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A comunicação na Vida do Casal

Olá, para quem não sabe, somos Ana Cristina e Marcello, casados há 14 anos, e temos três
filhos, Ana Luísa (de 12 anos), Maria Beatriz (10) e Marcos Tadeu (6), que vocês já devem ter
visto brincando por aí hoje. E nós moramos em Rio das Ostras.

Bem, já que vamos conversar com vocês sobre a Comunicação na Vida do Casal, gostaríamos
antes de fazer algumas breves considerações sobre como a relação homem-mulher é vista ao
longo da história desde que o conhecimento era dominado pelos mitos e também
contemporaneamente, nas ciências humanas. Sociólogos, psicólogos, antropólogos e
estudiosos de outras áreas dedicam interessantes pesquisas à relação entre homem e mulher,
particularmente, como casal e na família. Entram nesses estudos as questões da sexualidade,
da comunicação, do trabalho e da educação dos filhos. Frequentemente, a chave de leitura é a
da negociação de poder, de trocas, concessões e acordos entre homem e mulher, visando ao
bem-estar material de todos e à felicidade e realização individual. Muitas dessas investigações
contém verdades. Verdades, porém, muitas vezes, parciais.

Já outros conhecimentos, milenares, nos dão conta da importância arquetípica e antropológica


da relação homem-mulher e da família. A Odisséia, de Homero, que fundamentou a cultura da
Grécia antiga da qual herdamos a filosofia e as ciências, nada mais é do que a história do herói
Ulisses, que luta para retornar à casa; de sua bela esposa, Penélope, que luta para ser fiel ao
marido enquanto é assediada por muitos pretendentes; e do filho de Ulisses, Telêmaco, que
luta para encontrar o pai, e nessa luta atinge a maturidade como homem.

Na própria cultura grega, relatos mitológicos tratam a relação homem-mulher com certa
misoginia ou machismo. É o caso do mito de Prometeu, que teria recebido como castigo dos
deuses - por ter revelado ao homem como produzir o fogo - um presente emblemático, uma
mulher chamada Pandora. Pandora, curiosa, teria aberto uma caixa que Prometeu guardava e
que continha todos os males existentes, que dessa forma, se espalharam pelo mundo...

E alguém que queira ainda interpretar pelo viés machista o Gênesis, pode considerar Eva a
culpada pela expulsão do Paraíso. Sabemos, claro, que os papéis atribuídos a Adão e Eva no
relato bíblico são uma construção cultural da época e que a Escritura não atribui um papel
maior ou menor ao homem ou à mulher nos acontecimentos que resultaram no pecado
original. É muito claro para a doutrina cristã que o pecado original é uma realidade ontológica
do ser humano como um todo, sem distinção de responsabilidade entre homem e mulher, e
que o Gênesis procura abordar como uma metáfora.

No próprio Gênesis, na narrativa da criação, o ser humano é apresentado de forma belíssima


na distinção homem-mulher: “Deus os criou homem e mulher. À sua imagem e semelhança os
criou”, evidenciando a nossa semelhança com Deus em nossa capacidade de amar, única entre
todas as criaturas. E a primeira fala de Adão na Bíblia é justamente declarando sua profunda
identidade com Eva: ”Eis aqui, o osso de meu ossos e a carne de minha carne”. Logo em
seguida, a relação entre homem e mulher é prevista, bem como a formação do casal: “O
homem deixará o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher”. Jesus também retorna a
esse tema para enfatizar: “Não separe o homem o que Deus uniu”. E, ainda, o Gênesis nos
lembra que Deus abençoou o homem, a mulher e a família dizendo: “Crescei e multiplicai-vos
e dominai a terra”.

Então, quando nos encontramos aqui, num fim de semana para tratarmos da questão da
família, do casal, não estamos participando de um encontro qualquer, mas de algo maior, que
foi tema da investigação de sábios de todas as culturas e de todos os tempos; mas, o que é
mais importante: estamos aqui para crescer numa relação de amor que foi imaginada,
sonhada pelo próprio Deus para a felicidade do homem e da mulher: para a nossa felicidade!
Então, estamos aqui fazendo a coisa mais importante que poderíamos fazer neste fim de
semana, para o nosso bem e de nossos filhos. Estar aqui é muito mais importante do que estar
em algum congresso profissional outro tema ou trabalhando, mesmo se essas coisas também
são importantes. Mas devemos ter essa idéia clara do que deve vir em primeiro lugar: a
família.

Achamos que esse preâmbulo era interessante para nos motivarmos a colocar em prática as
propostas que vamos apresentar a vocês hoje. Mas antes, vamos ainda aquecer um pouco
mais os motores para a nossa conversação, propondo a vocês que conversem entre si, em
grupo, sobre a seguinte questão: Por que casamos? Por que eu me casei? Formem os grupos
espontaneamente, mesmo onde estão; os que estão nas fileiras da frente se voltam para trás,
não precisa tirar as cadeiras do lugar.

Então, guardem bem as conclusões a que chegaram, pois mais à frente vamos voltar a essa
pergunta: Por que nos casamos?

Agora, então, entramos no tema propriamente sobre a comunicação na vida do casal.

Muitas das noções que nós vamos passar para vocês são a partir de um encontro para casais
em São Paulo, no qual Maria e Raimondo Scotto, da Secretaria Central do Movimento Famílias
Novas falaram para os participantes. Ele é médico e sexólogo, e juntos os dois acompanham
famílias no Movimeto, de forma que acumularam bastante experiência e, com a sabedoria
vinda da Espiritualidade do Movimento, vêm ajudando muitos casais. Esse encontro em São
Paulo foi muito legal e nós vamos falar um pouco do que eles disseram lá, mesclados com
idéias que tivemos e também um pouco da nossa experiência.

Bem a gente pode começar pelos níveis que existem na comunicação, não só na vida do casal,
mas entre todas as pessoas. São distinções interessantes para a gente saber a que tipo de
comunicação a gente quer chegar como casal. De fato, alguns níveis de comunicação, embora
importantes não são suficientes e muitas crises acontecem porque os casais ficam apenas nos
níveis mais superficiais. Aliás, Maria e Raimondo lembram que o primeiro nível de comunicaão
tem exatamente esse nome: Nível Superficial.

É aquele em que se comunica muito pouco e serve praticamente para preencher espaços
vazios nas conversações, meio como uma conversa de elevador, com certas falas do tipo
“Como vai? Tudo bem?”, ou “Será que vai chover hoje?”, falas cujo objetivo é no máximo de
saudação, quando não de indiferença: todos sabem que a pessoa não quer realmente saber se
está tudo bem com você, nem está interessada numa conversa sobre meteorologia.
O segundo nível é o Nível Informativo, no qual perguntamos, por exemplo, as horas, a que
horas o outro vai chegar, quando é a reunião de pais e mestres na escola... É uma troca de
informações funcionais, objetivas.

O terceiro nível é o Nível Emocional, quando dizemos algo de nós, como “Que música
maravilhosa!”, ou “Eu gosto de ver o nascer do sol!”, ou quando dizemos porque gostamos de
determinado filme. O nível emocional já é um pouco mais profundo e pode se elevar ao nível
seguinte, que é aquele no qual o casal deve tentar se manter a maior parte do tempo. Trata-se
do Nível Íntimo.

O Nível Íntimo é aquele no qual expressamos os nossos desejos, sofrimentos, alegrias e


experiências. Nesse nível, temos de ser muito autênticos, ter coragem de nos expormos ao
outro, colocar a nossa alma, o nosso coração, muitas vezes, com nossas fragilidades, diante do
outro. Isso significa NÃO TER MEDO DA INTIMIDADE com o outro.

O casal que mantém com constância uma comunicação no Nível Íntimo acaba contagiando de
entusiasmo também os momentos em que só são possíveis, concretamente, os outros níveis
de comunicação. Assim, um simples “Bom dia” se enche de significado; o mero fato de
perguntar as horas pode ser um ato de ternura; e comentar sobre uma música que nos
emocionou passa a ser um ato em que nos revelamos ao outro.

Bem, neste ponto entramos nas diferenças entre homem e mulher no que se refere à
comunicação. E pensamos em representar/contar uma pequena piada sobre como teria sido o
encontro de Tarzan e Jane:

Jane – Ah! Agora que conheci Tarzan, vamos viver uma aventura nessas árvores. Ele vai me
contar sua infância nas selvas e eu poderei lhe contar como é para mim viver com ele na
floresta.

Narrador – Então, quando Tarzan chega, lhe diz muito simplesmente:

- OÔÔÔÔÔÔôÕÔôÔ!Mim, Tarzan. Você, Jane. Você minha.

- E aquela foi a primeira de muitas noites em Jane só ouviu aquilo de Tarzan.

À parte a esperança que temos de qualquer Tarzan pode elevar o Nível de comunicação, há
pesquisas que indicam que de cada 10 mulheres, oito reclamam que os maridos falam pouco,
falam pouco de si, e falam pouco ou nada sobre a relação.

Na verdade, cresce o número de homens que se comunicam mais, levando a crer que essa
relação pode se inverter em alguns casos. Quando um dos cônjuges cria uma expectativa sobre
outro acerca da comunicação, ele precisa refletir também sobre

AS CONDIÇÕES EM QUE SE DÁ A COMUNICAÇÃO:

- uma dessas condições é a espacial, o espaço, ou seja, o lugar onde se dá essa comunicação. O
casal pode estar na rua, no carro, na sala da casa com as crianças por perto; ou no quarto, a
sós. Para dar um exemplo de como o lugar é importante, não é difícil entender que uma
comunicação no nível da intimidade não pode ocorrer na rua.
- outra condição é o momento. A esposa pode, por exemplo, reclamar que o marido após
chegar do trabalho não se interessa pela situação dos filhos na escola. Mas será que aquele
momento, logo que ele chega, quando está com saudades dos filhos, ficou longe deles o dia
todo, é o melhor momento para ouvir sobre algum mal desempenho no estudo ou no
comportamento de um filho na escola?

A coisa piora, então, por exemplo, quando a esposa espera que o marido tome uma atitude de
repreensão daquele filho, justamente, naquele momento em que o que o pai mais queria era
abraçar o filho e saber como foi na escolinha de futebol ou na aula de natação. Será que
aquela é a melhor hora para tocar naquele assunto? E aí se o marido, então, não manifesta
interesse naquela demanda da esposa, muitas vezes ela poderá achar que ele está passando
uma mensagem de que não se interessa pela situação do filho. E pode ser que não seja nada
do que ela está pensando

Depois, quando pensamos que o outro não nos entende, devemos pensar na FORMA COMO
COMUNICAMOS. Se manifestamos uma demanda, algo que queremos que o outro faça, de
forma agressiva, ou em forma de cobrança, muito provavelmente ele não entenderá o que
realmente queremos. Devemos PENSAR NAQUILO QUE DEVEMOS COMUNICAR E NA FORMA
DE MELHOR COMUNICAR.

Outra atitude importante na comunicação é EQUILIBRAR AS EXPECTATIVAS SOBRE O OUTRO.


Muitas vezes ele não vai ter a mesma expectativa que nós sobre a necessidade de
comunicação. Devemos deixar que o outro se expresse na medida dele.

Também é importantíssimo saber que NÃO HÁ O CÔNJUGE PERFEITO E NÃO HÁ CASAIS


PERFEITOS. A comparação com outras pessoas ou outros casais não é boa pedagogia. Observar
algo positivo nos outros só é construtivo quando nos estimula e nos anima; e não quando nos
faz lamentar pensando: “Puxa, porque não sou como ela?” ou “Puxa, por que não somos como
aquele casal, tão bem resolvido?” Muitas vezes não sabemos as situações que aquele casal
está superando...

Há ainda uma imagem muito bela sobre a relação a dois, que é a da alma gêmea, que alguns
chamam também de “outra metade da laranja”. Mas trata-se no caso de um conceito, de uma
expectativa de fusão entre duas pessoas diferentes, algo que realmente não existe. Então, não
sei se decepcionamos alguém ao dizer que é preciso esquecer o mito da alma gêmea. Primeiro,
por que não existe uma alma gêmea, que nos complete perfeitamente. Segundo, que essa
idéia gera uma expectativa de dependência que o outro nunca consegue atender. Como se não
fôssemos completos sem o outro. Ao contrário, somos pessoas inteiras e capazes de nos
realizarmos mesmo sem o outro. Quando nos casamos é para, já felizes, sermos um dom de
felicidade recíproco.

Agora, gostaríamos de lembrar aquele momento em que conversamos em grupo sobre a


pergunta “Por que me casei” ou “Por que nos casamos”. Seria legal se algum de vocês, de
preferência ou casal, pudesse vir aqui para dizer a que conclusão chegou e, por que, afinal, se
casou ou se casaram.

Obrigado, beltrana e ciclano, por partilharem conosco...


Então existem belas supostas motivações para nos casarmos: porque é bonito estar juntos,
porque queremos envelhecer juntos, porque é uma segurança ter um companheiro estável.
Essas coisas são belas e até acontecem, mas só fazem sentido se ENTENDERMOS O
CASAMENTO COMO UMA VOCAÇÃO, um chamado ao Amor, amor com A maiúsculo. Deus é
esse Amor com A maiúsculo. João Paulo II disse que só há dois caminhos para construir o
Reino, que são a virgindade e o matrimônio.

Eu tenho certa reserva quando nas missas, às vezes, se pede pelas vocações sacerdotais e
religiosas, esquecendo as vocações ao casamento. E me pergunto, mas será que as pessoas
não entendem que sem casais conscientes de sua vocação ao casamento, dificilmente haverá
maduras vocações para o sacerdócio ou a vida religiosa? Mas graças a Deus, em muitas
paróquias já não estão mais esquecendo de rezar também pelas vocações ao matrimônio.

Então, a vocação ao casamento constrói o Reino de Deus de forma tão importante quanto a
dos padres, dos frades e das freiras.

E essa vocação ao casamento é uma vocação não só a construir o Reino de Deus, mas em
primeiro lugar a ajudar a esposa, o marido, a realizar o plano de amor que Deus tem para e
para ela ou para ela, que é um plano de santidade.

E por falar em ajudar o outro a realizar seu projeto de amor, seu caminho de santidade
recordamos um trecho de uma bela oração, que entre outras preces, pede: “Senhor, Quero ver
além das aparências teus filhos como Tu mesmo os vês, e assim, não ver senão o bem em cada
um”

Então, nesse momento, para percebemos melhor o bem no nosso marido, na nossa esposa,
gostaríamos de pedir a vocês que anotassem nesses pedaços de papel [que entregaríamos
com antecedência, acompanhados de lápis para quem não o tivesse] que lhes demos pelo
menos cinco qualidades do seu cônjuge, mas não mostrem a ele ou a ela. Vamos dar alguns
minutos para isso.

Pronto? Então, vamos prosseguir. Mais adiante faremos algo envolvendo essa listinha.

Agora vamos ao que Raimondo e Maria chamaram de:

Os 15 Pontos da Boa Comunicação

1- Falar de si e não do outro, sem mascarar os próprios sentimentos. Um exemplo: "Eu


sofri ontem quando você fez aquilo"... e não: "Você me fez sofrer"

2- Ninguém é capaz de ler o pensamento do outro. Comunique os próprios desejos e as


próprias expectativas.

3- Ser claros na mensagem. "Você gostaria de sair?". Se vier um não ficamos desiludidos, mas
na verdade já era uma pergunta que pressupunha uma resposta negativa. Seria melhor dizer:
"Eu gostaria de sair, que tal?".

4- Evitar mensagens duplas. Estar muito atentos para que a mensagem que damos com as
palavras não seja contradita pelos gestos ou pela atitude. Por exemplo: aceitar lavar os pratos
e ficar de cara feia e quando vem a pergunta: "O que você tem?" e você responder:" nada,
nada. . . ".

5- Não interromper enquanto o outro fala.

6- Não se servir de ironia, subentendidos e ridicularizações, sobretudo na frente de outros.

7- Não remexer no passado.

8- Tratar um assunto de cada vez.

9- Esperar 5 segundos antes de responder.

10- Evitar afirmações absolutas como: nunca, jamais, sempre. . .

11- Ir além das afirmações negativas do outro, procurando colher o verdadeiro conteúdo da
sua mensagem.

12- Mergulhar na situação do outro, viver o outro.

13- Certificar-se de que a mensagem foi entendida.

14- Escutar com atenção profunda e sincera, sem ficar logo pensando na resposta a ser dada
[útil também em relação aos filhos].

15- Colocar de lado os pré-julgamentos: "já a conheço, sei como ela é"... ou as respostas que
quero dar, talvez antes de escutar as suas motivações [buscar sempre os pontos positivos do
outro, aprender a fazer um elenco deles].

Depois, lembro-me de uma consideração que Raimondo fez: que apenas 7% da comunicação
humana se dá pelo conteúdo direto das palavras. A maior parte da comunicação, portanto, se
dá por olhares, gestos, atitudes, posturas, entonação da voz, silêncios,ironias etc.

Para ilustrar essa realidade, eu gostaria de lembrar um trecho do Pequeno Príncipe que parece
nos tirar as esperanças, mas que na verdade alerta para um fato, no sentido de que podemos
transformá-lo. É a Raposa quem diz ao Principezinho: “Eu te olharei com o canto do olho e tu
não me dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos”.

E justamente a linguagem, que para muitos estudiosos é o que diferencia o homem dos outros
animais...

Mas para mergulhar um pouco mais nessa perplexidade a que filósofos têm chamado de
“incomunicabilidade”, gostaríamos de ver com vocês duas cenas de um filme.

Eu não sei se vocês lembram do filme o E o Vento Levou...

Nós vimos recentemente. Tínhamos visto há muito tempo e não lembrávamos nada. É
enorme, vimos em quatro sessões de uma hora... Quando finalmente a Scarlett O’hara e o
Rhett (personagem do Clark Gable) se casam,é impressionante a quantidade de mal-
entendidos que os dois têm - mesmo se eles se amavam realmente, - e acabam não
conseguindo ser felizes. E dá pra ver que a situação se deu por desentendimentos na
comunicação. O próprio Rhett, numa cena, usa essa expressão, dizendo que houve “falha de
comunicação” em determinado episódio de briga entre os dois. Mas é bonito ver que quando
finalmente Scarlett se convence de que o ama - mas ele não quer mais investir no
relacionamento e vai embora - ela declara que não vai desistir Rhett e assim se encerra o
filme. Então gostaríamos de mostrar para vocês duas cenas do filme que achamos mais
emblemáticas. Vamos mostrar as cenas completas, depois repeti-las indentificando as “falhas
de comunicação”, que pareciam justamente ter acontecido pelo receio de revelar a
intimidade, receio para o qual nós já alertamos anteriormente quando falamos das condições
para a realização da comunicação.

1:30 – 1:32

1:36 – 1:38

Agora, gostaríamos de concluir com algo que foi desenvolvido num curso... Interessante: só a
idéia do curso já parece ser algo bem original. Trata-se de um curso desenvolvido pelo
Movimento Famílias novas em Roma, para casais que estão à beira da separação mas que têm
alguma esperança de recomeçar. Interessantíssimo, não?

Então, nesse curso falou-se de um ensinamento de Chiara Lubich que consiste em cinco pontos
conhecidos como “Os pontos da Espiritualidade Coletiva”

Nesse curso, esses pontos foram apresentados como “Os cinco segredos”. Não que estejamos
na mesma situação. Mas se alguém estiver, não se preocupe: vocês estão no lugar certo.
Sempre há uma saída. E mesmo para quem não está numa situação extrema, todo casamento
tem crises. Esses Cinco Segredos são um verdadeiro tesouro.

Então, o primeiro é

- O Pacto – considerar o Matrimônio na Igreja, como uma graça que nos dá a força de superar
todas as situações da vida. O Pacto consiste em DECLARAR AO OUTRO QUE ESTAMOS
DISPOSTOS A DAR A VIDA POR ELE. Se estamos dispostos a dar a vida, porque não podemos
abrir mão de algumas preferências ou caprichos na vida do casamento, e até de fazer algum
sacrifício para manter a graça do casamento?

- Comunhão de experiências da Palavra – Esse ponto consiste em primeiramente viver o


Evangelho e preencher o dia com aqueles que chamamos de “atos de amor” ou experiências
da Palavra, coisas boas que fazemos aos outros como se fosse a Jesus. Em segundo lugar,
somos convidados a contar ao cônjuge essas experiências. Isso dará grande estímulo ao casal
para aumentar o bem que praticam em sua comunidad/Sociedade, enchendo-os de uma nova
alegria.

- Comunhão espiritual – Esse ponto pode ser vivido, meditando juntos um trecho do Evangelho
ou um livro de espiritualidade e, depois, partilhando reciprocamente o que entenderam
daquela meditação.
- Colóquios – É como chamamos a abertura com outras pessoas que sabemos que nos querem
bem e que têm uma noção profunda do que é o sacramento do matrimônio. Pode ser um
sacerdote, ou um psicólogo, ou um casal que sabemos ter uma caminhada espiritual.

- Hora da verdade. Então, antes da dizer algo sobre a Hora da Verdade, gostaríamos que
tirassem os papeizinhos nos quais vocês anotaram qualidades do marido ou da esposa, e
dissessem a eles essas qualidades, olhando-os nos olhos, procurando ter aquela comunicação
no Nível Íntimo de que já falamos.

Vamos dar cinco minutos para esse momento.

Bem, para a maioria dos casais a Hora da Verdade é um momento que exige ainda uma grande
caminhada. Mas não é impossível. Trata-se de um momento em que podemos dizer ao outro
aquilo em que ele poderia melhorar, mas para o bem dele, para que ele seja feliz, e não para
puni-lo ou repreendê-lo.

E dizemos também quais são as qualidades. Quisemos fazer o exercício do papelzinho apenas
com as qualidades para produzir um efeito mais facilmente perceptivo de alegria. O objetivo é
ajudar o outro a entender e perceber o bem que há nele mesmo.

Porém, na Hora da Verdade em que os dois se amam e estão dispostos a dar a vida um pelo
outro, até aquilo que se diz que o outro não faz bem o deixa feliz, pois ele sabe que aquilo foi
dito para o bem dele.

Devemos também entender que, com freqüência, algo que vemos como um defeito do outro
não é um defeito mas algo que NÓS ACHAMOS QUE É UM DEFEITO ou um defeito QUE NÓS
ACHAMOS QUE O OUTRO TEM. Então, a melhor atitude é após termos a certeza de que
queremos comunicar aquilo por amor e para o bem do outro, COLOCARMOS COM UMA
IMPRESSÃO QUE TEMOS, sem sermos categóricos.

E uma outra segurança sobre a Hora da Verdade é só dizermos em que o outro possa melhorar
quando tivermos a certeza de que o amamos tanto que poderíamos conviver a vida inteira
com aquela característica dele.

É importante dizer que, para esse momento, é preciso um lugar e um momento apropriado
(com bastante privacidade e tempo suficiente), pois trata-se de uma comunicação de altíssima
intimidade.

Então, os quatro primeiros segredos, preparam para viver o quinto. Podemos ir treinando com
o Pacto, a Comunhão da Experiência da Palavra, a Comunhão de Almas e os Colóquios para um
dia chegarmos à Hora da Verdade.

Muito obrigado!

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