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Anatomia

Cerebelo e nervos cranianos


Data: 26/08/21

Nervos cranianos
1. Fossa anterior:
a. Lâmina cribriforme do osso etmoide: nervo olfatório (I)
b. Canal óptico (esfenoide): nervo óptico (II)
2. Fossa média:
a. Fissura orbital superior (esfenoide): oculomotor (III), troclear (IV), abducente (VI) e ramo oftálmico do
trigêmeo (V – 1);
b. Forame redondo (esfenoide): ramo maxilar do trigêmeo (V – 2);
c. Forame oval (esfenoide): ramo mandibular do trigêmeo (V – 3);
3. Fossa posterior:
a. Meato acústico interno (osso temporal): facial (VII) e vestibulococlear (VIII);
b. Forame jugular (entre temporal e occipital): glossofaríngeo (IX), vago (X) e acessório (XI);
c. Canal do nervo hipoglosso: nervo hipoglosso.

Nº Nome Classificação Orig. craniana Orig. encefálica Função


I Lâmina cribriforme do
Olfatório Sensitivo Bulbo olfatório Condução olfativa
osso etmoide
II Óptico Sensitivo Canal óptico Quiasma óptico Condução dos estímulos visuais

III Musculatura extrínseca ocular (reto superior,


Fossa
reto inferior, reto medial, oblíquo inferior,
Oculomotor Motor Fissura orbital superior interpeduncular
músculo levantador da pálpebra) e intrínseca
(pedúnculo cerebral)
(ciliar, esfíncter pupilar)
IV Troclear Motor Fissura orbital superior Véu medular superior Oblíquo superior (puxa para baixo/fora)

V V-1: fissura orbital


Entre ponte e Sensibilidade geral da face, 2/3 ant. da língua,
superior;
Trigêmeo Misto pedúnculo cerebelar mastigação, propriocepção da ATM (articulação
V-2: forame redondo;
médio temporomandibular)
V-3: forame oval.
VI Abducente Motor Fissura orbital superior Sulco bulbo-pontino Abdução do olho (reto lateral).

VII Sulco bulbo-pontino Mímica facial, glândulas lacrimais, sublingual e


Meato acústico submandibular. Sensibilidade gustativa 2/3 ant.
Facial Misto interno/forame da língua. Lesão contralateral (periférica,
estilomastoide paralisa todo o lado. Central, paralisa apenas
embaixo do lado)
VIII Vestibulococlear Sensitivo Meato acústico interno Sulco bulbo-pontino Equilíbrio e audição
IX Sulco posterolateral Sensibilidade geral e gustativa 1/3 post. Da
Glossofaríngeo Misto Forame jugular
do bulbo língua e faringe. Secreção da parótida
X Conduz impulsos aferentes da faringe,
Sulco posterolateral laringe, traqueia, esôfago, tórax e abdome.
Vago Misto Forame jugular
do bulbo Inerva os músculos da faringe e laringe.
Inervação parassimpática do tórax e abdome.
XI Sulco posterolateral
Motricidade músculo trapézio e ECM
do bulbo (raiz
Acessório Motor Forame jugular (esternocleidomastoideo).
craniana) e medula
Nervos parassimpáticos vagais
(raiz espinal)
XII Canal do nervo
Hipoglosso Motor Sulco pré-olivar Motricidade da língua
hipoglosso
Anatomia
Cerebelo e nervos cranianos

 Oculomotor: fossa interpeduncular do


pedúnculo cerebral
 Troclear: véu medular superior do IV
ventrículo;
 Trigêmeo: entre a ponte e o pedúnculo
cerebelar médio;
 Abducente: sulco bulpopontino;
 Facial: sulco bulbopontino;
 Vestibulococlear: sulco bulbopontino;
 Glossofaríngeo: sulco posterolateral;
 Vago: sulco posterolateral;
 Acessório: sulco posterolateral;
 Hipoglosso: sulco pré-olivar.

Observações

 Língua: 2/3 anterior (trigêmeo para sensibilidade geral; facial para sensibilidade gustativa).
1/3 posterior (glossofaríngeo para sensibilidade geral e gustativa).
 Nervo Facial (VII): paralisia periférica congela todo um lado. Paralisia central congela
apenas a parte inferior do lado. Lembrar que a lesão é contralateral, em lados opostos no
cérebro e na face.
 Sinal da cortina (IX e X): úvula para um lado indica lesão do nervo do lado oposto.

Aplicações clínicas

.
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Cerebelo e nervos cranianos

Na fotografia, temos um
problema no músculo reto lateral (nervo
abducente esquerdo). Nas imagens à
direita: 1. Lesão no nervo oculomotor
direito; 2. Lesão no nervo oculomotor (m.
reto superior direito); 3. Lesão no nervo
troclear (m. oblíquo superior direito); 4.
Lesão no nervo abducente (m. reto
lateral direito).

Um AVC (paralisia facial central) à direita


leva à paralisia à esquerda somente na metade
inferior. Se houver uma lesão do nervo facial à
esquerda, na altura do forame estilomastoide, a
paralisia facial é à esquerda (periférica) tanto da
metade inferior quanto superior.

Paralisia facial periférica à direita.

Lesão direita do nervo hipoglosso (aparência feia e


tremor).
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Cerebelo e nervos cranianos

Cerebelo
Organização macroscópica

 Hemisférios cerebelares (D e E);  Lâminas brancas do cerebelo;


 Verme cerebelar;  Córtex cerebelar;
 Pedúnculo cerebelar:  Lóbulos e fissuras do cerebelo;
o Superior;  Núcleos do cerebelo:
o Médio; o Denteado;
o Inferior; o Interpósito (emboliforme e
 Árvore da vida; globoso);
 Corpo medular do cerebelo; o Fastigial.
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Cerebelo e nervos cranianos

O cerebelo se relaciona dorsalmente aprendizagem motora. Também possui funções


com o bulbo e com a ponte do tronco cognitivas.
encefálico. Repousa sobre as fossas
Na porção mediana do cerebelo, há o
cerebelares do osso occipital. Superiormente,
verme, que divide a peça em hemisfério direito
se parada do lobo occipital do cérebro por uma
e esquerdo. Para distinguir se é a vista
prega da dura-máter chamada tenda
anterior ou posterior, apenas a anterior
cerebelar. Se comunica com o bulbo através
revela os pedúnculos cerebelares de conexão
do pedúnculo cerebelar inferior, com a ponte
com o tronco encefálico. Além disso, o verme
através do pedúnculo cerebelar médio (o limite
é bem separado dos hemisférios na parte
entre os dois é a emergência do nervo
anterior, e pouco na parte posterior. O
trigêmeo) e com o mesencéfalo através do
cerebelo possui sulcos que o dividem em folhas.
pedúnculo cerebelar superior. É fundamental
Sulcos mais profundos são as fissuras, que
para a postura, equilíbrio, coordenação e
dividem o cerebelo em lóbulos.
Divisão anatômica

Na imagem, podemos ver uma


seção sagital mediana do cerebelo.
Vemos a árvore da vida, na qual a
substância branca interna é o corpo
medular do cerebelo (tronco da árvore).
Os galhos seriam as lâminas brancas do
cerebelo, e as folhas são o revestimento
de substância cinza denominado córtex
cerebelar.

Divisão microscópica

No interior da substância branca, exsitem 4 pares de núcleos cinzentos, chamados de núcleos


centrais do cerebelo: denteado, interpósito (emboliforme e globoso), e fastigial (em direção lateral –
medial). “o dente, embora globoso, é fastigial”. Deles, saem todas as fibras nervosas eferentes do
cerebelo.
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Cerebelo e nervos cranianos

Os lóbulos do verme
correspondem a dois lóbulos dos
hemisférios, um de cada lado. São os
lóbulos do verme: língula (primeiro) lóbulo
central, cúlmen, declive, folha, túber (o
mais posterior), pirâmide, úvula (a bolinha
em visão posteroinferior) e nódulo (último
– acima do teto do IV ventrículo). O
nódulo se liga ao flóculo e forma o lobo
flóculo-nodular (manutenção do equilíbrio).

Lóbulo do verme/lóbulo do hemisfério  Folha/lóbulo semilunar superior


o Fissura horizontal
 Língula  Túber/lóbulo semilunar inferior
o Fissura pré-central o Fissura pré-piramidal
 Lóbulo central/asa do lóbulo central  Pirâmide/lóbulo biventre
o Fissura pré-culminar o Fissura secundária
 Cúlmen/lóbulo quadrangular anterior  Úvula/tonsila
o Fissura primária o Fissura posterolateral
 Declive/lóbulo quadrangular posterior  Nódulo/flóculo
o Fissura pós-clival

Divisão ontogenética

O cerebelo é dividido em dois lobos: corpo do cerebelo e lobo flóculo-nodular. O corpo é dividido,
ainda, em lobo anterior e lobo posterior.
 Lobo anterior: tudo acima da fissura
primária;
 Lobo posterior: da fissura primária à
fissura posterolateral;
 Lobo flóculo-nodular: a partir da
fissura posterolateral.
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Cerebelo e nervos cranianos

O córtex cerebelar

No córtex cerebelar, da superfície para o interior,


encontram-se as seguintes camadas:
 Camada molecular: fibras paralelas. Neurônios
estrelados e em cesto (sinapses axossômáticas com os
corpos celulares de Purkinje);
 Camada de células de Purkinje: células grandes e
piriformes. Dendritos se ramificam na camada molecular.
Axônios atravessa a camada granulosa até os núcleos
centrais do cerebelo (fibras eferentes – ação inibitória);
 Camada granular: menores células do corpo humano. O axônio dessas células sobe até a
camada molecular e se bifirca (formando as fibras paralelas da camada molecular). O axônio
faz sinapse com dendritos das células de Purkinje.
Dentre as fibras que penetram o
cerebelo (aferentes), há as mugososas (90%.
Terminações de feixes de fibras. Emitem
ramos colaterais) e as trepadeiras (10%.
Neurônios do complexo olivar inferior. Se
enrolam nos dendritos de Purkinje – ação
excitatória).
 Sinal chega pelas fibras musgosas e
ativa neurônios do núcleo central
(resposta eferente) além das
granulares (únicas células excitatórias
do córtex) e Purkinje;
 Células de Purkinje inibem os próprios
neurônios dos núcleos centrais
(modulação da atividade);
 O sinal projeta-se para os núcleos
centrais ou para o núcleo vestibular
(vias de saída do cerebelo);
 O resultado do sinal é um equilíbrio entre o que a musgosa ativou diretamente ou inibiu
indiretamente.
Núcleos centrais e corpo medular do cerebelo

É dos núcleos centrais (denteado, emboliforme, globoso, fastigial) que saem as fibras
eferentes do cerebelo (que darão resposta a um sinal recebido). Neles chegam os axônios colaterais
das fibras musgosas (excitação) e os axônios das células de Purkinje (inibição). O corpo medular do
cerebelo (substância branca) possui fibras aferentes que penetram pelos pedúnculos e se dirigem ao
córtex, além de axônios das células de Purkinje que se dirigem ao núcleo central.
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Divisão funcional do cerebelo

Na divisão funcional do cerebelo, ele é dividido


longitudinalmente de acordo com os núcleos centrais
e suas conexões com o córtex:
 Vestibulocerebelo: lobo flóculo-nodular.
Axônios das células de Purkinje vão para
núcleo fastigial ou direto para o vestibular
lateral;
 Espinocerebelo:
o Zona medial (verme): axônios das
células de Purkinje vão para núcleo
fastigial e vestibular lateral;
o Zona intermédia: axônios das células de Purkinje vão para o núcleo interpósito
(emboliforme e globoso).
 Cerebrocerebelo:
o Zona lateral: axônios das células de purkinje vão para núcleo denteado.

Conexões das partes do cerebelo


Vestibulocerebelo Núcleo fastigial e núcleos vestibulares
Espinocerebelo Medula
Cerebrocerebelo Córtex cerebral

O cerebelo influencia os neurônios motores de um mesmo lado, de modo que as vias aferentes
e eferentes sofrem duplo cruzamento.
Vestibulocerebelo

 Aferente: as fibras saem dos núcleos


vestibulares do ouvido interno para a ponte
do tronco e chegam no fascículo
vestibulocerebelar. Trazem informações do
ouvido interno sobre a posição da cabeça.
 Eferente: as células de purkinje do
vestibulocerebelo se projetam para os
núcleos vestibulares e fastigiais:
o Via vestbuloespinal (pedúnculo superior): confere equilíbrio e postura na
marcha/movimento grosso. Coordena o movimento dos olhos em conjunto com a
cabeça (fascículo longitudinal medial).
o Via reticuloespinal (pedúnculo inferior): musculatura axial e proximal para movimento
fino.
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Espinocerebelo

 Aferente: suas conexões são


representadas principalmente pelos tratos
espinocerebelar anterior (avaliar o grau de
atividade do trato corticoespinal) e
espinocerebelar posterior (propriocepção) –
Anterior/Avaliar; Posterior/Propriocepção.
 Eferente: as células de Purkinje fazem
sinapse no núcleo interpósito, saindo fibras
para o núcleo rubro e para o tálamo:
o Via interpósito-rubro-espinal (coordenação motora. Controle de tônus e músculos
distais dos membros responsáveis por movimentos delicados);
o Via interpósito-tálamo-cortical (impulsos vão para o córtex cerebral, onde o cérebro
é comunicado da contração muscular e verifica se o movimento precisa ser
aperfeiçoado/corrigido. É onde nasce o trato corticoespinal).
Cerebrocerebelo

 Aferente: via corticopontocerebelar


envia informações do córtex cerebral ao
cerebelo;
 Eferente: via denteadotalamocortical.
As células de Purkinje fazem sinapse no
núcleo denteado e os impulsos voltam para
o tálamo e córtex cerebral, onde se
origina o trato corticoespinal. O núcleo
denteado participa da atividade motora
de músculos distais dos membros responsáveis por movimentos delicados.
Funções do cerebelo

 Manutenção do equilíbrio e da postura: vestibulocerebelo e zona medial;


 Controle do tônus muscular: núcleo denteado e interpósito;
 Aprendizagem motora: fibras trepadeiras das olivas cerebelares (aperfeiçoam
movimentos motores que fazemos repetidamente);
 Controle dos movimentos voluntários: cerebrocerebelo (planejamento do movimento)
e espinocerebelo (uma vez iniciado o movimento, promove correções)
 Cognição: cerebrocerebelo.
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Considerações anatomoclínicas

 Ataxia: comum nos membros; falta de coordenação; marcha atáxica; voz arrastada;
 Perda do equilíbrio: abre as pernas para aumentar a base de sustentação;
 Diminuição do tônus da musculatura esquelética (hipotonia).

Síndromes cerebelares

Num comprometimento global do cerebelo, os sintomas do paciente são muito semelhantes a


uma embriaguez aguda (sinal de Romberg), com exceção da alteração psíquica. Isso decorre do efeito
tóxico do álcool sobre as células de Purkinje. Além disso, cabe ressaltar que lesões no cerebelo causam
sintomas ipsilaterais. Lesões nos hemisférios dão sintomas de coordenação dos movimentos nos
membros do lado lesado. Lesões no verme, por sua vez, apresenta sintomas como perda de equilíbrio,
marcha atáxica e fala arrastada. Lesões no córtex tem boa recuperação, o que não ocorre com
lesão nos núcleos centrais.
 Síndrome do vestibulocerebelo: tumores do teto do IV ventrículo em crianças, que
comprimem o nódulo e o pedúnculo do flóculo.
o Atrapalha a marcha e postura em pé;
o Olhos não acompanham a cabeça;
o Base alargada e movimentos irregulares (ataxia);
o Tendência a quedas;
o Não há alteração do tônus muscular;
o Deitada, a pessoa tem coordenação (outra área do cerebelo).
 Tem, ainda, a hérnia tonsilar (que comprime a transição bulbo-medula –
muito comum parada cardiorrespiratória).
 Síndrome do espinocerebelo:
o Perda do controle dos movimentos (ataxia);
o Redução da precisão do movimento (dismetria);
o Redução do tônus muscular;
 Síndrome do cerebrocerebelo: ocorre principalmente por lesão da zona lateral.
o Atraso no início do movimento;
o Disdiadococinesia: dificuldade de movimentos rápidos e alternados (ponta do nariz –
teclado do computador);
o Rechaço: paciente força o antebraço contra resistência que se faz com o pulso.
Cessada a resistência, não consegue parar;
o Tremor: principalmente no final do movimento ou próximo do alvo;
o Dismetria: execução defeituosa do movimento, sem precisão.

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