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Liturgia e Ornamentação

no Cotidiano

A elaboração litúrgica
no contexto da missão

Igreja Metodista na Lapa


Rev. Pedro Nolasco
- 2022 -
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Liturgia no cotidiano:
Dicas sobre a elaboração litúrgica no contexto da missão

“O Culto é a fonte e o ápice da missão. Como Igreja, entramos no culto para


adorar e saímos para servir. Não há Igreja se não houver adoração e serviço”.
Com estas palavras é introduzida a Pastoral do Colégio Episcopal da Igreja
Metodista sobre o Culto da Igreja em Missão.
É comum as pessoas relacionarem liturgia com a folha usada em alguns
contextos celebrativos. Entretanto esse é um equívoco. O papel é um roteiro,
um auxílio à liturgia.
Liturgia é a ação do povo celebrante!
Há diversos nomes para essa ação: Culto, ofício, serviço, oração, ato...
Por quais outros nomes podemos chamar nossas liturgias?

Os diversos nomes nos falam sobre aspectos diferentes da prática litúrgica:


• Culto nos recorda a relação entre o sagrado e cada um de nós.
• Celebrar, em latim era um sinônimo de festejar.
• Ofício, nos lembra do serviço a Deus, mediante nosso culto.
• Oração retoma a relação mística com Deus.
• Ato traz à tona o aspecto prático do fazer litúrgico.
• Solenidade inspira o respeito e a sobriedade.
O objetivo deste pequeno texto é auxiliar nossa elaboração litúrgica, que
também envolve a ornamentação e a comunicação, partilhando pressupostos,
formas e subsídios.
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1. Pressupostos da elaboração litúrgica: Vida, história e prática
Comunhão com Deus e com as pessoas
O primeiro pressuposto na elaboração litúrgica é a comunhão com Deus e com
as pessoas.
Sem esses dois aspectos, corremos o risco de elaborarmos uma
celebração vazia, particularizada, artificial, que não encontra
resposta no coração de Deus ou na vida das pessoas.
A celebração é sempre para a glória de Deus. Por isso, a oração, o
jejum e o estudo da Bíblia são alguns dos meios pelos quais
buscamos comunhão com Cristo e inspiração do seu Espírito para
elaborarmos uma celebração.
Da mesma maneira, a liturgia é comunitária e o seu
fazer não é necessariamente solitário. Quando
elaboramos um culto ou devocional, temos em
mente o público que participará do ato, seu contexto
vivencial, sua cultura, características e
particularidades.

Como você tem buscado comunhão com Deus e com as pessoas?

Sobre o contexto vivencial


a. Nossa vida pessoal e familiar: a liturgia sempre expressa um pouco do
que somos ou do que vivemos. Em sua elaboração, temos em mente
que ela é expressão de nossa história, de nosso momento e de nossas
esperanças.
Você já teve alguma experiência pessoal que influenciou muito a
preparação de uma liturgia ou ornamentação? Como foi?

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b. O público que celebrará indica um importante pressuposto da
elaboração litúrgica. Aspectos educacionais, sociais, culturais,
regionais. Uma liturgia também possui um aspecto de comunicação e
para nos comunicarmos, precisamos conhecer o nosso público.
Por exemplo, uma celebração em uma escola pode ter uma linguagem
muito diferente de uma celebração na igreja. Uma celebração com
adolescentes exige uma maneira de comunicação diferente de uma
celebração com toda igreja.

c. O momento vivido pelo público também nos ajuda no fazer litúrgico.


Se uma comunidade está em festa ou vive um período de luto ou
comoção. Questões internas ou às vezes aspectos externos (no bairro,
cidade, país ou até mesmo no mundo) devem ser levados em conta na
elaboração da liturgia.
Por exemplo: No contexto do 11 de setembro, em 2001, as celebrações
não puderam ser alheias a este importante fato mundial.
Que outros aspectos sobre do público celebrante você considera
que devem ser levados em conta?

d. O contexto cívico e o calendário secular nos inspiram e convidam


celebrações contextualizadas.
Exemplos: Eleições, Semana da Pátria, Dia do Meio Ambiente, etc.

Cite pelo menos três datas seculares


que serviriam de inspiração para uma liturgia.

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e. O calendário metodista: A Igreja Metodista no Brasil e no mundo
possui datas especiais que expressam nossa unidade denominacional
e contribuem para nossa reflexão e ação.
Exemplos: Dia da Autonomia da Igreja Metodista no Brasil (02/09); Dia
da Voz Missionária (3º Domingo de setembro); Dia do Metodismo
(24/05); Dia do Pastor e da Pastora Metodista (2º Domingo de abril).

f. O calendário litúrgico é uma inspiração há muitos séculos na igreja


cristã. Nele, a celebração de um dia encontra conexão as demais
celebrações.
O calendário litúrgico nos auxilia e inspira a uma celebração bíblica e
amplia as possibilidades de expressão litúrgica e de ornamentação
para além da palavra, inserindo símbolos, cores e temas.
Mais adiante teremos um capítulo para tratar especificamente do
assunto.

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2. Formas litúrgicas: diálogo entre as partes e o todo do culto
A forma mais comum em nossas igrejas
Conforme prescrição de nossos Cânones, bem como do Ritual da Igreja
Metodista, nosso culto público cotidiano apresenta uma estrutura organizada
em torno de um diálogo nosso com Deus:
a. Adoração: Sempre que nos achegamos a Deus, nossa primeira atitude
é a de adorá-lo. Na Bíblia encontramos inúmeros exemplos de pessoas
que se achegam a Jesus e se prostram, num sinal de adoração.
Adoramos a Deus pelo que Ele é. Portanto, esse é um momento no
qual encontramos formas de expressar os atributos do Senhor:
santidade, onipotência, onisciência, onipresença, justiça, amor,
bondade, entre tantos outros.
b. Confissão: O impacto de estarmos comunitariamente na presença de
Deus nos conduz, naturalmente, ao reconhecimento de nossa
pequenez e de nossas imperfeições. Confessamos, portanto, nossos
pecados pessoais e comunitários, mediante o arrependimento sincero
e a esperança de sua misericórdia.
c. Louvor: A Graça de Deus se manifesta nos perdoando e salvando. Por
isso, respondemos a esse amor louvando a Deus pelo que Ele faz em
nossa vida.
d. Edificação: Após essa “preparação”, estamos prontos para receber sua
Palavra e celebrar à Mesa. Na Edificação, somos conduzidos e
conduzidas ao encontro com a Palavra da parte de Deus.
e. Ceia do Senhor: Após a Palavra somos convidados e convidadas a
aprofundarmos nossa comunhão mediante a Ceia do Senhor.
f. Dedicação: Como resposta à Palavra e à Mesa, dedicamo-nos ao seu
serviço, comprometendo-nos a servi-lo em nosso cotidiano,
transformando-o assim em um grande culto a Deus!

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Durante o culto, cantamos, oramos, ouvimos, lemos....
Destaque algumas maneiras de expressar o culto a Deus
em cada um dos momentos litúrgicos:
Adoração:_______________________________________________________

Confissão:_______________________________________________________

Louvor:_________________________________________________________

Edificação:______________________________________________________

Ceia do Senhor:_________________________________________________

Dedicação:______________________________________________________

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Outra proposta tradicional
Há uma forma litúrgica bastante difundida no contexto cristão em todo o
mundo que serve de inspiração para a elaboração litúrgica em nosso cotidiano.
Nela, o culto é dividido em quatro partes:

- Abertura: Inclui as expressões de acolhimento e adoração.

- Palavra: Inclui as leituras da Bíblia,


pregação, momento das
crianças.

- Mesa: Inclui a Ceia do Senhor e outras expressões de comunhão,


como ofertas, gestos de solidariedade, intercessão.
- Envio: Relaciona o culto com a missão do dia a dia,
enviando-nos e nos abençoando para manifestarmos a
Graça de Deus no nosso cotidiano.

No texto anterior, há dois símbolos claros: a Bíblia e os Elementos da Ceia.


Você conseguiria identificar o sentido os outros dois símbolos,
relacionando-os com os momentos litúrgicos?
O Ritual da Igreja Metodista
A Igreja Metodista possui um Ritual de Culto, onde se encontram formas e
conteúdos litúrgicos apropriados para contextos específicos como batismo,
recepção de membros, casamentos, bodas e ofícios fúnebres, dedicação aos
ministérios, dedicação de templo, entre outras.

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Propostas alternativas
Há inúmeras possibilidades na elaboração litúrgica. Tanto nas celebrações
dominicais no templo quanto nas reuniões de oração nos lares, podemos
encontrar formas criativas e enriquecedoras de celebrarmos a Deus. Eis duas
ideias:
Celebração da Trindade no Cotidiano
1. Pai: criador e sustentador de nossa vida
2. Filho: Companheiro em nossa caminhada de vida e missão
3. Espírito Santo: Nos envia a transformarmos realidades em seu nome

Experimentar a Graça e manifestar o amor de Deus


(Uma liturgia baseada em Isaías 55)
1. O Senhor nos convida ao encontro com sua Graça (Isaías 55.1)
(Expressões de adoração e louvor a Deus)
2. O Senhor nos convida à confissão (Isaías 55.2-7)
(Expressões de confissão de pecados)
3. A Palavra nos convida a irmos além de nossos limites (Isaías 55.8-11)
(Leitura bíblica e mensagem)
4. O Espírito nos envia a transformarmos realidades em nome de Cristo
(Isaías 55.12-13)
(Expressões de dedicação e envio)

Leia Isaías 6,1-8 e tente perceber uma ordem litúrgica dividindo


o texto conforme os temas propostos.
Que tal você elaborar uma proposta de estrutura baseada em um texto
bíblico ou algo que seja oportuno?

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3. Recursos litúrgicos
Os recursos mais comuns para nos expressarmos nos cultos são a leituras
bíblicas, orações, cânticos, afirmações de fé, testemunhos e antífonas, além, é
claro, das palavras espontâneas de quem dirige o culto.
Entretanto, existem outros recursos que podem ser utilizados com
criatividade: Poesias, silêncio, sons, vídeos.
Percebemos que até agora exploramos apenas a audição
e a fala, e pouco da visão e de outros sentidos. Um desafio
é encontrarmos expressões que incluam outros sentidos:
Visão: Cores, símbolos, fotos, luzes, velas, lamparinas,
objetos do cotidiano.
Paladar: Alimentos (o pão e a água eram utilizados pelos
primeiros metodistas na celebração da Festa do Amor e
uma proposta desse culto encontra-se no Ritual da Igreja Metodista).
Tato: ajoelhar-se, abraçar, dar as mãos, lavar mãos ou os pés,
danças, palmas, bater os pés.
Olfato: Aromas, incensos, perfumes.
Na verdade, há uma imensidão de recursos em nosso cotidiano
que podem ser utilizados numa celebração litúrgica.
Quais outros recursos você destacaria?

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4. Anuário Litúrgico

A Faculdade de Teologia da Igreja Metodista lança todos os anos um Anuário


com diversos recursos para o culto.
Nele encontramos símbolos, estudos, reflexões, orações, além das datas
celebrativas do cristianismo e metodismo brasileiro, angolano e moçambicano.
Um dos recursos importantes do Anuário Litúrgico são as leituras dominicais,
extraídas do Lecionário Comum Revisado.
O Lecionário é um instrumento muito antigo das igrejas cristãs que tem por
objetivo auxiliar a leitura da Bíblia durante o culto. Uma de suas propostas é
oferecer à comunidade a oportunidade de ler toda a Bíblia no contexto cúltico
em três anos. Outra proposta é proporcionar leituras do Antigo Testamento e
epístolas a partir do tema da leitura do Evangelho.
Mediante o uso do Lecionário, a igreja pode ampliar sua leitura da Bíblia para
temas que, muitas vezes, são esquecidos, enriquecendo assim sua vida e
missão.

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5. Calendário Litúrgico
O Ano Litúrgico baseia-se na história da salvação motivada por dois eventos
fundantes: A morte e ressurreição de Cristo (Ciclo da Páscoa) e a encarnação
de Jesus (Ciclo do Natal). Entre estes dois ciclos, temos o Tempo Comum.

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Ciclo da Páscoa
Acredita-se que a origem do calendário litúrgico esteja relacionada à
celebração da Páscoa. Um evento tão fundamental precisava ser celebrado
com um “tempo” de preparação. Esse período, composto pelos 40 dias que
antecedem a ressurreição de Jesus é chamado de “Quaresma”. Na semana que
antecede a Páscoa acentuasse o caráter celebrativo da história da paixão,
morte e ressurreição, com a Celebração de Ramos, um domingo antes da
Páscoa, e da Sexta-feira da Paixão e Páscoa.
O Ciclo da Páscoa termina 50 dias após a ressurreição, com a celebração do
Pentecostes. Com a capacitação do Espírito Santo, reforçamos litúrgica e
espiritualmente a vocação missionária da Igreja!
Principais datas do Ciclo Pascal: Quarta-feira de Cinzas, Domingo de Ramos,
Sexta-feira da Paixão de Cristo, Domingo de Páscoa, Ascensão do Senhor (7º
domingo da Páscoa) e Pentecostes.
Símbolos do Ciclo Pascal
Quaresma:
Cor: Roxo ou Violeta
Símbolos: flores desidratadas, galhos, cinzas, coroa de espinhos
Paixão:
Cor: Preto
Símbolos: Cruz, coroa de espinhos, cravo. Costuma-se
esvaziar o tempo de qualquer ornamento festivo,
mantendo uma característica radicalmente sóbria e
até mesmo severa.
Páscoa:
Cor: Amarelo ou Branco
Símbolos: Sol, girassol, borboleta, jardim em flor, luz
Pentecostes:
Cor: Vermelho
Símbolos: Pomba, Fogo, Vento, Água.

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Ciclo do Natal
Assim como na Páscoa, o Natal também possui um período de preparação e
um período de conclusão. A preparação do Natal é chamada de Advento, que
significa “preparação para uma chegada”. O Advento é celebrado nos quatro
domingos que antecedem o Natal.
O Ciclo Natalino inclui a Epifania (06/01) e conclui-se com a celebração do
Batismo de Jesus, no primeiro domingo após a
Epifania.
Símbolos do Ciclo Natalino
Advento:
Cor: Roxo com graduação ao lilás
Símbolos: Coroa do advento, Sinos, Anjos,
luzes, presépio, árvore, etc.

Natal:
Cor: Branco ou Amarelo
Símbolos: Mesmos do Advento, substituindo a coroa por vela branca,
manjedoura, bebês.

Epifania:
Cor: Amarelo
Símbolos: Estrela, presentes, magos.

Batismo do Senhor:
Cor: Branco
Símbolos: Água, concha com as gotas da trindade, pomba.

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Tempo Comum
O Tempo Comum é o período entre os dois ciclos festivos, no qual se
celebra a presença de Jesus no cotidiano. Ele se divide em duas partes:
O primeiro período inicia-se após o Batismo do Senhor e termina um
domingo antes da Quaresma. O segundo período inicia-se após o
Pentecostes e termina com o Domingo de Cristo Rei, antes do Advento.

Símbolos do Tempo Comum


Cor: Verde
Símbolos: Feixe de Trigo, pães e peixes, Bíblia, duas velas
(representando a dupla natureza de Cristo: Humano e Divino); flores, rede de
pesca.

Datas especiais no Tempo Comum:


Santíssima Trindade: 1º domingo após o Pentecostes
Dia da Reforma Protestante: 31 de outubro
Dia de Ação de Graças: 4ª Quinta-feira de novembro
Cristo Rei: Último domingo antes do Advento.

Outras datas do calendário eclesiástico e civil

Além das datas do calendário litúrgico, tradicionalmente celebram-se outras


datas do calendário eclesiástico, Dia do Pastor e da Pastora Metodista (3º
domingo de abril), Dia da Escola Dominical (3º domingo de setembro), entre
outras.

Datas comuns do calendário secular também são inseridas nas


comemorações da igreja, como Dia 1º de Maio, Dia da Independência, etc.

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5. Um pouco sobre ornamentação litúrgica

Inicialmente dividimos a ornamentação litúrgica em dois aspectos que se


relacionam: a. Composição dos móveis e b. Ornamentação.

a. Composição dos móveis


A composição dos móveis litúrgicos varia em cada igreja cristã. Geralmente
existem aspectos simbólicos e doutrinários na escolha e localização dos
móveis: Abaixo, um exemplo de composição de altar de acordo com a tradição
litúrgica da Igreja Metodista adaptada à realidade brasileira:

B b y C
z

A x

Altar na I.M.Jundiaí 2009 no tempo da Páscoa

Observando a foto, notamos alguns aspectos fundamentais: a (A) Mesa da


Comunhão ao centro; o (B) Púlpito (para pregação) direita da mesa e o (C)
Lectório à esquerda da mesa; Notamos a ausência de um item: o genuflexório
à frente do altar.
Os itens (a) e (b) são símbolos comumente usados no metodismo brasileiro: (a)
a Cruz ao fundo ou um vitral, nesse caso a cruz em vitral e (b) a Bíblia aberta
sobre a mesa.
Os itens (x),(y) e (z) retomam aspectos muito usados no metodismo universal:
(x) a Pia Batismal (em algumas igrejas está no hall de entrada do templo); (z)
Duas velas na mesa, representando a dupla natureza de Cristo (divina e
humana) e as flores (não necessariamente sobre a mesa).
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b. Ornamentação litúrgica

O calendário litúrgico, com suas cores e temas, é a principal inspiração da


ornamentação da igreja.
Entretanto, aspectos do cotidiano, celebrações especiais, ilustrações usadas no
culto são muito bem vindas a compor a ornamentação do templo (indo além
da ornamentação do altar), desde que com bom senso e, conforme orientação
dos artigos de religião: “nada se faça contra a Palavra de Deus”.
Geralmente são confeccionadas toalhas e estandartes com as cores litúrgicas.
Os símbolos podem ser usados na mesa, no altar ou espalhados pelo templo.
Deve-se evitar o acúmulo de elementos em um altar, pois o excesso de
informações dificulta a compreensão e a concentração.

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6. Liturgias do dia a dia

No dia a dia da igreja, além dos cultos dominicais, existem outras celebrações,
desde devocionais até cultos nos lares e reuniões de oração.

Muitas das informações compartilhadas até agora são úteis para a elaboração
destas celebrações, entretanto, essas possuem características específicas,
conforme notamos abaixo:

a. Cultos nos Lares


O primeiro aspecto a ser levado em conta num culto no lar é o seu
propósito. Há cultos de ação de graça, reuniões de oração, cultos
evangelísticos, culto do bebê, etc. Cada um exige atenção especial.
O segundo aspecto é o público presente. Em reuniões com a presença
exclusiva de pessoas da igreja, é possível utilizar um conteúdo e linguagem
específicos. Já num culto onde existam pessoas que não fazem parte da igreja,
tanto a maneira de se expressar como o conteúdo devem levar em conta este
público.
O tempo de um culto no lar varia muito, de acordo com o contexto, as
participações ou simplesmente questões pontuais, como o dia da semana, os
compromissos do outro dia, os compromissos dos donos da casa, o horário.
As celebrações nos lares devem ser cultos intensos, mas não
necessariamente extensos.

Culto Evangelístico
Um culto evangelístico tem por princípio o anúncio do Evangelho de
maneira contundente e criativa. Nesse culto, além da adoração e do louvor,
deve-se enfatizar cânticos, orações e ilustrações que destaquem a obra de
Cristo, sua ação salvífica e redentora.
Um momento fundamental desse culto é a pregação, voltada ao
anúncio da Graça de Deus. Considerar o público estará presente é fundamental
na preparação do conteúdo e na forma de apresentar esse conteúdo.

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Nessas ocasiões, é sempre oportuno oferecer às pessoas a
oportunidade para um momento pessoal com Cristo, seja em um apelo, um
convite à oração pessoal, ao arrependimento, à cura e libertação.
Um dos desafios destes cultos é a criatividade. Há inúmeras maneiras
de evangelizar.
Um culto evangelístico possui ainda outra característica fundamental:
a continuidade do contato e discipulado das pessoas que se achegaram a Cristo
neste dia. Portanto, a entrega de material edificante, a visita, o convite a outros
encontros será fundamental.

Culto de ação de graças


Quando marcamos um culto num lar, devemos perguntar à família se
há algum motivo específico para este culto. Aniversário, uma conquista ou uma
dificuldade enfrentada pela família podem inspirar a elaboração da liturgia.
Num culto de ação de graças, o motivo principal será o louvor.
Portanto, é um culto que deve ser rico em cânticos, orações e expressões que
reflitam a alegria, a adoração e o testemunho.
Sua estrutura não precisa, necessariamente, seguir a estrutura
tradicional de um culto dominical, apesar desta ser uma referência constante
em nossas celebrações.
A mensagem não deve ser excessivamente longa, exceto quanto algo
específico exige esta mensagem.
Nesses cultos é propício um momento de testemunho da família,
concluindo a celebração sempre os o compromisso e o envio.

Reuniões de Oração
Como o próprio nome indica, a prioridade destes encontros é a oração.
A oração possui muitas formas: espontânea, silenciosa, litanias, orações
tradicionais escritas ou decoradas, ainda cânticos.
No geral, uma reunião de oração deve proporcionar a oportunidade de
orar uns pelos outros, de interceder por pessoas ou situações específicas.
Nesses cultos, a mensagem será breve e motivadora.
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Uma reunião de oração pode ter um tema. Mães que oram por filhos,
pátria, missões, etc. Quando em diálogo e oração escolhemos um tema para
uma reunião, podemos focar melhor o propósito do encontro.

b. Devocionais
Devocionais são oportunidades litúrgicas em aberturas ou
encerramento de programações ou momentos do dia. Sua característica
principal é a brevidade. Nem por isso precisam ser improvisadas ou
desprovidas de intensidade e preparação.
Uma devocional, geralmente, é composta por leitura bíblia, um ou
mais cânticos e oração(ões) e uma brevíssima reflexão. Cabem ainda atos
simbólicos, dinâmicas ou outras expressões criativas. A programação a que
está vinculada determinará seu conteúdo e tempo.

- Quais outras formas de culto você conhece? Cite algumas


características:

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7. Orientações sobre como proceder na direção de cultos

Dirigir um culto é auxiliar a comunidade a celebrar a Deus. A pessoa


dirigente ou celebrante tem por objetivo contribuir para que toda a
igreja adore, confesse, louve e se dedique a Deus.

Sendo assim, sua primeira missão é comunicar. Há um abismo que


distancia o “falar” do “comunicar”. Este segundo é o nosso alvo quando
estamos à frente de uma congregação. Comunicar é se expressar de
maneira a ser ouvido (ou visto), interpretado e compreendido. Talvez
até mesmo “sentido”.

Em algumas comunidades, a pessoa que dirige a celebração também é


chamada de animadora. Não no sentido de “animador de auditório”,
mas daquele que traz vida para a comunidade (anima, do latim = “alma
ou vida”).

Um dos grandes desafios da direção de um culto é a relação entre a


solenidade e a espontaneidade. Um culto excessivamente solene pode
tornar-se frio e impessoal. O outro extremo é uma celebração confusa
ou que não inspira confiança em quem participa.

Eis algumas dicas sobre como proceder em comunidade:

- Falar pausadamente, mas não vagarosamente, pronunciando as


palavras em volume acessível ao público.

- Atentar à postura, olhando às pessoas e gesticulando, se for o caso, e


manifestando expressão facial que contribua com o contexto litúrgico.

- Identificar um local adequado (especialmente nos lares), onde possa


ser visto por todas e onde os materiais usados na celebração estejam
seguros e disponíveis.

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- Levar em conta o público presente, buscando inseri-lo na celebração,
sejam pessoas idosas, adultas, jovens, adolescentes ou crianças.

- Não ser prolixo. Usar as palavras de maneira essencial, sem rodeios


que desviem a atenção do público.

- Se está programada uma mensagem no culto, evitar reflexões ou falas


prolongadas no decorrer da celebração. Pequenas palavras podem ser
bem-vindas, desde que não concorram com a mensagem principal.

- Evitar comentar tudo o que é dito pelos presentes, em testemunhos


ou pedidos de oração. Especialmente após a pregação de outra pessoa,
deve-se evitar a tentação de “completar” a mensagem com comentários
pessoais. Isso pode indicar desvalorização da mensagem pregada.

- Ser dinâmico, mas não apressado.

- Quais outras expressões e sugestões você identifica?

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8. Sugestões de Literatura

COLÉGIO EPISCOPAL DA IGREJA METODISTA, Ritual da Igreja Metodista, São


Paulo, Cedro, 2001.
COLÉGIO EPISCOPAL DA IGREJA METODISTA, O Culto da Igreja em Missão, São
Paulo, Cedro, 2006.
Hinário Evangélico com Antífonas e Rituais, Cedro, 2010.
ALVES, Rubem (org). CultoArte (Série com 5 livros), Petrópolis, Vozes.
RAMOS, Luiz Carlos. A pregação na Idade Mídia. Editeo, São Bernardo do
Campo, 2012.
BELOTTO, Nilo, REILY, Duncan A. JOSGRILBERG, Rui S. Nós e o culto: Um
estudo da liturgia Cristã. São Bernardo do Campo, Faculdade de Teologia da
Igreja Metodista, 1997 acessada pelo site:
http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/Nos_e_o_culto.pdf)

Diversos materiais também podem ser encontrados no site:


http://www.metodistavilaisabel.org.br/missao_new/cultoeliturgia2.asp

Lecionário litúrgico e recursos litúrgicos diversos:


https://lectionary.library.vanderbilt.edu/

Figura capa e foto da Igreja Metodista em Jundiaí: Rev. Pedro Nolasco

Outras imagens foram extraídas da internet.

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