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IMPORTÂNCIA DA AUDIÇÃO

- NA LINGUAGEM HUMANA:

Comunicação humana: troca de informações sobre nossos pensamentos e idéias.

Pensamentos e idéias:
. Não existem na forma física não podendo ser diretamente transmitidos.
. É necessário transformá-los em forma física para que possam ser transmitidos
entre os indivíduos.

SISTEMA DE COMUNICAÇÃO HUMANA


ATRAVÉS DA FALA
(SANDERS)

- NA AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM:

A criança recebe do meio ambiente os estímulos sonoros que promovem o


desenvolvimento simultâneo de sua audição e linguagem através de ligações auditivo-
motora-proprioceptivas.
O conhecimento do mundo começa com a sensação e a percepção dos objetos
e dos fenômenos físicos do meio ambiente. Daí resulta o pensamento concreto.
A palavra é um meio de expressão do pensamento e é graças à palavra que o
homem adquiriu condições de passar do pensamento concreto à capacidade de
generalização e abstração.

ETAPAS DA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM:


- Choro
. no início: expressão corporal reflexa em resposta aos estímulos
. mias tarde: linguagem emocional(exprime desconforto e desejos)

- Balbucio (dos 2 aos 10 meses)


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. Pré-balbucio: - descobre as possibilidades do sistema muscular
fonoarticulatório
- emissões silábicas independem do meio em que
vive
. Balbucio: prazer da repetição de sons (início aos 6 meses)
- criança fala, escuta o que emitiu, gosta e repete
- repetição de sons que escuta das pessoas de seu
ambiente

- Compreensão sem fala (10, 11 meses)

- Jargão com entonação

- Fase lingüística

Bibliografia:
NORTHERN, JERRY L.; DOWNS, MARION P. Audição em crianças. 3.ed. São Paulo,
Manole, 1989.

DESVANTAGENS DA CRIANÇA SURDA


(COLIN, 1980)
1) DESVANTAGEM VERBAL
- A deficiência mais aparente do surdo é a mudez por conseqüência da surdez.
- A palavra é uma forma de expressão da linguagem.
- A linguagem compreende:
. um vocabulário;
. regras de correspondência entre os elementos deste vocabulário e os
objetos que designam;
. regras de combinação entre os elementos (organização em um quadro
gramatical e sintático)
- A criança ouvinte aprende estas regras ouvindo e praticando
por imitação.
- O DA profundo:
. apresenta um atraso desta aquisição
. tem dificuldade com as associações abstratas.

2) DESVANTAGEM BIOLÓGICA
- Maior exposição a acidentes: a audição adverte de certos perigos antes que
ocorram, permitindo evitá-los.
- Dificuldade de equilíbrio: muitas vezes aparecem alterações concomitantes
dos órgãos do equilíbrio.
- Diminuição do contato com o meio ambiente: audição mantém o contato com
o meio ambiente 24 horas por dia.
- Diminuição do nível de vigilância:
. os órgãos sensoriais são fonte de estímulo para o organismo
. as excitações de origem externa são imprescindíveis para o
desenvolvimento das células e centros nervosos
. os indivíduos surdos tem uma diminuição do índice de estímulos
sensoriais que alcançam a formação reticular mesoencefálica, o que influi
sobre o nível de vigilância.
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3) DESVANTAGEM SOCIAL E AFETIVA
- Isolamento:
. pela supressão de algumas comunicações;
. ligado à segregação pelo fato de ser diferente;
. surdos são colocados como expectadores e não como participantes.

- Insegurança:
. o ouvinte fica em contato com a mãe ainda que não esteja diante de
seus olhos (ouve-a deslocando-se e observa que alguém cuida dele, que não
está só)
. a palavra facilita o aprendizado das proibições, facilita o entendimento
dos reforços positivos e negativos.

- Dificuldades na vida profissional: são colocados em postos onde a


comunicação não é necessária.

4) DESVANTAGEM INTELECTUAL
- As crianças com deficiência auditiva profunda assumem com êxito certas
tarefas intelectuais porém com um nível inferior aos ouvintes;
- Este nível inferior não é atribuido a uma deficiência mental e sim a um atraso
de desenvolvimento devido a falta de estimulação.

Bibliografia:
COLIN, D. Psicologia del niño sordo. Barcelona: Toray-Masson, 1980. Cap 1, 1-5 pp.

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DESENVOLVIMENTO FILOGENÉTICO DA AUDIÇÃO

A audição humana é o resultado de como vários animais ancestrais


desenvolveram seus sistemas auditivos.

PEIXES:
- Primeiros animais a escutar;
- Possuíam um órgão do equilíbrio que adquiriu um receptor auditivo;
- O labirinto dos peixes possui canais semicirculares, utrículo, sáculo e lagena;
- Lagena: extensão do sáculo e presumivelmente o antecessor da cóclea;
- Provavelmente células da mácula do sáculo e da lagena se tornaram
sensíveis ao som;
- Caminhos neurais e centros cerebrais apareceram para transmitir e
interpretar sinais deste órgão sensorial.

ANFÍBIOS:
- Também desenvolveram um labirinto auditivo pela transformação de células
ciliadas do labirinto vestibular e mudanças no sistema nervoso central para
se tornar sensível ao som;
- As células sensoriais descansam em uma estrutura firme e uma membrana
tectória se move sobre elas em resposta a vibrações sonoras;
- No início tinham uma péssima audição por via aérea. Passavam seu tempo
na água ou se arrastavam pelo chão e a vibração era conduzida para o
labirinto através dos óssos do corpo (pelos nossos modelos tinham uma
perda condutiva);
- Desenvolveram um aparelho condutivo com membrana timpânica e columela
(ossículo) que transmitem a energia sonora do ar para o labirinto auditivo.

RÉPTEIS:
- Desenvolveram um labirinto auditivo composto por células ciliadas dentro de
canais cheios de líquido;
- As células sensoriais repousam sobre uma membrana flexível que fica entre
dois canais repletos de fluído;
- A membrana e as células cilidas se movem em resposta ao som;
- O movimento relativo entre cílio e corpo celular estimula a célula;
- O sistema dos répteis é o desenho básico que passou para os animais que
vieram depois, inclusive o homem;
- O aparelho condutor de som é semelhante ao dos anfíbios.

MAMÍFEROS:
- Trouxeram com eles o labirinto auditivo dos répteis (como fizeram os
pássaros depois);
- O órgão de corti é uma especialização dos mamíferos;
- A diferenciação entre células ciliadas internas e externas representa uma
evolução.
- O aparelho condutor do som também evoluiu tornando-se mais eficiente.

Bibliografia:
PECK, JAMES E. Development of hearing. Part I: Phylogeny. J Am Acad Audiol
5: 291-299 (1994)
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CONCEITOS IMPORTANTES DA ACÚSTICA

SOM: ondas de pressão que se propagam nos meios elásticos em planos de


compressão e rarefação.

QUALIDADES DO SOM:

FREQÜÊNCIA

Número de ciclos que as partículas realizam em 1 segundo.


ciclos/ seg ou Hertz (Hz)

- Sons audíveis: de 20 a 20000 Hz

- Infra-sons: ondas de freqüência abaixo de 20 Hz.

- Ultra-sons: ondas de freqüência acima de 20000 Hz.

A faixa de sons audíveis pode ser dividida em 3 zonas:


- Zona grave: 20 a 512 Hz

- Zona média: 512 a 2048 Hz ( zona de audição


da palavra falada)

- Zona aguda: 2048 a 20000 Hz

TOM PURO:

Som formado por apenas uma freqüência.

Quanto maior for a freqüência mais agudo.

Quanto menor for a freqüência mais grave.

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SOM COMPLEXO:
É constituído de várias freqüências: uma freqüência fundamental (a menor) e
outras freqüências múltiplas da fundamental (harmônicos)
Exemplos:
- voz
- som emitido por instrumentos musicais.

RUÍDO:
Superposição de várias freqüências sem relação harmônica entre elas.

INTENSIDADE

É a qualidade do som relacionada à amplitude da onda. Quanto maior a


amplitude maior será a intensidade do som. Pode ser medida através da:

- Energia transportada: medimos a quantidade de energia que atravessa uma


superfície (1cm2) em uma unidade de tempo (1 seg)
Watt/ cm2

- Pressão Sonora: medimos a alteração cíclica da pressão atmosférica causada pela


onda sonora.
dina/ cm2 ou micro Pascal(Pa)

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PSICOACÚSTICA

Ramo da psicofísica que estuda as relações entre os estímulos acústicos e a


sensação produzida por eles.

LEI PSICOFÍSICA DE FECHNER-WEBER:


A sensação cresce como logaritmo da excitação, o que significa que a
intensidade da excitação cresce numa progressão geométrica enquanto a sensação
aumenta numa progressão aritmética.
A sensação auditiva obedece esta lei.

Intensidade Sensação
10 1
100 2
1000 3

Como conhecemos o valor da intensidade do estímulo, podemos determinar a


sensação estabelecendo uma relação entre ambas por meio de uma escala
logarítmica.

Foi por meio desta relação que se adotou a unidade Bel ( unidade que relaciona
a intensidade física com a sensação auditiva percebida).

Bel: unidade logarítmica que exprime a relação entre duas quantidades de energia.

NB= log I / I0

Mas o Bel ainda é uma unidade que oferece valores muito grandes para os
cálculos usuais, por isto usa-se o decibel que é um submúltiplo do Bel.

NdB= 10 log I / I0

O nível de referência I0 é a média estatística da menor quantidade de energia


que pessoas entre 18 e 25 anos podem ouvir na freqüência de 1000 Hz.

Decibel Nível de Intensidade (dBNI): usa como nível de referência 10-16 watt / cm2

dBNI= 10 log I / 10-16 watt / cm2

Decibel Nível de Pressão Sonora (dBNPS): usa como nível de referência 0,0002 dina
/ cm2 ou 20µPa

dBNPS= 20 log P / P0
( a intensidade é proporcional ao quadrado da pressão)

dBNPS= 20 log P / 0,0002 dina / cm2

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Experimentos psicoacústicos determinaram a faixa de frequências da audição
humana ( 20 a 20.000 Hz) e o limiar mínimo de detecção ou audibilidade (a mais fraca
intensidade sonora ou pressão sonora capaz de impressionar o ouvido humano). A
sensibilidade da orelha varia para as diferentes frequências. Para cada frequência
existe um nível de intensidade mínimo para a maioria da população.
Através de pesquisa realizada com indivíduos otologicamente normais, com
idades entre 18 e 25 anos, criou-se um padrão para a audição das pessoas normais. O
0 dB neste padrão corresponde à menor intensidade ou pressão sonora por frequência
ouvida pela maioria da população.

GRÁFICO DA SENSIBILIDADE AUDITIVA

O audiômetro de tons puros è o instrumento eletrônico calibrado de tal forma que


o zero para cada frequência corresponde ao que foi encontrado como a menor
intensidade ou pressão sonora ouvida pela maioria da população.
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O primeiro audiômetro foi construído pela Bell Telephone Labratories e a
calibração foi realizada de acordo com uma pesquisa com 85 funcionários jovens da
Bell.
O padrão de calibração ASA 1951 baseou-se em uma pesquisa realizada no
Serviço de Saúde Pública de Beasley em 1938 pela American Standards Association.
O padrão de calibração ISO 1964 realizado pela International Standards
Organization baseou-se em 15 estudos realizados por 5 países.
O padrão de calibração ANSI 1969 Foi realizadoo pela American National
Standards Institute (anteriormente ASA) que fez uma pequena revisão das Normas
ISSO 1964.

Sendo assim, ao realizarmos uma audiometria tonal estamos comparando a


audição do indivíduo com a audição da maioria da população.

Decibel Nível de Audição (dBNA): É o decibel calibrado no audiômetro onde o


zero dBNA corresponde à média da menor intensidade ouvida por uma população
jovem e sem queixas auditivas.

Decibel Nível de Sensação (dBNS): É a quantidade de energia sonora que


está acima do limiar do indivíduo. Exemplo: um som de 80dBNA corresponde a
60dBNS para um indivíduo que tem um limiar auditivo de 20dBNA e 50dBNS para um
indivíduo que tem um limiar auditivo de 30dBNA.

BIBLIOGRAFIA:

HUMES, LE. Considerações psicoacústicas em audiologia clínica. In: KATZ, J. Tratado


de audiologia clínica. 4ª edição. São Paulo: Manole, 1999.

MENEGOTTO, I.H. & COUTO, C.M. do – Tópicos de acústica e psicoacústica


relevantes em fonoaudiologia. In: FROTA, S. Fundamentos em fonoaudiologia:
audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. p. 19-39.

NEPOMUCENO, LA. Elementos de acústica e psicoacústica. São Paulo: Edgar Bluche,


1994.

RUSSO, ICP. Acústica e psicoacústica aplicadas à fonoaudiologia. 2ª edição. São


Paulo: Lovise, 1999.

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AUDIOLOGIA
Audição Estudo
latim grego
A Audiologia está relacionada com várias áreas:

- ANATOMIA

- FISIOLOGIA

- FÍSICA
. ACÚSTICA
. ELETRÔNICA

- PSICOLOGIA

- MEDICINA:
. OTORRINOLARINGOLOGIA (OTOLOGIA)
. NEUROLOGIA
. PEDIATRIA
. GERIATRIA

- EDUCAÇÃO

- SOCIOLOGIA

CAMPO DE ATUAÇÃO DA AUDIOLOGIA:

- Audiologia clínica (diagnóstico)

- Indicação e adaptação de AASI

- Prevenção:
. Berçários
. Triagem auditiva (creches, escolas,
postos de saúde)
. Conservação auditiva de indivíduos
expostos a ambientes ruidosos

- Habilitação e reabilitação auditiva

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AVALIAÇÃO DA AUDIÇÃO

HISTÓRICO

Nos antigos processos destinados à medida da audição, recorria-se à voz e a


uma série de instrumentos acústicos.

PROVA LOGOMÉTRICA:
A primeira medida utilizada para verificar o grau de surdez foi a palavra.

Posteriormente Fowler fez uma tabela para saber, por aproximação, os decibels
de perda quando não era possível realizar outro tipo de prova. Mantendo uma distância
de 76 cm entre o examinador e o examinado:

- ouve voz fracamente cochichada - perda até 30 dB


- ouve voz fortemente cochichada - perda de 45 dB
- ouve voz moderada - perda de 60 dB
- ouve voz alta - perda de 75 dB
- ouve voz gritada - perda de 90 dB
- não ouve voz gritada - surdez total

AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL:

- Relógio - Relógio de Lucae

- Monocórdio de Struyken - aparelho parecido com um violino, de grande extensão


tonal mas de difícil manejo e de custo elevado.

- Apito de Galton - possui uma rosca numerada que varia a freqüência e para saber o
tom correspondente é preciso usar uma tabela.

Obs.: Embora estes instrumentos forneçam freqüências definidas não permitem a


medida da intensidade para a avaliação quantitativa da audição.

- Diapasões:
Compostos por um cabo e dois ramos iguais que entram em vibração e
produzem tons puros.

A partir de 1920, com a introdução e aperfeiçoamento de aparelhos


eletroacústicos, foi possível medir a audição de forma mais exata.

Depois da 2º Guerra Mundial houve grande desenvolvimento devido a criação


de centros de reabilitação para os soldados que perderam a audição.

BIBLIOGRAFIA:
LACERDA, ARMANDO PAIVA de. Audiologia Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1976.

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MÉTODOS PSICOMÉTRICOS

Avaliação da audição:

Objetiva    →    Avaliação  eletrofisiológica


Subjetiva  →  Avaliação  psicoacústica  ou  comportamental

A AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL OU PSICOACÚSTICA UTILIZA MÉTODOS


PSICOFÍSICOS

MÉTODOS PSICOFÍSICOS:

Relaciona uma resposta psicológica a eventos físicos

ESTÍMULO  FÍSICO    →    SENSAÇÃO

Em audiologia: Estímulo físico = som

MÉTODOS PSICOFÍSICOS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA

1) Método dos limites: utilizado na audiometria tonal

 O sinal acústico é apresentado ao ouvinte em uma intensidade pré-determinada


pelo examinador
 O ouvinte responde indicando a percepção do sinal ou não responde indicando
que o sinal não foi percebido
 Técnicas:
- Ascendente: a intensidade começa abaixo do suposto limiar e é
aumentada até o ouvinte responder;
- Descendente: a intensidade começa acima do suposto limiar e é
dimunuida até que o ouvinte deixe de responder.
 As técnicas descendente e ascendente são alternadas
 O limiar representa a intensidade do estímulo que produz respostas afirmativas
em aproximadamente 50% das vezes em que o sinal acústico é apresentado
 O examinador controla a intensidade e a apresentação do estímulo.

2) Método dos ajustes: utilizado na audiometria automática de Békèsy

 A intensidade inicial é pré-estabelecida


 O ouvinte controla a intensidade
 Quando o som inicial é audível, o ouvinte aperta um botão para reduzir a
intensidade até que se torne inaudível (série descendente)
 Quando o som é inaudível o ouvinte solta o botão para que a intensidade
aumente até que se torne audível (série ascendente)
 As séries ascendente e descendente são alternadas de forma que se
possa estabelecer o limiar.
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3) Método dos estímulos constantes: utilizado na logoaudiometria

 A intensidade do estímulo é selecionada para cada série de testagem


 Cada série da testagem utiliza, pelo menos, 10 estímulos
 A porcentagem de respostas (acertos) para cada série é registrada em um
gráfico
 O resultado é um gráfico que relaciona a intensidade do estímulo com a
porcentagem de acertos (gráfico performance-intensidade)
 O limiar é a intensidade correspondente a 50% de acertos

BIBLIOGRAFIA:

MUSIEK, FRANK E.; RINTELMANN, WILLIAM F. Perspectivas Atuais em Avaliação


Auditiva. Barueri/ SP: Manole, 2001.
KATZ, J. Tratado de audiologia clínica. 4.ed. São Paulo: Manole, 1999.

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ANAMNESE

Informação sobre o início, evolução e possíveis causas de uma doença.

Primeiro passo na realização de uma avaliação audiológica.

OBJETIVOS DA ANAMNESE

- Preparar o examinador para os prováveis resultados da avaliação audiológica.

- Guiar o examinador para uma adequada estratégia de avaliação.

ANAMNESE NA AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA

IDENTIFICAÇÃO:
- Nome
- Idade
- Sexo
- Profissão
- Endereço

QUEIXA (MOTIVO DA REALIZAÇÃO DO EXAME)

HISTÓRIA E SINTOMAS:
-Queixa auditiva:
- Início
- Duração
- Súbita ou progressiva
- Uni ou bilateral
- Flutuação
- Sons audíveis
- Intolerância a sons
- Zumbido
- Plenitude auricular
- Dificuldade de compreensão:
. ao telefone
. ambientes ruidosos
- Tontura

- Antecedentes otológicos

- Exposição a ruídos ( tempo, uso de protetor,


explosões)

- Antecedentes familiares
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- Outras doenças:
. Metabólicas
. Vasculares
. Diabetes
. Sífilis
. Outras
- Medicamentos

Na anamnese de crianças as perguntas são feitas aos pais e devem incluir


outros itens como:

- Impressão dos pais sobre a audição da criança


- Gestação
- Parto
- Desenvolvimento motor
- Reação a sons
- Desenvolvimento de linguagem
- Doenças
- Antecedentes otológicos

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AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR

- É um teste subjetivo que utiliza o método psicométrico dos limites.

- Sua finalidade é medir a sensibilidade auditiva do indivíduo, em relação a tons puros,


para determinadas freqüências sonoras.

- É realizada com auxílio do audiômetro.

- Mede a audição através da obtenção de limiares para tons puros.

- Objetivos:
. Fornecer dados precisos e diferenciais no que diz respeito à integridade do
mecanismo auditivo a fim de auxiliar o diagnóstico médico.

. Determinar a extensão do prejuízo a fim de propiciar uma conduta audiológica


adequada.

- Composta de duas partes:

. Audiometria tonal por via aérea: realizada com fones


Trajeto do som: OE OM OI  NC SNAC

. Audiometria tonal por via óssea: realizada com vibrador ósseo


Trajeto do som: OI  NC  SNAC

LIMIAR DE AUDIBILIDADE:

É a menor quantidade de energia sonora (dBNA), necessária para o indivíduo


responder a 50% dos estímulos sonoros, apresentados sob a forma de tom puro.

Fatores responsáveis pela variabilidade do limiar;


- Motivação;
- Inteligência;
- Atenção;
- Nível de ruído ambiental;
- Familiaridade com o teste;
- Presença de zumbido.

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MATERIAL UTILIZADO:

1) Cabina acústica:

- Ambiente tratado acusticamente de forma a atenuar ruídos externos e evitar


reverberações.

- Objetivo de sua utilização: evitar que o ruído ambiental mascare os tons puros
utilizados no teste, acusando perdas auditivas inexistentes.

- Norma ANSI 3.1 - 1991 (American National Standards Institute): recomenda


que existam valores de nível de ruído apropriados para quando da utilização de fones
ou de alto-falantes, específicos para cada freqüência.

. Se o ruído no interior da cabina for inferior é possível que o indivíduo perceba


sons oriundos do próprio corpo o que prejudica a obtenção correta dos limiares.

. Se o ruído no interior das cabina for superior, pode mascarar os tons puros
acusando uma perda auditiva inexistente.

2) Audiômetro:
- Aparelho eletroacústico utilizado na realização de audiometria tonal liminar.

- Componentes básicos:
. Gerador de freqüências - produz tons puros nas freqüências de 125,
250, 500, 750, 1000, 1500, 2000, 3000, 4000, 6000 e 8000 Hz

. Atenuadores - com intensidade de -10 a 110 dBNA na via aérea e de -


10 a 70 dBNA na via óssea, em intervalos de 5 dBNA.

. Gerador de ruído - o ruído é utilizado para excluir a orelha não


submetida ao teste. Gera um ruído de banda estreita para mascarar tons puros e um
de banda larga para mascarar sons de fala.

. Fones - transforma energia elétrica em estímulo sonoro e é utilizado na


testagem por via aérea.

. Vibrador ósseo - transforma energia elétrica em vibração e é utilizado


na testagem de via óssea.

. Circuito de logoaudiometria - possibilita a realização de testes de fala.

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AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR

REALIZAÇÃO DO EXAME POR VIA AÉREA:

- Instrução: deve ser simples e adequada a cada paciente. É muito importante


para a realização adequada do teste.
Exemplo: Você vai escutar uns apitinhos, toda vez que escutar levante a mão.
Se escutar na orelha direita levante a mão direita, se escutar na esquerda
levante a mão esquerda. O apitinho vai ficar cada vez mais fraco, levante a mão
mesmo se ele for bem baixinho.

- Colocação de fones:
Devemos pedir para o paciente tirar brincos e óculos, ter cuidado para colocar o
fone bem centralizado no meato acústico externo, não dobrar o pavilhão
auditivo, não deixar cabelo entre o fone e a orelha e colocar o fone vermelho na
orelha direita e o azul na esquerda.

- Orelha adequada para iniciar o teste:


Devemos iniciar o teste sempre pela orelha melhor pois o paciente entende
melhor o teste e, quando formos avaliar a pior orelha, podemos verificar a
necessidade do uso do mascaramento.

- Freqüências testadas:
Ao realizarmos a audiometria tonal por via aérea testamos as seguintes
freqüências, nessa ordem:
1000 – 2000 – 3000 – 4000 – 6000 – 8000 – 500 – 250 Hz

- Tom utilizado:
Podemos utilizar o tom puro contínuo, pulsátil ou modulado. Normalmente
usamos o tom puro contínuo. O tom puro pulsátil e o modulado devem ser
utilizados na avaliação de crianças ou quando o paciente tiver zumbido.

- Tecnicas que podem ser utilizadas:


Normalmente utilizamos a Técnica Descendente: pesquisa do limiar auditivo
realizada do som para o silêncio (inicia-se com um som presumivelmente audível
para um inaudível).
Podemos também utilizar a Técnica Ascendente: pesquisa do limiar auditivo
realizada do silêncio para o som.

- Descrição da técnica de realização da audiometria tonal liminar por via


aérea:
Colocamos o paciente na cabina acústica, damos as instruções ao paciente e
colocamos os fones. Iniciamos o teste pela melhor orelha na freqüência de
1000Hz. Colocamos a intensidade de 40dBNA e damos o estímulo. Se o
paciente não responder vamos subindo de 20 em 20 dBNA até que ele
responda. Se ele responder vamos abaixando o som de 10 em 10 dBNA até que
ele pare de responder. Aí vamos variando de 5 em 5 dBNA para cima e para
baixo até encontrarmos a intensidade em que ele reponde a pelo menos 50%
das apresentações. Anotamos o resultado no audiograma e passamos para
outra freqüência. Fazemos o mesmo nas freqüências de 2000, 3000, 4000,
6000, 8000, 500 e 250 Hz.

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CUIDADOS NA APRESENTAÇÃO DOS ESTÍMULOS:

- Duração do estímulo: não deve ser muito longo nem muito curto

- Apresentação em intervalos irregulares de tempo

- não dar pistas visuais

PADRÃO DE NORMALIDADE:

Os limiares auditivos são considerados normais até 25dBNA no adulto e até


15dBNA na criança.

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AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR

REALIZAÇÃO DO EXAME POR VIA ÓSSEA:

- Quando realizar: A audiometria tonal liminar por via óssea deve ser realizada
quando os limiares aéreos não estiverem normais.

- O trajeto do som na audiometria tonal por via óssea: orelha interna, nervo
coclear e sistema nervoso auditivo central:

OI  NC SNAC

- Objetivos:
. Determinar o grau de comprometimento condutivo: através da comparação dos
limiares aéreos e ósseos;
. Determinar o grau do comprometimento neuro-sensorial: através da
comparação do limiar ósseo do paciente com o 0dBNA.

- Necessidade de utilização do mascaramento:


Quando qualquer local do crânio é estimulado pelo vibrador ósseo, as duas
cócleas são estimuladas simultaneamente;
Isto significa que não há atenuação interaural dificultando o exame de cada
orelha separadamente;
Há necessidade da aplicação do mascaramento como forma de eliminar a
participação da orelha não testada quando a outra está sendo estimulada.

- Instrução ao paciente:
Exemplo: Você vai continuar a escutar os apitinhos só que junto vai escutar um
barulho de chuva. Não ligue para o barulho da chuva e continue a levantar a
mão ao escutar o apitinho.

REALIZAÇÃO DA AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR POR VIA ÓSSEA:

- Colocação do vibrador ósseo:


. Colocação preferencial: mastóide da orelha a ser testada;
. Quando colocar na fronte: registrar no audiograma, pois os limiares obtidos
desta forma diferem dos obtidos na mastóide.

- Colocação dos fones:


. a orelha oposta deverá ser coberta pelo fone;
. a orelha sob teste deverá ficar descoberta.

- Freqüências testadas:
Ao realizarmos a audiometria tonal por via óssea testamos as seguintes
freqüências, nessa ordem:
1000 – 2000 – 3000 – 4000 – 500
. A freqüência de 250 Hz não é testada por provocar muita sensação tátil.
. O vibrador ósseo apresenta limitações mecânicas para a transmissão de
freqüências abaixo de 250 Hz e acima de 4000 Hz.
ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 20
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- Intensidade:
. O vibrador ósseo apresenta limitações mecânicas para a transmissão de
intensidades superiores a 70 dBNA;
. Em perdas neuro-sensoriais maiores que 70 dBNA, a via óssea estará ausente
em 70 dBNA (ou no valor máximo de saída do audiômetro para via óssea).

AUDIOGRAMA

Gráfico onde são anotados os resultados obtidos na pesquisa dos limiares


tonais.

Segundo AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION


(ASHA,1978)

- Freqüências sonoras de 250 a 8000 Hertz (Hz), deverão aparecer na abcissa,


numa escala logarítmica.

- Intensidades de -10 a 120 decibel nível de audição (dBNA), deverão aparecer


na ordenada, numa escala linear.

- O audiograma deverá ter dimensões preestabelecidas: a distância entre as


oitavas, na escala de freqüências, é igual a distância de 20 dB na escala de
intensidade.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 21


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AUDIOGRAMA

ANOTAÇÃO DOS RESULTADOS (ASHA,1974)

- Os valores da orelha direita são marcados em vermelho e unidos por uma


linha contínua.

- Os valores da orelha esquerda são marcados em azul e unidos por uma linha
tracejada.

Orelha direita Orelha esquerda


via aérea  X
via óssea  

Representação dos símbolos audiométricos

- Ao se chegar ao limite de saída máxima do audiômetro, e mesmo assim o


indivíduo não responder, usam-se os símbolos acima acrescidos de uma seta para
baixo.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 22


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AUDIOGRAMA

SIMBOLOGIA ADOTADA PELA ASHA (1988)

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 23


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
BIBLIOGRAFIA:

BESS, F.H. Fundamentos de audiologia. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

FROTA, S. (org.) Fundamentos em Fonoaudiologia: audiologia. 2.ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2003.

KATZ, J. Tratado de audiologia clínica. 4.ed. São Paulo: Manole, 1999.

LOPES FILHO, O. Tratado de Fonoaudiologia. 2.ed. Ribeirão Preto, SP: Tecmedd,


2005.

MUNHOZ, MSL; CAOVILLA, HH; SILVA, MLG da; GANANÇA, MM. Audiologia clínica.
Série otoneurológica volume 2. São Paulo: Atheneu, 2000.

MUSIEK, F. E.; RINTELMANN, W. F. Perspectivas Atuais em Avaliação Auditiva.


Barueri/ SP: Manole, 2001.

RUSSO, I.C.P.; SANTOS, T.M.M. A prática da audiologia clínica. 4.ed. São Paulo:
Cortez, 1994.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 24


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA

A deficiência auditiva pode ser classificada levando-se em consideração os


seguintes fatores:

a) Grau da deficiência auditiva:


A classificação é feita pela média dos limiares nas freqüências de 500, 1000 e 2000
Hz. Podemos também classificar por áreas de freqüências, por exemplo, perda
moderada nas freqüências graves e severa nas agudas.

SEGUNDO DAVIS & SILVERMAN (1970):


 Audição Normal: até 25 dBNA;
 Perda Leve: de 26 a 40 dBNA;
 Perda Moderada: de 41 a 70 dBNA;
 Perda Severa: de 71 a 90 dBNA;
 Perda Profunda: acima de 90 dBNA.

Segundo SILMAN e SILVERMAN (1997):


 Audição Normal: até 25 dBNA;
 Perda Leve: de 26 a 40 dBNA;
 Perda Moderada: de 41 a 55 dBNA;
 Perda Moderadamente Severa: de 56 a 70 dBNA;
 Perda Severa: de 71 a 90 dBNA;
 Perda Profunda: acima de 90 dBNA.

Recomendam que a classificação seja feita:


- Para as freqüências graves e médias: pela média dos limiares em 500, 1000 e
2000 Hz.
- Para as freqüências agudas: pela média dos limiares em 3000 e 4000 Hz
ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 25
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Segundo STACH (1998):
Audição normal é definida como sendo o zero audiométrico mais ou menos 2
desvios padrão. Sendo assim o padrão de normalidade varia de -10 a +10 dBNA.

 Audição Normal: até 10 dBNA;


 Perda mínima: de 11 a 25 dBNA
 Perda Leve: de 26 a 40 dBNA;
 Perda Moderada: de 41 a 55 dBNA;
 Perda Moderadamente Severa: de 56 a 70 dBNA;
 Perda Severa: de 71 a 90 dBNA;
 Perda Profunda: acima de 90 dBNA.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 26


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CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS OBSERVADAS NAS CRIANÇAS DE
ACORDO COM O GRAU DA PERDA AUDITIVA
(AZEVEDO, 1991)

PERDA AUDITIVA LEVE OU MODERADA ( de 20 a 55 dBNA)


- geralmente queixas unicamente de atenção;
- pequeno atraso de aquisição de linguagem;
- estas perdas passam, freqüentemente, despercebidas pelos familiares pois a
criança consegue ouvir a conversação;
- a conversação poderá ser dificultada dependendo da distância e intensidade
da fala.

PERDA AUDITIVA MODERADAMENTE SEVERA (de 56 a 70dBNA)


- aparece a queixa auditiva;
- a criança não atende quando chamada à distância;
- dificuldade de compreender a conversação em níveis normais;
- aumenta o volume do rádio e/ou televisão;
- apresenta atraso significativo de fala.

PERDA AUDITIVA SEVERA OU PROFUNDA (superior a 71dBNA)


- perda facilmente percebida pelos familiares;
- não compreende a conversação;
- só responde para sons muito intensos;
- não adquire fala espontaneamente.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 27


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b) Configuração da curva audiométrica:

- Curva Linear ou plana: quando os limiares auditivos são iguais ou parecidos em


todas as freqüências;

- Curva Não linear: quando os limiares variam. Podemos encontrar as seguintes perdas
não lineares:
 Curva Ascendente: quando os limiares das freqüências graves são
piores que os limiares das freqüências agudas;

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 28


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 Curva Descendente: quando os limiares das freqüências graves são
melhores que os limiares das freqüências agudas;

 Curva em U: quando os limiares das freqüências médias são piores que


os limiares das freqüências graves e agudas;

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 29


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 Curva em U invertido: quando os limiares das freqüências médias são
melhoras que os limiares das freqüências graves e agudas;

 Curva com gota ou entalhe em 4000 Hz (ou em outra freqüência).

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 30


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c) Local onde ocorre :
 Deficiência (Perda) auditiva condutiva ou de transmissão: ocorre na
orelha externa e/ou orelha média.
A audiometria tonal por via aérea está rebaixada e a audiometria tonal por
via óssea normal

 Deficiência (Perda) auditiva neuro-sensorial (neurossensorial) ou


sensorioneural: ocorre na orelha interna e/ou nervo coclear.
A audiometria tonal por via aérea está rebaixada. A audiometria tonal por
via óssea também está rebaixada e acoplada à via aérea.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 31


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 Deficiência (Perda) auditiva mista: existe problema condutivo e neuro-
sensorial ao mesmo tempo.

 Alteração central: ocorre no tronco cerebral e/ou cérebro.

d) Momento em que ocorre:


 Pré-natal: ocorre durante a vida gestacional
Congênita
 Peri-natal: ocorre durante o nascimento

 Pós-natal: ocorre após o nascimento.

e) Origem do problema:
 Hereditária;
 Não-hereditária.

f) Orelha atingida:
 Deficiência (Perda) Auditiva Unilateral: quando o problema atinge apenas
uma orelha;
 Deficiência (Perda) Auditiva Bilateral: quando o problema atinge as duas
orelhas.
- Simétricas: perdas iguais ou muito parecidas nas duas orelhas.
- Assimétricas: perdas diferentes nas duas orelhas.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 32


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g) Forma de aparecimento:
 Deficiência (Perda) Auditiva Súbita: quando o aparecimento da perda
auditiva é repentino;
 Deficiência (Perda) Auditiva Progressiva: quando a perda auditiva vai
piorando aos poucos.

h) Constância da perda:
 Deficiência (Perda) Auditiva Flutuante: quando existe fase de melhora e
piora da perda auditiva;
 Deficiência (Perda) Auditiva Não-Flutuante: quando a perda auditiva é
constante, isto é, mantém-se igual ou se piora não volta a melhorar.

BIBLIOGRAFIA:

RUSSO, I.C.P.; SANTOS, T.M.M. dos. A prática da audiologia clínica. 4.ed. São
Paulo: Cortez, 1994. 253 p.
SILMAN, S.; SILVERMAN, C.A. Auditory diagnosis: principles and applications.
San Diego: Singular Publishing Group, 1997. 412 p.
STACH, B.A. Clinical audiology: an introduction. San Diego: Singular Publishing
Group, 1998. 585 p.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 33


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
LOGOAUDIOMETRIA
É qualquer teste realizado com estímulos lingüísticos que nos permite avaliar
qualitativamente a audição do indivíduo.
Permite a medida da habilidade do paciente de entender a comunicação
cotidiana.
Crianças pequenas respondem melhor à fala que a tons puros, por isto os
resultados da logoaudiometria são mais confiáveis que os da audiometria tonal.

OBJETIVOS DA LOGOAUDIOMETRIA

- Medir limiares para fala;


- Checar a audiometria tonal: existe uma relação entre audição para tons puros e
para fala, por isto a logoaudiometria serve para verificar se a audiometria está correta;
- Ajudar no topodiagnóstico ou diagnóstico diferencial;
- Fazer estimativa da função comunicativa;
- Ajudar na detecção de perdas auditivas funcionais ou não orgânicas e nos
quadros de simulação de perda auditiva;
- Auxiliar na indicação de aparelho de amplificação sonora individual.

(RUSSO & SANTOS, 1994; STACH, 1998)

PERCEPÇÃO DE FALA

Envolve um sistema de interação complexa que ultrapassa a realidade de


simples detecção de sinais acústicos. O estímulo de fala precisa ser identificado,
categorizado e reconhecido.

ETAPAS DA PERCEPÇÃO DE FALA

1) Audibilidade: detecção do som.


2) Recepção da informação sonora.
3) Discriminação: entre sons de diferentes espectros.
4) Reconhecimento: comparação do que foi ouvido com experiências anteriores.
5) Memória: retenção e evocação de elementos da fala.
6) Compreensão da mensagem falada.

(RUSSO & BEHLAU, 1993)

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 34


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Fatores que fazem parte do processo lingüístico e cognitivo do indivíduo
ao receber um sinal de fala:

- Análise-síntese: é a decomposição e a integração das informações de fala


recebidas.
- Sequenciação: capacidade de ordenar os estímulos sonoros.
- Fechamento auditivo: reconstrução da mensagem sonora quando parte desta
foi omitida ou quando o ouvinte realiza suplência mental antes do término da fala.

(KEITH, 1982)

REDUNDÂNCIA NA PERCEPÇÃO DE FALA

Existe grande quantidade de redundância associada com nossa habilidade de


ouvir e processar a fala.

-REDUNDÂNCIA INTRÍNSICA: abundância de informação presente no sistema


auditivo central devido a presença de grande número de caminhos neurais.
Permite o processamento multissensorial e o processamento simultâneo
de diferentes sinais auditivos.

-REDUNDÂNCIA EXTRÍNSICA:abundância de informação presente no sinal de


fala.
Esta informação vem de pistas fonéticas, fonêmicas sintáticas e
semânticas.
A redundância extrínsica aumenta com o tamanho do sinal da fala: a
sílaba sem sentido tem a menor redundância, o discurso é o mais redundante.
Quanto menor a redundância extrínsica do material de fala mais a
percepção é afetada pela perda auditiva periférica.

Redundância extrínsica do material de fala e sensitividade para perda auditiva

menos sílabas mais

redundância  palavras  sensitividade


extrínsica para perda
sentenças auditiva
mais menos

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 35


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-Sílabas sem sentido e monossílabos são sinais de fala apropriados para
detectar perdas periféricas.

- É muito difícil ter acesso aos efeitos de uma desordem no SNAC na percepção
de fala.
Sinais de fala de todos os níveis de redundância dão muita informação
para o SNAC que tem grande redundância intrínsica.
Mesmo que a redundância intrínsica esteja reduzida por problemas
neurológicos, a redundância extrínsica de fala é suficiente para permitir um
processamento normal.
A solução para ter acesso às desordens do SNAC é reduzir a redundância
extrínsica da informação de fala.

Intrínsica Extrínsica Reconhecimento


normal + normal = normal
normal + reduzida = normal
reduzida + normal = normal
reduzida + reduzida = alterado

MATERIAIS DE FALA PARA LOGOAUDIOMETRIA

Diferentes tipos de materiais de fala são úteis para diferentes tipos de medidas
audiométricas de fala:
- Sílabas sem sentido
- Monossílabos
- Dissílabos ou espondaicos
- Trissílabos
- Sentenças sem sentido mas sintaticamente apropriadas
- Sentenças

AUDIÔMETRO
CIRCUITO PARA REALIZAÇÃO DE LOGOAUDIOMETRIA

1) Microfone utilizado pelo examinador ou toca-fitas ou CD player;


2) Medidor de volume (VU meter) que permite ao examinador estabilizar a intensidade
de sua voz;
3) Fones ou caixas acústicas;
4) Circuito de retorno da voz do paciente (microfone, fones de ouvido ou caixa acústica
para recepção das respostas do paciente.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 36


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VALORES ACÚSTICOS MÉDIOS DE FREQÜÊNCIA E INTENSIDADE DOS SONS
DA FALA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, DISPOSTOS NO REGISTRO GRÁFICO
DO AUDIÔMETRO (RUSSO & BEHLAU, 1993)

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 37


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SDT ou LDV

SPEECH DETECTION THRESHOLD (SDT)


SPEECH AWARENESS THRESHOLD (SAT)
LIMIAR DE DETECÇÃO DE VOZ (LDV)

DEFINIÇÃO: é a intensidade em dBNA na qual o indivíduo pode detectar a presença


de um sinal de fala em 50% das apresentações. Não é esperado que o indivíduo
identifique e entenda este sinal, basta que ele o perceba.

APLICAÇÃO CLÍNICA: confirmação dos limiares tonais. É usado quando não é


possível realizar o SRT (em pacientes que não tem linguagem oral ou em deficiências
auditivas profundas).

MATERIAL DE FALA:
- Convencionou-se utilizar  a  repetição  da  sílaba  “pa”  para  pesquisar  o  SDT.

MÉTODO:
- Obtém-se a média dos limiares tonais por via aérea nas freqüências de 500,
1000 e 2000Hz para cada orelha;
- O paciente é instruído a levantar a mão ou apertar um botão ao ouvir a voz do
examinador;
- Inicia-se o teste com 30 a 40 dB acima da média tonal.
- Abaixa-se a intensidade de 10 em 10 dB até o paciente deixar de ouvir a voz;
- Varia-se a intensidade subindo e descendo de 5 em 5dB até encontrar o nível
de intensidade onde o paciente detecta 50% das apresentações.
- O resultado do SRT é expresso em dBNA

RESULTADO ESPERADO:
- O SDT está situado no nível de intensidade correspondente à perda média
tonal, ou seja, àquela referente às freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz. Em alguns
casos pode coincidir com o melhor limiar tonal (RUSSO & SANTOS, 1994).
- O SDT deve coincidir com o melhor limiar auditivo encontrado (REDONDO &
LOPES FILHO, 1997; STACH, 1998).
- O SDT deve coincidir com o melhor limiar dentre as freqüências de 250, 500,
1000 e 2000Hz (FROTA, 1998)

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 38


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SRT

SPEECH RECOGNITION THRESHOLD - SRT


LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE FALA
SPEECH RECEPTION THRESHOLD - SRT
LIMIAR DE RECEPÇÃO DE FALA
LIMIAR DE INTELIGIBILIDADE
LIMIAR LOGOAUDIOMÉTRICO
SPONDEE THRESHOLD - ST

DEFINIÇÃO:
- É o menor nível de intensidade em que a fala pode ser identificada (STACH,
1998).
- Nível de intensidade no qual o ouvinte pode identificar 50% das palavras
apresentadas (RUSSO & SANTOS, 1994).

MATERIAL DE FALA: palavras familiares ao ouvinte, fáceis de serem entendidas e


igualmente percebidas.
. Alta inteligibilidade pois o teste tem a finalidade de ser a medida da
sensitividade e não da habilidade de discriminação;
. Inteligibilidade homogênea para que a resposta do paciente não varie
em função da palavra do teste mas somente em função do nível de apresentação.
- Na língua inglesa são usadas as palavras espondaicas (spondees), isto é,
dissílabos acentuados em ambas as sílabas (hot-dog, cowboy).
- Como na língua portuguesa não existe espondaicas usamos:
. palavras trissilábicas ou polissilábicas (RUSSO & SANTOS, 1994;
FROTA, 1998);
. palavras dissilábicas;
. perguntas ou ordens simples;
. figuras ou objetos.

MÉTODO:
- pode ser feito com viva voz ou com gravação em fita cassete ou CD;
- Obtém-se a média dos limiares tonais por via aérea nas freqüências de 500,
1000 e 2000Hz para cada orelha;
- Instrui-se o paciente a repetir as palavras da maneira que ouvir. Não esquecer
de referir que elas vão ficando cada vez mais fracas;
- Inicia-se o teste com 30 a 40 dB acima da média tonal;
- Na maneira convencional as palavras são apresentadas em grupos de quatro e
a intensidade deverá ser diminuída, em passos de 10dB, até o ponto em que o
indivíduo consiga repetir apenas 1 palavra. A intensidade então é aumentada de 5 em
5dB, até o nível em que ele repita corretamente 2 palavras (50%).
-Com a finalidade de tornar o exame mais rápido, diminui-se de 10 em 10 dB,
apresentando uma palavra em cada nível de intensidade, até que o paciente não mais
repita. Aumenta-se 5 dB e apresenta-se 4 palavras. Dependendo de quantas palavras
o paciente emita corretamente, passaremos a aumentar ou diminuir a intensidade em
intervalos de 5dB, apresentando 4 palavras em cada nível, até encontrar a intensidade
onde o paciente acerta 2 e erra 2 palavras (50%).

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 39


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
- Se fizermos com perguntas ou ordens, descemos 10 dB a cada acerto do
paciente. Quando errar subimos 5 dB e fazemos outra pergunta ou damos outra ordem.
Subimos e descemos de 5 em 5 dB até encontrar a menor intensidade em que o
paciente acerta.

RESULTADO ESPERADO:

- O SRT está situado entre 5 e 10 dB acima da média dos limiares de 500, 1000
e 2000Hz, desde que sejam mantidas as condições ideais de isolamento acústico e de
nível de ruído interno da cabine audiométrica (RUSSO & SANTOS, 1994).
- O SRT (realizado com espondaicas) está situado entre  6dB da média dos
limiares de 500, 1000 e 2000Hz (STACH,1998).

APLICAÇÃO CLÍNICA:
- Confirmação dos limiares tonais;
- Serve também para alertar o audiologista quanto a possíveis falhas na
avaliação.
Se o SRT estiver situado acima ou abaixo desses valores indicará:
. erro na determinação dos limiares tonais que deverão ser retestados;
. presença de desordem funcional ou simulação;
. falha no equipamento;
. falha do examinador no controle do V.U. ou da intensidade de voz ao
realizar o SRT.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 40


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IPRF
ÍNDICE PERCENTUAL DE RECONHECIMENTO DE FALA

Definição: é a medida da habilidade de reconhecimento de monossílabos no silêncio.

Objetivo: determinar a porcentagem de palavras repetidas corretamente no nível de


intensidade mais confortável para o paciente.

Nível de intensidade confortável:


- É preciso determiná-lo com precisão para que se atinja o máximo de
inteligibilidade;
- Não existe um nível de intensidade que assegure o máximo de inteligibilidade
para todos os pacientes;
- Ouvintes normais atingem o máximo de inteligibilidade entre 25 e 40 dBNS
(CARHART, 1965);
- Adotou-se 40 dBNS como a intensidade para ser usada neste teste já que a
maioria da população de ouvintes normais necessita desta intensidade para atingir o
máximo de inteligibilidade;
- Para perdas auditivas neuro-sensoriais, 40 dBNS pode ser desconfortável para
o paciente, reduzindo a porcentagem de reconhecimento. Nestes casos é preciso
pesquisar o nível mais confortável para cada indivíduo.

Material de fala:
- As palavras utilizadas para esta avaliação deverão:
. conter todos os fonemas da língua;
. ser familiares;
. ter igual dificuldade, tanto entre vocábulos quanto entre as listas de cada
orelha.
- Segundo CARHART (1965), o balanceamento fonético é de importância
secundária, uma vez que os vocábulos mais usados e significantes são aqueles que
proporcionam os melhores resultados no teste.
- São montadas duas listas de 25 palavras monossilábicas, uma para cada
orelha.
- Utiliza-se, também, duas listas de 25 palavras dissilábicas, uma para cada
orelha.

Cuidados:
1) Observar se os fones estão corretamente posicionados;
2) Certificar-se de que a voz do paciente esteja sendo ouvida perfeitamente a fim de
evitar possíveis erros de interpretação;
3) Ajustar o V.U. de forma que não ultrapasse a marca zero, mas que a atinja em todas
as apresentações;
4) Emitir as palavras de modo claro, sem exagero ou articulação forçada;
5) Pronunciar as palavras em velocidade e ritmo normais de fala, deixando, entre elas,
um intervalo suficiente para possibilitar a identificação e a repetição das mesmas;
6) Usar a gravação sempre que existir algum problema que possa alterar a
inteligibilidade de sua voz (resfriados, rouquidão).

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 41


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
Método:
- Pode ser realizado com viva-voz ou com gravação;

- Instruir o paciente para que repita a última palavra que lhe for apresentada;

- Utilizar   uma   frase   introdutória   antes   de   cada   palavra   (“Repita   a   palavra...”;;  


“Diga  a  palavra...”;;  “Repita  ...”)  para:
. preparar o ouvinte para a chegada da palavra;
. reduzir a variabilidade devido a falta de atenção;
. permitir ao audiologista modular sua voz de forma a manter o mesmo
nível de apresentação das palavras;
. situar a palavra em contexto, o que facilita sua captação e compreensão.
(RUSSO & SANTOS, 1994);

- Colocar a intensidade de 40 dBNS ou aquela que for mais confortável para o


paciente;
Obs.: Colocar 40 dBNS e antes de iniciar o teste perguntar se o som está
muito forte, se está incomodando. Em caso de resposta positiva, abaixar a intensidade
de 5 em 5 dB pesquisando em cada nível se ainda existe desconforto. O teste poderá
ser iniciado quando a intensidade confortável for encontrada.

- Aplica-se uma lista de 25 monossílabos na OD e outra na OE;

- Calcula-se o resultado: conta-se os acertos do paciente e multiplica-se por 4


para obter a porcentagem de palavras repetidas corretamente. Isto é feito
separadamente para cada orelha;

- Se encontrarmos uma porcentagem igual ou inferior a 88%, repetimos o


procedimento utilizando palavras dissilábicas.

Resultados:
Este teste é supraliminar e seus resultados são expressos em porcentagem de
acertos no reconhecimento das palavras e não em nível de intensidade.

- Segundo JERGER e col. (1968):


90 a 100% - limites normais
75 a 89% - ligeira dificuldade
60 a 74% - dificuldade moderada
50 a 59% - reconhecimento pobre, dificuldade
acentuada em acompanhar uma
conversação
abaixo de 50% - reconhecimento muito pobre,
provavelmente incapaz de
acompanhar uma conversação.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 42


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
- Resultado em função do tipo de perda auditiva:
. Perdas condutivas: espera-se uma porcentagem acima de 90% já que este tipo de
perda não compromete a discriminação.
. Perdas sensoriais: a porcentagem de reconhecimento será compatível com a perda
auditiva, isto é, dependera:
. do grau da perda auditiva;

. da configuração da curva audiométrica (é pior nas perdas descendentes;

. da etiologia do problema.

- Perdas neurais: a porcentagem de reconhecimento é pior do que o esperado para a


perda.

- Alterações centrais: geralmente o IPRF está normal.

CURVA DE INTELIGIBILIDADE

CURVA DE ARTICULAÇÃO

FUNÇÃO PERFORMANCE-INTENSIDADE

PERFORMANCE-INTENSITY FUNCTION

(PI FUNCTION)

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 43


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
IMITÂNCIA ACÚSTICA

IMITÂNCIA ACÚSTICA: termo geral que descreve a facilidade ou a oposição ao fluxo


de energia sonora através de um sistema.

IMPEDÂNCIA ACÚSTICA: oposição à passagem do fluxo de energia sonora através


de um sistema

ADMITÂNCIA ACÚSTICA: facilidade com que o fluxo de energia sonora passa através
de um sistema

IMITÂNCIA ACÚSTICA
IMPEDÂNCIA + ADMITÂNCIA
IMPEDÂNCIA ADMITÂNCIA
←  GRANDEZAS  
ACÚSTICA ACÚSTICA
RECÍPROCAS  →
(OPOSIÇÃO) (FACILIDADE)
RESISTÊNCIA CONDUCTÂNCIA
ACÚSTICA – ATRITO ←  GRANDEZAS   ACÚSTICA – ATRITO
(independe da RECÍPROCAS  → (independe da
freqüência sonora) freqüência sonora)
REACTÂNCIA DE SUSCEPTÂNCIA DE
←  GRANDEZAS  
RIGIDEZ RIGIDEZ
RECÍPROCAS  →
(freqüências graves) (freqüências graves)
REACTÂNCIA DE SUSCEPTÂNCIA DE
←  GRANDEZAS  
MASSA MASSA
RECÍPROCAS  →
(freqüências agudas) (freqüências agudas)

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 44


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
MEDIDAS DE IMITÂNCIA ACÚSTICA

1. COMPLIÂNCIA ESTÁTICA

 Representa a contribuição da orelha média na imitância acústica do sistema


auditivo.

 É obtida subtraindo-se a compliância na pressão de + 200 daPa da compliância na


pressão do pico.

 É expressa em volume equivalente de ar (ml).

Quando a pressão está em +200 daPa a membrana timpânica está em posição


de máxima impedância. A compliância neste ponto será equivalente ao volume do
meato acústico externo.

Valores normais de volume do meato acústico externo

Alves (1992) criança adulto


X 0,5 ml 1,0 ml
valor mínimo 0,25ml 0,3 ml
valor máximo 1,9 ml 2,0 ml

Silman & Silverman(1997)


valor máximo 2,0 ml 2,5 ml

Stach (1998)
valor mínimo 0,5 ml 0,5 ml
valor máximo 1,5 ml 1,5 ml

Volume do meato acústico externo:

 Abaixo do esperado
- Vedamento inadequado (encostou o orifício da sonda na parede do meato
acústico externo);
- Presença de cerume no meato acústico externo.

 Acima do esperado
- Perfuração de membrana timpânica;
- Presença de tubo de ventilação permeável.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 45


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
Quando na pressão do pico de maior compliância, o volume é maior porque
inclui o volume da orelha média (volume do meato acústico externo + orelha média).
A compliância estática é a diferença de volume entre estas duas pressões e
representa o volume da orelha média.

Valores normais de compliância estática

mínimo máximo
Jerger (1972) 0,39 ml 1,3 ml
Brooks (1971) 0,35 ml 1,05 ml
Katz (1994) 0,28 ml 2,5 ml
Rossi (1998) 0,18 ml 2,5 ml
Stach (1998) 0,30 ml 1,6 ml

2. TIMPANOMETRIA

É uma medida dinâmica que verifica a mudança da compliância decorrente da


variação da pressão do ar no meato acústico externo.
Quando a pressão do ar no meato acústico externo é a mesma da orelha média
a imitância do sistema auditivo está em seu pico ótimo e a energia que flui no sistema é
máxima. A pressão da orelha média é alcançada variando-se a pressão do meato
acústico externo vedado até que o nível de pressão sonora do tom da sonda esteja em
seu mínimo indicando máxima transmissão de som através do mecanismo auditivo.
Quando a pressão de ar no meato acústico externo varia acima e abaixo do
ponto de máxima transmissão, o nível de pressão sonora do tom da sonda aumenta
indicando redução na transmissão de som para a orelha média.

APLICAÇÃO CLÍNICA: diagnostico diferencial entre as perdas auditivas condutivas.

TIMPANOGRAMA: gráfico que relaciona a pressão do ar em daPa (decaPascal) na


abcissa e a compliância na ordenada.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 46


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CLASSIFICAÇÃO DAS CURVAS TIMPANOMÉTRICAS (JERGER,1970)

TIPO A:
Encontrada em indivíduos com função de orelha média normal.
Mostra um pico de máxima compliância entre 0,28 e 2,5 ml ao redor da pressão
atmosférica ( 100 daPa)

TIPO AD
Encontrada em indivíduos com disjunção de cadeia ossicular ou com membrana
timpânica flácida.
O pico da curva ultrapassa o limite do gráfico deixando um intervalo entre os
dois ramos da curva igual ou superior a 100 daPa.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 47


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TIPO AR
Encontrada em indivíduos que apresentam rigidez no sistema tímpano-ossicular.
A rigidez pode estar na MT, na articulação dos ossículos ou fixação da platina do
estribo na janela oval.
O pico de máxima compliância está rebaixado.

TIPO B
Indica presença de líquido na orelha média (otite serosa ou secretora). Pode
ainda representar vedação do meato ou perfuração timpânica.
Não apresenta pico de máxima compliância, sendo a curva achatada.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 48


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TIPO C
Encontrada em indivíduos com disfunção tubária, isto é, que apresentam
pressão negativa dentro da orelha média.
O pico de máxima compliância está deslocado para pressões negativas, abaixo
de -100 daPa.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 49


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3. REFLEXO ACÚSTICO

 A orelha média possui dois músculos: o estapédio (músculo do estribo) e o tensor


do tímpano.
 Sons intensos produzem um reflexo de contração da musculatura da orelha média.
 Nos humanos é o músculo estapédio que dá a maior contribuição ao reflexo
acústico. Em outros animais, o músculo tensor do tímpano contribui bastante para
este reflexo (STACH, 1998).
 O músculo estapédio está ligado, através de um tendão, da parede posterior da
orelha média até a cabeça do estribo. Quando ele contrai, aumenta a rigidez da
cadeia ossicular reduzindo a transmissão da energia sonora através da orelha
média. Esta redução da transmissão da energia produz um aumento do nível de
pressão sonora do tom de prova no meato acústico externo que pode ser captado
pelo imitanciômetro.
 O músculo estapédio é inervado pelo nervo facial (VII par craniano) que provoca sua
contração.
 Em orelhas normais, a estimulação sonora intensa em qualquer orelha provoca
contração do músculo de estribo bilateralmente. Devido a isto podemos observar
reflexos acústicos contralaterais e ipsilaterais

LIMIAR DO REFLEXO ACÚSTICO:


- É a menor intensidade sonora capaz de provocar mudança na imitância da
orelha média devido à contração do músculo estapédio
- Em pessoas com função de orelha média e audição normal, encontra-se entre
70 e 90 dBNS (LOPES FILHO, 1972).

REFLEXO CONTRALATERAL:
Quando o estímulo sonoro é apresentado em uma orelha e o reflexo acústico é
medido na outra.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 50


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REFLEXO IPSILATERAL:
Quando o estímulos sonoro é apresentado na mesma orelha em que o reflexo é
medido.

TÉCNICA

 Depois de realizar a timpanometria, coloca-se o manômetro na pressão que foi


encontrada quando a membrana timpânica se encontrava em máximo relaxamento
(pressão do meato acústico externo = pressão da orelha média), a fim de que
qualquer modificação na imitância da OM possa ser registrada.
 Para realizar o reflexo contralateral, coloca-se na freqüência de 500 Hz e estimula-
se, pelo fone, a partir de 80 dBNA aumentando a intensidade até notarmos uma
modificação na imitância.
 Repete-se o mesmo procedimento com as freqüências de 1000, 2000 e 4000 Hz.
 Repete-se o procedimento para realizar o reflexo ipsilateral
 Anota-se os resultados

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 51


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ARCO REFLEXO

PARTE AFERENTE: Nervo Coclear (VIII par craniano).


PORÇÃO CENTRAL DO ARCO REFLEXO: Complexo Olivar Superior (tronco
cerebral).
PARTE EFERENTE: Nervo Facial (VII par craniano).

nervo coclear (VIII par)  núcleo coclear ventral  complexo olivar superior 
núcleo motor do nervo facial  nervo facial (VII par)  músculo estapédio

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 52


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REFLEXO ACÚSTICO

A ausência do reflexo contralateral direito pode ser devido a:


 perda condutiva elevada na orelha direita que deixa o som com intensidade
insuficiente para causar o reflexo.
 perda neuro sensorial severa na orelha direita.
 tumor no nervo auditivo direito.
 lesão nas fibras que cruzam a linha média na porção central do arco reflexo.
 problema no nervo facial esquerdo que impede que os estímulos nervosos cheguem
ao músculo estapédio.
 problema condutivo na orelha esquerda que impede que a contração do músculo
estapédio influencie a imitância da orelha média.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 53


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APLICAÇÕES CLÍNICAS DA IMITANCIOMETRIA

 Avaliação da função tubária

a) Com perfuração da membrana timpânica (Teste ou Prova de Função Tubária)


- Vedamos o meato acústico externo com uma oliva adequada.
- Introduzimos uma pressão de +200 daPa.
- Damos um copo de água ao paciente e solicitamos que coloque um pouco na
boca e degluta ao nosso comando.
- A cada deglutição observamos o manômetro.
- Resultados:

1) Tuba funcionante (permeável): após 3 ou 4 goles de água a pressão


retorna ao 0 daPa:

2) Tuba hipofuncionante (semi-permeável): a pressão diminui mas permanece


uma pressão residual:

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 54


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3) Tuba não permeável (impermeável): quando há um bloqueio total da tuba a
pressão permanece fixa em +200 daPa.

b) Sem perfuração de membrana timpânica:


- Timpanometria:
- se o pico estiver entre  100 daPa a função tubária está normal.
- se houver registro de pulsação sincrônica com a respiração a tuba é hiperfuncionante.
- Manobra de Valsalva:
- O paciente faz uma expiração forçada com as narinas ocluídas forçando a entrada de ar
na orelha média;
- Realiza-se a timpanometria que deverá ter o pico deslocado para pressões positivas;
- Pede-se para o paciente tomar um gole de água;
- Realiza-se novamente a timpanometria;
- Se a tuba estiver permeável o pico retorna para 0daPa.
- Manobra de Toymbee:
- O paciente deglute com o nariz obstruído;
- Realiza-se a timpanometria que deverá mostrar um pico deslocado para pressões
negativas;
- Pede-se para o paciente tomar um gole de água;
- Realiza-se novamente a timpanometria;
- Se a tuba estiver permeável o pico retornará ao 0daPa.

 Diagnóstico diferencial entre as perdas auditivas de condução

Os vários tipos de curvas timpanométricas (A, Ad, Ar, B e C) ajudam no diagnóstico


diferencial das perdas auditivas de condução.

 Pesquisa do recrutamento objetivo de Metz

Metz, em 1946, observou que indivíduos com perdas neuro-sensoriais apresentavam os


mesmos níveis de reflexo estapediano que os indivíduos com audição normal.
Quando existe uma diferença reduzida (inferior a 60dB) entre os limiares tonais e os
limiares de reflexo acústico, temos o recrutamento que é indicativo de problema coclear.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 55


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 Pesquisa do declínio do reflexo (decay imitanciométrico)

Apresenta-se um tom puro, 10 dB acima do limiar do reflexo acústico em 500 e


1000 Hz, durante 10 segundos.
Se a agulha do balance voltar mais que 50% nos primeiros 5 segundos, o decay
será positivo sugerindo presença de lesão retro-coclear.

 Diagnóstico de fístula perilinfática

- Pesquisa do fenômeno de Túlio:


Fenômeno de Túlio é a presença de vertigem após a apresentação de um som
intenso.
Apresenta-se um som de 125 dB nas freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz
e observa-se a presença de vertigem.
A presença deste fenômeno é indicativo de fístula perilinfática.

- Pesquisa do sinal de Hennebert:


Sinal de Hennebert é o aparecimento de vertigem e nistagmo após variação
rápida de pressão no meato acústico externo.
Muda-se a pressão de positiva para negativa e vice-versa, de forma rápida, e
observa-se a presença de vertigem e nistagmo.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 56


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 Detecção de lesão do tronco cerebral

A ausência de reflexo acústico contralateral acompanhada da presença do


reflexo ipsilateral em orelha com audição normal pode revelar uma lesão de tronco
cerebral.

 Topodiagnóstico das paralisias faciais periféricas

Em paralisias faciais supra-estapedianas (acima da emergência do ramo do


nervo facial para o músculo estapédio) o reflexo estará ausente.
Em paralisias faciais infra-estapedianas (abaixo da emergência do ramo do
nervo facial para o músculo estapédio) o reflexo estará presente.

 Diagnóstico de tumores glômicos na orelha média

A presença de pulsação sincrônica com a pulsação periférica durante a


timpanometria, pode indicar presença de tumor glômico pulsátil ou hipertensão arterial.

 Pesquisa da surdez psicogênica ou simulação

O paciente apresenta perda auditiva profunda e apresenta reflexo acústico em


níveis de intensidade normais.

 Screening (triagem) imitanciométrico

O screening ou triagem tem o propósito de diferenciar indivíduos auditivamente


normais e anormais dentro de uma dada população. Identifica o indivíduo que
necessita de investigação mais profunda.
O screening imitanciométrico em escolares é mais efetivo que ao audiométrico
pois identifica patologias da orelha média.

 Avaliação da função auditiva em bebês e crianças pequenas

Por ser um teste objetivo é muito útil na avaliação de bebês e crianças


pequenas, pois não necessita da colaboração da criança.

 Predição do limiar auditivo em perdas auditivas neuro-sensoriais


(JERGER,1974)

Baseada na diferença do limiar de reflexo acústico para tons puros e para ruído
branco. Esta diferença é de 20 a 30 dB, sendo o reflexo para ruído branco obtido a
níveis menos intensos de estímulo.
O limiar de reflexo para ruído branco é subtraído da média dos limiares de
reflexo para tons puros de 500, 1000 e 2000 Hz.
O valor desta diferença varia de acordo com o equipamento utilizado, por isto é
preciso pesquisar a diferença entre estes dois níveis de reflexo, em ouvintes normais,
para obter o fator de correção. Jerger encontrou 25 db de diferença. Se a diferença
encontrada for inferior ou superior a este valor deve-se acrescentar o valor de correção
ao calculo da perda.
Se a diferença entre os dois limiares de reflexo for inferior a 15 dB indica
presença de perda auditiva neuro-sensorial.
ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 57
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MASCARAMENTO

DEFINIÇÃO:
• Mascaramento é o processo pelo qual o limiar de audibilidade para um som é
elevado pela presença de outro som (ANSI, 1989)

OBJETIVO DO USO DO MASCARAMENTO:

• Eliminar a participação da orelha não testada (ONT) durante a avaliação da


orelha testada (OT).

Um ruído, apresentado à ONT, é empregado para alterar a sensibilidade da


cóclea não testada e impedir que ela responda quando o estímulo for apresentado à
OT.

RUÍDOS MASCARANTES

1. RUÍDOS DE BANDA LARGA: a energia sonora está distribuída de forma linear


em uma faixa que abrange diversas freqüências.

1.1 RUÍDO BRANCO (WHITE NOISE)

• Ruído com energia acústica em níveis de intensidade aproximadamente


equivalentes em todas as freqüências do espectro audível.
• Quando o Ruído branco passa por um transdutor (fone, vibrador ósseo ou alto
falante) sua banda é reduzida devido à limitação imposta pela resposta de
freqüência do transdutor.
• Fone TDH39: o espectro é horizontal até 6000Hz mas cai rapidamente depois
desse ponto.

Espectro acústico do Ruído Branco apresentado por meio de um fone TDH-39 (Fonte:
Musiek e Rintelmann, 2001)

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 58


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1.2 RUÍDO ROSA (PINK NOISE)

 É uma filtragem do Ruído Branco abrangendo uma área mais reduzida do


espectro audível;

 Sua energia está igualmente distribuída na faixa de freqüências de 500 a


4000 Hz;

 Por ter energia concentrada numa faixa de freqüências mais estreita do que
o Ruído Branco, sua efetividade de mascaramento para sons de fala é maior,
necessitando de menor intensidade total.

Espectro de Amplitude do Ruído Rosa


(Fonte: Almeida, Russo e Santos, 1995)

1.3 RUÍDO DE FALA (SPEECH NOISE)

 É uma filtragem do Ruído Branco contendo a distribuição da energia na faixa


de freqüências de 500 a 2000 Hz;

 Tem uma freqüência com pico da curva em 1000 Hz e um decréscimo de 12


dB por oitava;

 Por apresentar uma largura de banda que corresponde à da faixa de


freqüências do espectro da fala que concentra maior energia, necessita de
menor intensidade do que o Ruído Branco e o Rosa.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 59


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FAIXA CRÍTICA

• Quando um tom puro é mascarado por um Ruído de Banda Larga, apenas uma
faixa limitada do ruído em torno da freqüência testada é essencial para mascará-
lo;

• O restante do Ruído de Banda Larga irá contribuir apenas com o loudness do


ruído mascarante.

• Faixa limitada de freqüências de um ruído, ao redor da freqüência testada, que é


essencial para mascarar o tom puro (Silman e Silverman, 1997);

• Extensão da faixa do ruído cuja energia é igual à energia do tom puro no centro
da faixa quando o tom mal é mascarado pelo ruído (Goldstein e Newman, 1999);

• Extensão da faixa do ruído cujo limiar absoluto é igual ao limiar do tom puro no
centro da faixa (Goldstein e Newman, 1999);

• A energia acústica acima e abaixo dessa faixa pode ser removida sem afetar o
mascaramento produzido pelo ruído (Sanders e Hall, 2001).

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 60


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Faixa crítica para mascaramento
(Fonte: Silman e Silverman, 1997)

250 500 1000 2000 3000 4000 6000 8000


Freqüência
Hz Hz Hz Hz Hz Hz Hz Hz

50 50 64 100 158 200 376 501


Faixa crítica
Hz Hz Hz Hz Hz Hz Hz Hz

• Os níveis de intensidade da faixa crítica produzem o mascaramento mais


eficiente para estímulos com tom puro mas tendem a ter uma tonalidade que
pode ser confundida com o tom em teste. Para resolver este problema: faixas de
freqüências maiores do que a faixa crítica tem sido utilizadas nos audiômetros
(Goldstein e Newman, 1999).

2. RUÍDO DE BANDA ESTREITA (Narrow Band Noise)

• Ruído criado pela passagem do Ruído Branco através de uma série de filtros
eletrônicos ativos de banda estreita;

• A energia sonora está concentrada numa faixa restrita de freqüências sendo que
a freqüência central é a testada na audiometria tonal.

Espectro de Amplitude do Ruído de Banda Estreita (Narrow Band Noise)


(Fonte: Almeida, Russo e Santos, 1995)

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 61


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RUÍDO DE BANDA ESTREITA (Narrow Band Noise)

MASCARAMENTO EFETIVO

• É o nível de intensidade no qual o limiar tonal é alterado por um determinado


ruído cuja freqüência central é a mesma do tom teste.

 Um tom puro, em uma dada intensidade e freqüência, será mascarado


por um ruído mascarante cuja energia na faixa de freqüência
correspondente à faixa crítica para o tom puro, seja equivalente à energia
do tom puro;

 A diferença entre a menor intensidade do ruído mascarante que mascara


o tom e a intensidade do tom puro mascarado é a efetividade do
mascaramento.
(Goldstein e Newmann, 1999)

• É a intensidade do sinal que o ruído mascarante deve mascarar, mais a


efetividade do mascaramento (Silman e Silverman, 1997).

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 62


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EXEMPLO:
• Se um tom puro de 2000Hz é apresentado a 60dBNA e a menor intensidade de
NBN centrado em 2000Hz que mascara o tom é 70dB, a efetividade do
mascaramento é 10dB:
70dB – 60dB = 10dB

QUANTO USAR DE MASCARAMENTO

• Supermascaramento:

 Ocorre quando o ruído mascarante, ao ser apresentado à ONT, cruza e


eleva o limiar ósseo da OT.

 Como o ruído mascarante é apresentado por via aérea, o


supermascaramento não ocorre até que a intensidade do ruído
mascarante seja 40dB maior que o limiar ósseo da OT.

• Mascaramento mínimo:

 Nível de mascaramento suficiente para mascarar o tom teste na ONT.

 Depende da efetividade do mascaramento.

• Mascaramento máximo :

 Quantidade máxima de mascaramento que pode ser colocada na ONT


para que não ocorra supermascaramento.

• A intensidade do ruído mascarante deve estar entre esses dois níveis

QUANDO USAR O MASCARAMENTO

• Quando houver possibilidade de ocorrer lateralização.

 LATERALIZAÇÃO é a transmissão do estímulo, através do crânio, da OT


para a ONT (SANDERS; HALL, 2001)

• A lateralização depende da atenuação interaural

ATENUAÇÃO INTERAURAL

 É a queda na intensidade de um estímulo acústico do transdutor


audiométrico (fone ou vibrador ósseo) da OT para a cóclea da ONT.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 63


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 A atenuação interaural depende:

 Do tipo de transdutor utilizado:


- Fone circum-aural;
- Fone de inserção;
- Vibrador ósseo.

 Da freqüência testada

 De variações anatômicas individuais

Faixa de extensão dos valores da atenuação interaural para estímulos conduzidos por via aérea através
de fones circum-aurais (Fonte:KATZ, 1999):

Estudo Freqüências

125 250 500 1000 2000 4000 8000

Liden e col. (1959) 40-75 45-75 50-70 45-75 45-75 45-75 45-80

Chaiklin (1967) 32-45 44-58 54-65 57-66 55-72 61-85 51-61

Coles e Pride
---- 50-80 45-80 40-80 45-75 50-85 ----
(1968)

Menores valores de atenuação interaural para 3 tipos de transdutores


(Fonte: STACH, 1998):

Freqüência (Hz) Circum-aural (TDH- Inserção Vibrador Ósseo


49) (ER-3A)

250 40 75

500 40 75 0

1000 40 60 0

2000 45 55 0

4000 50 65 0

8000 50 65

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 64


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Fatores importantes na decisão de quando mascarar (Sanders e Hall, 2001)

• Intensidade do estímulo;
• Sensibilidade auditiva na orelha não testada;
• Atenuação interaural.

CURVA SOMBRA

• Curva audiométrica obtida quando os limiares da OT refletem as respostas da


cóclea da ONT.

QUANDO MASCARAR

• Sempre que a diferença entre a intensidade do estímulo apresentado à OT e os


limiares ósseos da ONT for igual ou maior que a atenuação interaural.

AUDIOMETRIA TONAL POR VIA AÉREA:

 Quando houver diferença igual ou maior que 40 dB entre o limiar da pior


orelha (OT) e o limiar ósseo da melhor orelha (ONT).

 Esse método pode levar ao mascaramento desnecessário mas irá garantir a


utilização do mascaramento sempre que for preciso.

- Ao realizarmos a audiometria obtemos os limiares da via aérea da melhor orelha


seguidos dos limiares aéreos da pior orelha.
- Quando a melhor orelha tem um problema condutivo, não saberemos a
necessidade de usar mascaramento até obtermos os limiares da via óssea;
- Os limiares aéreos deverão ser pesquisados novamente ao verificarmos que os
limiares obtidos podem ser resposta da melhor orelha.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 65


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AUDIOMETRIA TONAL POR VIA ÓSSEA:

• A ONT deve ser mascarada sempre que a OT apresentar GAP aéreo-ósseo.

LOGOAUDIOMETRIA:

• LDV (SDT): Quando a diferença entre o LDV da OT, obtido sem mascaramento,
e o melhor limiar da ONT, for igual ou maior que 40 dB.

• LRF (SRT):Quando a diferença entre o LRF da OT, obtido sem mascaramento, e


a média dos limiares ósseos de 500, 1000 e 2000 Hz da ONT, for igual ou maior
que 45 dB.

• IPRF: Quando a diferença entre a intensidade utilizada no teste do IPRF da OT


e a média dos limiares ósseos de 500, 1000 e 2000 Hz da ONT for igual ou
maior que 45 dB.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, K. de; RUSSO, I.C.P; SANTOS, T.M. Aplicação do mascaramento em


audiologia. São Paulo: Lovise, 1995. 55 p

American National Atandars Institute. Specifications for audiometers – ANSI S.3.6.,


New York, 1989.

FRAZZA, M.M.; SILVA, M.L.G. da; MUNHOZ, M.S.L.; GANANÇA, M.M.; CAOVILLA,
H.H. Mascaramento. In: MUNHOZ, M.S.L.; CAOVILLA, H.H.; SILVA, M.L.G. da;
GANANÇA, M.M. Audiologia clínica. São Paulo: Atheneu, 2000. pp.73-84

GOLDSTEIN, B.A.; NEWMAN, C.W. Mascaramento clínico: tomando decisões. In:


KATZ, J. Tratado de audiologia clínica. 4.ed. São Paulo: Manole, 1999. pp. 109-131

REDONDO, M. do C. Mascaramento clínico. In: FROTA, S. Fundamentos em


fonoaudiologia. Audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. pp. 69-75

RUSSO, I.C.P. Acústica e psicoacústica aplicadas à fonoaudiologia. São Paulo: Lovise,


1993. pp. 134-138

SANDERS, J.W.; HALL, J.W. Mascaramento Clínico. In: MUSIEK, F.E.; RINTELMANN,
W.F. Perspectivas atuais em avaliação auditiva. Barueri-SP: Manole, 2001. pp. 63-83

SILMAN, S.; SILVERMAN, C.A. Auditory Diagnosis: principles and applications. San
Diego: Singular Publishing Group, 1997. pp. 1-6 e 36-44

STACH, B.A. Clinical audiology. An introduction. San Diego: Singular Publishing Group,
1998. pp. 216-229

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 66


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TESTES REALIZADOS COM DIAPASÕES
(TESTES ACUMÉTRICOS)

DIAPASÕES: são barras metálicas em formato de U que possuem um cabo e dois


ramos que ao entrarem em vibração produzem tons puros.
Os diapasões mais usados são os de 256, 512 e 1024 Hz.
Antes do aparecimento do audiômetro era usado para investigar o limiar mínimo
de audição.
Continuam a ser utilizados na prática audiológica para averiguar, de forma
rápida, se o problema é condutivo ou sensorioneural.
Modo de usar: segura-se o diapasão o mais perto possível da extremidade e
deve-se bate-lo sobre uma superfície.
- por via óssea: aplica-se o pé do diapasão em vibração sobre a mastóide ou
fronte.
- Por via aérea: coloca-se o diapasão, com os ramos dirigidos para baixo e
perpendiculares ao eixo longitudinal da cabeça.

PROVAS CLÁSSICAS COM DIAPASÃO:

TESTE DE RINNE

Compara via aérea com via óssea da mesma orelha.

Técnica: Aplica-se, primeiro, o pé do diapasão em vibração na mastóide do paciente


até que informe não mais ouvir o som. Nesse momento aplica-se o diapasão por via
aérea.

Resultados:
- Rinne positivo: a vibração será ouvida por via aérea, após ter deixado de ouvir
por via óssea.
Aparece na:
- audição normal
-perda sensorioneural (aqui o tempo de ambas as vias está diminuído)
- Rinne negativo: a sensação por via óssea se mantém por tempo maior que por
via aérea.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 67


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TESTE DE WEBER

- Compara a audição por via óssea entre as duas orelhas.


- Técnica: apoia-se a base do diapasão na testa do paciente que deve informar onde
está percebendo o som.
- Resultados:
- Indiferente: não percebe o estímulo localizado em uma das orelhas. Aparece
na audição normal ou perda simétrica do mesmo tipo.
- Lateralizado para a orelha com melhor audição: em perdas sensorioneurais.
- Lateralizado para a orelha com maior perda de audição: em perdas
condutivas.

Orelha Direita Orelha Esquerda


normal  normal
normal  sensorioneural
sensorioneural melhor  sensorioneural pior
normal  condutivo
condutivo melhor  condutivo pior
sensorioneural  condutivo

WEBER AUDIOMÉTRICO:

Técnica: coloca-se o vibrador do audiômetro na testa e o paciente é instruído a


informar onde percebe o som.
Faz-se nas freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz.
A intensidade utilizada é a média dos limiares ósseos das duas orelhas na
freqüência testada, acrescido de 15 dB.
Resultados: iguais aos da técnica com diapasão.

TESTE DE BING

Compara o tempo de audição por condução óssea relativa (com o conduto


auditivo externo aberto) e por condução óssea absoluta (conduto auditivo externo
ocluído).
- Técnica: coloca-se a base do diapasão em vibração na mastóide do paciente
e oclui-se o conduto auditivo pressionando o tragus. O paciente deve referir
se o som ficou mais forte quando o conduto foi obstruído ou se permaneceu
igual.
- Resultados:
Bing + : o som fica mais forte com o conduto auditivo externo obstruído.
Aparece em audição normal ou perda sensorioneural.
Bing - : o som não muda quando se obstrui o conduto auditivo externo.
Aparece em problemas condutivos.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 68


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
TESTE DE SCHWABACH

Compara o tempo de audição por via óssea do paciente com o tempo de


audição por via óssea de um ouvinte normal.
-Técnica: Aplica-se o pé do diapasão em vibração na mastóide do paciente que
deverá informar quando deixar de ouvir o som, momento em que o examinador, com
audição normal, retira o diapasão e o coloca imediatamente na sua própria mastóide. A
seguir vibra-se novamente o diapasão e inverte-se o processo: coloca-se primeiro na
mastóide do examinador e quando este deixar de ouvir, coloca-se na mastóide do
paciente.
Resultados:
- Schwabach normal: quando os tempos de audição são semelhantes.
- Schwabach encurtado: quando o examinador ouve mais tempo que o
paciente. Aparece em problemas sensorioneurais.
Schwabach alargado: quando o paciente ouve mais tempo que o examinador. Aparece
em prob

BIBLIOGRAFIA:
SEBASTIAN, GONZALO DE. Audiologia Prática. 3.ed. Rio de Janeiro: Enelivros, 1986.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 69


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
AUDIOMETRIA AUTOMÁTICA DE BÉKÈSY

- Foi descrita por Békèsy em 1947.

- Necessita de um audiômetro especial (audiômetro de Békèsy) que varia a freqüência


continuamente, ao longo do espectro tonal, isto é, de 100 a 10000 Hz.

- O paciente é colocado em uma cabine acústica.

- Coloca fones ou fica a uma distância conhecida de um alto-falante (audiometria em


campo livre)

- Instrução:
. damos o botão de controle da intensidade para o paciente.
. Instruímos o paciente a apertar o botão assim que ouvir o som e soltá-lo ao
deixar de ouvi-lo.

- Assim que o som, que aumenta regularmente, for percebido, o paciente deve apertar
o botão. Esta manobra inverte o motor que aciona o potenciômetro, de modo que neste
momento o som diminui de intensidade.

- Assim que o som decrescente não for mais percebido, o paciente deve soltar o botão.
A partir deste instante, o motor se inverte e o som volta a aumentar.

- Assim que escutar novamente o som, deve apertar o botão e assim por diante.

- Deste modo o limiar de 100 a 10000 Hz se inscreve sob a forma de oscilações:


. os pontos inferiores correspondem aos instantes de percepção;
. os pontos superiores correspondem aos instantes de não percepção.

- Jerger, em 1960, aperfeiçoou a prova adicionando a possibilidade de se apresentar,


ao paciente, o estímulo de forma contínua e interrompida.

- A maioria dos indivíduos submetidos a esta prova condiciona-se rapidamente ao


manejo do inversor, desde que as instruções dadas sejam claras.

- A execução do teste é fácil a partir da idade de 7 anos.

- Realiza-se o teste por via aérea em uma e outra orelha com som contínuo e ,
posteriormente, com som interrompido.

- Foi proposta uma prova por via óssea, mas ela não passou para a prática corrente,
sendo difícil resolver o problema do mascaramento contralateral.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 70


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
RESULTADOS DA AUDIOMETRIA AUTOMÁTICA DE BÉKÈSY

1) LIMIAR DE AUDIBILIDADE MÍNIMA:

A curva obtida oscila ao redor de um valor médio que pode ser considerado
como o limiar de audibilidade mínima do indivíduo.
Os pontos superiores correspondem aos instantes de não percepção do som e
os pontos inferiores aos de percepção.
Se unirmos os pontos superiores entre si e os pontos inferiores entre si por
linhas retas, são obtidas duas linhas que correspondem à presença e ausência de
percepção sonora respectivamente.
Traçando-se uma linha média entre as duas retas, obtém-se o limiar verdadeiro.

2) LIMIAR DIFERENCIAL: expressão do recrutamento no nível do limiar

Normalmente, o intervalo médio entre os pontos superiores e inferiores do


gráfico (amplitude) é de 10 dB.
Se houver recrutamento no nível do limiar (o acréscimo da sensação de
intensidade é mais rápido do que deveria ser), os intervalos entre os pontos superiores
e inferiores (amplitude) deve ser menor. Uma amplitude de 3 a 5 dB pode ser
considerada como patológica, evidenciando a presença de recrutamento.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 71


MARIA LUCY FRAGA TEDESCO
3) ADAPTAÇÃO E FADIGA NO NÍVEL DO LIMIAR

Pode ocorrer uma diferença de comportamento da orelha, no nível do limiar,


para o estímulo contínuo ou interrompido.
- A apresentação contínua provoca, por um mecanismo de ocupação
permanente das fibras nervosas, uma adaptação patológica ou fadiga periestimulatória
do sistema auditivo.
- O som descontínuo não faz surgir a fadiga porque o nervo tem tempo de se
recuperar nos intervalos em que não houve estimulação.
A audiometria de Békèsy permite que se pesquise a adaptação patológica
graças ao intervalo que é constatado entre a curva obtida com som contínuo e a obtida
com som descontínuo.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 72


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TIPOS DE CURVAS QUE PODEM SER ENCONTRADAS (JERGER)

TIPO I : encontrada no indivíduo com audição normal ou com perda auditiva condutiva.
- As duas curvas, som contínuo e interrompido, estão juntas.
- A amplitude da curva é normal, isto é, em torno de 10 dB.
Não há, portanto, recrutamento nem fadiga.

TIPO II : comum em indivíduos com lesão coclear.


- O traçado do tom contínuo se separa do tom interrompido em torno de 1000 Hz
e se mantém paralelo em torno de 20 dB abaixo nas freqüências altas.
- A amplitude de excursão do tom contínuo é menor, aproximadamente de 3 a 5
dB.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 73


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TIPO III : comum em lesões retro-cocleares

- A curva com tom interrompido apresenta um traçado horizontal enquanto o


traçado com som contínuo afasta-se da curva com som interrompido com grande
rapidez, podendo desaparecer acima de 1000 Hz. O intervalo entre as duas curvas
pode atingir mais de 40 a 50 dB.
- A amplitude de excursão é de 5 a 10 dB.

TIPO IV : também é encontrada em lesões retro-cocleares


- As duas curvas são, desde o início, muito afastadas uma da outra, desde os
sons mais graves, no mínimo com 30 dB de intervalo, e permanecem paralelas ao
longo de todo espectro.
- A amplitude é normal, portanto, não há recrutamento.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 74


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TIPO V : encontrada em perdas auditivas não orgânicas (simulação, perda
psicogênica)

- O traçado do som contínuo permanece acima do traçado do som interrompido.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 75


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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE ALTERAÇÕES COCLEARES E
RETROCOCLEARES

Os pacientes portadores de alterações neurossensoriais podem apresentar


distorções da sensação sonora que podem ser classificadas como:

a) Recrutamento: crescimento anormal da sensação de intensidade. Supondo


que um indivíduo apresente um limiar auditivo, em 1000 Hz, de 5 dBNA em
uma orelha e 45 dBNA em outra, nestas intensidades os tons são
percebidos como sendo de igual intensidade nas duas orelhas, pois ambos
estão no limiar. Para que ocorra a sensação de 20 dB deve-se aumentar 20
dB a cada um dos limiares. Existem casos, porém, em que basta que se
aumente 5 dB na orelha pior para que o paciente tenha a sensação igual à
da orelha boa. A este fenômeno dá-se o nome de recrutamento. A
presença de recrutamento é indicativa de lesão coclear.
b) Diplacusia: alteração da sensação de altura. O paciente refere que o som
percebido em uma das orelhas é diferente daquele percebido na outra. Às
vezes, o paciente refere sentir o tom "desafinado", "quebrado" e esta
sensação também é decorrente da distorção da sensação de tom. A
presença de diplacusia é indicativa de lesão coclear.
c) Adaptação: diminuição na sensitividade auditiva na presença de um
estímulo contínuo. A presença de adaptação é indicativa de lesão no VIII
par craniano, isto é, nas lesões retrococleares.

TESTES PARA AVALIAR A FUNÇÃO COCLEAR

1) Teste de Balanceamento Binaural Alternado da Sensação de intensidade


ou teste de Fowler (ou ABLB - Alternate Binaural Loudness Balance)

Este teste compara o crescimento da sensação de intensidade em uma


freqüência para as duas orelhas.
O teste de Fowler é realizado em indivíduos que apresentam uma diferença
mínima de 20 dB e máxima de 60 dB entre as orelhas na freqüência a ser testada, e
que tenham a orelha melhor praticamente normal. A escolha da freqüência a ser
testada deverá ser aquela menos comprometida pela perda auditiva e mais próxima
de 1000 Hz.

Procedimento para a realização do teste de Fowler:


Após a obtenção dos limiares tonais para ambas as orelhas, seleciona-se a
freqüência para iniciar o teste. Aumenta-se a intensidade em 20 dBNS para a orelha
melhor e para a pior. Apresenta-se o som alternadamente, pedindo-se ao paciente
que informe se o som na orelha pior é mais forte, igual ou mais fraco do que aquele
apresentado na melhor. Varia-se a intensidade do estímulo apresentado à orelha pior
até que o paciente responda que ambos estão no mesmo nível de intensidade.
Anota-se a intensidade em que a igualdade das sensações ocorreu.
ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 76
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Aumenta-se a intensidade do som para 40 dBNS na orelha melhor e varia-se
novamente a intensidade do som na orelha pior até que o paciente refira que estão
iguais. Aumenta-se 20 dB no atenuador cada vez que o paciente igualar a sensação
de intensidade entre as duas orelhas, até que se atinja o limite máximo do
audiômetro.

Anotação dos resultados do teste de Fowler:


Os níveis no qual a sensação de intensidade foi igualada são unidos por linhas.
Os pontos referentes à orelha melhor aparecem com uma distância regular de 20 dB
um do outro a partir do limiar. Os pontos referentes à orelha pior são marcados no
nível onde aconteceu à mesma sensação de intensidade.
Se as linhas que conectam os pontos da mesma sensação permanecerem
paralelas é sinal de que não ocorreu o recrutamento, já que um aumento na
intensidade da orelha melhor resulta em aumento igual na orelha pior para que se
obtenha a mesma sensação de intensidade.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 77


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ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 78
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2) Teste de Balanceamento Monoaural Alternado da Sensação de Intensidade ou
Teste de Reger (MLB - Monoaural Loudness Balance):

Neste teste há uma comparação entre a sensação de crescimento da


intensidade de freqüências diferentes na mesma orelha.
É utilizado nos casos de perdas auditivas neurossensoriais bilaterais simétricas
desde que com uma diferença de 20 dB a 60 dB entre duas freqüências próximas na
mesma orelha.

Procedimento para realização do teste de Reger:


Após a obtenção dos limiares tonais para ambas as orelhas, seleciona-se as
freqüências para iniciar o teste. Aumenta-se a intensidade em 20 dBNS para a
freqüência com melhor limiar e para a pior. Apresenta-se o som alternadamente,
pedindo-se ao paciente que informe qual dos sons é mais forte apesar de serem
diferentes. Varia-se a intensidade da freqüência pior até que o paciente refira que
ambos os sons estão no mesmo nível de intensidade. Anota-se a intensidade em que
a igualdade das sensações ocorreu.
Aumenta-se a intensidade do som para 40 dBNS na freqüência melhor e varia-
se novamente a intensidade do som da freqüência pior até que o paciente refira que
estão iguais. Aumenta-se 20 dB cada vez que o paciente igualar a sensação de
intensidade entre as duas freqüências, até que se atinja o limite máximo do
audiômetro.

Anotação dos resultados:


Os resultados deste teste são anotados da mesma forma que no Fowler, ou
seja, a cada momento em que o paciente equipara a sensação de intensidade entre
as duas freqüências na mesma orelha, o registro deverá ser feito.
Se as linhas que conectam os pontos de mesma sensação permanecerem
paralelas é sinal de que não ocorreu o recrutamento, já que um aumento na
intensidade da freqüência melhor resulta em aumento igual na freqüência pior para
que se obtenha a mesma sensação de intensidade.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 79


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3) Índice de Sensibilidade a Pequenos Incrementos ou Teste SISI (Short lncrement
Sensitivity Index)

O teste SISI surgiu a partir de pesquisas realizadas sobre o gradiente diferencial


de intensidade, ou seja, a menor mudança na intensidade de um tom puro que o
ouvido pode detectar. Vários autores suspeitaram que pacientes com lesões
cocleares poderiam apresentar gradientes diferenciais de intensidade (GDI) para tons
puros menores do que os de ouvintes normais ou os pacientes com lesões não
cocleares. Na maioria dos casos um GDI reduzido era sugestivo de recrutamento e
que se as medidas do GDI não fossem uma medida direta do recrutamento, seriam
pelo menos medidas indiretas deste.
O sucesso de Jerger (1952, 1953) com as medidas do GDI permitiu o
desenvolvimento do teste SISI por Jerger, Shedd e Harford (1959). Jerger (1961)
observou que o SISI não era para ser visto como um teste direto ou indireto do
recrutamento, mas, de preferência como um teste de localização da lesão.

Procedimento para a realização do teste SISI:

O teste é realizado nas freqüências de 500 a 4000Hz. Um tom contínuo é


apresentado a 20dBNS na freqüência a ser examinada. A cada 5 segundos um
pequeno incremento é superposto, inicialmente com aumentos bem detectáveis, em
torno de 5 dB, para treinamento do paciente. O incremento de intensidade diminui
para 1 dB e a partir deste momento começa realmente o teste, o qual consta da
aplicação de 20 incrementos de 1dB.
Ao paciente se pede que responda apertando um botão, ou levantando a mão
toda vez que perceber este aumento.

Resultados:

A avaliação do SISI é determinada pelo número de incrementos de 1 dB


detectados pelo paciente. Como o teste consiste de 20 incrementos, quando o sujeito
detecta todos, diz-se que obteve o índice de 100% no SISI, o que significa lesão
coclear.
Índices entre 0 e 20% são considerados comuns em indivíduos normais.
Os valores entre 20 e 60% são considerados duvidosos e podem ser
encontrados em indivíduos com alterações retrococlear ou mesmo coclear.
Finalmente, os valores entre 60 e 100% são considerados indicadores positivos
de recrutamento, portanto são mais freqüentes em sujeitos portadores de lesão
coclear.

Cuidados:
Os indivíduos com audição treinada, como por exemplo músicos e afinador de
piano, podem detectar os incrementos sem apresentar lesão coclear.
Os incrementos são apresentados em intervalos de tempo iguais, o que pode
levar o paciente a responder condicionado ao tempo e não por estar detectando o
incremento.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 80


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Anotação dos resultados:

Deve-se contar quantos incrementos o paciente percebeu em cada freqüência e


multiplica-se por 5 para encontrar o resultado em porcentagem. Ex:
Orelha direita 500 Hz: percebeu 4 incrementos (4 X 5 = 20%)
1000 Hz: percebeu 8 incrementos (8 X 5 = 40%)
2000 Hz: percebeu 12 incrementos (12 X 5 = 60%)
4000 Hz: percebeu 20 incrementos (20 X 5 = 100%)

S I S I

500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 4000 HZ


D
20 % 40 % 60 % 100 %

4) Pesquisa de recrutamento objetivo de Metz:

Metz, em 1946, observou que indivíduos com perda auditiva neurossensorial


coclear apresentavam os mesmos níveis de reflexo acústico que os indivíduos com
audição normal.
Denomina-se Recrutamento objetivo de Metz quando existe uma diferença
reduzida, inferior a 60 dB, entre os limiares tonais e os limiares de reflexo acústico
temos o recrutamento que é indicativo de lesão coclear.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 81


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5) Audiometria automática de Békèsy:

Normalmente o intervalo médio entre os pontos superior e inferior do traçado


(amplitude) é de 10 dB. Se houver recrutamento o intervalo entre o ponto superior e
inferior deve ser menor.
Uma amplitude de 3 a 5 dB pode ser considerada alterada, evidenciando a
presença de recrutamento.
A curva Tipo II é comum em indivíduos com comprometimento coclear. O traçado
do tom contínuo se separa do tom interrompido em torno de 1000 Hz e se mantém
paralelo em torno de 20 dB abaixo nas freqüências altas. A amplitude de excursão do
tom contínuo é menor, aproximadamente de 3 a 5 dB.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 82


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TESTES PARA AVALIAR A FUNÇÃO RETROCOCLEAR

Os potenciais auditivos evocados de tronco encefálico, Auditory Brainstem


Response (ABR), a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são testes
objetivos freqüentemente utilizados na detecção de lesões retrococleares.
Entretanto, os testes comportamentais têm uma função diagnóstica importante
como um procedimento de triagem e continuam a ser usados clinicamente devido a sua
viabilidade, baixo custo e eficácia.
O objetivo da aplicação destes testes é o de identificar pessoas com suspeita de
alterações retrococlear e, servem como referência para posterior confirmação do
diagnóstico.
Os testes que avaliam a função retrococlear devem ser aplicados nos casos de:
- Perdas auditivas neurossensoriais unilaterais ou assimétricas;
- Quando o IPRF for incompatível com os limiares tonais, limiares razoavelmente
bons e IPRF muito ruim;
- Perda auditiva neurossensorial súbita;
- Presença de zumbido unilateral.

1) Tone Decay (TDT - Tone Decay Test):

A adaptação é a redução progressiva da sensação de intensidade quando a


excitação é por estimulação contínua, ocorre, portanto, mudança do limiar auditivo
durante a estimulação. Este é um fenômeno peri-estimulatório.
O Tone Decay é um teste que pesquisa o fenômeno de adaptação.

Procedimento para realização do TDT:


Ele é realizado através de qualquer audiômetro e pode ser aplicado em qualquer
freqüência que o examinador julgar necessário. Na rotina clínica geralmente são
testadas as freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz.
Para a realização do teste deve ser solicitado ao paciente que levante a mão
assim que ouvir o apito, permanecendo assim enquanto estiver ouvindo, e que abaixe
a mão somente quando não o ouvir.
Na prática clínica são utilizadas duas técnicas para medir a adaptação:
a) Método de Carhart (1957):
- Instruir o paciente.
- Iniciar o teste apresentando um estímulo tonal contínuo à orelha testada
5dBNS.
- Assim que o indivíduo responder, começar a marcar o tempo com um
cronômetro.
- Se o estímulo do teste é percebido durante 1 minuto, encerrar o teste.
- Se o paciente abaixar a mão, antes de completar os 60 segundos, aumentar a
intensidade em 5dB sem interromper o estímulo, zerar o cronômetro e marcar
novamente o tempo de 1 minuto.
- Continuar aumentando a intensidade do tom em degraus de 5 dB até que a
intensidade atingida permita ao paciente perceber o tom por um minuto inteiro.
- Quando isto ocorrer o teste deverá ser encerrado nesta freqüência.
- Prosseguir desta maneira até que todas as freqüências desejadas tenham sido
testadas.
b) Método de Rosemberg (1958):

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 83


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Esta é uma versão mais rápida do teste de Carhart.
O que diferencia este método é que se o paciente abaixar a mão, indicando que
não ouve mais, a intensidade do tom é aumentada em 5dB, sem que o cronômetro
seja desligado.
O procedimento é repetido todas as vezes que o paciente abaixar a mão até que
o cronômetro atinja 60 segundos. Quando isto ocorre o teste deve ser encerrado
nesta freqüência.
Prossegue-se desta maneira até que todas as freqüências tenham sido testadas.
Estudos demonstraram que o método de Carhart é mais eficiente na detecção
de lesões retrococleares.

Resultados:
A quantidade de declínio tonal em dB (tone decay) é a diferença entre o limiar do
indivíduo e a intensidade em que o teste terminou, ou seja:
0 a 10 dB - normal
15 a 25 dB - coclear
30 dB ou mais - retrococlear

Quanto maior o tone decay e o número de freqüências afetadas, particularmente


as freqüências mais graves, maior a possibilidade de ser uma doença grave.
Anotação dos resultados:
Exemplo: OE – 500Hz – limiar = 30 dBNA
teste finalizado em 60 dBNA
decay  60 – 30 = 30

TDT

500 1000 2000 4000


Hz Hz Hz HZ
D
30
E
dBNS

2) STAT (Supra Threshold Adaptation Test) ou Teste de Adaptação Supraliminar


O teste STAT foi descrito por Jerger e Jerger (1975) trabalhando com a hipótese
de que um tone decay anormal aparece primeiro em intensidades mais fortes.

Procedimento para realização do STAT:


- As freqüências testadas são 500, 1000 e 2000 Hz.
- O sujeito é instruído a avisar, ficando com a mão levantada, enquanto estiver
ouvindo o som na orelha testada. A orelha não testada deverá ser mascarada se o
som dado na orelha testada for suficientemente forte para chegar na orelha não
testada.
- Um tom contínuo de 500 Hz a 100 dBNA, para qualquer perda auditiva, é
apresentado até que o paciente indique que não ouve mais o som (abaixando a mão),
ou até que 60 segundos tenha se passado.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 84


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- A intensidade de apresentação do som (100 dBNA) deve representar um nível
de sensação de pelo menos 20 dBNS, ou seja, um limiar tonal de até 80 dBNA em
cada freqüência testada.

Resultados:

Se o paciente escutar o som por 60 segundos o resultado é negativo.


Se durante a apresentação do som o paciente referir que não está mais
escutando, o resultado é positivo indicando problema localizado no nervo auditivo, ou
seja, retrococlear.

3) Função performance-intensidade: Índice de Rollover

Habilidades de reconhecimento de fala (IPRF) são geralmente avaliadas na


intensidade mais confortável para o paciente ou em algum nível de sensação fixo,
acima do limiar de recepção de fala (SRT). Sua utilização, embora de grande utilidade
na avaliação da habilidade de reconhecer fala do paciente, não provou ser tão efetivo
na diferenciação de doença coclear e retrococlear.
Porém, Jerger e Jerger (1971) notaram uma diminuição significante no percentual
em níveis de intensidade mais fortes nos resultados de pacientes com tumor do VIII par
craniano quando comparados aos pacientes com doença coclear.

Procedimento para realizar o teste Função Performance-intensidade:

- Depois de realizar o IPRF na intensidade mais confortável para o paciente,


apresenta-se a lista de monossílabos em intensidades sucessivamente mais
fortes até o máximo do aparelho. O pior resultado obtido com intensidades
fortes (PB mínimo) é subtraído do melhor resultado (PB máximo) e este total é
dividido pelo PB máximo para obter o índice de Rollover (IR).

IR= ( PB max - PB min)


PB max

Resultado:

Jerger e Jerger (1971) encontraram o índice de 0,40 como sendo o mais alto em
problemas cocleares e o índice de 0,45 como o mais baixo em problemas
retrococleares. Baseando-se neste estudo considerar-se que índices iguais ou maiores
que 0,45 sugerem presença de alteração retrococlear.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 85


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4) Pesquisa do declínio do reflexo acústico ou Decay imitanciométrico:
Este teste é realizado com o imitanciômetro. Para tanto, apresenta-se um tom
puro, 10dB acima do limiar do reflexo acústico em 500 e 1000 Hz durante 10 segundos.
Se a agulha voltar mais que 50% do seu percurso inicial nos primeiros 5
segundos, o decay será positivo sugerindo presença de alteração retrococlear.

5) Audiometria automática de Békèsy:


A audiometria automática de Békèsy permite que se pesquise a adaptação, isto é
possível graças ao intervalo entre a curva obtida com som contínuo e aquela obtida
com som interrompido. O som contínuo provoca uma adaptação enquanto o som
interrompido não, pois o nervo auditivo tem tempo para se recuperar nos intervalos do
som.
As curvas comuns em lesões retrococleares são as curvas Tipo III e Tipo IV:

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 86


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CARACTERÍSTICAS AUDIOLÓGICAS DAS DEFICIÊNCIAS AUDITIVAS
CONDUTIVAS

Audiometria tonal por via aérea: rebaixada

A perda auditiva condutiva pura pode ser de grau leve ou moderado.


Quanto à configuração da curva, são mais comuns as perdas ascendentes ou
planas. O aumento da rigidez do sistema tímpano-ossicular dificulta a passagem dos
sons graves, curva ascendente; e, o aumento da massa dificulta mais a passagem dos
sons agudos, porém, este aumento também gera um aumento de rigidez, afetando
todas as freqüências testadas, ocasionado uma curva plana.
A perda auditiva pode ser unilateral ou bilateral, simétrica ou assimétrica.

Audiometria tonal por via óssea: normal

O gap aéreo-ósseo, diferença entre o limiar de via aérea e via óssea, é de no


mínimo 15dB e no máximo 60dB, pois maior do que isto estimula diretamente a orelha
interna pela via trans-óssea.

Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF)

O IPRF é normal já que a parte sensorial e neural não está alterada.

Índice de Rollover:

Não precisa ser calculado já que o IPRF não diminui ao aumentarmos a


intensidade do estímulo.

Weber:

- em perdas auditivas unilaterais ocorre lateralização para a orelha com


alteração condutiva.
- em perdas auditivas assimétricas ocorre lateralização para o lado da orelha
com limiar pior.
- em perdas auditivas simétricas não há lateralização, o Weber é indiferente.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 87


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Medidas de imitância acústica:

Timpanometria:
Nos casos em que há perfuração de membrana timpânica, este teste não
poderá ser realizado.
A timpanometria estará sempre alterada nas perdas condutivas:
 Tipo B – nos casos de otite serosa ou secretora;
 Tipo C - nas disfunções tubárias;
 Tipo A - quando existe rigidez do sistema tímpano-ossicular
(otosclerose ou timpanosclerose);
 Tipo Ad - quando o sistema tímpano-ossicular se tornar muito livre
por ruptura da cadeia ossicular.

Compliância estática:
Ela estará diminuída nos casos de rigidez do sistema tímpano-ossicular,
ou seja, abaixo de 0,3ml e estará aumentada quando ocorrer na disjunção de cadeia
ossicular, ou seja, acima de 2.5ml.

Reflexo acústico:
Os reflexos acústicos contra e ipsilaterais estarão ausentes, uma vez que
o problema condutivo acarreta problemas na eferência.

Decay imitanciométrico:
Este teste não poderá ser realizado nas alterações condutivas bilaterais
pois há ausência de reflexos. Nas perdas condutivas unilaterais o decay
imitanciométrico será negativo já que não existe adaptação.

Testes supraliminares (Fowler, Reger, Sisi, TDT, STAT):

Não é necessário realizá-los, pois as alterações condutivas são apenas


obstáculos mecânicos que devem ser vencidos para que as vibrações acústicas sejam
transmitidas para uma cóclea intacta, não ocorrem distorções da sensação como
recrutamento e adaptação. Se realizados, estes testes mostrarão resultados normais.

ROTEIRO DE ESTUDOS – AUDIOLOGIA CLÍNICA 88


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CARACTERÍSTICAS AUDIOLÓGICAS DAS DEFICIÊNCIAS AUDITIVAS NEURO-
SENSORIAIS

Audiometria tonal por via aérea: rebaixada

As perdas auditivas neurossensoriais podem ser de qualquer grau desde leve até
profunda.
Quanto à configuração da curva, a curva mais comum é a descendente, mas é
possível encontrar qualquer tipo de configuração.
Esta perda pode ser unilateral ou bilateral, simétrica ou assimétrica.

Audiometria tonal por via óssea: rebaixada, estando acoplada à via aérea.

Nestes casos não existe gap aéreo-ósseo, sendo aceitável um gap máximo de 10
dB.

Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF)

Nas alterações cocleares os índices são compatíveis com o grau da perda e em


alterações retrococleares o reconhecimento de fala costuma ser pior que o esperado
para o grau de perda.

Índice de Rollover:

Nas alterações cocleares verificam-se valores de até 0,40 e em alterações


retrococleares os valores são maiores ou iguais a 0,45.

Weber:

Nas perdas auditivas unilaterais ou assimétricas ocorre lateralização para a orelha


melhor. Nas perdas simétricas não há lateralização, o Weber é indiferente.

Medidas de imitância acústica:

Timpanometria: curva tipo A


Compliância estática: dentro dos padrões da normalidade

Reflexo acústico:
- em alterações cocleares: reflexo presente, geralmente, indica a presença
de recrutamento, ou seja, diferença entre limiar auditivo e limiar de reflexo acústico
menor que 60dB.
- em alterações retrococleares: em perdas leves o reflexo estará presente
com uma diferença de 70 a 90 em relação ao limiar auditivo, em perdas maiores o
reflexo estará ausente.
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Decay imitanciométrico:
- em alterações cocleares: negativo
- em alterações retrococleares: positivo

Fowler ou Reger:
- em alterações cocleares: presença de recrutamento
- em alterações retrococleares: gráfico com linhas paralelas, com indicação de
decrutamento.

SISI:
-em alterações cocleares: porcentagem entre 60 e 100%
- em alterações retrococleares: porcentagem entre 0 e 60%

Tone Decay:
- em alterações cocleares: tone decay de 0 a 25dB.
- em alterações retrococleares: tone decay igual ou maior 30dB.

STAT:
- em alterações cocleares: negativo
- em alterações retrococleares: positivo.

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AUDIOLOGIA CLÍNICA - BIBLIOGRAFIA

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