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Relatorio Final Distribuicao Gratuita Do Livro Escolar
Relatorio Final Distribuicao Gratuita Do Livro Escolar
TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
Contadoria de Contas e Auditorias
2010
2
ÍNDICE
Lista de Abreviaturas............................................................................................................................... 4
1-Os recursos humanos do MEC não atendem à demanda de execução e controlo da distribuição do
livro escolar para o ensino primário. .................................................................................................. 13
3- Tanto o MEC como as DPEC, os SDEJT e as escolas não apresentam relatórios sistemáticos
relativos à distribuição dos livros. ...................................................................................................... 16
4- Não esta havendo o correcto retorno dos livros nas classes pertinentes (3ª A 7ª classe). .................. 18
5- O controlo em relação à distribuição não é adequado e não fornece informações necessárias e úteis.
.......................................................................................................................................................... 22
6- As acções de fiscalização, monitoramento e avaliação desta acção não são feitas tempestivamente e
de forma sistemática. ......................................................................................................................... 26
7- Os Livros são entregues aos alunos e professores no prazo adequado para permitir a aprendizagem
em sala de aula. ................................................................................................................................. 26
8- A qualidade física do livro não permite a durabilidade que lhe é esperada ...................................... 28
9- Nem todos os professores têm sido preparados para a utilização dos livros que estão sendo
distribuídos. ....................................................................................................................................... 29
10- Os livros escolares apresentam problemas relativos à correção gramatical, bem como aos conceitos
de cada disciplina. ............................................................................................................................. 31
12 - Todas as escolas públicas da Cidade e Província de Maputo são abrangidas na distribuição dos
livros das disciplinas referentes a cada classe. .................................................................................... 39
13 - Os alunos das escolas públicas não estão a receber gratuitamente os livros escolares num rácio 1:1
por disciplina ..................................................................................................................................... 40
3
14 - O conteúdo dos livros favorece o fortalecimento dos princípios de uma educação cívica, ética,
moral, patriótica e educação para uma cultura de paz em Moçambique............................................... 43
15 - O conteúdo dos livros fortalece os quatro pilares de saberes: saber ser, saber conhecer, saber fazer
e saber viver juntos. ........................................................................................................................... 47
16 - O conteúdo dos livros está de acordo com a previsão curricular de cada classe? .......................... 50
V. Recomendações ......................................................................................................................... 65
Lista de Abreviaturas
I. Sumário Executivo
A Acção de Distribuição Gratuita do Livro Escolar teve o seu início no ano 2004 e visa
prosseguir os seguintes objectivos:
Metodologia
O trabalho de auditoria centrou-se em três questões fundamentais, designadamente:
• Verificar em que medida o conteúdo dos livros distribuídos contribui para a garantir a
escolarização de qualidade;
• Verificar se a distribuição dos livros está a ser feita de forma a atender a todos os alunos
do ensino primário das escolas públicas e assegurar a provisão do livro escolar no âmbito
da Caixa Escolar.
Com efeito, a equipa usou vários instrumentos de recolha de dados, tais como, documentos
escritos fornecidos pela entidade, visitas técnicas aos armazéns e outros locais onde são
guardados os livros, entrevista aos directores dos SDEJT, DDE, DEC e Director Provincial de
Educação de Maputo; questionários aos directores de escolas, professores, armazenistas, pais
e/ou encarregados de educação e alunos da 6ª e 7ª classes. Foram analisados os dados colhidos
de algumas escolas da Província e cidade de Maputo e distribuídas de seguinte modo:
Cidade de Maputo
Distrito KaMaxakeni
Distrito de Boane
Distrito de Marracuene
Distrito de Namaacha
O livro escolar, mormente os aspectos relacionados ao seu conteúdo, são complexos. Assim,
exige-se que a sua análise seja feita por uma pessoa que tenha conhecimentos específicos da
área. Com efeito, para assegurar que a análise do livro escolar seja feita com profissionalismo, o
Tribunal Administrativo contratou um especialista para coadjuvar a equipa na análise do mesmo.
Foram confiadas ao especialista, para efeitos de análise, os aspectos da Matriz de Planeamento:
Resultados Alcançados
No decurso da actividade de auditoria, a equipa constatou o seguinte:
Os recursos humanos do MEC não atendem à demanda de execução e controlo da
distribuição do livro escolar para o ensino primário.
As escolas e os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia não apresentam
infra-estrutura adequada à correcta consecução da distribuição de livros para os alunos do
ensino primário.
Tanto o MEC como as DPEC, os SDEJT e as escolas não apresentam relatórios
sistemáticos relativos à distribuição dos livros.
Não esta havendo o correcto retorno dos livros nas classes pertinentes (3ª A 7ª classe).
O controlo em relação à distribuição não é adequado e não fornece informações
necessárias e úteis.
Os Livros são entregues aos alunos e professores no prazo adequado para permitir a
aprendizagem em sala de aula.
8
Nem todos os professores têm sido preparados para a utilização dos livros que estão
sendo distribuídos.
Os alunos das escolas públicas não estão a receber gratuitamente os livros escolares num
rácio 1:1 por disciplina.
O conteúdo dos livros favorece o fortalecimento dos princípios de uma educação cívica,
ética, moral, patriótica e educação para uma cultura de paz em Moçambique.
O conteúdo dos livros fortalece os quatro pilares de saberes: saber ser, saber conhecer,
saber fazer e saber viver juntos.
O conteúdo dos livros está de acordo com a previsão curricular de cada classe.
Conclusão
No decurso do trabalho de auditoria, foram encontradas muitas deficiências ao longo de todo o
processo de distribuição do livro escolar que contribuíram para que este não fosse eficiente,
eficaz e os gastos económicos envolvidos não fossem reduzidos.
Não são feitos relatórios sistemáticos sobre a distribuição do livro escolar quer ao
nível central quer ao nível local. E o processo de monitoria da distribuição baseia-se
somente em guias de remessa elaborados pela DINAME;
Falta de controlo sobre a gestão do livro escolar, a nível do MEC, DPEC, SDEJT e
escolas;
Boas Práticas
No decurso da auditoria, a equipa identificou algumas boas práticas dignas de realce, tais
como:
A acção de distribuição gratuita do livro foi abrangente, isto é, atingiu a todas escolas
visitadas na Província e Cidade de Maputo;
As escolas sensibilizam, no acto de entrega do livro gratuito, aos alunos, pais e/ou
encarregados de educação para conservarem o livro distribuído e/ou devolve-lo, em
bom estado de conservação;
Recomendações
Promover a elaboração de relatórios sistemáticos sobre a distribuição gratuita do livro
escolar, com avaliação das metas e objectivos propostos;
Melhorar a qualidade do material dos livros escolares de modo que estes durem o
tempo para o qual foi concebido;
Implementar nas escolas públicas o sistema de inventário do livro escolar em
construção a nível central (MINED);
Criar locais apropriados para o armazenamento dos livros escolares nas escolas;
Adoptar medidas incentivadoras para a devolução dos livros escolares em bom estado
de conservação de modo que seja reutilizado no ano seguinte e melhore as condições
físicas do livro novo distribuído.
Que se observe a alínea c), do n.º 1 conjugado com o n.º4, ambos do artigo 61, da Lei
n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
A Acção de Distribuição Gratuita do Livro Escolar tem como público-alvo os alunos do ensino
básico das escolas públicas e das escolas comunitárias. Esta acção tem como actividades básicas
a elaboração do conteúdo dos livros por disciplina, lançamento de concurso, avaliação das
propostas das editoras, produção dos livros, armazenamento e transporte dos livros, distribuição
dos livros pelas escolas, distribuição dos livros para os alunos.
12
A distribuição do livro escolar é feita a nível nacional. Na primeira fase (2004) foram
distribuídos livros para a 1ª, 3ª e 6ª classe em todas as disciplinas; na segunda fase (2005) foram
distribuídos livros para a 2ª, 4ª e 7ª classe em todas as disciplinas, na terceira fase (2006) foram
distribuídos livros para a 5ª classe em todas as disciplinas. Anualmente, para todos os livros de
reposição (3ª à 7ª classes) há uma reposição que varia entre 25 à 33%, para os livros caderno (1ª
e 2ª classes) a reposição é de 100%.
Os livros escolares para o ensino básico são adquiridos anualmente com base em duas
metodologias: reimpressão de livros da 3ª à 7ª classe, através da contratação directa das editoras
detentoras dos direitos editoriais desses livros; e a impressão de livros da 1ª e 2ª classe através de
concurso internacional porque neste caso o MEC detém os direitos editoriais destes livros. Uma
vez adquiridos os livros escolares é feita sua distribuição considerando três níveis: 1- distribuição
dos portos para as capitais provinciais, 2- distribuição das capitais provinciais aos distritos e 3-
distribuição do distrito à escola (ver anexo 1).
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III. Constatações
Os resultados da presente auditoria serão apresentados de acordo com as questões que nortearam
o trabalho de campo. Para cada uma dessas questões serão apresentadas as evidências, análise
dos resultados e as respectivas recomendações, buscando-se sempre adoptar a triangulação das
informações prestadas pelas diferentes fontes de colecta de dados.
Resposta da Entidade
“O Ministério no seu novo estatuto orgânico privilegiou a criação de um Departamento
autónomo que irá lidar com todas as questões relacionadas com o livro escolar. Assim, julgamos
melhorar e fortalecer o sistema de controlo”
Comentário do auditor
Foto n.º 1 Tecto do armazém da EPC de Maelane em Foto n.º 2 Livros misturados com produtos alimentares e
Namaacha com infiltração, teias de aranhas e bacias no armazém da EPC 7 de Abril em Namaacha
excrementos de morcegos
Adicionando ao problema de armazenamento dos livros está o facto que 2 directores distritais de
educação salientaram que a entrega parcial dos livros complica a sua organização para o
armazenamento, porque são obrigados a recorrer as instalações de outras instituições do estado
como é o caso dos serviços distritais de educação juventude e tecnologia de Boane, que guardam
os livros numa sala da escola centro piloto de Boane (foto 3 e 4). Estes espaços, por um lado
possuem outros artigos e por outro carecem de segurança.
16
Fotos n.º 3 e 4 Armazém do Centro Piloto de Boane, onde são guardados os livros dos SDEJT de Boane
juntamente com outro material.
Resposta da entidade
Comentário do auditor
Mantém-se a constatação, porque apesar de a entidade reconhecer que não tem infra-estruturas
adequadas para conservação do livro, no seu esclarecimento não indica o número de salas que
estão a ser construidas para colmatar o problema e não faz referência aos armazéns que serão
constuídos.
Frequência %
24 1 8,3
36 1 8,3
70 1 8,3
95 1 8,3
319 1 8,3
5754 1 8,3
Total 6 50,0
Em
6 50,0
branco
Total 12 100,0
Resposta da entidade
“O MINED tem elaborado relatórios sistemáticos que incluem informação sobre o livro que são
apresentados a diversas entidades. Estes relatórios fazem parte das obrigações do sector para que
haja desembolsos de fundos por parte dos financiadores. As províncias e os distritos apresentam
relatórios. Contudo há uma necessidade evidente de os melhorar.
Comentário do auditor
Mantém-se a constatação, porque apesar de entidade referir que elabora relatórios sistemáticos, a
quando da realização da auditoria foram solicitados os mesmos através dos ofícios ao MINED,
DEC, DPEC SDEJT e as escolas visitadas, no entanto, os referidos relatórios não foram
facultados a equipa técnica de auditoria. Por outro lado no exercício do contraditório a entidade
não anexou os relatórios em causa.
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4- Não esta havendo o correcto retorno dos livros nas classes pertinentes (3ª A 7ª classe).
A equipa de auditoria verificou a falta de controlo por parte da Direcção das escolas do processo
de devolução dos livros. Estes directores foram unânimes em afirmar que o nível de devolução é
inferior aos 70% estabelecidos pelo MEC, como pode-se verificar nos mapas de devolução da
das escolas nem todos os alunos devolvem os livros e mesmo aqueles que devolvem os livros
não estão bem conservados.
São resultados dessa fraca devolução: desistência dos alunos, um número significativo de livros
devolvidos inúteis devido a falta de páginas, páginas rasgadas, sem capas, alunos sem pasta para
proteger os livros das adversidades do tempo nas caminhadas de e para a escola, condições
precárias das salas de aula (foto 5).
Foto n.º 5. Alguns alunos transportando livros na mão, sem pasta, na EPC 7 de Abril
Namaacha.
É importante aqui levantar a questão se a meta de 70% é adequada a realidade as condições dos
alunos e das escolas em Moçambique, citando os trabalhos desenvolvidos por Saíde e Raimundo
(2010) no relatório de levantamento da situação do livro escolar de distribuição gratuita, onde
também constataram que o nível de devolução é inferior aos 70% estabelecidos pelo MEC
porque além dos aspectos acima mencionados, estes autores também falam das difíceis
condições onde decorre o processo de ensino-aprendizagem, alunos sentados no chão, aulas num
espaço diminuto com os professores sem mesa para colocar os manuais.
Dos 12 directores de escola questionados, 6 (50,0%) responderam que no caso de desistência os
alunos não devolvem os livros e 5 (41,7%) afirmaram que os livros são devolvidos, como ilustra
a Tabela 3.
19
Frequência %
Sim 5 41,7
Não 6 50,0
Total 11 91,7
Em
1 8,3
branco
Total 12 100,0
No entanto, tanto os 368 (92,0%) pais e encarregados de educação como os 385 (96,3%) alunos
inquiridos responderam de forma afirmativa quando questionados se foram explicados que os
livros da 3ª a 7ª classe precisam ser devolvidos no fim do ano lectivo (ver tabelas 4 e 5).
Frequência %
Sim 368 92,0
Não 21 5,2
Total 389 97,2
Em
11 2,8
branco
Total 400 100,0
Tabela 5: Alunos
Explicaram-lhe se os livros da 3ª a 7ª classe precisam de ser devolvidos no final do
ano?
Frequência %
Sim 385 96,3
Não 14 3,5
Total 399 99,8
Em
1 0,2
branco
Total 400 100,0
20
Dos 157 professores inquiridos, 50,3% (79) afirmaram que os seus alunos devolvem o livro
escolar no fim do ano lectivo, contrariamente aos 49,7% (78) que disseram que os alunos não
devolvem os livros no fim do ano lectivo (vide tabela 6).
Frequência %
Sim 79 50,3
Não 78 49,7
Total 157 100,0
Apesar de a maior parte dos alunos, pais e encarregados de educação inquiridos terem o
conhecimento da necessidade de devolução dos livros e de mais de metade dos professores
inquiridos afirmarem que os seus alunos devolvem os livros, esta devolução está aquém dos 30%
de reposição dos livros. Os poucos livros que são devolvidos como constatados na sequência das
visitas técnicas, não estão em boas condições de serem reutilizados, todos os 12 directores de
escola inquiridos afirmaram que os livros recolhidos no fim do ano uns estavam bem
conservados e outros mal conservados, o que vai de acordo com a resposta dada pelos 157
professores inquiridos, dos quais 136 (86,6%) responderam que uns livros encontram-se num
bom estado de conservação enquanto outros não estão num bom estado de conservação, 15
(9,6%) professores responderam que os livros encontravam-se mal conservados e 6 (3,8%)
professores afirmaram que os livros encontravam-se num bom estado de conservação, como
pode-se observar nas tabelas 7 e 8 e a foto nº 6 e 7.
21
Fotos n.º 6. Livro Recolhido na EPC Polana Fotos n.º 7. Livro Recolhido na EPC Avenida
Caniço A de KaMaxakeni das FPLM de KaMaxakeni
Frequência %
Uns bem
conservados e 12 100,0
outros não
Tabela 8: Professores
Frequência %
Bem conservados 6 3,8
Uns bem outros
136 86,6
mal conservados
Maioritariamente
15 9,6
mal conservados
Total 157 100,0
22
Nas entrevistas realizadas aos Directores dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e
Tecnologia dos distritos visitados, estes foram peremptórios em afirmar que as escolas são
orientadas a elaborar um mapa de devolução dos livros, mas que mesmo assim persistem
algumas deficiências nos mapas apresentados.
Resposta da entidade
O Ministério já desenhou e vai implementar um sistema de inventário nas escolas para aumentar
o nível de transparência e responsabilização
Comentário do auditor
Tabela 9: professores
Quando sobram livros, o que faz a escola?
Frequência %
Distribui às outras
escolas que não 40 25,5
tenham
Devolve ao DINAME 3 1,9
Devolve ao MINED 3 1,9
Guarda para o ano
72 45,9
seguinte
Devolve aos serviços
20 12,7
distritais de Educação
Total 138 87,9
Em branco 19 12,1
Total 157 100,0
Fotos n.º 8 e 9. Livros novos que sobraram depois da Distribuição na EPC Polana Caniço A de KaMaxakeni
e dos SDEJT no Centro Piloto de Boane.
24
Apesar de ter-se verificado a sobra dos livros nas escolas e a maior parte dos professores ter
afirmado que guardam os livros para o ano seguinte, não foi possível certificar se na altura das
projecções feitas para o número de livros para o ano lectivo seguinte se estes livros sobrados são
incluídos, porque quando questionados os directores de escola sobre as fichas de controlo de
devolução de livros e a projecção de alunos para o ano lectivo seguinte não apresentavam
nenhuma coluna referente aos livros sobrados do ano anterior e nem pode-se afirmar que a
quantidade de livros necessários que cada escola requisita para o ano lectivo seguinte inclui os
livros que sobraram.
Ainda relativamente aos livros que sobram após a distribuição verificou-se que em certas escolas
como é o caso da Escola Primária Completa Polana Caniço A e dos Serviços Distritais de
Educação de Boane, que nem todos os alunos tinham recebido o livro escolar até a data de 25 de
Outubro de 2010, apesar de a escola e os Serviços Distritais terem recebido os livros
directamente da Diname e terem livros guardados no local utilizado como armazém (foto 8 e 9).
Verificou-se ainda que o sistema de registo manual de número de alunos matriculados, número
de desistências, número de alunos transferidos, número de livros devolvidos, número de livros
recebidos, que muitas das vezes é deficitário e propenso a erros, fazendo com que o controlo em
relação a distribuição seja inadequado e forneça informação não útil. Muitos dos directores das
escolas visitadas tiveram enormes dificuldades em apresentar dados correctos sobre quantos
alunos a sua escola tem, quantos alunos receberam os livros e quantos alunos devolveram os
livros como pode-se observar na tabela 10 um enxerto retirado de um dos questionários aplicados
aos directores de escola, em que existem uma disparidade nos dados apresentados relativamente
ao número de livros devolvidos que ultrapassa o número de alunos existentes.
25
Classes H M H M H M
1ª classe 82 69 55 45
2ª classe 71 72 71 72
3ª classe 61 53 37 37 225
4ª classe 37 55 30 42 273
5ª classe 74 78 50 50 920
6ª classe 89 78 77 77
7ª classe 72 73 73 70
Este sistema de registo manual dificulta a planificação quer ao nível dos serviços distritais, quer
ao nível do MEC. Como afirmam os directores dos serviços distritais de educação (entrevista
director de Marracuene) “...É necessário que o serviço distrital forneça o número de alunos por
escola e quantos livros foram recolhidos...”, mas mesmo esta planificação feita ao nível do
distrito não inclui nas suas projecções a quantidade de livros sobrados em cada escola e o stock
de livros que são enviados aos serviços distritais de educação.
Não obstante ao facto de a equipa de auditoria ter constatado que as guias de remessa que são
guardadas como comprovativo da entrega dos livros nas escolas, serviços distritais, e o MEC,
são cópias da guia de remessa original entregue pela Diname. Estas guias são a única fonte de
controlo da entrega dos livros que foi fornecida pelas escolas e serviços distritais visitados, o que
não foi possível fazer comparação entre diferentes instrumentos de controlo, restando apenas
validar as informações das guias de remessa. Mas há casos como as escolas dos serviços
distritais de Boane, que receberam os livros vindos dos Serviços Distritais de Educação e não
apresentaram a cópia da guia de entrega como é o caso da escola primária Mahubo km10 e
outras escolas que apresentaram uma guia de entrega de livros, feita manualmente apresentando
rasuras pelos serviços distritais como é o caso da EPC 16 de Junho que serviu de documento
comprovativo da entrega dos livros.
26
Resposta da Entidade
Estamos cientes que o controle ao nível da escola ainda é deficiente. O sistema de controlo de
stocks que será implementado resolverá este problema disponibilizando informação adequada.
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade mesmo ciente que o controle ao nível da escola
ainda é deficiente, não apresenta elementos que indicam claramente quando e como será
implementado este controlo de stock, e como serão ultrapassados os problemas que se verificam
na planificação.
Resposta da Entidade
O Ministério está consciente que o sistema de fiscalização e monitoria não são sistemáticos daí
que o Ministério na sua nova orgânica criou duas novas unidades orgânicas para aumentar o
nível de supervisão.
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque mesmo a entidade afirmando que criou duas unidades
orgânicas para aumentar nível de supervisão não esclarece como irá levar acabo as acções de
fiscalização, monitoria e avaliação da distribuição do livro escolar para os próximos anos
lectivos.
7- Os Livros são entregues aos alunos e professores no prazo adequado para permitir a
aprendizagem em sala de aula.
Tanto no decorrer das visitas técnicas bem como na aplicação dos questionários aos directores de
escola, pais, professores, alunos e nas entrevistas aos directores dos SDEJT, verificou-se que os
livros foram entregues aos alunos no prazo adequado a permitir a aprendizagem na sala de aula
para o ano lectivo de 2010.
27
Dos 7 directores distritais entrevistados, todos afirmaram terem recebido o livro escolar em
Janeiro de 2010, e em alguns distritos como foi o caso do distrito de Boane que recebeu a
primeira entrega em Dezembro de 2009.
De acordo com a tabela 11, pode-se ver que dos 157 professores inquiridos, 98,1% responderam
que os seus alunos receberam os livros no período de Janeiro à Março de 2010, 1,3%
responderam que os seus alunos receberam os livros no período de Abril à Junho, 0,6%
respondeu que os seus alunos receberam os livros no período entre Outubro a Dezembro.
Perguntou-se também aos alunos e os seus pais e encarregados de educação, quando é que
tinham recebido os livros escolares e dos 400 alunos inquiridos, 96,8% afirmaram terem
recebido os livros no período de Janeiro à Março, 2,3% alunos disseram ter recebido os livros
entre os meses de Abril à Junho, 0,5% alunos receberam os livros nos meses de Julho à Setembro
e 0,3% aluno disse ter recebido os livros entre os meses de Outubro à Dezembro. Por outro lado
as respostas dadas pelos encarregados de educação não deferiram muito, dos 400 pais e
encarregados de educação inquiridos, 91,3% responderam que os seus educandos receberam os
livros nos meses de Janeiro à Março de 2010, enquanto 4,8% responderam que os seus
educandos receberam os livros nos meses de Abril à Junho, 5% responderam nos meses de Julho
à Setembro e os restantes 3,5% pais e encarregados de educação deixaram as respostas em
branco.
Comparando com as respostas dadas pelos directores das mesmas escolas onde foram inquiridos
os professores, alunos e os seus pais e encarregados de educação, pode-se confirmar que os
livros foram recebidos e distribuídos no mês de Janeiro de 2010, salvo raras excepções. Dos 12
directores de escola questionados sobre a data de recebimento e distribuição dos livros escolares,
todos afirmaram terem recebido os livros em Janeiro e terem iniciado a sua distribuição aos
alunos nesse mesmo mês, exceptuando um director de escola que distribuiu os livros no mês de
Fevereiro.
Resposta da Entidade
O Ministério vai continuar a envidar esforços para que a distribuição do livro aconteça
atempadamente em todas as escolas do país de modo que o ano lectivo inicie já com este
instrumento nas mãos dos alunos.
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade no exercício do contraditorio concorda com os
factos arrolados na constatação acima e que há necessidade de se fazer melhorias na distribuição
do livro escolar.
Durante as visitas técnicas verificou-se que os livros da 1ª e 2ª classe concebidos para durar um
ano, estavão destruídos antes de completar um trimestre. Este livro é manuseado pelo aluno em
condições que favorece a sua deteriorização, muitas das salas de aulas visitadas os alunos
estavão sentados no chão, muitos alunos não possuíam pastas para guardar os livros, e muitos
livros não estavam encapados (foto 10).
Resposta da Entidade
Esta é uma preocupação central do Ministério. A durabilidade do livro depende das suas
características físicas e do seu manuseamento e conservação pelos alunos e na escola.
Alterações às características físicas do livro têm um forte impacto financeiro e devem ser
cuidadosamente avaliadas face à sua sustentabilidade. O ministério está a analisar várias opções
tais como pastas para os alunos, plastificação das capas, outras opções de encardenação, o uso de
papel mais resistente à humidade, a disponibilização de armários/baús nas escolas para
armazenamento dos livros, etc. O Ministério tem também lançado campanhas públicas nos
órgãos de comunicação nacionais e comunitários (rádios comunitários) para sensibilizar as
famílias para um maior cuidado com o livro.
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque apesar de a entidade fazer campanhas de sensibilização nos
órgãos de comunicação nacionais e comunitários ainda verificam se nas escolas casos de livros
que se destroem antes dos 3 anos previstos pelo Ministério da Educação para durabilidade do
livro, como ilustra a foto nº 10 acima.
9- Nem todos os professores têm sido preparados para a utilização dos livros que estão
sendo distribuídos.
Nem todos os professores têm sido preparados para a utilização dos livros escolares que são
distribuídos aos alunos. Dos 12 directores de escolas perguntados se os professores das suas
escolas foram preparados para utilizar o manual de professor que acompanha o livro do aluno,
41,7% responderam que sim e 58,3% responderam que os seus professores não receberam
nenhuma formação sobre os manuais de professores. Entretanto feita a mesma pergunta a 157
professores, verificou-se uma discrepância nas respostas porque 87,3% dos professores
afirmaram terem recebido formação para a utilização do manual, 12,1% dos professores
afirmaram que não receberam formação para a utilização do manual e 1 professor não respondeu
a pergunta (ver tabela 12).
Tabela 12: O professor recebeu uma formação para a utilização do seu manual?
Professores Directores
(%) (%)
Sim 87,3 41,7
Não 12,1 58,3
Total 99,4 100,0
30
Apesar de um número significante de professores não ter recebido o manual do professor no ano
de 2010, como pode-se observar na tabela 13 que dos 157 professores, 36,9% não recebeu o
manual, 63,1% recebeu o manual do professor, a maior parte dos professores (71,3%) afirma que
o manual do professor é adequado ao livro escolar do aluno, 16,6% dos professores respondeu
que o manual não é adequado ao livro do aluno e 12,1% dos professores não responderam a
pergunta (ver tabela 14).
Frequência %
Sim 99 63,1
Não 58 36,9
Total 157 100,0
Frequência %
Sim 112 71,3
Não 26 16,6
Total 138 87,9
Em
19 12,1
branco
Total 157 100,0
Resposta da Entidade
O Ministério nas suas acções de formação de professores (inicial e em exercício), inclui a
preparação dos mesmos para uso do livro escolar.
Reconhecemos contudo que há muito espaço para melhorar o conteúdo desta formação que deve
acontecer também na própria escola e na ZiP. Um novo modelo de formação de professores
começará a ser implementado a nível piloto. Simultâneamente o sistema de formação em
exercicio dos professores está a ser melhorado com uma maior participação das instituições de
formação do professores que recebem fundos adicionais para tal.
31
Comentário do Auditor
Mantemos a constatação, porque a entidade não clarifica que conteúdos deveram ser melhorados
e como funcionará o novo modelo de formação a nível piloto.
10- Os livros escolares apresentam problemas relativos à correção gramatical, bem como
aos conceitos de cada disciplina.
Questionados os 157 professores se já tinham identificado algum erro nos livros escolares,
81,5% dos professores afirmaram que já tinham identificado erros gramaticais e 17,8% que não
identificaram nenhum erro (ver tabela 15).
Frequência %
Sim 128 81,5
Não 28 17,8
Total 156 99,4
Em
1 ,6
branco
Total 157 100,0
Frequência %
Sim 7 58,3
Não 5 41,7
Total 12 100,0
32
Igualmente questionou-se aos directores de escola se os alunos são avisados para corrigirem os
erros encontrados nos livros onde dos 12 directores, 9 responderam que os alunos são avisados
para corrigirem o erro encontrado e 3 directores não responderam a pergunta (ver tabela 17).
Frequência %
Sim 9 75,0
Em
3 25,0
branco
Total 12 100,0
No entanto quando questionados os directores se o erro encontrado nos livros escolares foi
comunicado ao MINED, Diname, DPEC, ou um outro órgão encontramos as seguintes respostas
que podem ser observadas no gráfico 1. O que revela que dos directores de escola inquiridos 7
não comunicam o erro encontrado no conteúdo dos livros escolares.
Gráfico nº1
Series1
Paralelamente aos resultados aqui apresentados em relação aos erros gramaticais, o trabalho
desenvolvido pelo especialista em relação aos erros gramaticais e adequação dos conceitos de
cada disciplina apresentou os seguintes resultados para os diferentes livros escolares:
Evidências: “Expressões e frases como: “Lê e copia a letra”; “Lê e escreva”; “Cobre o tracejado
e copia as vogais”; “Lê, junta as sílabas e forma palavras” abundam no livro. As mesmas
ilustram o carácter gramatical da linguagem. Por seu turno, os conceitos usados são
gramaticalmente correctos, como mostram os seguintes exemplos: “Esta é a nossa sala. Na sala
podemos descansar, conversar e receber visitas.” (p.20); “O gato miou. O galo cantou. O rato
chiou. O cão ladrou.” (p.47) ”.
3ª Classe – Ciências Naturais (Livro do Aluno) RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos
Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
Evidências: “ Vem comigo”, “ Abre bem os teus olhinhos” (p.2); “A água boa para bebermos e
cozinharmos os alimentos não tem cor, nem cheiro, nem sabor. É água potável. (p.45)
4ª Classe – Ciências Sociais (Livro do Aluno) GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores.
O livro apresenta uma linguagem não só gramaticalmente correcta, mas também didacticamente
sugestiva. É notório o recurso a um vocabulário acessível, ao mesmo tempo que as frases são
simples e curtas, sobretudo, na abordagem dos conceitos e nos exercícios. A este pormenor
acrescem-se as iniciativas de ordem motivacional (emprego de verbos de acção, no início das
34
actividades: observo, interpreto, realizo, leio…), para além das elucidativas e sistemáticas
ilustrações.
Evidências: “Vamos conversar com o texto: Quantos irmãos têm a Marina?” (p.2); “Recorda-te:
Palavras antónimas são aquelas que têm significados opostos ou contrários” (p.3); “Vamos
escrever: Imagina que és a Agnes. Responde à carta da Marina.” (p.14).
5ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.).
Descobrir a Matemática. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
Evidências: “A ideia de perímetro está relacionada com o contorno ou limite de uma figura
[terreno].” (p.47); “Observa a figura. Qual é a área do rectângulo ABCD?” (p.86).
7ª Classe – Ofícios (Manual do Professor) MAZIVE, Alberto et al. (2005). O Saber das Mãos.
Maputo: Longman.
O livro apresenta uma linguagem não só gramaticalmente correcta, mas também adequada ao
professor. A linguagem utilizada nos conceitos é, também, na generalidade, correcta. É notório,
no livro, o apelo ao tratamento mais formal (não intimidade). Por outro lado, o uso do presente
do indicativo, nas definições, confirma o carácter factual destas.
Evidências: “Ensino orientado para a actividade: tem a ver com a utilização de metodologias
participativas.” (p.12); “ Discuta com a turma sobre a utilidade de materiais têxteis” (p.21).
Resposta da Entidade
A avaliação do livro tem sido feita por equipa independente de especialistas que avaliam com
rigor todos as respostas apresentads pelas editoras e, para cada livro, apresentam sugestões de
melhorias dos mesmos, implementação obrigatoria para livro selecionado pelo Ministério.
Contudo há sempre grelhas que escapam ao olho clinico destes especialistas. Quando detectadas
o Minitério ordena às editoras que façam as devidas correcções. Verificamos contudo que as
constatações dos auditores se baseiam unicamente na percepção dos professores e directores de
escolas entrevistados sem evidência de prova. A avaliação dos especialistas consultados pela
auditoria refere de forma unânime que os livros apresentam uma linguagem gramaticalmente
correcta e adequada.
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque o analista no geral além de não ter detectado erros gramaticais
no livro que analisou nomeadamente, da 1ª classe: Língua Portuguesa (Livro Caderno).
DHORSAN, Adelaide; MONTEIRO, Susana (2007). Aprender a Ler. Maputo: Macmillan,
2ª classe: Matemática (Livro do Aluno). HOFMEYR, Leoni (Coord.) (2008). Descobrindo a
Matemática. Cape Town: Nasou Via Afrika, 3ª classe: Ciências Naturais (Livro do Aluno).
RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
4ª classe: Ciências Sociais (Livro do Aluno). GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores, 5ª classe: Matemática (Livro do Aluno).
LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.). Descobrir a Matemática. Maputo: Plural
Editores/Porto Editora, 5ª classe: Língua Portuguesa (Livro Caderno). DHORSAN, Adelaide;
MONTEIRO, Susana (2007). Aprender a Ler. Maputo: Macmillan, 6ª classe: Educação Moral e
Cívica (Manual do Professor). FENHANE, João; CAPECE, Jó (2003). Nós e os Outros. Maputo:
Texto Editores, 7ª classe: Ofícios (Manual do Professor). MAZIVE, Alberto et al. (2005). O
36
Saber das Mãos. Maputo: Longman, referentes ao ano lectivo 2010, também o especialista
detectou alguns erros gramaticais a título de exemplo o livro da 6ª Classe - Educação Moral e
Civíca (2003, p.19). No entanto, não se deve descartar as respostas dadas pelos professores e
directores da escola porque estes trabalham com os livros desde que o processo de distribuição
gratuita começou a ser implementado, o que permetiu a equipa trabalhar com um universo de
157 professores, no qual introduziu os dados no programa estatístico designado por SPSS, tendo
considerado o intervalo de confiança de 95% e constatado através da amostra que cerca de 81,5%
dos professores afirmaram que ja tinham identificado erros gramaticais.
Frequência %
Sim 13 3,3
Não 386 96,5
Total 399 99,8
Em
1 ,2
branco
Total 400 100,0
37
Quanto pagaram?
Frequência %
50 1 ,3
1000 1 ,3
Total 2 ,5
Em
398 99,5
branco
Total 400 100,0
Frequência %
Director da escola 4 1,0
Secretaria 1 ,3
Outra pessoa.
2 ,5
Quem?
Total 7 1,8
Em branco 393 98,2
Total 400 100,0
Outro facto que evidenciou que a distribuição atende ao princípio de gratuidade foram as
respostas dadas pelos pais e encarregados de educação onde 373 dos encarregados de educação
afirmaram que os seus educandos receberam os livros na escola, 22 encarregados de educação
afirmaram que compraram os livros e 2 encarregados de educação identificaram outras fontes e
os restantes 3 não responderam a pergunta (ver tabela 21).
38
Frequência %
Recebeu na
373 93,3
escola
Comprou 22 5,5
Outras fontes 2 ,5
Total 397 99,3
Em branco 3 ,7
Total 400 100,0
No entanto 39 encarregados de educação afirmaram que pagaram algum dinheiro pelos livros,
quando questionados a quem pagaram 19 pais e encarregados de educação responderam que
pagaram a outras pessoas foram das opções apresentadas no questionário que eram Director da
escola, Director adjunto pedagógico, professor ou secretaria (ver tabela 22). A equipa de
auditoria efectuou visitas em Março de 2011 de forma dissimulada as livrarias e aos seguintes
mercados informais (mercado informal da vila de Boane, vendedores ambulantes na baixa da
cidade de Maputo, nas avenidas Zedequias Manganhela, Filipe Samuel Magaia e Guerra
Popular), contudo não encontrou-se nenhum livro de distribuição gratuita à venda.
Frequência %
Sim 39 9,7
Não 358 89,5
Total 397 99,2
Em
3 ,8
branco
Total 400 100,0
Resposta da Entidade
Apesar das melhorias obtidas ao longo dos últimos anos, continuaremos a aperfeiçoar o sistema
de distribuição do livro de forma a garantir que todos alunos recebam gratuitamente o livro de
escolas a que tem direito.
39
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, uma vez que, auditoria constatou esta boa prática mas a entidade não
esclarece o facto de existência de 39 pais e encarregados de educação e 22 alunos que afirmam
que compraram o livro gratuíto, justificando apenas que continuarão a aperfeiçoar o sistema de
distribuição do livro.
Na sequência das visitas técnicas constatou-se que todas as escolas visitadas na Cidade e
Província de Maputo recebem os livros de distribuição gratuita desde que se iniciou esta acção
de distribuição. Verificou a existência de guias de remessas com datas de entregas nas Direcções
Provinciais de Educação, Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia, nas escolas,
planos de distribuição na Diname.
Pela análise feita as respostas dadas pelos professores, verificou-se que também estes afirmam
que nem todos os seus alunos receberam os livros, onde 47,8% dos professores disseram que os
seus alunos receberam os livros e 51,6% dos professores disseram que os seus alunos não
receberam os livros escolares para o ano lectivo de 2010 (ver tabela 23).
O facto de 46,3% dos alunos terem respondido que alguns colegas receberam os livros e outros
não receberam, está relacionado aos casos dos alunos que não receberam todos os livros para as
diferentes disciplinas no ano de 2010, onde analisar-se-á no ponto 14. No entanto quando
perguntado aos mesmos alunos se no ano anterior todos teriam recebido os livros escolares, 383
afirmaram terem recebido os livros e 17 disseram que não receberam.
As respostas fornecidas pelos directores de escola bem como dos professores confirmam que as
escolas recebem os livros escolares. Dos 12 directores de escola inquiridos, todos afirmaram que
receberam os livros, mas quando questionados se todos alunos da 1ª a 7ª classe receberam os
livros escolares, 10 directores responderam que alguns alunos receberam e outros não, esta
resposta também esta associada ao facto de as escolas não receberem quantidades suficientes de
livros para os alunos matriculados e estes alunos não recebem livros em todas as disciplinas.
Resposta da Entidade
Ao longo dos últimos anos o Ministério tem investido na melhoria do sistema de distribuição do
livro escolar com o objectivo que este chegue a todas as escolas públicas e comunitárias em
tempo útil.
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque tratando-se de uma boa pratica o Ministério deve se esforçar
para garantir que o livro chegue a todas escolas públicas e comunitárias em tempo útil.
13 - Os alunos das escolas públicas não estão a receber gratuitamente os livros escolares
num rácio 1:1 por disciplina
No decorrer das visitas técnicas evidenciou-se o facto de que um elevado número de alunos não
possuía todos os livros para as diferentes disciplinas, tanto mais que dos 400 alunos perguntados
se tinham os diferentes livros por disciplina verificamos que a maior parte dos alunos não
recebeu os livros para as diferentes disciplinas, como exemplo retirou-se 20 dos 400 alunos da 7ª
classe do distrito KaMaxaqueni onde identificou-se os livros por disciplinas que tinham recebido
(ver tabela 22).
41
1 NR NR R R R R R
2 NR NR R NR NR R NR
3 NR NR NR NR R R NR
4 NR R NR R NR R R
5 NR NR NR R R R R
6 NR R R R NR R R
7 R R NR R NR R NR
8 R NR R NR NR R R
9 NR NR NR NR NR R NR
10 NR R NR NR R R R
11 R NR R R R NR R
12 R NR R R R NR R
13 R NR R NR R R R
14 R R R R R NR R
15 NR R NR R R R R
16 NR NR R R R R R
17 R R NR NR R R NR
18 R NR R R R R R
19 NR NR NR R R R R
20 R NR NR R R R R
NR – Não recebeu
R - Recebeu
42
Neste mesmo distrito, o director dos SDEJT afirmou quando entrevistado que:” da 3ª a 5ª há
uma dificuldade por falta de livros por serem insuficientes. O pedagógico faz uma média para as
turmas, dando um livro pelo menos para um dos dois alunos que se sentam na carteira que é
dupla, para que os livros cheguem para todos.”
Mesmo quando questionados aos pais e encarregados de educação se os seus filhos receberam
todos os livros para as classes que frequentam 43,5% responderam que não receberam e 56,0%
responderam que os seus filhos receberam todos os livros (ver tabela 25).
Frequência %
Sim 224 56,0
Não 174 43,5
Total 398 99,5
Em
2 ,5
branco
Total 400 100,0
Como podemos observar na tabela 26, os professores também afirmam que a escola não recebeu
os livros de forma equitativa em todas as disciplinas, 72,6% dos professores disseram que as suas
escolas não receberam os livros de forma equitativa e 26,8% disseram que a sua escola recebeu
os livros de forma equitativa.
Frequência %
Sim 42 26,8
Não 114 72,6
Total 156 99,4
Em
1 ,6
branco
Total 157 100,0
43
Resposta da Entidade
Tendo em conta a capacidade de financiamento dos livros pelo Ministério foi desenhado um
sistema que prevê que os livros durem em média 3 anos e que anualmente seja reposto cerca de
um terço do stock de livros existente. Reconhecemos contudo que devido a vários factores a
duração média do livro tem sido inferior a 3 anos, o que resulta em falta de livros nas escolas.
O Ministério está consciente deste problema e esta a estudar várias opções para aumentar a
durabilidade média do livro.
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade mesmo consciente de que o livro não tem a duração
que se espera (3 anos), não apresenta um plano concreto, primeiro para o facto de os livros
quando distribuídos não serem para todas as disciplinas o que propicia a compra no mercado
informal e segundo pelo facto de apenas fazer-se a reposição em média de um terço, sem a prévia
informação das quantidades do livros em condições de serem reaproveitados nas escolas ou por
distrito, para o ano lectivo seguinte.
14 - O conteúdo dos livros favorece o fortalecimento dos princípios de uma educação cívica,
ética, moral, patriótica e educação para uma cultura de paz em Moçambique.
Do ponto de vista cívico, ético, moral e de uma educação para uma cultura de paz, o livro
cumpre os objectivos definidos. Os elementos favoráveis prendem-se com capítulos dedicados à
amizade, à família, à vida em comum, à cortesia, aos espaços públicos, ao respeito pelos outros,
incluindo animais, o gosto pelos jogos.
Trata-se de um livro de Matemática, o que torna difícil aferir se o conteúdo dos livros fortalece
os princípios de uma educação cívica, ética, moral, patriótioca e cultura de paz em Moçambique.
Mesmo assim, poderemos dizer que, na globalidade, esses princípios estão presentes. O livro
44
apresenta vários exemplos que têm a ver com Moçambique, com a cultura do país, com os
símbolos nacionais, com o meio onde as pessoas vivem.
Evidências: Os exemplos com a moeda nacional, o metical (págs. 10, 92, 93, 94), a Bandeira
Nacional (pgs 35, 76), o mapa de Moçambique (p.71), “Leva (______) tempo para viajar de
avião de Maputo a Nampula” (p.71); “O feriado do dia da Mulher Moçambicana é o dia
(_______) do mês de (_____).” (p.76); “O feriado do Dia da Paz é no dia (_____) do mês de
(_______).” (p.76).
3ª Classe – Ciências Naturais (Livro do Aluno). RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos
Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
O livro aborda assuntos ligados ao universo, aos seres vivos, à saúde e à população e ambiente.
Trata-se de matérias que propiciam o fortalecimento de educação cívica, ética, moral, patriótica e
uma educação para uma cultura de paz. Baseados na observação e descrição, os conteúdos do
livro privilegiam o contacto directo do aluno com as diferentes realidades do meio em que vive.
Tais são os casos de lugares e objectos, dos seres vivos e seres não vivos, da água, solo,
alimentos.
Evidências: Constituem exemplos, as lições como: i) descrever lugares e objectos (p.5), (ii)
conhecer os animais da sua zona (p. 26), (iii) compreender a importância da água para os seres
vivos (p. 39), (iv) usar devidamente as latrinas e as casas de banho (p. 58).
4ª Classe – Ciências Sociais (Livro do Aluno). GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores.
Evidências: a) Educaçao cívica: texto-“Eu sou criança, Eu tenho Direitos” (p. 200); b) Educação
ética: texto - “Quem muito fala, pouco acerta” (p. 4); c) Educação moral: texto – “O homem que
comia cinza” (p.15); d) Educação patriótica: texto - “Aqui nascemos” (p.134); e) Educação para
uma cultura de paz em Moçambique: texto – “Nós cantamos as belezas de Moçambique”
(p.117).
5ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.).
Descobrir a Matemática. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
7ª Classe – Ofícios (Manual do Professor) MAZIVE, Alberto et al. (2005). O Saber das Mãos.
Maputo: Longman.
Centrado nas habilidades e talentos manuais, o conteúdo do livro favorece o fortalecimento dos
princípios éticos, cívicos, morais e patrióticos. Com efeito, aplicando as suas habilidades e
talentos, o aluno retrata o mundo à sua volta, através da execução de diversas peças e objectos
utilitários. O livro incentiva o aluno a fazer o aproveitamento e reciclagem de materiais diversos.
Com esta acção, o aluno aprende a valorizar os recursos em sua volta, o que se fundamenta em
princípios éticos, cívicos, morais e patrióticos em consolidação.
Evidências: O exposto é evidenciado quer pelos objectivos específicos, quer pelas competências
definidas para cada unidade temática. Exemplos: “Promover o aproveitamento e reciclagem de
materiais têxteis” (p. 20), “conhecer normas de higiene e segurança no trabalho têxtil” (p.20),
“Identificar regiões do país onde há produção cerâmica industrial e artesanal” (p. 27), “Conhecer
o mapa florestal do país” (p. 42), “levanta peças simples e utilitárias em barro (bonecos,
cinzeiros, copos, potes vasos” (p.42). “Aplica a legislação que regula a protecção do pessoal e
dos animais” (p.47).
Resposta da Entidade
O Ministério concorda com a constatação. Esta é uma preocupação do Ministério que consta
explicitamente nos Termos de Referência dos especialistas que fazem a avaliação técnica dos
livros.
Comentário do Auditor
Mantem-se a constatação, por se tratar de uma boa prática, o fortalecimento dos princípios de
uma educação cívica, ética, moral, patriótica e educacional, o que vai permetir a entidade
47
empenhar se, cada vez mais na implementação dos princípios patriotas nos conteúdos dos livros
escolares.
15 - O conteúdo dos livros fortalece os quatro pilares de saberes: saber ser, saber conhecer,
saber fazer e saber viver juntos.
O conteúdo do livro fortalece os quatro pilares de saberes. Porém, dada a idade dos alunos, o
saber ser não é tão explorado, como o saber conhecer, saber fazer e saber viver juntos. O
conteúdo dos livros concorre para o fortalecimento do saber fazer. O conteúdo do livro expressa-
se, essencialmente, através de gravuras, que reforçam as práticas de observação, a aprendizagem
das boas maneiras (cumprimentos e expressões de despedida), os exercícios de coordenação
motora, a identificação, normas de convivência escolar, normas de higiene pessoal. Estão
previstas, no texto, actividades que concorrem para o saber fazer do aluno.
Evidências: “Observa e descreve a imagem” (p.1); “Bom dia, senhora professora, boa tarde,
Sara, boa noite, mamã / olá Ana” (p. 2); “cobre o tracejado e pinta os desenhos” (p.4); “pratica os
diálogos apresentados com os teus colegas (p.14); “imita o movimento das pessoas a escovar os
dentes, pentear, lavar as mãos e tomar banho” (p.41). Os exemplos são: exercícios recorrentes de
ortografia (cobrir as letras tracejadas), exercícios de identificação das letras, construção de
palavras, de cópias, ditados, diálogos a partir de situações ilustradas, interpretar e contar histórias
a partir de imagens dadas.
Os quatro pilares do saber estão fortalecidos no livro. Embora o conteúdo seja essencialmente
numérico, o fortalecimento do saber ser, saber conhecer, saber fazer, saber viver juntos deduz-se
quer a partir das gravuras, quer nos enunciados verbais dos exercícios. Com afeito, naquelas e
nestes, são notórias as referências identitárias e culturais do país, a filosofia da aprendizagem é
centrada no estudante, as sugestões de exercícios práticos e jogos presentes no livro. Estes, por
seu turno, requerem a participação colectiva.
Evidências: Quer em relação ao conhecimento dos números naturais, das grandezas e medidas
quer do espaço e forma, os exemplos são concretos e têm a ver com o mundo do aluno (frutos
(p.40), animais (p.41), objectos (p.100), moeda (pp. 92,93,96, 98,99), símbolos (p.76) e
48
3ª Classe – Ciências Naturais (Livro do Aluno) RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos
Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
Dos quatro pilares do saber, apenas o ‘saber ser’ não é desenvolvido de forma acentuada. Os
restantes são substancialmente fortalecidos. O saber ser é mais implícito que explícito. No
entanto, o saber conhecer, fazer e viver juntos são estimulados pelo contacto directo das crianças
com a realidade em sua volta.
Evidências: a exibição de figuras diversas, a serem descritas pelas crianças (p. 5, 7); o acto de
nomear, classificar e distinguir seres, objectos, acções e fenómenos, a partir de figuras
apresentadas (pp. 6, 7, 9, 28, 57,82…).
4ª Classe – Ciências Sociais (Livro do Aluno) GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores.
O conteúdo do livro fortalece o saber ser, o saber conhecer, o saber fazer e o saber viver juntos.
O carácter interdisciplinar das Ciências Sociais favorece a operacionalização plena deste
indicador. Na verdade, o livro em análise é, essencialmente, uma reabordagem das matérias
tratadas nas disciplinas a que se associa, nomeadamente, História, Geografia, Educação Moral e
cívica.
O conteúdo do livro satisfaz, de um modo geral, este indicador. O livro responde aos quatro
saberes, através de temáticas textuais que valorizam a escolaridade, os lugares/patrimónios
históricos, ou que despertam o interesse de realizar actividades de ordem prática, para além das
relações de partilha (colectivismo) que caracterizam a maioria dos textos.
49
Evidências: a) Saber ser: textos - “Chitlango, Filho do Chefe” (p.24), “As Aventuras de
Ngunga” (p. 31); b) Saber conhecer: textos – “Ilha de Moçambique – Património Histórico
Nacional” (p.126), “José Craveirinha, o grande poeta” (p. 149); c) Saber fazer: textos – “O Jornal
da Turma” (p.114), “Primeiros Socorros” (p. 92); d) Saber viver juntos: textos – “A família de
Marina” (p.1), “A Minha comunidade” (p.39).
5ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.).
Descobrir a Matemática. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
O conteúdo do livro fortalece o saber ser, o saber conhecer, o saber fazer e o saber viver juntos.
A referência aos compartimentos de um apartamento, a determinação do comprimento
aproximado da albufeira de Cahora Bassa (p.19), os exercícios de cálculo mental, as
propriedades associativa e distributiva da multiplicação (pp.35,36) ajudam o aluno a desenvolver
os quatro pilares do saber.
Evidências: os diferentes nomes para ilustrar os números ordinais (p.10); o exercício 6 sobre a
percentagem (p. 121).
Evidências: Os exemplos da adequação do conteúdo do livro aos pilares ‘saber ser’ e ‘saber
viver juntos’ constam dos segmentos introdutórios das unidades temáticas: “ é crucial que a
criança se compenetre de que a sua integração saudável na família depende do seu esforço em
conhecer, respeitar e observar os deveres e direitos familiares “ (p.16); “… reflectir sobre as
diferentes relações que o Homem estabelece com os outros homens…” (p.31).
7ª Classe – Ofícios (Manual do Professor) MAZIVE, Alberto et al. (2005). O Saber das Mãos.
Maputo: Longman.
O conteúdo do livro fortalece, substancialmente, apenas dois dos quatro pilares: ‘saber fazer’ e
‘saber conhecer’. Os restantes saberes são secundários. A natureza prática da matéria do livro
está na origem da abordagem desigual dos pilares de saberes. Os autores do livro reconhecem o
50
facto, ao sublinharem, na introdução, que dever-se-á priorizar uma pedagogia mais centrada no
saber fazer, valores e atitudes.
Resposta da Entidade
O Ministério concorda com a constatação. Esta é uma preocupação do Ministério que consta
explicitamente nos Termos de Referência dos especialistas que fazem a avaliação técnica dos
livros.
Comentário do Auditor
Mantem-se a constatação, porque tratando se de boa prática, a entidade através do seu plano de
acção pode reforçar futuramente os conteúdos dos livros escolares.
16 - O conteúdo dos livros está de acordo com a previsão curricular de cada classe?
Evidências: “A Minha Escola” (pp.1 a 16; 62 a 72), “A Minha Família” (pp. 17 a 61); “A Minha
Comunidade” (pp. 96 a 124); “O Ambiente que me Rodeia” (pp. 125 a 140). No entanto, os
símbolos nacionais encontram-se apenas na contracapa do livro e não aparecem, no interior,
como um tópico específico para ser aprendido e exercitado pelos alunos.
3ª Classe – Ciências Naturais (Livro do Aluno) RAMALHO, Silvério (2004). O Meio que Nos
Rodeia. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
Evidências: O título do livro (O Meio que nos Rodeia) traduz, de forma expressa, a essência do
conteúdo do mesmo. Em termos temáticos, podem se ler as seguintes sugestões: “conhecer os
animais da sua comunidade” (p.26); “Protecção e conservação desses animais” (p.30);
“compreender a importância da água para os seres vivos” (p. 38); “Usar devidamente as casas de
banho e as latrinas” (p.58).
4ª Classe – Ciências Sociais (Livro do Aluno) GULELE, Jacob Jerónimo et al. (2004).
Moçambique Nossa Terra. Maputo: Texto Editores.
O conteúdo do livro está de acordo com a previsão curricular para a 4ª classe. De um modo geral,
as Ciências Sociais contribuem para a formação cívica do cidadão, dando-lhe uma melhor
inserção no meio em que vive, permitindo-lhe uma participação activa no desenvolvimento. Para
a 4ª classe, prevê-se que se alarguem as noções de tempo e espaço próximo do aluno, mantendo-
se a transversalidade como princípio das Ciências Sociais. Estamos convictos de que é em
resposta a esta previsão que o conteúdo do livro compreende três espaços básicos para a inserção
social e económica do aluno: i) a Família, ii) a Escola e iii) a Província.
Evidências: Sugestões temáticas como “O papel dos membros da Família” (p.6); “Documentos
Normativos da Escola” (p.37); Localização Geográfica e Divisão Administrativa da Minha
Província” (p.40); “Confissões Religiosas” (p.62) evidenciam a adequação do conteúdo do livro
à previsão curricular.
Os 22 objectivos gerais preconizados para a 5ª classe, reflectem-se nos conteúdos do livro. Prova
o facto, primeiro, a denominação das unidades temáticas, segundo, as matérias abordadas nos
textos seleccionados, terceiro, o enfoque das fichas práticas.
52
Evidências: O livro contém 12 unidades temáticas, assim designadas: A minha família, A nossa
escola, A comunidade onde vivo, O ambiente onde vivemos, O corpo humano, higiene e saúde,
Os meios de transporte e comunicação, A nossa província, O nosso país. Quanto às temáticas
textuais, estas são sugeridas pelos próprios títulos dos textos. Por exemplo: “Uma árvore, um
Amigo”, para a preservação do ambiente; “Quem é Malangatana?”, para a valorização do
património cultural do país.
5ª Classe – Matemática (Livro do Aluno) LANGA, Heitor; PAULO, Luis de Nascimento (s.d.).
Descobrir a Matemática. Maputo: Plural Editores/Porto Editora.
Evidências: Os exemplos da adequação do conteúdo do livro aos pilares ‘saber ser’ e ‘saber
viver juntos’ constam dos segmentos introdutórios das unidades temáticas: “ é crucial que a
criança se compenetre de que a sua integração saudável na família depende do seu esforço em
conhecer, respeitar e observar os deveres e direitos familiares “ (p.16); “… reflectir sobre as
diferentes relações que o Homem estabelece com os outros homens…” (p.31).
7ª Classe – Ofícios (Manual do Professor) MAZIVE, Alberto et al. (2005). O Saber das Mãos.
Maputo: Longman.
Resposta da Entidade
O Ministério concorda com a constatação. Esta é uma preocupação do Ministério que consta
explicitamente nos Termos de Referência dos especialistas que fazem a avaliação técnica dos
livros.
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade no exercício do contraditório não justificou os
problemas identificados na revisão curricular de cada classe feita pelo especialista aos livros da
1ª Classe - Língua Portuguesa, 2ª Classe – Matemática, 3ª Classe – Ciências Naturais, 4ª Classe –
Ciências Sociais, 5ª Classe - Língua Portuguesa, 5ª Classe – Matemática, 6ª Classe – Educação
Moral e Cívica, 7ª Classe – Artes e Ofícios.
Tabela 27
DIFERENÇAS
ORÇAMENTO DESPESAS
(Mts)
Valores
Descrição em Descrição Valor (Mts)
3
10 (Mts)
Provisão e
distribuição do
68.759,0 Pagamento as editoras 409.392.096,00*
livro escolar para o
ensino primário
Produção do livro
371.640,7 Contrato da DINAME 56.160.000,00
escolar
Desalfandegamento 12.865.317,58
Resposta da entidade
Esta é uma preocupação do Ministério. O Ministério tem procurado diferentes opções que
garantam uma distribuição eficiente do livro escolar dentro de parâmetros financeiros
sustentáveis. Enquadra-se nesta abordagem a inclusão de mais operadores no processo de
distribuição visando promover a concorrência e baixar os custos da produção.
Comentário do Auditor
Mantém-se a constatação, porque a entidade na execução do orçamento deve observar o previsto
na legislação específica e as demais em vigor em Moçambique, facto que não se verificou para o
caso em análise.
Por outro a entidade não clarificou a razão da diferença entre o disponibilizado e as despesas
efectuadas, e ainda como supriu esta mesma diferença.
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Tabela 28
ENTIDADE
OBJECTO CONTRATUAL VALOR
CONTRATADA
Para o contrato com a referência MEC – 23/09/UGEA/B/d, celebrado entre o MEC e Texto
Editores, no dia 23 de Julho de 2009, para a reimpressão de livros escolares, no valor de USD
5,333,742.25, que foram efectuados os seguintes pagamentos:
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Este contrato foi visado pelo Tribunal Administrativo no dia 16 de Março de 2010, depois de ter
produzido os seus efeitos, o que contraria o disposto no n.º 2, do artigo 42, do Regulamento que
aprova o Decreto n.º 54/2005, de 13 de Dezembro.
Por outro lado, no número 2 do presente contrato, prevê o seguinte: “ O prazo da execução do
contrato será 90 dias de calendário após o visto do Tribunal Administrativo, na forma
especificada no Escopo do Fornecimento e nas Condições Especiais do Contrato”.
O Ministério da Educação celebrou duas adendas, como mostra a tabela 29, com valores que
superam o limite preconizado por lei, que foi fixado em vinte e cinco por cento do valor inicial
do contrato.
VALORES EM
Nº DO OBJECTO DO METICAIS DIFERENÇ VARIAÇÃO
CONTRATO CONTRATO Adenda A (MTS) (%)
Contrato
(alteração)
FASE – Desalfandegamento
50/09/UGEA/S e Transporte de 2.600.010,55 3.853.314,55 1.253.304,00 48,2
Livros Escolares
FASE – Desafandegamento
54/09/MEC/S e Transporte de
2.354.669,78 3.571.469,78 1.216.800,00 51,7
Livros Escolares –
Lote 2
Resposta da Entidade
Não foi respondida esta questão.
Comentário do Auditor
Mantemos a constatação, porque não se cumpriu com o previsto na alínea c), do n.º 1, do artigo
61, da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro e não foram respeitados os limites previstos nos n.ºs 2
e 3, ambos do artigo 52, do Regulamento aprovado pelo Decreto n.º 54/2005, de 13 de
Dezembro.
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Não obstante o facto de a equipa de auditoria ter constatado a existência de boas práticas nesta
acção de distribuição gratuita do livro escolar, que envolvem os seguintes aspectos:
• A distribuição dos livros escolares é realmente gratuita e estes livros chegaram a tempo
adequados para permitir a aprendizagem do aluno na sala de aula.
• O esforço do MINED em conseguir os direitos editorais dos livros da 1ª e 2ª classe,
• As campanhas de sensibilização para conservação do livro escolar feitas ao nível das
escolas e meios de comunicação social,
• Existência de inventário do livro escolar no MINED.
XI. O processo de contratação das editoras para a produção do livro escolar, apresenta
irregularidades tais como:
- Celebração de Adendas com valores que ultrapassam o limite legalmente imposto e sem
autorização do Ministro das Finanças;
- Não submissão dos contratos a fiscalização prévia.
II. Os conteúdos respondem, eficazmente, aos pilares ‘saber conhecer’, ‘saber fazer’ e ‘saber
viver juntos’, (o ‘saber ser’ não é muito aflorado), previstos no programa. É significativo o
emprego da linguagem mista (palavras + imagens), na descrição dos conteúdos. Frisa-se, aqui,
o facto de os beneficiários do livro serem crianças de 6 anos, portanto, atraídas pelas imagens,
dominantes no texto.
V. O livro apresenta poucos elementos que criam e ajudam a fortalecer os princípios de uma
educação patriótica. Tal é o caso da escassez das referências ao país, aos símbolos nacionais,
factos históricos. Estes são referidos, apenas, na contracapa, que, à semelhança de todos os
livros em análise, exibe a bandeira e o hino nacionais, o emblema e o mapa de Moçambique
2ª Classe – Matemática
III. Para a disciplina de Matemática, 2ª classe, o currículo prevê que o aluno seja capaz de
resolver problemas do quotidiano, utilizando exercícios de cálculo. O conteúdo espelha este
objectivo através da inserção de 16 exercícios, em 8 unidades que constituem o livro. Além
disso, a própria abordagem das matérias é feita sob a forma de exercícios, o que constitui uma
resposta directa ao preconizado no currículo.
I. Reconhece-se que este orienta, de facto, o aluno a cultivar-se em termos cívicos, éticos,
morais, patrióticos. Tal reflecte-se nas inúmeras abordagens e sugestões sobre o respeito pela
natureza. A par disso, consta do livro o arrolamento dos procedimentos e formas de conviver
com os vários elementos que habitam o mundo da natureza.
II. Face ao exposto, conclui-se que o conteúdo do livro fortalece os quatro pilares do saber.
Mas, são os saberes conhecer e fazer que mais afloram, na sequência do contacto directo
aluno - natureza, que o discurso da disciplina incentiva os alunos.
III. Analisado o conteúdo do livro, verificou-se que o mesmo está de acordo com a previsão
curricular. Com efeito, as matérias, quer em termos da forma (palavras e ilustrações) quer os
exercícios sugeridos, conduzem o aluno a conhecer, nomear, interpretar, valorizar e saber
relacionar-se com mundo da natureza que o rodeia. (Daí o título do livro O Meio que Nos
Rodeia).
II. O conteúdo do livro aponta para questões ligadas aos diferentes meios colectivos em que
o aluno se insere, nomeadamente, a família, a escola e a província, todos apropriados para o
fortalecimento dos pilares do saber. Por isso, conclui-se que estes estão consolidados.
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III. O objectivo central, alargamento das noções de tempo e espaço próximo do aluno,
mantendo-se a transversalidade como princípio das Ciências Sociais, orientou a selecção e
tratamento dos conteúdos do livro. Os exercícios também se baseiam no mesmo objectivo.
III. Um exame minucioso do conteúdo do livro revela que quer as unidades temáticas
quer os textos e sugestões das actividades se enquadram na previsão curricular para a
disciplina de Língua portuguesa (5ª classe).
5ª Classe – Matemática
IV. Após uma leitura atenta dos escassos segmentos textuais (aparecem apenas nas
definições de conceitos e na enunciação de actividades), concluiu-se que a linguagem
empregue é gramaticalmente correcta.
II. Da verificação dos conteúdos do livro, chegou-se à conclusão de que estes favorecem, de
forma salutar, os princípios de uma educação cívica, ética, moral, patriótica e educação para
uma cultura de paz em Moçambique. Afinal, a disciplina, em si, constitui um espaço de
abordagem destes princípios.
7ª Classe – Ofícios
V. Recomendações
10. Que se observe a alínea c), do n.º 1 conjugado com o n.º4, ambos do artigo 61, da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro.
2ª Classe – Matemática
5ª Classe – Matemática
7ª Classe – Ofícios
Para a recomendação 2: A entidade deve especifícar onde estão sediadas as unidades orgânicas
referidas no seu plano de acção, como seram desenvolvidas as acções de monitoria e ainda qual
sera a sua abragência incluido a periodicidade.
Para recomendação 3: Que a entidade indique acções concretas para melhorar a qualidade do
livro, de modo, que este tenha a durabilidade esperada de 3 anos.
Para recomendação 5: Que a entidade indique em que período são feitas as campanhas de
sensibilização, as províncias abrangidas ou distrito, a língua usada para o efeito e ainda se essas
campanhas estão a surtir o efeito esperado.
Para recomendação 6: A entidade deve indicar acções concretas que está a implementar para
melhorar as condições do armazém.
Para recomendação 7: A equipa de auditoria do Tribunal Administrativo apurou que nem todos
os alunos receberam livros em todas as disciplinas para as classes que frequentam (ratio,1:1).
Entretanto, a entidade deve apresentar um plano de acção para o alcance do ratio 1:1.
Para recomendação 9: Que se cumpra o que está plasmado na alínea c), do n.º 1 conjugado com
o n.º4, ambos do artigo 61, da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
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__________________________
Contadora Verificadora Chefe
Carlos Guedes
__________________________
Contador Verificador Superior
__________________________
Contador Verificador Superior
Grasiela Dimande
____________________________
Contadora Verificadora Superior
____________________________
Contadora Verificadora Superior