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A bacia do rio Tibagi

Apêndice

Etnoconhecimento kaingang (dados preliminares).


Nome kaingang Nome comum Conhecimento e/ou utilidade
- capote fruta comestível (semelhante à gabiroba)
- cipó-coronha semente parecida com castanha (usa-se para curar
“recaída de mulher”)
- cipó-guaimbé com sua fibra são feitos chapéus e corda
- erva-de-lagarto usa-se para curar mordida de cobra — masca-se a erva e coloca-se
sobre o local da mordida; pode-se engolir a erva mascada (esse
procedimento corta o veneno da cobra)
- guiné as folhas servem para cortar “mau-olhado”
- imbaúba, bonequinho, dedinho fruta comestível
- ingá fruta comestível
- quebranteiro usa-se para curar criança pequena que está enjoada e chorando
muito
- quina usa-se para dor de cabeça (em forma de chá)
- bonequeiro usa-se para curar hemorróidas
Fág pinheiro, pinheiro-do-paraná árvore que produz pinhão, alimento básico na alimentação tradicional;
hoje, apenas em Ortigueira há preservação de parte dos pinhais, que
continuam importante como fonte alimentar; também aproveitam os
corós que vivem nos troncos podres dessas árvores
Fág kãxê - usava-se, combinado com venh prág, para tingir taquara na cor
vermelha
Fáguinhén - usa-se como cicatrizante
Fó bang canjarana usa-se para curar “ferida-brava” (leishmaniose): joga-se a casca
fora, raspa-se a segunda camada e passa-se o sumo na ferida
Guyguy picão usa-se para dar banho em criança que está com coceira no corpo
(brotoeja)
Kaféa pãn tún velano usa-se para purificar o sangue (usa-se em forma de chá)
Kafej rororo tapixingui para curar aftas em crianças (passa-se o líquido na boca)
Kan tán canela serve para deixar uma pessoa mais pacífica; se ela tiver uma
natureza ruim, o remédio a deixa mais pacata
Kó banana-do-brejo fruta comestível
Kóimbé jaguarandi-miúdo usa-se como cicatrizante
Kokrey ariticum amora grande e preta, comestível
Kó kun - usam quando caçam pássaros (frutinha que baitacas e tucanos comem)
Kón sé nó-de-pinho usa-se para “abrir o apetite”: coloca-se o nó-de-pinho de molho na
água, que depois será tomada
Koninó tun usa-se para curar diarréia e cãimbras de sangue (enterorragia)
Kovejo féj - coloca-se os ramos na porta para espantar espíritos; passa-se no
corpo e no rosto para não envelhecer; usa-se também quando se
está com moleza/preguiça
Kré criciúma usa-se para fazer pari, chapéus e cestos (krénhe) para transportar
peixes
Krét amora fruta comestível — pode ser da variedade krét kuprí (amora de cor
branca) ou krét sa (amora de cor preta)
Krét-bang taiuvirá amora verde, comestível
Kryn mé fruta-de-anta usa-se para “viuvinha” (tersol) — amassa-se a
ponta da folha e a coloca sobre a “viuvinha”
Kumin-ô - remédio para cura ritual
Kumin-xí - mandioca selvagem, não-comestível: passam nas pernas para
espantar cobras

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A ecologia dos Kaingang da bacia do rio Tibagi

continuação
Kvó fy figueira se passar o leite da figueira no corpo de uma criança, ela fica valente.
(hoje não usam mais, porque, como não fazem mais guerra, evitam
produzir índivíduos fortes demais)
Mã jabuticaba fruta comestível; a casca serve como remédio para cólica de rim e
também como ceva de caça
Mbré - remédio para cura ritual
Mbró-tán-tún três-cipós sua água faz bem para os olhos, feridas e quebradura de ossos;
quando estão na mata e não encontram água de mina, podem tomá-
la para matar a sede
Ojor ján cipó-escada, alça-de-anta usa-se para quebraduras
Pãn mrur kãsir usa-se para quebraduras
Penvã gabiroba fruta comestível
Podí rainha-do-abismo flor que cresce a partir de tubérculos que nascem nas pedras dos
peraus
Pón réie samambaia planta ritual; da sua parte chamada prí, no passado faziam
“colchão” para dormir no chão (hoje ainda fazem esse “colchão”
nos ranchos provisórios que armam na beira dos rios e nos locais
de roça de coivara, quando longe da aldeia)
Príká-né-fy tipo de samambaia coa-se em um pano para fazer “colírio” para os olhos (a pessoa
fica com “bons olhos”, com “vista longa” — no sentido de alcance)
Prí-kan-sir samambaia que tem chapinha preta dá-se a uma criança para que fique ligeira, com andar rápido
Pyrfé urtiga-brava planta comestível e medicinal
Roja contas quando o kuiã vai falar com um espírito que prejudicou alguém,
usa um colar de contas para se proteger
Rumi rubim usa-se para torção, quebradura (as folhas são amassadas com sal e
colocadas no local)
Tãnh coqueiro aproveitam quase tudo: polpa e noz dos frutos; o palmito, que é
uma importante fonte de alimentos; troncos como matéria-prima
de grande parte de sua cultura material; folhas para cobertura de
ranchos; o cacho de flores tem uso ritual. Comem, ainda, as larvas
que vivem nos troncos apodrecidos
Tónhgó jen comida-de-tartaruga esfrega-se as pontas das folhas e passa-se no rosto/corpo para ter
barba e pêlos
Túi guenxume Soca-se a folha e coloca para cozinhar, ou macera bem, coloca água e
lava a cabeça das crianças, para o cabelo crescer. O cabelo cresce e
não “branqueia”
Tutanaya - flor azulada, sem utilidade; é ruim, porque o contato com a flor
provoca feridas e manchas na parte afetada
Ty caeté usa-se a folha como “guardanapo” e “prato”, e também para cobrir
os cestos de alimentos quando seguem para os acampamentos
no mato
Vãyevã goiabeira bom para diarréia
Venh prág - usava-se, combinado com nó-de-pinho para tingir taquara de
vermelho
Wãn taquara (em geral) tem múltiplas utilidades; antigamente, esfregavam brotos de taquara
para tingir fios de casca de árvore utilizados na confecção de cintos
de cor preta
Wãn pé taquara (a taquara legítima) usa-se para fazer artesanato, flauta, esteira
Wankró capitu usa-se para fazer tenás e suas folhas servem para cobrir ranchos
(planta parecida com cana)
Xí - remédio; urtiga não-comestível

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