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Digitalizado por Ilnete
A falta que você faz
(Título original: Wife-to-be)
Michelle Reid
Rachel e Daniel tinham três filhos adoráveis e um casamento sólido o; pelo menos,
Rachel sempre acreditara nisso. Mas sua feliz existência foi destruída quando lhe
contaram que Daniel tivera um caso amoroso. Então, ela percebeu que eles
estiveram distantes durante vários anos. Rachel queria salvar seu casamento, mas
não seria tarde demais Será que ela conseguiria perdoar Daniel, apesar de ele ter
cometido, a pior traição?
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de fãs para fãs. A comercialização deste produto é estritamente
proibida.
A Falta Que Você Me Faz Michelle Reid
CAPÍTULO I
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CAPÍTULO II
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nas mãos. — Se ela ficasse quieta, logo saberia que estava tudo terminado! Mas
não, ela sempre quis acabar comigo, só não imaginei que fosse jogar tão sujo e
envolver você! Pelo amor de Deus, diga alguma coisa!
Rachel assustou-se. Daniel raramente erguia a voz com ela.
Percebeu que estivera ali, sentada, como se estivesse em outro mundo.
—Quero o divórcio — disse e surpreendeu-se tanto quanto Daniel,
porque tal idéia nunca lhe passara pela mente.
—Pode sair da casa. Fico aqui com as crianças. Você está rico o
suficiente para nos sustentar.
—Isto é tolice e não uma resposta! — ele gritou.
—Não grite! Vai acordar as crianças.
Daniel levantou-se e encarou Rachel, mas não conseguiu sustentar
seu olhar.
—Escute... — ele disse, um momento depois, tentando manter o
controle — não aconteceu nada do que imagina ou do que sua “amiga” falou! Foi
só uma escapada tola, que terminou antes mesmo de começar. Eu estava sob
pressão no trabalho, o caso Harvey poderia pôr a perder tudo o que consegui.
Precisava trabalhar dia e noite para ficar na frente dos concorrentes. Você
estava se recuperando do parto e, de repente, eu estava passando mais tempo
com ela do que em casa. Então os gêmeos tiveram sarampo e você não quis uma
enfermeira para ajudar. Estávamos longe a maior parte do tempo. Fiquei
preocupado com seu cansaço, com a doença dos gêmeos, com Michael que não
dormia mais que meia hora seguida. Não quis sobrecarregá-la com problemas de
trabalho...
Daniel falava de meses atrás, quando tudo que ela achou que
poderia dar errado realmente deu. Jamais imaginou que um caso de seu marido
com outra mulher também fosse fazer parte de sua lista de problemas!
—Rachel... — ele sussurrou — nunca pensei em trair você! Mas ela
estava lá quando precisei de uma companhia e você não...
—Ah! Chega, pare de falar!
Daniel tentou aproximar-se e foi impedido. Apesar de não beber,
Rachel foi até o bar e, com as mãos trêmulas, preparou um uísque. Virou o copo
e fechou os olhos, numa tentativa de não perder o controle.
O coração disparou e não conseguiu respirar direito, o corpo ficou
paralisado enquanto o cérebro absorvia a dor e a angústia, e devagar espalhava
por todo seu ser, até que ela pensou que fosse morrer.
—Terminou Rachel! — ele repetiu angustiado. — Pelo amor de
Deus, acabou!
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sorriso foi como um bálsamo para seu coração ferido. Por alguns instantes,
Rachel esqueceu o mundo e deliciou-se brincando com a criança.
Não importava o que mais a vida lhe tirasse. Sempre teria o amor
de seus filhos.
O pequeno Michael estava transpirando e com a fralda molhada.
Ela levou-o para um banho. Enrolou-o em uma toalha e voltou ao quarto para
vesti-lo.
Normalmente descia para preparar o café da manhã da família e
só subia para se vestir depois que saíssem para o colégio e o trabalho.
Naquele dia seria impossível. Os gêmeos eram muito observadores
e perguntariam por que estava descabelada e usando a mesma roupa da noite
anterior.
Precisou de muita coragem para entrar no quarto onde Daniel
estaria quase acordando. Entrou devagar e olhou para a cama vazia. Escutou
então sons vindos do banheiro. Ele apareceu logo e se olharam ao mesmo tempo.
Em todos os anos de conhecimento nunca se sentira tão vulnerável
na presença dele, e tão consciente da própria aparência: os olhos inchados de
tanto chorar, o cabelo solto e despenteado.
Também estava absolutamente consciente da aparência de Daniel:
a altura, os músculos fortes no corpo atlético, o peito largo, as pernas longas e
robustas...
Com a boca seca, desviou os olhos.
Daniel parecia cansado, como se tivesse dormido pouco.
Provavelmente passara a noite pensando, racionalizando, a fim de encontrar
uma solução correta para uma situação impossível. Era sua especialidade:
transformar um desastre em sucesso.
Olhou-a de modo defensivo. Acabara de sair do banho e seu
cheiro excitou-a.
Magnetismo sexual não tem barreiras, pensou Rachel. Mesmo
sentindo raiva e desprezo, a paixão dominava seu ser.
Desviou a atenção e colocou Michael no meio da cama de casal, que
não fora desfeita. Notava-se que fora usada apenas pela marca do corpo de
Daniel sobre a colcha.
Michael tentava de todas as maneiras chamar a atenção do pai,
que só tinha olhos para Rachel. O bebê ficou vermelho e gritou querendo
sentar-se. Ela sorriu e estendeu a mão, Daniel reclinou-se do outro lado da
cama e pegou na outra mãozinha: era tudo que Michael precisava para conseguir
sentar.
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CAPÍTULO III
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—Meu Deus, isto não pode continuar assim. Precisa entender. Kate
já notou e em pouco tempo vai estar calculando há quanto tempo você está no
quarto de Michael.
—E não podemos magoar nossa querida Kate, não é? —ela
perguntou, deixando o ciúme transparecer.
A cama estava pronta, já podia sair do quarto...
—Deixe-me explicar sobre Lydia — Daniel falou, cauteloso. — Ela
não...
—Está planejando passar o resto do dia em casa?
—Sim, por quê?
—Porque quero sair e, se vai ficar aqui, me poupa o trabalho de
pedir para minha mãe vir e tomar conta das crianças.
Não fora uma decisão consciente, nem sabia por que havia dito
aquilo, mas a idéia de ter um tempo só para si era vital para sua sanidade.
Procurou no guarda-roupa sem saber o que vestir, até decidir-se
por um conjunto confortável. Daniel estava chocado e ficou imóvel até ela
terminar de se arrumar. Só então pareceu acordar.
—Se estava querendo ir a algum lugar, era só falar. Em dez
minutos me visto e podemos sair todos juntos.
Apressada, ela calçou os tênis, deixando-o ainda mais confuso.
—Rachel, não faça isto!
A voz dele estava embargada. Finalmente entendera que ela
queria sair sozinha.
—Você nunca saiu sem a gente antes. Espere um pouco e todos
nós...
Era verdade. Nunca havia saído sozinha antes. Ou estava com
Daniel ou com as crianças ou com a mãe dele. Pelo amor de Deus, logo faria
vinte cinco anos e era uma dona de casa com três filhos e um marido que...
—Vou sair sozinha. Não vai morrer se ficar com as crianças pelo
menos uma vez na vida!
—Sei disso, é que você nunca...
—Exatamente. Enquanto esteve ocupado, aumentando sua fortuna
e tendo seus casos, fiquei quieta, estagnada nesta droga de casa!
—Não seja tola — ele segurou-a pelo pulso. — Isto é ridículo, está
agindo como criança!
—Mas é justamente isto Daniel, será que não percebe? É
exatamente o que eu sou. Uma criança super protegida. Não amadureci porque
não tive chance. Lembre-se de que casamos quando eu tinha dezessete anos! Eu
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criara para ela brincar de esposa e mãe, porque era exatamente o que desejava
ser.
Andou durante horas sem perceber. Só quando estava exausta
decidiu voltar para casa. Tomou um táxi porque sentia frio, fome e porque, de
repente, sua casa era o único lugar onde queria estar.
CAPÍTULO IV
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desvencilhar. Ele mergulhou a língua em sua boca e ela sentiu uma onda de
desejo percorrendo seu corpo. Por mais que quisesse odiá-lo, era vulnerável ao
seu magnetismo. Tentou chutá-lo, mas não adiantou.
O corpo dela fervia de desejo, e não conteve um gemido quando
sentiu o membro rígido dele através do roupão.
“Não é justo! Ele não pode me usar assim!” Odiou-se e desprezou-
o por torná-la consciente da própria fragilidade.
—Eu te odeio! — ela gritou.
—É verdade. Mas você também me quer, Rachel. Está tão
desesperada de desejo que posso sentir sem tocá-la.
A amarga verdade despertou nela uma raiva descontrolada, e
atacou-o com as unhas. Só o reflexo rápido salvou o rosto de Daniel, que ficou
com um vergão enorme no pescoço.
—Sua gata danada!
—Detesto você!
—Bom — ele rosnou e, segurando-a com força, colocou-a de costas
para si. — O modo como vou fazer amor com você não vai mudar em nada seus
sentimentos.
—Tudo bem, assim pode acrescentar violação ao adultério.
—Violação? E desde quando preciso violentar você?
Em toda minha vida nunca conheci uma mulher tão ávida por sexo!
—Nem Lydia?
Daniel virou-a de frente e ela percebeu seu olhar atormentado.
—Pare com isso, Rachel! Não me provoque mais ou vou acabar
agindo de um modo que nós dois vamos nos arrepender depois!
Era o que estava fazendo? Estaria sendo demoníaca, induzindo-o a
possuí-la com raiva, apenas para provar que Daniel era tudo que pensava sobre
ele?
Sim, estava provocando-o quando o mais sensato seria sair rápido
do quarto. Queria alimentar o ódio e a angústia que sentia desde que Mandy
ligara. Rachel ouviu a própria voz.
—Então dê o fora daqui! Por que não age com dignidade e vai
embora? Ninguém o obriga a ficar! Nada aqui impede que vá para os braços de
sua preciosa Lydia!
—Não pode parar de mencionar este nome?
—Lydia — ela provocou. — Lydia, Lydia, Lydia!
Um brilho de dor passou pelos olhos dele. Daniel agarrou-a,
trazendo-a bem perto de seu corpo e falou com a voz rouca:
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Rachel, juro para você que jamais farei qualquer coisa que possa te magoar
outra vez.
Seria fácil perdoar e tentar esquecer todo sofrimento?
—Eu te amo Rachel!
—Não! — Ela acreditara nele uma vez e não queria sofrer mais. —
Não fale mais de amor. —Amor não tem nada a ver com o que acabou de
acontecer ou com a razão de você ter se casado comigo!
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CAPITULO V
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Ao chegar depois das seis horas, Rachel ficou feliz, pois não viu o
carro dele em casa. Carregada de pacotes, tocou a campainha.
—Meu Deus do Céu! — a mãe de Daniel exclamou, ao abrir a porta.
Olhou todos os pacotes e principalmente o rosto da nora.
—O que achou? — Rachel perguntou.
A mulher que saíra de casa cedo era completamente diferente da
que esperava ansiosa pela opinião da sogra.
O cabelo fora cortado na altura do queixo e repicado nas laterais.
O rosto recebera uma maquiagem tão natural que era quase impossível saber o
que havia de diferente, mas Jenny percebeu que a mudança era perturbadora.
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Não era tudo. Rachel saíra vestida com calça jeans e moletom.
Voltara com um conjunto de minissaia e blazer acinturado, de lã risca-de-giz
cinza e preto, meia-calça preta e sapatos de salto alto.
—Eu acho — Jenny Masterson finalmente murmurou —que é
melhor termos um uísque duplo pronto para quando meu filho chegar.
Era a melhor resposta que Rachel poderia desejar. Sentia-se
preparada para um desafio.
Sam entrou correndo na sala e gritou ao ver a mãe.
—Uau! — E continuou como se a nova Rachel não fosse diferente
da que ele estava acostumado a ver. — Ei, o que é que tem nestes pacotes?
Em menos de dez minutos, o chão da sala encheu-se com a metade
dos pacotes abertos. Sam correu para seu quarto com um novo jogo para o
computador e Kate ficou entretida com os presentes que Rachel comprara por
impulso quando Daniel entrou.
Ele ficou imóvel, assim como todos na sala. Kate parou de lidar
com o brinquedo, Jenny parou de tentar arrumar a bagunça e Rachel levantou-
se com as pernas tremendo e encarou Daniel com uma mistura de desafio e
desamparo.
Foi a mãe dele quem quebrou o encanto, carregando Michael e
chamando Kate para fora da sala. Jenny dissera a Rachel que as crianças ouvem
e sentem mais do que percebemos e ela recebera a mensagem. Provavelmente
andaram dizendo coisas à avó que não poderiam dizer aos pais.
No momento, sua atenção não estava nos filhos, mas em Daniel,
que a encarava sem demonstrar emoção. Começou a ficar nervosa ao perceber o
sorriso que se desenhava nos lábios dele, o mesmo sorriso de anos atrás,
quando ele a vira na discoteca.
—Bem, bem. Posso ver que o segundo estágio começou. Vai a algum
lugar especial? Desculpe-me Rachel, mas se me avisou de planos para esta
noite, creio que esqueci completamente.
O modo como ele disse “especial”, irritou-a. Daniel sabia muito
bem que ela não ia a lugar algum, então o que queria dizer com “segundo
estágio”? Também ficou óbvio que ele não diria nada a respeito de sua nova
aparência. Talvez não tivesse gostado, talvez preferisse a versão simples e sem
graça que não lhe causaria problemas.
Ou talvez estivesse inseguro quanto a esta Rachel! E se a
pergunta fosse séria e ele pensasse mesmo que ela ia a algum lugar?
—Se eu estiver pensando em sair, o que vai dizer? — ela
perguntou.
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CAPÍTULO VI
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Passou a mão pela cintura da mulher, puxando-a para mais perto. —Claire,
apresento Daniel Masterson, de quem já ouviu falar, com certeza.
—E quem não ouviu? Todos nós esperamos em suspense pelo
desfecho do caso Harvey.
O caso Harvey. Rachel baixou os olhos, pensando ser a única
pessoa no mundo que não sabia como o caso era importante.
—Prazer em conhecê-lo — disse Claire.
Daniel cumprimentou-a com um sorriso distraído. Sua atenção
estava concen-trada em Zac Cailum, que continuava a olhar para Rachel, sem
disfarçar o interesse.
—Gostaríamos de sua companhia, mas, infelizmente, já fizemos o
pedido — mentiu Daniel. —E... — ele não continuou, e ficou óbvio que não
desejava intromissão.
—Não se preocupe. — Zac deu um sorriso malicioso. —Não
queremos interromper os recém-casados.
Daniel abriu a boca para contestar, então percebeu o olhar de
Rachel e calou-se.
Não! Os olhos dela imploraram. Não diga a verdade. Zac sabe a
respeito de Lydia. Não permita que eu faça papel de tola, dizendo que é casado
há sete anos, que tem filhos, quando ele sabe sobre sua amante!
Ele sorriu sem graça e desviou o olhar. Engoliu em seco, frustrado
com a cena inesperada.
Então Daniel teve uma atitude estranha. Aproximou-se dela,
segurou seu rosto nas mãos e, na frente da melhor e mais esnobe sociedade
londrina, inclinou a cabeça e beijou-a com paixão.
Quando afastou-se, aparentava tanto pesar, que ela ficou com os
olhos marejados.
—A lua-de-mel ainda não terminou — zombou Zac. —Vamos, Claire,
creio que devemos deixar os dois pombinhos a sós.
—O que quer comer?
Sentindo-se desnorteada pelo beijo inesperado e a expressão
reveladora nos olhos de Daniel, Rachel forçou-se a prestar atenção nas
palavras dele. Ele voltara a sentar e olhava-a de modo intenso.
—Eu... — Olhou para o cardápio na sua frente, sem conseguir
enxergar. O coração batia descompassado e seus lábios ansiavam por outro
beijo. — Eu... não sei, peça para mim.
Com um sorriso, ele chamou o garçom e fez o pedido.
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—Entende agora por que não gosto de trazer você a lugares como
este? Ficamos sujeitos a interrupção a noite toda.
—E qual é o problema?
—Quando saio com você, quero tê-la só para mim. No fundo, ele
tinha razão. Foram interrompidos pelo menos mais três vezes durante a
refeição. Depois do café, Daniel levantou-se e estendeu a mão para ela.
—Venha. Vamos até a boate do clube. Pelo menos enquanto
dançamos ninguém vai interromper.
Entraram em uma sala escura. Da entrada, Rachel enxergou
apenas o outro lado, o bar e um pequeno palco onde um grupo de músicos tocava
jazz.
Daniel conduziu-a até a pista e tomou-a nos braços. Na mesma
hora foi assaltada pelo sentimento de estar nos braços de um estranho. Não
evitou um suspiro. Eh; percebeu a tristeza e fez mais pressão na mão que
segurava. A outra mão dele subiu da cintura para as costas, por dentro do
bolero, para aproximá-la mais e então parou. Ambos ficaram imóveis quando os
dedos entraram em contato com a pele nua e quente.
Rachel esquecera o modelo do vestido até aquele momento. Tentou
afastar-se, mas ele não permitiu e puxou-a ainda mais perto.
—Déjà vu — sussurrou em seu ouvido, e ela engasgou ao perceber
o significado.
A primeira vez que dançaram, usava uma mini blusa sob a qual ele
também enfiara os dedos, provocando o mesmo frêmito de desejo.
Dançaram colados, a mão de Daniel acariciando suas costas num
movimento sensual.
Ela quase podia escutar-lhe as batidas do coração enquanto uma
onda de calor e desejo inundava seu corpo. Percebeu o sexo de Daniel contra o
ventre e suspirou. A cabeça morena inclinou-se e ele roçou os lábios em seu
pescoço.
—Nada mudou entre nós. Depois de tantos anos, ainda temos este
incrível efeito um sobre o outro.
Ele tinha razão. Com um suspiro, Rachel permitiu-se fazer o que
mais ansiava e ergueu os lábios para beijá-lo.
Pela primeira vez, depois de várias semanas, fazia um movimento
voluntário na direção dele. Daniel tremia.
—Vamos para casa — ele disse com a voz rouca de desejo. —
Quero muito mais que dançar com você.
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Sem ao menos falar com Jenny, Rachel subiu para o quarto assim
que chegou em casa.
—Estou com dor de cabeça, por favor, desculpe-se com sua mãe
por mim.
Na verdade, não era só a cabeça que doía. Quando Daniel entrou
no quarto depois de ter levado a mãe para casa, ela ainda estava acordada, mas
fingiu dormir e concentrou a atenção nos movimentos dele.
Ele foi para a cama nu, como sempre dormia. Deitou de costas,
com as mãos servindo de apoio para a cabeça, e ficou olhando o teto escuro,
enquanto Rachel ficava imóvel a seu lado. No fundo de seu coração ferido, ela
desejava que o destino mudasse e desaparecesse com as últimas semanas.
Ficaram muito tempo imóveis, em silêncio, até que a tensão
tornou-se insuportável. Daniel deu um suspiro e virou-se para alcançá-la. Rachel
se entregou com avidez, e fizeram um amor desesperado e silencioso.
Lydia apareceu como um fantasma, esfriando seu corpo quando
acreditava estar chegando ao clímax. Daniel percebeu a mudança e ficou
imóvel, obser-vando-a lutar com a assombração que a magoava.
Rachel lutou com todas as suas forças, os olhos apertados contra
as lágrimas, os lábios insaciáveis e as mãos travadas nos ombros de Daniel.
Sentiu o corpo pronto e percebeu que conseguira afastar Lydia. Com um
tremor, puxou-o pelo
quadril.
—Rachel —ele sussurrou ao penetrá-la. Apenas Rachel, inúmeras
vezes, compreendendo que ela lutara e vencera a batalha por causa dele.
Quando acabou, ela sentiu-se solitária e vazia.
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sua mente. Queria a confiança que ela não conseguia mais ter, o que contribuiu
para que o casamento continuasse em crise durante semanas.
Uma tarde, leu uma notícia no jornal que deixou-a inquieta. Zac
Callum faria uma palestra aquela noite sobre seu trabalho, na escola de Artes,
e a entrada era aberta a todos os interessados.
Como Daniel estava fora, decidiu pedir para a mãe ficar com as
crianças e participar. No fundo, compreendia que a necessidade de ferir o
marido era maior que a vontade de assistir à palestra.
Culpa dele, Rachel pensou ao estacionar o carro. O fato de saber
que ele sentia ciúme de alguém como Zac Callum a incentivara a sair de casa.
Sentou-se no fundo da sala, sem esperar que Zac a reconhecesse
ou lembrasse dela. O encontro entre eles fora breve. Mas ele reconheceu-a e
lembrou-se na hora. Caminhava para o palco, relanceando o olhar sorridente
pela platéia, quando a viu. Parou, encarou-a, e Rachel corou ao ser alvo do
sorriso de reconhecimento na frente de todos. Sorriu de volta com timidez e
afundou-se na poltrona.
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Algumas semanas mais tarde, ela saiu de casa para a primeira aula.
Daniel não disse urna palavra, mas ela sabia sua opinião. Quando voltou, ele nem
esperou pela escuridão do quarto para procurá-la. Tão logo entrou em casa,
tomou-a nos braços e levou-a para cama e, apesar de estarem famintos de
desejo, mais uma vez ela não chegou ao clímax.
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—Não tem problema, prefiro ficar aqui com você — ele disse com
a voz rouca.
Um calafrio percorreu seu corpo.
—Na próxima pode virar à esquerda. — Ela mudou de assunto.
—O que Daniel acha de você estar comigo toda quarta-feira à
noite?
Rachel engoliu em seco. Não queria falar sobre Daniel, nem baixar
sua guarda.
—Ele me dá o maior apoio — disse, rindo da mentira. Daniel
detestava que ela fizesse o curso e detestava vê-la sempre com o caderno de
desenho na mão, lembrando-o quem era o responsável por sua volta às artes.
—Mas ainda não fez nenhuma caricatura dele. Já desenhou todos
da família, menos Daniel.
—Ele não é um bom modelo —ela disse. — Agora pode seguir reto
até a próxima bifurcação.
—Daniel? Pois acho que ele é o modelo ideal, um demônio nos
negócios e um homem comum em casa. Um ótimo tema para uma caricatura
misturando os dois.
Não concordou. No momento, não via nada de engraçado em Daniel.
Há algum tempo teria se deliciado fazendo a caricatura dele, agora não mais.
—Um dia desses vou fazer. —Chegamos. Minha casa é aquela
branca com a BMW preta na frente.
Daniel já estava em casa. Sentiu um arrepio que não era de frio.
Zac parou e desligou o carro. Podiam escutar o barulho da chuva
nos vidros. Ele virou-se no banco para olhar Rachel e ela encarou-o.
—Bem, obrigada pela carona — disse, sem fazer nenhum
movimento para sair do carro. Sentia-se presa numa armadilha pela expressão
de Zac, pelo calor do carro e pela própria sensação de desejo.
—Foi um prazer — ele disse, ausente.
A mente dele estava longe, procurando no rosto de Rachel um
sentimento que ela não sabia se aparentava ou não. Logo percebeu que sim, pois
Zac inclinou-se e beijou seus lábios com suavidade. Não correspondeu nem se
afastou. A mão dele acariciou seu rosto, o polegar tocando seus lábios para que
abrissem. Subitamente, ela teve certeza que não era o que queria e afastou-se.
Ele deixou-a ir, encostando-se no assento e olhando-a através dos olhos
semicerrados.
—Desculpe — ela murmurou, confusa.
—Do quê?
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—Meu Deus! Pare com isso! — Ele fechou os olhos e seu rosto
transformou-se com a dor.
—Eu te desprezo, sabia? — ela murmurou com amargura e entrou
no banheiro.
Saiu mais calma, e viu Daniel sentado na beirada da cama, com a
cabeça enterrada nas mãos. Uma visão triste como tudo que acontecia nos
últimos meses. Não se lembrava de um dia alegre, cheio de risos dentro de
casa.
—Quero me deitar —ela disse, recusando-se a sentir pena. Daniel
não se moveu. Depois de um longo minuto, porque ele estava magoado e ela o
amava tanto, Rachel deu um gemido e ajoelhou-se na frente dele.
—Quer mesmo saber o que aconteceu esta noite? Zac quis ficar
comigo e eu o rejeitei, em troca, ele me atormentou falando de Lydia. Lydia —
ela repetiu, arrasada. —A famosa advogada que combina mais com Daniel
Masterson do que a patética Rachel!
—Isto não é verdade — ele murmurou, tenso.
Não? — Os olhos dela ficaram marejados. Pois eu acho que é. Você
deslanchou e tomou um caminho, Daniel, enquanto eu fiquei para trás. Estamos
nos distanciando, e por isso acredito que as Lydias da vida combinam com você
muito mais do que eu!
Para sua surpresa, ele riu, sacudindo a cabeça como se não
acreditasse no que dissera.
—Parece que eu quero combinar com outra pessoa? Minhas malas
estão prontas? Rachel, por pior que seja meu erro, não quero sair de casa, não
quero deixar você!
—Lydia — ela sussurrou — ela é...
—Ao inferno com Lydia! O problema não é ela. É um assunto entre
nós dois saber se ainda podemos ficar juntos.
Eu sei que só está comigo porque tem a consciência culpada,
Daniel.
—Com certeza, tenho — ele disse, com amargura. —Mas não pense
que sou alguma espécie de mártir para viver sofrendo. Se eu não achasse que
nosso casamento vale a pena, já teria ido embora há mu e tempo: Pode estar
certa! Se quer saber por que ainda estou aqui...
Daniel segurou o rosto de Rachel e beijou-a com paixão, depois
continuou com a voz embargada.
—Eu te quero. —Para mim, estar com você nunca é o suficiente.
Mesmo depois de sete anos, meu corpo enrijece de desejo só de olhar para
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você. —Meu Deus, eu nem mesmo consigo me controlar, faço amor sabendo que
não te satisfaço mais!
Ele sacudiu a cabeça desgostoso e continuou:
—Mas por que você não me mandou embora, Rachel? Eu te magoei,
destruí sua confiança na vida, por que ainda está comigo?
—Eu... — Não, a resposta iria deixá-la ainda mais humilhada.
—Então, é o que deseja? Quer que eu vá embora?
—Não — ela disse baixinho, com vontade de chorar.
—E por que não? Como consegue conviver comigo na mesma casa,
na mesma cama, fazendo amor com você? Como?
“Porque eu te amo, seu bobo”, ela pensou e não conseguiu mais
controlar as lágrimas.
Daniel deu um suspiro e abraçou-a com força, apertando-a de
encontro ao corpo e falou em seu ouvido.
—Ainda pensa que estamos nos distanciando? — disse com voz
sensual.
Beijou-a com ardor, sem lhe dar chance de pensar ou retrucar,
até que ela sentiu-se derreter de desejo. A voz dele tirou-a do sonho no qual
mergulhara.
—Deixou que aquele sem-vergonha tocasse em você? Deixou? —
ele repetiu, quando ela ficou muda. — Eu quero saber! Preciso saber!
Os olhos azuis brilhavam furiosos, sem acreditar no que ele
dissera. Rachel encarou-o e disse com raiva:
—Vá para o inferno!
Ele foi e levou-a junto. Arrancou sua camisola e as próprias roupas
e amou-a com violência e desespero. Quando terminou, ela virou-se para o lado
e Daniel foi para o banheiro. Depois de muito tempo, voltou para a cama, e
Rachel já estava dormindo.
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Sim, ela entendia. Ele queria um voto de confiança que não sabia
se lhe daria outra vez.
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A Falta Que Você Me Faz Michelle Reid
Ver Daniel no chão com os filhos era ver o antigo Daniel, e não o
empresário apressado e sem tempo para aproveitar o amor que as crianças
ofereciam,
Ele estava deitado no chão com os três em cima, Michael entre os
gêmeos que lhe seguravam os braços e pernas.
—Eu me rendo! — Daniel gritou. — Ajude-me, Rachel! Socorro!
Com cuidado, para não cair em cima deles, ela pegou Michael em
um braço e, com o outro, puxou Kate, deixando Daniel livrar-se de Sam. Ele
levantou-se com o filho agarrado a seu pescoço e encheu-o de beijos estalados.
Sam protestou, na verdade, adorando cada minuto. A única
maneira de dar a garotos de seis anos os beijos e carinhos que precisam, e não
admitem, era brincando corno Daniel fazia. Ao ser colocado no chão, Sam
estava corado de alegria, mas fingiu não gostar. Logo riu, vendo o pai atrás de
Kate. Ela era mais fácil de ser apanhada. Fingiu relutar, mas o que mais queria
era ser carregada pelos braços fortes e receber muitos beijos.
O pequeno Michael olhava divertido. Rachel abraçou-o com força,
lembrando que também tinha sua vez, antigamente.
Daniel pensava a mesma coisa ao colocar Kate no chão e olhar
incerto para Rachel. Sentindo-se tímida, estendeu Michael e baixou os olhos.
Daniel compreendeu e deitou-se no sofá para brincar com o bebê.
Naquele momento, a árvore de Natal ameaçou cair. Rachel correu
para segurar e ficou presa nos galhos. Daniel levanto-se depressa, alcançou-a e
colocou a árvore no lugar. Ela foi desembaraçada dos galhos, por mãos gentis e
firmes.
—Você arranhou o queixo — ele observou e abaixou a cabeça para
pousar os lábios na pequena marca no canto da boca de Rachel. Passou a língua
com suavidade e ela sentiu um arrepio de desejo.
—Olá — murmurou com suavidade, reparando que ela corava.
—Oi— ela respondeu, sem coragem de enfrentar seu olhar. Então
a boca de Daniel procurou a dela outra vez, para um beijo mais profundo e
íntimo. O calor dos corpos envolveu-os e se entregaram sem reservas.
A campainha tocou, forçando uma separação relutante, e os
gêmeos foram abrir a porta para a avó, que já era esperada.
—Sua mãe vai levá-los a uma celebração de Natal —Rachel
explicou.
—Vai mesmo? — ele respondeu, olhando-a com intensidade. — Bom
— murmurou e beijou-a outra vez, devagar, suave, brincando com a língua em
seus lábios.
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—Eu ainda não acredito no que você fez. Chego depois de uma
semana infernal em Huddersfield, procurando um pouco de consolo em minha
própria casa e o que encontro? Uma esposa vingativa que me expulsou do
quarto. O que eu sei é que você não quis mudar para uma casa maior, por que
então eu devo perder meu conforto?
O olhar acusador dele fixou o rosto de Rachel.
—Que droga, droga, droga!
—Por que não vai ficar com Lydia, então? Quem sabe ela te
acomoda melhor? — ela disse, irritada, e saiu do quarto sem dar tempo para ele
responder.
Desceu para a cozinha e, em vez de colocar a louça na máquina,
resolveu lavar tudo na tentativa de se acalmar.
Duas mãos apareceram ao lado de sua cintura, prendendo-a contra
a pia e uma boca cálida beijou-lhe a nuca.
—Desculpe — Daniel murmurou, —eu não queria dizer nada daquilo.
Ela esfregou o prato com mais força.
—Então por que falou?
—Porque... — ele não terminou a frase, preferindo beijar seu
pescoço.
—Por que o quê? — ela insistiu, empurrando-o com o ombro.
—Porque fiquei desapontado. Só pensei em você naquela cama
durante a semana inteira. Porque esqueci que seus pais viriam, porque não quero
dormir no quarto de Sam. —Quero dormir com você. Quero acordar na manhã
do Natal com seu rosto ao meu lado. Existe mais um milhão de porquês, mas o
mais importante é que está me tirando o único lugar onde me sinto próximo de
você. Eu preciso daquela cama, Rachel!
Com um movimento brusco, ela deixou o prato cair na pia e
chorando, virou-se para abraçá-lo.
—Desculpe, Daniel, estou tão infeliz!
—Eu sei — ele concordou, abraçando-a com carinho.
Finalmente, ela parou de chorar e acalmou-se. Daniel ergueu seu
queixo com a mão.
—Minha mãe vai me matar se vir você assim. Basta um olhar e ela
vai me culpar sem ouvir explicações.
Rachel sorriu porque ele estava certo. Jenny ficava sempre do seu
lado, mesmo se não tivesse razão.
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CAPÍTULO X
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que sentara assim, recebendo o mesmo carinho enquanto ele pensava. Não
houve raiva naquela época e não havia agora.
—Bem — ele disse subitamente — então é isto. — Virou o rosto e beijou os
lábios dela. — Querendo ou não, vamos comprar uma casa maior. Não há mais
quartos disponíveis aqui!
Com os gêmeos, ele usara uma frase parecida para anunciar sua
concordância. Daniel tinha esta capacidade de aceitar o inevitável.
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que folheava não tinha caricaturas a não ser a que acabara de ser feita. Era
seu trabalho mais sério, até então mantido longe de olhares curiosos.
O retrato de Sam refletia seus traços com perfeição, tão
parecido com Daniel. Kate aparecia com o longo cabelo loiro emoldurando o
rosto satisfeito. Captara sua expressão quando pediu ao pai para comprar um
pônei para a nova casa.
Havia muitos desenhos de Michael, pois era o que passava mais
tempo a seu lado.
—Os desenhos são bons —Daniel disse, sério.
Rachel inspirou fundo, pois sabia o que havia na próxima página.
—Obrigada — ela disse e fez menção de pegar o caderno. Daniel
não permitiu e assim que virou a folha ficou chocado. Ele esperava se ver
desenhado, ela percebeu depois. Parecia lógico depois dos filhos, mas não era
Daniel.
O desenho mostrava o rosto de uma jovem Rachel, que mudara
pouco ao longo dos anos. A boca cheia e suave, o nariz delicado. Mas os olhos,
sempre expressivos, mostravam uma tristeza que tocava a alma. Para Rachel,
era como olhar uma estranha. Odiou o desenho ao terminar. Captara a criatura
triste que as pessoas viam quando a olhavam nos dias atuais. Fizera uma cruz
atravessando a página.
—Por que fez isto? — Daniel perguntou e percorreu com o dedo
uma das linhas da cruz que ~cruzava o canto da boca.
Rachel sentou-se na cama e afastou-se dele.
—Ela não é como eu. Não gosto dela!
Sem comentários, ele estudou o desenho por um longo tempo e
Rachel levantou da cama, fingindo interesse nas roupas jogadas no chão.
—Nem de mim — ele finalmente falou ao virar a página e dar de
cara com o demônio.
O sorriso de Rachel foi forçado.
—Como pode dizer isto? — zombou. — É assim que eu te enxergo.
Sabia o motivo, mas não conseguia explicar por que nunca
desenhava Daniel. Ele era diferente. Apesar de ser parte da família, de certo
modo não era. Os outros rostos no caderno eram parte dela. Daniel costumava
ser a sua parte mais importante; mas não era mais. Desaparecia no lugar de seu
coração de onde brotavam os desenhos.
Ele não a amava como os outros. Era o elo quebrado da corrente
familiar.
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CAPÍTULO XI
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CAPÍTULO XII
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as mulheres usam para humilhar um homem. O insulto foi uma alegria para mim!
Finalmente ela disse a verdade que eu sentia no íntimo. —E esta — Daniel
virou-se e enfrentou olhar de Rachel — é a pura verdade. Se não quiser
acreditar, não posso culpá-la.
Rachel abaixou a cabeça. Queria e precisava acreditar mas...
—Dinheiro e poder só têm valor se eu tiver o seu perdão, Rachel.
—Você já teve — ela respondeu, ainda em dúvida se acreditar ou
não na história que ele contara.
—O que mais quer que eu diga? Não posso tirar da sua só você
pode fazer isto!
Impaciente, Rachel levantou-se. Daniel deixara em suas mãos
resolução do problema que estavam tendo no casamento.
A revelação do que ele pensava e sentia não ajudou-a a revelar.
Andou pela sala, com a cabeça baixa, e percebeu que também era culpada.
Assim como Daniel, mantiver a uma parte de sua personalidade escondida. Como
ele poderia adivinhar que seus sonhos eram relacionados ao casamento e à
maternidade, se nunca dissera uma palavra a respeito?
Depois de tantos meses de sofrimento, conseguiria ser tão
honesta quanto ele? Era o único modo de salvar o que restara do casamento.
Reunindo coragem, virou-se para enfrentá-lo. Foi então que os viu
na parede atrás da cabeça de Daniel, e seu coração disparou. Os desenhos que
fizera de si e dos filhos estavam emoldurados e pendurados.
—Eu roubei de você — Daniel confessou. — Quis tê-los por perto
para olhar quando sentisse saudades. Ficou brava?
Rachel surpreendeu-se por não ter dado falta, mas com a
proximidade da mudança, nem pegara mais no caderno.
—Você conseguiu que tirassem a cruz. —Sentiu-se estranhamente
exposta. — Não se parece muito comigo.
Não queria aceitar o que seus olhos viam.
—Esta é você — Daniel insistiu. — E seu eu verdadeiro. Uma bela
galeria familiar — disse com orgulho.
—Só falta você.
—Pode me dizer por quê? Por que nunca desenhou meu retrato?
Rachel hesitou para responder. Era a hora da verdade, decidiu.
—As crianças me amam. Eu não tinha mais certeza do seu amor.
Tentei desenhá-lo, mas os traços ficaram distorcidos e desisti.
—Callum viu estes desenhos?
—Não, além de você, ninguém mais viu o caderno.
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onde trocaram as chaves com Archer. A razão da mudança logo ficou clara. O
bebê adormecido foi colocado na cadeira apropriada.
Archer andou em direção à BMW e Kate o chamou. A garota olhou
suplicante para o pai. Este concordou com um aceno, e Archer, sorrindo,
estendeu-lhe a mão. Kate beijou o pai em agradecimento e correu para o jovem
funcionário.
Os outros membros da família entraram na perna e partiram.
—Meu Deus! — alguém exclamou. —Eles fazem o que querem do
chefe! Se eu soubesse a fórmula, juro que ficaria rico!
—Acho que sei — um outro falou. — Olhos azuis, cabelo loiro e um
corpo maravilhoso, mesmo grávida.
—Parece que ouvi sobre um caso dele com Lydia Marsden há pouco
tempo.
—Imagine só. Que idéia ridícula!
—Belos filhos.
—Bela esposa.
—Belo carro.
—Bela casa? — A brincadeira continuou pela sala.
—Bela empresa.
—E um belo chute no traseiro se não voltarem já ao trabalho! —
gritou o chefe do departamento.
Daniel ajustou o banco para o seu tamanho e disse:
—Vou comprar uma cadeira para Michael e deixar no meu carro.
—E arranhar sua imagem de machão insensível?
—Ah, é? Você reparou nas janelas do prédio?
—Não, por quê?
Rachel olhou para fora, notou uma multidão de rostos nas janelas
e corou.
—Será que vão zombar de você por nossa causa? — ela perguntou,
ansiosa.
—Não na minha frente, se tiverem um mínimo senso de auto
preservação. Mas só Deus sabe o que estão falando agora.
—Não se preocupe. — Rachel colocou a mão sobre a coxa de
Daniel. — Nós te amamos, machão insensível ou não.
—Se continuar com a mão aí, dirão que sou um maníaco sexual!
—O que quer dizer isso? — uma jovem voz perguntou de trás.
—Quando for um pouco mais velho, eu explico, filho —Daniel
respondeu.
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***FIM***
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Digitalizado por Ilnete
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