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INFORMAÇÕES

AGRONÔMICAS
No 152 DEZEMBRO/2015
Desenvolver e promover informações científicas sobre
MiSSÃo o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o
ISSN 2311-5904
benefício da família humana

MANEJO DO ENXOFRE NA AGRICULTURA


Godofredo Cesar Vitti1
Rafael Otto2
Julia Savieto3

1. INTRODUÇÃO

D
e acordo com a legislação brasileira, o enxofre (S) é
classificado como macronutriente secundário, junta-
mente com o cálcio (Ca) e o magnésio (Mg), sendo
expresso na forma de S elementar ou de SO3. Para transformar S em
SO3 deve-se multiplicá-lo por 2,5, ou seja, 1 S equivale a 2,5 SO3.
O S é denominado macronutriente secundário não por ser
menos importante do que os macronutrientes primários (N, P2O5 e
K2O), mas sim por estar contido em fórmulas de baixa concentra-
ção, como nos fertilizantes nitrogenados (sulfato de amônio, 24%
S) e fosfatados (superfosfato simples, 12% S). Entretanto, com o
aumento da utilização de fórmulas mais concentradas em nitrogê-
nio (N) (ureia e nitrato de amônio) e em P2O5 (superfosfato triplo,
MAP e DAP), o S passou a ser fator limitante da produtividade e
qualidade das culturas de interesse econômico.
Figura 1. Interações de nitrogênio e enxofre em plantas de arroz. SAM =
2. ENXOFRE NA PLANTA sulfato de amônio; UR = ureia.
Fonte: Lefroy et al. (1992).
O S desempenha funções essenciais no desenvolvimento
e na qualidade das plantas, desde a participação na formação de
aminoácidos e proteínas até controle hormonal, fotossíntese e
mecanismos de defesa da planta contra patógenos. 2.1.1. Formação de proteínas de qualidade
As proteínas são formadas por 20 aminoácidos, sendo que,
2.1. Metabolismo do nitrogênio evidentemente, todos apresentam N em sua composição. Já o S
O S e o N “andam juntos” no metabolismo das plantas participa da composição de quatro aminoácidos: cistina, metionina,
(Figura 1) por meio de duas rotas principais: a) formação de proteí- cisteína e taurina. Esta interação tem duas implicações fisiológicas:
nas de qualidade e b) fixação biológica do N2 do ar e incorporação (1) a relação N/S para a maior parte das plantas varia de 10/1 a 15/1
do N mineral em aminoácidos. e está associada ao crescimento e à produção, e (2) na ausência

Abreviações: Ca = cálcio; CS2 = bissulfeto de alila; DAP = fosfato diamônio; K2SO4 = sulfato de potássio; Mg = magnésio; N = nitrogênio; MAP = fosfato
monoamônio; P = fósforo; S = enxofre; SAM = sulfato de amônio; TSP = superfosfato triplo; UR = ureia.

1
Professor Titular Sênior, Departamento de Ciência do Solo, ESALQ, Piracicaba, SP; e-mail: gcvitti@usp.br
2
Professor Doutor, Departamento de Ciência do Solo, ESALQ, Piracicaba, SP; e-mail: rotto@usp.br
3
Acadêmica de Engenharia Agronômica, Membro do GAPE, Departamento de Ciência do Solo, ESALQ, Piracicaba, SP; e-mail: savieto.julia@gmail.com

INtERNAtIONAL PLANt NUtRItION INStItUtE - BRASIL


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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 1


INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS

Publicação trimestral gratuita do International Plant


N0 152 DEZEMBRO/2015
Nutrition Institute (IPNI), Programa Brasil. O jornal
publica artigos técnico-científicos elaborados pela
comunidade científica nacional e internacional visando CONTEÚDO
o manejo responsável dos nutrientes das plantas.
Manejo do enxofre na agricultura
ISSN 2311-5904
Godofredo Cesar Vitti, Rafael Otto, Julia Savieto .....................................1

COMISSÃO EDITORIAL Evolução dos sistemas de cultivo de milho no Brasil

Editor
Aildson Pereira Duarte; Claudinei Kappes .............................................15
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INTERNATIONAL PLANT NuTRITION INSTITuTE (IPNI)


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de milho nos Estados Unidos.

2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


ou deficiência de S há formação de proteína de baixa qualidade, O S faz parte da composição de coenzimas, como tiamina
principalmente devido à falta dos aminoácidos essenciais cistina e (B1) e biotina, essenciais para a nutrição humana, bem como da
metionina, ou seja, aqueles que são metabolizados somente pelas coenzima A (CoA), composto essencial no estágio inicial do ciclo
plantas superiores. O consumo de plantas deficientes em cistina e de Krebs – uma das etapas do processo da respiração celular dos
metionina resultará em doenças irreversíveis no animal e no homem, organismos aeróbios.
como escorbuto, hemofilia, cegueira noturna, dentre outras.
2.2. Qualidade do produto agrícola
2.1.2. Fixação biológica do N2 do ar atmosférico e incorpo-
ração do N mineral em aminoácidos Em hortaliças, o S dá origem ao aroma e a sabor caracte-
rísticos devido à formação de bissulfeto de alila (CS2), presente no
A equação geral e simplificada da fixação do N2 do ar alho, cebola e mostarda.
atmosférico do solo é:
O S faz parte de enzimas proteolíticas que conferem sabor
Nitrogenase específico às frutas, como a papaína no mamão, a bromelina no aba-
N2 + 3H2 2NH3 caxi e a ficinase no figo. Assim, na deficiência de S os frutos ficam
Mo / Fe com sabor aguado, reduzindo, assim, sua qualidade. Na Figura 3
O H2 se origina da ação da enzima ferrodoxina, contendo nota-se o efeito do S na qualidade do abacaxi: o uso do sulfato pro-
S na sua estrutura, sobre a molécula de água (hidrólise), conforme move maturação uniforme e menor acidez, seja com o uso de sulfato
equação simplificada a seguir: de potássio (K2SO4) como de cloreto de potássio (KCl) associado
ao gesso. Intuitivamente, os produtores de abacaxi têm utilizado
Ferrodoxina misturas de KCl com sulfato de amônio visando os efeitos positivos
2H2O 2H2 + O2 do S nessa cultura.
S
A deficiência de S, além de afetar a qualidade da proteína,
Assim, na falta de S não há geração de H2 para a fixação
no caso do trigo, afeta também a qualidade da panificação, pela sua
biológica de N (Figura 2).
influência na extensibilidade da massa, conforme apresentado na
Figura 4. Além de pães menores, a textura fica mais granulada, a
massa mais rígida, o miolo mais firme e pesado, causando envelhe-
cimento precoce. Esse processo é contornado utilizando-se brometo
na panificação, porém, este é um composto altamente tóxico para
o ser humano.

Figura 2. Nódulos de soja sem e com a presença de enxofre.


Fonte: Malavolta (1982).

A via de assimilação do N é um processo vital que controla


o crescimento e o desenvolvimento das plantas e tem efeitos mar-
cantes sobre a produtividade final das culturas. O S faz parte da
enzima redutase do nitrito (NO2-), e participa do processo, conforme
equação simplificada a seguir:

Redutase do nitrito Figura 4. Influência do enxofre na extensibilidade da massa de pão. À


NO2- NH2 esquerda, trigo com presença de S.
S Fonte: The Sulphur Institute (1987).

Figura 3. Efeito do S na qualidade do abacaxi.


Fonte: Vitti e Heirinchs (2007).

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2.4. Qualidade da forragem
No Centro Internacional de Agricultura
Tropical (CIATI), Colômbia, foi desenvolvida uma
leguminosa forrageira, Desmodium ovalifolium,
considerada adequada pela sua adaptabilidade a
solos de baixa fertilidade, pisoteio e à seca; entre-
tanto, ela foi refugada pelo gado devido à baixa
palatabilidade. Acidentalmente, esses pastos foram
adubados com S e o problema foi sanado.
Fato semelhante foi observado em expe-
rimento realizado no cerrado de Minas Gerais:
a utilização de S na forma de gesso agrícola
aumentou a palatabilidade do capim pela ocor-
rência de leguminosas nativas, como Stylosantes,
Centrosema e Desmodium, conforme pode ser
observado na Tabela 1.

2.3. Resistência ao frio e à seca


O sulfato, quando absorvido pela planta, é
reduzido a radicais sulfidrilos (-SH) e dissulfeto
(-S-S), os quais aumentam a resistência das plan-
tas às baixas temperaturas e ao estresse hídrico,
principalmente em culturas de inverno. Na cultura
da soja, a ausência desses radicais ocasiona maior Figura 5. Deficiência de S em diversas culturas: 1 = arroz, 2 e 3 = algodão, 4 = cana-de-
acamamento das plantas. açúcar, 5 e 6 = café.
Fonte: Rosolem et al. (2007); Lott et al. (1960).

2.4. Deficiências visuais na planta


A deficiência de S é uma manifestação morfológica das valor econômico e pelas forrageiras, verifica-se também elevada
alterações fisiológicas ocorridas no interior da planta; assim, quando extração do elemento pelas hortaliças crucíferas, as quais, na dieta
os sintomas visuais de deficiência são observados, já ocorreram dos seres humanos, têm resultado na diminuição de doenças de alta
perdas na produtividade e na qualidade da cultura. periculosidade. Na Tabela 3 estão apresentadas as quantidades de
O S é um elemento relativamente imóvel na planta, portanto, S necessárias para a obtenção de altas produtividades das culturas.
as deficiências ocorrem inicialmente nas partes novas da planta,
2.6. Diagnose foliar
principalmente nas folhas novas, com clorose (amarelecimento)
em toda a extensão do limbo. Em estádios mais avançados, além Além da técnica de avaliação da necessidade de S por meio
da clorose, a deficiência de S ocasiona hastes e colmos mais curtos da diagnose visual, utiliza-se a diagnose foliar (análise de tecidos
e crescimento reduzido (Figura 5), causados pela menor síntese vegetais) para a recomendação da adubação sulfatada. A diagnose
de proteínas e maior relação N solúvel/N protéico, ou seja, menor foliar é realizada em época de maior transporte do nutriente para
atividade das redutases de nitrato e de nitrito, não incorporando o as flores em formação.
N mineral (solúvel) em N protéico. Para a diagnose foliar é necessário coletar um tipo especí-
fico de folha da planta e em período determinado (Tabela 4). Para
2.5. Exigências nutricionais a obtenção de produtividades elevadas, os teores de S devem estar
As quantidades de S extraídas pelos vegetais superiores são dentro de determinado intervalo, que varia de acordo com a cultura
variáveis, de 0,02% a 1,8% na matéria seca. De modo geral, tem-se (Tabela 5).
a seguinte ordem decrescente de extração: hortaliças > algodão >
leguminosas > cereais e gramíneas. 3. ENXOFRE NO SOLO
Em culturas de interesse agronômico o S é extraído em quan- A maior proporção do S no solo encontra-se na matéria
tidades superiores às de fósforo (P), conforme pode ser observado orgânica (cerca de 95%) e seu ciclo assemelha-se ao do N, sendo
na Tabela 2. Além da maior extração de S pelas culturas de alto o fluxo controlado por reações de oxidação e redução mediadas por
organismos presentes no solo (Tabela 6).
Tabela 1. Gesso e fosfato em pastagem de Brachiaria brizanta.

Tratamento Matéria seca Proteína bruta Taxa de lotação Peso vivo


(kg ha )
-1
(%) (UA ha ) -1
(kg ha-1 ano-1)
Fosfato + gesso agrícola 2.775 7,19 0,70 161,3
Fosfato 2.304 6,25 0,58 110,1
Controle 1.851 6,19 0,47 69,1
Fonte: Vilela (1986).

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Tabela 2. Quantidade de enxofre e fósforo extraídos por diversas culturas. Tabela 5. Níveis adequados de S foliar.

Cultura S P Colheita Cultura S (g kg-1)


- - - - (kg ha-1) - - - - (t ha-1) Soja 2,1 - 4,0
Algodão 33 8 1,3 Milho 1,5 - 2,1
Cana-de-açúcar 58 21 100 Algodão 4,0 - 6,0
Feijão 25 9 1 Feijão 2,0 - 3,0
Batatinha 38 27 27,6 Cana-de-açúcar 3,0 - 5,0
Café 27 9 2 (coco) Café 1,5 - 2,0
Abacaxi 41 33 50.000 pés Citros 2,0 - 3,0
Forrageiras Fonte: Raij et al. (1997).
• Colonião 45 44 23
• Napier 75 64 25
Em solos mal drenados, como os de várzea, predomina a
• Alfafa 24 21 5 forma menos oxidada de S, o sulfeto – gás altamente volátil e de
Hortaliças odor desagradável. A redução do sulfato ocorre principalmente em
• Couve-flor 21 9 9,2 condições de anaerobiose e na presença de substâncias doadoras
• Repolho 64 31 84 de elétrons como, por exemplo, a matéria orgânica. O agente de tal
• Ervilha 19 8 100.000 plantas reação é a bactéria anaeróbia Desulfovibrio desulfuricans.
• Espinafre 6 5 22.222 plantas Em solos bem drenados e oxigenados predomina a forma
• Nabo 13 11 -
mais oxidada, o sulfato – fonte primordial de S para as plantas. Pode
ser encontrado na solução do solo, adsorvido a partículas de argila ou
Fonte: Malavolta (1976). em complexos organominerais. Os agentes responsáveis pelas reações
Tabela 3. Quantidade de S total na produtividade de culturas de interesse de oxidação são os Thiobacillus (MALAVOLTA, 1976).
econômico. A Figura 6 apresenta o ciclo simplificado do S no solo.
Cultura Produção S
(t ha-1) (kg ha-1)
Arroz 8 12
Trigo 5,4 22
Milho 11,2 34
Amendoim 4,5 24
Soja 4 28
Algodão 4,3 34
Capim pangola 26,4 52
Abacaxi 40 16
Cana-de-açúcar 224 96
Fonte: Adaptada de Kamprath e Till (1983). Figura 6. Ciclo simplificado do S no solo.
Tabela 4. Cultura, época e tipo de folha para a diagnose foliar.

Cultura Época Tipo de folha


Soja Início do florescimento 3° trifólio com ou sem pecíolo
Milho Aparecimento de inflorescência feminina Folha abaixo e oposta à espiga superior
Algodão Início do florescimento 5a folha a partir do ápice sem pecíolo
Feijão No florescimento 3a folha com pecíolo
Cana-de-açúcar Primavera-verão Folha +1 (3a a partir do ápice com bainha visível)
Café Início do verão (dezembro e janeiro) 3° par de folhas a partir do ápice
Citros Primavera 3a folha a partir do fruto

Fonte: Raij et al. (1997).

Tabela 6. Formas de oxidação do enxofre no solo.


Meio anaeróbico (sem O2) Meio aeróbico (com O2)
Estado de oxidação S 2-
S 0
S 2+
S4+ S6+
Composto ou íon H2S S S2O32- SO2- SO42-
Sulfetos Enxofre elementar Tiossulfato Dióxido de enxofre Sulfato
Capacidade de campo Solos de baixa drenagem (inundado) ou compactado Solo com alta drenagem e "poroso"

Fonte: Adaptada de Horowitz (2003).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 5


O processo de oxi-redução do S apresenta duas implicações Assim, a utilização de adubos sulfatados em áreas com alta
importantes para o manejo adequado desse nutriente: (1) oxidação umidade e alta quantidade de matéria orgânica ocasiona perda de
do sulfeto e do S elementar para a forma de sulfato, com redução S por volatilização na forma de H2S, aliada ao fato de que esse
do pH do solo e (2) redução do sulfato para a forma de sulfeto, com gás é um dos principais inibidores da absorção iônica, levando a
elevação do pH do solo. planta à morte.
O sulfato também permanece imobilizado na matéria orgâ-
(1) Oxidação do S elementar
nica das plantas e dos microrganismos, pois representa a principal
Thiobacillus forma de absorção de S pelos seres vivos. Em relação à imobiliza-
S0 + 1,5 O2 + H2O H2SO 2H+ + SO4- ção do S pelos microrganismos, esta ocorre sob condições de alta
relação C/S (> 200/1). Essa observação é importante no caso da
A oxidação do S elementar apresenta duas implicações prá- cana-de-açúcar colhida sem despalha à fogo, condição na qual a
ticas: (a) depende da ação de microrganismos (Thiobacilus), que relação C/S é muito alta, maior que 455 (OLIVEIRA et al., 1999),
por sua vez depende das condições de temperatura e umidade e do ocasionando menor mineralização da palhada.
contato do S com o solo; e (b) a reação gera acidez. Portanto, na Em solos salinos (CE > 4 mmhos a 12,5 °C) contendo H2S,
prática, uma das poucas formas de reduzir o pH de solos alcalinos denominados solos Gley Thiomórficos (“Cat Clay”) pelo Serviço
é por meio da aplicação de S elementar. Os produtos comerciais Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (SNLCS),
à base de S elementar que vem sendo utilizados na agricultura ocorre diminuição brusca do pH de cerca de 7,0 para < 3,5, tornando
atualmente, nas doses de cerca de 50 kg ha-1, não promovem aci- esses solos irrecuperáveis para cultivo. Por isso , o “Soil Taxonomy”
dificação significativa. denomina duas ordens de solo – Entisols e Inceptisols – antes e após
Conforme já comentado, a fração de S predominante no solo a drenagem, respectivamente, conforme equação a seguir:
é orgânica (95 a 98% S). A Tabela 7 apresenta a relação C:N:P:S em
diferentes regiões do mundo, e a Tabela 8 apresenta as quantidades Drenagem
de S orgânico e de sulfato em solos tropicais. Sulfaquent Sulfaquept
pH > 7 pH < 3,5
Tabela 7. Relação entre C-orgânico, N-total, P-orgânico e S-total nos solos
de diferentes regiões.
Esses solos são facilmente reconhecidos pelo odor indesejá-
Local C:N:P:S vel de gás H2S, bem como pela formação de mosqueados amarelados
EUA-Iowa 110 : 10 : 1,4 : 1,2 na interface água-atmosfera devido à formação do mineral jarosita
Fe2(SO4)3. Assim, no caso desses solos, é fundamental jamais pro-
Brasil 194 : 10 : 1,2 : 1,4
ceder a drenagem.
Escócia
- Calcários 113 : 10 : 1,3 : 1,3 Thiobacillus thiooxidans
- Não calcários 147 : 10 : 2,5 : 1,4
H2S + 1,5 O2 + H2O H2SO4
Nova Zelândia 140 : 10 : 2,1 : 1,3

Fonte: Stevenson (1982).


3.1. Fatores associados à deficiência e à disponibilidade
Tabela 8. Quantidade de S-orgânico e S-total em solos tropicais. de enxofre
N° S-orgânico S-total As principais causas da deficiência de S nos solos tropi-
Área cais estão associadas às quantidades frequentemente baixas de S
locais Intervalo Média Intervalo Média
encontradas no perfil explorado pelas raízes, quando comparadas
- - - - - - - - - - - - - (ppm) - - - - - - - - - - - - - - às das regiões temperadas, e à alta mobilidade do íon sulfato no
Brasil 3 33-137 81 34-139 83 solo, conforme observado por Vitti (1989) em 8.500 amostras de
6 33-173 154 43-398 166 solo, das quais 75% apresentaram teores baixos ou muito baixos
16 30-272 145 37-409 235 de S. As classes de teores de S no solo, obtidas com os dois extra-
tores mais utilizados no Brasil – acetato neutro de amônio e fosfato
Colômbia 2 322-352 337 394-405 400
monocálcico –, estão apresentadas na Tabela 9.
Fonte: Adaptada de Kamprath e Till (1983). Devido à alta mobilidade do S no solo na forma de sulfato,
recomenda-se considerar também a camada subsuperficial (20 a
Analisando os dados da Tabela 8 nota-se que os teores de
40 cm) para o diagnóstico do teor de S no solo, e realizar a adubação
S orgânico e de S total aumentam com as latitudes mais baixas.
utilizando uma fonte de S sempre que o teor no solo estiver menor
Esses teores são insuficientes para manter a nutrição adequada da
que o nível crítico indicado na Tabela 9.
planta, pois é preciso um teor mínimo de 450 ppm de S orgânico
considerando a taxa de mineralização de 1% a 2%. É necessário, O aumento considerável no uso de adubos simples e de
portanto, o fornecimento de S através da adubação mineral. fórmulas de adubação carentes (isentas) em S também contri-
buem para a deficiência de S nos solos. Considerando os adubos
(2) Redução do S nitrogenados, cerca de 58% do N é utilizado na forma de ureia
Em condições de má drenagem o sulfato (SO42-) é reduzido e 19% na forma de fosfato de amônio MAP e DAP. Em relação
a sulfeto, de acordo com a seguinte reação simplificada: aos adubos fosfatados, cerca de 37% do P é utilizado na forma de
e- superfosfato triplo e 35% na forma de fosfato de amônio MAP e
SO42- + H2O H2S DAP. Quanto aos adubos potássicos, cerca de 97% do K é usado
Desulfovibrio desulfuricans na forma de KCl.

6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


Tabela 9.Classificação dos teores de enxofre no solo de acordo com dois Tabela 12. Fontes tradicionais para o fornecimento de enxofre.
extratores: acetato neutro de amônio e fosfato monocálcico.
Material fertilizante Fórmula química Teor de S (%)
S (mg dm-3)
Classes Sulfato de amônio (NH4)2SO4 24
NH4OAc.HOAc. Ca(H2PO4)2 - 500 ppm P
Superfosfato simples Ca(H2PO4)2 + 2CaSO4.2H2O 12
Muito baixo 0,0 - 5,0 0,0 - 2,5 Gesso natural ou agrícola CaSO4.2H2O 15-18
Baixo 5,1 - 10,0 2,5 - 5,0 Sulfato de potássio K2SO4 18
Médio 10,1 - 15,0* 5,1 - 10,0* Sulfato de potássio e K2SO4.2MgSO4 22
Adequado > 15,0 > 10,0 magnésio
Sulfato de magnésio MgSO4.7H2O 13
* Nível crítico.
Fonte: Vitti (1989). Tiossulfato de amônio (NH4)2S2O3.5H2O 26
Polissulfato K2Ca2Mg(SO4)4 19
Além desses fatores, existem outros que também colaboram Kieserita MgSO4.H2O 20
para a deficiência de S nos solos:
Fonte: Modificada de Vitti et al. (2006).
• Uso de variedades mais produtivas, como soja RR, milho
Bt, algodão e cana-de-açúcar, por exemplo, as quais
Dentre as fontes tradicionais, as mais utilizadas são o sulfato
extraem e exportam maiores quantidades de S.
de amônio, o superfosfato simples e o gesso agrícola, junto a outras
• Diminuição na utilização de pesticidas com S. fontes alternativas, citadas na Tabela 13.
• Diminuição no consumo de combustíveis fósseis, os quais
Tabela 13. Fontes alternativas para o fornecimento de enxofre.
promovem a emissão de SO2, que pode ser absorvido
diretamente pelas folhas ou levado pela chuva ao solo, Fertilizante % enxofre Densidade
formando íon sulfato, que é absorvido pelas raízes.
Sulfonitrato de amônio1 6 -
• Utilização de práticas culturais, como calagem e fosfatagem.
Nitrosulfato de amônio 2
12 -
A calagem aumenta a CTC efetiva do solo (carga negativa), o
Ureia + sulfato de amônio3 12 -
que também aumenta a lixiviação do SO42- no solo. A aduba-
ção fosfatada, por sua vez, aumenta a desorção e a lixiviação Sulfuran 4
4 1,26
do SO4-, pois o fósforo fixado nas camadas superficiais do Fosfosulfato de amônio 14-20 -
solo promove a lixiviação do S (Tabela 10 e Tabela 11). Resíduos orgânicos
Tabela 10. Quantidade de sulfato adsorvido e desorvido nos horizontes Subproduto da produção de 3 1,16
Ap e B2 de um Oxissol. aminoácidos
Vinhaça 0,13 1,01
S-SO4 Quantidade %
Horizonte
adsorvido desorvida Desorvido 1
Mistura de 75% de nitrato de amônio + 25% de sulfato de amônio (30%
de N).
- - - - - - - - - - - - - - (ppm) - - - - - - - - - - - - - - 2
Mistura de 50% de nitrato de amônio + 50% de sulfato de amônio (27%
Ap 114 107 97 de N).
B2 179 82 46
3
Mistura de 50% de ureia + 50% de sulfato de amônio (32% de N).
4
Mistura de 50% uran + 50% de sulfato de amônio.
Fonte: Adaptada de Kamprath e Till (1983). Fonte: Adaptada de Vitti e Heirinchs (2007).

Tabela 11. Efeito do fosfato na desorção do sulfato.


Destacam-se também, como fontes tradicionais de S, o gesso
Fosfato adicionado S-SO4 adsorvido natural (gipsita, contendo cerca de 15% de S) e o gesso agrícola,
- - - - - - - - - - - - - - - (meq 100g-1) - - - - - - - - - - - - - - - quando utilizado como condicionador de subsuperficie, bem como
0 2,9
a vinhaça e o Ajifer na cultura da cana-de-açúcar. Com relação ao
gesso agrícola e ao superfosfato simples, os mesmos apresentam a
0,12 1,7
vantagem de ter o sulfato ligado ao cálcio, o que facilita a mobili-
0,24 0,6 dade no perfil do solo, como mostra a equação simplificada:
0,36 0
H2O
Fonte: Adaptada de Kamprath e Till (1983). CaSO4.2H2O Ca2+ + SO42- + CaSO40
Nutriente Condicionador de
4. MANEJO DA ADUBAÇÃO SULFATADA subsuperfície

A adubação sulfatada pode ser realizada utilizando-se tanto Vitti et al. (2008) estudaram a aplicação de sulfato de amô-
fontes tradicionais de S, comumente empregadas na agricultura há nio, superfosfato simples e sulfato de potássio e magnésio, na dose
décadas, como fontes mais modernas, principalmente as obtidas a de 20 kg ha-1 S, na cultura da soja cultivada em solo de cerrado, no
partir do S elementar. município de Conceição das Alagoas, MG e observaram que as três
fontes utilizadas foram eficientes em suprir S para a cultura (Figura 7).
4.1. Fertilizantes tradicionais
Broch (sd) verificou que o uso de gesso agrícola como fonte
As fontes tradicionais para o fornecimento de S às culturas de enxofre na cultura de trigo refletiu em efeito positivo no cultivo
estão apresentadas na Tabela 12. posterior de soja (Figura 8).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 7


Observa-se que a oxidação do S elemen-
tar gera acidez (íons H+) no solo. Esse fato foi
comprovado em experimento de Ferreira et al.
(1977) em dois solos, um Latossolo Roxo (LR),
com pH inicial de 6,4, e um Latossolo Vermelho-
Escuro (LEa) de textura arenosa, com pH inicial
de 5,7. Aos 50 dias de incubação foi observada
correlação linear negativa entre pH e quantidade
de S adsorvido ao solo.
A oxidação ocorre por meio de reações
catalisadas por enzimas (arisulfatases e rodanases)
produzidas por microrganismos de solos, como as
bactérias do gênero Thiobacillus, consideradas de
maior importância, além de vários outros micror-
ganismos heterotróficos (bactérias e fungos).
A Tabela 14 apresenta a atividade das enzimas
arilsulfatases e rodanases em diversos tipos de
vegetação. Nota-se que a atividade das enzimas
aumenta de acordo com o aumento dos teores de
carbono orgânico, S total e S orgânico.
Figura 7. Experimento realizado em Conceição das Alagoas, MG, com diferentes fontes de Os diversos tipos de microrganismos
enxofre.
envolvidos na oxidação do S elementar no solo
Fonte: Vitti et al. (2008).
podem ser observados na Tabela 15. Solos de
pastagem, eucalipto e de florestas isolada e integrada estimulam
o crescimento da população de bactérias autotróficas oxidantes
de S elementar e florestas integradas estimulam o crescimento de
bactérias heterotróficas oxidantes de S2O32-.
Portanto, esse é um processo biológico que depende de várias
condições ambientais propícias para que se obtenha maior eficiência
na adubação. A oxidação do S elementar em sulfato é influenciada
por diversos fatores, os quais estão apresentados na Figura 10.
Além da presença da população microbiológica desejável,
são importantes as condições de:
• Temperatura. Embora a temperatura ótima para a oxidação
ainda não esteja bem definida, estudos publicados por diversos
autores demonstram que as maiores taxas ocorrem entre 30 °C e
40 °C. Em temperaturas inferiores a 5 °C, a oxidação torna-se nula
ou inexpressiva, conforme mostra a Figura 11.
Figura 8. Aplicação de gesso agrícola em trigo e efeito na cultura da soja
• Umidade e aeração. As taxas máximas de oxidação ocor-
em sucessão. À esquerda, com adição de S.
rem ao redor da capacidade de campo. Em condições de baixa
Fonte: Broch, D. Fundação MS.
umidade no solo a oxidação é limitada por insuficiência de água
para a atividade microbiana, ao passo que em solos com alto teor
4.2. Fertilizantes com enxofre elementar de umidade ela é limitada pela aeração inadequada.
A incorporação de S elementar (90% S) aos fertilizantes • Textura do solo e matéria orgânica. Quanto maior o teor
minerais é uma alternativa que vem sendo adotada atualmente como de argila e matéria orgânica no solo, maior a tendência de oxidação.
forma de diminuir os custos de produção, transporte, estocagem e
aplicação, além de outras vantagens, mostradas na Figura 9. Esta
estratégia está se tornando atrativa especialmente em condições de
aumento do preço do gesso agrícola, assim como em regiões onde
o custo de transporte do gesso agrícola torna-se muito alto devido
à distância do local de produção, como ocorre em boa parte da
região dos Cerrados.
Entretanto, deve-se observar que o S na forma elementar
não pode ser absorvido diretamente pelas plantas, precisando,
primeiro, ser oxidado para ser convertido em sulfato, conforme
a reação:
Thiobacillus
S0 + 1,5 O2 + H2O H2SO4
2H+ + SO4- Figura 9. Usos de enxofre elementar.

8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


Figura 10. Diagrama das relações variáveis (Xn) e dependente (Y) correlatas que afetam a oxidação do S-elementar a S-sulfato.
Fonte: Horowitz (2003).

Tabela 14. Atividade das enzimas arilsulfatases e rodanases em diferentes


tipos de vegetação.

Arilsulfatase Rodanase
Vegetação (µg p-nitrofenol g-1 (nmoles de SCN- g-1
solo seco h-1) solo seco h-1)
Floresta isolada 22,93 b1 679,89 b
Floresta integrada 37,02 a 1.682,98 a
Milho 0,15 d 270,27 c
Eucalipto 15,74 c 154,24 c
Pastagem 13,83 c 1.747,07 a
CV (%) 15,09 10,89

1
Em cada coluna, médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si
em 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Fonte: Pinto e Nahas (2002).
Figura 11. Relação entre taxa de oxidação do S elementar e temperatura.
Fonte: Adaptada de Janzen e Bettany (1987).
Tabela 15. Oxidação autotrófica e heterotrófica em diferentes tipos de
vegetação.
Porém, o efeito positivo depende mais do teor de matéria orgânica
Oxidação Oxidação do que da textura, o que pode ser atribuído ao seu uso como fonte
Bactéria total
Vegetação autotrófica S0 heterotrófica de energia para a população de microrganismos.
(x 108)
(x 10 )
5
S2O32- (x 105) • Valores de pH. Em solos tropicais, a taxa de oxidação do
Floresta isolada 5,6 b 32,3 ab 12,8 b S elementar aumenta à medida que aumenta o pH do solo, con-
Floresta integrada 28,7 ab 57,5 ab 68,8 a forme mostra a Figura 12 (HOROWITZ, 2003). Nos solos ácidos,
Milho 194,9 ab 5,6 b 13,4 b a velocidade de oxidação é maior nos solos com pH próximo a 6,0,
comparada aos menores valores de pH. A Tabela 16 mostra a faixa
Eucalipto 19,2 ab 59,9 a 13,8 b
adequada de pH para a oxidação do S elementar pelos microrga-
Pastagem 77,5 ab 88,9 a 13,2 b nismos. A Tabela 17 apresenta a oxidação diária de S realizada por
CV (%) 6,41 5,9 5,1 microrganismos heterotróficos.
1
Em cada coluna, as médias seguidas pela mesma letra não diferem em • Presença de outros nutrientes. A oxidação do S tende a ser
5% de probabilidade pelo teste de Tukey. mais rápida em solos mais férteis, devido à maior manutenção da
Fonte: Pinto e Nahas (2002). população microbiana.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 9


Assim, adubos com formas pastilhadas são mais eficien-
tes do que os que apresentam formas esféricas ou em blocos por
apresentarem maior superfície específica (WATKINSON, 1993).
• Tamanho da partícula do adubo. Quanto menor o tamanho
da partícula do adubo, maior é a taxa de oxidação do S (WAIN-
GHRIGHT, 1984). Na Tabela 18, na Tabela 19 e na Tabela 20 são
apresentadas as taxas de oxidação do S em função do tamanho das
partículas obtidas por diferentes pesquisadores.

Tabela 18. Taxa de oxidação diária do S elementar em função do tamanho


da partícula.
Tamanho da partícula Taxa de oxidação do S elementar
(mm) (Mg S0 cm-2 dia-1)
< 0,048 21,3
< 0,125 3,7
Figura 12. Relação entre pH e taxa de oxidação de S em Latossolo Ver-
mellho, após 90 dias de incubação com S elementar. Fonte: Donald e Chapman (1998).
Fonte: Horowitz (2003).
Tabela 19. Taxa de oxidação anual do S elementar em função do tamanho
Tabela 16. Formas de bactérias quimioautotróficas do gênero Thiobacillus da partícula.
e faixa adequada de pH. Tamanho da partícula (mm) Oxidação
Tipo pH < 0,15 90% (1 ano)
Thiobacillus thiooxidans 2,0 a 5,0 0,25 a 0,50 3 anos
Thiobacillus ferrooxidans - 1,00 a 2,00 Longo período
Thiobacillus neapolitanus 7,0
Fonte: Boswell (1997).
Thiobacillus denitrificans -
Thiobacillus thioparus 7,0 Tabela 20. Taxa de oxidação do S elementar após 340 dias em função do
tamanho da partícula.
Fonte: Horowitz (2003).
Tamanho da partícula Oxidação
Tabela 17. Oxidações diárias de S por microrganismos.
(mm) (340 dias)
Organismo País mg S0 cm-2 dia-1 < 0,15 90% oxidado
Thiobacillus Austrália 50 > 0,15 24 a 55% oxidado
Heterotróficos Canadá 5
Fonte: Lee et al. (1988).
Fonte: Watkinson (1989); Janzen e Bettany (1987).
Trabalhos desenvolvidos em solos de Cerrado mostraram
• Granulometria das partículas do adubo. Reduzindo-se o que o S elementar aplicado em solos com partículas menores que
tamanho das partículas do S-elementar adicionado ao solo ocorre 0,50 mm apresentou eficiência agronômica similar à do gesso
aumento acentuado na taxa de oxidação devido ao aumento da agrícola. Entretanto, essa fonte não foi eficiente no primeiro ano
área superficial das partículas, o que favorece o contato com os de cultivo do milho (EMBRAPA, 1997).
microrganismos oxidantes. De maneira geral, considera-se que, para
• Dose de aplicação do adubo. A taxa de oxidação do S
rápida oxidação do S elementar a ser aplicado, as partículas deste
elementar varia de acordo com a dose de aplicação do adubo. Em
fertilizante devem ser de tamanho inferior a 0,15 mm.
pesquisa de Janzen e Bettany (1987), a maior taxa de oxidação
ocorreu com a aplicação de doses entre 0 e 4.000 mg kg-1 de S
4.2.1. Fatores que afetam a eficiência de fontes com para partículas de tamanho entre 0,106 e 0,150 mm, enquanto para
enxofre elementar partículas < 0,053 mm a taxa de oxidação ocorreu com doses de
até 400 mg kg-1 de S.
• Área da superfície específica do adubo. A oxidação do S Horowizt e Meurer (2006), utilizando doses de S elementar
elementar é função direta da superfície da partícula diretamente de 0, 1,5, 3, 6, 9 e 12 g kg-1 em Argissolo e Latossolo (Ultissolo e
exposta à atividade microbiana, conforme apresentado por FOX Oxissolo, respectivamente), observaram oxidação máxima com até
et al. (1964) por meio da seguinte equação: 3 g kg-1 de S0 no solo, ocorrida aos 70 dias de incubação (Figura
S=6/d 13 e Figura 14). Observou-se também que o processo de oxidação
em que: iniciou aos 20 dias e se completou aproximadamente aos 70 dias.
Entretanto, o processo foi maior no Argissolo (pH 6,4) do que
S = superfície específica (cm2 g-1)
no Oxissolo (pH 4,2), com valores de 56 mg dm-3 de S-SO4 e
d = diâmetro (cm) 207 mg dm-3 de S-SO4, respectivamente, mostrando a ocorrência
 = densidade (g cm-3) de maior oxidação em solos com pH mais elevado.

10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


4.2.2. Formas de aplicação do enxofre elementar
Uma metodologia desenvolvida no Canadá, e que atualmente
é a forma mais comum e eficiente de aplicação dos produtos com
S elementar, é a utilização da bentonita, uma argila expansiva que
é fundida às partículas finas do S elementar com a finalidade de
obter um fertilizante granulado e facilitar a aplicação do produto
(BOSWELL et al., 1988).
O objetivo desse processo industrial é que, com a umidade
do solo, os grânulos de S elementar com betonita se desintegrem,
expondo a grande área superficial das partículas finas à atividade
microbiana, já que a betonita, sendo uma argila expansiva, em con-
tato com a umidade do solo tem seu volume aumentado em torno
de 20 vezes, conforme descrito por Tisdale et al. (1993).
As alternativas para o uso de S elementar no solo são: S
pastilhado; S incorporado em grânulos fosfatados e S revestindo
ureia, fosfato monoamônio (MAP) e superfosfato triplo (TSP).

4.2.2.1. Enxofre pastilhado


Figura 13. Teor de S-sulfato no Argissolo em função dos períodos de Trabalhos desenvolvidos no Canadá, Austrália e Nova
incubação para doses de S-elementar adicionadas ao solo. Zelândia demonstraram a possibilidade de utilização segura do S
Fonte: Horowitz e Meurer (2006). elementar puro ou incorporado a fertilizantes.
Considerando a comercialização de diferentes fontes de S
elementar pastilhado no mercado brasileiro nos últimos anos, é
necessário desenvolver uma metodologia adequada para avaliar
a taxa de oxidação do S dessas fontes, uma vez que isso afetará o
sucesso ou não do uso do produto pelos agricultores. Tem-se obser-
vado no mercado a presença de S elementar pastilhado com ou sem
a adição de argilas expansivas, o que tem ocasionado preocupações
a respeito da eficiência da conversão do S elementar a sulfato em
condições de campo. Isso ocorre devido às várias origens (países)
do S elementar pastilhado que está sendo comercializado no Brasil,
especialmente nos últimos anos.
Apesar de não existir metodologia padronizada para esta
finalidade, o Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão (GAPE), na
ESALQ, tem realizado testes preliminares para verificar a capaci-
dade de dissolução em água de fontes comerciais de S elementar
disponíveis no Brasil. Considerando que é necessário o contato
entre o S elementar e as partículas de solo para que a oxidação
microbiana seja efetiva, é evidente que os produtos pastilhados
que apresentem maior capacidade de dissolução terão maior taxa
de oxidação em nossos solos. Testes preliminares têm demonstrado
diferença expressiva da capacidade de dissolução em água do S
elementar pastilhado, sem e com bentonita, no processo de produ-
ção após permanência em água durante 24 h (Figura 15). Este teste
simples pode ser realizado pelos agricultores antes da aquisição dos
Figura 14. Teor de S-sulfato no Latossolo em função dos períodos de
incubação para doses de S-elementar adicionadas ao solo. produtos à base de S elementar.
Fonte: Horowitz e Meurer (2006). A legislação brasileira, por meio da instrução normativa n°5 de
23/02/2007, regulamenta as garantias mínimas de utilização simples
• Dispersão do S elementar no solo. A inadequada disper- com S elementar, conforme apresentado na Tabela 21. Entretanto,
são das partículas de S reduz a taxa de oxidação do S. A dispersão para cumprir essa legislação é necessário o uso de S elementar na
decresce até a dose de 1 g de S elementar para 50 g de solo em forma de pó, tornando-se grande problema na utilização do produto
decorrência de dois motivos: (a) acúmulo excessivo de produtos de por diversas razões, como: segregação do produto se o mesmo entrar
oxidação (tóxicos e ácidos) e (b) caráter hidrofóbico das partículas. em misturas com outras fontes granuladas; dificuldade de aplicação
A potencialização da oxidação do S elementar pode ser localizada, por falta de mecanismos aplicadores eficientes para
obtida de várias formas, como: aplicação de uma quantidade mínima adubação com fertilizantes na forma de pó; e riscos para operadores
de S elementar ao solo (1 cg em 1.000 cg de solo); incorporação do nas aplicações do produto a lanço em superfície, pois o contato
adubo ao solo; aplicação do adubo em área total ao invés da apli- do S elementar com a pele acarreta rápidas reações de oxidação,
cação localizada e correção prévia do solo com calcário, visando causando irritações e queimaduras. Por isso, até poucos anos atrás,
aumentar a taxa de oxidação do S elementar. a utilização do S elementar nas adubações era irrisória no Brasil.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 11


Damato et al. (2008) avaliaram a taxa de oxidação do S ele-
mentar pastilhado com bentonita em comparação ao produto conven-
cional na forma de pó, em três tipos de solo brasileiros, e concluíram
que ambas as formas físicas do produto foram similares e de mesma
eficácia no aumento do teor de sulfato nos solos (Figura 16).
4.2.2.2. Enxofre incorporado em grânulos
fosfatados
O processo de enriquecimento de fertilizantes fosfatados
com S consiste na mistura de sulfato e de S elementar no processo
de granulação, aumentando o conteúdo de S no adubo, porém sem
diminuir o conteúdo de P (Figura 17). Desta forma, o N e o P2O5
são liberados mais rapidamente e o S mais lentamente. O pH do solo
decresce em torno do grânulo, aumentando a solubilidade do P2O5
em solos neutros e alcalinos. Pode-se encontrar produtos no mer-
cado com os três nutrientes em um único grânulo, metade do S na
forma de sulfato e outra metade na forma elementar, como a fórmula
13-33-00 + 15% de S.
A incorporação de sulfato e de S elementar ao fertilizante
por meio de formas sólidas fundidas pode resultar em produto com
partículas com granulometria de 5 a 200 micrometros de S elemen-
tar, combinadas com MAP, DAP ou TSP e misturas NPK (trituração
úmida contendo aditivos). No caso do TSP, o produto final apresenta
12% de S micronizado, similar ao conteúdo de S no superfosfato
simples, porém com 2 a 2,5 vezes mais P2O5 (Figura 18).

4.2.2.3. Enxofre revestindo ureia, MAP e TSP


Figura 15. Enxofre elementar pastilhado sem (à esquerda) ou com (à
Esse processo envolve a aspersão do S elementar em pó, a
direita) adição de bentonita (50 g em 200 ml de água deioni- 102°C, sobre os grânulos de ureia, MAP ou TSP visando a fusão do
zada) após repouso durante 24 horas. S elementar e o recobrimento dos grânulos (Figura 19). O resultado
Fonte: GAPE, 2015 (dados não publicados). desse processo está apresentado na Tabela 22.

Tabela 21. Legislação brasileira referente ao uso de S-elementar.

Especificação
Nutriente Garantia mínima Forma Origem
granulométrica
Enxofre 95% S Determinado como Pó Extração de depósitos naturais de enxofre ou da rocha pirita,
enxofre total subproduto de gás natural, gás de refinaria e fundição do
carvão. Podem ser obtidos também do sulfato de cálcio ou
da anidrita.

Figura 16. Fontes e doses de S-elementar aplicados em solos de textura arenosa, intermediária e argilosa.
Fonte: Damato et al. (2008).

12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


Figura 19. Eletromicrografia de varredura da ureia (em cor rosa) revestida
com 16% enxofre elementar (em cor verde).
Fonte: Souza (2015).

Tabela 22. Fontes de N e P2O5 recobertas com S elementar.


Fertilizante N (%) P2O5 (%) S (%)
Ureia 37 - 16
MAP 9 43 16
TSP - 37 16

Fonte: Fertilizantes Heringer.

A utilização de fertilizantes simples mais concentrados,


como ureia, nitrato de amônio, superfosfato triplo, MAP e DAP tem
diminuído a adição de S por meio de fertilizantes simples. O gesso
agrícola tem sido utilizado em larga escala na agricultura brasileira
como condicionador de solo e como fonte de S. Entretanto, as
questões logísticas e o aumento recente nos preços do gesso agrícola
tem tornado necessário desenvolver fontes não convencionais de
S para as culturas. Nesse sentido, produtos a partir de S elementar
Figura 17. Tecnologia de incorporação de enxofre elementar em fertili- tem sido desenvolvidos, tanto para aplicação isolada em área total
zantes fosfatados. quanto para mistura em formulações NPK, ou ainda como revesti-
Fonte: Mosaic Fertilizantes. mento de fertilizantes fosfatados.
Diferentemente do gesso agrícola, do sulfato de amônio e do
superfosfato simples, nos quais o S encontra-se na forma de sulfato
(SO42-) prontamente disponível para as plantas, fontes a partir de
S elementar (S0) precisam sofrer oxidação microbiana para trans-
formar o S elementar em sulfato e ser efetivamente aproveitado
pelas plantas.
Em solos tropicais, os fatores climáticos não limitam a
oxidação do S elementar, porém, quando no uso dessa fonte é
essencial observar a qualidade da mesma, principalmente quanto à
granulometria, grau de dispersão, tamanho e forma das partículas e
Figura 18. Tecnologia de incorporação de sulfato e de S elementar em qualidade de aplicação. Portanto, considerando que diversas fontes
MAP granulado resultando na formulação 11-40-0 12 S (70% de S elementar têm surgido no mercado brasileiro recentemente, os
de S elementar e 30% de S sulfato). agricultores tem que estar atentos a estes fatores para que seu uso
Fonte: Shell.
promova os efeitos desejados em sua lavoura.

4. CONCLUSÃO 5. REFERÊNCIAS
A deficiência de S em diversas culturas agrícolas no Brasil BOSWELL, C. C. Dryland lucerne responses to elemental sulphur
é uma realidade atualmente. A deficiência nas lavouras, além de of diferente particle sizes applied at diferente rates and frequencies
afetar negativamente a produtividade, diminui a qualidade do in North Otago, New Zealand. New Zealand Journal of Agricul-
produto colhido. tural Research, Wellington, v. 40, p. 283-295, 1997.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 13


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14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE
CULTIVO DE MILHO NO BRASIL
Aildson Pereira Duarte1
Claudinei Kappes2

INTRODUÇÃO provocando estresses hídricos e, na safra de verão, também estresse

A
térmico (elevadas temperaturas).
competitividade da agricultura brasileira no cenário
mundial depende, principalmente, da produtividade Na região sudoeste do estado de São Paulo, em baixa alti-
e da lucratividade das culturas em relação aos prin- tude, as temperaturas mínimas e máximas diárias atingem picos de
cipais produtores mundiais. Embora a participação efetiva do Brasil 20 °C a 30 °C, respectivamente, nos meses de novembro a março
no mercado internacional de milho seja recente – as exportações (Figura 1A). No norte do Mato Grosso, a temperatura máxima é elevada
anuais atingiram pelo menos 20 milhões de toneladas a partir de o ano inteiro, especialmente nos meses de agosto e setembro, com
2012 –, o país poderá se consolidar como importante fornecedor valores superiores a 35 °C (Figura 1B). Nas duas regiões, as tempera-
mundial deste cereal. Neste artigo, são abordados os principais turas mínimas são mais amenas nos meses de maio, junho e julho, mas
fatores limitantes para a cultura de milho e a evolução dos siste- cerca de 5 °C mais baixas em São Paulo, comparado ao Mato Grosso.
mas de cultivo, os quais têm possibilitado aumentos crescentes de A série histórica do Instituto Agronômico (IAC), Campinas,
produtividade e assegurado renda aos agricultores. SP, indica que o valor das maiores médias diárias de luz solar é
de aproximadamente 7,5 horas por dia, em abril, julho e agosto,
O BRASIL NO CENÁRIO MUNDIAL enquanto o das menores médias é de 6,0 horas por dia, em dezem-
bro e janeiro (Figura 2). A menor insolação direta ocorre no verão
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, devido à elevada nebulosidade e a duração dos dias mais longos
sendo suplantado apenas pelos Estados Unidos (EUA) e pela do ano ser de apenas 13,4 horas. Ao contrário, na região do Corn
China, que produzem 350 e 220 milhões de toneladas de grãos, Belt americano, a média diária de insolação é superior a 8 horas nos
respectivamente. O país diferencia-se por produzir duas safras ao meses de maio a agosto, atingindo 10 horas no mês de julho, quando
ano sem o uso de irrigação, com produção total na última safra ocorre a duração máxima do dia, de aproximadamente 15 horas. As
(2014/15) de 85 milhões de toneladas, sendo a segunda safra chuvas, por sua vez, são concentradas no período de verão no Mato
(54,7 milhões de toneladas) superior à primeira (30,7 milhões de Grosso, onde o inverno é seco, e melhor distribuídas ao longo do ano
toneladas), como ocorre desde 2012, quando a segunda safra se tornou no sudoeste de São Paulo, região de transição climática para inverno
a mais expressiva. A área total de milho na safra 2014/15 atingiu
úmido, típico do sul do país.
15,8 milhões de hectares, sendo 6,2 e 9,6 milhões na primeira e
na segunda safra, respectivamente (CONAB, 2015). No entanto, EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE CULTIVO E
a produtividade média nacional ainda é próxima de 5 t ha-1, muito INCREMENTO DE PRODUTIVIDADE
inferior à de 10 t ha-1 obtida nos EUA. Ao selecionar regiões pro-
dutoras específicas, verifica-se que a produtividade triplicou nos O advento e a tecnificação do milho safrinha foram responsá-
últimos 30 anos, atingindo valores iguais ou superiores a 7,0 t ha-1 e veis pela grande transformação da cultura de milho no Brasil. Houve
5,0 t ha-1 na primeira e na segunda safra, respectivamente. Ressalte-se mudança espacial, com o avanço da cultura para o Centro-Oeste e
que esses valores não refletem o excelente nível tecnológico alcançado recentemente para os chapadões do Maranhão, Piauí e Tocantins, com
por parte dos produtores, os quais têm obtido produtividades acima perda de área em regiões tradicionais de cultivo de milho, especial-
de 12 t ha-1 e 8 t ha-1 na primeira e na segunda safra, respectivamente, mente em regiões de baixa altitude (Paraná e São Paulo), e temporal,
pois as médias são atingidas em ambientes muito diversos e em com a maior parte da área de milho verão sendo substituída pela de
diferentes épocas de semeadura e sistemas de cultivo. soja, passando a ser cultivado preferencialmente na segunda safra
em sucessão a esta leguminosa. Esse sistema teve grande aceitação a
partir da consolidação do plantio direto (Figura 3), por proporcionar
FATORES CLIMÁTICOS LIMITANTES À CULTURA
redução do tempo entre a colheita da soja e a semeadura do milho.
O clima tropical e subtropical geralmente não favorece a A área da segunda safra poderá aumentar ainda mais, por exemplo,
expressão máxima do potencial genético da cultura de milho em no estado do Mato Grosso, onde apenas 3,4 milhões de hectares,
decorrência, principalmente, das elevadas temperaturas noturnas e dos 8,9 milhões de hectares, foram cultivados com milho em sua
poucas horas de insolação direta. Além disso, ocorrem veranicos, sucessão, ou seja, 37% da área de soja (CONAB, 2015).

Abreviações: EUA = Estados Unidos; K = potássio; N = nitrogênio.

1
Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador Científico, Instituto Agronômico, Campinas, SP; e-mail: aildson@apta.sp.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador, Fundação MT, Rondonópolis, MT; e-mail: claudineikappes@fundacaomt.com.br

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 15


A

Figura 3. Semeadura direta de milho sobre a palha de soja.

para consumo dos grãos na propriedade. Assim, o milho verão ficou


concentrado em regiões de elevada altitude, onde as temperaturas
noturnas são mais amenas e o estresse hídrico/térmico é menos
frequente, e com ênfase na rotação com a soja. A semeadura foi
antecipada para o mês de setembro ou início de outubro, a partir
do início e estabilização das chuvas, possibilitando que os estádios
iniciais de desenvolvimento das plantas ocorressem sob temperatu-
ras mais amenas e que o início do enchimento dos grãos ocorresse
antes do período de grande nebulosidade. Nessas condições, têm
sido obtidas as maiores médias de produtividade brasileiras, mas
Figura 1. Média diária da precipitação pluvial e das temperaturas mínimas ainda inferiores a 300 sc ha-1, que é o padrão superior americano.
e máximas em 1Assis, SP (A), no período de 1988 a 2014 (27 anos), Nota-se que o aumento na produtividade de milho na pri-
e em 2Sorriso, MT (B), no período de 2005 a 2014 (10 anos), na meira safra (Figura 4) ocorre pela concentração da produção em
sequência de julho a junho. regiões e épocas mais favoráveis e também pelo lançamento de
Fonte: 1Instituto Agronômico (IAC); 2Somar Meteorologia.
cultivares de alto potencial produtivo e modernização das práticas
culturais, destacando-se o adensamento populacional (de pelo
menos 65 mil plantas por hectare), o aumento das doses na aduba-
ção, especialmente da nitrogenada, a melhoria na uniformidade de
distribuição das sementes e a proteção efetiva das plantas contra
pragas e doenças, incluindo a tecnologia transgênica Bt e os fun-
gicidas, respectivamente.

Figura 2. Número médio de horas de insolação direta por mês (janeiro a


dezembro) em 1Moline, IL, EUA (41° 30' N), no período de 1943
a 1987 (45 anos), e em 2Campinas, SP (22º 54' S), no período
de 1775 a 2006 (32 anos).
Fonte: 1GCMD; 2Banco de Dados do Instituto Agronômico (IAC).

Figura 4. Produtividade média de milho na primeira e segunda safras


A boa remuneração da cultura da soja e a oferta de milho nas regiões do cerrado (Goiás e Mato Grosso) e tradicional de
o ano todo, reduzindo a sazonalidade dos preços durante o ano, cultivo de milho (Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul) no
inviabilizou a produção comercial de milho em lavouras de baixa período de 1984 a 2015.
produtividade na safra de verão, as quais ainda persistem apenas Fonte: CONAB (2015).

16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


Já o aumento da produtividade do milho safrinha (segunda rendimento operacional contribuiu para antecipar a semeadura
safra em sucessão à soja, e sem irrigação) decorre de fatores mais do milho safrinha, principalmente neste estado.
complexos, pois a cultura é desenvolvida em ambientes com elevada
frequência de estresse hídrico e, ao sul do paralelo 22, com estresse CUSTO DE PRODUÇÃO DO MILHO SAFRINHA
pelo frio, incluindo geadas (DUARTE, 2004). Acrescenta-se que O custo de produção do milho safrinha é geralmente menor
há 30 anos os agricultores pioneiros utilizavam a semente como do que o do milho verão, principalmente devido à economia na adu-
único insumo, e mesmo assim de cultivares poucos adaptados a esta bação nitrogenada, que é suprida parcialmente pelo nitrogênio (N)
modalidade de cultivo. A partir do início da década de 1990 foram dos restos culturais da soja. No entanto, a demanda de adubação tem
desenvolvidas tecnologias apropriadas para o cultivo do milho aumentado com a melhoria da produtividade, e a referida economia
safrinha, quando o IAC implantou a primeira rede de pesquisa dire- deverá se tornar relativamente menor, para evitar a deficiência de N
cionada a ele, destacando-se: lançamento e/ou posicionamento de no sistema de sucessão soja-milho safrinha. Para o estado de Mato
cultivares adaptados para cultivo outono-inverno e com resistência Grosso, estima-se que os custos de produção, considerando apenas
a doenças, antecipação da época de semeadura, adoção do sistema os custos variáveis – sem computar depreciação de máquinas, custo
plantio direto e manejo adequado da adubação. da terra, remuneração do capital e impostos –, estão próximos a
O aumento mais expressivo na produtividade do milho R$ 1.309,79 e R$ 1.451,62, com o emprego de média e alta tecno-
safrinha ocorreu a partir do início deste século (Figura 4 e Figura 5), logia, respectivamente, sendo que os fertilizantes representam cerca
devido, principalmente, à antecipação da colheita da soja e, conse- de 40% dos custos, independentemente do nível tecnológico (Tabe-
quentemente, da semeadura do milho safrinha. Isso ocorreu com o la 1). Para o sudoeste do estado de São Paulo, os custos de produção
aparecimento da ferrugem asiática da soja no Brasil na safra 2001/02 estimados, considerando também apenas os custos variáveis, são
e com a demanda urgente e imperiosa por cultivares de ciclo mais de R$ 1.217,00 e R$ 1.629,80, sendo que os fertilizantes correspon-
curto para semear mais cedo. dem a 32% e 38% do custo total, com a utilização de média e alta
tecnologia, respectivamente. Confirma-se que um dos diferenciais
do milho safrinha, em relação à safra de verão no Brasil e nos EUA,
é o baixo gasto com fertilizantes quando se utiliza média tecnologia,
a qual ainda é empregada pela maioria dos produtores. O preço do
adubo nitrogenado, que era relativamente baixo nos EUA, agora
está em patamar próximo ao do Brasil, ou seja, são necessários
cerca de 10 kg de grãos para comprar 1 kg de N.

FATORES CRÍTICOS NOS SISTEMAS DE CULTIVO


Diante da realidade do clima e das grandes transformações
ocorridas nos últimos anos na agricultura brasileira, questiona-se
quais seriam os fatores críticos que poderiam ser melhorados,
prioritariamente, visando aumentar a produtividade da cultura de
milho e a lucratividade do agricultor. A questão de logística para o
escoamento da produção no Brasil Central é recorrente, pois é onde
Figura 5. Evolução na área e na produtividade média de milho segunda se encontra o maior ponto de estrangulamento relativo à exportação,
safra no Mato Grosso. bem como a maior oportunidade de inserção do país no mercado
Fonte: CONAB (2015).
internacional de milho visando aumentar as vendas antecipadas e
Em Mato Grosso, tem aumentado a preferência por a pré-fixação do preço, a exemplo da soja, fatores que diminuem
cultivares de soja de hábito de crescimento tipo indeterminado as incertezas sobre o valor do milho a cada safra.
para semear no final de setembro, embora a grande maioria das Quanto aos sistemas de cultivo, dois fatores merecem
cultivares ofertada no mercado seja do tipo determinado. A grande atenção: a uniformidade de desenvolvimento das plantas e
antecipação da época de semeadura da soja ao longo do tempo, a adubação de arranque. As lavouras norte-americanas se destacam
desde novembro até setembro, é ilustrada na Figura 6. Acres- em relação às brasileiras por apresentarem, além da maior dispo-
centa-se que o emprego de implementos agrícolas com elevado nibilidade diária de luz e uso de irrigação nas regiões com maior

Figura 6. Ilustração hipotética do deslocamento da época de semeadura da soja e do milho safrinha no Mato Grosso.
Fonte: Adaptada de Kappes (2013).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 17


Tabela 1. Estimativas do custo de produção do milho safrinha nos sistemas de produção com média e alta tecnologia no estado do Mato Grosso1 e na
região paulista do Médio Paranapanema2 (média dos anos 2014 e 2015).
Insumos
Estado Serviços3 Total
Sementes Fertilizantes Defensivos

Média tecnologia (produtividade esperada: 5 t ha-1)


- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (R$/ha) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Mato Grosso 289,11 518,09 365,28 137,31 1.309,79
São Paulo 225,00 386,00 198,00 408,00 1.217,00
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (% do custo total) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Mato Grosso 22,1 39,6 27,7 10,5 100,0
São Paulo 18,5 31,7 16,3 33,5 100,0
Alta tecnologia (produtividade esperada: 7 t ha-1)
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (R$/ha) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Mato Grosso 374,39 614,68 321,23 141,33 1.451,62
São Paulo 306,00 626,00 243,00 454,80 1.629,80
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (% do custo total) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Mato Grosso 26,1 42,3 21,9 9,8 100,0
São Paulo 18,8 38,4 14,9 27,9 100,0

Fonte: 1IMEA (2015) e 2Pecchio (2015).


3
Despesas com operação de máquinas e mão de obra.

ocorrência de seca, maior uniformidade das espigas. No Brasil, é


comum o arranque inicial pouco vigoroso e a presença de plantas
sem espigas (“dominadas”) e/ou espigas pequenas ou mal formadas
(grãos ausentes ou leves na ponta do sabugo).
A desuniformidade ocorre desde a emergência das plantas,
mesmo quando são utilizadas sementes com elevado vigor e tratadas
contra pragas de solo (Figura 7). Quanto mais rápida e uniforme
a emergência, menor o tempo no qual as plântulas ficam expostas
às pragas e aos patógenos. Além disso, o trânsito de colhedoras
em solo muito úmido compacta as faixas de solo, e a deficiência
na regulagem do picador de palha causa distribuição desuniforme
dos restos culturais. Esses fatores levam à desuniformidade na pro-
fundidade de semeadura; logo, em uma mesma área, as sementes
são depositadas tanto em sulcos rasos como em muito profundos,
podendo ou não aderir ao solo. Outra possível causa é o manejo
inadequado da adubação, o que dificulta o arranque vigoroso de
todas as plantas, por exemplo, devido ao efeito salino da adubação
com potássio (K) no sulco ou à deficiência de N quando toda a Figura 7. Emergência desuniforme de plantas na linha de semeadura.
adubação é aplicada a lanço, principalmente depois da emergência
das plantas, como ocorre no Mato Grosso. REFERÊNCIAS
É importante mencionar que muitas áreas são cultivadas CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra
continuamente sob sistema de sucessão soja-milho safrinha há brasileira de grãos, v. 2 – safra 2014/15 – n.12: Décimo segundo levantamento,
mais de dez anos, e a ausência de rotação de culturas e o amplo set. 2015. Brasília, 2015. 134 p.
escalonamento da semeadura ao longo do ano têm agravado os DUARTE, A. P. Milho safrinha: Características e sistemas de produção. In: GAL-
problemas de plantas daninhas, pragas e doenças nas lavouras. A VãO, J. C. C.; MIRANDA, G. V. (Ed.). Tecnologias de produção de milho. Viçosa:
“ponte verde” entre lavouras aumenta o potencial de inóculo dos Editora UFV, 2004. p. 109-138.
patógenos e possibilita inúmeros ciclos de pragas, aumentando os IMEA. Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária. Custo de produção
custos com o manejo fitossanitário, ao contrário do que ocorre nos de soja e de milho – safras: Mato Grosso. Cuiabá, 2015. Disponível em: <http://
www.imea.com.br>. Acesso em: 05 nov. 2015.
países de clima temperado, nos quais a estação de cultivo é definida
e existe interrupção do ciclo biológico pelo frio extremo. KAPPES, C. Sistemas de cultivo de milho safrinha no Mato Grosso. In: SEMINÁRIO
NACIONAL DE MILHO SAFRINHA, 12., 2013. Anais... Dourados: Embrapa/
Assim, o aumento da competitividade brasileira na produção UFGD, 2013. p. 1-21. CD-ROM
de milho depende, além de medidas estruturais, da continuidade do
GCMD. Global Change Master Directory. Historical sunshine and cloud data in
aperfeiçoamento das práticas de manejo. Os sistemas de cultivo the united States. Disponível em: <http://gcmd.nasa.gov/records>. Acesso em:
de milho têm evoluído muito, maximizando o aproveitamento do 05 nov. 2015.
ambiente e aumentando a lucratividade de exploração da terra, mas PECCHIO, M. S. Sistemas de produção do milho safrinha no Médio Vale Paranapa-
ainda existem grandes diferenças na produtividade entre lavouras den- nema, estado de São Paulo. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE MILHO SAFRINHA,
tro de uma mesma região, tanto na primeira como na segunda safra. 13., 2015. Anais... Maringá: UEM/IAPAR/EMAER, 2015. p. 592-602. CD-ROM

18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


DIVuLGANDO A PESQuISA

ADUBAÇÃO FOSFATADA PARA ALTA PRODUTIVIDADE DE SOJA,


MILHO E CEREAIS DE INVERNO CULTIVADOS EM ROTAÇÃO EM
LATOSSOLOS, EM PLANTIO DIRETO, NO CENTRO-SUL DO PARANÁ

Renan Costa Beber Vieira1, Sandra Mara Vieira Fontoura2, Cimélio Bayer3, Renato Paulo de Moraes2, Eduardo Carniel4.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 39, n. 3, p. 794-808, 2015.

O
Estado do Paraná não dispõe de um sistema de as curvas de resposta à adubação de P, seguindo a filosofia de
recomendação de adubação para rotação de cultu- suficiência (adubação de cultura). Nas classes de disponibili-
ras em plantio direto (PD). Em razão disso, utiliza dade Alta e Muito Alta, as doses foram estimadas com base na
indicações geradas para culturas individuais há mais de 30 anos e exportação pelos grãos (Tabela 1).
em preparo convencional. Este estudo teve como objetivo conso-
Conclusões:
lidar a calibração de P e avaliar a resposta das culturas à adubação
fosfatada, visando à proposição de um sistema de indicações téc- • Os teores críticos de fósforo em solos sob plantio direto
nicas para a adubação fosfatada das culturas de soja, milho, trigo e são maiores para os cereais de inverno do que para as culturas de
cevada cultivadas em sistema de rotação em Latossolos com longo soja e milho, bem como na camada diagnóstica de 0-10 cm em
histórico de PD (> 30 anos) na região centro-sul do Paraná, que se relação à camada de 0-20 cm.
caracteriza por possuir alto potencial produtivo. • As doses de fósforo indicadas para soja, milho, trigo e
Três experimentos de calibração foram conduzidos de cevada em solos sob plantio direto na região centro-sul do Paraná
2008 a 2013 e consistiram na criação de níveis de P pela apli- são superiores às atuais indicações de adubação para as culturas
cação de doses a lanço de até 640 kg ha-1 de P2O5. Quarenta e individuais desse Estado, o que se justifica, ao menos em parte,
quatro experimentos de resposta a P foram conduzidos entre as pelas altas produtividades e pela alta capacidade de retenção de
safras de 2011 a 2012/13, tendo como foco avaliar a resposta das fósforo dos Latossolos da região.
culturas a P em solos com distinta disponibilidade do nutriente. • Os resultados sugerem que as doses estabelecidas para
Os rendimentos relativos [RR = (rendimento sem P/rendimento as culturas elevem o teor de fósforo no solo ao teor crítico após
máximo) × 100] das culturas e os teores de P no solo (Mehlich-1) um ciclo da rotação de culturas (três anos), embora seja adotada
foram relacionados, obtendo-se os teores críticos e as classes a filosofia de suficiência/adubação de cultura para a indicação de
de disponibilidade de P no solo. Para a estimativa das doses doses de adubação fosfatada em solos abaixo do teor crítico de
nas classes de disponibilidade Baixa e Média, foram utilizadas fósforo.

Tabela 1. Doses médias de P2O5 indicadas para soja, milho, trigo e cevada em sistema plantio direto, em diferentes classes de disponibilidade de P, para
os Latossolos da região centro-sul do Paraná.

Classe de
P Soja Milho Trigo Cevada
disponibilidade
(mg dm-3) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -(kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Baixa1 <4 2003 170 140 165
Média1 4-8 90 155 90 100
Alta2 8 - 16 65 (R + 20%) 130 (R + 20%) 45 (R + 20%) 50 (R + 20%)
Muito alta2 > 16 55 (R) 115 (R) 35 (R) 40 (R)

1
Doses de P2O5 para rendimento de máxima eficiência econômica.
2
R: valor de reposição por tonelada de grão produzido da cultura: 10, 10, 14 e 8 kg de P2O5 por tonelada de grãos produzidos de trigo, cevada, soja e
milho, respectivamente; na classe Alta foi acrescido 20 % para suprir possíveis perdas.
3
Indicações de doses com base nas expectativas de rendimento de 4.000, 14.000, 3.500 e 4.000 kg ha-1 de soja, milho, trigo e cevada, respectivamente.

1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Solos, Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo, Porto Alegre, RS.
2
Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, Guarapuava, PR.
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Solos, Porto Alegre, RS.
4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Curso de Agronomia, Porto Alegre, RS.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 19


EM DESTAQUE

ipni no EnConTro DA MoSAiC ConECTA SÉriE WEBinAr Do ipni DESTACA A ACiDEZ Do SoLo
No período de 23 a 25 de Setembro, durante o Mosaic Dr. Luis Prochnow, Diretor do IPNI Brasil, foi o palestrante do
Conecta para Consultores, a equipe da Mosaic reuniu líderes mais recente webinar realizado pelo IPNI aberto ao público. Dr. Pro-
da agricultura nacional e os principais consultores do setor para chnow apresentou a palestra Avaliação e Manejo da Acidez do Solo. A
discutir as perspectivas do agronegócio brasileiro e o cenário apresentação resumiu os principais tópicos de uma publicação recente
macroeconômico agrícola. Durante a reunião, Dr. Valter Casa- do IPNI sob o mesmo título (Soil Acidity Evaluation and Management).
rin, Diretor Adjunto do IPNI, e Dr. Aildson Duarte, pesquisador Durante o webinar, Dr. Prochnow discutiu temas que englobaram desde
do IAC, foram responsáveis pelas atividades educativas com os princípios da acidez do solo até uso correto de calcário. Ele ilustrou sua
consultores. O debate em grupo versou sobre o tema Desafios no apresentação mostrando as respostas positivas das culturas à aplicação
Uso de Enxofre na Agricultura Brasileira. O objetivo da atividade de calcário em muitas partes do mundo. “Sem dúvida, a acidez do solo
foi envolver líderes do setor agrícola na adoção de boas práticas é um dos principais fatores limitantes ao aumento da produtividade
de manejo em relação à nutrição de plantas e fertilidade do solo, das culturas em muitos solos e deve ser gerida de forma a promover
com ênfase no uso de enxofre. “Este evento foi uma grande opor- maior produção e lucro aos agricultores”, disse Dr. Prochnow.
tunidade para avaliar o manejo do enxofre em diferentes regiões O webinar pode ser visto no website do IPNI ou no YouTube:
do Brasil”, comentou Dr. Casarin. http://brasil.ipni.net/article/BRS-3372

A acidez do solo é o maior fator limitante da produtividade em todo o


mundo. À esquerda, parcela sem calcário.
Dr. Casarin e Dr. Aildson discutem o manejo do enxofre.

ipni no WorkShop DA CoMigo


“FUnDAÇÃo nUTriEnTES pArA A ViDA”
Dr. Eros Francisco proferiu palestra no 14o Workshop CTC
AgorA no BrASiL Agricultura da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais
Nos últimos dois anos, Dr. Luis Prochnow, Diretor do IPNI do Sudoeste Goiano (Comigo), cujo tema foi Construção do Perfil
Programa Brasil, vem trabalhando para estabelecer a Fundação do Solo, realizado no dia 28 de agosto em Rio Verde, Goiás. O
Nutrientes para a Vida (Nutrients for Life Foundation) no Brasil. público de 700 participantes era composto por produtores, agrô-
Juntamente com David Roquetti, Diretor-Executivo da Associação nomos, técnicos, pesquisadores e estudantes. “O tema em questão
Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), a ideia foi introduzida é de grande interesse regional em virtude dos veranicos ocorridos
e fomentada, o que resultou na aprovação, pela ANDA, de um orça- nas duas últimas safras, as quais trouxeram severas perdas de produ-
mento para iniciar as atividades no país. Dr. Prochnow reuniu-se tividade às lavouras. Diante deste tipo de intempérie, os produtores
com Harriet Wegmeyer, Diretora-Executiva da Nutrients for Life precisam planejar atividades de manejo do solo que proporcionem
Fundation, em Washington, DC, para finalizar os planos. A Funda- maximização do crescimento radicular, a fim de aumentar o volume
ção começou a operar no mês de Setembro. O grupo espera obter de solo explorado pelas plantas e, com isso, reduzir os efeitos nega-
mais apoio das empresas de fertilizantes à medida que a Fundação tivos do estresse hídrico. Para o IPNI foi uma alegria poder participar
estabeleça sua atuação no Brasil, o que deverá traduzir-se na expan- do evento e contribuir com ideias e sugestões para o ajuste do sistema
são das atividades de educação do público acerca dos benefícios da no que tange à construção de um perfil de solo mais favorável ao
adequada nutrição das plantas no aumento da produção de alimentos crescimento das plantas”, disse Dr. Francisco. A palestra do Dr. Eros
por meio do uso de fertilizantes. Francisco está disponível no site do IPNI Brasil.

20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


pALESTrAS SoBrE BoAS prÁTiCAS pArA USo agricultura brasileira, sendo que o país, atualmente, lidera o ranking
EFiCiEnTE DE FErTiLiZAnTES de maior exportador de carne bovina do mundo. Porém, toda a pro-
dução provêm de extensa área de pastagem (cerca de 200 milhões de
Dr. Valter Casarin, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, realizou hectares) com baixa eficiência produtiva. Em média, a taxa de lotação
palestras sobre o tema “Boas Práticas para Uso Eficiente de Ferti- de pastagem nos sistemas pecuários brasileiros é de 0,5 UA ha-1 e
lizantes”. Em novembro, a palestra foi apresentada no 1º Simpósio esta pode ser facilmente aumentada para 3 a 5 UA ha-1 com o uso de
sobre Adubação e Nutrição de Plantas, realizado pelo Centro Uni- técnicas de correção/adubação das pastagens, como demonstrado por
versitário Octávio Bastos (UNIFEOB), em São João da Boa Vista, vários estudos agronômicos e zootécnicos. Nosso objetivo é divulgar
SP. No mesmo mês, Dr. Casarin esteve na Universidade Federal do informações científicas acerca do manejo de nutrientes 4C e orientar
Piauí, em Teresina, onde a palestra foi apresentada para um público de os agricultores sobre como aumentar sua capacidade produtiva, sua
aproximadamente 250 pessoas. Em seguida, a palestra foi apresentada rentabilidade, ajudar as comunidades locais e verticalizar o uso de
para produtores e estudantes do curso de Meio Ambiente, na cidade suas terras”, disse Dr. Francisco. As apresentações estão disponíveis
de Guadalupe, PI. “Esse ciclo de palestra é muito importante para na website do IPNI Brasil: http://brasil.ipni.net/article/BRS-3365.
difundir a importância do conceito 4C, fundamentando o conheci-
mento sobre as boas práticas de uso dos nutrientes das plantas. Esse
conhecimento se alicerça em três pontos fundamentais: o econômico,
o social e o ambiental”, comentou Dr. Casarin.

Dr. Francisco explica o grande aumento na produção de pastagens


com o emprego da adubação adequada.

Dr. Valter Casarin, professores Manoel e Ricardo e alunos após a ipni no 5o CongrESSo BrASiLEiro DE FErTiLiZAnTES
palestra em Guadalupe, PI. O 5º Congresso Brasileiro de Fertilizantes ocorreu em São
Paulo, SP, no dia 25 de agosto. O tema deste ano foi Solos e Fertili-
zantes: Pilares da Segurança Alimentar Global, o qual foi sugerido
BoAS prÁTiCAS DE MAnEJo DE FErTiLiZAnTES pelo Dr. Luis Prochnow, Diretor do IPNI Programa Brasil. Dr. Paul
EM pASTAgEnS Fixen, Vice-Presidente Sênior e Diretor de Pesquisa do IPNI, foi o
O IPNI Brasil coordenou um painel sobre Boas Práticas palestrante de destaque. O encontro anual ocorre todo mês de agosto
para Uso Eficiente de Fertilizantes (BPUFs) em Pastagens no 3o e é uma oportunidade importante para fortalecer a rede de indústrias
Encontro de Adubação de Pastagens, organizado pela Scot Con- de fertilizantes no Brasil.
sultoria e Tec Fertil, ocorrido em Ribeirão Preto, SP, em 29 de
setembro. Cerca de 500 pessoas participaram do painel, no qual
foram discutidos três temas importantes relacionados à adubação
de pastagens em sistemas de produção pecuária: (i) Adubação
nitrogenada em pastagem, apresentado por Dr. Eros Francisco
(IPNI) e Dr. Heitor Cantarella (IAC); (ii) Adubação fosfatada em
pastagem, apresentado por Dr. Gelci Lupatini (Unesp/Dracena)
e Dr. Eros Francisco (IPNI) e (iii) Otimização da aplicação de
fertilizantes em pastagens, apresentado por Dr. Pedro Henrique
Cerqueira Luz (FZEA/USP). Após as apresentações, seguiu-se
um debate entre participantes e palestrantes.
“O IPNI Brasil elaborou um sólido plano estratégico para
desenvolver três ações importantes no âmbito da nutrição de plan-
tas, dentre as quais a de desenvolver e implementar atividades
relacionadas ao manejo 4C em pastagens, as quais, atualmente, são
manejadas com baixo uso de nutrientes. Estamos muito felizes por
estabelecer essa parceria com a Scot Consultoria e a Tec-Fertil, que
nos possibilitaram promover esse painel e interagir diretamente Dr. Paul Fixen durante o debate no Congresso Brasileiro de Fertili-
com os pecuaristas. A produção pecuária é um forte segmento da zantes 2015.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 21


DiSCUTinDo o FUTUro DA AgriCULTUrA no CErrADo ipni CoM AgriCULTorES no piAUÍ
Dr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, foi Em companhia dos professores Manoel Ribeiro Holanda Neto
convidado por um grupo de agricultores da região de Rondonó- (UESPI, Campus de Corrente) e Ricardo Silva de Sousa (UFPI, Tere-
polis e Itiquira, MT, conhecido como Grupo Guará, para discorrer sina), Dr. Valter Casarin visitou propriedades agrícolas nas cidades de
sobre a agricultura global e seu impacto sobre a competitividade Redenção e Guadalupe, no estado do Piauí. Em Redenção, o grupo
atual e futura da produção de grãos no Cerrado. O grupo se reúne visitou a Fazenda Chapada Grande, e em Guadalupe, o Perímetro
mensalmente para compartilhar experiências, discutir os pontos fortes Irrigado Platôs de Guadalupe, localizado às margens do reservatório
e fracos da atividade e encontrar maneiras mais eficientes de produ- da barragem de Boa Esperança, no Rio Parnaíba. Nesta oportunidade,
zir e comercializar os seus produtos. O Grupo Guará foi fundado Dr. Casarin conheceu o sistema de irrigação empregado nas culturas
há cerca de uma década com base na mesma metodologia utilizada de banana e goiaba.
pelo grupo CREA – Consorcio Regional de Experimentación Agrí-
cola –, sediado na Argentina. “Estes são agricultores especiais, que
conduzem suas fazendas com forte mentalidade de negócios, mas
também se importam com questões sociais e ambientais. Eles estão
preocupados com a eficiência da produção e também em tornar
suas fazendas sustentáveis para as gerações vindouras”, comentou
Dr. Francisco. “Foi um prazer contribuir e interagir com o grupo,
compartilhando meu ponto de vista sobre os desafios atuais e as
futuras condições da agricultura global”, disse Dr. Francisco.

Dr. Casarin e os professores Manoel Holanda e Ricardo Sousa durante


visita à área irrigada cultivada com banana.

ipni no SiMpóSio SoBrE o MATopiBA


Dr. Valter Casarin participou do Simpósio sobre o MATO-
PIBA, região que compreende os estados do Maranhão, Tocantins,
Piauí e Bahia. Palestras, mesas redondas e trabalhos em grupo são
algumas das atividades que fizeram parte da programação do Sim-
pósio. O evento foi promovido pela Embrapa Meio-Norte (Teresina,
PI), nos dias 24 e 25de novembro. O principal objetivo foi discutir
as potencialidades e gargalos relacionados à exploração agrícola
sustentável dos cerrados da região Meio-Norte, sob a ótica de dife-
rentes segmentos do setor agrícola, tais como as instituições públicas
Dr. Francisco e o Grupo Guará, durante a palestra e no campo. e privadas, produtores do agronegócio e da agricultura familiar e
entidades representativas das mais diversas categorias com atuação
ipni no 67o SiMpAS na região do Matopiba, nos Estados do Piauí e Maranhão.

Dr. Eros Francisco proferiu palestra no 67o SIMPAS (Sistemas


Integrados de Manejo na Produção Agrícula Sustentável), cujo tema
foi Agricultura Sustentável para o Amanhã, promovido pelas empresas
Abimaq, Andef, Anda, Abag, Abrasem e IPNI, realizado de 23 a 25 de
novembro em Sinop, MS. O público, com 300 participantes, composto
por produtores, pesquisadores e estudantes, assistiu a palestras de
vários temas ligados à agricultura como fertilidade do solo, sementes,
máquinas e implementos agrícolas, manejo integrado em defesa fitos-
sanitária e boas práticas agrícolas. “Este evento é realizado há 25 anos
e já foi levado a diversas regiões do país, agregando conhecimento e
informação ao público agrícola e ajudando a solucionar os problemas
cotidianos. Para o IPNI, é uma honra participar desta iniciativa junto
a outras organições importantes no contexto agrícola nacional e con-
tribuir com ideias e sugestões para o ajuste do sistema no que tange ao
uso eficiente dos nutrientes das plantas”, disse Dr. Francisco. Dr. Valter Casarin e Dra. Ligia Alves dos Santos, da Embrapa Meio-Norte.

22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


PAINEL AGRONÔMICO

BioDiVErSiDADE DE MiCrorgAniSMoS BEnÉFiCoS É UFLA DESEnVoLVE proDUTo pArA EConoMiA DE ÁgUA


MAior EM SiSTEMAS inTEgrADoS DE proDUÇÃo Em busca de combater o problema da escassez de água, a
Estudo realizado pela Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop Universidade Federal de Lavras (UFLA) vem desenvolvendo uma
(MT), mostrou que a quantidade de microrganismos com potencial nova tecnologia denominada polímero hidroretentor. Trata-se de
de atuar como inimigos naturais de fungos causadores de doenças é um gel que, adicionado às covas de plantio na medida certa, serve
maior em sistemas integrados de produção do que em áreas exclusivas como retentor de água em períodos de déficit hídrico por ocasião
de lavoura ou pecuária. Com isso, os dados indicam que culturas do pegamento das mudas no solo, melhorando a qualidade do solo
em integração podem ser menos suscetíveis a doenças causadas por e proporcionando mais produtividade às lavouras. A retenção da
agentes como Sclerotium rolfsii, Rizoctonia sp. e Fusarium. umidade do solo também evita altos índices de replantio, o que
As informações são resultado de avaliações feitas ao longo reduz consideravelmente os custos de produção.
de dois anos em um experimento que reúne diferentes configura- Segundo o professor Rubens José Guimarães, responsável
ções de sistemas integrados – lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pela pesquisa na UFLA, instituição integrante do Consórcio Pesquisa
pecuária-floresta e lavoura-pecuária-floresta (ILPF) –, sistemas Café, coordenado pela Embrapa Café, além dos efeitos positivos da
exclusivos com lavoura, pecuária e silvicultura e em uma área de aplicação do polímero na implantação de lavouras, a tecnologia é
referência composta por mata nativa em área de transição entre os acessível aos cafeicultores. O gasto com o emprego do polímero é de
biomas Cerrado e Amazônia. 8 a 10 centavos de real por cova de plantio, ou seja, para um hectare
“Fomos buscar na biodiversidade que está na mata e na com cerca de 5.000 plantas o custo seria de R$ 400,00 a R$ 500,00.
ILPF microrganismos capazes de controlar os patógenos Fusarium, A dose ideal encontrada nas pesquisas realizadas foi de pouco mais
que podem afetar pastagem e milho, Rizoctonia, capazes de atacar de 5 gramas (5,63 gramas) por cova de plantio.
algodão e eucalipto, e Sclerotium, que podem causar danos à soja”, A otimização da água com essa tecnologia poderá ocorrer
comentou o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e coorde- tanto em regiões de cafeicultura de sequeiro quanto em regiões de
nador do estudo, Anderson Ferreira. cafeicultura irrigada. No caso de regiões de cafeicultura de sequeiro,
Com duas coletas anuais, foi possível avaliar as populações a utilização do polímero poderá garantir o pegamento das mudas em
de microrganismos na seca e no período chuvoso. Os resultados campo enquanto não há chuva. No caso das lavouras irrigadas, a utili-
mostraram que no período seco, a quantidade de fungos e bactérias zação dessa tecnologia permitirá maior tempo entre as irrigações, pois
antagônicos, ou seja, aqueles que controlam fungos fitopatogênicos, o polímero poderá funcionar como condicionador do solo, retendo
é maior nos sistemas integrados do que nas áreas com monocultura. a água de irrigação próxima às raízes dos cafeeiros por mais tempo.
No caso dos fungos, as áreas de sistemas integrados e de floresta Desde o início dos estudos, em 2009, já foram publicadas quatro
tiveram maior contingente dessas populações do que na lavoura e dissertações de mestrado e uma tese de doutorado confirmando a
na pecuária. No período chuvoso, por sua vez, as áreas de culturas eficácia da tecnologia. (Sociedade Nacional da Agricultura)
exclusivas apresentam grande aumento nas populações dos microrga-
nismos antagonistas, enquanto os sistemas integrados permaneceram
em equilíbrio.
“Os sistemas integrados mostram uma resiliência maior na
manutenção desses inimigos naturais. Na nossa visão, trata-se de
um sistema produtivo que favorece esses inimigos naturais, podendo
torná-lo menos suscetível às doenças”, afirmou Anderson Ferreira
(Embrapa Agrossilvipastoril).

MAnEJo inTEgrADo DE prAgAS rEDUZ pELA METADE A


ApLiCAÇÃo DE DEFEnSiVoS EM SoJA
De acordo com estudo, dos 2,5 bilhões de dólares que os
plantadores de soja brasileiros gastaram na safra 2013/2014 para
comprar cerca de 140 milhões de litros de inseticidas, metade pode-
ria ser economizada com a adoção do Manejo Integrado de Pragas
(MIP). O trabalho, realizado pela Emater com a Campanha Plante
seu Futuro, desenvolvida pela Secretaria Estadual da Agricultura e do
Abastecimento, preconiza a aplicação de boas práticas de produção,
buscando qualificar a produção com sustentabilidade ambiental.
O engenheiro agrônomo Celso Seratto, da Emater, em Maringá,
estima que se todos os agricultores do Estado adotassem a técnica a O gel é adicionado às covas de plantio de café. Na medida certa, o
economia seria de R$ 1 bilhão. “No campo, significa cinco sacas polímero hidroretentor serve como uma reserva de água em períodos
a menos, por alqueire, no custo de produção”, destaca. (SouAgro) de estiagem e também como condicionador de solo.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 23


CuRSOS, SIMPÓSIOS E OuTROS EVENTOS

1. 32ª REuNIÃO ANuAL DO ENSAIO DE PROFICIêNCIA 7. XX CuRSO DE MANEJO DE NuTRIENTES EM


IAC PARA LABORATÓRIOS DE ANÁLISE DE SOLO CuLTIVO PROTEGIDO
PARA FINS AGRíCOLAS - 2016
Local: Instituto Agronômico – IAC, Campinas, SP
Local: Instituto Agronômico (IAC), Av. Barão de Itapura, 1481, Data: 24 a 29/ABRIL/2016
Campinas, SP Informações: Elaine Abramides - Infobibos
Data: 16/FEVEREIRO/2016 Email: eabramides@terra.com.br
Informações: Dr. Heitor Cantarella Website: http://www.infobibos.com/mncp
Email: cantarella@iac.sp.gov.br
Website: http://lab.iac.sp.gov.br 8. AGRISHOw 2016
Local: Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, km 321, City
2. II ENCONTRO PAuLISTA DE CIêNCIA DO SOLO Ribeirão, Ribeirão Preto, SP
e I ENCONTRO BRASILEIRO DE PEDOMETRIA – Data: 25 a 29/ABRIL/2016
Pedometrics Brazil Informações: Secretaria Geral
Email: atendimento.agrishow@informa.com
Local: Auditório do Instituto Agronômico, Campinas, SP
Website: http://www.agrishow.com.br/pt
Data: 2 a 4/MARçO/2016
Informações: Elaine Abramides
Email: eabramides@terra.com.br 9. 6ª CONFERêNCIA MuNDIAL DE PESQuISA DE
Website: http://www.epcis.net.br ALGODÃO
Local: Centro de Convenções, Goiânia, GO
3. 18º CuRSO DE ESPECIALIZAçÃO EM MANEJO DO Data: 2 a 6/MAIO/2016
SOLO Informações: Secretaria Geral
Local: Departamento de Ciência do Solo, Escola Superior de Email: secretaria@wcrc-6.com
Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP Website: http://www.wcrc-6.com
Data: 18/MARçO/2016 a 17/MARçO/2018
Informações: FEALQ 10. BAHIA FARM SHOw – FEIRA DE TECNOLOGIA
Email: cdt@fealq.com.br AGRíCOLA E NEGÓCIOS
Website: http://fealq.org.br Local: Complexo Bahia Farm Show, Luís Eduardo Magalhães, BA
Data: 24 a 28/MAIO/2016
4. 18º SEMINÁRIO DE MECANIZAçÃO E PRODuçÃO Informações: Secretaria Geral
DE CANA-DE-AçÚCAR Email: comercial@bahiafarmshow.com.br
Website: http://www.bahiafarmshow.com.br
Local: Centro de Eventos Tawian, Ribeirão Preto, SP
Data: 30 e 31/MARçO/2016 11. 19ª FEIRA NACIONAL DO ARROZ – FENARROZ
Informações: IDEA
Email: eventos@ideaonline.com.br Local: Rua Conde de Porto Alegre, Cachoeira do Sul, RS
Website: http://www.ideaonline.com.br Data: 24 a 29/MAIO/2016
Informações: Secretaria Geral
Email: fenarroz@fenarroz.com.br
5. TECNOSHOw COMIGO Website: http://www.fenarroz.com.br
Local: Centro Tecnológico COMIGO (CTC), Anel Viário Paulo
Campos, km 7, Rio Verde, GO 12. II SIMPÓSIO SOBRE DESAFIOS DA FERTILIDADE
Data: 11 a 15/ABRIL/2016 DO SOLO NA REGIÃO DO CERRADO
Informações: Secretaria Geral Local: Centro de Eventos Pantanal, Cuiabá, MT
Email: secretariageral@tecnoshowcomigo.com.br Data: 20 a 22/JULHO/2016
Website: http://www.tecnoshowcomigo.com.br Informações: GAPE - ESALQ
Email: gape@usp.br
6. V SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE NuTRIçÃO Website: http://www.simposiocerrado.com
DE PLANTAS APLICADA EM SISTEMAS DE ALTA
PRODuTIVIDADE 13. INTERNATIONAL CITRuS CONGRESS - ICC 2016
Local: Centro de Convenções da UNESP/FCAV, Jaboticabal, SP Local: Mabu Thermas & Resort, Foz do Iguaçu, PR
Data: 13 a 15/ABRIL/2016 Data: 18 a 23/SETEMBRO/2016
Informações: FUNEP Informações: F&B Eventos
Email: contato@funep.org.br Email: cc2016@fbeventos.com
Website: http://www.funep.org.br Website: http://www.icc2016.com

24 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


PuBLICAçÕES RECENTES

1. ASPECTOS GERAIS DA CuLTuRA DO FEIJÃO -– 4. INTEGRAçÃO SOJA-BOVINOS DE CORTE NO SuL


Phaseolus vulgaris L. DO BRASIL - 2a edição
Editores: Arf, O.; Lemos, L. B.; Soratto, R. P.; Ferrari, S.; 2015. Editores: Martins, A. P.; Kunrath, T. R.; Anghinoni, I.; Carvalho,
Conteúdo: O feijoeiro é cultivado por pequenos, médios e grandes P. C. F; 2015.
produtores em todas as regiões do Brasil e seus grãos Conteúdo: Atualidades e perspectivas para os sistemas integrados
fazem parte da alimentação diária da população brasi- de produção agropecuária; a integração soja-pecuária
leira. A adoção de tecnologias adequadas é fundamen- no Sul do Brasil; o protocolo experimental; fase pas-
tal para que a cultura expresse seu potencial produtivo, tagem; fase soja; o solo no contexto; aspectos ambien-
com ganhos para o produtor. Escrito por professores tais; desempenho econômico; considerações e balanço
e alunos de pós-graduação ligados a quatro unidades geral do sistema; depoimentos; novos desafios.
da UNESP, o livro enfoca com profundidade os vários Preço: R$ 45,00
aspectos do cultivo do feijoeiro no Brasil. Assim, é Número de páginas: 102
leitura recomendada a todos os interessados no cultivo Editor: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
e produção desta importante leguminosa. Participaram Website: http://www.sbcs.org.br
da elaboração deste livro docentes de quatro unidades
da UNESP (Ilha Solteira, Botucatu, Jaboticabal e 5. DEJETO LíQuIDO DE SuíNO COMO FERTILIZANTE
Registro), ex-alunos dessas Unidades Universitárias, ORGâNICO: MÉTODO SIMPLIFICADO
alguns hoje professores em outras Universidades (Boletim Técnico, nº 84)
e alunos dos Programas de Pós-Graduação da área
de Ciências Agrárias da UNESP, principalmente de Autores: Mario Miyazawa e Graziela M. de Cesare Barbosa; 2015.
doutorado orientados por docentes da UNESP. Conteúdo: Determinação da massa seca do DLS; determinação
Preço: R$ 80,00 dos teores de nitrogênio, fósforo e potássio em DLS;
Número de páginas: 433 uso do DLS baseado nos teores de nitrogênio, fósforo
Editor: Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais - e potássio determinados por Bouyoucos.
FEPAF Preço: download gratuito
Website: http://www.fepaf.org.br Número de páginas: 26
Editor: IAPAR
Website: http://www.iapar.br
2. TÓPICOS EM SuSTENTABILIDADE AGRíCOLA
Coordenadores: Galbiatti, J. A.; Oliveira, P. J. D.; Carmo, D. A. B.; 6. CONDICIONADORES DO SOLO: ÁCIDOS HÚMICOS
Monteiro, C. C.; Melo, L. F.; 2015. E FÚLVICOS
Conteúdo: A obra reúne textos que discutem a recuperação (Série Produtor Rural, nº 58)
ambiental do solo e da água para fins agrícolas e
apresentam também o conceito de desenvolvimento Autores: Caron, V. C.; Graças, J. P.; Castro, P. R. C.; 2015.
sustentável, abordando a questão da vulnerabilidade, Conteúdo: Substâncias húmicas como condicionadores de solo;
termo que indica o ponto onde a sustentabilidade pode benefícios das substâncias húmicas; aplicações dos
ser comprometida. ácidos húmicos e fúlvicos; mecanismos de ação das
Preço: R$ 60,00 substâncias húmicas.
Número de páginas: 349 Preço: download gratuito
Editor: FUNEP Número de páginas: 46
Website: http://www.funep.org.br Editor: ESALQ
Website: http://www.esalq.usp./biblioteca
3. MANEJO SuSTENTÁVEL DE PLANTAS DANINHAS
EM SISTEMAS DE PRODuçÃO TROPICAL 7. MICRORGANISMOS ESTIMuLANTES NA
AGRICuLTuRA
Editoras: Fernanda Satie Ikeda e Miriam Hiroko Inoue; 2015.
(Série Produtor Rural, nº 59)
Conteúdo: Manejo dos restos culturais do algodoeiro; sistemas
integrados na recuperação de pastagens degradadas na Autores: Graças, J. P.; Ribeiro, C.; Coelho, F. A. A.; Carvalho, M.
Amazônia; supressão de plantas daninhas por plantas E. A.; Castro, P. R. C.; 2015.
de cobertura; biologia e manejo de capim-navalha Conteúdo: A biodiversidade da rizosfera; a planta e o microbioma;
e capim-capeta em pastagens; manejo integrado de mecanismo de ação das rizobactérias; potencial de
plantas daninhas na cultura da mandioca. aplicação das rizobactérias.
Preço: R$ Preço: download gratuito
Número de páginas: 117 Número de páginas: 56
Editor: EMBRAPA Editor: ESALQ
Website: http://www.embrapa.br/agrossilvipastoril Website: http://www.esalq.usp./biblioteca

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 25


PuBLICAçÃO RECENTE DO IPNI

O livro Matemática e Cálculos para Agrônomos e Cientistas do Solo tem o objetivo de servir de literatura básica para aqueles
que necessitam de auxílio no entendimento e resolução de problemas envolvendo as diferentes atividades relacionadas à Agronomia,
como, por exemplo, emprego correto de unidades de medida; cálculos envolvendo fertilizantes; remoção de nutrientes do solo; aplica-
ção de defensivos agrícolas; taxas de semeadura e população de plantas; armazenamento de forragem e grãos; correção da acidez,
sodicidade e salinidade do solo; estimativa de custo de produção, entre outras.
Com o progresso gradativo do conhecimento sobre aspectos relacionados à Agronomia, o livro procura propiciar condições
para que estudantes e profissionais do setor agronômico possam adquirir ou aprimorar seus conhecimentos.
Uma importante característica desta obra é apresentar, em cada capítulo, vários exercícios envolvendo situações reais e que
ajudam o leitor na solução dos problemas apresentados.
O livro tem 241 páginas (21,5 x 28,0 cm). A encadernação é em espiral.
Preço: R$ 120,00
Pedidos pelo site do IPNI: https://www.ipni.net/ppiweb/BRAZIL.NSF/IPNIBrasilPublications

26 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015


LANçAMENTO RECENTE DO IPNI

BALAnÇo DE nUTriEnTES nAS CULTUrAS (BnC)


O balanço de nutrientes nas cul- de forte acidez do solo e processo de
turas (BNC) é uma das ferramentas para inoculação das sementes apropriado),
avaliação do uso de fertilizantes na agri- pois haverá impacto sobre a nodulação.
cultura e representa a diferença entre a Após o cálculo da quantidade exportada
saída de nutrientes pela colheita (exporta- de nutrientes, o usuário poderá imprimir
ção) e sua entrada no sistema (adubação). o resultado ou enviá-lo para o email
Saldos negativos, nos quais a exportação cadastrado no primeiro acesso.
excede a adubação, levam à diminuição Etapa 2 (Adubação): introduza a
da fertilidade do solo e, eventualmente, à quantidade aplicada de cada nutriente na
redução da produtividade, uma vez que a adubação da cultura e pressione o botão
disponibilidade de nutrientes cai abaixo prosseguir. Caso tenha selecionado a
dos níveis críticos. Saldos positivos geral- opção de múltiplas culturas, introduza
mente estão associados a quantidade aplicada de
ao aumento da fertilidade nutriente em cada uma
do solo e podem, eventu- delas, ou a quantidade total
almente, representar um aplicada no sistema.
elevado risco de perda de
Etapa 3 (Balanço): a
nutrientes para o ambiente.
ferramenta irá, automatica-
O IPNI, acredi- mente, fornecer os valores
tando que a principal do balanço de nutrientes
função do manejo nutri- e o índice de desfrute que
cional é facilitar o equi- representa o percentual
líbrio entre exportações exportado em relação à
e adições de nutrientes adubação. Caso o balanço
em níveis que suportem de nutrientes seja calculado
o crescimento ideal das para as culturas de soja ou
culturas e a mínima perda feijão, a ferramenta levará
de nutrientes, desenvolveu em consideração que:
esta ferramenta visando
• Soja: a FBN
facilitar o acesso de agrô-
atenderá 90% da quanti-
nomos, consultores, produ-
dade de N exportada em
tores e técnicos às infor-
solos em manejo adequado
mações de exportação e
ou 80% da quantidade de N exportada em solos em manejo ina-
balanço de nutrientes em 18 culturas cultivadas no Brasil. Em seu
dequado. Ademais, o balanço contabilizará o crédito de 30 kg ha-1
primeiro acesso, o usuário deverá se cadastrar, fornecendo infor-
de N ao sistema;
mações de contato como nome, email e telefone. Todos os dados
inseridos serão armazenados para fins de levantamento estatístico. • Feijão: a FBN atenderá 50% da quantidade de N exportada.
O cálculo do balanço de nutrientes poderá ser feito para Ao final da etapa 3 (Balanço), haverá a opção de impressão
uma cultura individualmente ou para uma sequência de culturas do relatório para arquivamento ou o envio do mesmo para o email
em um sistema de produção. Para uma sequência de culturas, as cadastrado, bem como a possibilidade de visualização das infor-
informações serão adicionadas em abas individuais. Em ambos os mações em formato gráfico.
casos, haverá três etapas: As culturas atualmente incluídas são: algodão, amendoim,
Etapa 1 (Exportação): selecione a cultura de interesse, arroz, banana, batata, cacau, café (beneficiado), café (coco), cana-
informe o valor da produção por unidade de área (produtividade) de-açúcar, feijão, fumo, laranja, mamona, mandioca, milho, soja,
e pressione o botão calcular. Nesta etapa, serão informados os sorgo, tomate, trigo.
valores da exportação de cada nutriente. Somente quando a cultura A ferramenta é compatível com todos os computadores e
selecionada for a soja, deverá ser informado também se o manejo dispositivos móveis e está disponível gratuitamente em:
do solo de cultivo é inadequado (ausência de palhada na superfície,
Cultura solteira: http://ipni.info/balanco
ocorrência de encharcamento prolongado em função de compac-
tação, presença de forte acidez do solo e processo de inoculação Cultura em sistema de produção: http://ipni.info/sistema
das sementes negligenciado) ou adequado (presença de palhada na Mais informações sobre a ferramente podem ser obtidas no
superfície, boa drenagem pela ausência de compactação, ausência site do ipni: http://brasil.ipni.net/article/BRS-3293

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 152 – DEZEMBRO/2015 27


Ponto de Vista

VOCAÇÃO NACIONAL
Luís Ignácio Prochnow

É
impressionante como mentes aparentemente brilhan- café, figure como mero fornecedor de matéria prima, e que outros
tes às vezes não percebem o que parece tão evidente. países, agregando valor ao produto, lucrem na sua comercialização
Mediante resultados obtidos, os economistas elogiam em nível mundial.
o setor primário brasileiro, porém, quando têm poder real de deci- Infelizmente, o setor encontra-se bastante desvinculado da
são, pouco pensam ou agem em prol de maior incentivo à atividade sua natural missão no que se diz respeito à eficiência ao longo de
agrícola. Anos atrás, após assistir a uma brilhante apresentação toda a cadeia produtiva. O setor é punjante e prospera porque é forte
sobre economia, disse ao palestrante que ele ajudaria o país se, e resiliente, porém, muito mais seria possível se as ações estivessem
convicto, levasse adiante a mensagem de que a vocação do Brasil em consonância com a vocação nacional do país.
está no campo. Ele pareceu ouvir, mas com certeza se perdeu em Confio que o futuro reserva poder àqueles que lutam e
outras hipóteses. Afinal, parecem ser mais elegantes as constatações transformam o campo. Que 2016 possa ser o início de um novo
numéricas ou puramente econômicas do que simplesmente entender tempo, no qual o país se valorize e se organize mais intensamente,
intuitivamente o que parece óbvio. cumprindo sua real missão. Apesar de todos os problemas, existe
Podemos e devemos nos envolver com muitas atividades. esperança e, com certeza, a solução virá da intensificação daquilo
Criar tecnologia em todas as áreas se faz fundamental. Porém, a que o país faz de melhor, ou seja, produzir e fornecer alimentos,
chance de sucesso do país será maior se a cadeia agrícola se estru- fibras e energia renovável de origem agropecuária.
turar ao máximo e se especializar na produção, tranformação e Com os meus mais sinceros votos de um feliz 2016 a todos
comercialização dos produtos que vem do campo. É inadmissível, os que direta ou indiretamente trabalham em setores relacionados
por exemplo, que o Brasil, sendo um país com vocação para produzir à cadeia produtiva mais importante do país!

INtERNAtIONAL PLANt NUtRItION INStItUtE


Avenida Independência, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142
Fone/Fax: (19) 3433-3254 / 3422-9812 - CEP 13416-901 - Piracicaba (SP) - Brasil

LUíS IGNáCIO PROChNOw - Diretor, Engo Agro, Doutor em Agronomia


E-mail: lprochnow@ipni.net website: http://brasil.ipni.net

VALTER CASARIN - Diretor Adjunto, Engo Agro, Engo Florestal, Doutor em Ciência do Solo
E-mail: vcasarin@ipni.net website: http://brasil.ipni.net

EROS FRANCISCO - Diretor Adjunto, Engo Agro, Doutor em Agronomia


E-mail: efrancisco@ipni.net website: http://brasil.ipni.net

MEMBROS DO IPNI MEMBROS AFILIADOS AO IPNI

• Agrium Inc. • PhosAgro • Arab Fertilizer Association (AFA)


• Arab Potash Company • PotashCorp • Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA)
• BHP Billiton • Qatar Fertiliser Company • Fertiliser Association of India (FAI)
• CF Industries Holding, Inc. • Shell Sulphur Solutions • Fertilizer Canada
• Compass Minerals Plant Nutrition • Simplot • International Fertilizer Industry Association (IFA)
• International Raw Materials Ltda. • Sinofert Holdings Limited • International Potash Institute (IPI)
• K+S KALI GmbH • SQM • The Fertilizer Institute (TFI)
• LUXI Fertilizer Industry Group • Toros Tarim • The Sulphur Institute (TSI)
• The Mosaic Company • Uralchem
• OCP S.A. • Uralkali

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