Você está na página 1de 19

Séries (Parte 2)

Autores: Danilo e Lenilson

17/05/2023

1 Teoria
1.1 Importante memorizar!
• Séries de Taylor:

x
X xk
e = ;
k!
k=0

X (−1)k+1 xk
ln (1 + x) = .
k
k=1

• Função Gama: Uma extensão da função fatorial para o conjuntos dos números reais e complexos:
Z ∞
Γ(n + 1) = e−t · tn dt = n!.
0

• Função Beta: conhecida como integral de Euler de primeiro tipo, que é definida por:
Z 1
(x − 1)!(y − 1)!
B (x, y) = tx−1 (1 − t)y−1 dt = .
0 (x + y − 1)!

1.2 Um produto importante


Para |x| < 1:

Y n 1
1 + x2

= .
1−x
n=0

Vamos provar isso:


N
! N +1
!
1 − x2 1 − x4 1 − x2 1 − x2
    
2 2N

lim (1 + x) 1 + x ··· 1 + x = lim ···
N →∞ N →∞ 1−x 1 − x2 1 − x2N −1 1 − x2N
N +1
1 − x2 1
= lim = .
N →∞ 1−x 1−x

1
2 Problemas Olı́mpicos de Cálculo
2.1 Questões
1. (SMT 2014) Calcule a série infinita

X 1
.
2k 2−k
k=1

2. (OMpD 2022) Considere a sequência {xn }n∈N definida por x1 = 2, x2 = 10 e, para todo n inteiro
positivo,
P∞ xk xn+2 = 2xn+1 + 3xn . Assinale a alternativa que contém o valor correto da soma infinita
k=1 k! .

(a) e3 + e
(b) e3 + 2 + e−1
(c) e3 − 2 + e−1
(d) e3 − e
(e) e3 − e−1

3. (OBMU 2019) Calcule  


Pn 2 πk
k=1 ctg 2n+1
lim .
n→∞ n2
1
(a) 2
1
(b) 3
2
(c) 3
π2
(d) 6

n
X k
4. (OBMU 2017) Considere a sequência an = , para n ≥ 1.
2k
k=1

(a) Determine lim an .


n→∞
2 (2 − an ) n+1
 n 
(b) Determine lim .
n→∞ n+1

5. (Competição Elon Lages Lima 2022) O famoso P roblema da Basileia1 nos permite descobrir que
π2 1 1 1 1
= 2 + 2 + 2 + 2 + ···
8 1 3 5 7
Vamos usar a série anterior para encontrar a soma de outra série. Para cada n ∈ N, defina como an
seu maior divisor positivo ı́mpar. Por exemplo, a30 = 15 e a24 = 3. Encontre o valor da soma:
a1 a2 a3
S = 3 + 3 + 3 + ···
1 2 3
1
Euler foi o primeiro a provar que
π2 1 1 1 1
= 2 + 2 + 2 + 2 + ···
6 1 2 3 4
Além dele, alguns membros da famı́lia Bernoulli, que também viviam na cidade da Basileia, tentaram obter esse resultado.
Por conta disso esse resultado também ficou atrelado ao nome da cidade.

2
π2
(a) .
7
7π 2
(b) .
8
π2
(c) .
6
7π 2
(d) .
6
8π 2
(e) .
7

X 1 π2
6. (OMRN 2023) Se ζ(2) = = , podemos afirmar que
n2 6
n=1

∞  
X 1 1
2
+
(3n + 1) (3n + 2)2
n=1

é igual a:
π2
(a) 6
π4
(b) 7
π2
(c) 7
π2
(d) 27
4π 2
(e) 27

7. (MR 2021/3) Calcule o valor de



X 4n − 1
.
n=1
n2 (2n − 1)2

1
ln (1 − x)
Z
8. (Competição Elon Lages Lima 2022) O valor de dx é
0 x
(a) −1
π
(b) −
4
π2
(c) −
6
(d) −2

3 3
(e) −
2
P∞ 1 π2
9. (SMT 2014) Dado que n=1 n2 = 6 , calcule a soma

X 1
.
2n n2
n=1

3
∞ Z 1
X 1
10. (OBMU 2005) Prove que = x−x dx.
nn 0
n=1

1
11. (OBMU 2023) Seja an = 2n
 , ∀n ≥ 1.
n
+∞
X +∞
X
n
(a) Prove que an x converge para todo x ∈ (−4, 4) e que a função f (x) = an xn satisfaz a
n=1 n=1
equação diferencial x(x − 4)f ′ (x) + (x + 2)f (x) = −x.
∞ √
X 1 1 2π 3
(b) Prove que 2n = 3 + 27 .

n=1 n

P∞
n3 + 1 − log n3 − 1 e justifique.
 
12. (VTRMC 2022) Calcule o valor exato da série n=2 log

1
13. (HMMT 2016) Seja a sequência {ai }∞
i=0 definida por a0 = e an = 1 + (an−1 − 1)2 . Encontre o
2
valor do produto
Y∞
ai = a0 · a1 · a2 · · ·
i=0

5
14. (Putnam 2014) Sejam a0 = 2 e ak = a2k−1 − 2 para todo k ≥ 1. Calcule
∞  
Y 1
1−
ak
k=0

na forma fechada.


15. (IMC 2010) Defina a sequência x1 , x2 , . . . indutivamente por x1 = 5 e xn+1 = x2n − 2 para cada
n ≥ 1. Calcular
x1 · x2 · x3 · · · xn
lim .
n→∞ xn+1

16. (IMC 2019) Determine o valor do produto


∞ 2
Y n3 + 3n
.
n6 − 64
n=3

17. (Putnam 2016) Calcule


∞ ∞
X (−1)k−1 X 1
.
k k2n +1
k=1 n=0

4
2.2 Siglas:
OMRN - Olimpı́ada de Matemática do Rio Grande do Norte
IMC - International Mathematics Competition for University Students
OMpD - Olimpı́ada Matemáticos por Diversão
SMT - Stanford Math Tournament
ICMC - Imperial Cambridge Mathematics Competition
OBMU - Olimpı́ada Brasileira de Matemática Nı́vel Universitário
VTRMC - Virginia Tech Regional Mathematics Contest
Putnam - William Lowell Putnam Mathematical Competition
MR - Mathematical Reflections
HMMT - Harvard-MIT Mathematics Tournament

3 Solução
1. Observe:
∞ ∞ ∞
X 1 X 1 X 1
S= 2
= = 2 ·
2k − k k (2k − 1) 2k (2k − 1)
k=1 k=1 k=1
∞    
X 1 1 1 1 1
=⇒ S = 2 · − = 2 · 1 − + − + ··· .
2k − 1 2k 2 3 4
k=1
Temos que lembrar da série de Taylor:

X (−1)k+1 xk
ln (1 + x) = .
k
k=1

Em particular quando x = 1 temos:



X (−1)k+1 1 1 1
ln 2 = =1− + − + · · ·.
k 2 3 4
k=1

Portanto:
S = 2 · ln 2.

2. Foi nos oferecido a relação de recorrência: xn+2 = 2xn+1 + 3xn , donde obtemos a Equação de
Recorrência de segunda ordem homogênea:

xn+2 − 2xn+1 − 3xn = 0.

E sua fórmula fechada é dada por


xn = α · rn + β · sn ,
em que α, β são constantes reais, enquanto r, s são as raı́zes reais da equação

x2 − 2x − 3 = 0.

Portanto r = 3 e s = −1. Vamos então descobrir as constantes α e β:

x1 = 2 = α · 31 + β · (−1)1


x2 = 10 = α · 32 + β · (−1)2

5
⇒ α = 1 = β.
Portanto
xn = 3n + (−1)n .
Logo, aplicando na nossa soma infinita:
∞ ∞ ∞ ∞
X xk X 3k + (−1)k X 3k X (−1)k
S= = = + .
k! k! k! k!
k=1 k=1 k=1 k=1

Lembrando da série de Taylor:


∞ ∞
X yk X yk
ey = ⇔ ey − 1 = .
k! k!
k=0 k=1

Concluindo:
S = e3 − 1 + e−1 − 1 = e3 − 2 + e−1 .
Letra (c) é a resposta.

3. Sabendo que eix = cos x + isen x, então

einx = cos nx + isen nx = (cos x + isen x)n


n  
X n
cos nx + i sen nx = cosn−k (x) · ik · senk (x).
k
k=0

Separando a parte imaginária e a parte real, temos que para k = 2r:


n/2  
X n
cos nx = cosn−2r (x) · (−1)r · sen2r (x).
2r
r=0

E para k = 2r + 1:
(n−1)/2  
X n
sen nx = cosn−2r−1 (x) · (−1)r · sen2r+1 (x)
2r + 1
r=0
     
n n−1 n n−3 3 n
⇒ sen nx = cos (x) · sen (x) − cos (x) · sen (x) + cosn−5 (x) · sen5 (x) − · · ·
1 3 5
     
sen (nx) n n−1 n n−3 n
⇒ n
= ctg (x) − ctg (x) + ctgn−5 (x) − · · ·
sen (x) 1 3 5
Portanto:
(n+1)/2  
sen (nx) X n
= (−1)r−1 · ctgn−2r+1 (x).
senn (x) 2r − 1
r=1

Seja n = 2m + 1 e x = 2m+1 , tal que

m+1
X 2m + 1  
sen (rπ) r−1 2(m−r+1) rπ
  =0= (−1) · ctg .

senn 2m+1 2r − 1 2m + 1
r=1

6
Então,        
2m + 1 m 2m + 1 m−1 2m + 1 m−2 2m + 1
y − y + y + ··· + = 0,
1 3 5 2m + 1
 

é um polinômio p(y) = 0 tal que y = ctg2 2m+1 é raı́z do polinômio. Então a soma dessas raı́zes
(pela relação de Girard) vale
m   2m+1

X
2 rπ 3 m(2m − 1)
ctg = 2m+1 = .
2m + 1 1
3
r=1

Finalmente partindo para o nosso problema:


   
Pn 2 πk n(2n−1)
k=1 ctg 2n+1 3 2
lim 2
= lim 2
= .
n→∞ n n→∞ n 3
Alternativa (c).

4. Vamos descobrir como é a cara da sequência an , ou seja, sua forma fechada, mas antes lembre-se da
série geométrica
n
X xn+1 − 1
xk = 1 + x + x2 + x3 + · · · + xn = .
x−1
k=0

Derivando:
n
X (n + 1)xn (x − 1) − xn+1 + 1 n · xn (x − 1) − xn + 1
k · xk−1 = = .
(x − 1)2 (x − 1)2
k=0

Multiplicando por x em ambos os lados da igualdade obtemos:


n
X n · xn+1 (x − 1) − xn+1 + x
k · xk = .
(x − 1)2
k=0

1
Tomando x = 2 temos que

1 n+1
n n+1
− 12 − 12 1
  
X k n· 2 + 2 n 1
an = = =2− − n−1
2k 1 2 2 n 2

k=1 −2

(a) Resolvendo o limite:


n 1
lim an = lim 2 − n
− n−1 = 2.
n→∞ n→∞ 2 2
(b) Substituindo o nosso an no outro limite obtemos:
 !n+1 n+1
2n 2 − 2 + 2nn + 1 
2n−1 n+2
L = lim = lim
n→∞ n+1 n→∞ n+1
n+1
1 x
  
1
⇒ L = lim 1+ = lim 1 + = e.
n→∞ n+1 x→∞ x

7
5. Expandindo a soma e substituindo cada an pelo respectivo maior divisor ı́mpar de n:
1 1 3 1 5 3 11 3 13 7 15 1
S= + + + + + + ··· + 3 + 3 + 3 + 3 + 3 + 3 + ···
12 23 33 43 53 63 11 12 13 14 15 16
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
⇒S= 2
+ 3 + 2 + 3 + 2 + 3 2 + ··· + 2 + 3 2 + 2 + 3 2 + 2 + 3 + ···
1 2 3 4 5 2 3 11 4 3 13 2 7 15 16
Reorganizando melhor e colocando evidência as potências de 2:
       
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
S= + + ··· + 3 + + ··· + 3 + + ··· + 3 + + ···
12 32 2 12 32 4 12 32 8 12 32
  
1 1 1 1 1 1 1 1 1
=⇒ S = + + + + + · · · 1 + + + + · · ·
12 32 52 72 92 23 43 83 163

π2 X 1 π2 1 π2
⇔S= · 3k
= · 1 = .
8 2 8 1 − 23 7
k=0

Alternativa (a).

6. Seja S a soma requerida:


∞  
X 1 1 1 1 1 1
S= 2 + 2 = 42 + 52 + 72 + 82 + · · · .
n=1
(3n + 1) (3n + 2)

Façamos então o seguinte:



X 1 1 1 1 1 1
S+ 2
= 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + ···
(3n) 3 4 5 6 7
n=1


X 1 1 1 1 1 π2
⇒S+ + 1 + = 1 + + + + · · · = ζ(2) =
n=1
(3n)2 22 22 32 42 6

π2 5 1 X 1 π2 4π 2 5
 
1 5
⇔S= − − = 1 − − = − .
6 4 9 n2 6 9 4 27 4
n=1

Não tem gabarito, a questão foi anulada portanto.

7. Antes de qualquer coisa temos que lembrar de um valor especial da função Zeta de Riemann:

X 1 π2
ζ(2) = 2
= .
n 6
n=1

Diante disso, vamos fazer frações parciais com o termo do somatório, buscando descobrir os valores
reais de A e B tais que:

4n − 1 A B (4A + B)n2 − 4An + A


= + =
n2 (2n − 1)2 n2 (2n − 1)2 n2 (2n − 1)2

 4A + B = 0
−4A = 4 ⇒ A = −1; B = 4.
A = −1

8
Portanto
∞ ∞
X 4n − 1 X 1 4
2 = − 2+
n2 (2n − 1) n (2n − 1)2
n=1 n=1

∞ ∞ ∞
X 4n − 1 X 1 X 1
⇐⇒ 2 =− 2
+4· .
2
n (2n − 1) n (2n − 1)2
n=1 n=1 n=1
Claramente
∞ ∞ ∞ ∞
X 1 X 1 X 1 π2 1 X 1 π2
= − = − · = .
(2n − 1)2 n2 (2n)2 6 4 n2 8
n=1 n=1 n=1 n=1
Logo

X 4n − 1 π2 π2 π2 π2
= − + 4 · = 2 · = .
n=1
n2 (2n − 1)2 6 8 6 3

8. Lembre-se da série de Taylor:



X (−1)k+1 xk
= ln (1 + x).
k
k=1
Se no lugar de x estiver (−x) segue que
∞ ∞ ∞
X (−1)k+1 (−x)k X (−1)2k+1 xk X xk
ln (1 − x) = = =− .
k k k
k=1 k=1 k=1

Portanto:
X xk−1 ∞
ln (1 − x)
=− .
x k
k=1
Substituindo o que encontramos na integral obtemos:
∞ ∞ ∞
Z 1 Z 1 !
ln (1 − x) xk−1 1 1 k−1 π2
Z
X X X 1
I= dx = − dx = − x dx = − = − .
0 x 0 k k 0 k2 6
k=1 k=1 k=1

Resposta letra (c).

9. Este é o problema mais difı́cil de nossa lista, e acredite se quiser, vamos usar ideias dos três problemas
anteriores a este.

X xn
Chamemos de f (x) = , então ao derivarmos
n2
n=1
∞ ∞
X xn−1 X xn
f ′ (x) = ⇒ xf ′ (x) =
n n
n=1 n=1

Logo, derivando de novo:


∞ ∞
′ X X 1
xf ′ (x) = xn−1 = xn = .
1−x
n=1 n=0
Façamos agora o processo inverso (integrando):
Z x Z x
′ 1
tf ′ (t) dt = dt = − ln (1 − x)
0 0 1−t

9
ln (1 − x)
⇒ xf ′ (x) = − ln (1 − x) ⇒ f ′ (x) = − .
x
De novo integrando:
x x
ln (1 − t)
Z Z

f (t) dt = − dt = f (x).
0 0 t
1/2
ln (1 − t)
Z
Então f (1/2) = − dt, em outras palavras
0 t

!
1/2 1 1
ln (1 − t) ln (1 − t) ln (1 − t)
Z Z Z
X 1
S= =− dt = − − .
2 n2
n
0 t 0 t 1/2 t
n=1

A integral em vermelho acabamos de calcular no exercı́cio anterior, portanto


∞ Z 1
X 1 π2 ln (1 − t)
S= n 2
= + dt.
2 n 6 1/2 t
n=1

1/2
ln (1 − t)
Z
Como S = − dt, então substituindo 1 − t = u obtemos
0 t
Z 1 Z 1
ln (u) ln (t)
S=− du = − dt.
1/2 1 − u 1/2 1 − t

Portanto
1 Z 1
π2 ln (1 − t)
Z
ln (t)
2S = + dt − dt
6 1/2 t 1/2 1 − t
Z 1
π2 ln (1 − t) ln (t)
⇒ 2S = + − dt.
6 1/2 t 1−t
ln (1 − x) ln (x)
Como (ln (x) · ln (1 − x))′ = − , logo
x 1−x
π2 π2
 
1
2S = + ln (t) · ln (1 − t)|11/2 = + lim ln (t) · ln (1 − t) − ln2 .
6 6 t→1
| {z } 2

Calculando o limite ℓ, por L’Hôpital:


1
ln (1 − t) − 1−t t ln2 t ln2 t + 2 ln t
ℓ = lim = lim = lim = lim = 0.
t→1 − 12
 
t→1 1 t→1 1 − t t→1 −1
ln (t) t ln t

Concluindo que

X 1 π 2 ln2 2
S= = −
2n n2 12 2
n=1

10. Vamos provar a igualdade da direita para a esquerda, donde o nosso problema é trabalharmos com
a seguinte integral: Z 1 Z 1
−x
I= x dx = e−x ln x dx.
0 0
Lembrando da série de Taylor:

X xn
ex = .
n!
n=0

10
Logo:
∞ ∞
1X
(−x ln x)n X 1 1
Z Z
I= = (−x ln x)n dx.
0 n=0 n! n! 0
n=0
Substituindo − ln x = u ⇒ x = e−u ,além disso dx = −e−u du, portanto:

1 0 −u n
X Z
−e−u du

I= e ·u
n! ∞
n=0

1 ∞ −u(n+1) n
X Z
⇒I= e u du.
n! 0
n=0
t dt
Fazendo mais uma substituição, agora u(n + 1) = t de modo que u = n+1 e du = n+1 , obtendo
∞ ∞
1 ∞ −t tn 1 ∞ −t n
Z   X Z
X dt 1
I= e · = · e t dt.
n! 0 (n + 1)n n + 1 (n + 1)n+1 n! 0
n=0 n=0

Lembrando da função gama:


Z ∞ Z ∞
1
Γ(n + 1) = e−t tn dt = n! =⇒ e−t tn dt = 1.
0 n! 0
Concluindo portanto:
∞ ∞
X 1 X 1
I= = .
(n + 1)n+1 nn
n=0 n=1
Como querı́amos demonstrar.

11. (a) Primeiramente temos um Pteorema:


Teorema: Se uma série an for absolutamente convergente, então ela é convergente.

Além disso vamos utilizar o seguinte teste de convergência de séries:


X∞
Teste da Razão ou Teste d’Alembert: Seja an for uma série, fazendo-se
n=1

an+1
lim = L.
n→∞ an
Temos os casos:
- se L < 1 então a série é absolutamente convergente;
- se L = 1, o teste é inconclusivo;
- se L > 1 então a série diverge.

X
Para provar que a série an xn converge temos que ver o valor do seguinte limite:
n=1

an+1 xn+1
L = lim .
n→∞ an xn
1 (n!)2
Como an = 2n =
 , portanto:
n
(2n)!
[(n+1)!]2
x· (2(n+1))! x · (n + 1)2 x (n + 1) |x|
L = lim (n!)2
= lim = lim = .
n→∞ n→∞ (2n + 2)(2n + 1) n→∞ 4n + 2 4
(2n)!

11
Para que L < 1 ⇒ |x| 4 < 1 ⇒ |x| < 4. Mas a questão informa que x ∈ (−4, 4), portanto a
série converge absolutamente, de acordo com o teste d’Alembert. E por conseguinte a série
converge.
Vamos verificar se a função f (x) = ∞ n
P
n=1 an x satisfaz a equação diferencial a seguir:

x(x − 4)f ′ (x) + (x + 2)f (x) = −x.

Se g(x) é o lado esquerdo da equação, temos que provar que g(x) = −x:

X ∞
X
g(x) = x(x − 4) an · n · xn−1 + (x + 2) an xn
n=1 n=1


X ∞
X
⇒ g(x) = an xn (nx − 4n + x + 2) = an xn (x(n + 1) − (4n − 2)) .
n=1 n=1

Agora que vem a sacada, façamos a razão an /an−1 :


 2
[n!]
an (2n)! n2 n an−1
=  = = ⇒ 4n − 2 = ·n
an−1 [(n−1)!] 2
2n(2n − 1) 4n − 2 an
[2(n−1)]!

Substituindo no termo do somatório obtemos:


∞   X∞
X
n an−1
g(x) = an x x(n + 1) − ·n = an · (n + 1) · xn+1 − an−1 · n · xn .
an
n=1 n=1

Tomando a sequência bn = an−1 · n · xn temos então a soma telescópica:


N
X
g(x) = lim bn+1 − bn = lim (b2 − b1 + b3 − b2 + · · · + bN − bN −1 + bN +1 − bN )
N →∞ N →∞
n=1

⇒ g(x) = −b1 + lim bN +1 = −x + lim aN · (N + 1) · xN +1 .


N →∞ N →∞
| {z } | {z }
ℓ ℓ

X
Vamos provar que h(x) = an · (n + 1) · xn+1 para x ∈ (−4, 4) sempre converge, através do
n=1
teste da razão:

an+1 · (n + 2) · xn+2 [(n + 1)!]2 (2n)! n+2


l = lim n+1
= lim 2 · · ·x
n→∞ an · (n + 1) · x n→∞ (n!) (2(n + 1))! n + 1

|x| · (n + 2) |x|
⇒ l = lim = < 1.
n→∞ 4n + 2 4
P
Então, se a série n≥1 bn+1 converge segue que lim bn+1 = 0, portanto:
n→∞

ℓ = 0 =⇒ g(x) = −x.

Portanto f (x) satisfaz a equação diferencial.

12
(b) Vamos fazer de duas formas possı́veis:

Solução 1: Como f (x) satisfaz a equação diferencial, vamos resolvê-lá. Seja

x(x − 4)f ′ (x) + (x + 2)f (x) = −x,

então
x+2 1
f ′ (x) + f (x) = .
x(x − 4) 4−x
Nosso fator integrante é
x+2
R
dx
µ(x) = e x(x−4) .
Z
x+2
Vamos resolver a integral dx. Decompondo em frações parciais,
x(x − 4)
(  
A B x+2 A+B =1 1 3
+ = ⇒ A(x − 4) + Bx = x + 2 ⇒ ⇒ (A, B) = − , .
x x−4 x(x − 4) −4A = 2 2 2

Assim,
A B 1 3
+ =− + ,
x x−4 2x 2(x − 4)
portanto,
−1
Z Z Z
x+2 3 1 3
dx = dx + dx = − ln |x| + ln |x − 4|.
x(x − 4) 2x 2(x − 4) 2 2

Como a região de convergência é em x ∈ (−4, 4), então |x| = x e |x − 4| = −(x − 4) = 4 − x.


Continuando:
!
Z
x+2 1 3 (4 − x)3/2
dx = − ln(x) + ln(4 − x) = ln(4 − x)3/2 − ln(x)1/2 = ln √ .
x(x − 4) 2 2 x

Logo,  
(4−x)3/2
ln √
x (4 − x)3/2
µ(x) = e = √ .
x
Multiplicando toda a EDO por µ(x), teremos
√ √
(4 − x)3/2 ′ (x + 2) 4 − x 4−x
√ f (x) − 3/2
f (x) = √ .
x x x
!′
(4 − x)3/2
Vejamos que o lado esquerdo da igualdade é igual à √ f (x) , pela regra do produto.
x
Assim, !′ √ Z √
(4 − x)3/2 4−x (4 − x)3/2 4−x
√ f (x) = √ ⇒ √ f (x) = √ dx.
x x x x
Quando x = 0 temos que no lado esquerdo:

X
i(x) = (4 − x)3/2 · an · xn−1/2 ⇒ x → 0 ⇒ i(0) = 0.
n=1

13
Guarde a informação que, se x = 0 tanto o lado direito quanto o lado esquerdo tem que ser
zero. Continuando ...
Z √
4−x √ dx √
Vamos resolver √ dx. Tomando u = x, teremos du = √ e de u = x, temos
x √ √ 2 x
u2 = x ⇒ 4 − x = 4 − u2 ⇒ 4 − x = 4 − u2 Logo,
Z √
4−x
Z p
√ dx = 2 4 − u2 du.
x
√ p √
Agora, tomando u = 2 sin t, então 4 − u2 = 4 − 4 sin2 t = 4 cos2 t = 2 cos t e, além disso,
du = 2 cos t dt. Portanto,
Z √
4−x
Z p Z Z
√ dx = 2 4 − u2 du = 2 · 2 cos t · 2 cos t dt = 8 cos2 t dt.
x
1 + cos(2t)
Usando que cos2 t = , então
2
Z Z  
2 1
8 cos t dt = 4 1 + cos(2t) dt = 4 t + sen (2t) = 4t + 2 sen (2t) + C.
2

Como x = 2 sen t, pelo triângulo abaixo

√  √ √
x x 4−x
obtemos que t = arcsen 2 e sen (2t) = 2 sen (t) cos (t) = 2 · 2 · 2 , logo
Z √ √  p
4−x x
√ dx = 4 arcsin + 4x − x2 + C.
x 2
Z √
(4 − x)3/2 4−x
Voltando à √ f (x) = √ dx, teremos
x x
√  p
(4 − x)3/2 x
√ f (x) = 4 arcsin + 4x − x2 + C.
x 2
Lembre-se que quando x = 0 o lado esquerdo zera, e portanto o lado direito também deve
zerar, logo C = 0, e dessa maneira:
√ √ 
4 x arcsin 2x x
f (x) = 3/2
+ .
(4 − x) 4−x
+∞ +∞ +∞
X
n
X X 1
Como f (x) = an x , então f (1) = an =  que é o que queremos calcular. Logo,
2n
n=1 n=1 n=1 n
calculando f (1):

14
√ √ 

4 1 arcsin 21 1 4π
1 1 2π 3
6
f (1) = + = 3/2 + = + .
(4 − 1)3/2 4−1 3 3 3 27
Como querı́amos demonstrar.

Solução 2:
Aqui vai uma solução utilizando função beta, donde:
Z 1
(x − 1)!(y − 1)!
B(x, y) = tx−1 (1 − t)y−1 dt = .
0 (x + y − 1)!

Portanto
1
n! · n!
Z
1 1
B(n + 1, n + 1) = tn (1 − t)n dt = = ·
2n + 1 2n

0 (2n + 1)(2n)! n
Z 1
1
⇔ (2n + 1) tn (1 − t)n dt = 2n
.
0 n
Por conseguinte:
∞ ∞ Z 1 Z ∞
1X
X 1 X n
S= 2n
= (2n + 1) n
t (1 − t) dt = (2n + 1) · tn (1 − t)n dt
n=1 n n=1 0 0 n=1

∞ ∞
!
Z 1 X n X n
⇒S= 2· n t − t2 + t − t2 dt.
0 n=1 n=1

Como t ∈ (0, 1) ⇒ t − t2 < 1, portanto temos séries geométricas. E lembrando que para
|r| < 1:

X r
i. rn = ;
1−r
n=1

X r
ii. nrn = .
(1 − r)2
n=1
Portanto: Z 1 
1 2
S= − − 1 dt
0 (t2 − t + 1)2 t2 − t + 1
Z 1 Z 1
2 1
⇒S= 2 dt − 2−t+1
dt − 1
2
0 (t − t + 1) 0 t
√ √ √
4 8π 3 2π 3 1 2π 3
⇒S= + − −1= + .
3 27 9 3 27
Como querı́amos demonstrar.

12. Usando as propriedades do logaritmo no termo do somatório obtemos:


∞ ∞ ∞
n3 + 1 n + 1 n2 − n + 1
X    
 X X
log n3 + 1 − log n3 − 1 =

S= log = log · 2 .
n3 − 1 n−1 n +n+1
n=2 n=2 n=2

15
Como a soma dos logaritmos é o produto dos logaritmandos, temos que
∞ Y n− 1 2+ 3
! ∞  !!
Y n+1 2 4
S = log 2
n−1 n+ 1 + 3
n=2 n=2 2 4
 
N
! N !
Y (2n − 1)2 + 3 

 Y n+1
⇒ S = log 
Nlim 2
.
 →∞ n−1 (2n + 1) + 3 
n=2 n=2 
| {z }| {z }
P1 P2

Nota-se claramente que P1 e P2 são produtos telescópicos, de modo que ao resolver cada um:
3 4 5 6 N −1 N N +1
P1 = · · · ··· · ·
1 2 3 4 N −3 N −2 N −1
N · (N + 1)
⇒ P1 = .
2
De modo análogo, temos que
N
Y (2n − 1)2 + 3 32 + 3 12 3
P2 = 2 = 2
= 2
= 2 .
(2n + 1) + 3 (2N + 1) + 3 4N + 4N + 4 N +N +1
n=2

Portanto:  
 
3 N · (N + 1)  3
 2 · Nlim
S = log   = log .
→∞ N 2 + N + 1  2
| {z }
=1

13. Veja que an − 1 = (an−1 − 1)2 , então se bn = an − 1, temos que bn = b2n−1 . E dessa forma, nosso
produto pode ser reescrito:
∞ ∞ ∞
Y Y Y n 1
1 + bi = (1 + b0 ) 1 + b20 1 + b40 · · · = 1 + b20 =
 
ai = .
1 − b0
i=0 i=0 n=0

1 1 2
Portanto nosso produto vale = 1 = .
1 − (a0 − 1) 2− 2
3

14. Primeiramente vamos provar que a sequência do nosso problema, an+1 = a2n − 2 para n ≥ 0, é
estritamente crescente e que lim an = +∞.
n→∞

Veja que a0 > 2, e supondo por hipótese que an > 2 para n ≥ 0, então (passo indutivo),
an+1 = a2n − 2 > 4 − 2 = 2, e provamos por indução que an > 2 para todo n natural. E dessa
forma an+1 − an = a2n − an − 2 > 4 − 2 − 2 = 0 =⇒ an+1 > an , ou seja, a sequência do problema é
estritamente crescente.

Suponhamos por absurdo que an converge para algum valor real ℓ, então:

lim an+1 = lim a2n − 2 ⇔ ℓ = ℓ2 − 2 ⇔ ℓ = 2 ou ℓ = −1;


n→∞ →∞

16
uma contradição pois an é sempre maior que esses dois valores, em particular, an > 2 para todo
n ≥ 0, portanto, a sequência diverge para +∞.
Seja P o valor do produto requerido, então
∞   Y∞  
Y 1 ak − 1
P = 1− = .
ak ak
k=0 k=0

ak+1 + 1
Como ak+1 = a2k − 2 ⇒ ak+1 + 1 = a2k − 1 = (ak − 1) (ak + 1), e dessa forma ak − 1 = , isto
ak + 1
sugere que vamos chegar em um produto telescópico, veja:
" n #
Y ak+1 + 1
P = lim
n→∞ (ak + 1) ak
k=0

 
a1 + 1 a2 + 1 a3 + 1 an+1 + 1
⇔ P = lim · · ···
n→∞ (a0 + 1)a0 (a1 + 1)a1 (a2 + 1)a3 (an + 1)an
 
an+1 + 1
= lim
n→∞ (a0 + 1)a0 · a1 · · · an

5
Como a0 = 2 ⇔ a0 + 1 = 72 , logo:
 
2 an+1 + 1
P = · lim .
7 n→∞ a0 · a1 · · · an

Mas quanto será que vale a0 ·a1 · · · an ? Chamando bn = (an )2 , sabemos pelo enunciado que (an+1 )2 =
2
a2n − 2 =⇒ a2n+1 − 4 = a2n a2n − 4 , o que significa que, bn+1 − 4 = bn (bn − 4), e por conseguinte


b1 − 4 b2 − 4 b3 − 4 bn+1 − 4 bn+1 − 4
b0 · b1 · b2 · · · bn = · · ··· = .
b0 − 4 b1 − 4 b2 − 4 bn − 4 b0 − 4

25
Como b0 = 4 ⇒ b0 − 4 = 94 , e dessa forma
s
bn+1 − 4 2
q
a0 · a1 · · · an = 9 = a2n+1 − 4.
4
3

E concluı́mos que
2 3 an+1 + 1
P = · · lim q .
7 2 n→∞ a2 − 4
n+1
| {z }
L

O limite L é fácil de ser resolvido porque an diverge, e consequentemente an+1 também diverge para
+∞, logo
1
1 + an+1
L = lim q = 1.
n→∞ 1 − a24
n+1

3
Portanto o nosso produto vale P = .
7

17
15. O gabarito é 1. Deixarei como exercı́cio para vocês, pois segue a mesma ideia da questão anterior
(principalmente) quanto da que vem a seguir.

16. Antes de partir para o problema, é importante ter em mente três coisas:
n
Y ak+1 an+1
=
ak a1
k=1

n
Y ak a1
= ;
ak+1 an+1
k=1
n
Y ak+2 an+1 · an+2
= .
ak a1 · a2
k=1
Isto para uma sequência monótona an . Diante disso...
Façamos algumas operações básicas no termo do produtório:
2 2
n3 + 3n n2 n2 + 3
= 3
n6 − 64 (n − 23 ) (n3 + 23 )
2
n2 n2 + 2
=
(n − 2) (n2 + 2n + 4) (n + 2) (n2 − 2n + 4)
Portanto 2 2
∞ N
Y n3 + 3n Y n2 n 2 + 2
= lim
n6 − 64 N →∞ (n − 2) (n2 + 2n + 4) (n + 2) (n2 − 2n + 4)
n=3 n=3
N N N N
! ! ! !
Y n Y n Y n2 + 3 Y n2 + 3
= lim · · ·
N →∞ n+2 n−2 (n − 1)2 + 3 (n + 1)2 + 3
n=3 n=3 n=3 n=3

3·4 (N − 1)N +3 32 + 3 N2
= lim · · 2 ·
N →∞ (N + 1)(N + 2) 2 2 + 3 (N + 1)2 + 3
N2 − N N2 + 3
 
12 · 12 72
= lim 2 2
=
2 · 7 N →∞ (N + 3N + 2) ((N + 1) + 3) 7
| {z }
=1
∞ 2
Y n3 + 3n 72
=⇒ 6
= .
n − 64 7
n=3

17. Chamaremos de S o valor da soma que queremos calcular. Então


∞ ∞ ∞ ∞ 1
(−1)k−1 X X X (−1)k+1 Z
X 1 n
S= = xk2 dx
k k2n + 1 k 0
k=1 n=0 k=1 n=0

∞ X
∞ n k ! ∞
!
1 (−1)k+1 · x2 1
Z Z
2n
X X 
⇒S= dx = ln 1 + x dx
0 k 0
n=0 k=1 n=0

!
Z 1 Z 1  
Y
2n
 1
⇒S= ln 1+x dx = ln dx
0 0 1−x
n=0

18
Z 1
=⇒ S = (−1) ln (1 − x) dx.
0
1
Seja f (x) = ln (1 − x) ⇒ f ′ (x) = − , e seja g ′ (x) = (−1) ⇒ g(x) = 1 − x, portanto, ao integrar
1−x
por partes: Z 1
1 −1
S = ln (1 − x) · (1 − x)|0 − · (1 − x) dx
0 1−x
S = lim [(1 − x) ln (1 − x)] + 1 = 1.
x→1

A nossa soma vale 1.

4 Referências Bibliográficas
- Sums and Products - Titu Andreescu, Marian Tetiva;
- Putnam and Beyond - Razvan Gelca, Titu Andreescu;
- Um Curso de Cálculo Vol. 1 e 2 - Hamilton Luiz Guidorizzi;
- Somatórios e Produtórios - Ricardo L. Bortolucci Filho.

19

Você também pode gostar