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Faculdade de Direito
MICROECONOMIA
1.º Semestre de 2008/2009
João Amador
Paulo Gonçalves
CADERNO DE EXERCÍCIOS
[TÓPICOS DE RESOLUÇÃO I]
1
I. Análise e representação gráfica de funções lineares
1. […]
2. […]
3. Resposta a) é a correcta.
4. Resposta a) é a correcta.
5. Resposta b) é a correcta.
6. Neste exercício, existe apenas um recurso ou factor produtivo, o factor trabalho, sendo a
dotação de recursos do sr. Júlio correspondente a 9 horas diárias; a tecnologia é
traduzida nos seguintes coeficientes técnicos [i.e., quantidade de recursos que são
necessários para produzir uma unidade de cada um dos bens]:
Coeficientes técnicos
Vasos 1,5
Estatuetas 3
2
Estatuetas
3 Cabaz (3,2)
2 Cabaz (3;1,5)
1,5 Cabaz (3,1)
1
Vasos
3 6
Ainda no que se refere a este gráfico, identificaram-se três cabazes de bens distintos:
dados os recursos e a tecnologia (traduzida nos coeficientes técnicos) disponíveis, o sr.
Júlio não consegue produzir o cabaz (3,2), na medida em que este se encontra para lá do
seu espaço de possibilidades de produção [ele necessitaria de 10,5 horas de trabalho
para, com a tecnologia disponível, conseguir produzir 3 vasos e 2 estatuetas por dia]; já
os cabazes (3;1,5) e (3,1) são cabazes que o sr. Júlio consegue produzir, dados os
recursos e tecnologia disponível (ou seja, são cabazes que pertencem ao espaço de
possibilidades de produção do sr. Júlio); Ainda assim, o cabaz (3,1) é um cabaz que
envolve a não utilização de todos os recursos disponíveis, e/ou a utilização de tecnologias
desadequadas (por exemplo, o sr. Júlio utilizaria todos os seus recursos, na produção
deste cabaz, se, em vez de recorrer à “melhor” tecnologia disponível, que lhe permite
produzir uma estatueta em 3 horas de trabalho, recorresse a uma “pior” tecnologia que
apenas lhe permitisse produzir uma estatueta em 4,5 horas de trabalho).
b) Para produzir uma estatueta adicional, o sr. Júlio terá de utilizar mais três horas de
trabalho na produção de estatuetas, o que o obrigará a reduzir o tempo dedicado à
produção de vasos em 3 horas. Ora, na medida em que estas 3 horas teriam permitido
produzir dois vasos [i.e., um vaso por cada 1,5 horas], então a produção de uma
estatueta adicional obriga o sr. Júlio a “sacrificar” a produção de dois vasos. Nestes
termos, o custo de oportunidade de uma estatueta corresponde a 2 vasos.
c) Neste caso, estamos perante uma alteração dos recursos disponíveis na economia. Ora,
um aumento dos recursos disponíveis, sem que se tenha alterado a tecnologia (ou os
coeficientes técnicos), resulta numa expansão da Fronteira de Possibilidades de Produção.
3
Se o sr. Júlio utilizar todos os seus recursos na produção de vasos, consegue produzir um
máximo de 8 vasos [12 horas de trabalho a dividir por 1,5 horas que leva a produzir cada
um dos vasos]; se o sr. Júlio utilizar todos os seus recursos na produção de estatuetas,
consegue produzir um máximo de 4 estatuetas [12 horas de trabalho a dividir por 3 horas
que leva a produzir cada uma das estatuetas].
FPP da alínea a)
Estatuetas
4
Nova FPP
Vasos
6 8
d) Neste caso, ocorre uma alteração da tecnologia de produção (ou coeficientes técnicos) de
produção de vasos, o que altera a quantidade máxima de vasos que é possível produzir,
reflectindo-se também na inclinação da Fronteira de Possibilidades de Produção e nos
custos de oportunidade associados a cada um dos bens. Ou seja, a quantidade máxima
de Estatuetas que o sr. Júlio consegue produzir é, agora, igual a 4,5 [9 horas de trabalho
a dividir por 2 horas que leva a produzir cada uma das estatuetas], sendo o custo de
oportunidade das estatuetas igual a 1,33 (i.e., 2/1,5) e o custo de oportunidade dos
vasos igual a 0,75 (i.e., 1,5/2). A inclinação da FPP aumenta, passando a ser igual a 0,75
(i.e., o custo de oportunidade do bem que aparece identificado no eixo das abcissas).
4
Estatuetas
FPP da alínea a)
4,5
Nova FPP
3
Vasos
6
7. No exercício anterior, os coeficientes técnicos eram constantes (ou seja, a quantidade de
horas necessárias para produzir uma unidade de cada um dos bens é um valor que não
varia com a quantidade de bens que são produzidos); nos casos de tecnologia
representada por coeficientes técnicos constantes, a Fronteira de Possibilidades de
Produção é linear (ou seja, é representada por uma recta), assim como os custos de
oportunidade são constantes, não variando com a quantidade dos bens que é produzida –
a este propósito, recorde-se que existe uma relação entre a inclinação da FPP e os custos
de oportunidade.
5
Cabaz de Produção
Y
Cabaz (2,12)
16
Cabaz (2,7)
15
12
Cabaz (5,7)
7
Recta de Preços
X
1 2 3 4 5
Ora, uma economia que não utiliza todos os seus recursos (i.e., uma situação de
desemprego) ou que recorra a tecnologias desadequadas, produz um cabaz inferior à
respectiva Fronteira de Possibilidades de Produção. Nestes termos, as proposições (i) e
(ii) são de veracidade duvidosa. Ou seja, sabendo apenas que a economia está a produzir
um cabaz interior ao respectivo espaço de possibilidades de produção, não poderá
concluir que existe uma situação de desemprego, uma vez que tal poderá igualmente
resultar de uma utilização de tecnologias desadequadas; o mesmo se aplica à proposição
(ii).
6
Já relativamente à proposição (iii), é razoável antecipar que o bem-estar do consumidor
aumenta em função da quantidade de bens que consome, pelo que, para um qualquer
cabaz localizado no interior do espaço de possibilidades de produção, é possível definir
vários cabazes sobre a fronteira de possibilidades de produção que sejam preferidos pelo
consumidor, face aquele cabaz no interior do espaço de possibilidades de produção. Por
exemplo, os cabazes (2,12) e (3,7) tenderão a ser preferidos, pelo consumidor, face ao
cabaz (2,7), uma vez que aqueles cabazes envolvem o consumo de uma maior
quantidade de um dos bens (e a mesma quantidade do outro bem). Nestes termos, a
proposição (iii) será falsa.
Ainda relativamente ao cabaz (5,7), não sendo o mesmo um cabaz possível de produção,
este cabaz poderá, em determinadas circunstancias, ser um cabaz possível de consumo,
dependendo do preço relativo a que os bens são transaccionados no mercado
internacional (o que determinará os ganhos de especialização e de troca que resultam da
abertura da economia ao comércio internacional). Um exemplo de um tal cenário é
representado no gráfico, através da linha recta (recta de preços), cuja inclinação coincide
com o preço relativo do bem X (i.e., o preço do bem X a dividir pelo preço do bem Y), que
se aplica às trocas comerciais entre países.
8. […]
a) O agricultor B tem vantagem relativa na produção de cenouras, uma vez que o mesmo
apresenta um custo de oportunidade (associado à produção de cenouras) mais reduzido
do que o agricultor A. Ou seja, o agricultor B apenas “sacrifica” 2 kg de batatas, para
produzir 1 kg de cenouras, enquanto que o agricultor A teria de sacrificar uma maior
quantidade de batatas para produzir a mesma quantidade adicional de cenouras.
7
b) O custo de oportunidade de produzir um kg de batatas é igual a 1/3 e ½, para os
agricultores A e B, respectivamente.
d) O agricultor B tem vantagem absoluta na produção de cada um dos bens, uma vez que
consome menos recursos do que o agricultor A para produzir a mesma quantidade
daqueles bens (esta conclusão resulta da comparação entre os coeficientes técnicos). Já
no que concerne a vantagem relativa, o agricultor B tem vantagem relativa na produção
de cenouras, enquanto que o agricultor A tem vantagem relativa na produção de Batatas
(esta conclusão resulta da comparação entre custos de oportunidade). Note que,
independentemente da vantagem absoluta, qualquer um dos agentes económicos terá
vantagem relativa na produção de um dos bens, nomeadamente, por ser este um
conceito relativo.
8
e) Numa economia de mercado com comércio livre entre os agentes económicos, conclui-se,
numa análise positiva, que os agentes económicos especializar-se-ão na produção do bem
para o qual apresentam vantagem relativa. Nestes termos, os agricultores A e B irão
especializar-se na produção de Batatas e de Cenouras, respectivamente. Já o preço
relativo das cenouras (i.e., o preço das cenouras a dividir pelo preço das batatas) será
maior do que 2 (i.e., custo de oportunidade da produção de cenouras, para o agricultor B)
e menor do que 3 (i.e., custo de oportunidade da produção de cenouras, para o agricultor
A) – veja a explicação que é apresentada no exercício 10.
9. […]
a) A construção do 3º estádio obriga a “sacrificar” 100 kms de auto-estrada, pelo que este
será o custo de oportunidade do 3º estádio. Ou seja, verifica-se que a construção do 3º
estádio reduz os quilómetros de auto-estrada possíveis, ao longo da FPP, de 640km para
540km, i.e., um “sacrifício” de 100 quilómetros de auto-estrada.
A vantagem relativa pode ser determinada por comparação dos custos de oportunidade
dos vários agentes económicos.
9
Nestas condições, o empreiteiro A apresenta uma vantagem relativa na produção de
estádios, na medida em que este empreiteiro “sacrifica” menos quilómetros de auto-
estrada para produzir um estádio adicional do que “sacrificaria” o empreiteiro B. Ou seja,
na medida em que o empreiteiro A tem um custo de oportunidade (de produção de
estádios) mais reduzido do que o empreiteiro B.
10. Estamos na presença de uma economia com dois agentes económicos (Portugal e
Espanha), dois bens (Automóveis e Televisores) e um factor produtivo (Trabalho). A
tecnologia é representada pela seguinte matriz de coeficientes técnicos, a qual identifica,
para cada país e para cada bem, a quantidade de recursos necessários à produção de
uma unidade do bem:
Portugal Espanha
Televisores 10 20
Automóveis 40 20
10
Em termos de análise positiva, é precisamente aquele o padrão de especialização que
resulta de uma economia de mercado, com comércio livre entre os dois países. O
mecanismo que conduz a tal resultado é o mecanismo de preços. Senão vejamos: no que
se refere aos preços a que cada um destes bens poderá ser transaccionado no mercado,
vamos considerar três cenários alternativos:
A escolha destes três cenários é tal que, no 1º cenário, o preço relativo do automóvel
(i.e., o preço do automóvel a dividir pelo preço do televisor) é inferior ao custo de
oportunidade de produzir um automóvel em Espanha; no 2º cenário, o preço relativo do
automóvel pertence ao intervalo delimitado pelos custos de oportunidade de produzir um
automóvel em Espanha e em Portugal; no 3º cenário, o preço relativo do automóvel é
superior ao custo de oportunidade de produzir um automóvel em Portugal. Note que estes
três cenários esgotam as possibilidades, relativamente ao preço relativo do automóvel,
conforme resulta da ilustração seguinte:
1 4 Preço relativo
dos automóveis
Custo de oportunidade Custo de oportunidade
dos automóveis, em dos automóveis, em
Espanha Portugal
Análise do Cenário II
11
valor entre 1 e 4, para o preço relativo do automóvel, permitiria chegar ao mesmo tipo de
conclusão.
Assim sendo, no cenário II, e em termos de análise positiva, Espanha optará por
especializar-se na produção de automóveis, ou seja, na produção do bem em que
apresenta vantagem relativa. O mesmo raciocínio levar-nos-ia a concluir que Portugal se
especializaria na produção de televisores.
No cenário I, conclui-se que seria “lucrativo”, quer para Portugal quer para Espanha,
reduzir a produção de automóveis e, ao mesmo tempo, especializar-se na produção de
televisores. De facto, para qualquer um daqueles países, o preço (relativo) do automóvel,
nas torças internacionais, seria inferior ao custo (de oportunidade) de produzir
automóveis, pelo que a produção deste bem não seria “lucrativa”. Ora, esta situação em
que ambos os países se especializam na produção de televisores, exportando este bem e
importando automóveis, dá origem a um excesso de procura de automóveis e a um
excesso de oferta de televisores, não podendo, por isso, constituir uma situação de
equilíbrio. Face ao excesso de procura de automóveis e ao excesso de oferta de
televisores, o preço relativo dos automóveis tenderá a aumentar nos mercados
internacionais.
12
No cenário III, conclui-se que seria “vantajoso”, quer para Portugal quer para Espanha,
especializar-se na produção de automóveis. Ou seja, neste cenário, o preço (relativo) do
automóvel seria superior ao custo (de oportunidade) de produzir automóveis, quer em
Portugal quer em Espanha, pelo que a especialização na produção de automóveis será
“lucrativa” para qualquer um daqueles países. Ora, esta situação em que ambos os países
se especializam na produção de automóveis, exportando este bem e importando
televisores, dá origem a um excesso de procura de televisores e a um excesso de oferta
de automóveis, não podendo, por isso, constituir uma situação de equilíbrio. Face ao
excesso de procura de televisores e ao excesso de oferta de automóveis, o preço relativo
dos automóveis tenderá a diminuir nos mercados internacionais.
Face a todo o exposto, conclui-se que o único cenário compatível com uma situação de
equilíbrio de mercado – i.e., uma situação em que não se verificam excessos de procura
ou de oferta, em nenhum dos mercados de bens – é o cenário II, ou seja, precisamente o
cenário em que cada um dos países se especializa na produção do bem em que tem
vantagem relativa.
d) De acordo com o raciocínio da alínea anterior, a solução de mercado resulta num preço
relativo do automóvel superior a 1 e inferior a 4.
13
Qualquer outra alteração no coeficiente técnico de produção automóvel, em Portugal –
i.e., se este coeficiente técnico assumisse qualquer valor superior a 10 –, não teria
implicações sobre os padrões de especialização e de troca das economias que foram
identificados nas alíneas anteriores.
11. […]
12. […]
Esta conclusão poderá ser ilustrada através da seguinte representação gráfica, onde se
observa que o espaço de possibilidades de consumo (área delimitada pela recta de
preços) é maior do que o espaço de possibilidades de produção (área delimitada pela
FPP), sendo a diferença entre aquelas áreas o reflexo dos ganhos de especialização e de
troca que resultam da abertura da economia ao comércio livre de bens:
14
Y
Cabaz Produzido
FPP
Recta de Preços
c) Esta afirmação é falsa, conforme resulta, aliás, das explicações já apresentadas na alinea
e) do exercício 10.
15
acréscimo da receita que resulta da produção de uma unidade adicional do bem) e os
custos marginais (ou seja, o acréscimo de custos que resulta da produção de uma
unidade adicional do bem), devendo o produtor aumentar a quantidade produzida se e
enquanto a receita marginal for superior ao custo marginal – ou seja, se o acréscimo de
receita associada a um pequeno aumento na quantidade produzida (i.e., a receita
marginal) é superior ao acréscimo de custo associado ao mesmo pequeno aumento da
quantidade produzida (i.e., o custo marginal), então será lucrativo, para o produtor,
proceder a um pequeno aumento – aumento “na margem” – da quantidade produzida.
Este exercício introduz os alunos à análise marginal, a qual será utilizada em diferentes
contextos ao longo do Curso de Microeconomia.
16
a) O custo de oportunidade é definido como sendo o valor da melhor alternativa sacrificada
quando fazemos uma determinada opção.
Neste caso, o jovem advogado deverá, em alternativa, reduzir em uma hora o tempo de
preparação do caso I ou do caso II, se pretender afectar uma hora adicional à preparação
do 3º caso – tal acontece porque os recursos são limitados e, consequentemente, o
reforço dos recursos afectos a uma das opções obrigará a reduzir os recursos aplicados
numa das outras opções. Na situação inicial, o jovem advogado afectou 5 horas à
preparação de cada um dos casos I e II. Da tabela, resulta que o benefício marginal da
última hora de trabalho afecta aos casos I e II é igual a 1 e 10, respectivamente. Nestes
termos, a melhor alternativa sacrificada, quando se pretende aplicar mais uma hora de
trabalho ao 3º caso, é retirar essa hora da preparação do caso I, ou seja, do caso que
apresenta um benefício marginal mais reduzido.
17
A aplicação sucessiva deste raciocínio levar-nos-á a concluir que o jovem advogado
deverá aplicar: uma 5ª hora na preparação do 3º caso (“sacrificando” a 5ª hora que era
aplicada na preparação do 1º caso); uma 6ª hora na preparação do 3º caso
(“sacrificando” a 4ª hora que era aplicada na preparação do 1º caso); uma 7ª hora na
preparação do 3º caso (“sacrificando” a 3ª hora que era aplicada na preparação do 1º
caso). Em resultado destas reafectações de tempos de preparação, o jovem advogado
aplicará 2 horas na preparação do 1º caso, 5 horas na preparação do 2º caso e 7 horas
na preparação do 3º caso. Neste cenário, o benefício marginal da última hora aplicada é
igual a 10, para qualquer um dos casos em julgamento, pelo que será esta a afectação
eficiente dos tempos de preparação do jovem advogado.
Nestes termos, resulta, da alínea anterior, que um agente económico que pretenda
afectar uma determinada dotação de recursos a várias aplicações alternativas, tenderá a
cumprir o seguinte principio: a afectação de recursos eficiente fará com que os benefícios
marginais das diversas opções possíveis sejam iguais entre si.
Este princípio é utilizado, por exemplo, no âmbito da teoria do consumidor, em que este
deverá afectar o seu rendimento à escolha das quantidades a consumir de vários bens
alternativos (neste contexto, o acréscimo de bem-estar que resulta do último euro
aplicado na aquisição de um determinado bem, deverá ser idêntico ao acréscimo de bem-
estar que resulta do último euro que é aplicado na aquisição de outro); será igualmente
utilizado, no âmbito da teoria do produtor, em que este deverá decidir a forma como o
produtor afecta uma determinada quantidade a produzir, entre várias fábricas
alternativas (neste contexto, o acréscimo de custos – ou custo marginal – que resulta da
ultima unidade produzida numa determinada fábrica, deverá igualar o custo marginal das
restantes fábricas controladas pelo mesmo produtor).
Resulta, igualmente, das alíneas anteriores que um agente económico que pretenda
determinar a quantidade de recursos a afectar a uma determinada opção, tenderá a
reforçar esta quantidade de recursos, enquanto o beneficio marginal de afectar mais
recursos àquela opção for pelo menos igual ao respectivo custo marginal (ou, dependendo
do contexto, custo de oportunidade). Este princípio será aplicado, por exemplo, no âmbito
da teoria do produtor, em que este deverá determinar a quantidade óptima a produzir de
um determinado bem (neste contexto, o produtor deverá reforçar a quantidade a produzir
18
sempre que a respectiva receita – ou beneficio – marginal for superior ao custo
marginal).
e) A título de exemplo, as Autoridades poderiam impor uma restrição que obriga qualquer
advogado a gastar pelo menos 4 horas na preparação de um caso. Esta hipotética
regulamentação poderia ser justificada, por exemplo, com o princípio (ou objectivo
normativo) de promoção do direito à defesa dos arguidos. Neste cenário, o jovem
advogado, ao ser obrigado a aplicar mais duas horas na preparação do caso I (face à
afectação de tempo óptima que foi determinada na alínea c)), passaria a aplicar apenas 4
e 6 horas na preparação dos casos II e III, respectivamente – Consegue justificar esta
nova afectação de tempos de preparação? Porque razão o jovem advogado não “sacrifica”
2 horas no trabalho de preparação do Caso II ou do Caso III, em vez de “sacrificar” 1
hora no trabalho de preparação de cada um dos casos II e III?.
Ainda assim, importa notar que, em muitas das áreas da economia e do direito, o decisor
prossegue diversos objectivos, em simultâneo, os quais poderão ser conflituosos entre si,
e, nestes termos, deverá o decisor avaliar e proceder a determinados trade-offs entre
objectivos.
1
Também importa notar que, não obstante os economistas se referirem a questões de equidade, grande
parte das suas análises normativas baseiam-se no critério de eficiência, uma vez que as avaliações de
equidade obrigam a juízos de valor, que apenas poderão ser resolvidos através de um processo de escolha
politica ou outros qualquer processo de escolha colectiva. Ou seja, não deverá ser o economista a impor, à
sociedade, os seus próprios juízos de valor no que concerne a questões relacionadas com a equidade. Não
obstante, o recurso à análise económica para avaliar custos ao nível da eficiência que resultam de uma
19
Em muitas das áreas da economia e do direito, existem potenciais conflitos entre a
eficiência, equidade e outros eventuais objectivos normativos que possam ser
considerados (v.g., potenciais conflitos entre objectivos normativos surgem quando se
procede à avaliação de diferentes regimes legais). Nestes casos, o decisor terá de avaliar
e proceder a determinados trade-offs – por exemplo, uma determinada lei que melhore a
eficiência da economia pode resultar numa distribuição menos equitativa dos recursos.
qualquer politica, é particularmente útil, uma vez que permite aos decisores políticos estar informados
sobre as implicações das suas escolhas em termos de eficiência e, desta forma, estarão mais bem
informados para proceder a eventuais trade-offs entre a eficiência da economia e a equidade ou outros
eventuais objectivos normativos que se pretendam prosseguir.
2
Um excelente livro – não técnico e de leitura fácil, mas rigoroso – que cobre esta metodologia é o
seguinte: John S. Hammond, Ralph L. Keeney, Howard Raiffa, “Smart Choices: A practical guide to making
better decisions”, publicado pela Harvard Business School Press. Neste livro, é apresentada a metodologia
PrOACT para tomar decisões. Ou seja, define-se o Problema, os Objectivos a prosseguir, as Alternativas
de resolução do problema, as Consequências de cada alternativa no que concerne a cada um dos
objectivos, e a avaliação de Trade-Offs. A tabela apresentada neste exercício segue esta metodologia
PrOACT: é definido o Problema (definição de uma legislação sobre responsabilidade civil em caso de
atropelamento), os Objectivos normativos (minimização da litigância, minimização dos custos de
implementação, minimização da gravidade dos atropelamentos, etc.), as Alternativas de resolução do
problema (Legislações A a E), Consequências (por exemplo, a legislação A tem um custo de
20
Objectivos Legislação A Legislação B Legislação C Legislação D Legislação E
Número de
450 250 250 250 300
atropelamentos
Gravidade dos
atropelamentos (nº 70 55 65 50 60
de mortes)
Litigância (nº de
50 50 80 50 80
casos em tribunal)
Erros judiciais na
10% 15% 20% 5% 15%
aplicação da lei
Custos de
implementação (em 1950 1700 1500 1900 1750
milhares de euros)
Ou seja, da comparação das legislações A e D, conclui que a legislação A não é melhor do que
a legislação D em nenhum dos critérios, sendo pior nos objectivos de minimização de
atropelamentos, minimização da gravidade dos atropelamentos, na minimização dos erros
judiciais e na minimização dos custos de implementação.
21
atropelamentos
Gravidade dos
atropelamentos (nº 55 65 50
de mortes)
Litigância (nº de
50 80 50
casos em tribunal)
Erros judiciais na
15% 20% 5%
aplicação da lei
Custos de
implementação (em 1700 1500 1900
milhares de euros)
Atento este problema simplificado, que resultou da eliminação das legislações dominadas,
facilmente se conclui que o objectivo referente à minimização do número de atropelamentos é
“não relevante” para a escolha, uma vez que as legislações B, C e D resultam todas no mesmo
número de atropelamentos. Nestes termos, o problema poderá ser simplificado, através da
eliminação do objectivo referente à minimização do número de atropelamentos. Depois da
eliminação daquele objectivo, o problema passa a ter o seguinte aspecto:
22
• Trade-Offs
Nesta fase, deverá identificar e proceder a trade-offs que o decisor esteja disposto a aceitar.
No presente exemplo, os objectivos de minimização dos custos de implementação e de
minimização da litigância são facilmente comparáveis, uma vez que estes dois objectivos
podem ser traduzidos na mesma unidade de medida. Ou seja, enquanto que os custos de
implementação são medidos em euros, também a litigância pode ser medida em euros, uma
vez que, segundo informação que consta no enunciado, estima-se que os custos associados à
litigância são, em média, iguais a cerca de 10 milhares de euros por cada caso que chega a
tribunal. Nestes termos, poderemos redefinir o problema da seguinte forma:
Face a esta forma alternativa de apresentar o problema, facilmente se conclui que a legislação
C é dominada pela legislação A, e que o objectivo de minimização da litigância é um objectivo
“não relevante”. Nestes termos, a legislação C e o objectivo de minimização da litigância
poderão ser eliminados, resultando o seguinte problema simplificado:
23
Objectivos Legislação B Legislação D
Gravidade dos
atropelamentos (nº 55 50
de mortes)
Erros judiciais na
15% 5%
aplicação da lei
Custos de
implementação (em 1700 1900
milhares de euros)
Ainda que significativamente simplificado, o problema de escolha continua a não ter uma
resposta trivial, obrigando o decisor a ponderar outros tipos de trade-offs. Note que a
legislação D é preferível à legislação B nos critérios de minimização da gravidade dos
atropelamentos e de minimização dos erros judiciais, mas apresenta um custo de
implementação superior.
24
Face a todas as simplificações que foram introduzidas no problema de escolha, as quais não
alteram a decisão final sobre a melhor legislação, facilmente se conclui, agora, que o ministro
da justiça deveria optar pela Legislação D, a qual claramente domina a legislação B – a
legislação D terá, face à legislação B alternativa, menores custos de implementação, resultará
em menos erros judiciais e em menos mortes por atropelamento.
15. Nas alíneas seguintes, identificamos os deslocamentos das curvas de procura e/ou oferta,
assim como a alteração no preço e quantidade de equilíbrio (as rectas a tracejado e a
cheio identificam a curva de procura e/ou oferta antes e depois do choque identificado na
alínea respectiva; E0 e E1 identificam o equilíbrio de mercado antes e depois do choque).
E1 E0
P P
E0 E1
Q Q
E0 E1
P P
E1 E0
Q Q
25
e) Melhoria nos processos produtivos f) Subida do preço de um bem substituto.
devido a progresso tecnológico.
E0 E1
P P
E1 E0
Q Q
E1 E0
P P
E0 E1
Q Q
26
16. […]
E0
P
E1
Q
b) As alíneas b) e d) serão avaliadas nas aulas sobre Aplicações do Modelo de Porcura e
Oferta, nomeadamente quando se falar de subsídios e quotas à importação.
E1
P
E0
27
17. O aumento do prazo de garantia traduz-se no aumento da valorização que os
consumidores atribuem ao bem (i.e., preços de reservas dos consumidores) e, por esta
via, numa expansão da curva de procura;
P E1
E0
Depende de qual das curvas sofre um deslocamento mais acentuado. No caso anterior, o
preço e a quantidade de equilíbrio aumenta e diminui, respectivamente, porque a
contracção da curva de oferta foi mais acentuada do que a expansão da curva de procura
– i.e. o efeito da extensão de garantia sobre os custos dos produtores é mais forte do que
o efeito sobre a valorização do electrodoméstico, por parte dos consumidores. No
entanto, o preço e a quantidade de equilíbrio podem aumentar em simultâneo, ou o preço
de equilíbrio pode aumentar sem que a quantidade de equilíbrio se altere (veja próximos
gráficos). A resposta depende de qual das curvas se desloca de forma mais acentuada,
em resposta à introdução da extensão de garantia.
28
E1 P E1
P
E0 E0
Q Q
18. O impacto sobre os preços de reserva dos consumidores será igual a 20, ou seja, a
despesa média que o consumidor teria de suportar, com avarias de electrodomésticos
durante o 2º ano de vida dos mesmos, e que, face à extensão de garantia, passam a ser
suportadas pela empresa que lhe vendeu o electrodoméstico.
O impacto sobre os preços de reserva dos produtores será igual a 10, ou seja, o custo
médio que o produtor suportará com arranjos de electrodomésticos durante o 2º ano de
vida dos mesmos, e que, antes da adopção da nova legislação sobre garantias, era
suportado pelos consumidores.
Neste caso, a curva de procura tenderá a deslocar-se de forma mais acentuada do que a
curva de oferta, pelo que, face aos resultados do exercício anterior, o preço e a
quantidade de equilíbrio tenderão a aumentar, em resultado da nova legislação sobre
garantias.
19. O aumento da qualidade do bem resulta num aumento dos preços de reserva dos
consumidores e, nestes termos, numa expansão da curva de procura. Se o acréscimo de
qualidade for valorizado de forma distinta por diferentes consumidores, então a expansão
da curva de procura poderá não ser paralela. Ou seja, no cenário em que os
consumidores com preços de reserva mais elevados são também os que mais valorizam o
acréscimo de qualidade, a curva de procura tornar-se-á mais inclinada em resultado do
acréscimo de qualidade; no cenário em que os consumidores com preços de reserva mais
29
baixos são também os que mais valorizam o acréscimo de qualidade, a curva de procura
tornar-se-á menos inclinada em resultado do acréscimo de qualidade.
P
P
Q Q
Em jeito de conclusão, importa reiterar que serão os preços de reserva dos consumidores
marginais, assim como a forma como os preços de reserva destes consumidores reagem
30
a alterações na qualidade do bem, a determinar os preços de equilíbrio do mercado Ou
seja, deverá sempre pensar em termos dos efeitos sobre os preços de reserva dos
consumidores marginais, uma vez que são estes a determinar os preços de equilíbrio no
mercado.
20. […]
a) […]
10 P*=10+3Q*=16 ou P*=20-2Q*=16.
Q
2
b) […]
Mercado de Café
P
- Ocorreu uma contracção da curva de
E0 procura (a ordenada na origem da procura
31
O novo equilíbrio resulta de igualarmos a função procura à função oferta:
18-2Q=10+3Q ↔ 18-10=3Q+2Q ↔ 8=5Q ↔ Q*=1,6.
Por substituição deste valor na função oferta ou na função procura, obtém-se o preço de
equilíbrio:
P*=10+3Q*=14,8 ou P*=18-2Q*=14,8.
c) […]
Mercado de Café
- O aumento do preço de um factor
c) Comparando esta curva de oferta com a inicial, conclui-se que as mesmas têm a mesma
inclinação mas diferentes ordenadas na origem. Comparando as ordenadas na origem,
conclui-se ter havido uma expansão da curva de oferta, pelo que a mesma só pode ter
resultado de uma diminuição dos custos energéticos do produtor. O novo preço e
quantidade de equilíbrio é igual a 10,8 e 4,4, respectivamente.
32
22. […]
a) […]
E1
b E0
33
• O Excedente do Produtor é medido pela área compreendida entre o preço de equilíbrio
e a curva de oferta.
• A expansão da curva de procura altera o Excedente do Produtor num montante
medido pela área b (o excedente do produtor no equilíbrio E1 é medido pela área a+b;
o excedente do produtor no equilíbrio E0 é medido pela área a).
• O aumento do excedente do produtor é explicado por dois fenómenos: (i) o produtor
passa a receber um preço mais elevado (efeito preço); (ii) o produtor passa a vender
uma quantidade maior (efeito quantidade). Estes dois fenómenos reflectem-se
positivamente no bem-estar do produtor.
P E1
- O Excedente do Consumidor é medido
pela área compreendida entre a curva de
procura e o preço de equilíbrio.
c E0 gráfico.
Q
- Após a expansão da curva de procura,
34
(efeito quantidade); (ii) O consumidor passa a pagar um preço de equilíbrio mais elevado,
o que se traduz na diminuição do seu bem-estar (efeito preço); (iii) O preço de reserva
do consumidor, ou valorização que o mesmo atribui a cada máquina de café, aumentou
(este aspecto está reflectido no deslocamento da curva de procura), o que se traduz no
aumento do seu bem-estar (efeito valorização). O acréscimo do preço de reserva do
consumidor é superior ao acréscimo no preço de equilíbrio – a deslocação vertical da
curva de procura é superior à variação do preço de equilíbrio. Este aspecto permite-me
concluir que o efeito (iii) mais do que compensa o efeito (ii). Assim, a soma dos três
efeitos sobre o bem-estar do consumidor é positiva.
d) Uma estimativa do preço do café, da poupança do (grão de) café que é utilizado para
produzir uma bica, e que resulta da adopção da nova máquina de café, assim como o
número de bicas que são “produzidas” com uma máquina de café. O acréscimo no preço
de reserva do consumidor seria igual à multiplicação do numero de bicas “produzidas”, da
poupança de café por bica e do preço do café – o valor assim determinado equivale à
poupança, em termos financeiro, que resultaria da adopção de uma nova máquina de
café, ao longo da sua vida útil.
e) Para além da expansão da curva de procura que resulta da maior valorização que o
consumidor atribui às máquinas de café, dá-se também uma expansão da curva de oferta
que resulta da diminuição do custo de produção unitário da máquina de café e,
consequentemente, dos preços de reserva dos produtores. Havendo uma expansão das
duas curvas em simultâneo, conclui-se que a quantidade de equilíbrio aumenta. O efeito
sobre o preço de equilíbrio depende de qual das curvas se deslocou de uma forma mais
significativa (recorde o exercício 17), i.e. depende de qual dos efeitos da adopção da nova
máquina é mais acentuado, se o efeito sobre o preço de reserva dos consumidores ou se
o efeito sobre o preço de reserva dos produtores.
35
E1 - No primeiro gráfico, a curva de procura
P
desloca-se de uma forma mais acentuada do
que a curva de oferta, o que se traduz no
aumento do preço e da quantidade de
E0
equilíbrio.
Q
E0
P - No segundo gráfico, a curva de oferta desloca-
se de uma forma mais significativa do que a
curva de procura, o que se traduz no aumento
E1 e diminuição da quantidade e do preço de
equilíbrio, respectivamente.
23. […]
a) […]
- O progresso tecnológico (por exemplo ao nível
da produção de microchips cada vez mais baratos
P e com maior capacidade de processamento)
traduziu-se na diminuição significativa dos custos
E0
de produção por computador e,
consequentemente, na diminuição dos preços de
36
b) […]
Q
O aumento da valorização que o consumidor atribui ao computador (alínea b)) em simultâneo
com a diminuição dos custos de produção (alínea a)) traduz-se na expansão simultânea das
duas curvas. Se o deslocamento da curva de oferta for mais significativo do que o
deslocamento da curva de procura, o preço de equilíbrio no mercado dos computadores vai
continuar a diminuir, apesar da expansão da curva de procura (o equilíbrio passa de E0 para
E2).
24. […]
Maus Anos
Agrícolas P Maus Anos
Agrícolas
Bons Anos
Bons Anos Agrícolas
Agrícolas a
a
b
c
b c
Q Q
37
Há mercados onde alterações nos preços não têm um efeito “significativo” sobre a quantidade
procurada (ex. procura de combustíveis, tabaco, produtos agrícolas, viagens de transporte
publico, etc) – neste caso, a curva de procura é muito inclinada (i.e. a quantidade não diminui
de forma “significativa” quando o preço aumenta), sendo classificada de procura rígida.
Há outros mercados onde alterações nos preços têm um efeito “significativo” sobre a
quantidade procurada – neste caso, a curva de procura é pouco inclinada, sendo classificada
de procura elástica.
Produtos necessários e com poucos substitutos tendem a ter uma procura rígida (o
consumidor não pode diminuir “significativamente” o consumo destes produtos, em resposta a
um aumento de preços, por se tratarem de produtos necessários e com poucos substitutos).
Produtos não necessários e/ou com muitos substitutos tendem a ter procuras elásticas.
Nos gráficos anteriores, assuma que oferta de produtos agrícolas é medida pelas rectas
verticais. Quando passamos de um bom ano agrícola para um mau ano agrícola, assiste-se a
uma contracção da curva de oferta, o que implica uma diminuição e um aumento da
quantidade e preço de equilíbrio, respectivamente. A receita dos agricultores é igual aos
rectângulos a+b (maus anos) e b+c (bons anos). A alteração da receita dos agricultores,
quando passamos de um bom para um mau ano agrícola, é explicada por dois fenómenos: (i)
a receita é menor nos maus anos agrícolas porque se vende uma quantidade de equilíbrio
menor – efeito quantidade; (ii) a receita é maior nos maus anos agrícolas porque os
produtores passam a vender o bem por um preço de equilíbrio mais elevado – efeito preço.
A procura de produtos agrícolas tende a ser rígida (são produtos necessários e/ou com poucos
substitutos), o que implica que a receita dos agricultores tende a ser mais elevada nos maus
anos agrícolas. Desta forma, não se justificam ajudas adicionais ao rendimento dos
agricultores nos maus anos agrícolas.
A sua resposta seria distinta no caso de uma situação de comércio livre entre países ou
regiões distintas, as quais não são afectadas de igual modo pelas condições climatéricas? Esta
questão será analisada em resposta ao exercício 46.
38
25. Um procedimento administrativo de distribuição de slots não garante que as Companhias
Aéreas que mais valorizam os slots, sejam aquelas que acabam por o utilizar, mas tão
somente aquelas que os requereram há mais tempo. A utilização destes slots por parte
das Companhias que mais os valorizam, num cenário de atribuição administrativa dos
mesmos, só aconteceria se os mesmos acabassem por ser transaccionados num mercado
paralelo entre companhias, o que, na prática, é proibido e facilmente detectável. Já um
mercado de slots garante que estes serão adquiridos pelas Companhias que apresentam
um preço de reserva superior ao preço de mercado e, nestes termos, serão as
Companhias que mais valorizam aqueles slots. Face ao exposto, a afirmação é
verdadeira.
26. A solução deste exercício não será apresentada, neste documento, uma vez que se
pretende que os alunos tentem resolver o exercício fora da sala de aula, sendo o mesmo,
posteriormente, discutido na aula prática.
27. Neste caso, deve-se distinguir entre a procura de tabaco (em geral) e a procura dirigida à
marca/empresa XPTO:
P Procura de Tabaco
da Marca XPTO
Procura de
Tabaco
Q
• A procura de tabaco tenda a ser uma procura rígida – alterações no preço do tabaco
não tem um impacto significativo sobre a quantidade procurada de tabaco, na medida
em que estamos na presença de um produto que se torna necessário (após criar
habituação) e que tem poucos/nenhuns substitutos.
39
28. […]
a) A procura de transportes públicos tende a ser uma procura rígida (procura muito
inclinada), por se tratar de um bem necessário e com poucos substitutos relevantes. A
procura de teatro tende a ser elástica (procura pouco inclinada), por se tratar de um bem
não necessário e com muitos substitutos (ex. cinema, televisão, jogos de futebol, leitura,
etc, são substitutos do teatro no mercado do entretenimento). No exercício 24 concluiu-
se que, no caso de mercados com procuras rígidas, a receita do produtor aumenta em
resultado do aumento do preço; no caso de mercados com procura elástica, a receita do
produtor aumenta em resultado de diminuições de preço. Assim, sugere-se o aumento do
preço dos transportes públicos (bem com procura rígida ou muito inclinada), e a
diminuição do preço do teatro (bem com procura elástica ou pouco inclinada).
P Procura de P Procura de
Teatro (Proc. Transportes
Elástica) (Proc. Rígida)
b c d
Q
e f
Q
40
b) A elasticidade da procura relaciona a variação percentual na quantidade consumida, ao
longo da curva de procura, com a variação percentual do preço, podendo ser calculada
como ∆%Q/∆%P.
Assim, uma elasticidade da procura (de teatro) igual a 1,5 é interpretada da seguinte
forma: ∆%Q/∆%P=1,5, ou seja, ∆%Q=1,5∆%P. Nestes termos, para um aumento de
10% nos preços do teatro, a quantidade procurada diminui 15% (ou seja, 1,5 vezes o
aumento percentual de preços). Pelo mesma lógica, conclui-se que, face a uma
elasticidade de 0,5 no caso dos transportes públicos, um aumento de 10% nos preços dos
transportes públicos, traduzir-se-ia numa diminuição de 5% na procura de bilhetes para
os transportes públicos (ou seja, 0,5 vezes o aumento percentual de preços).
29. A solução deste exercício não será apresentada, neste documento, uma vez que se
pretende que os alunos tentem resolver o exercício fora da sala de aula, sendo o mesmo,
posteriormente, discutido na aula prática.
30. […]
41
E1
P
E0
E1
P
E0
c) Neste caso, assiste-se a uma expansão da curva de oferta (na medida em que diminuem
os custos de produção de energia eléctrica nas centrais de ciclo combinado, em resultado
da diminuição do preço do gás natural) e a uma contracção da curva de procura (em
resultado da diminuição do preço de um bem substituto da energia eléctrica, isto é, o gás
natural). Ora, ao deslocarem-se as duas curvas, conclui-se que o preço de equilíbrio da
electricidade diminui, enquanto que o impacto sobre a quantidade de equilíbrio de
electricidade é incerto, podendo esta aumentar, diminuir ou manter-se, conforme resulta
dos gráficos seguintes.
42
E0 - No primeiro gráfico, a curva de procura
P
desloca-se de uma forma mais acentuada do
que a curva de oferta, o que se traduz na
diminuição do preço e da quantidade de
E1
equilíbrio.
Q
E0
P - No segundo gráfico, a curva de oferta desloca-
se de uma forma mais significativa do que a
curva de procura, o que se traduz na
E1 diminuição do preço e no aumento da
quantidade de equilíbrio.
31. […]
43
expansão da procura; a introdução deste tipo de programas aumenta os preços de
reserva das Companhias Aéreas (pois estes passam a suportar custos mais elevados, em
função das milhas oferecidas) e, consequentemente, traduz-se na contracção da curva de
oferta). Face à expansão da curva de procura e contracção da curva de oferta, o preço de
equilíbrio aumenta, e a quantidade de equilíbrio poderá aumentar (se a expansão da
procura for mais significativa do que a contracção da oferta), diminuir (se a expansão da
procura for menos significativa do que a contracção da oferta), ou não se alterar (se a
expansão da procura for sensivelmente idêntica à contracção da procura).
c) Neste caso, o programa de passageiro frequente não tem quaisquer custos para as
Companhias Aéreas, uma vez que as viagens oferecidas apenas poderão ser utilizadas em
destinos para os quais o avião não se encontra totalmente lotado. Assim sendo, o
programa de passageiro frequente apenas resultará na expansão da curva de procura,
não tendo qualquer impacto sobre os preços de reserva das Companhias Aéreas e, nestes
termos, resultará num aumento da quantidade e preço de equilíbrio no mercado de
viagens aéreas.
E0 E1
Q Q
44
e) Os voos entre o Porto e o Rio de Janeiro são substitutos dos voos entre Lisboa e o Rio de
Janeiro, pelo que a criação de voos directos entre o Porto e o Rio de Janeiro reduzem a
procura dos voos entre Lisboa e o Rio de Janeiro, nomeadamente por parte de dois
grupos de consumidores: (i) os habitantes do Norte que, anteriormente, iam a Lisboa
apanhar o avião para o Rio de Janeiro; e (ii) os habitantes do sul que, na sua deslocação
para o Rio e Janeiro, optem por apanhar o avião no Porto (provavelmente este grupo será
insignificante, a não ser que existam diferenças significativas nos preços cobrados nos
voos para o Rio de Janeiro a partir de Lisboa e a partir do Porto, sendo estes últimos mais
baratos).
A contracção da curva de procura das ligações aéreas de longo curso entre Lisboa e o Rio
de Janeiro terá, como efeito, uma redução dos preços e quantidades de equilíbrio neste
mercado dos voos directos entre Lisboa e o Rio de Janeiro (conforme resulta do seguinte
gráfico).
P E0
E1
Já relativamente ao mercado dos voos de curto curso entre Lisboa e o Porto, o efeito
poderá ser incerto, uma vez que: (i) diminui o número de consumidores que recorre às
ligações aéreas entre o Porto e Lisboa para, a partir daqui, apanhar um avião para o Rio
de Janeiro (na medida em que uma parte dos consumidores do Norte passam a voar
directamente do Porto para o Rio de Janeiro); (ii) poderá surgir um grupo de
consumidores que, vivendo no Sul, optam por voar entre Lisboa e o Porto para, a partir
daqui, voar até ao Rio de Janeiro (o que acontecerá se houver diferenças significativas
nos preços cobrados nos voos para o Rio de Janeiro a partir de Lisboa e a partir do Porto,
sendo estes últimos mais baratos). Nestes termos, não se conseguindo determinar o
efeito da inauguração de voos directos entre o Porto e o Rio de Janeiro, sobre a procura
45
de voos de curto curso entre Lisboa e o Porto, também não se consegue determinar o
impacto sobre o preço e a quantidade de equilíbrio no mercado das ligações aéreas entre
Lisboa e o Porto.
Ainda assim, será previsível que o efeito (ii) seja pouco significativo (ou seja, haverá
poucos consumidores a voar de Lisboa para o Porto e, a partir daqui, a voar para o Rio de
Janeiro, quando podem optar por voar directamente de Lisboa para o Rio de Janeiro),
pelo que se poderá antecipar uma contracção da curva de procura no mercado das
ligações aéreas entre Lisboa e o Porto e, consequentemente, uma redução do preço e da
quantidade de equilíbrio neste mercado (conforme resulta do seguinte gráfico).
E1
E0
46