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A DOR, A SANTIDADE E OS CAMINHOS

EM PSICOTERAPIA

1. Quem nos procura, está em busca, possivelmente, de respostas; podem ser somente
questões existenciais ou então de dúvidas profissionais, mas envolvem, na grande
maioria das vezes, o sofrimento.
2. Na visão de Chiara Lubich, mas também de outros grandes místicos da tradição cristã,
como S. Francisco de Assis, por exemplo, dor e amor são expressões de uma mesma
realidade, faces de uma mesma moeda.
3. VIDEO: trecho do filme de Bergman; o sentido do amor; o amor como sustento da
existência.
4. Em psicoterapia, mesmo quando o cliente identifica-se com uma determinada fé
religiosa, a religião como tal pode facilmente ser mal entendida, pois as nuances entre
fé e pratica religiosa, as nuances entre fé e dogmas, bem como com todos os aspectos
relacionados, são praticamente infinitas.
5. Frankl, em um momento de particular sabedoria, ressaltou que “psicologia e religião,
embora concorram para um bem do homem, estão em planos diferentes. A psicologia
cuida de um bem, que, conforme Frankl, podemos chamar de “cura da alma”,
enquanto que a religião preocupa-se com a “salvação da alma”.
6. Destaca-se, porém, que a questão dos “Valores” pode ser trabalhada com menos
riscos, pois, segundo Frankl os valores “são pessoais, não podem ser impostos, mas
sim descobertos” (Quadrante, 2003).
7. Que são “valores”? Exemplos? Família, trabalho, amizade, relacionamentos, uma
caminhada, um passeio; uma hora de academia, uma vez na vida e a constancia na
academia podem ter valores diferentes.
8. Frankl sustenta que o a vida “pede” a realização de um sentido existencial e a
realização dos sentidos está profundamente ligada à realização dos valores.
9. Segundo Frankl, o homem pode realizar um sentido em, basicamente, 3 grandes
caminhos: a) trabalho e/ou atividades b) na relação com o outro e c) no sofrimento,
quando este é inevitável.
10. Chiara ressalta que o nosso caminho é o “doar-se”, “viver o outro”; vê, também, uma
motivação espiritual muito forte para justificar este fato: no “outro” vive Jesus.
11. Como pode ser “aplicada” esta dimensão do “viver o outro”, “viver pelo outro”, em
situações de atendimento clínico?

12. Situação clínica: Jovem, 26 anos, área da Justiça Federal, estado depressivo e ausência
de sentido na vida, isolamento social. Contar a situação clínica e questionar o porque
da “transformação”.

13. A dimensão do “dar a vida” é factível, é viável em que situações? Existem limites para
esta vivencia? Frankl chama a atenção que não podemos exigir de ninguém o doar-se a
ponto de dar a vida, a não ser a nós mesmos. Esta, porém, é uma “possibilidade” que
pode ser descoberta, também pelo “outro”, no caso, cliente?
14. Exemplos em filmes:
1) “O menino do pijama listrado”: campo de concentração, relacionamento
construído, o menino livre ouve que o pai do amigo ‘desaparecera’; aquele, ciente
do risco, “arrisca”, dá a vida pelo amigo, de modo bem concreto: veste-se como
prisioneiro... etc.
2) “O caçador de pipas”: na infância, ele trai um amigo, fugindo de uma situação
violenta; quando adulto, arrisca a vida para salvar o colega.
3) Experiencia pessoal com colega cearense.

São experiências do viver pelo outro, a ponto de dar a vida.

15. Ver exemplos do significado de “dar a vida, viver pelo outro”, na idéia de Chiara
Lubich.
16. VÍDEO: trecho do filme “A vida é bela” (4 min.; exemplo de “dar a vida” por um filho).
17. Situação clínica: Caso da filha do garimpeiro; o sair de casa, madrugada, pode ser um
“dar a vida” pelos filhos?
18. Ressalte-se que por vezes, o processo terapêutico não é tanto o “propor” valores, mas
pode ser também o “descobrir” valores vivenciados na própria existência. Por vezes,
porém, segundo Frankl, os valores podem ser propostos e serão acolhidos quando
entendidos como próprios, pessoais e verdadeiros.

19. Agora, resta-nos pensar e repensar o significado de “santidade”. Chiara sempre nos
impulsionou a tomar o “caminho da santidade” e comparou este caminho com uma
“santa viagem”. Os temas de Chiara não raro evocam os santos e não raro Chiara nos
deu “motes”, estímulos referentes à santidade (“Seis 6”...) e também esclarecia que
santidade é um conformar-se à Jesus, à sua vida, à sua proposta.

20. Qual é a proposta de Jesus, qual ou quais as suas verdades fundamentais? Podemos
falar de uma essência desta proposta? Arrisco a dizer que a sua proposta resume-se
em uma palavra: amor, “amai-vos”, “ama o teu próximo...” e o tema central, trazendo
a “reciprocidade comunional” como fundamento, começa a dar os primeiros
fundamentos para estas convicções.

21. Ressalte-se o papel da dor nesta dinâmica. Evoco as origens do termo “crise” para
trazer um paralelo: crise = dor = crescimento. Já dizia Madre Teresa de Calcutá: “Se o
amor não cansa, não é amor”, ou seja, amar, por si só, nos pede o sacrifício. Jesus é o
“novo” paradigma, pois nos propõe um amor que seja capaz de dar a vida pelo outro.
Infelizmente (ou felizmente), depois de Jesus e principalmente depois que Chiara nos
revelou de modo particular um Jesus que morre na cruz por mim e por todos nós, não
podemos mais dizer: eu não assumo esta dor, porque é muito grande e nem Jesus a
suportaria... Pois ele suportou a dor maior, no momento em que experimenta, como
Deus, o “não ser Deus”.

22. Eis portanto, um caminho... Obrigado a todos...

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