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Provérbios Crioulos Usados por Camponeses do Cabo Verde

“Três fi de cabêl de mulhêr tem mas força que dôs junta de boi”:
(Três fios de cabelo de mulher tem mais força do que duas juntas de bois):
= significando mais ou menos isso: a mulher com seus atrativos consegue incutir ao homem
mais coragem e força para demolir obstáculos, que duas juntas de bois não demovem.

“Bzêrre manse te mamá na tude vaca de campe”:


(Bezerro manso mama em todas as vacas do campo):
= com bons modos tudo se consegue. Se o bezerro não fosse manso seria escoiceado pelas
vacas leiteiras de quem se aproxima.

“Gate m’ranhe ê que t’andá de nôte”:


(Gato cinzento é que anda de noite):
= à noite todos os gatos são pardos, ou murganhos.

“burre c’fôme te c’mê carde”:


(Burro com fome come até cardo):
= quando se tem fome não se escolhe a comida.

“Futecêra en’ d’ espiá pe sê rabe”:


(Feiticeira não espia para o seu rabo):
= esquecemos nossos defeitos ao apontar os alheios.

“Quem tem dêde en’dêm anel”:


(Quem tem dedo não tem anel):
= a uns a sorte favorece, mas não sabem aproveitá-la.

“Quem tem paciência te parí fi branc’”:


(Quem tem paciência pare um filho branco):
= com paciência se consegue melhoria. Provérbio da época da escravatura. Quando uma cativa
negra conseguia filho do patrão branco, melhorava de situação.

“Gente t’ochâ fume ê na páia verde”:


(A gente acha fumaça é na palha verde):
= a presença do dono faz render o trabalho.

“Ôie de dône ê que t’ ingordá cavól”:


(Olho do dono é que engora o cavalo):
= a presença do dono faz render o trabalho.

“Praga ê p’ingordá ladrõ”:


(Juramento – Praga é para engordar ladrão):
= quem mais jura, mais mente; ou: juramento é defesa de ladrão.

Fonte: ROMANO, Luís Cabo Verde – Renascença de uma civilização no Atlântico médio 2ed. Revista
Ocidente, Lisboa, 1970 p. 74.

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