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Neurologia – Aula 3 1
Pares cranianos
Introdução Localizações
Considerando que os nervos cranianos têm funções • Olfatório (I) → telencéfalo;
específicas, é possível localizar e topografar as • Óptico (II) → diencéfalo;
lesões a partir do acometimento dessas • Oculomotor (III) e troclear (IV) →
funcionalidades. mesencéfalo;
São 12 pares numa distribuição craniocaudal de 1 • Trigêmeo (V), abducente (VI), facial (VII) e
vestibulococlear (VIII) → ponte;
→ 12, com nomes específicos e funções das mais
diversas possíveis: aferentes → sensibilidade; • Glossofaríngeo (IX), vago (X), acessório (XI) e
hipoglosso (XII) → bulbo.
eferentes → motora somáticas e viscerais; funções
eferentes gerais e especiais e aferentes especiais. Funções que os nervos realizam e as principais
Nervo craniano Função ligações funcionais que esses nervos estabelecem.
Ligação de moléculas
Molécula odorífera → nervo
odoríferas aos
olfatório → lâmina crivosa →
receptores olfatórios
bulbo olfatório → telencéfalo.
localizados no epitélio
olfatório. Ao chegar no bulbo olfatório, existem dois caminhos
possíveis para informação olfatória:
OBS.: O ar aspirado
tem maior probabilidade de gerar olfação do que o • Estria olfatória medial para o telencéfalo (área
ar respirado. pré-frontal bastante antiga), área responsável,
supostamente, pelo reconhecimento dos cheiros.
OBS.: O SISTEMA NERVOSO SERVE COMO
• Estria olfatória lateral e vai se comunicar com a
TRANSDUTOR DE ENERGIA – ele traduz energias
região do hipocampo – para-hipocampal,
para formas eletroquímicas.
responsável pela memória relacionada a tal
O nervo fica localizado na concha nasal superior. cheiro.
As vesículas olfatórias com receptores ficam
O nervo olfatório é tipicamente lateral, então as
localizados na extremidade distal do nervo e têm
informações que seguem através da esquerda e
relação com substâncias específicas.
direita nos bulbos olfatórios (que são bilateralmente
Supostamente existem 46 tipos de vesículas localizados), atravessam bilateralmente e
diferentes que conseguem perceber 46 tipos de dificilmente a informação olfatória é perdida
substâncias químicas odoríferas específicas. Essas completamente.
substâncias representam energia química. Então, o
receptor transdução a energia química para fazer a Exame clínico
despolarização de um grupo de neurônios
Existem vários kits com diversas substâncias
relacionados com a especificidade daquela
odoríferas não irritativas e capazes de serem
substância.
utilizados nos testes, porém, quase não era utilizado.
Estímulo de células No contexto da COVID, esse exame ganhou uma
bipolares localizadas relativa importância.
no epitélio olfatório As narinas são testadas individualmente, em que se
faz a oclusão de uma e a oferta da substância
O nervo atravessa a
odorífera a outra. Testa-se a capacidade de
lâmina cribiforme do osso etmoide (tem grande
reconhecer o odor de uma substância facilmente
relação com a base do crânio) até chegar ao
reconhecida no contexto do dia a dia humano normal.
bulbo olfatório onde se dará o neurônio de
segunda ordem, que é o neurônio que vai levar
essa informação para o telencéfalo.
As queixas mais comuns relacionadas à dificuldade de Os bastonetes são para visão em baixa luminosidade,
perceber os cheiros estão relacionadas com anosmia visão mais noturna e mais periférica. Os cones são
e hiposmia, que é a diminuição ou ausência do olfato. para visão de altíssima luminosidade, mais do dia e
Hiperosmia, que é o exagero, é a mais comum e é uma são capazes de gerar as cores a partir de uma
estruturação basal.
questão mais psiquiátrica do que neurológica, mas a
parosmia é uma questão praticamente neurológica, Cones e bastonetes → células bipolares → células
que é quando você percebe odores diferentes dos ganglionares → nervo óptico → quiasma óptico →
quais a substância gera. Tem mais a ver com lesão trato óptico → corpo geniculado lateral → radiações
cerebral, crises epilépticas... ópticas → lobo occipital
Quando a queixa é unilateral, a questão mais Então, depois que os axônios das células
relacionada vai ser impossibilidade de ar chegar até ganglionares saem do globo ocular pela região da
os receptores, então rinossinosopatias e desvio de fóvea, eles se dividem em:
septo vão ser responsáveis pela anosmia ou hiposmia • Retina nasal: a luz incide vinda do campo visual
unilateral que é a principal queixa. Quando a queixa
temporal. As fibras cruzam para o lado
é bilateral, é mais com a parte central, ou seja, bulbo contralateral no quiasma óptico. Então, p. ex. a
ou cérebro bilateralmente.
informação da retina nasal do olho esquerdo e
No caso da anosmia ou hiposmia bilateral, lembrar a da retina temporal do olho direito, seguem
sempre da relação do nervo olfatório com a base juntas para que haja a percepção luminosa do
do crânio e a possibilidade de lesões da base do olho direito no hemisfério cerebral direito.
crânio, TCEs. • Retina temporal: incide a luz vinda do campo
visual nasal.
Nervo craniano II - óptico
Então segue esse entrecruzamento como trato óptico
• Responsável pela acuidade visual, campo visual, até a chegada na região do colículo superior no
visão de cores; mesencéfalo, depois vai haver as radiações ópticas
• Única função de interesse do neurologista é a que levarão a informação visual até o lobo occipital,
CAMPIMETRIA VISUAL; que é a área visual primária.
esquerdo, se darão a partir do quiasma, serão f) É uma lesão mais extensa, porque pega todas as
lesões pós-quiasmáticas. fibras que vieram da retina nasal e temporal. Igual d.
OBS.: quando a queixa do paciente é uma mesencéfalo, daí, quando a lesão é no trato óptico
monocular, a lesão vai ser obrigatoriamente pré- representação que gerará um déficit pupilar. A
quiasmática, seja do nervo óptico ou do globo ocular. lesão pós-quiasmática e occipital não gerará um
déficit pupilar, então não se consegue topografar
b) Lesão central no quiasma. Como no quiasma tem o
clinicamente.
cruzamento, essa lesão pega apenas as fibras nasais
de cada olho. A retina nasal vê lateral, então nesse Quando houver dúvida, no caso de uma lesão pré-
caso, vai ocorrer uma alteração visual no campo quiasmática, se o problema é do globo ocular ou
lateral, fica só a percepção medial da visão, porque apenas neuropática, deve-se realizar a fundoscopia.
(já que o quiasma repousa na sela túrcica do osso globo ocular ou se é exclusivamente neuropático, daí,
esfenoide, onde se localiza a hipófise). consegue-se, com o oftalmoscópio, topografar toda
e qualquer lesão da via óptica, com qualquer déficit
c) Perde o campo medial da visão.
de campo visual.
d) Tem a nasal de um lado com a temporal de outro
lado. A nasal do olho esquerdo, vê a parte lateral Acuidade visual
da visão deste olho e a temporal do olho direito, vê
LESÕES
o lado medial deste olho. Então, há uma perda do
campo visual esquerdo dos dois olhos, chamado de • Nervo óptico;
hemianopsia homônima. (campos iguais atingidos). • Maculares extensas;
• Quiasma óptico;
e) Nesse local, onde já tem as fibras mais separadas
• Occipitais;
e pode ocorrer uma lesão parcial, ou seja, algumas
• Retroquiasmáticas.
fibras passam e outras lesam. Então fica apenas o
quadrante daquela região que estava sendo vista A acuidade visual é dada, principalmente, através do
por aquelas fibras. Chamado de quadrantopsia. cartão de Snellen, é uma função exclusiva da
oftalmologia.
Beatriz Machado de Almeida
Neurologia – Aula 3 5
Representando as lesões do oculomotor, do troclear informa ao oculomotor do lado esquerdo que ele
precisa ir junto. Quando abduz o olho direito, aduz
e do abducente, essas são as consequências,
particularmente a diplopia e cada um terá sua também o olho esquerdo e ambos andam juntos
nesse processo, por isso que precisa do abducente na
especificidade de avaliação. Lembrando sempre que
no oculomotor é o estrabismo divergente e no ponte para poder chegar a essa conjugação perfeita
da movimentação ocular.
abducente é o estrabismo convergente.
Apresentando sempre diplopia, e quando for avaliado Nervo V – trigêmeo
a movimentação ocular extrínseca ou intrínseca é
quando será visto essas consequências de lesão. • Anatomia;
causar nevralgia secundariamente é a esclerose completo, daí que a lesão do nervo é facilmente
múltipla. entendida como uma lesão que gerará a perda da
O nervo facial que está localizado na ponte e possui principalmente a periférica, é a paralisia de Bell.
dois subnúcleos: subnúcleos superiores e inferiores Sendo uma doença idiopática, que apresenta uma
inferiores representam a movimentação das nervo facial e então, a paralisia facial periférica
gustação do terço posterior da língua e deglutição. ombro pelo trapézio, são os testes que podem ser
É um nervo quase que exclusivamente, junto com o observados se existe lesão ou não do nervo acessório.
vago, autonômico. É um nervo exclusivamente motor.
• Raízes craniana e espinhal; Do ponto de vista clínico, a língua cai para o lado
• Exame de nervo; lesionado.
• Lesão do nervo;
• Causa de lesão.