham recebido
(ver tabela 22).
41

Tabela 24: Indica o livro das disciplinas que recebeste?

Alunos Port Mat C.S C.N Ofi Ing E.Mus

1 NR NR R R R R R

2 NR NR R NR NR R NR

3 NR NR NR NR R R NR

4 NR R NR R NR R R

5 NR NR NR R R R R

6 NR R R R NR R R

7 R R NR R NR R NR

8 R NR R NR NR R R

9 NR NR NR NR NR R NR

10 NR R NR NR R R R

11 R NR R R R NR R

12 R NR R R R NR R

13 R NR R NR R R R

14 R R R R R NR R

15 NR R NR R R R R

16 NR NR R R R R R

17 R R NR NR R R NR

18 R NR R R R R R

19 NR NR NR R R R R

20 R NR NR R R R R

NR – Não recebeu
R - Recebeu
42

Neste mesmo distrito, o director dos SDEJT afirmou quando entrevistado que:” da 3ª a 5ª há
uma dificuldade por falta de livros por serem insuficientes. O pedagógico faz uma média para as
turmas, dando um livro pelo menos para um dos dois alunos que se sentam na carteira que é
dupla, para que os livros cheguem para todos.”

Mesmo quando questionados aos pais e encarregados de educação se os seus filhos receberam
todos os livros para as classes que frequentam 43,5% responderam que não receberam e 56,0%
responderam que os seus filhos receberam todos os livros (ver tabela 25).

Tabela 25: Pais e encarregados de educação


O(s) seu(s) filho(s)/educando(s) receberam todos os livros para as classes que frequentam?

Frequência %
Sim 224 56,0
Não 174 43,5
Total 398 99,5
Em
2 ,5
branco
Total 400 100,0

Como podemos observar na tabela 26, os professores também afirmam que a escola não recebeu
os livros de forma equitativa em todas as disciplinas, 72,6% dos professores disseram que as suas
escolas não receberam os livros de forma equitativa e 26,8% disseram que a sua escola recebeu
os livros de forma equitativa.

Tabela 26: Professores


A escola recebe os livros de forma equitativa, em todas as disciplinas?

Frequência %
Sim 42 26,8
Não 114 72,6
Total 156 99,4
Em
1 ,6
branco
Total 157 100,0
43

Resposta da Entidade
Tendo em conta a capacidade de financiamento dos livros pelo Ministério foi desenhado um
sistema que prevê que os livros durem em média 3 anos e que anualmente seja reposto cerca de
um terço do stock de livros existente. Reconhecemos contudo que devido a vários factores a
duração média do livro tem sido inferior a 3 anos, o que resulta em falta de livros nas escolas.
O Ministério está consciente deste problema e esta a estudar várias opções para aumentar a
durabilidade média do livro.

Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade mesmo consciente de que o livro não tem a duração
que se espera (3 anos), não apresenta um plano concreto, primeiro para o facto de os livros
quando distribuídos não serem para todas as disciplinas o que propicia a compra no mercado
informal e segundo pelo facto de apenas fazer-se a reposição em média de um terço, sem a prévia
informação das quantidades do livros em condições de serem reaproveitados nas escolas ou por
distrito, para o ano lectivo seguinte.

14 - O conteúdo dos livros favorece o fortalecimento dos princípios de uma educação cívica,
ética, moral, patriótica e educação para uma cultura de paz em Moçambique.

1ª Classe - Língua Portuguesa (Livro Caderno). DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana


(2007). Aprender a Ler. Maputo: MACMILLAN.

Do ponto de vista cívico, ético, moral e de uma educação para uma cultura de paz, o livro
cumpre os objectivos definidos. Os elementos favoráveis prendem-se com capítulos dedicados à
amizade, à família, à vida em comum, à cortesia, aos espaços públicos, ao respeito pelos outros,
incluindo animais, o gosto pelos jogos.

Evidências: Para o parecer apresentado concorre a existência, no livro, de capítulos como “A


Minha Escola” (1-16), “A Minha Família” (17-61), “A Minha Comunidade” (96-124), “O
Ambiente que me rodeia” (125-140) com subcapítulos como “Cumprimentos e expresssões de
despedida”, “Normas de convivência escolar”, “Normas de convivência familiar”, “Expressões
para pedir desculpa e reagir a pedidos de desculpa”, “Cuidados a ter com os animais
domésticos”.

2ª Classe – Matemática (Livro do Aluno). HOFMEYR, Leoni (Coord.) (2008). Descobrindo a


Matemática. Cape Town: Nasou Via Afrika.

Trata-se de um livro de Matemática, o que torna difícil aferir se o conteúdo dos livros fortalece
os princípios de uma educação cívica, ética, moral, patriótioca e cultura de paz em Moçambique.
Mesmo assim, poderemos dizer que, na globalidade, esses princípios estão presentes. O livro
44

apresenta vários exemplos que têm a ver com Moçambique, com a cultura do país, com os
símbolos nacionais, com o meio onde as pessoas vivem.

Evidências: Os exemplos com a moeda nacional, o metical (págs. 10, 92, 93, 94), a Bandeira
Nacional (pgs 35, 76), o mapa de Moçambique (p.71), “Leva (______) tempo para viajar de
avião de Maputo a Nampula” (p.71); “O feriado do dia da Mulher Moçambicana é o dia
(_______) do mês de (_____).” (p.76); “O feriado do Dia da Paz é no dia (_____) do mês de
(_______).” (p.76).

3ª Classe – Ciências Naturais (Livro do Aluno). RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos
Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.

O livro aborda assuntos ligados ao universo, aos seres vivos, à saúde e à população e ambiente.
Trata-se de matérias que propiciam o fortalecimento de educação cívica, ética, moral, patriótica e
uma educação para uma cultura de paz. Baseados na observação e descrição, os conteúdos do
livro privilegiam o contacto directo do aluno com as diferentes realidades do meio em que vive.
Tais são os casos de lugares e objectos, dos seres vivos e seres não vivos, da água, solo,
alimentos.

Evidências: Constituem exemplos, as lições como: i) descrever lugares e objectos (p.5), (ii)
conhecer os animais da sua zona (p. 26), (iii) compreender a importância da água para os seres
vivos (p. 39), (iv) usar devidamente as latrinas e as casas de banho (p. 58).

4ª Classe – Ciências Sociais (Livro do Aluno). GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores.

A disciplina de Ciências Sociais incorpora diferentes áreas do conhecimento. Destacam-se a


História, a Geografia e a Educação Moral e Cívica. Portanto, por via do seu carácter
multifacetado, o conteúdo favorece o fortalecimento dos quatro princípios de educação em
Moçambique. A abordagem de matérias relacionadas com a família, a escola e com espaços mais
amplos como a província implica tomar em consideração os aspectos de ordem cívica, ética,
moral, patriótica e de cultura de paz no país.

Evidências: Consideramos os seguintes exemplos: i) o título do livro: Moçambique Nossa Terra,


(ii) O papel dos membros da família (p.6), (iii) História e Literatura (lendas, contos e provérbios)
(p.21), documentos normativos da escola (p. 33), (iv) Cerimónias e ritos da minha província (p.
47), (v) As responsabilidades dos municípios da minha província (p.63).
45

5ª Classe - Língua Portuguesa (Livro Caderno). DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana


(2007). Aprender a Ler. Maputo: MACMILLAN.

Quer os textos seleccionados, quer as perguntas de compreensão/interpretação direccionam o


aluno para o contacto com os princípios preconizados neste indicador. De um total de 53 textos
que compõem o livro, 32 debruçam-se sobre a educação cívica, ética, moral, patriótica e de
cultura de paz em Moçambique. Por seu turno, as perguntas de compreensão e de interpretação
“obrigam” o aluno a reler e a interiorizar os diferentes domínios de educação.

Evidências: a) Educaçao cívica: texto-“Eu sou criança, Eu tenho Direitos” (p. 200); b) Educação
ética: texto - “Quem muito fala, pouco acerta” (p. 4); c) Educação moral: texto – “O homem que
comia cinza” (p.15); d) Educação patriótica: texto - “Aqui nascemos” (p.134); e) Educação para
uma cultura de paz em Moçambique: texto – “Nós cantamos as belezas de Moçambique”
(p.117).

5ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.).
Descobrir a Matemática. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.

Tratando-se de um livro de Matemática, a aplicação prática dos conhecimentos veiculados é


mensurável noutros domínios do saber. O que quer dizer que, devido a linguagem de números,
fica difícil aferir se o conteúdo dos livros fortalece os princípios de uma educação cívica, ética,
moral, patriótica e cultura de paz em Moçambique. Mesmo assim, poderemos dizer que, na
globalidade, esses princípios estão presentes. Quer os exemplos quer as situações que servem de
suporte aos cálculos remetem, ainda que de forma indirecta, ao fortalecimento dos princípios de
uma educação cívica, ética, moral, patriótica e cultura de paz em Moçambique.

Evidências: São exemplos, a referência à Ilha de Moçambique (p.120), a determinação da


distância em linha recta de algumas cidades – capitais provinciais do país (p.18), além dos
símbolos da República de Moçambique, nomeadamente, a bandeira, o emblema e o hino
nacional, constantes na contracapa.

6ª Classe – Educação Moral e Cívica (Manual do Professor) FENHANE, João; CAPECE, Jó


(2003). Nós e os Outros. Maputo: Texto Editores.

Centrados na Família, na Escola, no Homem, no Meio e nas Relações entre a Sociedade


Moçambicana com outros Países, os conteúdos programáticos do livro proporcionam aos alunos
a interiorização dos princípios de educação cívica e moral. Sugestões temáticas como: “A família
moçambicana”; “A escola como factor do progresso pessoal e colectivo”; Organização
individual e colectiva”; “O trabalho como dever cívico”, entre outras, remetem aos valores e
princípios fundamentais a ser desenvolvidos no âmbito da disciplina de Educação Moral e
46

Cívica, a saber: Vida Sã, Solidariedade, Cooperação, Tolerância/respeito, Dignidade da pessoa


humana, igualdade de direitos, participação e co- responsabilidades pela vida social.

Evidências: Para a unidade temática “A Família”, o manual apresenta: i) uma árvore


genealógica, (p.19), que ilustra, de forma esquemática, a noção de família nos alunos; ii)
extractos de um regulamento escolar (p. 23), que elucidam as normas de conduta na família
escolar. O tema “A Sociedade” concretiza-se no reconhecimento: i) da matéria da Constituição
da República (p.42), ii) dos símbolos nacionais (p.43), iii) dos órgãos de soberania de
Moçambique (p.43), iv) das noções de cidadania (p.44), entre outras.

7ª Classe – Ofícios (Manual do Professor) MAZIVE, Alberto et al. (2005). O Saber das Mãos.
Maputo: Longman.

Centrado nas habilidades e talentos manuais, o conteúdo do livro favorece o fortalecimento dos
princípios éticos, cívicos, morais e patrióticos. Com efeito, aplicando as suas habilidades e
talentos, o aluno retrata o mundo à sua volta, através da execução de diversas peças e objectos
utilitários. O livro incentiva o aluno a fazer o aproveitamento e reciclagem de materiais diversos.
Com esta acção, o aluno aprende a valorizar os recursos em sua volta, o que se fundamenta em
princípios éticos, cívicos, morais e patrióticos em consolidação.

Evidências: O exposto é evidenciado quer pelos objectivos específicos, quer pelas competências
definidas para cada unidade temática. Exemplos: “Promover o aproveitamento e reciclagem de
materiais têxteis” (p. 20), “conhecer normas de higiene e segurança no trabalho têxtil” (p.20),
“Identificar regiões do país onde há produção cerâmica industrial e artesanal” (p. 27), “Conhecer
o mapa florestal do país” (p. 42), “levanta peças simples e utilitárias em barro (bonecos,
cinzeiros, copos, potes vasos” (p.42). “Aplica a legislação que regula a protecção do pessoal e
dos animais” (p.47).

Resposta da Entidade
O Ministério concorda com a constatação. Esta é uma preocupação do Ministério que consta
explicitamente nos Termos de Referência dos especialistas que fazem a avaliação técnica dos
livros.

Comentário do Auditor
Mantem-se a constatação, por se tratar de uma boa prática, o fortalecimento dos princípios de
uma educação cívica, ética, moral, patriótica e educacional, o que vai permetir a entidade
47

empenhar se, cada vez mais na implementação dos princípios patriotas nos conteúdos dos livros
escolares.

15 - O conteúdo dos livros fortalece os quatro pilares de saberes: saber ser, saber conhecer,
saber fazer e saber viver juntos.

1ª Classe - Língua Portuguesa (Livro Caderno) DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana


(2007). Aprender a Ler. Maputo: MACMILLAN.

O conteúdo do livro fortalece os quatro pilares de saberes. Porém, dada a idade dos alunos, o
saber ser não é tão explorado, como o saber conhecer, saber fazer e saber viver juntos. O
conteúdo dos livros concorre para o fortalecimento do saber fazer. O conteúdo do livro expressa-
se, essencialmente, através de gravuras, que reforçam as práticas de observação, a aprendizagem
das boas maneiras (cumprimentos e expressões de despedida), os exercícios de coordenação
motora, a identificação, normas de convivência escolar, normas de higiene pessoal. Estão
previstas, no texto, actividades que concorrem para o saber fazer do aluno.

Evidências: “Observa e descreve a imagem” (p.1); “Bom dia, senhora professora, boa tarde,
Sara, boa noite, mamã / olá Ana” (p. 2); “cobre o tracejado e pinta os desenhos” (p.4); “pratica os
diálogos apresentados com os teus colegas (p.14); “imita o movimento das pessoas a escovar os
dentes, pentear, lavar as mãos e tomar banho” (p.41). Os exemplos são: exercícios recorrentes de
ortografia (cobrir as letras tracejadas), exercícios de identificação das letras, construção de
palavras, de cópias, ditados, diálogos a partir de situações ilustradas, interpretar e contar histórias
a partir de imagens dadas.

2ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) HOFMEYR, Leoni (Coord.) (2008). Descobrindo a


Matemática. Cape Town: Nasou Via Afrika.

Os quatro pilares do saber estão fortalecidos no livro. Embora o conteúdo seja essencialmente
numérico, o fortalecimento do saber ser, saber conhecer, saber fazer, saber viver juntos deduz-se
quer a partir das gravuras, quer nos enunciados verbais dos exercícios. Com afeito, naquelas e
nestes, são notórias as referências identitárias e culturais do país, a filosofia da aprendizagem é
centrada no estudante, as sugestões de exercícios práticos e jogos presentes no livro. Estes, por
seu turno, requerem a participação colectiva.

Evidências: Quer em relação ao conhecimento dos números naturais, das grandezas e medidas
quer do espaço e forma, os exemplos são concretos e têm a ver com o mundo do aluno (frutos
(p.40), animais (p.41), objectos (p.100), moeda (pp. 92,93,96, 98,99), símbolos (p.76) e
48

contracapa). Nos exemplos da vida em comunidade, temos a representação da família, da escola,


da rua, da aldeia, quer sob a forma de gravuras (pp.11,15, 35, 37, 68,69,70, 78…), quer reflectida
nos enunciados (“A mãe do Miguel precisa de 12 ovos para fazer um bolo.” (p.16); “Havia 25
alunos no pátio da escola” (p.34))

3ª Classe – Ciências Naturais (Livro do Aluno) RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos
Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.

Dos quatro pilares do saber, apenas o ‘saber ser’ não é desenvolvido de forma acentuada. Os
restantes são substancialmente fortalecidos. O saber ser é mais implícito que explícito. No
entanto, o saber conhecer, fazer e viver juntos são estimulados pelo contacto directo das crianças
com a realidade em sua volta.

Evidências: a exibição de figuras diversas, a serem descritas pelas crianças (p. 5, 7); o acto de
nomear, classificar e distinguir seres, objectos, acções e fenómenos, a partir de figuras
apresentadas (pp. 6, 7, 9, 28, 57,82…).

4ª Classe – Ciências Sociais (Livro do Aluno) GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores.

O conteúdo do livro fortalece o saber ser, o saber conhecer, o saber fazer e o saber viver juntos.
O carácter interdisciplinar das Ciências Sociais favorece a operacionalização plena deste
indicador. Na verdade, o livro em análise é, essencialmente, uma reabordagem das matérias
tratadas nas disciplinas a que se associa, nomeadamente, História, Geografia, Educação Moral e
cívica.

Evidências: encontram-se, no manual, temáticas como: “História e Literatura (lendas, contos e


provérbios) ” (p.21), “O tempo dos meus pais e o meu tempo” (p.27), “localização geográfica e
divisão administrativa da minha província” (p. 40), “ o relevo e o clima da minha província”
p.42), “ cerimónias e ritos da minha província” (p.46).

5ª Classe - Língua Portuguesa (Livro Caderno) DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana


(2007). Aprender a Ler. Maputo: MACMILLAN.

O conteúdo do livro satisfaz, de um modo geral, este indicador. O livro responde aos quatro
saberes, através de temáticas textuais que valorizam a escolaridade, os lugares/patrimónios
históricos, ou que despertam o interesse de realizar actividades de ordem prática, para além das
relações de partilha (colectivismo) que caracterizam a maioria dos textos.
49

Evidências: a) Saber ser: textos - “Chitlango, Filho do Chefe” (p.24), “As Aventuras de
Ngunga” (p. 31); b) Saber conhecer: textos – “Ilha de Moçambique – Património Histórico
Nacional” (p.126), “José Craveirinha, o grande poeta” (p. 149); c) Saber fazer: textos – “O Jornal
da Turma” (p.114), “Primeiros Socorros” (p. 92); d) Saber viver juntos: textos – “A família de
Marina” (p.1), “A Minha comunidade” (p.39).

5ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.).
Descobrir a Matemática. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.

O conteúdo do livro fortalece o saber ser, o saber conhecer, o saber fazer e o saber viver juntos.
A referência aos compartimentos de um apartamento, a determinação do comprimento
aproximado da albufeira de Cahora Bassa (p.19), os exercícios de cálculo mental, as
propriedades associativa e distributiva da multiplicação (pp.35,36) ajudam o aluno a desenvolver
os quatro pilares do saber.

Evidências: os diferentes nomes para ilustrar os números ordinais (p.10); o exercício 6 sobre a
percentagem (p. 121).

6ª Classe – Educação Moral e Cívica (Manual do Professor) FENHANE, João; CAPECE, Jó


(2003). Nós e os Outros. Maputo: Texto Editores.

Respondendo ao enfoque da disciplina (proporcionar a aprendizagem das formas de proceder e


de estar no seio da sociedade), o livro fortalece, acentuadamente, o ‘saber ser’ e o saber’ viver
juntos’. As unidades temáticas remetem à auto-afirmação e inserção do aluno na família, na
escola e na sociedade, através de sugestões como: “ a noção de família”, “a escola como factor
do progresso pessoal e colectivo”, “o trabalho como dever cívico”, “formas de exercício de
democracia”. As ilustrações, por seu turno, concorrem substancialmente para o fortalecimento
dos pilares identificados.

Evidências: Os exemplos da adequação do conteúdo do livro aos pilares ‘saber ser’ e ‘saber
viver juntos’ constam dos segmentos introdutórios das unidades temáticas: “ é crucial que a
criança se compenetre de que a sua integração saudável na família depende do seu esforço em
conhecer, respeitar e observar os deveres e direitos familiares “ (p.16); “… reflectir sobre as
diferentes relações que o Homem estabelece com os outros homens…” (p.31).

7ª Classe – Ofícios (Manual do Professor) MAZIVE, Alberto et al. (2005). O Saber das Mãos.
Maputo: Longman.

O conteúdo do livro fortalece, substancialmente, apenas dois dos quatro pilares: ‘saber fazer’ e
‘saber conhecer’. Os restantes saberes são secundários. A natureza prática da matéria do livro
está na origem da abordagem desigual dos pilares de saberes. Os autores do livro reconhecem o
50

facto, ao sublinharem, na introdução, que dever-se-á priorizar uma pedagogia mais centrada no
saber fazer, valores e atitudes.

Evidências: Para evidenciarmos a esta posição, recorremos às competências básicas do aluno: “


faz teares de alto-liço, Executa objectos utilitários” (p.20); “prepara creme (borbotina)” (p. 27);
“sacha as culturas em campo” (p.47).

Resposta da Entidade
O Ministério concorda com a constatação. Esta é uma preocupação do Ministério que consta
explicitamente nos Termos de Referência dos especialistas que fazem a avaliação técnica dos
livros.

Comentário do Auditor
Mantem-se a constatação, porque tratando se de boa prática, a entidade através do seu plano de
acção pode reforçar futuramente os conteúdos dos livros escolares.

16 - O conteúdo dos livros está de acordo com a previsão curricular de cada classe?

1ª Classe - Língua Portuguesa (Livro Caderno) DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana


(2007). Aprender a Ler. Maputo: MACMILLAN.

O conteúdo do livro está de acordo, na generalidade, com a previsão curricular. As matérias


constantes no livro respondem, no essencial, aos Objectivos Gerais da Disciplina de Português
no Ensino Básico e da Disciplina de Português do 1º Ciclo, da 1º classe, em particular, bem
como as orientações metodológicas. Exceptua-se o objectivo de conhecer os símbolos nacionais
(Bandeira, Hino Nacional e Presidente da República).

Evidências: “A Minha Escola” (pp.1 a 16; 62 a 72), “A Minha Família” (pp. 17 a 61); “A Minha
Comunidade” (pp. 96 a 124); “O Ambiente que me Rodeia” (pp. 125 a 140). No entanto, os
símbolos nacionais encontram-se apenas na contracapa do livro e não aparecem, no interior,
como um tópico específico para ser aprendido e exercitado pelos alunos.

2ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) HOFMEYR, Leoni (Coord.) (2008). Descobrindo a


Matemática. Cape Town: Nasou Via Afrika.

O conteúdo do livro está de acordo, na generalidade, com a previsão curricular. As matérias


constantes no livro respondem, no essencial, aos Objectivos Gerais da Disciplina de Matemática
no Ensino Básico e da Disciplina de Matemática do 1º Ciclo, da 2º classe, em particular, bem
como as orientações metodológicas. Com efeito, de acordo com o programa, o espírito que rege a
disciplina de Matemática é que esta habilite aluno a resolver problemas do quotidiano. É
precisamente este aspecto que aflora, no livro, através de oferta de exercícios de cálculo.
51

Evidências: a ordenação e contagem de números (pp. 8,9,); Comparação de números naturais,


usando os símbolos >, < e = (p.26); Grandezas e medidas: tempo - (pp.68 a 77); Grandezas e
medidas: dinheiro – (pp. 92 a 96); Grandeza e medidas: massa, capacidade, volume e
comprimento – (pp. 111 a 120); Espaço e forma – (pp. 100 a 109).

3ª Classe – Ciências Naturais (Livro do Aluno) RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos
Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.

O conteúdo do livro está em conformidade com a previsão curricular de 3ª classe. Nesta


disciplina, o currículo prevê o contacto directo e consciente da criança com as diferentes
realidades que estão à sua volta. Daí, os conteúdos – chave do livro são: o Universo, os seres
vivos e não vivos, a saúde, a população e ambiente.

Evidências: O título do livro (O Meio que nos Rodeia) traduz, de forma expressa, a essência do
conteúdo do mesmo. Em termos temáticos, podem se ler as seguintes sugestões: “conhecer os
animais da sua comunidade” (p.26); “Protecção e conservação desses animais” (p.30);
“compreender a importância da água para os seres vivos” (p. 38); “Usar devidamente as casas de
banho e as latrinas” (p.58).

4ª Classe – Ciências Sociais (Livro do Aluno) GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores.

O conteúdo do livro está de acordo com a previsão curricular para a 4ª classe. De um modo geral,
as Ciências Sociais contribuem para a formação cívica do cidadão, dando-lhe uma melhor
inserção no meio em que vive, permitindo-lhe uma participação activa no desenvolvimento. Para
a 4ª classe, prevê-se que se alarguem as noções de tempo e espaço próximo do aluno, mantendo-
se a transversalidade como princípio das Ciências Sociais. Estamos convictos de que é em
resposta a esta previsão que o conteúdo do livro compreende três espaços básicos para a inserção
social e económica do aluno: i) a Família, ii) a Escola e iii) a Província.

Evidências: Sugestões temáticas como “O papel dos membros da Família” (p.6); “Documentos
Normativos da Escola” (p.37); Localização Geográfica e Divisão Administrativa da Minha
Província” (p.40); “Confissões Religiosas” (p.62) evidenciam a adequação do conteúdo do livro
à previsão curricular.

5ª Classe - Língua Portuguesa (Livro Caderno) DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana


(2007). Aprender a Ler. Maputo: MACMILLAN.

Os 22 objectivos gerais preconizados para a 5ª classe, reflectem-se nos conteúdos do livro. Prova
o facto, primeiro, a denominação das unidades temáticas, segundo, as matérias abordadas nos
textos seleccionados, terceiro, o enfoque das fichas práticas.
52

Evidências: O livro contém 12 unidades temáticas, assim designadas: A minha família, A nossa
escola, A comunidade onde vivo, O ambiente onde vivemos, O corpo humano, higiene e saúde,
Os meios de transporte e comunicação, A nossa província, O nosso país. Quanto às temáticas
textuais, estas são sugeridas pelos próprios títulos dos textos. Por exemplo: “Uma árvore, um
Amigo”, para a preservação do ambiente; “Quem é Malangatana?”, para a valorização do
património cultural do país.

5ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.).
Descobrir a Matemática. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.

Os conteúdos recorrentes no livro são os números naturais e as grandezas e as medidas, ambos


indicados na previsão curricular de 5ª classe. O volume das operações com os números naturais,
por um lado, e com as grandezas e medidas, por outro lado, favorece os conteúdos dominantes.

Evidências: “ordenação e comparação de números naturais” (p.7), “ adição e subtracção de


números naturais até 1.000.000” (p.20), “Multiplicação e divisão de números naturais até
1000.000” (p.35); “grandezas e medidas” (pp.12, 28, 47, 71).

6ª Classe – Educação Moral e Cívica (Manual do Professor) FENHANE, João; CAPECE, Jó


(2003). Nós e os Outros. Maputo: Texto Editores.

Um dos aspectos previstos no currículo da 6ª classe, relativamente à Educação Moral e Cívica, é


a transmissão, ao aluno, das normas de comportamento, com vista à sua integração na escola e na
sociedade. Por seu turno, o conteúdo do livro responde a este desiderato. Os contextos da
família, da escola, da sociedade, a relação entre o Homem e o meio, as relações do país com
outras nações preenchem o volume das matérias abordadas no livro. Sublinha-se o facto de quer
os contextos, quer as relações implicarem a observância das normas de comportamento.

Evidências: Os exemplos da adequação do conteúdo do livro aos pilares ‘saber ser’ e ‘saber
viver juntos’ constam dos segmentos introdutórios das unidades temáticas: “ é crucial que a
criança se compenetre de que a sua integração saudável na família depende do seu esforço em
conhecer, respeitar e observar os deveres e direitos familiares “ (p.16); “… reflectir sobre as
diferentes relações que o Homem estabelece com os outros homens…” (p.31).

7ª Classe – Ofícios (Manual do Professor) MAZIVE, Alberto et al. (2005). O Saber das Mãos.
Maputo: Longman.

Tomando em consideração os objectivos gerais, compilados na parte introdutória (p.7), o


conteúdo do livro condiz com a previsão curricular da 7ª classe, em matéria de ofícios.
Objectivos como: ‘aplicar técnicas básicas de processamento e conservação de produtos agro-
pecuários, piscícolas e apícolas como forma de melhorar os rendimentos’, ‘executar figurinos
para o grupo de canto e dança e de teatro da escola’, ‘aplicar conscientemente as principais
53

normas de higiene e segurança no trabalho’ concretizam-se através dos seguintes conteúdos do


livro: processamento e conservação de produtos perecíveis; Técnicas de transformação de
materiais têxteis; legislação que regula a protecção do pessoal e dos animais.

Evidências: Propostas como: “Tecelagem, Tapeçaria e Macramé” (p.22); “Aproveitamento e


reciclagem de materiais têxteis” (p.25); “Reprodução dos objectos em série” (p.29);
“Piscicultura” (p.49) espelham o enquadramento dos conteúdos aos objectivos da disciplina.

Resposta da Entidade
O Ministério concorda com a constatação. Esta é uma preocupação do Ministério que consta
explicitamente nos Termos de Referência dos especialistas que fazem a avaliação técnica dos
livros.

Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade no exercício do contraditório não justificou os
problemas identificados na revisão curricular de cada classe feita pelo especialista aos livros da
1ª Classe - Língua Portuguesa, 2ª Classe – Matemática, 3ª Classe – Ciências Naturais, 4ª Classe –
Ciências Sociais, 5ª Classe - Língua Portuguesa, 5ª Classe – Matemática, 6ª Classe – Educação
Moral e Cívica, 7ª Classe – Artes e Ofícios.

17 - Os recursos financeiros não permitem a adequada execução da distribuição gratuita do


livro escolar em seus diferentes níveis.
O Ministério da Educação e Cultura alocou fundos de apoio para a distribuição dos livros às
Direcções Provinciais de Educação e Cultura (DPEC) e estas por sua vez transferiram os fundos
aos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia. Estes fundos serviram para aluguer
de viaturas como foi o caso dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia de
Namaacha, bem como a compra de combustível para abastecer o veículo de transporte dos livros
escolares como aconteceu nos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia de
Boane.
Entretanto do Fundo de Apoio ao Sector da Educação, foi alocado para produção, provisão e
distribuição do livro escolar para o ensino primário o valor de 440.399.700,00Mt. Deste
montante, foram efectuadas despesas no valor de 481.748.056,07Mt, conforme mostra a tabela
27. É de referir, que foram realizadas despesas superiores ao valor disponibilizado para
produção, provisão e distribuição do livro.
54

Tabela 27

DIFERENÇAS
ORÇAMENTO DESPESAS
(Mts)

Valores
Descrição em Descrição Valor (Mts)
3
10 (Mts)

Provisão e
distribuição do
68.759,0 Pagamento as editoras 409.392.096,00*
livro escolar para o
ensino primário

Produção do livro
371.640,7 Contrato da DINAME 56.160.000,00
escolar

Desalfandegamento 12.865.317,58

Valor transferido para as


DPEC´s para efeitos de
3.330.642,49
distribuição do livro
escolar

TOTAL 440.399,7 481.748.056,07 -41.348.356,07

Resposta da entidade
Esta é uma preocupação do Ministério. O Ministério tem procurado diferentes opções que
garantam uma distribuição eficiente do livro escolar dentro de parâmetros financeiros
sustentáveis. Enquadra-se nesta abordagem a inclusão de mais operadores no processo de
distribuição visando promover a concorrência e baixar os custos da produção.

Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade na execução do orçamento deve observar o previsto
na legislação específica e as demais em vigor em Moçambique, facto que não se verificou para o
caso em análise.
Por outro a entidade não clarificou a razão da diferença entre o disponibilizado e as despesas
efectuadas, e ainda como supriu esta mesma diferença.
55

17.1- Processo de contratação das Editoras, Gráficas e empresas de desalfandegamento


Segundo a alínea c), do n.º 1, do artigo 61, da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro: “Os contratos
de qualquer natureza ou montante relativos a pessoal, obras públicas, empréstimos, concessão,
fornecimento e prestação de serviços”, são obrigatoriamente sujeitos à fiscalização prévia.
No entanto, os contratos abaixo indicados na tabela 28 foram executados sem se observar o
preconizado no dispositivo legal acima referido.

Tabela 28

ENTIDADE
OBJECTO CONTRATUAL VALOR
CONTRATADA

Lovely Impressão de Livros da 1ª e 2ª Classe USD


2,455,772.59

Porto Editora Reimpressão de Livros Escolares USD


3,766,612.25

Longman Reimpressão de Livros Escolares USD


2,017,230.00

Macmillan Reimpressão de Livros Escolares USD


2,802,326.75

DINAME Transporte do Livro 56.160.000,00Mts

Mozstar (Adenda Serviços de desalfandegamento e transporte de livros


396.327,5Mts
ao Contrato) escolares de 3ª e 7ª Classe

TIRGAL Serviços de desalfandegamento e transporte de livros


(Adenda ao escolares de 1ª e 2ª Classe 1.253.304,00Mts
Contrato)

Mozstar Serviços de desalfandegamento e transporte de livros


1.463.035,21Mts
escolares de 1ª e 2ª Classe

Mozstar (Adenda Serviços de desalfandegamento e transporte de livros


244.542,50Mts
ao Contrato) escolares de 1ª e 2ª Classe

Para o contrato com a referência MEC – 23/09/UGEA/B/d, celebrado entre o MEC e Texto
Editores, no dia 23 de Julho de 2009, para a reimpressão de livros escolares, no valor de USD
5,333,742.25, que foram efectuados os seguintes pagamentos:
56

- 10% Do contrato, referente ao adiantamento, no valor de 14.454.441,50Mts pago no


dia 24 de Abril de 2009;

- USD 3,657,609.6, valor pago no dia 27 de Outubro de 2009;

- USD 609,383.4, valor pago no dia 29 de Outubro de 2009; e

- USD 533,023.49, valor pago no dia 17 de Março de 2010.

Este contrato foi visado pelo Tribunal Administrativo no dia 16 de Março de 2010, depois de ter
produzido os seus efeitos, o que contraria o disposto no n.º 2, do artigo 42, do Regulamento que
aprova o Decreto n.º 54/2005, de 13 de Dezembro.

Por outro lado, no número 2 do presente contrato, prevê o seguinte: “ O prazo da execução do
contrato será 90 dias de calendário após o visto do Tribunal Administrativo, na forma
especificada no Escopo do Fornecimento e nas Condições Especiais do Contrato”.

O Ministério da Educação celebrou duas adendas, como mostra a tabela 29, com valores que
superam o limite preconizado por lei, que foi fixado em vinte e cinco por cento do valor inicial
do contrato.

VALORES EM
Nº DO OBJECTO DO METICAIS DIFERENÇ VARIAÇÃO
CONTRATO CONTRATO Adenda A (MTS) (%)
Contrato
(alteração)

FASE – Desalfandegamento
50/09/UGEA/S e Transporte de 2.600.010,55 3.853.314,55 1.253.304,00 48,2
Livros Escolares

FASE – Desafandegamento
54/09/MEC/S e Transporte de
2.354.669,78 3.571.469,78 1.216.800,00 51,7
Livros Escolares –
Lote 2

Segundo os n.ºs 2 e 3, do artigo 52, do Decreto n.º 54/2005, de 13 de Dezembro: “A contratada


fica obrigada a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se
fizerem nas obras, bens ou serviços, até vinte e cinco por cento do valor inicial do contrato. “Os
acréscimos ou supressões superiores ao limite estabelecido no número anterior dependem da
autorização por despacho do Ministro que Superintende a área das Finanças.”
57

Resposta da Entidade
Não foi respondida esta questão.

Comentário do Auditor
Mantemos a constatação, porque não se cumpriu com o previsto na alínea c), do n.º 1, do artigo
61, da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro e não foram respeitados os limites previstos nos n.ºs 2
e 3, ambos do artigo 52, do Regulamento aprovado pelo Decreto n.º 54/2005, de 13 de
Dezembro.
58

IV. Conclusão das Constatações

Não obstante o facto de a equipa de auditoria ter constatado a existência de boas práticas nesta
acção de distribuição gratuita do livro escolar, que envolvem os seguintes aspectos:
• A distribuição dos livros escolares é realmente gratuita e estes livros chegaram a tempo
adequados para permitir a aprendizagem do aluno na sala de aula.
• O esforço do MINED em conseguir os direitos editorais dos livros da 1ª e 2ª classe,
• As campanhas de sensibilização para conservação do livro escolar feitas ao nível das
escolas e meios de comunicação social,
• Existência de inventário do livro escolar no MINED.

No entanto, a equipa de auditoria mantém as constatações das deficiências encontradas ao longo


do processo todo de distribuição do livro escolar que fazem com que esta distribuição não seja
eficiente, eficaz e não reduza os gastos económicos envolvidos.
I. Não são feitos relatórios sistemáticos sobre a distribuição do livro escolar quer ao nível
central quer ao nível local que são as escolas e o processo de monitoria da distribuição
baseia-se somente em guias de remessa.
II. Não existem mecanismos de controlo de devolução do livro.
III. Não foi encontrado nenhum inventário do livro escolar nas escolas.
IV. As quantidades de livros planificadas ao nível das escolas e os livros recebidos não
coincidem.
V. O princípio de reposição de 30% é irrealista.
VI. Má conservação e maneio do livro pelo aluno.
VII. Condições precárias de conservação e armazenamento do livro na escola.
VIII. Falta de controlo sobre a gestão do livro escolar, a nível do MEC, DPEC, SDEJT e
escolas.
IX. Não esta a ser respeitado o indicador de desempenho: livros disponíveis para os alunos
num rácio de 1:1 por disciplina.
X. Não existe uma política de incentivo para a devolução dos livros.
59

XI. O processo de contratação das editoras para a produção do livro escolar, apresenta
irregularidades tais como:

- Celebração de Adendas com valores que ultrapassam o limite legalmente imposto e sem
autorização do Ministro das Finanças;
- Não submissão dos contratos a fiscalização prévia.

Em relação ao conteúdo temático dos livros escolares analisados concluiu-se o seguinte:

1ª Classe - Língua Portuguesa

I. Reflectido nas temáticas concentradas na família, amizade, vida comum, espaços


públicos, relações de respeito com outros seres, jogos de recreação, o conteúdo do livro
ajusta-se aos objectivos definidos para a disciplina de Língua Portuguesa, 1ª classe. Trata-se
de temas que facilitam a tarefa de inculcar nas crianças os princípios de uma educação cívica,
ética, moral, patriótica e educação para uma cultura de paz em Moçambique.

II. Os conteúdos respondem, eficazmente, aos pilares ‘saber conhecer’, ‘saber fazer’ e ‘saber
viver juntos’, (o ‘saber ser’ não é muito aflorado), previstos no programa. É significativo o
emprego da linguagem mista (palavras + imagens), na descrição dos conteúdos. Frisa-se, aqui,
o facto de os beneficiários do livro serem crianças de 6 anos, portanto, atraídas pelas imagens,
dominantes no texto.

III. Os conteúdos do livro reflectem a previsão curricular. As evidências disso encontram-se


quer nas unidades criteriosamente escolhidas, quer nos textos seleccionados, todos centrados
nos domínios da família, da escola, da comunidade. São, pois, estes os espaços referenciais
mais significativos, na materialização dos objectivos previstos no currículo da primeira classe,
disciplina de língua portuguesa. Porém, o objectivo conhecer os símbolos nacionais careceu
de um tratamento aprofundado, pois apenas é perceptível na contracapa contendo a Bandeira,
o Hino Nacional e o emblema e mapa de Moçambique).
60

IV. Tratando-se de um livro concebido para auxiliar o aluno e o professor no processo de


ensino e aprendizagem, a linguagem requerida deve ser não só gramaticalmente correcta mas
também acessível e sobretudo didáctica. O livro em análise exibe estes requisitos, através da
combinação equilibrada das linguagens verbal (palavras) não verbal (ilustrações).

V. O livro apresenta poucos elementos que criam e ajudam a fortalecer os princípios de uma
educação patriótica. Tal é o caso da escassez das referências ao país, aos símbolos nacionais,
factos históricos. Estes são referidos, apenas, na contracapa, que, à semelhança de todos os
livros em análise, exibe a bandeira e o hino nacionais, o emblema e o mapa de Moçambique

2ª Classe – Matemática

I. Sendo a Matemática uma disciplina essencialmente prática, os respectivos conteúdos


seguem o mesmo padrão. Portanto, domínios pertencentes às chamadas ciências não exactas,
como a educação cívica, ética, moral, patriótica e cultura de paz não se deixam retratar de
forma directa. Cabendo ao professor proceder às devidas extrapolações, com vista a
evidenciar o fortalecimento dos princípios estabelecidos.

II. Observados os exercícios, os exemplos e as ilustrações contidos no livro, nota-se que os


mesmos são atravessados por temas e referentes do quotidiano social, económico, político e
cultural do país. Por conta deste aspecto dominante no livro, pode-se concluir que o conteúdo
do mesmo fortalece os quatro pilares de saberes.

III. Para a disciplina de Matemática, 2ª classe, o currículo prevê que o aluno seja capaz de
resolver problemas do quotidiano, utilizando exercícios de cálculo. O conteúdo espelha este
objectivo através da inserção de 16 exercícios, em 8 unidades que constituem o livro. Além
disso, a própria abordagem das matérias é feita sob a forma de exercícios, o que constitui uma
resposta directa ao preconizado no currículo.

IV. Na Matemática domina a linguagem de números, sinais e símbolos. A linguagem verbal


cumpre uma função auxiliar, porém, necessária para a definição de conceitos, anunciação de
61

actividades/exercícios. Esta é gramaticalmente correcta, por um lado, e adequada ao nível dos


alunos (regra geral, as frases são simples e curtas, o vocabulário é acessível), por outro.

3ª Classe – Ciências Naturais

I. Reconhece-se que este orienta, de facto, o aluno a cultivar-se em termos cívicos, éticos,
morais, patrióticos. Tal reflecte-se nas inúmeras abordagens e sugestões sobre o respeito pela
natureza. A par disso, consta do livro o arrolamento dos procedimentos e formas de conviver
com os vários elementos que habitam o mundo da natureza.

II. Face ao exposto, conclui-se que o conteúdo do livro fortalece os quatro pilares do saber.
Mas, são os saberes conhecer e fazer que mais afloram, na sequência do contacto directo
aluno - natureza, que o discurso da disciplina incentiva os alunos.

III. Analisado o conteúdo do livro, verificou-se que o mesmo está de acordo com a previsão
curricular. Com efeito, as matérias, quer em termos da forma (palavras e ilustrações) quer os
exercícios sugeridos, conduzem o aluno a conhecer, nomear, interpretar, valorizar e saber
relacionar-se com mundo da natureza que o rodeia. (Daí o título do livro O Meio que Nos
Rodeia).

IV. A linguagem utilizada, além de gramaticalmente correcta, é didacticamente rica pois as


frequentes associações de frases simples, curtas e acessíveis com elucidativas ilustrações
tornam o livro mais convidativo.

4ª Classe – Ciências Sociais


I. Feita a análise do livro da disciplina das Ciências Sociais, inferiu-se que, ao abrigo do seu
carácter multidisciplinar, o respectivo conteúdo fortalece, com propriedade, os princípios de uma
educação cívica, ética, moral, patriótica e de uma educação para uma cultura de paz em
Moçambique.

II. O conteúdo do livro aponta para questões ligadas aos diferentes meios colectivos em que
o aluno se insere, nomeadamente, a família, a escola e a província, todos apropriados para o
fortalecimento dos pilares do saber. Por isso, conclui-se que estes estão consolidados.
62

III. O objectivo central, alargamento das noções de tempo e espaço próximo do aluno,
mantendo-se a transversalidade como princípio das Ciências Sociais, orientou a selecção e
tratamento dos conteúdos do livro. Os exercícios também se baseiam no mesmo objectivo.

IV. Examinada a linguagem, ficou notado que ela se constrói na base de um


vocabulário de uso corrente, frases simples e curtas. Portanto, considera-se gramaticalmente
correcta a linguagem empregue.

5ª Classe – Língua Portuguesa

I. Conferido o conteúdo do livro, concluiu-se que o mesmo consolida os princípios de uma


educação cívica, moral, patriótica e de educação para uma cultura de paz em Moçambique.
Tal deve-se, fundamentalmente, à riqueza textual bem como às sugestões proporcionadas
pelas ilustrações e pelas tarefas contidas no livro.

II. O conteúdo da disciplina de língua portuguesa constitui-se de um conjunto de textos,


com base nos quais se programam as actividades de ensino e aprendizagem. É, pois, nesses
textos, criteriosamente seleccionados, onde se encontram reflectidos os pilares de saber ser,
saber conhecer, saber fazer e saber viver juntos.

III. Um exame minucioso do conteúdo do livro revela que quer as unidades temáticas
quer os textos e sugestões das actividades se enquadram na previsão curricular para a
disciplina de Língua portuguesa (5ª classe).

IV. Os textos, os conceitos, bem como as frases enunciadoras de actividades


apresentam uma linguagem gramaticalmente correcta acessível. Todavia, em alguns textos,
assinala-se o emprego incorrecto dos sinais de pontuação, nomeadamente, a vírgula.
Exemplos podem ser encontrados nos seguintes textos: “Quem muito fala, pouco acerta”
(p.4) e “A minha comunidade” (p.39).

5ª Classe – Matemática

I. Em função do exposto, reafirma-se que, no geral, o conteúdo do livro corrobora os


princípios de uma educação cívica, ética, moral, patriótica e educação para uma cultura de
paz em Moçambique. Porém, ficará mais visível se o/a professor/a, usando da sua
criatividade, relacionar a linguagem do cálculo com os princípios em apreço.
63

II. O conteúdo do livro é, essencialmente, constituído por exercícios práticos de cálculo.


Trata-se, portanto, de um conjunto de actividades catalisadoras do desenvolvimento da
mente. Sendo esta fundamental para o fortalecimento de qualquer saber, incluindo o saber
ser, saber conhecer, saber fazer e saber viver juntos.
III. Percorrendo o livro, verifica-se a abundância de números naturais, grandezas e
medidas. Trata-se, portanto, de uma resposta aos objectivos gerais da disciplina, traçados no
currículo.

IV. Após uma leitura atenta dos escassos segmentos textuais (aparecem apenas nas
definições de conceitos e na enunciação de actividades), concluiu-se que a linguagem
empregue é gramaticalmente correcta.

6ª Classe – Educação Moral e Cívica


I. Da verificação dos conteúdos do livro, chegou-se à conclusão de que estes favorecem, de
forma salutar, os princípios de uma educação cívica, ética, moral, patriótica e educação para
uma cultura de paz em Moçambique. Afinal, a disciplina, em si, constitui um espaço de
abordagem destes princípios.

II. Da verificação dos conteúdos do livro, chegou-se à conclusão de que estes favorecem, de
forma salutar, os princípios de uma educação cívica, ética, moral, patriótica e educação para
uma cultura de paz em Moçambique. Afinal, a disciplina, em si, constitui um espaço de
abordagem destes princípios.

III. O currículo prevê que, na 6ª classe, o aluno adquira as normas de comportamento,


com vista à sua integração na escola e na sociedade. Analisados os conteúdos do livro,
concluiu-se que os mesmos estão de acordo com a previsão curricular, conforme
documentam unidades temáticas como “A Família”, “A Escola”, “O Homem e o Meio”,
entre outras.

IV. A análise do livro, em termos da linguagem, ditou a seguinte conclusão:


verificam-se ligeiros problemas de pontuação (ver: p.17) e de formulação frásica (ver: p.
38). Contudo, isso não afecta a compreensão dos conteúdos. Por isso, considera-se que a
linguagem empregue é gramaticalmente correcta.
64

7ª Classe – Ofícios

I. No livro, é perceptível a orientação do aluno para a realização de trabalhos manuais.


Deste modo, pode-se concluir que o conteúdo do livro favorece a consolidação dos
princípios de uma educação cívica, ética, moral, patriótica e educação para uma cultura de
Paz em Moçambique.
II. Na página 7 do manual, encontram-se arrolados os objectivos gerais do terceiro ciclo,
para a disciplina de Ofícios. Com base nos mesmos, analisou-se as matérias do livro, tendo
se apurado o seguinte: o conteúdo responde à previsão curricular, excepto o objectivo
‘apoiar os projectos de todas as disciplinas do currículo’ cuja visibilidade no livro é escassa.

III. O livro é constituído, essencialmente, por matérias de natureza técnico - pedagógica,


tais como a síntese dos itens básicos das unidades temáticas e a descrição metodológica dos
mesmos. Estes elementos são apresentados por mediação de uma linguagem
gramaticalmente correcta.
65

V. Recomendações

1. Que o Ministério da Educação promova a elaboração de relatórios sistemáticos sobre a


distribuição gratuita do livro escolar, com avaliação das metas e objectivos propostos;

2. Que o Ministério da Educação, Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologias


e as Escolas façam a monitoria do livro escolar durante e depois da distribuição para que
se melhore: os casos de escolas que mantêm um grande número de livros escolares novos
em seus armazéns, mesmo quando sobrados livros escolares que estes sejam incluídos na
distribuição do ano lectivo seguinte; façam a monitoria do processo de devolução do livro
escolar para que se melhore: a quantidade de livros a ser recebido pelas escolas;

3. Que se melhore a qualidade do material dos livros escolares, principalmente para os


livros caderno da 1ª e 2ª classe de modo a permitir que tenham a utilidade de 3 anos;

4. Implementar nas escolas públicas o sistema de inventário do livro escolar já existente a


nível central (MEC);

5. Que se aumentem as campanhas de sensibilização para conservação do livro escolar;

6. Os Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia e as Escolas criem locais


apropriados para o armazenamento dos livros escolares;

7. Implemente o indicador de desempenho desta acção: livros disponíveis para os alunos


num rácio de 1:1 por disciplina;

8. Adopte medidas incentivadoras para a devolução dos livros escolares;

9. Melhore as condições físicas das salas de aulas.


66

10. Que se observe a alínea c), do n.º 1 conjugado com o n.º4, ambos do artigo 61, da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro.

1ª Classe - Língua Portuguesa


• Que se incorpore, no livro, elementos que favoreçam a educação patriótica.

2ª Classe – Matemática

• Se reveja o vocabulário, a fim de se acautelar casos como “porquinhos” (p.59), no lugar


de leitões; No Índice, em vez de Tabuada de 3, temos Tabuado de 3, na pág. 4. Na
página 25, temos Trés em vez de Três.

3ª Classe – Ciências Naturais


• Apesar de que o livro responde, no essencial, aos critérios definidos, devia ser feito um
maior investimento em exemplos e exercícios que induzam o aluno a ter uma atitude
mais afirmativa, consciente e ecologicamente correcta.

4ª Classe – Ciências Sociais

• Que as técnicas de manipulação da linguagem empregues, neste livro, sejam mantidas e,


decerto, experimentadas noutros livros, para a mesma classe.

5ª Classe - Língua Portuguesa


• Tendo verificado que o item ‘saber ser’ é demasiadamente preenchido por fábulas,
recomenda-se a inserção de outros géneros textuais, a fim de tornar fácil e rápida a
interiorização da mensagem relativa à afirmação individual.

• Que sejam inseridos textos complementares, como forma de garantir o enriquecimento do


objectivo ‘Manifestar o gosto pela leitura’.
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5ª Classe – Matemática

Apelando-se a criatividade e cultura geral do professor, os princípios de uma educação cívica,


ética, moral, patriótica e cultura de paz em Moçambique poderão ser explorados, também, em
operações que envolvem grandezas e medidas, tabelas e gráficos, através da busca de contextos e
exemplos de natureza diversa.

• As gravuras devem ser aumentadas em quantidade e qualidade. E, em relação à


qualidade, sugere-se que elas retratem lugares reais do país, devidamente legendadas,
para que o aluno os contemple com interesse.

6ª Classe – Educação Moral e Cívica

• Tendo em conta a natureza e finalidade do livro, educativo, é importante não descurar o


rigor tanto nos conteúdos como nos aspectos formais. Neste sentido, recomenda-se uma
revisão cuidada tanto do ponto de vista científico como linguístico, de modo a evitar
falhas comprometedoras como as que se verificam, neste caso, em relação à pontuação.

7ª Classe – Ofícios

• É possível desenvolver no manual, o “saber ser” e o “saber estar em comunidade”,


através de exercícios e exemplos que coloquem o aluno perante situações em que essas
competências são estimuladas. No essencial, trata-se de induzir o aluno para que, no
domínio e no exercício de determinado ofício, se paute por uma conduta socialmente
correcta.
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VI. Análise ao Plano de Acção

No exercício de contraditório, o MINED apresentou o seu plano de acção para as constatações


levantadas neste relatório, sobre o qual a equipa de auditoria de desempenho apresenta as
seguintes observações:

Para recomendação 1: A entidade limita se em focar aprovação da estratégia do livro escolar


para o periodo 2012-2017. Este deve apresentar uma acção concreta de como a entidade irá
promover a elaboração de relatórios sistemáticos com a indicação da sua periodicidade e o
responsável pela elaboração e controlo destes.

Para a recomendação 2: A entidade deve especifícar onde estão sediadas as unidades orgânicas
referidas no seu plano de acção, como seram desenvolvidas as acções de monitoria e ainda qual
sera a sua abragência incluido a periodicidade.

Para recomendação 3: Que a entidade indique acções concretas para melhorar a qualidade do
livro, de modo, que este tenha a durabilidade esperada de 3 anos.

Para recomendação 4: Considerando a necessidade de maior controlo do livro, a entidade deve


indicar como irá funcionar o sistema de inventário, quando iniciará e quais as escolas prioritárias
neste processo.

Para recomendação 5: Que a entidade indique em que período são feitas as campanhas de
sensibilização, as províncias abrangidas ou distrito, a língua usada para o efeito e ainda se essas
campanhas estão a surtir o efeito esperado.

Para recomendação 6: A entidade deve indicar acções concretas que está a implementar para
melhorar as condições do armazém.

Para recomendação 7: A equipa de auditoria do Tribunal Administrativo apurou que nem todos
os alunos receberam livros em todas as disciplinas para as classes que frequentam (ratio,1:1).
Entretanto, a entidade deve apresentar um plano de acção para o alcance do ratio 1:1.

Para recomendação 8: A entidade deve apresentar acções concretas de medidas a serem


adoptadas para incentivar a devolução do livro escolar em bom estado.

Para recomendação 9: Que se cumpra o que está plasmado na alínea c), do n.º 1 conjugado com
o n.º4, ambos do artigo 61, da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
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Judite Baptista Ali

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Contadora Verificadora Chefe

Carlos Guedes

__________________________
Contador Verificador Superior

Dércio Ivan Zimba

__________________________
Contador Verificador Superior

Grasiela Dimande

____________________________
Contadora Verificadora Superior

Maria Isabel Rodrigues

____________________________
Contadora Verificadora Superior

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