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O trabalho informal 4.

0 nas ruas do Rio de Janeiro: discriminação e resistência

Essa pesquisa é sobre o trabalho informal. Também fazemos referência ao


processo de mudanças sociais decorrentes das novas tecnologias - Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs) e como isso impacta na lógica do trabalho. A
proposta principal foi entender as novas configurações do trabalho informal na sua
interface digital e histórica, problematizando a relação com a discriminação e com a
resistência. A pesquisa foi dividida em duas partes. A primeira foi baseada em estudo
bibliográfico sobre o tema da informalidade no Brasil e Rio de Janeiro nos últimos 20
anos e análise de dados secundários, evidenciando a trajetória do fenômeno/conceito. A
segunda parte consiste em pesquisa de campo através de estudos de casos. A pesquisa
foi submetida ao comitê de ética do CFCH-UFRJ. Foram feitas duas entrevistas com
trabalhadores/as informais (um/a da informalidade dita tradicional, vendedor ambulante,
e um/a da informalidade moderna digital, entregador de produtos nas ruas e que faz
serviço digital em casa como freelance, um homem e uma mulher). Além disso,
optamos por duas pessoas com mais de 1 ano em atividade informal. A metodologia foi
centrada em análise qualitativa e fizemos contato prévio com os respondentes. A
conclusão inicial é que cinco elementos parecem se entrelaçar: trabalho como
autonomia/resistência, uma trajetória pessoal e/ou familiar informal, precariedade pelas
longas jornadas, não valorização social/discriminação e a falta de direitos sociais do
trabalho).
Por fim, abordamos um segmento social que vive no limite da sobrevivência e
que sofre controle e/ou perseguição por parte do poder público. Assim, a informalidade
é um fenômeno histórico que é marcado por olhares depreciativos da sociedade e da
grande mídia, que, por vezes, denunciam a forma de trabalho (supostamente
atrapalhando o trânsito), em vez de ser ressaltado o aspecto laboral. Cabe destacar que o
trabalho de rua é ocupado majoritariamente por negros/as e povos que viveram
processos de migração interna e externa ou também por brancos pobres, nordestinos etc.
Assim, é fundamental pensar o trabalho informal na interface com o racismo estrutural,
com classe social e com formas de opressão.
Também esteve no horizonte da pesquisa analisar o trabalho informal de rua na
cidade do Rio de Janeiro no século XXI e indagar se esse tipo de trabalho é um
fenômeno constitutivo da sociedade e da ideia de parte do que somos como povo
brasileiro, sendo assim um fenômeno que representa uma existência dual, sendo lugar
de exploração (produção social de riqueza e de serviços para sociedade capitalista como
trabalhadores gratuitos para o capital), mas também de resistência, empoderamento,
celebração, cultura e liberdade.
Os estudantes fizeram análise de textos especializados, coleta de dados
secundários e de referências temáticas e pesquisa de campo.

Palavras-chave: Trabalho informal, informalidade, trabalho digital, resistência,


discriminação e capitalismo.

Referências

ARAÚJO, Angela; LOMBARDI, Maria Rosa. Trabalho Informal, Gênero e Raça no


Brasil do início do século XXI. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas.
Impresso), v. 43, 2013. Pp. 452-477.
DURÃES, Bruno J. R. . Camelôs globais ou de tecnologia: novos proletários da
acumulação. Salvador: Edufba, 2013.
OLIVEIRA, Francisco de. A economia brasileira: crítica à razão dualista. In:
Estudos Cebrap 2, São Paulo: CEBRAP, out. 1972, p. 3-82

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