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Ficha de Avaliação – Antero de Quental.

GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada aos itens A e B.

A
Leia o soneto de Antero de Quental.

Na mão de Deus
À Exm.a Sr.a D. Vitória de O. M.
Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita


A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,


Que a mãe leva no colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto…


Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!

Antero de Quental, Poesia completa


(org. e pref. de Fernando Pinto do Amaral),
Lisboa, Dom Quixote, 2001, p. 313.

1. Esclareça o conteúdo dos seguintes versos, tendo em conta o sentido global daestrofe em que estão
inseridos.
[20 pontos]

a. “Do palácio encantado da Ilusão Desci a passo e passo a escada estreita.” (vv. 3-4)

b. “Depus do Ideal e da Paixão A forma transitória e imperfeita.” (vv. 7-8)

2. Explique o sentido da comparação que ocorre no primeiro terceto.


[20 pontos]

3. Justifique o uso da apóstrofe e do imperativo no último terceto, explicitando a ideia que veiculam.

1
[20 pontos]

Leia o texto lírico de Luís de Camões.

Tempo é já que minha confiança

Tempo é já que minha confiança


se desça de ũa falsa opinião;
mas Amor não se rege por razão;
não posso perder, logo, a esperança.

A vida, si; que ũa áspera mudança


não deixa viver tanto um coração.
E eu na morte tenho a salvação?
Si, mas quem a deseja não a alcança.

Forçado é logo que eu espere e viva.


Ah! dura lei d’Amor, que não consente
quietação nũa alma que é cativa!

Se hei-de viver, enfim, forçadamente,


para que quero a glória fugitiva
d’ ũa esperança vã que me atormente?

Luís de Camões, Rimas (texto estabelecido, revisto e prefaciado


por Álvaro J. da Costa Pimpão), Coimbra, Almedina, 2005, p. 126.

4. Sintetize o sentido das duas quadras.


[20 pontos]

5. Explique a razão de ser da interrogação que ocorre no final do soneto.


[20 pontos]

2
GRUPO II
[50 pontos: 10 itens x 5 pontos cada]

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione, no seu caderno, a opção correta.

Leia atentamente o texto.

A economia da felicidade
Vivemos numa época de muita ansiedade. Apesar de uma riqueza total sem precedentes, existe uma
enorme insegurança, agitação e insatisfação. […]
Para contrariar este cenário, chegou a altura de repensar as origens básicas da felicidade na nossa vida
económica. A implacável procura de rendimentos mais elevados está a provocar uma desigualdade e
ansiedade sem precedentes, em vez de gerar mais felicidade e satisfação. O progresso económico é
importante e pode melhorar, de forma significativa, a qualidade de vida mas apenas se for acompanhado
pela busca de outros objetivos.
Neste aspeto, o Reino do Butão tem vindo a destacar-se. Há quarenta anos, o quarto rei do Butão, novo e
acabado de chegar, fez uma escolha notável: o Butão deve preocupar-se com a "felicidade nacional bruta"
e não com o produto interno bruto (PIB). Desde aí o país tem seguido uma visão alternativa e holística do
desenvolvimento que dá ênfase não apenas ao crescimento económico mas também à cultura, à saúde
mental, à compaixão e à comunidade.
Recentemente, dezenas de especialistas reuniram-se na capital do Butão, Thimphu, para analisar a
experiência do país. […] O encontro teve lugar após a Assembleia-Geral das Nações Unidas ter emitido uma
declaração em que pedia aos países que analisassem de que forma as políticas nacionais podem promover
a felicidade nas suas sociedades.[…]
Aqui estão algumas conclusões iniciais. Primeiro, não devemos denegrir o valor do progresso económico.
Quando as pessoas têm fome, não têm acesso às necessidades básicas, como água potável, cuidados de
saúde e educação e não têm um emprego digno, sofrem. O desenvolvimento económico que alivia a
pobreza é um passo vital para fomentar a felicidade.
Em segundo lugar, a busca incessante do PIB sem ter em conta outros objetivos não conduz à felicidade.
[…]
Em terceiro, a felicidade é alcançada através de uma estratégia equilibrada perante a vida, tanto dos
indivíduos como das sociedades. Como indivíduos, somos infelizes se nos forem negadas as nossas
necessidades básicas. Mas também somos infelizes se a nossa busca por maiores rendimentos substituir a
nossa dedicação à família, amigos, comunidade, compaixão e equilíbrio interno. […]
Em quarto lugar, o capitalismo global representa diversas ameaças diretas à felicidade. Está a destruir o
ambiente através das alterações climáticas e outros tipos de poluição, enquanto uma corrente implacável
de propaganda da indústria petrolífera permite que muitas pessoas desconheçam esta situação. Está a
enfraquecer a confiança social e a estabilidade mental, com a prevalência de depressões clínicas,
aparentemente, a aumentar. […]
A procura louca pelos lucros empresariais está a ameaçar-nos a todos. Não há dúvida que devemos
apoiar o crescimento económico e o desenvolvimento, mas apenas num contexto mais alargado que
promova a sustentabilidade ambiental e os valores da compaixão e da honestidade necessários para a
confiança social. A procura pela felicidade não deve ficar confinada ao belo reino montanhoso do Butão.

3
Jeffrey D. Sachs, Jornal de Negócios, edição online de 5 de setembro de 2001
(consultado em agosto de 2015).

1. O progresso económico melhora a qualidade de vida do ser humano, se


[A] os governos implementarem políticas nacionais que promovam bons salários.
[B] o desenvolvimento económico for acompanhado pelo acesso à cultura, à saúde e à solidariedade.
[C] houver uma maior preocupação com o produto interno bruto (PIB).
[D] os políticos implementarem mais desigualdades.

2. “Desde aí o país tem seguido uma visão alternativa e holística do desenvolvimento” (ll. 10-11) significa que o
Butão
[A] tem manifestado uma preocupação inédita com o crescimento económico interno.
[B] encara o desenvolvimento numa perspetiva global e integrada.
[C] aumentou o PIB elevando os rendimentos da população.
[D] dinamizou atividades voltadas para a comunidade.

3. “A procura pela felicidade não deve ficar confinada ao belo reino montanhoso do Butão” (ll. 39-40) significa
que
[A] a experiência do Butão é um exemplo a seguir por outros países.
[B] a procura da felicidade neste país gerou desigualdades e angústias.
[C] a procura de felicidade não pode ser desprezada, pois é facilitada pela beleza natural.
[D] a experiência do Butão não pode ser imitada.

4. No segmento frásico “O encontro teve lugar após a Assembleia-Geral das Nações Unidas
ter emitido uma declaração em que pedia aos países […]” (ll. 15-16), a expressão sublinhada
retoma
[A] “o encontro”. [C] “uma declaração”.
[B] “a Assembleia-Geral”. [D] “lugar”.

5. Na expressão “Aqui estão algumas conclusões iniciais.” (l. 18), a palavra sublinhada desempenha a função
sintática de
[A] sujeito. [C] complemento direto.
[B] modificador. [D] predicativo do sujeito.

6. A frase “Como indivíduos, somos infelizes se nos forem negadas as nossas necessidades
básicas.” (ll. 26-27) contém
[A] uma oração subordinante e uma oração subordinada adverbial condicional.
[B] uma oração subordinante e uma oração subordinada adverbial comparativa.
[C] duas orações subordinadas adverbiais, uma comparativa e uma condicional.
[D] uma oração subordinada e uma oração subordinada adverbial causal.

7. O sujeito da forma verbal “permite” (l. 32) é


[A] “uma corrente implacável de propaganda da indústria petrolífera”. (l. 32)
[B] “indústria petrolífera”. (l. 32)
[C] “ambiente”. (l. 31)
[D] “esta situação”. (l. 33)

8. Identifique e classifique os dois mecanismos de coesão presentes no terceiro parágrafo do texto.

4
9. Indique a função sintática desempenhada pelas expressões sublinhadas em “O desenvolvimento
económico que alivia a pobreza é um passo vital para fomentar a felicidade.” (ll. 21-22)

10. Classifique a oração “que muitas pessoas desconheçam esta situação.” (ll. 32-33)

GRUPO III
[50 pontos]

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 170 e um máximo de 200 palavras,
defenda um ponto de vista pessoal sobre a importância de cada ser humano procurar ser feliz,
não apenas numa perspetiva individual mas também contribuindo para o bem-estar universal.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

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