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25/09/2017 “Esplendor de Esperança” - Neal A.

Maxwell

“Esplendor de Esperança”
Outubro 1994 Conferência Geral
Neal A. Maxwell
Of the Quorum of the Twelve Apostles

Na geometria da teologia restaurada, a esperança tem uma circunferência


maior que a fé. Se a fé aumenta, o perímetro da esperança se estica na
mesma medida.

Assim como levantei o braço esta manhã, levanto a voz esta tarde alegremente
para apoiar o Presidente Hunter. Ele é um homem humilde e especial. E, ao
ouvirmos o testemunho de dois novos Apóstolos que apoiamos esta manhã, elevo
minha voz de apoio esta tarde. Rejubilo-me com os dois excelentes novos Setentas
e as novas líderes.

Há algum tempo, irmãos, uma sensação profunda de desespero existencial vem


crescendo no mundo. Esta desesperança mortal re ete e afeta uma grande parte
da humanidade. Sejam tribais ou nacionais, as guerras constituem “a experiência
contínua do homem do século vinte”. [Paul Fussell, The Great War and Modern
Memory (A Grande Guerra e a Memória Moderna), Londres: Oxford University
Press, 1975, p. 74.] Um cinismo zangado impregna a política em muitos lugares
deste planeta. Holocaustos, fome, pestes e ondas de refugiados cobraram da
esperança humana o seu tributo, sendo que grande parte desse tributo advém de
calamidades evitáveis, causadas pelo homem. A casualidade pode ser atribuída a
uma ou outra forma de iniqüidade. Não é de admirar, como a rmam as escrituras,
que o desespero seja fruto da iniqüidade! (Ver Morôni 10:22.)

Naturalmente, há muita discrepância sobre o que seja o pecado, mas, com certeza,
ninguém saúda o agravamento do desespero humano! Alguns modernistas
também não lamentam a perda da fé tradicional, mas certamente lamentam a
perda adicional da esperança e da caridade, cuja provisão já é tão parca.

A esperança realmente importa, ou é ela uma simples virtude ultrapassada?

Sem esperança, qual o sentido do perdão apaziguador no seio da família humana?


Sem esperança, por que abrir mão do que temos agora, com o m de preservar
recursos preciosos para as futuras gerações? Sem esperança, o que impedirá que o
idealismo restante também se transforme em cinismo e, assim, devaste governos e
famílias—instituições que já correm tão sério risco?

Uma coalizão de conseqüências está emergindo. Como foi profetizado, o amor de


muitos esfria. (Ver Mat. 24:12.) Mesmo os que se sentem sentimentalmente
seguros podem perceber o frio no ar. A perda da esperança fomenta o egoísmo, e
muitos se voltam, ainda mais intensamente, para os próprios prazeres. A
diminuição do sentido de pecado diminui a vergonha, aquele aguilhão cruciante
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indispensável ao arrependimento. A vergonha é, com freqüência, substituída pela


arrogância dos que se encontram à deriva moralmente, incluindo emproadas
celebridades, cuja audácia exterior disfarça seu vazio interior. Henry David Thoreau
observou corretamente que “o desespero inconsciente esconde-se até mesmo sob
o que chamamos de brincadeiras e diversões da humanidade”. (Walden, Nova York:
Harper and Row, 1965, p. 7.) Não é de admirar que tanto riso vazio emane da
“multidão solitária”.

Enquanto a sociedade trivializa valores tradicionais, testemunhamos um uxo de


sofrimento imenso. Angustiamo-nos, por exemplo, pelo que acontece com as
crianças ainda não nascidas, que não podem opinar, e com as crianças sujeitas a
qualquer tipo de ameaça. Choramos pelas crianças que têm lhos e pelas crianças
que atiram em crianças. Geralmente os remédios seculares para estes desa os não
se baseiam em princípios espirituais. Tomando emprestada uma metáfora—os
remédios seculares assemelham-se a um passageiro alarmado que, estando no
trem errado, tenta compensar o erro correndo pelo trem na direção oposta!

Apenas a aceitação das revelações de Deus pode proporcionar tanto orientação


quanto correção, que, por sua vez, proporcionam um “esplendor de esperança” (2
Né 31:20). A esperança real não produz coisas eternas automaticamente. É
preciso que esteja vinculada a coisas eternas!

“E o que é que deveis esperar?” escreveu Morôni. “Eis que vos digo que deveis ter
esperança … por intermédio da ressurreição de Cristo ….” (Morôni 7:40-41; ver
também Alma 27:28.) Deste ato triunfal, que trará a ressurreição nal de toda a
humanidade, deriva-se o signi cado de muitas esperanças menores!

Os profetas sempre tiveram e ensinaram esperança absoluta em Cristo. Jacó


escreveu: “… sabíamos de Cristo e tínhamos esperança em sua glória muitos
séculos antes de sua vinda; e … também todos os santos profetas que viveram
antes de nós.” (Jacó 4:4)

Podemos ser repetidamente tranqüilizados a respeito desta grande esperança pelo


Consolador, que nos ensina a verdade sobre “… coisas como realmente são e …
como realmente serão”. (Jacó 4:13; ver também Morôni 8:26.) Essa esperança
constitui a “âncora da alma” (Hebreus 6:19) e é conservada pela fé em Cristo (ver
Alma 25:16; Éter 12:9). Por outro lado, uma visão da vida sem a ressurreição produz
apenas uma esperança imediata (ver I Cor. 15:19).

Ter esperança absoluta não signi ca que seremos sempre salvos dos problemas
imediatos, mas que seremos salvos da morte eterna! Entrementes, a esperança
absoluta possibilita-nos proferir as mesmas três palavras usadas séculos atrás por
três homens valorosos. Eles sabiam que Deus poderia libertá-los do forno ardente,
se o desejasse. “E, se não”, disseram eles, apesar de tudo iriam servi-Lo! (Daniel
3:18)

Não é de admirar, portanto, que a tríade da fé, esperança e caridade, que nos leva
a Cristo, tenha uma forte e convergente conexão: fé no Senhor Jesus Cristo,
esperança na Sua expiação, e caridade, que é o “puro amor de Cristo”. (Ver Éter

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12:28; Morôni 7:47.) Cada um desses atributos quali ca-nos para o reino celestial.
(Ver Morôni 10:20–21; Éter 12:34.) Cada um, antes de qualquer coisa, exige que
sejamos mansos e humildes. (Ver Morôni 7:39, 43.)

A fé e a esperança interagem constantemente e nem sempre são perfeitamente


distinguíveis ou consideradas na devida ordem. Embora também não seja um
conhecimento perfeito, as animadas expectativas da esperança são “com
segurança” verdadeiras. (Éter 12:4; ver também Rom. 8:24; Heb. 11:1; Alma 32:21.)
Na geometria da teologia restaurada, a esperança tem uma circunferência maior
que a fé. Se a fé aumenta, o perímetro da esperança se estica na mesma medida.

Assim como a dúvida, o desespero e a insensibilidade andam de mãos dadas,


também a fé, a esperança e a caridade. As últimas, contudo, precisam ser
cuidadosa e constantemente cuidadas, enquanto que o desespero, como os
dentes-de-leão, precisam de pouco incentivo para brotar e espalhar-se. O
desespero chega muito naturalmente ao homem natural!

A alma pode ser despertada e reanimada pelo toque de alvorada da esperança, de


um modo que não o poderia ser por nenhuma outra música. Mesmo que as
companheiras adormeçam ou desertem, a “viva esperança” atua como um
explorador avançado das colunas de Deus. “Deus …, segundo a sua grande
misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de
Jesus Cristo …”. (I Pedro 1:3) A esperança fez com que os discípulos se dirigissem
rapidamente e cheios de expectativa a um sepulcro vazio (ver Marcos 16:1–8, Lucas
24:8–12). A esperança ajudou um profeta a ver a chuva redentora numa nuvem
distante, que parecia não ser maior que a mão de um homem (ver I Reis 18:41–46).

É signi cativo que as pessoas que têm a expectativa de um futuro mundo melhor,
estejam em geral “ocupadas zelosamente” na melhoria deste nosso mundo, pois
estão sempre fazendo “boas obras em abundância”. (D&C 58:27; Alma 7:24) Assim,
a esperança real é muito mais que o devaneio de um desejo. Ela enrijece, ao invés
de amolecer, a espinha espiritual. É calma, não leviana, zelosa sem ser ingênua e
agradavelmente rme sem ser afetada. A esperança é uma expectativa realística
que toma a forma de determinação—a determinação não apenas de sobreviver,
mas de “suportar bem” até o m (ver D&C 121:8).

Enquanto a esperança fraca nos deixa à mercê de nossas disposições e de eventos,


um “esplendor de esperança” produz pessoas iluminadas. Sua luminosidade é vista,
e as coisas também são vistas por ela! Tal esperança permite-nos “prosseguir”,
mesmo quando escuras nuvens nos oprimem. (Ver 2 Né 31:16, 20; ver também
Heb. 6:19; Éter 12:4; Col. 1:23.) Às vezes, nas trevas mais profundas não se
encontra luz exterior—apenas uma luz interior para guiar-nos e tranqüilizar-nos.

Embora “ancorados” numa grande e de nitiva esperança, algumas de nossas


esperanças táticas constituem outra questão. Podemos esperar um aumento de
salário, um encontro especial, uma vitória eleitoral ou uma casa maior—coisas que
podem ou não ser realizadas. A fé no plano do Pai dá-nos a capacidade de
perseverar, mesmo em meio ao naufrágio dessas esperanças imediatas. A

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esperança mantém-nos “zelosamente ocupados” em boas causas, mesmo quando


pareçam ser causas perdidas (ver D&C 58:27).

A esperança ajuda-nos a caminhar pela fé, não pela vista, o que, na verdade, pode
ser mais seguro. Quando não é ajudada espiritualmente, a visão natural tende a
encolher-se diante de obstáculos (ver II Cor. 5:7). Ela é imobilizada pelas
improbabilidades. Maltratado por seu próprio humor e intimidado por seus
temores, o homem natural reage com exagero às decepções do dia, enquanto que
a esperança as anula.

A esperança é particularmente necessária no combate corpo-a-corpo para nos


despojarmos do homem natural (ver Mosias 3:19). Desistir de Deus e de si mesmo
constitui uma rendição simultânea ao homem natural.

A esperança é vital no dia-a-dia, uma vez que nossos refúgios não cam próximos
da terra prometida. Uma trilha difícil nos aguarda, mas a esperança impele para a
frente os discípulos fatigados.

Os que possuem fé verdadeira muitas vezes têm a vida sacudida repetidamente,


como caleidoscópios. Contudo, com os “olhos da fé”, ainda enxergam o padrão e o
propósito divinos. (Alma 5:15)

Indo avante, podemos encontrar-nos no que foi o horizonte de ontem, extraindo,


assim, esperança de nossas próprias experiências. Por essa razão Paulo descreveu
como “a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a expe-riência
a esperança.” (Rom. 5:3–4)

A esperança banqueteia-se com as palavras de Cristo, que “para nosso ensino


[foram escritas]”, de modo que, “com todos estes testemunhos”, pela “consolação
das Escrituras tenhamos esperança”. (Rom. 15:4; Jacó 4:6; ver também 2 Né
31:20.) Cantamos dizendo como “mais pureza” signi ca também ter “mais
esperança”. (Hinos, nº 75.)

É necessário que tenhamos uma fé genuína, a m de sermos mais amorosos


mesmo quando o amor de muitos esfria; mais misericordiosos, mesmo quando nos
entenderem mal ou apresentarem de nós uma falsa imagem; mais santos, mesmo
quando o mundo amadurecer na iniqüidade; mais gentis e pacientes num mundo
rude e áspero; e mais cheios de esperança sincera, mesmo quando o coração de
outros homens esmorecer. Seja qual for nosso plantio particular, devemos “lavrar
com esperança”, sem olhar para trás nem deixar que o ontem mantenha o amanhã
como refém. (I Cor. 9:10)

A esperança pode ser contagiante, portanto devemos estar “sempre preparados


para responder a qualquer que [perguntar] a razão da esperança que está em
nós”. (I Pedro 3:15) Se, disse o Irmão Brigham, não transmitirmos o conhecimento
que temos e não zermos o bem, nossa visão e nossos sentimentos “serão …
reduzidos”. (Journal of Discourses, 2:267.) O desespero é a redução no nal de sua
jornada.

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A esperança genuína impulsiona espiritualmente, inclusive os pais merecedores


que se acham encharcados de suor honesto por estarem “zelosamente ocupados”.
Assim como a Torre de Pisa é uma censura persistente aos arquitetos pessimistas,
a esperança dos pais—que se recusam a ceder simplesmente por causa da
gravidade da situação da família no momento—é um repúdio ao desespero. Pais
altruístas jamais perdem a esperança.

Embora vivaz em outras ocasiões, a esperança é silenciosa quando nos acompanha


num sepultamento. Nossas lágrimas são igualmente molhadas, mas não devido ao
desespero. Não! Elas são lágrimas de apreço, suscitadas pela separação pungente.
Logo irão transformar-se em lágrimas de gloriosa expectativa. Contudo, o vazio é
tão real e tão inquietante que iniciamos a recordar e analisar aquilo que agora, de
forma tão dolorosa, nos falta. Fazemo-lo, entretanto, visualizando uma reunião
plena e resplendente no futuro!

A esperança cheia de humildade nos melhora, libertando-nos de nosso ego o


su ciente para perguntarmos: “Sou eu, Senhor?” (Mat. 26:22) A esperança submissa
também nos prepara para abandonarmos todos os nossos pecados, porque
conhecemos a Jesus, que é o único que pode tirá-los! (Ver Alma 22:18.)

A esperança do evangelho impede que quemos mudos, sendo uma ingênua


Poliana ou uma desesperada Cassandra. As vozes de advertência devem ser
ouvidas, não apenas levantadas.

Sendo nós abençoados com a esperança, procuremos, como discípulos, alcançar


todos os que, por qualquer razão, afastaram-se da “esperança do evangelho” (Col.
1:23). Sustentemos as mãos que pendem sem esperança.

A esperança nos acena, chamando-nos para casa, onde um brilho re ete a Luz do
Mundo; cujo “resplendor e glória desa am qualquer descrição” (JS 2:17). Jesus
espera “com braços abertos para … receber” aqueles que, nalmente, triunfarem
pela fé e pela esperança (Mórmon 6:17). Não seremos recebidos por Ele com um
tapinha amoroso, mas seremos “envolvidos pelos braços de Jesus!” (Mórmon 5:11)

As crianças da Primária logo cantarão a respeito do amor de Jesus. Elas e também


nós podemos esperar, e até saber estas coisas sagradas! (Ver Alma 28:12.)

Isso testi co em nome de Jesus Cristo. Amém. 9

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